BALCONISTA S/A - Edição 25
Normalmente, esta revista conta histórias de balconistas experientes, com 20, 30 anos de profissão. Mas, para começar 2020, resolvemos mostrar a nova geração do balcão, encarnada em Vitor. Nossa edição nº25 também vai destacar as lembranças agridoces de um Lada Laika placa preta, além de traçar a linha do tempo do Papamóvel. E muito mais. Boa leitura!
Normalmente, esta revista conta histórias de balconistas experientes, com 20, 30 anos de profissão. Mas, para começar 2020, resolvemos mostrar a nova geração do balcão, encarnada em Vitor.
Nossa edição nº25 também vai destacar as lembranças agridoces de um Lada Laika placa preta, além de traçar a linha do tempo do Papamóvel. E muito mais.
Boa leitura!
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Eu tinha um tio, muito próximo,
que o adorava, ele sempre olhava
e queria comprar. Convenci meu
irmão a vender para o meu tio e
intermediei a negociação.”
Pouco tempo depois de comprar
o tão paquerado carro, o querido
tio de Ernane faleceu. Nesse
momento, o sorriso tímido foi
embora. Era possível notar que
ambos tinham uma relação
muito bonita e sincera, uma
perda que deixou cicatrizes. “Ele
RESTAURAÇÃO
aproveitou muito pouco do carro
e ficou na garagem da casa. Era
só ele e minha tia, já com uma
certa idade, ela não tinha mais
paciência para cuidar do Lada.”
Às vezes um vizinho dava uma
volta, para tirar a poeira do
motor, mas foi apenas em 2015
que o pequeno carro soviético
saiu de vez da garagem. “A
minha esposa estava olhando o
Facebook da família e pegou uma
conversa de minha prima com o
meu irmão mais velho, que era o
dono desse carro. Ela perguntava
onde ficava o número do chassi
para poder recortar e mandar para
o ferro velho! Ela ia jogar o carro
inteiro no ferro velho! Aí, minha
esposa, que também estava de
olho no carro, me avisou que era
a hora de entrar em contato com
a minha prima. O carro era uma
lembrança do meu tio.”
Após saber da noticia, Ernane
ligou quase instantaneamente
para sua prima. No primeiro fim de
semana disponível, ele conseguiu
um guincho e levou o automóvel
para casa.
O Laika de Ernane talvez seja o
primeiro Lada placa com a preta
no Brasil. O veículo chegou no
mercado em 1990, como modelo
91, e serviu como test-drive
até 92 quando foi vendido para
seu irmão.
Apesar da montadora ter
abandonado o Brasil, em 1995,
sua produção continuou a
todo vapor em outros países.
O modelo Laika foi produzido
até 2010, por conta disso a
restauração do veículo não foi
tão trabalhosa.
“Olha eu achei que ia ser mais
caro, porque eu fui na cara e
na coragem. Eu não tinha muita
informação, só depois que eu
peguei o carro é que eu fui me
informar. Para minha surpresa,
eu acho que deve ser mais
fácil achar peças dele agora
do que nos anos 90. Você
encontra peças novas dele,
eu mesmo importei várias
do leste europeu, algumas
de acabamento e motor. Com
internet fica fácil.”
Ao buscar as partes que faltava,
Ernane esbarrou com um grupo
de apaixonados pelos veículos
soviéticos (agora russos), o
Lada Clube do Brasil. Por meio
desse clube, Ferreira encontrou
um mecânico especializado em
carros russos. Segundo ele, o
profissional trabalhava para a
marca e abriu as portas da sua
oficina quando a montadora
encerrou suas operações.
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