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tempo para descobrir é que eu não gostava muito de escalar. Só gostava de me
imaginar no cume.
Segundo a narrativa cultural dominante, eu decepcionei a mim mesmo, sou
um desistente, um perdedor, não tenho talento, abri mão do meu sonho e talvez
tenha sucumbido à pressão social.
Mas a verdade é muito menos interessante que essas explicações. A verdade é
que eu achei que queria uma coisa, mas não queria. Fim de papo.
Eu queria a recompensa e não as dificuldades. Queria o resultado e não o
processo. Eu não era apaixonado pela luta, e sim pela vitória.
E a vida não funciona assim.
Você é definido pelas batalhas que está disposto a lutar. As pessoas que gostam
da batalha da academia são aquelas que participam de triatlos, têm barriga de
tanquinho e conseguem levantar um carro. As pessoas que gostam das longas
horas de trabalho e da política de ascensão na hierarquia corporativa são as que
chegam rapidamente ao topo. As pessoas que gostam das tensões e incertezas do
estilo de vida do artista faminto são, no final das contas, as que chegam aos
palcos.
Isso não tem nada a ver com força de vontade ou coragem. Não é a repetição
da ladainha “não há vitória sem dor”. É o componente mais simples e básico da
vida: as batalhas determinam as conquistas. Os problemas criam a felicidade,
junto com problemas um pouco menores e mais atualizados.
Veja bem: trata-se de uma interminável espiral ascendente. Se você acha que
em algum momento terá permissão para parar, infelizmente não entendeu nada.
Porque a alegria está na subida.