Revista Sarava Science, Ano 2, n 1, Jun 2019
revista saravá science – é uma publicação de responsabilidade do Percurso Livre em Psicanálise (PLP), Natal, RN, Brasil. revista saravá science – é uma publicação de responsabilidade do Percurso Livre em Psicanálise (PLP), Natal, RN, Brasil.
10Seção RegionalMariana RodriguesSER, é o Ser de LuAna!”. Menos de nove meses depois, Wisla deu à luz a Raul, seuluaR ao contrário que ressignificou sua vida.O PROCESSO SEM JULGAMENTOSLuana oferta acolhimento, escuta e café. Dessa forma, enquanto os Seres acessam omundo interno e trazem à palavra, de forma catártica, o que é sentimento,experiência, vivência, angústias, desejos, a artista rascunha o que o pincel vai dizersobre tudo que foi narrado. E depois, é impossível a tela humana não passar a limpotal sensação, como uma elaboração do que é dito e até do que é silenciado, maspercebido pela artista.É como se naquele momento fosse possível colocar-se pelo avesso e enxergar aepiderme estampando por fora o recorte subjetivo do que é contido dentro. Nostransportando de uma realidade em que somos privados de nós mesmos, Luanaconsegue catalisar o que é dito e, vestindo o corpo de tinta, nos despe dasresistências e preconceitos que tendem a nos barrar enquanto sujeitos desejantes.Não é somente um corpo, não é somente uma tela; depois de pintada, a obra de artehumana se coloca diante do espelho como um todo indissociável, que mesmopassando pelo filtro da artista, suscita uma inevitável identificação com o que éposto. Luana dá voz à tela, é a obra construindo junto à artista o processo criativo.Nesse processo, Luana coloca em prática todo o saber-como adquirido em 15 anosde publicidade, e no lugar de instruções e coletas de dados técnicos para criação deuma identidade visual, ela faz a leitura de uma história real, na qual ela acredita, e emvez de imprimir peças publicitárias, o conceito é impresso no próprio corpo de quemlhe fala.O DIA EM QUE MATERIALIZEI MINHA ANGÚSTIACarimbada com a sensação de virar uma obra de arte, tomada por um nó nagarganta, não pude esperar até a semana seguinte para a próxima sessão com meupsicanalista, recorri a uma das vias que mais tenho apreço —a sublimação. Incapazde fazê-la sozinha, cheguei ao ateliê de Luana propondo que ela pintasse em mim aangústia que eu sentia.Ciente de minha necessidade de retirar do corpo o que me afligia, Luana fez umpreparo de tinta, cola e hidratante corporal, pintou em mim exatamente o quedescrevi. E lá estava ela, minha angústia, palpável, materializada. Pude senti-laenvolvida em meu corpo, como um abraço indesejado.PHOTOS BYLUANA CAVALCANTE[...] a artista rascunha o que o pincel vaidizer sobre tudo que foi narrado. Edepois, é impossível a tela humana nãopassar a limpo tal sensação.....................................................................................................................................................................................................REV. SARAVÁ SCIENCE, Nº 1, JUNHO, 2019.
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Seção Regional
Mariana Rodrigues
SER, é o Ser de LuAna!”. Menos de nove meses depois, Wisla deu à luz a Raul, seu
luaR ao contrário que ressignificou sua vida.
O PROCESSO SEM JULGAMENTOS
Luana oferta acolhimento, escuta e café. Dessa forma, enquanto os Seres acessam o
mundo interno e trazem à palavra, de forma catártica, o que é sentimento,
experiência, vivência, angústias, desejos, a artista rascunha o que o pincel vai dizer
sobre tudo que foi narrado. E depois, é impossível a tela humana não passar a limpo
tal sensação, como uma elaboração do que é dito e até do que é silenciado, mas
percebido pela artista.
É como se naquele momento fosse possível colocar-se pelo avesso e enxergar a
epiderme estampando por fora o recorte subjetivo do que é contido dentro. Nos
transportando de uma realidade em que somos privados de nós mesmos, Luana
consegue catalisar o que é dito e, vestindo o corpo de tinta, nos despe das
resistências e preconceitos que tendem a nos barrar enquanto sujeitos desejantes.
Não é somente um corpo, não é somente uma tela; depois de pintada, a obra de arte
humana se coloca diante do espelho como um todo indissociável, que mesmo
passando pelo filtro da artista, suscita uma inevitável identificação com o que é
posto. Luana dá voz à tela, é a obra construindo junto à artista o processo criativo.
Nesse processo, Luana coloca em prática todo o saber-como adquirido em 15 anos
de publicidade, e no lugar de instruções e coletas de dados técnicos para criação de
uma identidade visual, ela faz a leitura de uma história real, na qual ela acredita, e em
vez de imprimir peças publicitárias, o conceito é impresso no próprio corpo de quem
lhe fala.
O DIA EM QUE MATERIALIZEI MINHA ANGÚSTIA
Carimbada com a sensação de virar uma obra de arte, tomada por um nó na
garganta, não pude esperar até a semana seguinte para a próxima sessão com meu
psicanalista, recorri a uma das vias que mais tenho apreço —a sublimação. Incapaz
de fazê-la sozinha, cheguei ao ateliê de Luana propondo que ela pintasse em mim a
angústia que eu sentia.
Ciente de minha necessidade de retirar do corpo o que me afligia, Luana fez um
preparo de tinta, cola e hidratante corporal, pintou em mim exatamente o que
descrevi. E lá estava ela, minha angústia, palpável, materializada. Pude senti-la
envolvida em meu corpo, como um abraço indesejado.
PHOTOS BY
LUANA CAVALCANTE
[...] a artista rascunha o que o pincel vai
dizer sobre tudo que foi narrado. E
depois, é impossível a tela humana não
passar a limpo tal sensação.
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REV. SARAVÁ SCIENCE, Nº 1, JUNHO, 2019.