30.05.2020 Views

A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson

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aceitar a responsabilidade pelos meus problemas, vencer meus medos e

incertezas, admitir meus fracassos e aceitar rejeições: tudo ficou mais leve por

causa da minha clareza sobre a morte. Quanto mais olho para a escuridão, mais

clara a vida fica, quanto mais quieto o mundo se torna, menos resistência

inconsciente sinto em relação a… tudo.

* * *

Fico ali sentado no Cabo por alguns minutos, absorvendo tudo. Quando

finalmente decido me levantar, coloco as mãos para trás e me arrasto.

Lentamente levanto. Verifico o chão ao redor em busca de qualquer pedra solta

pronta para me sabotar. Reconhecendo que estou seguro, começo a voltar para a

realidade — um metro, um metro e meio —, meu corpo vai se restaurando a

cada passo. Meus pés ficam mais leves. Deixo o ímã da vida me puxar.

Quando passo por cima de algumas pedras, de volta à trilha principal, ergo o

rosto e vejo um homem me olhando. Eu paro e o encaro.

— Hum. Eu vi você sentado lá na borda — diz ele.

Sotaque australiano. Ele aponta para a Antártica.

— É. A vista é maravilhosa, não é?

Eu sorrio. Ele, não. Está com uma cara séria.

Limpo as mãos na bermuda, ainda com o corpo vibrando por causa da

entrega que tinha acabado de vivenciar. Faz-se um silêncio constrangedor.

O australiano fica ali parado por um instante, perplexo, ainda me olhando.

Depois de um momento, ele acha as palavras:

— Está tudo bem? Como você está?

Faço uma pausa, ainda sorrindo.

— Vivo. Muito vivo.

O ceticismo dele enfim cede e abre caminho para um sorriso. Ele assente de

leve e começa a percorrer a trilha. Fico lá em cima, olhando a vista, esperando

meus amigos chegarem ao topo.

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