Revista Sarava Science, Ano 2, n 1, Jun 2019
revista saravá science – é uma publicação de responsabilidade do Percurso Livre em Psicanálise (PLP), Natal, RN, Brasil.
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Seção Psicopatologias
Rebekka Fernandes Dantas
Dentre os transtornos alimentares mais conhecidos e
estudados estão a anorexia e a bulimia nervosa. O
número de casos desses transtornos aumenta a partir
da década de 1950 com um incremento significativo
em 1970 e 1980, o que parece ter contribuído para
múltiplas pesquisas científicas sobre o comportamento
alimentar, tanto na psiquiatria, epidemiologia e
neurociências, quanto na psicanálise (FERNANDES,
2006).
A anorexia nervosa é caracterizada pela recusa a
alimentar-se e pelo controle do peso corporal,
geralmente acompanhado de amenorreia. Já a bulimia
(“fome de boi”) é caracterizada por episódios de
compulsões alimentares seguidos de comportamentos
compensatórios, como a indução de vômito, uso de
laxantes e prática extenuante de exercícios físicos.
Ambas podem estar relacionadas e apresentam um
temor de ganhar peso e uma distorção da imagem
corporal. Pode atingir homens e mulheres em diversas
idades, apesar de ser mais comum em mulheres jovens
(FERNANDES, 2006). Mas o que desencadeia esses
transtornos alimentares?
Muito se fala das questões culturais e do padrão de
beleza imposto pela sociedade ocidental, pautado na
“lipofobia”. Apesar de estar claro que as questões
culturais têm relação com os transtornos alimentares,
estes são muito complexos e também multifatoriais,
impossibilitando qualquer tentativa de abordagem
unilateral. Predisposições de ordem biológica,
psicológicas e familiares, entre outros, também estão
envolvidos. Fernandes (2006) demonstra a
preocupação em apresentar esses aspectos
socioculturais não como causadores dos transtornos
alimentares, mas como favorecedores do seu
desenvolvimento.
Se em algumas culturas os corpos robustos são vistos
como sinal de prosperidade, em nossa sociedade
temos atitudes repulsivas para com aqueles que
apresentam alguma marca de adiposidade. A gordura é
depreciada, seja nos corpos ou nos alimentos, e cria-se
uma busca incessante pela magreza para atender a
uma exigência social (FISCHLER, 1995).
Freud (2012) em seu texto “Totem e tabu” (1912 - 1913)
afirma que o tabu ainda subsiste entre nós. Esta
afirmação ainda serve muito bem para o século XXI.
Quando essa repulsão pelas gorduras se instaura, o
que também acontece com os carboidratos ou
alimentos energéticos, surge um tabu relativo ao que
comemos. Determinados alimentos passam a ser vistos
como proibidos e portadores de um perigo. No entanto,
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REV. SARAVÁ SCIENCE, Nº 1, JUNHO, 2019.