A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson
campos da psicologia e da antropologia, ao mesmo tempo fazendo profundasafirmações filosóficas que continuam relevantes hoje em dia.A negação da morte defende dois pontos:1. Os seres humanos são os únicos animais capazes de formar conceitos e pensarsobre si mesmos de maneira abstrata. Cachorros não ficam se preocupandocom a carreira. Gatos não pensam em seus erros do passado nem seperguntam o que teria acontecido se tivessem feito algo diferente. Macacosnão discutem as possibilidades do futuro, assim como peixes não ficam por aíquestionando se os outros peixes gostariam mais deles caso tivessembarbatanas mais longas.Nós, humanos, somos abençoados com a capacidade de nos imaginar emsituações hipotéticas, contemplar tanto passado quanto futuro, imaginaroutras realidades ou situações em que as coisas poderiam ser diferentes. E épor causa dessa habilidade mental única, diz Becker, que todos nós, em algummomento, tomamos conhecimento da inevitabilidade da própria morte.Como somos capazes de imaginar versões alternativas da realidade, tambémsomos a única espécie que consegue imaginar uma realidade da qual nãofazemos parte.Essa percepção causa o que Becker chama de “pavor da morte”, umaprofunda ansiedade existencial que serve de base para tudo que pensamos efazemos.2. O segundo ponto de Becker começa com a premissa de que temos dois “eus”.O primeiro é o eu físico — aquele que come, dorme, ronca e faz cocô. Osegundo é o eu conceitual — a nossa identidade, ou a forma como nos vemos.O argumento de Becker é o seguinte: todos sabemos que o eu físico vaiacabar morrendo e que a morte é inevitável, e essa inevitabilidade — emalgum nível inconsciente — nos mata de medo. Portanto, para compensar omedo da inevitável perda do eu físico, tentamos construir um eu conceitual,que viverá para sempre. É por isso que as pessoas se esforçam tanto paracolocar seu nome em prédios, estátuas e lombadas de livros. É por isso que
nos sentimos impelidos a dedicar tanto tempo aos outros, especialmente àscrianças, na esperança de que a nossa influência — nosso eu conceitual —dure muito mais que o físico; na esperança de que seremos lembrados,reverenciados e idolatrados muito depois que o nosso eu físico deixar deexistir.Becker chamou esses esforços de nossos “projetos de imortalidade”, aquelesque permitem que o eu conceitual continue vivo muito depois da nossa mortefísica. Toda a civilização humana, diz ele, é basicamente o resultado deinúmeros projetos de imortalidade: cidades, governos, estruturas eautoridades que existem hoje já foram projetos de imortalidade de mulheres ehomens que vieram antes de nós. São o que restou de seres conceituais quenão morreram. Nomes como Jesus, Maomé, Napoleão e Shakespeare são tãopoderosos hoje quanto eram quando essas pessoas estavam vivas, se não mais.E esse é o objetivo principal. Seja ao dominar uma forma de arte, conquistaruma nova terra, obter riquezas ou simplesmente ter uma família grande eamorosa que continuará a existir por gerações, todo o significado da vidahumana é moldado por esse desejo inato de nunca morrer.Religião, política, esportes, arte e inovações tecnológicas são o resultadodos projetos de imortalidade das pessoas. Becker argumenta que guerras,revoluções e genocídios ocorrem quando os projetos de imortalidade de umgrupo de pessoas colidem com os de outro. Séculos de opressão e oderramamento de sangue de milhões de pessoas foram justificados comosendo uma defesa do projeto de imortalidade de um grupo em detrimento deoutro.Mas quando os nossos projetos de imortalidade fracassam, quando osignificado se perde, quando a perspectiva de que o nosso eu conceitualsobreviva ao físico não parece mais possível ou provável, o pavor da morte —essa ansiedade horrível e deprimente — volta. Isso pode ser causado por umtrauma ou por vergonha e ridicularização social. E também, como assinalaBecker, por uma doença mental.Caso ainda não tenha percebido, nossos projetos de imortalidade são osvalores. Eles são o barômetro do significado e do valor da vida. Quando esses
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nos sentimos impelidos a dedicar tanto tempo aos outros, especialmente às
crianças, na esperança de que a nossa influência — nosso eu conceitual —
dure muito mais que o físico; na esperança de que seremos lembrados,
reverenciados e idolatrados muito depois que o nosso eu físico deixar de
existir.
Becker chamou esses esforços de nossos “projetos de imortalidade”, aqueles
que permitem que o eu conceitual continue vivo muito depois da nossa morte
física. Toda a civilização humana, diz ele, é basicamente o resultado de
inúmeros projetos de imortalidade: cidades, governos, estruturas e
autoridades que existem hoje já foram projetos de imortalidade de mulheres e
homens que vieram antes de nós. São o que restou de seres conceituais que
não morreram. Nomes como Jesus, Maomé, Napoleão e Shakespeare são tão
poderosos hoje quanto eram quando essas pessoas estavam vivas, se não mais.
E esse é o objetivo principal. Seja ao dominar uma forma de arte, conquistar
uma nova terra, obter riquezas ou simplesmente ter uma família grande e
amorosa que continuará a existir por gerações, todo o significado da vida
humana é moldado por esse desejo inato de nunca morrer.
Religião, política, esportes, arte e inovações tecnológicas são o resultado
dos projetos de imortalidade das pessoas. Becker argumenta que guerras,
revoluções e genocídios ocorrem quando os projetos de imortalidade de um
grupo de pessoas colidem com os de outro. Séculos de opressão e o
derramamento de sangue de milhões de pessoas foram justificados como
sendo uma defesa do projeto de imortalidade de um grupo em detrimento de
outro.
Mas quando os nossos projetos de imortalidade fracassam, quando o
significado se perde, quando a perspectiva de que o nosso eu conceitual
sobreviva ao físico não parece mais possível ou provável, o pavor da morte —
essa ansiedade horrível e deprimente — volta. Isso pode ser causado por um
trauma ou por vergonha e ridicularização social. E também, como assinala
Becker, por uma doença mental.
Caso ainda não tenha percebido, nossos projetos de imortalidade são os
valores. Eles são o barômetro do significado e do valor da vida. Quando esses