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FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS –
NOTAS MONOGRÁFICAS
EDIÇÃO DA JUNTA DE FREGUESIA DE MOZELOS
FICHA TÉCNICA
Título
São Martinho de Mozelos – Notas Monográficas
Autor
Francisco Barbosa da Costa
Edição
Junta de Freguesia de Mozelos
Composição gráfica
Hugo Rios e José Luís Santos
Capa
Hugo Rios
Impressão e acabamento
Rainho & Neves - Artes Gráficas, S. João de Ver
Depósito legal
429131/17
Local e Data
Mozelos (Santa Maria da Feira), setembro de 2017
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
5
APRESENTAÇÃO
Canelas de Vila Nova de Gaia – terra da minha naturalidade
e residência –, e Mozelos, fazem parte da antiga Terra de Santa
Maria e têm muitas afinidades naturais, históricas, económicas,
sociais e culturais.
Esta foi uma das razões porque aceitei, de bom grado, o desafio
de elaborar este trabalho monográfico que procura retratar
esta terra e as suas gentes. A outra razão residiu no facto de
corresponder ao convite do Padre Bernardino, pároco desta freguesia,
função que acumula com a paróquia de Sermonde, do
meu concelho, sobre a qual também elaborei uma monografia,
tal como fiz com mais 17 freguesias gaienses.
Por outro lado, considero da maior importância e significado
tudo fazer para criar ou recriar o espírito de comunidade que,
tantas vezes, se esbate, por motivos diversos.
Também, me sinto bem ao fazer, de forma gratuita, este tipo
de trabalhos, como um ato de cidadania, e que preenche, de
forma superior, o tempo livre que uma aposentação da atividade
docente me faculta.
De facto, é bom e gratificante servir, das formas possíveis, as
comunidades e as suas gentes, valores maiores de um país.
Ficaria muito gratificado que, em cada terra, haja gente que
se interesse pelo seu passado, se empenhe, no presente para que
o futuro seja mais sustentado e feliz.
Importa ter em conta, também, que só há um correto entendimento
da história nacional, se houver estudos cuidados sobre
as comunidades locais.
Esta foi também uma das razões, que, a pedido da Junta de
Freguesia, elaborei este estudo monográfico a partir de novas
fontes documentais e com uma estrutura organizativa que apresente
um retrato mais alargado da realidade natural e humana de
S. Martinho de Mozelos.
6 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
A investigação histórica é um processo dinâmico, mercê da
descoberta de novas fontes e de novas formas de abordagem do
devir histórico.
Não poderia deixar de relevar o empenhamento e mesmo
entusiasmo, que uma mão cheia de pessoas desta terra tem manifestado
pela sua participação ativa, na elaboração, na busca e
transmissão de informações orais e escritas que muito enriqueceram
este trabalho.
Entre todos, relevo a Junta de Freguesia, nomeadamente, o
seu presidente, que permanentemente, esteve comigo nesta tarefa
comum, evidenciando, assim, assumir, em pleno, as suas funções
cívicas e autárquicas, agradecimento extensivo aos outros elementos
do executivo, designadamente, o secretário e o tesoureiro.
Quero deixar, nas mãos e nos corações dos mozelenses de
nascimento e de adoção, aqui residentes ou espalhados pelo país
e pelo mundo, este instrumento propiciador da coesão comunitária
e do orgulho de pertença a esta realidade natural e humana,
que a história caldeou.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
7
MENSAGEM DO
PRESIDENTE DA
CÂMARA MUNICIPAL DE
SANTA MARIA DA FEIRA
MOZELOS, TERRA DE EMPREENDEDORES
A Monografia sobre a freguesia de Mozelos, que em boa
hora a Junta de Freguesia decidiu elaborar, é um trabalho fundamental,
porventura decisivo, para o conhecimento, o estudo e
a compreensão de uma parte importante do território de Santa
Maria da Feira.
Dou, por isso, os meus parabéns à Junta de Freguesia de Mozelos
por esta ideia e por este desafio, que assume um misto de
coragem, pela dimensão da empreitada, dedicação, à terra e às
suas gentes, e de visão estratégica, porque aposta numa obra
para o presente e o futuro das gerações vindouras, transmitindo-
-lhes o testemunho de um passado rico e valoroso.
Saúdo também a escolha do professor Barbosa da Costa, que
conheço e considero, um reconhecido historiador, cujos méritos
nesta área garantem que esta obra documental está em boas mãos.
Mozelos é conhecida como a capital da Cortiça em Portugal.
Aí está sediado o mais emblemático e bem sucedido grupo
empresarial português, o Grupo Amorim, que fez da cortiça um
produto nacional único em todo o mundo.
A família Amorim, referência mundial do setor da cortiça, é,
podemos dizê-lo, um porta estandarte das qualidades e caraterísticas
do povo de Mozelos: trabalhador, empreendedor, homens
e mulheres que têm, como sempre ouvi dizer desde a minha
infância, a freima da vida – uma expressão de um dos nossos
maiores, Miguel Torga, que significa ter ambição, quer sempre
mais, mostrar que com trabalho e perseverança podemos chegar
mais longe do que os outros.
8 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
É este espírito empreendedor e esta alma industrial que é a
matriz identitária do povo de Mozelos. Mas, este trabalhador e
empreendedor povo não se esgota nesta gesta laboriosa. Mozelos
é também uma terra de Cultura, marcada indelevelmente pela
presença e pelo trabalho da Tuna Musical Mozelense, uma pérola
no movimento associativo e cultural nacional.
Podíamos falar da riqueza do tecido associativo de Mozelos,
das performances desportivas, de uma qualidade de vida da população
que tem no Monte Coteiro o seu exemplo máximo, ou
de aí ter sido criado o Prémio Manuel Laranjeira, distinto e ilustre
médico, para distinguir personalidades que se destaquem nos
vários setores da sociedade.
Mas fico-me, para terminar, por enaltecer que aliado a este
forte cunho industrial Mozelos tem uma enorme vocação solidária
e social, de que é um dos melhores exemplos o Centro Social
de Mozelos.
Este cunho solidário está, aliás, bem enraízado nestas gentes,
pelo lastro deixado pela ação de D. Albertina Amorim, irmã de
Américo Amorim, cuja Fundação criada com o seu nome pretende
perpetuar a memória de uma senhora extraordinária, amiga
dos pobres e grande benemérita.
Emídio Sousa
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
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MENSAGEM DO
PRESIDENTE DA
JUNTA DE FREGUESIA DE
MOZELOS
O tornar possível a realização deste livro que, de uma forma
singular, irá retratar a história de Mozelos, desde o amanhecer
dos tempos, é para mim fonte de uma enorme satisfação que faz
transbordar o meu espírito Mozelense de orgulho.
As minhas primeiras palavras de agradecimento vão para o
autor, o professor Francisco Barbosa da Costa (nome sugerido
pelo nosso Padre Bernardino) que, após uma breve conversa,
aceitou o desafio sem hesitações ou qualquer exigência e contrapartida.
O professor embarcou nesta empreitada, contagiando,
de imediato, com todo o seu entusiasmo, o elenco da Junta de
Freguesia de Mozelos, unido nesta demanda. Um obrigado muito
especial aos meus colegas de junta Manuel António Teixeira e
Manuel Bernardino da Silva Maia.
Também quero prestar os meus agradecimentos ao Dr. José
Henrique Dias Coimbra, à professora D. Deolinda de Jesus Coelho
da Silva, à D. Isaura Amorim e à professora Maria Manuela
Coimbra pelo papel imprescindível que tiveram na primeira fase
deste projeto.
A realização desta monografia pretende preencher o vazio
que se verifica na falta de informação registada sobre Mozelos.
Pretendemos percorrer as memórias da nossa vila, das mais longínquas
às mais recentes, através da organização dos textos por
temas que nos farão viajar pelos demais capítulos da nossa história.
Tornava-se imperioso não perder na passagem do tempo os
feitos das pessoas que nos fazem sentir um orgulho genuíno pelo
espírito Mozelense.
Com esta publicação, pretende-se relembrar e homenagear
os nossos antecessores que contribuíram grandiosamente para o
crescimento de Mozelos, não esquecendo que o presente se faz
10 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
com todos dando o seu melhor à nossa terra, mesmo, e principalmente,
nos tempos mais adversos.
Mozelos, ao longo da sua história, viu muitos dos seus partirem
para os vários cantos do mundo e terem sucesso no seu
percurso além-fronteiras. Mozelos, atualmente, também tem
sido o local de eleição para a constituição de novas famílias que
começam a criar cá as suas raízes. Pretendemos que os novos
residentes conheçam, assim, a nossa origem e os nossos valores.
Pretendemos, igualmente, que os descendentes dos nossos
emigrantes descubram um pouco de si e da sua origem nestas
páginas que percorrem Mozelos pela história de Portugal e da
história universal. Não esquecer que os primeiros registos da
nossa vila remontam a 922.
A todos os que se dedicaram à criação desta monografia, em
meu nome e em nome de todo o elenco da Junta de Freguesia,
um Muito Obrigado.
Bem-haja a todos os Mozelenses.
José Carlos Pinto Silva
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
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SIGLAS E ABREVIATURAS
AC – ANTES DE CRISTO
ADA – ARQUIVO DISTRITAL DE AVEIRO
ADP – ARQUIVO DISTRITAL DO PORTO
AEP – ARQUIVO EPISCOPAL DO PORTO
AF – ASSEMBLEIA DE FREGUESIA
AHAR – ARQUIVO HISTÓRICO DA ASSEMBLEIA DA
REPÚBLICA
AHP – ARQUIVO HISTÓRICO DE PORTUGAL
AHMP – ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DO
PORTO
AHSCMP – ARQUIVO HISTÓRICO DA SANTA CASA DE
MISERICÓRDIA DO PORTO
AJFM – ARQUIVO DA JUNTA DE FREGUESIA DE
MOZELOS
AMSMF – ARQUIVO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA
FEIRA
APM – ARQUIVO PAROQUIAL DE MOZELOS
AUC – ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
BAV – BIBLIOTECA APOSTÓLICA VATICANA
BF – BAIO FERRADO
BUC – BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
C. – COMPRIMENTO
CA – COMISSÂO ADMINISTRATIVA
CENS – CENSUAL
CHANC. – CHANCELARIAS MEDIEVAIS
PORTUGUESAS
CMSMF – CÂMARA MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA
FEIRA
CNSMF – CARTÓRIO NOTARIAL DE SANTA MARIA DA
FEIRA
CX. – CAIXA
DESC. – DESCRIÇÃO
DC – DEPOIS DE CRISTO, TEMPO ACTUAL
PMH – DC. – PORTUGALIA MONUMENTA HISTORICA.
