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A falácia da responsabilidade/culpa
Anos atrás, quando eu era bem mais jovem e bem mais idiota, publiquei um post
no meu blog que se encerrava mais ou menos assim: “É como disse um grande
filósofo: ‘Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.’” Achei que
soava legal, marcante. Embora eu não conseguisse lembrar quem era o autor da
frase e minha pesquisa no Google tivesse sido infrutífera, postei mesmo assim. A
frase era perfeita para o post.
Uns dez minutos depois chegou o primeiro comentário: “Acho que esse
grande filósofo é o tio Ben, do Homem-Aranha.”
Como disse outro grande filósofo: Putz!
“Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.” São as últimas
palavras de tio Ben, logo antes de morrer pelas mãos de um bandido que Peter
Parker deixa escapar. Ben morre, caído no meio da rua cheia de gente passando
pra lá e pra cá, sem a menor razão de ser. Ben, o grande filósofo.
Todo mundo já ouviu essa frase. Ela é muito repetida — em geral com ironia,
depois de umas sete cervejas. Uma daquelas citações perfeitas que parece muito
inteligente, mas que basicamente só está dizendo algo que você já sabe, mesmo
que nunca tenha pensado no assunto.
“Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.”
É verdade. Mas existe uma versão melhor dessa frase, uma que é realmente
profunda. Basta trocar os substantivos de lugar: com grandes responsabilidades,
vêm grandes poderes.
À medida que assumimos a responsabilidade por nossa vida, mais poder
adquirimos para mudá-la. Assim, aceitar-se responsável é o primeiro passo para
resolver seus problemas.
Um conhecido meu estava convencido de que não arranjava namorada
porque era baixo demais. O cara era culto, interessante e bonito — um bom
partido, em teoria —, mas estava resolutamente convencido de que era
desprezado pelas mulheres por ser muito pequeno.
E como ele se julgava baixo demais, não saía muito. Nas poucas vezes que
criava coragem e conversava com alguém, ficava atento aos menores indícios de