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A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson

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emergência no trem da responsabilidade e saltar logo que ele para. Algumas

coisas são simplesmente dolorosas demais para assumir.

Mas pense comigo: a gravidade do evento não altera a realidade dos fatos. Por

exemplo, se você for assaltado, é claro que não é culpa sua. Ninguém jamais

escolheria passar por isso. Porém, assim como na hipótese do bebê deixado à sua

porta, você passa a ser responsável por uma situação de vida ou morte. Você

revida? Entra em pânico? Fica paralisado? Avisa à polícia? Tenta esquecer e fingir

que nunca aconteceu? Todas essas possibilidades de reações são escolhas que

você é responsável por fazer ou rejeitar. Você não escolheu o assalto, mas mesmo

assim lhe cabe gerir o impacto emocional e psicológico da experiência (e tomar

as devidas providências legais).

Em 2008, o Talibã assumiu o controle do Vale do Swat, uma parte remota do

nordeste do Paquistão, onde logo implementaram seu extremismo muçulmano.

Chega de televisão. Chega de filmes. Chega de mulheres saindo de casa sem

acompanhante. Chega de meninas na escola.

Em 2009, uma paquistanesa de onze anos chamada Malala Yousafzai começou

a se manifestar contra a proibição de estudar. Ela continuou a frequentar a escola

local, arriscando tanto a própria vida quanto a do pai, além de participar de

conferências em cidades próximas. “Como o Talibã se atreve a tirar meu direito à

educação?”, escreveu ela em uma publicação on-line.

Em 2012, aos catorze anos, Malala levou um tiro no rosto quando voltava da

escola. Um soldado talibã mascarado entrou no ônibus armado com um rifle e

perguntou: “Quem é Malala? Digam ou atiro em todo mundo.” Malala se

identificou (uma escolha incrível por si só), e o homem atirou na cabeça dela na

frente de todos os passageiros.

Malala entrou em coma e quase morreu. O Talibã afirmou publicamente que,

se sobrevivesse, seria morta, junto com o pai.

A menina sobreviveu. Hoje autora de um best-seller, Malala ainda fala sobre a

violência e a opressão contra mulheres em países muçulmanos. Em 2014, recebeu

o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços. Parece que o tiro no rosto só lhe deu

uma audiência maior e mais coragem que antes. Teria sido fácil para Malala se

acomodar e dizer: “Não posso fazer nada”, ou “Não tenho escolha”. Isso,

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