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A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson

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nisso tudo era que Jimmy tinha orgulho disso. Sua autoconfiança chegava ao nível

do delirante. Quem ria dele ou desligava na sua cara estava, na percepção de

Jimmy, “perdendo a maior oportunidade da vida”. Quem apontava o ridículo de

suas ideias era “ignorante e inexperiente demais” para entender sua genialidade.

Quem expunha seu estilo de vida parasitário era um “invejoso”, uma pessoa

“amarga” que cobiçava seu sucesso.

Jimmy ganhava algum dinheiro, mas, em geral, pelos meios mais desonestos,

como vender a ideia de outra pessoa como se fosse dele, enrolar alguém para

conseguir um empréstimo ou, pior, convencer alguém a lhe dar participação

numa startup. Às vezes conseguia até que lhe pagassem para dar palestras. (Sobre

o quê, eu não consigo nem imaginar.)

A pior parte era que Jimmy acreditava nas mentiras que contava. Seu delírio

era tão indestrutível que era até difícil ter raiva dele. Chegava a ser um caso

fascinante, na verdade.

Em algum momento da década de 1960, desenvolver uma “autoestima alta” —

ter uma boa autoimagem e se sentir bem consigo mesmo — virou moda na

psicologia. Pesquisas concluíram que as pessoas que se consideravam admiráveis

tendiam a se sair melhor e ter menos problemas. Muitos estudiosos e legisladores

da época acreditaram que aumentar a autoestima da população geraria benefícios

sociais tangíveis: redução da criminalidade, melhora no desempenho acadêmico,

geração de novos empregos, diminuição de déficits no orçamento. Como

resultado, a partir da década seguinte, de 1970, práticas relacionadas à

autoestima começaram a ser ensinadas aos pais, reforçadas por terapeutas,

políticos e professores, além de serem instituídas na política educacional. Por

exemplo, as notas de crianças com baixo desempenho eram elevadas

artificialmente, para que não se sentissem tão mal. Prêmios por participação em

aula e troféus foram inventados para diversas atividades banais ou obrigatórias.

As crianças recebiam deveres de casa inúteis, como escrever as características que

as tornavam especiais ou suas cinco maiores qualidades. Pastores e sacerdotes

diziam a suas congregações que cada um ali era especial aos olhos de Deus, que

todos estavam destinados a se destacar e a superar a mediocridade. Surgiram

seminários empresariais e motivacionais entoando o mesmo mantra paradoxal:

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