30.05.2020 Views

A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson

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ceder ao medo, ao constrangimento ou à vergonha, já que tudo isso não passa de

um monte de nadas. Ao passar a maior parte da minha curta vida evitando o que

era doloroso e desconfortável, eu tinha essencialmente evitado estar vivo.

Naquele verão, larguei a maconha, os cigarros e os videogames. Deixei para

trás as fantasias idiotas de ser um astro do rock, abandonei a escola de música e

me candidatei a algumas universidades. Comecei a malhar e emagreci muito. Fiz

novos amigos. Comecei a namorar. Pela primeira vez na vida eu estudava para as

aulas, notando, surpreso, que conseguia tirar boas notas se me esforçasse. No

verão seguinte, me desafiei a ler cinquenta livros de não ficção em cinquenta

dias, e consegui. No ano seguinte, pedi transferência para uma excelente

universidade do outro lado do país, onde me destaquei pela primeira vez, tanto

acadêmica quanto socialmente.

A morte de Josh marca o ponto antes/depois mais claro que consigo

identificar na minha vida. Antes dessa perda eu era inibido, não tinha ambição,

estava sempre obcecado e controlado pelo que imaginava que o mundo pensava

de mim. Depois da tragédia, me tornei uma nova pessoa: responsável, curioso,

trabalhador. Eu ainda tinha minhas inseguranças e trazia comigo bagagem

emocional — como todos —, mas passei a ligar para algo mais importante do que

as minhas inseguranças e meu passado. E isso fez toda a diferença. Por mais

estranho que pareça, foi a morte de outra pessoa que me deu permissão para

finalmente viver. E talvez o pior momento da minha vida também tenha sido o

mais transformador.

A morte assusta. É por isso que evitamos pensar nela, falar dela, às vezes até

reconhecê-la, mesmo quando acontece com alguém próximo.

Só que, de uma maneira bizarra e invertida, a morte é a luz pela qual a sombra

de todo o significado da vida é mensurada. Sem a morte, nada teria importância,

todas as experiências seriam arbitrárias, todas as medidas e valores seriam

reduzidos a zero num instante.

Algo além de nós

Ernest Becker era um acadêmico marginalizado. Em 1960, obteve seu Ph.D. em

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