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Embora esse período tenha tido seus momentos de diversão e emoção,
embora eu tenha conhecido algumas mulheres maravilhosas, minha vida era
meio que um constante caos. Vivia desempregado, dormindo no sofá de amigos
ou morando com a minha mãe, bebendo muito mais do que deveria, me
afastando de vários amigos — e, quando conheci uma mulher de quem
realmente gostava, meu egocentrismo não demorou a estragar tudo.
Quanto mais profunda é a dor, mais impotentes nos sentimos diante dos
problemas e mais arrogantes ficamos em compensação. Essa arrogância pode
funcionar de dois jeitos:
1. Eu sou incrível e vocês são uns merdas, então mereço tratamento especial.
2. Eu sou um merda e vocês são incríveis, então mereço tratamento especial.
Por fora, são mentalidades opostas, mas por dentro é o mesmo recheio
cremoso de egoísmo. Na verdade, é comum ver gente arrogante alternando entre
um pensamento e outro. Ou estão no topo do mundo ou o mundo desabou sobre
eles, dependendo do dia ou de como estão lidando com seu vício naquele
momento.
Grande parte das pessoas percebe na hora que alguém como Jimmy é um
completo imbecil narcisista, porque ele deixa bastante óbvia sua autoestima
delirante. O que a maioria não identifica como arrogância é o comportamento
daqueles que se sentem sempre inferiores e indignos do mundo.
Interpretar tudo na vida como vitimismo constante exige tanto egoísmo
quanto a atitude oposta. A mesma quantidade de energia e de autocentrismo
delirante são necessários tanto para acreditar que você tem problemas
insuperáveis quanto que não tem problema algum.
A verdade é que não existem problemas únicos e pessoais. Se você tem um
problema, é provável que milhões de outras pessoas já tenham passado por isso
antes de você, estão passando agora ou virão a passar no futuro, inclusive
conhecidos seus. Isso não diminui o problema nem anula a dor. Isso não
significa que você não é legitimamente uma vítima em algumas circunstâncias.
Significa apenas que você não é especial.