DIPLOMATA ET CHARTAE
DISS. – DISSERTAÇÕES
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DOC. – DOCUMENTO
DMP-DR – DOCUMENTOS MEDIEVAIS
PORTUGUESES. DOCUMENTOS RÉGIOS.
DMP-DP – DOCUMENTOS MEDIEVAIS PORTUGUESES.
DOCUMENTOS PARTICULARES.
ED. – EDIÇÃO
E – ESTE
FL. – FOLHA
GAV. – GAVETA
GCA – GOVERNO CIVIL DE AVEIRO
IBID. – IBIDEM
ID. – IDEM
IGC – IGREJAS E CAPELAS
INQ. – INQUISITIONES
JFM– JUNTA DE FREGUESIA DE MOZELOS
L. – LARGURA
LV. – LIVRO
LP – LIVRO PRETO DA SÉ DE COIMBRA
LV – LEITE DE VASCONCELOS
MÇ. – MAÇO
MS – MANUSCRITO
N – NORTE
OP. CIT. – OBRA CITADA
OPÚSC. – OPÚSCULO
P – POENTE
P. – PÁGINA
PDM – PLANO DIRECTOR MUNICIPAL
PMH – PORTUGALIA MONUMENTA HISTORICA
PROC. – PROCESSO
PT. – PASTA
REV. LUS. – REVISTA LUSITANA
REV. PORT. – REVISTA PORTUGUESA
SARL – SOCIEDADE ANÓNIMA DE
RESPONSABILIDADE LIMITADA
SCRIPT. – SCRIPTORES
S – SUL
S.F – SUBSTANTIVO FEMININO
S.M – SUBSTANTIVO MASCULINO
TES. – TESOUREIRO
TOP. – TOPÓNIMO
TT – ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO
VOL. – VOLUME
W – OESTE
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
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AGRADECIMENTOS
À Junta de Freguesia de Mozelos, pelo indispensável patrocínio
à edição deste trabalho, por todo o apoio logístico disponibilizado
e pela autorização da consulta das atas das Juntas de
Paróquia e de Freguesia, e de outros documentos, para além da
entrega pessoal dos seus membros, designadamente o Dr. José
Carlos Pinto Silva, seu presidente; o Senhor Manuel António
Duarte Teixeira, seu secretário; e o Senhor Manuel Bernardino
da Silva Maia, seu tesoureiro;
Ao Pároco, Padre Bernardino Alves, pela disponibilização do
arquivo paroquial, pela autorização da utilização de imagens do
património da Igreja Paroquial de São Martinho de Mozelos, por
ter facultado elementos documentais esssenciais para a valorização
deste trabalho, pelo carinho e apoio dados a esta obra;
Às instituições da Freguesia pela disponibilização dos seus
elementos documentais e iconográficos;
Ao Dr. José Henrique Dias Coimbra, antigo Presidente da
Junta de Freguesia, pela constante dedicação manifestada na elaboração
deste trabalho;
À Senhora Professora D. Deolinda de Jesus Coelho da Silva,
pelas ricas e inúmeras informações que facultou, reveladoras de
um vasto conhecimento da terra e das suas gentes, fruto de uma
grande e frutuosa ligação a Mozelos;
À Senhora D. Isaura Amorim pela enorme disponibilidade
pessoal, pelos elementos documentais que facultou e pelo grande
amor à terra que revela;
À Fundação Albertina Ferreira de Amorim, pela disponibilização
de vários elementos gráficos e documentais, parte do seu
valioso espólio;
À Senhora Dr.ª Maria Manuela Jesus Ferreira Coimbra, pelas
recolhas que efectuou;
14 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Aos Dr. Hugo Rios e Dr. José Luís Santos, pelo competente
arranjo gráfico e pela dedicação demonstrada da presente obra;
À Dr.ª Daniela Marques Monteiro da Silva, pela colaboração
prestada;
À família Rios dos Santos, pela disponibilização de vários
elementos fotográficos.
A todos quantos facultaram fotografias e documentos pessoais
e familiares que muito enriquecem este trabalho.
Finalmente, last, but not least, agradeço às empresas que tiveram
a generosidade de contribuir materialmente para a concretização
da presente obra.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
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PATROCÍNIOS
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
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BRASÃO, SELO E BANDEIRA
BRASÃO – Escudo de vermelho, pinheiro arrancado de ouro,
entre sete cruzetas de prata, postas duas acantonadas em
chefe, quatro nos flancos e uma em ponta, em chefe, entre
as cruzetas, cruz da Ordem de Malta. Coroa mural de prata
de quatro torres. Listel branco com a legenda a negro, em
maiúsculas – MOZELOS – SANTA MARIA DA FEIRA.
BANDEIRA – esquartejada de amarelo e vermelha. Haste e
lança de ouro.
SELO – nos termos da Lei, com a legenda: Junta de Freguesia de
Mozelos Santa Maria da Feira
SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E LIMITES
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
21
Foi certamente a generalização dos dízimos e
primícias que levou à necessidade
de delimitar claramente as paróquias.
De facto, não está provado que elas
tenham tido ab initio
um território claramente definido
(MATTOSO:2001:336).
A unidade administrativa freguesia de Mozelos faz parte
do Concelho e Comarca de Santa Maria da Feira, do Distrito
de Aveiro, Região Militar do Norte e incluída na Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte.
Segundo Pinho Leal esta freguesia está situada em terreno levemente
acidentado, bonita, rica e fértil em todos os géneros do nosso
clima (Leal: Portugal Antigo e Moderno:vol.5:554).
Tem a área de 5,04Km 2 (CAOP 2011 – Áreas das Freguesias).
Situa-se a norte do concelho de Santa Maria da Feira, a cerca
de 12,7 km da sede do concelho, a 20 Km a sul da cidade do
Porto, a 60Km a NNE de Aveiro, a 280 km a norte de Lisboa e
a cerca de 8 km do mar.
É atravessada pelo EN1, junto aos limites orientais, dali partindo
o ramal EN1-14, com destino a ocidente. Para além disso,
pode ser acedida pela A29, através do nó de Esmoriz/EN1-14,
após o qual segue na direção da A41/CREP até apanhar a EN1.
Também a A1 atravessa a freguesia junto à fronteira com S. Paio
de Oleiros e Paços de Brandão.
A freguesia é delimitada, a norte, por Nogueira da Regedoura,
pelos lugares do Casal, Vilas, Coteiro, Igreja e Goda, a este por Argoncilhe,
pelo lugar da Vergada e Ermilhe, a sul por Lourosa, pelo
lugar de Prime, e Santa Maria de Lamas, pelos lugares de Murado
e Regadas e, finalmente, a poente, por Paços de Brandão, pelo lugar
das Regadas e com Oleiros, pelo lugar de Meladas e de Vilas.
Não encontrei documentação antiga reveladora dos limites
de Mozelos com as freguesias que lhe são adjacentes, o que era
vulgar verificar-se, nos séculos XIV e XVIII. Felizmente que, na
22 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
atualidade, mais propriamente na primeira metade deste século,
a Delegação Regional do Norte do Instituto Geográfico Português,
com a ativa colaboração das Juntas de Freguesia, procedeu
ao processo de delimitação administrativa, com uma cuidada
fundamentação escrita e cartográfica, fruto de atentas negociações,
reuniões preparatórias e pré-acordos entre os técnicos do
referido instituto e as autarquias, concretizados em relatórios técnicos,
plantas de localização, memórias descritivas e atas finais.
A Junta de Freguesia de Mozelos esteve representada, nas
várias fases do processo, pelos seus presidentes José Henrique
Dias Coimbra e Jorge Manuel Ferreira Ferreira.
Limites entre Mozelos e Argoncilhe
Estas freguesias ficaram limitadas entre si com três marcos/
estacas devidamente coordenados/as geograficamente.
A linha de delimitação desenvolve-se no sentido norte e sul.
As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas no
sistema métrico.
Mozelos, Nogueira da Regedoura e Argoncilhe
Marco a colocar no lugar do Picoto na berma esquerda da
EN1 no sentido Lisboa-Porto, junto a um muro de alvenaria na
entrada para o parque de estacionamento pertencente ao restaurante
Migo.
Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Argoncilhe e
Nogueira da Regedoura.
O limite deste marco segue em linha reta para este até ao eixo
da EN1, a partir daqui segue para sul pelo eixo da EN1 até ao
marco seguinte.
Mozelos e Argoncilhe
Marco a colocar no meio da rotunda da EN1, no lugar da
Vergada.
O limite deixa este marco, segue pelo eixo da rua Central
da Vergada até ao cruzamento desta com a rua de Ramil. Aqui,
segue pelo eixo da rua de Ramil e vai até à extrema norte do
prédio urbano com o nº de polícia 1453. A partir daqui, o limite
atravessa vários prédios, passando pelas traseiras do prédio da
padaria Celeste, na direção da rua da Inacor, entra nesta rua e
segue pelo seu eixo até ao marco seguinte.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
23
Mozelos, Lourosa, Fiães e Argoncilhe
Marco a colocar no cruzamento das ruas de 1º de maio, Inacor
e avenida de Seixa, junto ao marco antigo existente num muro de
alvenaria que limita a este o prédio urbano pertencente à Manaiacar.
Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Argoncilhe,
Lourosa e Fiães.
Fim do limite das duas freguesias.
Limites entre Lourosa e Mozelos
Estas freguesias ficaram limitadas entre si com seis marcos/
estacas devidamente coordenados/as geograficamente.
A linha de delimitação desenvolve-se no sentido oeste para
este. As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas
no sistema métrico.
Lourosa, Santa Maria de Lamas e Mozelos
Marco a colocar no local denominado de Vila Verde junto a
uma pedreira.
Este marco é comum às freguesias de Santa Maria de Lamas,
Mozelos e Lourosa.
O limite deixa este marco e segue em linha reta até ao marco
seguinte.
Lourosa e Mozelos
Marco a colocar na rua da Tapadinha, na berma esquerda,
no sentido sul-norte, no local denominado de Prime.
O limite deixa este marco, segue para norte pelo eixo da referida
rua até à Ribeira da Azenha, Aqui, segue para montante através
da linha média das águas da referida ribeira até ao marco seguinte.
Marco a colocar no entroncamento da rua do Parque com a
travessa de Nossa Senhora de Fátima, na extrema sul da fábrica
Amaro F. Barros e Filhos, Lda, com o número de polícia 323.
O limite deste marco inflete para norte pelo muro da referida
fábrica e vai até ao portão principal.
Marco a colocar no final de um caminho não classificado,
no sítio denominado Sobral do Meio, no terreno pertencente a
Alfredo Leal Teixeira.
24 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
O limite deste marco segue pelo eixo do referido caminho e
vai até ao portão que se encontra no seu início. Aqui inflete para
sul, cerca de 4 metros, até a uma vedação de uma suinicultura.
A partir daqui, segue para este pela referida vedação e muro de
alvenaria, que divide os terrenos pertencentes à suinicultura com
Vilares e Tavares, Lda, até ao portão da entrada das propriedades
atrás referidas.
O limite, a partir daqui, segue pelo eixo de um caminho não
classificado que dá acesso a essas propriedades e vai até à rua do
Parque, continua pelo eixo desta até ao marco seguinte.
Marco a colocar junto a um muro de alvenaria de um prédio
que se situa na bifurcação da rua do Parque com a rua 10 de Junho.
O limite deste marco segue em linha reta, para este, até ao
início do muro que limita a sul o parque de estacionamento do
supermercado Lidl. A partir daqui, o limite segue pelo referido
muro até ao seu final, atravessa a EN1 e segue em linha reta
até ao início da curva do muro de alvenaria que limita, a sul, a
oficina Auto-ManaiaCar, seguindo o limite, a partir daqui, pelo
referido muro, até ao marco seguinte.
Mozelos, Argoncilhe, Fiães e Lourosa
Marco a colocar no cruzamento das ruas 1º de maio, Inacor
e Avenida de Seixa, junto ao marco antigo existente num muro
de alvenaria que limita, a este, o prédio urbano pertencente à
Auto-ManaiaCar.
Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Argoncilhe,
Lourosa e Fiães.
Fim do limite entre estas duas freguesias.
Limites entre Santa Maria de Lamas e Mozelos
Estas freguesias ficaram limitadas entre si com nove marcos/
estacas devidamente coordenados/as geograficamente.
A linha de delimitação desenvolve-se no sentido oeste para
este. As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas
no sistema métrico.
Santa Maria de Lamas, Paços de Brandão e Mozelos
Marco a colocar na berma da rua da Ponte Nova, na margem
direita da ribeira de Lamas, no local chamado das Regadas.
Este marco é comum às freguesias de Santa Maria de Lamas,
Paços de Brandão e Mozelos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
25
O limite deixa este marco segue pelo eixo da ribeira de Lamas
aproximadamente 22 metros. A partir daqui, o limite segue em
linha reta para nordeste até ao entroncamento com o muro de
alvenaria que limita a este o prédio nº 374 com entrada pela rua
das Regadas pertencente a José Fernando Morais. O limite segue
pelo referido muro contornando-o e vai até ao marco seguinte.
Santa Maria de Lamas e Mozelos
Marco a colocar na extrema norte do prédio com o nº de polícia
374 com entrada pela rua das Regadas pertencente a José Fernando
Morais. Este marco dista da rua das Regadas 67 metros.
O limite deixa este marco, segue para nordeste segundo uma
linha poligonal passando pelos pontos das cordenadas e vai até
ao marco seguinte.
Marco a colocar no entroncamento de muros que delimitam
a fábrica pertencente a Henrique Mendes.
O limite deixa este marco, segue para nordeste por uma vala
de esgotos até à rua da Lagoinha, aqui inflete para noroeste pelo
eixo da rua da Lagoinha e vai até ao marco seguinte.
Marco a colocar no cruzamento de muros que divide os prédios
com o nº de polícia 407 na freguesia de Santa Maria de
Lamas (rua de Lagoinha) e o nº 30 da freguesia de Mozelos (rua
Mãe de Água).
O limite deixa este marco, segue para nordeste pelo muro que
divide os prédios atrás referidos até ao entroncamento com outro
muro. Aqui inflete para este cerca de 12 metros, inflete novamente
para nordeste e segue em linha reta até ao marco seguinte.
Marco a colocar junto à extrema do prédio com o nº de polícia
253 com a entrada pela rua da Lagoinha de Trás.
O limite deixa este marco, segue para sul pela extrema do
prédio atrás referido e vai até aos anexos pelo lado norte e este e
vai até à construção (habitação) do prédio, inflete para este pelas
traseiras do prédio urbano com o nº de polícia 253 e vai até à
vedação que limita a este o referido prédio. A partir daqui, segue
para este em linha reta até à fábrica Nortecap. Aqui, inflete para
norte cerca de 10 metros e volta a infletir para este até ao lado sul
do prédio com o nº de polícia 860 da rua Padre Zé, atravessando a
rua de Santa Maria da freguesia de Santa Maria de Lamas e a rua
do Murado na freguesia de Mozelos e vai até ao marco seguinte.
Marco a colocar junto a um já existente, junto a um chafariz
com as seguintes inscrições:C.M.F.1960, a meio de um prédio
sem nº de polícia que faz esquina com a rua Docins.
26 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
O limite deixa este marco, segue para este através de um
muro de alvenaria e paredes de prédios até uma fábrica presentemente
desativada, inflete para nordeste e segue pelo limite da referida
fábrica até ao entroncamento com um muro de alvenaria
que divide o prédio com o nº de polícia 20 de rua da Serradinha,
freguesia de Santa Maria de Lamas e o nº 340 da rua da Fonte da
Serradinha, freguesia de Mozelos, atravessa a rua atrás referida e
segue por um muro de alvenaria que limita o prédio 335 de Mozelos
com a fábrica António Almeida, Cortiças, deixa o referido
muro e vai em linha reta até ao marco seguinte.
Marco a colocar, junto a um já existente, em terreno pertencente
a António Almeida, junto a um moinho em ruinas.
O limite deixa este marco segue para nordeste em linha reta
até ao ponto das coordenadas, aqui inflete ligeiramente para norte,
atravessa a rua da Azenha, segue pelo lado este das construções
do prédio pertencente à empresa de águas Indáqua e vai até
à ribeira da Azenha. Aqui, inflete para este até à rua do Outeiro,
seguindo depois para norte pelo eixo da rua do Outeiro e vai até
ao marco seguinte.
Marco a colocar na berma direita da rua do Outeiro, junto a
um muro de alvenaria que limita a oeste o prédio com o nº de
polícia 63 pertencente a Manuel Soares de Melo.
O limite deixa este marco, segue para este até a um muro de
pedra solta. A partir daqui, acompanha o referido muro de pedra
solta e no seu fim, inflete para este e segue pelo limite norte do
prédio nº 407 e vai até ao marco seguinte.
Santa Maria de Lamas, Lourosa e Mozelos
Marco a colocar no local denominado da Vila Verde junto a
uma pedreira.
Este marco é comum às freguesias de Santa Maria de Lamas,
Mozelos e Lourosa.
Fim do limite das duas freguesias.
Limites de Mozelos com Paços de Brandão
Estas freguesias ficaram delimitadas, entre si, com quatro
marcos/estacas devidamente coordenados/as geograficamente.
A linha de delimitação desenvolve-se no sentido norte e sul.
As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas no
sistema métrico
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
27
Paços de Brandão, Santa Maria de Lamas e Mozelos
Marco a colocar na berma de Rua da Ponte Nova, na margem
direita da Ribeira de Lamas, no local chamado Regadas.
Este marco é comum às freguesias de Santa Maria de Lamas,
Paços de Brandão e Mozelos.
O limite deste marco segue pela linha média das águas da
Ribeira de Lamas, para jusante, deixa a referida ribeira junto à
estrema norte da fábrica de Manuel Alves da Silva, com a rua
Regadas de Trás, segue o limite pelo eixo desta via até ao alinhamento
com a extrema sul do prédio com o número de polícia
218, onde inflete para este, seguindo pela estrema sul deste prédio
e dos prédios com os nºs de polícia 214 e 210 até encontrar
novamente a rua de Regadas de Trás, onde o limite inflete para
este pelo eixo desta via até ao próximo marco.
Paços de Brandão e Mozelos
Marco a colocar junto a um muro de alvenaria que divide os
prédios com os nº s de polícia 219, de Paços de Brandão e o nº
233, de Mozelos, da rua das Regadas de Trás.
O limite segue por muro de alvenaria, na direção noroeste, que
divide os prédios atrás referidos e continua pela estrema do prédio
com o nº de polícia 217, contornando-o pelo lado este e norte até à
linha de caminho-de-ferro no sentido noroeste, até ao canto sudoeste
da propriedade do senhor Luís Ferreira Ribeiro. Aqui, o limite
inflete para norte, contorna a referida propriedade pelo lado este e
norte até ao beco de Rio maior, infletindo para nordeste pela berma
sul do referido beco e vai até ao marco seguinte.
