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antropologia; sua tese de doutorado comparou as práticas estranhas e pouco
convencionais do zen-budismo e da psicanálise. Na época, o budismo era visto
como algo para hippies e viciados em drogas, e a psicanálise freudiana era
considerada uma forma charlatã de psicologia da Idade da Pedra.
Em seu primeiro trabalho como professor-assistente, Becker logo entrou para
um grupo que denunciava a prática da psiquiatria como uma forma de fascismo.
Eles a viam como uma abordagem leiga de opressão contra os fracos e indefesos.
O problema era que o chefe de Becker era psiquiatra. Então, foi meio como
entrar no seu primeiro emprego e orgulhosamente comparar o seu chefe a Hitler.
Como você pode imaginar, Becker foi demitido.
O jeito foi levar suas ideias radicais para onde seriam aceitas: Berkeley,
Califórnia. Mas isso também não durou muito.
Porque não eram apenas as tendências dissidentes que causavam problemas
para Becker, mas também o seu método de ensino peculiar. Ele usava
Shakespeare para ensinar psicologia, livros didáticos de psicologia para ensinar
antropologia e dados antropológicos para ensinar sociologia. Ele se fantasiava de
rei Lear e simulava lutas de espadas em sala de aula, fazia longos discursos
políticos que tinham pouco a ver com o plano de aula. Seus alunos o adoravam.
O corpo docente sentia o oposto. Menos de um ano depois, ele foi demitido de
novo.
Então Becker chegou à Universidade Estadual de São Francisco, onde
manteve o cargo por mais de um ano. Quando começaram os protestos
estudantis contra a Guerra do Vietnã, no entanto, a universidade convocou a
Guarda Nacional e as coisas ficaram violentas. Quando Becker tomou o partido
dos alunos e condenou publicamente as ações do reitor (de novo seu chefe era
uma espécie de Hitler coisa e tal), ele foi mais uma vez demitido.
Becker mudou de emprego quatro vezes em seis anos. E, antes que fosse
demitido do quinto, teve câncer colorretal. O prognóstico era ruim. Ele passou os
anos seguintes na cama, com poucas chances de sobreviver. Então decidiu
escrever um livro. Falaria sobre a morte.
Becker morreu em 1974. A negação da morte ganhou o Prêmio Pulitzer e se
tornou uma das obras intelectuais mais influentes do século XX, abalando os