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Por incrível que pareça, no entanto, o tempo que passei jogando pôquer
influenciou profundamente meu jeito de ver a vida.
A beleza do pôquer é que, embora a sorte esteja sempre envolvida, ela não
determina os resultados a longo prazo. Uma pessoa pode receber uma mão
horrível e vencer alguém com uma mão sensacional. A pessoa que recebe boas
cartas tem uma probabilidade maior de ganhar, é claro, mas, no final das contas,
o vencedor é determinado pelas — sim, você adivinhou — escolhas que faz ao
longo do jogo.
Eu vejo a vida da mesma forma. Todos nós recebemos cartas aleatórias no
início do jogo, alguns, cartas melhores. E, embora seja fácil nos fixar no que está
na mão e sentir que nos ferramos, na verdade o jogo está nas escolhas que
fazemos com essas cartas, nos riscos que decidimos correr e nas consequências
com as quais escolhemos viver. Quem, de maneira consistente, faz as melhores
escolhas diante das situações que se apresentam acaba ganhando no pôquer, e na
vida. Não necessariamente quem tem as melhores cartas.
Algumas pessoas sofrem psicológica e emocionalmente por causa de
deficiências neurológicas e/ou genéticas. Mas isso não muda nada. Elas herdaram
cartas ruins, é claro, mas não têm culpa. Assim como o cara baixinho que queria
uma namorada não é culpado por ser baixo, nem a pessoa que foi assaltada é
culpada por ter seus pertences roubados, mas todos têm responsabilidade. Se
escolhem procurar tratamento psiquiátrico, fazer terapia ou não fazer nada, no
final das contas a escolha também é deles. Há quem tenha tido uma infância
ruim. Há os que foram maltratados, violentados e destruídos física, emocional ou
financeiramente. Eles não são culpados por seus problemas e obstáculos, mas
mesmo assim são responsáveis — sempre responsáveis — por seguir em frente
apesar das dificuldades e fazer as melhores escolhas que puderem, seja qual for a
situação.
E, sejamos sinceros: se juntássemos todas as pessoas que têm algum distúrbio
psiquiátrico, que lutam contra a depressão ou pensamentos suicidas, que
sofreram negligência ou abuso, que lidaram com tragédias ou a morte de um
ente querido ou que sobreviveram a graves problemas de saúde, acidentes ou
traumas… Se reuníssemos todas essas pessoas e as colocássemos na mesma sala,