Marco a colocar junto a outro já existente no entroncamento
do beco de Rio maior com a rua da Fronteira.
O limite deixa este marco e segue em linha reta até ao muro
situado na berma direita, no sentido sul-norte da rua da Fronteira,
seguindo por este até ao marco seguinte, colocado na berma
oposta da referia rua.
Paços de Brandão, S. Paio de Oleiros e Mozelos
Marco a colocar, junto a outro já existente, na berma esquerda
da rua da Fronteira, no sentido sul-norte, no limite sudeste da
fábrica Soprecor.
Este marco é comum às freguesias de Paços de Brandão, Mozelos
e S. Paio de Oleiros.
Fim do limite entre estas duas freguesias.
28 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Limites entre Mozelos e Nogueira da Regedoura
Estas freguesias ficaram limitadas entre si com onze marcos/
estacas devidamente coordenados/as geograficamente.
A linha de delimitação desenvolve-se no sentido nordeste
para sudoeste. As coordenadas M e P das estacas/marcos são
apresentadas no sistema métrico.
Mozelos, Argoncilhe e Nogueira da Regedoura
Marco a colocar no lugar de Picoto, na margem esquerda da
EN1 no sentido Lisboa-Porto junto a um muro de alvenaria na
entrada para o parque de estacionamento pertencente ao restaurante
Migo.
Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Argoncilhe e
Nogueira da Regedoura.
O limite deixa este marco, segue para oeste pelo limite do
prédio urbano com o nº de polícia 387 (restaurante Migo) com
entrada principal pela EN1 inflete para sul nas traseiras do nº
31, inflete novamente para oeste e vai até a um caminho não
classificado. A partir daqui, segue pelo eixo do referido caminho
para sudoeste até ao marco seguinte.
Mozelos e Nogueira da Regedoura
Marco a colocar na berma direita, sentido norte-sul de um
caminho não classificado a cerca de 14 metros do entroncamento
com a rua Central de Goda (EN1-14), no lugar de Picoto.
O limite deixa este marco, segue para sudoeste até a um muro
de alvenaria que tem o seu início no limite noroeste do prédio
urbano com o nº de polícia 797 com entrada principal pela rua
Central de Goda.
A partir daqui, o limite segue o referido muro e vai até ao entroncamento
com outro muro de alvenaria que limita a nordeste
a fábrica Iusa Cortiças Lda., contorna a referida fábrica pela sua
extrema oeste e vai até à travessa da Estrada Romana. Aqui, segue
pelo eixo desta via e vai até ao marco seguinte.
Marco a colocar na berma direita, sentido norte-sul, da travessa
da Estrada Romana e talude inferior do IC24 no sentido
sul-norte.
O limite deixa este marco, segue em linha reta para sudoeste,
atravessa a IC-24 e vai até ao encontro de um muro de alvenaria
que limita a norte a fábrica de Cortiças Dimas e Silva, segue pelo
referido muro e vai até um caminho não classificado junto ao
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
29
cruzamento de dois muros de alvenaria. A partir daqui, o limite
segue para sul pelo eixo do referido caminho, atravessa a rua
Joaquim da Maia pela freguesia de Nogueira da Regedoura, de
Nossa Senhora dos Aparecidos, pela freguesia de Mozelos, segue
pelo eixo da rua Romana até ao marco seguinte.
Marco a colocar no entroncamento da rua Romana com a rua
da Tapada na berma direita, sentido norte-sul, das mesmas ruas.
A partir deste marco até ao ponto das coordenadas da rua da
Lavoura, não existe acordo quanto ao limite entre as duas freguesias,
pelo que se registam os pareceres das duas Juntas de Freguesia.
Parecer da Junta de Freguesia de Mozelos
O limite deixa este marco (27 de Mozelos e 13 de Nogueira
da Regedoura) segue pelo eixo da rua da Tapada, entra na rua
da Lavoura continua para sul através do seu eixo até ao ponto
das coordenadas.
Este parecer está de acordo com o registado na ata da reunião
de 21 de setembro de 2000. Esta ata foi assinada pelo Presidente
da Junta de Freguesia de Mozelos.
Parecer da Junta de Freguesia de
Nogueira da Regedoura
O limite deixa este marco (27 de Mozelos e 13 de Nogueira
da Regedoura) segue pelo eixo da rua Romana e vai até ao ponto
das coordenadas e aqui inflete para noroeste, segue em linha reta
até à rua da Lavoura ao ponto das coordenadas.
Este parecer está de acordo com o registado na ata da reunião
de 21 de setembro de 2000. Esta ata foi assinada pelo Presidente
da Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura.
Mozelos e Nogueira da Regedoura
A partir deste ponto até ao ponto das coordenadas, situado
no eixo da rua do Arco Íris, na freguesia de Mozelos e a rua da
Penha, da freguesia de Nogueira da Regedoura, já existe acordo
quanto ao limite entre as duas freguesias.
O limite deste ponto até ao marco seguinte não existe acordo
quanto o limite entre as duas freguesias, pelo que se registam os
pareceres das duas Juntas de Freguesia.
Parecer da Junta de Freguesia de Mozelos
O limite deixa este ponto, segue pelo muro de alvenaria que
limita os prédios com o nº de polícia 112 pela freguesia de Mo-
30 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
zelos e 74 pela freguesia de Nogueira da Regedoura e vai até ao
marco seguinte.
Este parecer está de acordo com o registado na ata da reunião
de 21 de setembro de 2000. Esta ata foi assinada pelo Presidente
da Junta de Freguesia de Mozelos.
Parecer da Junta de Freguesia de
Nogueira da Regedoura
O limite deixa este ponto, segue pelo eixo da rua do Arco Íris
aproximadamente 13 metros e inflete novamente para sudoeste
até ao muro de alvenaria que limita a oeste o prédio com o nº de
polícia 112. Daqui, segue para noroeste pelo referido muro até
ao marco seguinte.
Este parecer está de acordo com o registado na ata da reunião
de 27 de março de 2001. Esta ata foi assinada pelo Presidente da
Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura.
Mozelos e Nogueira da Regedoura
Marco a colocar a oeste do muro de alvenaria que limita os
prédios com o nº de polícia 74 (rua da Penha) e 112 (rua de Arco
Ìris), no lugar do Monte Coteiro.
O limite deixa este marco, segue para oeste através de um
muro de pedra solta até ao marco seguinte.
Marco a colocar no entroncamento dos muros de pedra solta
no sítio denominado Monte Coteiro.
O limite deixa este marco, segue para oeste em linha reta até
ao marco seguinte.
Marco a colocar na berma direita, sentido norte-sul, da rua
da Ronocar, junto à esquina dos muros de alvenaria que limitam
a norte e a nascente a fábrica Ronocar, no lugar do Casal, em
Mozelos.
O limite deixa este marco, segue pelo muro de alvenaria que
limita a norte a fábrica Ronocar e, no seu final, sofre uma ligeira
infleção para sudoeste e vai em linha reta até ao marco seguinte.
Marco a colocar no canto sudeste de uns anexos situados nas
traseiras do prédio com o nº de polícia 429, com entrada pela
rua da Noémia, no lugar de Pousadela.
O limite deixa este marco, segue em linha reta para sudoeste
até ao eixo da rua de Vilas na passagem superior da EN1. A
partir daqui, o limite segue pelo eixo da rua atrás referida até ao
marco seguinte.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
31
Marco a colocar no canto de um muro de alvenaria na berma
esquerda da rua de Vilas, no limite oeste do prédio com o nº de
polícia 747 da freguesia de Mozelos e o campo de futebol pela
freguesia de Nogueira da Regedoura.
O limite deixa este marco, segue para sul através do referido
muro de alvenaria, deixa o muro e continua para sul com a mesma
direção até ao marco seguinte.
Marco a colocar na berma direita, sentido este-oeste, de um
caminho não classificado, no lugar de Vilas.
O limite deixa este marco, segue para oeste em linha reta
atravessa a A1 e vai até ao cruzamento da rua de Vilas de Baixo
com um caminho não classificado que é paralelo à A.1, aqui segue
na mesma direção através do eixo da rua de Vilas de Baixo
e vai até ao marco seguinte.
Mozelos, S. Paio de Oleiros e Nogueira da Regedoura
Marco a colocar na berma esquerda, sentido sudoeste-noroeste,
da rua de Vilas de Baixo, sítio de Entre Vilas.
Este marco é comum às freguesias de Mozelos, S. Paio de
Oleiros e Nogueira da Regedoura.
Fim do limite entre estas duas freguesias.
Limites entre Nogueira da Regedoura e Mozelos
Marco a colocar no entroncamento da rua Romana com a rua
da Tapada, na berma direita, sentido norte-sul, das mesmas ruas.
O limite deixa este marco, segue pelo eixo da rua da Tapada,
entra na rua da Lavoura, continua para sul, através do eixo desta
até ao ponto das coordenadas.
A partir deste ponto até ao ponto das coordenadas, situado
na rua do Arco-Íris, da freguesia de Mozelos e a rua da Penha,
da freguesia de Nogueira da Regedoura, já existe acordo quanto
ao limite entre as duas freguesias e que, a seguir, se transcreve:
O limite deixa este ponto, segue para sul até ao entroncamento
com a rua Belo Horizonte, aqui, inflete para sudoeste através
do seu eixo e vai até ao cruzamento com a rua de Luís de Camões.
Neste cruzamento, inflete para nascente, aproximadamente
23 metros, e volta a infletir para sudoeste, entra no muro de
alvenaria que limita o prédio com o nº de polícia 876 da freguesia
de Mozelos e 844 da freguesia de Nogueira da Regedoura, segue
pelo referido muro até à rua do Arco Íris, pela freguesia de Mozelos
e rua da Penha pela freguesia de Nogueira da Regedoura.
32 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
O limite deste ponto segue pelo muro de alvenaria que limita
os prédios com nº de polícia 112 pela freguesia de Mozelos e 74 pela
freguesia de Nogueira da Regedoura e vai até ao marco seguinte.
