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A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson

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Cara, o que você está fazendo? Pare. Volte.

Mando meu cérebro calar a boca e continuo avançando.

A menos de um metro, seu corpo entra em alerta vermelho total. Agora basta

um tropeço no cadarço para dar fim à sua vida. Parece que uma rajada de vento

forte pode jogá-lo naquela eternidade azul bipartida. As pernas tremem. As

mãos. A voz, caso você precisar lembrar a si mesmo em alto e bom som de que

não está a ponto de cair para a morte.

A distância de um metro é o limite absoluto da maioria das pessoas. É

próximo o suficiente para se inclinar para a frente e ver a base, mas ainda longe o

bastante para sentir que você não corre nenhum risco real de se matar. Ficar tão

perto da borda de um penhasco, mesmo um tão lindo e fascinante como o do

Cabo da Boa Esperança, causa uma sensação de vertigem e de que você vai

regurgitar qualquer refeição recente.

É isso? Isso é tudo que existe? Já sei tudo que vou saber?

Dou outro micropasso, e mais outro. Agora são sessenta centímetros.

Minha perna treme quando apoia o peso do corpo. Eu me arrasto para a

frente. Contra o ímã. Contra minha mente. Contra meus instintos de

sobrevivência.

Faltam trinta centímetros. Agora olho diretamente para a face do penhasco.

Sinto uma vontade repentina de chorar. Meu corpo instintivamente se encolhe,

protegendo-se de algo imaginário e inexplicável. O vento é mais forte do que

nunca. Os pensamentos são cruzados de direita no meio da cara.

A trinta centímetros, você se sente flutuar. Se não olhar para baixo, parece que

faz parte do céu. A essa altura, você espera cair.

Fico ali agachado por um momento, recuperando o fôlego, organizando meus

pensamentos. Eu me forço a olhar para a água batendo nas pedras lá embaixo.

Então olho outra vez para a direita, para as formiguinhas andando, tirando fotos,

correndo para ônibus turísticos, pensando na chance improvável de que alguém

me veja. Esse desejo por atenção é completamente irracional, mas tudo o que

estou passando também é. É impossível que alguém me veja aqui em cima, é

claro. E, mesmo que não fosse, aquelas pessoas distantes não poderiam dizer nem

fazer nada.

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