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A-Sutil-Arte-de-Ligar-o-Foda-se-Mark-Manson

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Para quem está na situação, da perspectiva de cada uma dessas pessoas, são

perguntas extremamente complexas — charadas existenciais embrulhadas em

desafios lógicos e jogadas num balde cheio de cubos mágicos.

Dúvidas videocassete são engraçadas, porque a resposta é difícil para quem

está com a dúvida e facílima para todo o resto do mundo.

O problema é a dor. Preencher a papelada necessária para abandonar o curso

de medicina é uma ação direta e óbvia; lidar com o desapontamento dos pais,

não. Convidar a orientadora para sair é simples, basta uma frase; assumir o risco

de intenso constrangimento e rejeição é muito mais complicado. Pedir que as

pessoas arranjem uma casa para morar é um caminho objetivo; sentir que está

abandonando os filhos é bem diferente.

Eu lutei contra a ansiedade social ao longo da maior parte da minha

adolescência e juventude. Passava os dias jogando videogame e as noites

sufocando a inquietude com álcool e cigarro. Durante muitos anos, achei que

fosse impossível falar com um desconhecido — ainda mais se esse desconhecido

fosse muito bonito ou muito interessante ou muito popular ou muito inteligente.

Foram anos de mesmice e estupor, repetindo as mesmas perguntas videocassete:

Como? Como é que eu simplesmente vou lá e falo com alguém? Como as pessoas

fazem isso?

Eu mantinha todo tipo de crença equivocada sobre o assunto, como a ideia de

que era proibido puxar assunto com alguém a menos que houvesse algum

motivo real para isso, ou de que as mulheres me veriam como um estuprador

simplesmente se eu dissesse um “oi”.

O problema residia em deixar minhas emoções definirem a realidade. Como

eu sentia que as pessoas não queriam falar comigo, passei a acreditar nisso. Daí

veio minha pergunta videocassete: “Como é que eu simplesmente vou lá e falo

com alguém?”

Por não conseguir separar sentimento de realidade, eu era incapaz de mudar

minha perspectiva e ver o mundo como um lugar onde duas pessoas podem se

aproximar a qualquer momento e conversar.

Diante de algum tipo de dor, raiva ou tristeza, muita gente larga tudo e se

concentra em entorpecer o sentimento ruim. O objetivo é voltar a “se sentir

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