Revista Sarava Science, Ano 2, n 1, Jun 2019
revista saravá science – é uma publicação de responsabilidade do Percurso Livre em Psicanálise (PLP), Natal, RN, Brasil.
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Seção
26
Sexualidade,
História & Cultura
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Democracia e Intersubjetividade
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Anderson Soares
A sociedade brasileira parece passar por turbulências
em seu sistema político, que acabam por provocar
necessidade de reflexão sobre sua relação com os
valores democráticos e republicanos. Porém, a
construção desta reflexão deve ter como base não
apenas os aspectos burocráticos institucionais, mas,
uma valorosa contextualização da produção de
subjetividade do sujeito que “é, inquestionavelmente,
uma construção cultural, vinculado aos jogos sociais do
poder e as estruturas comunitárias do saber”.
(ROZENTHAL, 2011, p. 225)
Para compreender o turbulento presente momento
presente se faz necessário pensarmos nas raízes
históricas autoritárias e escravocratas de nosso país,
em que a violência e exclusão fizeram parte do
estabelecimento das relações sociais ao longo do
tempo. E esses resquícios autoritários e escravocratas
estão presentes na sociedade contemporânea, mesmo
que de forma sutil, observamos a presença do
autoritarismo e exclusão quando fica evidente a
dificuldade de sujeitos em lidarem com a diversidade e
o desejo de seu privilégio mantido a partir da
submissão e sacrifício de outros semelhantes. E estes
resquícios estão mais evidentes e escancarados com a
difusão do uso nocivo das redes sociais, em que
sujeitos não se constrangem de expor seus ideários
autoritários, ditatoriais e de declarado menosprezo pela
diversidade.
O Art. 5º da Constituição Federal brasileira ( “Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes”) nos serve para
ilustrar e fomentar reflexão sobre o conflito entre as
dinâmicas psíquicas de sujeitos (que foram se
constituindo em ambientes pouco empáticos e
violentos) e a existência de leis, regras e valores
democráticos. Pois o que há de mais preocupante é
pensar a execução deste famoso e suntuoso artigo a
Manifestação em defesa da educação, maio, 2019.
PHOTO BY MARIANNA CARTAXO
partir da intersubjetividade numa sociedade
democrática gerida e sustentada por cidadãos
que constituídos em atmosferas pouco
empáticas, que não foram facilitadoras,
acolhedoras ou suficientemente boas.
A teoria psicanalítica, a partir do reconhecimento
das instâncias inconscientes, nos auxilia como
ferramenta para reflexão sobre a relação entre os
sujeitos sociais e a maneira como interpretam as
leis e os regulamentos da sociedade que os
concebe. A mesma amplia nossa compreensão a
respeito da produção de subjetividade nos laços
sociais, pois a “psicanálise começa a partir do
momento em que levamos em consideração os
representantes da pulsão nos registros do
imaginário e do simbólico, isto é, no espaço da
subjetividade”. (GARCIA-ROZA, 1984, p. 162)
Vamos buscar precioso recurso para pensar a
democracia em nosso país a partir de
apontamentos do psicanalista inglês Donald W.
Winnicott, que construiu relevantes reflexões
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REV. SARAVÁ SCIENCE, Nº 1, JUNHO, 2019.