Marco a colocar a oeste do muro de alvenaria que limita os
prédios com o nº de polícia 74 (rua da Penha) e 112 (rua do Arco
Íris, no lugar do Monte Coteiro.
Fm da descrição do limite provisório do troço em questão.
Limites entre Mozelos e S. Paio de Oleiros
Estas freguesias ficaram limitadas entre si com quatro marcos/estacas
devidamente coordenados/as geograficamente.
A linha de delimitação desenvolve-se no sentido sul para oeste.
As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas
no sistema métrico.
Mozelos, Nogueira da Regedoura e S. Paio de Oleiros
Marco a colocar na berma esquerda da rua de Vilas de Baixo,
no sítio de Entre Vilas.
Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Nogueira da
Regedoura e S. Paio de Oleiros.
O limite deixa este marco, segue para sul em linha reta entra
na rua de Entre Vilas continua para sul através do seu eixo e vai
até ao marco seguinte.
Mozelos e S. Paio de Oleiros
Marco a colocar na berma esquerda da AE1, no sentido Lisboa-Porto,
junto aos muros de alvenaria que limitam a fábrica
Dioflex, no entroncamento da rua do Fial com rua de Entre Vilas.
O limite deixa este marco, segue para sul pelo eixo da AE1
e vai até ao viaduto que atravessa esta na EN1-14. Aqui, inflete
para oeste pelo eixo da EN1-14 e vai até ao marco seguinte.
Marco a colocar na esquina dos muros de alvenaria na bifurcação
da EN1-14 que liga Esmoriz ao Picoto, com a rua da
Fronteira, no lugar de Vila Boa.
O limite deixa este marco segue pela berma esquerda da rua
da Fronteira no sentido norte-sul e vai até ao marco seguinte.
Mozelos, Paços de Brandão e S. Paio de Oleiros
Marco a colocar, junto a outro já existente, na berma esquerda
da rua da Fronteira, no sentido sul-norte, no limite sudeste da
fábrica Soprecor.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
33
Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Paços de
Brandão e S. Paio de Oleiros.
Fim do limite entre estas duas freguesias.
A freguesia de Mozelos é constituída pelos lugares seguintes,
que persistiram ao longo dos tempos:
Casal, Coteiro, Ermilhe, Fundão, Gesto, Goda, Igreja, Meladas,
Mozelos, Murado, Outeiro do Moinho, Prime, Quebrada,
Quintã, Regadas, Rio, Seitela, Sobral, Vergada e Vilas.
Foi elevada à categoria de vila em 30 de junho de 1989, como
consta no Diário da República, 1ª Série, nº 99 de 1 de julho de
1989, tendo sido publicado como Lei nº 47/89 de 29 de agosto
do mesmo ano.
A paróquia de S. Martinho de Mozelos pertence à Vigararia
de Santa Maria da Feira, Região Pastoral Sul da Diocese do Porto.
Delimitação das Paróquias
A unidade geográfica da freguesia é, antes de mais, uma criação
católica e foi, até ao fim da monarquia, um sinónimo de paróquia.
Importa, antes de mais, conhecer as razões que subjazeram à
definição dos limites territoriais das paróquias.
A Igreja paroquial, no passado remoto, concebia-se mais como lugar
onde se reuniam pessoas do que como centro de um espaço geográfico.
Pertenciam à paróquia os fiéis que nela se baptizavam e recebiam
os sacramentos. Em certos forais do século XIII, ainda se prevê o direito
de escolher outra igreja e o que se devia fazer nesse caso.
Foi, portanto, a contribuição material exigida a todos os leigos
que impôs a necessidade de dar a esta relação uma base espacial e de
submeter à jurisdição do Pároco os que habitassem num determinado
território.
Entre as prescrições de vários sínodos, tomam assim relevo as do de
Lisboa de 1264, que impôs o dízimo aos fregueses das paróquias não
delimitadas, distinguindo entre o pagamento pela pessoa e pela terra.
A delimitação espacial deve ter-se feito primeiro nas cidades, como
aconteceu em Coimbra, já em 1139, em virtude do conflito entre a
diocese e o mosteiro de Santa Cruz.
Mas o primeiro indício que conheço da obrigação de a fazer, data, significativamente,
de 1229. Por ocasião da concordata de 1289, entre D. Dinis e os
Bispos do Reino, ainda os prelados se queixavam de que o rei e os concelhos não
os deixavam estabelecer as fronteiras paroquiais. Em resposta, o rei declara que
34 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
o podem fazer, mas, para isso, terão de avisar os fregueses com três domingos de
antecedência, e deverão proceder publicamente, com a participação direta dos
leigos que nisso estavam implicados. De facto, encontram-se, por esta época,
muitos testemunhos de divisões paroquiais. Mas, em 1331, ainda o Vigário-
-Geral de Coimbra dá instruções acerca de áreas que não estavam afectadas a
nenhuma paróquia. (…) As instâncias eclesiásticas começaram então a exigi-
-los sobre certos rendimentos que, provavelmente, não eram até ali matéria de
imposição (…) (MATTOSO:2001:336 e 337).
Houve, ao longo dos tempos, dúvidas e conflitos graves entre
os dizimadores e os paroquianos, o que levou as autoridades
eclesiásticas a procederem a esclarecimentos e a encontrarem soluções
que ficaram vertidas nalgumas constituições diocesanas,
com as do Porto, de D. Diogo de Sousa, em 1496.
Também o Concílio de Trento (1545-63) preceituou sobre o
pagamento de dízimos, cominando a pena de excomunhão aos
que os não pagassem ou impedissem o seu pagamento.
Por força do alvará de 11 de abril de 1815 do regente D.
João, ficavam isentos do pagamento dos dízimos todos quantos
rompessem charnecas e baldios incultos e os que tirassem terras
às marés em todos os rios e costas.
Até 1822, manteve-se o antigo direito escrito e consuetudinário
sobre o seu pagamento, pela sua importância como medida
de fomento agrícola.
Os dízimos constituíam um imposto pesado e vicioso porque
se aplicava ao produto bruto.
A questão da definição dos limites entre as freguesias, tem
sido ciclicamente motivo de controvérsia, um pouco por todo o
País, por causa dos direitos de arrecadação dos dízimos, antes da
sua extinção pela Revolução Liberal, por ação de Mousinho da
Silveira (1780-1849) que os extinguiu em 30 de julho de 1832.
Passou a competir ao Tesouro Público pagar ao clero uma
côngrua equivalente ao rendimento que cada um recebia com os
dízimos.
Em Mozelos, identificam-se duas formas de circunscrição diferentes,
uma de carácter religioso, a paroquial, e outra a jurisdicional,
que coexistiram, mas cujas fronteiras nem sempre coincidiram. A
base da divisão espacial estava definida pela paróquia que significava,
por razões históricas e religiosas, a comunidade que possuía uma
identidade religiosa própria (OLIVEIRA:1950:118-121).
ASPETOS NATURAIS
Paisagem natural de Mozelos
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
37
A terra de um povo já não é um simples dado da natureza,
mas uma porção de espaço afeiçoado pelas gerações,
onde se imprimiram, no decurso do tempo,
os cunhos das mais variadas influências
(RIBEIRO:1977:210).
O alargamento ou retracção da área de
determinada produção agrícola,
a persistência ou fragilidade de certas formas
de paisagem rural, ou ainda a implantação
de equipamentos industriais ou turísticos
vislumbram-se sobretudo em função
de aptidões naturais, ou de outros condicionamentos
de ocupação humana
(MEDEIROS:2005:13).
Parque do Coteiro
José Mattoso aconselha que toda a monografia regional ou local
tem de começar por caracterizar o espaço escolhido.
Na verdade, trata-se não apenas de o descrever, o que se consegue
sobretudo por meio da cartografia e da fotografia, mas também de o
analisar, para compreendermos a sua função histórica. É preciso acentuar,
pela escrita, os elementos que condicionam a história: o relevo,
a altitude, a natureza e a constituição do solo e as suas capacidades,
os cursos de água, a eventual proximidade do mar, as temperaturas
habituais, o regime de ventos e da chuva. Tudo isto condiciona, é claro,
a cobertura vegetal, as culturas praticadas, a implantação e a forma
de habitat, as atividades dos homens que aí vivem, as capacidades
produtivas do solo, as possibilidades de comunicação, a orientação dos
circuitos humanos e económicos, os contactos do território com o exterior,
os limites e a compartimentação das áreas baseadas na geografia
física (...).
A descrição e o estudo do quadro territorial na história regional e
local (...) são a apresentação de um quadro de materiais ainda informes
que, ao mesmo tempo, envolvem e limitam o homem, e lhe forne-
38 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Parque do Coteiro
cem os elementos que depois não só consome mas também transforma,
compõe e recria (...) (MATTOSO:2002:184).
É, neste contexto e com estes pressupostos, que importa caracterizar,
se bem que sumariamente, o quadro físico do espaço
onde se integra a freguesia de Mozelos.
Geograficamente, segundo Orlando Ribeiro, o Entre Douro
e Minho, prolonga-se na faixa litoral para sul do Douro, tendo
como limite a bacia do rio Vouga, que se caracteriza por ser parte
do país mais densa e povoada. Segundo Orlando Ribeiro a terra
de Santa Maria estava longe de constituir uma coerente unidade de
paisagem. Integrando-se no que Orlando Ribeiro denominou Portugal
Atlântico nela se distinguiam e distinguem duas grandes áreas espaciais
partilhadas entre si por uma linha definida pela direção das
terras de fraca altitude (200m) que paralelamente à costa, separam o
litoral das elevações do interior (ID.:69).
Geologicamente, António Pedrosa e outros caracterizam a
região a sul do Douro até Espinho, correspondendo a parte do Concelho
de Santa Maria da Feira, seria uma zona de inserção entre
o enrugamento précâmbrico e o período triássico da era secundária
mesozóico, constituída pelo predomínio de granitos e rochas do período
xisto-grauváquico, constituintes do Maciço Antigo, cuja génese ocorreu
antes do final do paleozóico (...).
