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impressionar os outros”. Em seguida, ele desejaria um bom-dia a quem o atendeu
e seguiria muito pimpão para a casa seguinte.
Seria incrível. E doentio. E triste. E inspirador. E necessário. Afinal de contas,
as maiores verdades da vida são as mais desagradáveis de se ouvir.
O Panda da Desilusão seria o herói que ninguém deseja, mas de que muitos
precisam. Ele seria a salada verbal no fast-food da nossa alimentação mental.
Tornaria nossa vida melhor, apesar de nos deixar deprimidos por um tempo. Ele
nos deixaria mais fortes ao nos destroçar, iluminaria nosso futuro ao nos mostrar
a escuridão. Ouvir o que o Panda tem a dizer seria como ver um filme em que o
protagonista morre no final: apesar das lágrimas, você adora, porque é
verossímil.
Então, já que estamos aqui, permita-me colocar minha máscara de Panda da
Desilusão e jogar mais uma verdade desagradável na sua cara:
Sofremos pelo simples fato de que sofrer é biologicamente útil. O sofrimento é
o agente preferido da natureza para inspirar mudanças. A evolução nos fez viver
constantemente com certo grau de insatisfação e insegurança, porque é a criatura
levemente insatisfeita e insegura que faz o máximo para inovar e sobreviver.
Somos programados pela natureza para ficar insatisfeitos com tudo que temos e
desejar apenas o que não temos. Essa insatisfação permanente faz nossa espécie
seguir lutando e progredindo, construindo e conquistando. Então, não: nossa dor
e tristeza não são uma falha da evolução humana. Pelo contrário: são um recurso
essencial dela.
A dor, em todas as suas formas, é o meio mais efetivo de que nosso corpo
dispõe para gerar ação. Imagine algo simples, como dar uma topada com o dedão
do pé. Se você for como eu, sua reação é gritar tantos palavrões que fariam o
papa Francisco chorar. Ou você culpa o pobre objeto inanimado pelo seu
sofrimento. “Mesa escrota”, diz. Ou talvez chegue ao ponto de questionar toda a
sua visão sobre design de interiores com base no dedo latejante: “Que tipo de
idiota coloca uma mesa aqui?”
Mas voltemos. Aquela dor horrível no dedo, que eu, você e o papa odiamos
tanto, tem um motivo importante para existir. A dor física é um produto do
sistema nervoso, um mecanismo de resposta que nos permite desenvolver a