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A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson

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questão relevante é: “Qual dor você está disposto a suportar?” O caminho da

felicidade é cheio de obstáculos e humilhações.

Você tem que escolher alguma coisa. Não dá para levar uma vida sem dor.

Nem tudo são rosas e unicórnios o tempo todo. A pergunta sobre o prazer

costuma ser fácil, e quase todos nós temos uma resposta parecida.

Interessante mesmo é a pergunta sobre a dor. Qual dor você prefere tolerar?

Essa é a pergunta difícil porém relevante, a pergunta que vai levá-lo a algum

lugar. É a pergunta que pode mudar perspectivas, vidas. É o que faz de mim

quem eu sou, que faz de você quem você é. É o que nos define, nos distingue e,

no final das contas, nos une.

Durante boa parte da adolescência e início da vida adulta, tive a fantasia de ser

músico. Mais especificamente, um astro do rock. Sempre que ouvia um solo de

guitarra sensacional, fechava os olhos e me imaginava no palco, tocando sob os

gritos da multidão, enlouquecendo as pessoas com o esplendor do meu

dedilhado. Eu me perdia nessa fantasia por horas a fio. Para mim, a questão

nunca foi se eu tocaria para multidões histéricas, e sim quando. Eu tinha tudo

planejado. Só estava esperando até poder investir a energia e o esforço

necessários para chegar lá e deixar minha marca. Primeiro, tinha que terminar a

escola. Depois, ganhar dinheiro para comprar a guitarra. Aí, precisava encontrar

tempo para praticar. Depois, fazer contatos e começar meu primeiro projeto. E

depois… Depois, nada.

Apesar de eu ter passado metade da vida fantasiando, esse sonho nunca se

tornou realidade. E foi preciso muito tempo e muita luta para que eu finalmente

descobrisse por quê: eu não queria aquilo de verdade.

Minha paixão era pelo resultado — eu lá, no palco, colocando minha alma na

música, as pessoas aplaudindo, eu arrasando —, mas não pelo processo. E, por

causa disso, fracassei. Várias vezes. Sinceramente, nem tentei o suficiente para

fracassar. Eu mal tentei. O esforço diário de praticar, a logística de encontrar

uma banda e ensaiar, a dificuldade de arranjar shows e fazer as pessoas

aparecerem e se interessarem, as cordas arrebentadas, o amplificador estourado,

os vinte quilos de equipamentos que eu precisaria levar de lá pra cá sem carro…

O sonho é imenso, e a escalada até o topo é interminável. O que levei muito

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