Morfologicamente, predominam as fracas altitudes, não
se encontrando valores superiores a 250-270 m (PEDROSA ET
ALLI:1985:77).
Num trabalho que pretende ser uma contribuição para o estudo
do litoral Quaternário em Portugal, é afirmado que, em
toda a costa portuguesa, encontram-se formações que pertenceram,
quer ao Pliocénico Superior, quer ao Quaternário.
Amorim Girão constata que, nesta região, os centros povoados
se distribuem em máxima densidade, apertados contra a costa marítima,
sem deixarem entre si grandes espaços vazios GIRÃO:1922:98).
Situada, para norte de Vila da Feira, entre Espinho e Vila Nova
de Gaia, a freguesia de Mozelos fica nessa zona.
CONDIÇÕES GEOLÓGICAS
Mozelos apresenta uma orografia bastante acentuada com
altitudes que ultrapassam os 200 metros no Coteiro. No alto do
Coteiro, foi implantado um esteio, com candeeiro no topo, onde
se atinge, no seu limite superior, a altitude de 230 metros. E
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
39
a altitude média é superior aos cem metros. Toda a localidade
se desenvolve entre as duas pendentes dos montes Sobral e do
alto castrejo, outrora dito de Sagitela e hoje Coteiro do Monte
Murado. Este levantamento orográfico corresponde ao maciço
granítico que se formou com a abertura do Oceano Atlântico.
Nesta terra, não há serras para que tenha que nelas dar noticia
e há hum outeiro de suas qualidades. Junto a esta igreja há hum outeiro
a que chamam do Morado que fica o qual serve de apascentar
os gados cuja planície no pico deste terá de comprido duzentas braças
e de largura mais de cem tudo plano a huma altura regista este em
antigos tempos ser cerca do cujo monte ou outeiro dizem os antigos que
foi praça de mouros de cujo se descobre grande parte do mar a villa
de Aveiro e todo o rio que fica diante e a villa sera de distancia sinco
seis legoas ao castelo da vila da Feira que dista huma legoa e a serra
de Balongo, a Baltar e Chaves e Freita já nomeadas que a de Valongo
dista seis legoas o castelo de Sam Joam da Fos, junto a barra do Porto,
a Senhora da Luz de Sam Joam da Fos e outras muitas povoações e
igrejas das redondezas como o mosteiro de Grijó dos cónegos regulares
de Santo Agostinho, tem um monte nas suas redondezas que estam
manando copiozas agoas em todo o tempo e os povos se servem dellas
para seos gastos de casa, nam tem arvores alguas nem tem outro qualquer
monte arado. E nam tenho mais desta em todos os interrogatórios
da serra. (TT, Memórias Paroquiais, Fl. 1883).
Mozelos é parte integrante da Terra de Santa Maria que sempre
constituiu um pólo de atracção para todo o território entre o Douro
e o Vouga (…) Embora esta terra seja formada por três áreas que (…)
pertencem a regiões naturais distintas. A segunda área constituída por
uma faixa central entre o Douro e o Vouga, incluindo a margem sul
deste rio, forma uma unidade de paisagem a que Orlando Ribeiro
chamou de terras de média altitude da Beira Litoral.
A Terra de Santa Maria forma um território em declive para
o mar, constituído sobretudo pela faixa entre Douro e Vouga.
Associa a si estreitas faixas das áreas adjacentes. Esta zona que
dá unidade à Terra de Santa Maria acompanha a antiga estrada
romana que ligava o Porto a Coimbra, que é dominada pelo
Castelo da Feira. Situa-se exatamente a meio das duas regiões
costeiras da grande divisão geográfica no Norte Atlântico (Mattoso,
A Terra de Santa Maria:32 e 33).
A região do vale caracteriza-se geologicamente, pela existência
de duas secções diferentes, afloramentos sedimentares tipo
xisto-grauváquico e rochas eruptivas de tipo granito porfiróide,
aquerítico e granito alcalino de grão médio (ID.:1962:20-22).
Os granitos pela sua extensão têm reflexos importantes na morfologia
localizando-se numa faixa central no sentido Noroeste Sudes-
ANTT: Memórias Paroquiais: Vol.
25: N.º 252: Fls. 1882
Parque do Coteiro
40 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
te. Apresentam diferenças não só em relação à composição química
e minerológica mas também quanto à textura e idade de formação.
Apresentam granulidade média por vezes porfiróide, constituídas por
feldspatos alcalinos, quartzo, (…) biotites e moscovite, encontrando-se
profundamente meteorizados (ID.:1985:7-10).
Mozelos situa-se a cerca de oito quilómetros para este do mar.
A dividi-lo do oceano, encontra-se uma linha montanhosa paralela,
pouco marcada pela altitude e geologicamente caracterizada
por granitos (ASSUNÇÃO ET ALII:1962:7:21-22). Essa linha
apresenta-se como uma fronteira meteorológica, protegendo o
vale dos ventos marítimos.
CLIMA
Rua do Pinheiro Manso
Mozelos tem duas realidades climáticas distintas. Uma virada
a nascente para o vale outra virada a poente influenciada pela
ação marítima.
O clima insere-se na zona de clima Mediterrânico temperado
de feição Atlântica. Genericamente as características mediterrâneas,
irregularidade pluviométrica e as amplitudes térmicas estão
presentes, mas marcadas pelo agente marítimo, que influencia
profundamente o clima nesta região noroeste da Península,
acentuando os valores pluviométricos e a temperatura. Devendo
ter-se em conta, como refere Amorim Girão, que as plantas constituem
elementos valiosos para a classificação dos climas (...) constituindo
por vezes verdadeiros aparelhos registadores que podem exprimir,
em alto grau, quando são escolhidos, os efeitos cumulativos dos
diferentes climatéricos (GIRÃO:1932:6).
Os únicos dados científicos dignos de crédito são os registados
na estação meteorológica da Serra do Pilar (ASSUN-
ÇÃO:1991:39-40).
A pluviosidade é intensa e irregularmente distribuída, ao longo
de todo o ano. Os meses de outubro e novembro, e os meses
de abril e maio concentram os maiores valores pluviométricos.
Os dados de temperatura captados na estação meteorológica
da Serra do Pilar, a mais próxima desta região, regista valores
que oscilam entre um máximo no inverno de 13 graus, e no
verão de 25 graus. As temperaturas mínimas médias nestas duas
épocas rondam os 5 e os 14 graus respetivamente no inverno e
no verão (ID.:IBID.).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
41
A manutenção de uma temperatura amena sem grandes oscilações
térmicas é influenciada pela orientação dominante dos
ventos em várias épocas do ano. No verão, os ventos de noroeste:
conhecidos por nortada influem bastante na conservação de
valores atmosféricos baixos durante o estio. No inverno, os ventos
de leste e sul, conduzidos pela orientação dos vales dos rios
Inha e Arda influenciam as condições térmicas na zona.
Como ainda referem António Pedrosa e outros, segundo a
tipologia de Köppen (1923), podemos considerar o clima de Santa
Maria da Feira como CSB segundo dados estatísticos referentes ao
período de 1930-1982 que apresentam as seguintes características:
temperaturas médias sempre superiores a 3ºC e inferiores a 22ºC; o
mês mais seco recebe menos de um terço da precipitação do mês mais
húmido.
Analisando a variação da temperatura, ao longo do ano, verifica-se
que o mês mais frio é janeiro com uma temperatura média
aproximadamente de 8,7ºC, sendo a média do mês mais quente
19,68ºC que se verifica em julho, constatando-se que a amplitude
térmica anual é cerca de 11ºC. Esta fraca amplitude térmica
não é alheia à já referida proximidade do Oceano Atlântico.
A proximidade do mar é um fator que influencia o clima
desta região. Os valores de humidade permitem regular a temperatura.
A ocorrência de nevoeiros ao longo de todo o ano influi
bastante nas amplitudes térmicas. A sua incidência no verão
permite manter um certo grau de humidade favorável ao desenvolvimento
vegetal. A constituição geomorfológica da zona
onde o vale se encontra, abriga-o da influência direta do mar,
deixando-o exposto aos ventos frios de leste, que fazem com que
no inverno ocorram temperaturas negativas, permitindo a formação
de geadas nos locais mais abrigados e sombrios do vale
(SILVA:1981:110).
A própria ação do homem é influência do clima. Ao longo da
história do homem, alguns dos seus atos contribuíram para que
ocorressem transformações climáticas. O próprio clima da terra
sofreu alterações, processos de aquecimento e arrefecimento,
distribuídos por períodos de tempo que só muito recentemente
a ciência identificou.
O clima, pelas oscilações que apresenta ao longo dos tempos,
é um agente influenciador da atitude do homem face ao mundo
natural, com reflexos na atividade agrícola, essencial para a sua
sobrevivência. E como expressou Le Roy Ladurie, o clima é também
objeto da história (LADURIE:1983:11).
Rua do Pinheiro Manso
42 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
HIDROGRAFIA
ANTT: Memórias Paroquiais:
Vol. 25: N.º 252: Fls. 1882-1883
Na freguesia, existe apenas o Ribeiro de Prime um curso de
água com algum caudal. Segundo informação contida nas Memórias
Paroquiais de 1758, no meio dela (freguesia) nasce uma fonte,
donde começa um regato, chamado de Prime e é tam pequeno que,
no veram se fazem possos para beberem os gados(…) Morre na Lagoa
da freguesia de Paramos. (…) Tem alguns moinhos para moerem milho
e trigo e as mais qualidades de gram, porém, parte do veram, hé
com ágoas emprazadas. (…) Os povos uzam de suas agoas libremente,
para as culturas e serviços sem pensam nem juro algum. (…) Tera este
regato huma legoa de seu comprimento onde fenesse e desta freguesia
de Mozellos corre a freguesia de Lamas e de hi a Passos de Brandam e
dahi a Paranhos (sic) onde fenesse metendo-se na lagoa (TT: Memórias
Paroquiais: Fls. 1883 e 1884).
