A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson
Sutileza n o 2: Se quiser ligar o foda-se para as adversidades, primeirovocê precisa se importar com algo mais importante que elas.Imagine que você está no supermercado e vê uma senhorinha gritar com o caixa,reclamando que tinha visto um produto na promoção por trinta centavos amenos. Por que se importar com isso? São só trinta centavos.Vou explicar: aquela senhora não deve ter nada melhor para fazer com seusdias além de ficar em casa catando promoções no jornal. Ela é velha e solitária.Os filhos são uns escrotos que nunca a visitam. Ela não transa há mais de trintaanos. Não consegue peidar sem sentir uma dor horrorosa na lombar. Suaaposentadoria não dá para nada, e ela provavelmente vai morrer de fraldaachando que está na Terra das Fadas.Então, ela coleciona promoções. É tudo que essa senhora tem. Só ela e osencartes de promoções. É só com isso que ela se importa, porque não existe maisnada com que se importar. Assim, quando aquele caixa entediado se recusa avalidar a promoção, quando defende a pureza de sua caixa registradora como oscavaleiros medievais defendiam a virgindade das donzelas, pode apostar que avovó vai entrar em erupção. Oitenta anos de frustração vão desmoronar de umavez, uma furiosa tempestade de “Na minha época” e “Ninguém mais temrespeito”.O problema das pessoas que se agarram a qualquer banalidade como sedaquilo dependesse sua maldita vida é que elas não têm mais nada interessantecom que se importar.Se você estiver sempre dando importância demais para tudo quanto écoisinha (a nova foto que seu ex postou, as pilhas do controle remoto queacabaram de novo, a promoção de sabonete líquido que você perdeu), é bempossível que sua vida esteja um marasmo e você não tenha nada legítimo comque se importar. Esse é seu verdadeiro problema. Não o sabonete líquido. Não ocontrole remoto.Uma vez, ouvi um artista dizer que quando uma pessoa não tem problemas amente automaticamente encontra um jeito de inventar alguns. A meu ver, o quealgumas pessoas — sobretudo gente branca, culta e mal-acostumada de classe
média — consideram “problemas da vida” são na verdade apenas efeitoscolaterais de não ter nada mais importante com que se preocupar.Daí se conclui que encontrar algo importante e significativo para a sua vidatalvez seja o uso mais produtivo de seu tempo e sua energia. Porque, se você nãoencontrar algo relevante de verdade, vai se importar com causas frívolas quemereciam um grande foda-se.Sutileza n o 3: Perceba você ou não, estamos sempre escolhendo o querealmente importa.Não nascemos com o botão do foda-se ligado. Na verdade, nascemos com obotão funcionando ao contrário: nos importando com tudo. Nunca viu umacriança se descabelando de chorar porque o tênis é do tom errado de azul? Pois é.Foda-se essa criança.Quando somos jovens, tudo é novo e empolgante, e tudo pareceabsurdamente significativo. Aí damos importância a tudo. Ligamos para tudo etodos: o que estão falando de nós, ou se aquele garoto ou garota vai ligar, seestamos usando meias do mesmo par, de que cor são nossos balões deaniversário.Conforme envelhecemos, com o benefício da experiência (e depois de vertanto tempo passar), começamos a notar que grande parte dessas coisas nãointerfere em nada em nossa vida. Nem convivemos mais com aquelas pessoasque tanto tentávamos impressionar. Rejeições dolorosas se mostraram positivasdepois. Percebemos que mal reparam em nossos detalhes superficiais, entãodecidimos não pensar demais neles.Basicamente, nossa disposição emocional se torna mais seletiva. Isso se chamamaturidade. É legal. Você deveria experimentar qualquer dia desses. Maturidadeé o que acontece quando aprendemos a só ligar para o que vale a pena. Comodisse Bunk Moreland para o parceiro, o detetive McNulty, em The Wire (que eubaixei mesmo, foda-se): “É isso o que você ganha por se importar quando nãoestava na sua vez.”Então, quando envelhecemos e chegamos à meia-idade, outra mudança
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Sutileza n o 2: Se quiser ligar o foda-se para as adversidades, primeiro
você precisa se importar com algo mais importante que elas.
Imagine que você está no supermercado e vê uma senhorinha gritar com o caixa,
reclamando que tinha visto um produto na promoção por trinta centavos a
menos. Por que se importar com isso? São só trinta centavos.
Vou explicar: aquela senhora não deve ter nada melhor para fazer com seus
dias além de ficar em casa catando promoções no jornal. Ela é velha e solitária.
Os filhos são uns escrotos que nunca a visitam. Ela não transa há mais de trinta
anos. Não consegue peidar sem sentir uma dor horrorosa na lombar. Sua
aposentadoria não dá para nada, e ela provavelmente vai morrer de fralda
achando que está na Terra das Fadas.
Então, ela coleciona promoções. É tudo que essa senhora tem. Só ela e os
encartes de promoções. É só com isso que ela se importa, porque não existe mais
nada com que se importar. Assim, quando aquele caixa entediado se recusa a
validar a promoção, quando defende a pureza de sua caixa registradora como os
cavaleiros medievais defendiam a virgindade das donzelas, pode apostar que a
vovó vai entrar em erupção. Oitenta anos de frustração vão desmoronar de uma
vez, uma furiosa tempestade de “Na minha época” e “Ninguém mais tem
respeito”.
O problema das pessoas que se agarram a qualquer banalidade como se
daquilo dependesse sua maldita vida é que elas não têm mais nada interessante
com que se importar.
Se você estiver sempre dando importância demais para tudo quanto é
coisinha (a nova foto que seu ex postou, as pilhas do controle remoto que
acabaram de novo, a promoção de sabonete líquido que você perdeu), é bem
possível que sua vida esteja um marasmo e você não tenha nada legítimo com
que se importar. Esse é seu verdadeiro problema. Não o sabonete líquido. Não o
controle remoto.
Uma vez, ouvi um artista dizer que quando uma pessoa não tem problemas a
mente automaticamente encontra um jeito de inventar alguns. A meu ver, o que
algumas pessoas — sobretudo gente branca, culta e mal-acostumada de classe