Em 4 de março de 1928, a CA da Junta de Freguesia informou
a Administração Geral dos Serviços Hidráulicos que, na
freguesia, havia uma nascente de água que constituía um pequeno
regato, o qual seguia pelas freguesias do poente, nas quais se
junta a outros regatos, havendo um outro regato que nascia fora
do limite desta freguesia, tendo, dentro da área desta freguesia
pelos proprietários dos campos (terrenos lavradios) que lhes ficavam
próximos, para efeitos de rega, na época seca do ano e na
margem desses ribeiros existem diversos moinhos, cujos proprietários
represam as águas para fazerem mover as respetivas mós
(AJFM.:Liv. de Atas nº 8).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
43
Rio de Prime
TOPONÍMIA
Na página anterior, reprodução do ANTT:Mosteiro de Grijó:BF:237.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
47
A toponímia abrange um campo de conhecimento
interdisciplinar, tendo como base a interpretação dos nomes
próprios dos lugares, seja de uma povoação, seja de um rio, de
uma montanha, uma gruta, uma fraga. Enquanto documento
interdisciplinar escrito pelo povo, tendo quase sempre a memória e
a oralidade como suportes de transmissão, deve ser estudada com a
perspetiva e o rigor que a vocação de cada um dos domínios requer.
Nela se projeta a história de uma comunidade, a sua economia,
a sua religião, a sua linguagem, os seus costumes. Na toponímia,
podem, por isso, obter-se elementos para o estudo de diversos
fenómenos sociais do tipo migratório ou de repovoamento, bem como
sobre instituições sociais antigas associadas à exploração da terra e
da propriedade ou sobre os domínios transcendentais que modelam os
temperamentos e os comportamentos; mas também sobre os distintos
estádios de uma língua, a sua evolução, as variantes dialetais, os
contactos com outras línguas, etc. Em síntese, através da toponímia
pode rastrear-se a mentalidade e as vivências de um povo,
avaliar a sua conceção do mundo e estabelecer um mapa
do território tendo como referente o imaginário colectivo
(PARAFITA:2006:168-169).
S. Martinho – Como se verificava em outras paragens, a
população da Terra de Santa Maria, a que Mozelos pertencia,
elegeu os seus patronos e intercessores, a que dedicou as igrejas
que ia erguendo, à medida que ia criando as suas comunidades
humanas religiosas.
Nas igrejas documentadas antes de 1200, os apóstolos Pedro,
Tiago, João e André eram os oragos mais escolhidos, dividindo,
entre si, a denominação de 31% dos templos, com natural
predomínio para o primeiro Papa (seis igrejas).
A estes, juntavam-se a Virgem Maria e o Salvador, a quem
foram atribuídos 10 templos, metade para cada uma das invocações
Os restantes patronos das igrejas deste território acentuavam
esta direção espiritual. À sua cabeça na frequência das
invocações dos templos, figuravam S. Martinho de Tours (5
templos), o santo confessor cuja devoção fora favorecida na Pe-
São Martinho de Mozelos
48 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
nínsula por um clérigo homónimo, Martinho de Braga, a partir
da segunda metade do século XII. No século XIII, o número de
igrejas dedicadas a S. Martinho decresceu de cinco para duas.
Todos estes santos protetores tinham as suas festas anuais dando
lugar à celebração de romarias, procissões e arraiais que, centrados
nos templos faziam acorrer as populações das aldeias das
respetivas freguesias. No outono e inverno, começava-se pelo dia
da festa de S. Miguel (29 de setembro), o qual coincidia, tal como
S. Martinho (11 de novembro), com épocas de pagamentos de
foros. Houve um papel pioneiro desempenhado pelas ermidas e
castros na colonização agrária da Terra de Santa Maria. Tanto
umas como outras sinalizavam a defesa das aldeias, de forma a repelir
ameaças exteriores, nomeadamente, as forças maléficas das
florestas, ou ataques de cavaleiros e bandos de malfeitores. A sua
presença apelava à pacificação e segurança sociais. Os templos
não paroquiais tinham uma presença mais intensa nas freguesias
onde se situavam as colinas que bordejavam as principais estradas
da Terra de Santa Maria, nas quais se incluíam Feira e Mozelos
ambas com dois templos (Mattoso:O Castelo e a Feira:107 a 112).
TOPÓNIMOS
BF:282
Os topónimos classificam-se de acordo com a sua natureza
em:
– Hagiotopónimos, relativo a santos;
– Agrotopónimos, relativo a aspetos agrários;
– Antropónimos, relativo a nomes próprios de pessoas;
– Biotopónimos, ou Fitotopónimos, relativos a plantas;
– Geotopónimos, relativos a aspetos geológicos;
– Hidrotopónimos, relativos a água;
– Zootopónimos, relativo a animais.
Apresentam-se as possíveis interpretações para a toponímia
antiga e moderna de Mozelos.
Topónimos antigos que subsistem e que formaram os grandes
aglomerados urbanos, as aldeias ou lugares e hoje estão integrados
em nomes de ruas. Dentro da onomástica, existem microtopónimos
associada à identificação de parcelas agrícolas ou de monte,
ribeiros, fontes e linhas de água, acidentes orográficos, etc… Enfim,
tudo tinha um nome para permitir o seu correto reconhecimento.
Vejamos os que subsistiram e os que desapareceram.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
49
Apresentam-se alguns dados sobre os principais topónimos
existentes na freguesia, bem como outras designações de ruas,
alamedas, travessas, largos e veredas.
TOPÓNIMOS PREVALECENTES
Mozelos é topónimo de estrutura latina. José Pedro Machado
considera que o topónimo Mozelos é de origem obscura.
Opinião diferente tem Almeida Fernandes (Toponímia Portuguesa:
436, 437) que afirma que tem origem em monacellos, derivado de
monacus, (monge), pequeno mosteiro, ou melhor pelo plural –ellos,
local onde existem monges, monacellos. Entretanto, corre entre a
população local, de várias gerações, que a origem de Mozelos
poderá residir no termo ancestral moa + zelos, relacionado com
atividade moageira, Aliás, há na freguesia o lugar de Mozelos,
onde havia azenhas e moinhos.
Para além de Mozelos da Feira, existem, no nosso país, a
freguesia de S. Paio de Mozelos no Minho, comarca de Valença,
concelho de Paredes do Coura a 50 Km de Braga, cujo orago é
S. Paio.
Há também a aldeia de Mozelos, na freguesia de Santa Maria
Madalena de Campo, concelho, comarca, e bispado de Viseu, a
6 Km ao norte da cidade de Viseu, na Beira Alta.
Há igualmente a povoação de Mozelos, na freguesia de Ázere,
em Arcos de Valdevez.
Há ainda a aldeia de Mozelos, na freguesia de S. Salvador do
Monte, comarca e concelho de Amarante, no distrito do Porto.
BF:283
Agras, do latino Agra. Topónimo frequente em Portugal e na
Galiza, no singular e no plural. Existe em Amarante, Arouca,
Guimarães, Lousada, Monção, Oliveira do Bairro, Ribeira
de Pena, Santa Comba Dão e Vale de Cambra. Agra, no
Minho, significa campo.
Agro, topónimo frequente no norte e na Galiza. Derivado do
substantivo masculino agro.
Aguincheiras ou Aguncheiras, topónimo existente em Vale
de Cambra, deriva de aguincha ou aguncho, isto é, raro e
estranho.
50 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Airas, topónimo existente em Vila da Feira e Tábua. Na Galiza,
existe na Corunha. É derivado da forma metatética de Arias,
ainda hoje existente em Castela. A forma Aries aparece em
959 como nome de um signatário de um documento.
Alecrim, topónimo frequente em Portugal e no Brasil, na forma
simples ou composta, deriva do substantivo masculino
alecrim.
Almeixa ou Almeissa, local destinado à secagem dos frutos,
designadamente figos, ameixas ou roupas.
Areosa, topónimo derivado do adjetivo areoso, isto é, que tem
areia. É relativamente frequente, existe na cidade do Porto,
Viana do Castelo, entre outros locais.
Areeiro, topónimo muito frequente, em Portugal e na Galiza.
Derivado do latino arenariu (lugar onde há areia).
Arnelas, topónimo existente na Feira e em Vila Nova de Gaia.
Deriva de arnela, do sustantivo masculino latino arenela, diminutivo
de arena (areia).
Avenal, topónimo derivado de avelanal (lugar onde há avelãs)
existe em Alenquer, Cadaval, Caldas da Rainha, Oliveira de
Azemeis e Condeixa.
Azenha, topónimo frequente. Do ár. as-sãniâ, nora, roda de
irrigação, o animal que faz girar essa roda. Em 998 (azenia, em
(Dipl.:110). Frequente como topónimo. A forma antiga. era
acenha; Açanha, topónimo existente em Pombal.
Barrosa, topónimo frequente. É o feminino de barroso, derivado
do adjetivo barroso em que há barro, abundante em barro,
subentende-se um substantivo terra, quinta, aldeia.
Cancela, topónimo frequente em Portugal, na Galiza e no
Brasil, derivado do substantivo feminino cancela. Aparece, já
em 1258, nas inquirições régias.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
51
Carvalha, topónimo frequente, já existente no século XII, deriva
do substantivo feminino carvalha o mesmo que carvalho ou
carvalheiro.
Casal, topónimo frequente em Portugal e na Galiza. Deriva do
substantivo masculino casal.
Cavada, topónimo usado no singular e no plural é frequente
na Galiza e no norte de Portugal. Deriva do substantivo
feminino cavada ou do adjetivo cavada.
Corredoura, topónimo deriva do substantivo feminino corredoura,
isto é, lugar de passagem. É frequente na Galiza e em
Portugal, em Arruda dos Vinhos, Lousada, Paredes do Coura,
Reguengos de Monsaraz e Viana do Castelo.
Covas, topónimo que deriva do substantivo feminino cova.
Existe no singular e no plural em forma simples ou composta,
como neste caso, em que aparece como Covas da Raposa,
com significado evidente.
Cavouco, este topónimo deriva do substantivo masculino cavouco.
No Brasil, aparece com o significado de cachoeira, em Pernambuco.
Há Cavouco dos Ventos, na Ilha Terceira, nos Açores.
Cedro, topónimo existente em Gaia, Paços de Ferreira, Vila
da Feira, Braga, Cantanhede Coimbra, Felgueiras, Peso
da Régua, Madeira, Açores, Brasil, Deriva do substantivo
masculino cedro.
Centeeiras, topónimo existente no singular em Albufeira, Arcos
de Valdevez, Évora, Lisboa e Paredes do Coura. Deriva do
feminino do plural de centeeiro (ave).
Choupelo, topónimo derivado do substantivo masculino
choupelo (tal como choupal, lugar onde existem choupos),
existe em Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira.
Corga ou Côrrega topónimo frequente em Portugal e na Galiza,
no singular e no plural. Deriva do substantivo masculino
corgo e este de côrrego.
52 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Coteiro, topónimo existente em Canelas (Gaia) e na Feira. Deriva
do substantivo masculino coteiro (montículo de terra ou
de areia).
Covinha, topónimo derivado do substantivo feminino cova,
aparece no singular e no plural. Aparece em Arcos de Valdevez,
Barcelos, Oleiros, Penafiel, Ponte de Lima, Santiago do
Cacém, Vila do Conde e na Galiza.
Erigo, trata-se de um topónimo de origem germânica e surge, já
em 1010, sob a forma do patronímico Irigiz em 1095. Existe
em Castelo de Paiva e Sever do Vouga.
Ermilhe, topónimo existente na Feira. Será, possivelmente, o
genitivo do antropónimo de origem germânica, relacionado
com Ermelo, derivado do nome germânico Ermellus.
Ermo, topónimo derivado do substantivo masculino ermo (lugar
sem pessoas e sem atividade agrícola). Existe em Fafe,
Santa Maria da Feira, Guimarães, Paredes e Penafiel. No Brasil,
existe em S. Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais,
entre outros locais.
Fonte, topónimo muito frequente, nas formas simples e composta,
singular e plural, em Portugal, na Galiza e no Brasil.
Deriva do substantivo masculino fonte, de origem latina.
Forno, topónimo frequente no centro, norte e na Galiza, em
forma simples ou composta no singular e no plural. Poderá
corresponder à existência, em tempos diversos, de fornos de
telha. Normalmente, surgem, a partir da idade moderna, mas
surgem também na época romana como aconteceu em Canelas
(Vila Nova de Gaia).
Freixial, topónimo derivado do substantivo coletivo freixial
(lugar onde existem freixos). É frequente no Algarve, mas
também aparece noutros locais. Aparece também com o diminutivo
como Feixialinho.
Fundão, topónimo existente em Arcos de Valdevez, Barcelos,
Braga, Évora, Feira, Marco de Canaveses, Ponte de Lima,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
53
Sertã, Vila Real (Fundão da Aldeia), Penafiel (Fundão de
Baixo) e Castelo Branco. É frequente na Galiza e no Brasil.
Inicialmente terá sido um adjetivo aumentativo de fundo, em
Vale Fundão (Lisboa).
Gasparinha, diminutivo feminino de Gaspar, existe em Almodôvar
e no Brasil. Aparece também na forma masculina.
Gesto, topónimo existente na Feira, Póvoa do Lanhoso, Vila
Verde e na Galiza (Corunha e Lugo). Aparece sob a forma
Geesto em 1258 (Inq.:393).
Goda, poderá ser derivado do nome comum godo, designativo
de pedra, com raiz latina cot, relativa a dureza.
Igreja, arqueotopónimo frequente em todo o País. Do substantivo
feminino Igreja. Notar que o espanhol Iglesia é muito
mais frequente na Galiza do que no resto da Espanha.
Jardim, deriva do substantivo masculino jardim e existe em
Ponte de Lima sendo frequente na Galiza.
Lenteiro, topónimo existente em Amarante, Baião e Lourinhã
é derivado do substantivo lenteiro, isto é, terreno húmido,
pântano, lameiro. Existe no plural em Mangualde e Oliveira
do Hospital.
Linhar, topónimo derivado do substantivo masculino linhar,
o mesmo que linhal, isto é, terreno onde há sementeira de
linho. Surge, já em 1120, nas inquirições régias. Existe em
Cinfães, Gouveia, Marco de Canaveses, Matosinhos, Melgaço,
Ponte de Lima e Mortágua,
Feixes de linho
Mamoa, monte de terra artificial ou pequeno monte, colina ou
promontório de terra, de figura redonda e com semelhança
de peito de mulher, com que se dividiam as terras. Era sinónimo
de arca, surgindo, por vilas e castelos antigos, por arcos
ou túmulos de muitas pedras, por marcos levantados a que
chamamos coutos e padrões.
54 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Marmoirais, este topónimo que aparece também no singular
tem a sua origem do latino memoriale (monumento, sepulcro)
significando também, nalguns casos, um túmulo sob um arco
memorial à beira de um caminho, ou até sepulturas cavadas na
rocha, muito mais antigas. Aparece em Amarante, Madalena
(Vila Nova de Gaia) como lugar de Marmoiral, Arouca,
Marco de Canaveses, Penafiel, Vila do Rei e na Galiza.
Malpica, poderá estar-se na presença de mais de um exemplo em
que uma planta poder dar o nome ao lugar onde existe. Esta
planta que existia em abundância noutros tempos tinha a particularidade
de ferir e de picar. Existe em Castelo Branco, Felgueiras,
Sertã, na Madeira, Cabo Verde e em várias regiões de
Espanha.
Meladas, topónimo possivelmente derivado do apelido Melado,
por sua vez derivado do adjetivo melado.
Moinhos, arqueotopónimo muito frequente tanto no singular
como no plural, em Portugal e na Galiza. Derivado do
substantivo masculino moinho. Aparece, já em 906, sob a
forma de Molinus ou Molino (DC.:9), em 1141 (DMP.:I:230),
em 1258 (Inq.: 595 e 674), Moinhos. em 1014 (DC.:138).
Mortório, frequente no norte e centro, nomeadamente, em Albergaria-a
Velha, Covilhã, Braga, e também no sul, em Cacém
e Montemor- o-Novo, no singular ou no plural. É derivado
do substantivo masculino mortório, isto é, terreno estéril.
Murado, segundo Almeida Fernandes, murado é derivado de
muro, em sentido evidente, ou castrejo (Almeida Fernandes:
Ob. Cit: 437).
Outeiro do Moinho, geotopónimo relacionado com o aspeto
do solo, é muito frequente, no singular e no plural, no norte e
na Galiza. Do substantivo masculino Outeiro, uma colina tipo
promontório, muito comum em quase todas as localidades do
norte e centro de Portugal onde o relevo é mais acentuado.
Em 1072, Octerio (DC-PMH: doc. 504: 11), Outeirio, em 1091
(ID.:450), Outeiru em 1146 (DMP: I:270), na região de Braga;
Auteiro, em 1169 (ID.:382). Outeiros frequente na Galiza: Corunha,
Orense; em 1154 (DMP:I:303), na região de Sintra.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
55
Pereira, topónimo derivado do substantivo feminino pereira.
É frequente em Portugal, na Galiza, Brasil. Aparece tanto no
singular como no plural Já existia em 1002, 1115 e em 1139.
Picoto, topónimo frequente no norte e na Galiza, algumas
vezes escrito erradamente como Picouto. É um geotopónimo
derivado do substantivo masculino picoto a crista de monte,
ou cimo agudo de um monte!.
Poça, topónimo derivado do substantivo feminino poça é
frequente em Portugal e na Galiza.
Presa, topónimo frequente em Portugal e na Galiza. É derivado
do substantivo feminino presa.
Prime, topónimo existente na Feira e em Viseu. Deriva de primi,
genitivo de Primo (nome de um proprietário). Nome com
origem toponímica genitiva, com origem suévica do século
VI (Fernandes: Paróquias:149, 163). Em 1099, havia um rio
chamado Primi (Dipl.:254).
Quebrada, topónimo e microtopónimo frequente em todo o
país. Deriva do substantivo feminino quebrada. Também é
frequente Quebradas.
Quintã, topónimo frequente no norte e na Galiza. Deriva do
substantivo feminino quintã (terreno de semeadura).
Regadas, frequente no norte e na Galiza. Deriva do adjetivo
regado (propriedade rústica que é regadia) Regada é frequente
também no norte e na Galiza.
Relva, topónimo derivado do substantivo feminino relva existe
no norte de Portugal e na Galiza.
Rio, topónimo muito frequente, em Portugal, na Galiza e no
Brasil, nas formas simples ou composta, Deriva do substantivo
masculino rio.
56 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Rodelo, topónimo existente em Alenquer, Cantanhede, Castelo
de Paiva, Moimenta da Beira, Montijo. Deriva do substantivo
masculino rodelo, isto é, pau redondo que os pedreiros
colocam debaixo das pedras para evitar que, ao assentarem,
se lhes partam as arestas.
Salgueiral, topónimo derivado do substantivo coletivo salgueiral
(lugar em que há salgueiros). É frequente em Portugal, mas
não no sul, e na Galiza. Já aparece no século XIII.
Sebe, topónimo existente em Guimarães, Sousel e na Galiza.
Deriva do substantivo feminino sebe.
BF:46
Seitela ou Saitela, deriva da Sagitela, designação de uma elevação
que surge, pela primeira vez, no documento da fundação
do mosteiro de Grijó, em 922. Não encontrei, em nenhum
dos dicionários toponímicos que consultei, qualquer explicação
para a origem deste topónimo. Atrevo-me, entretanto, a
admitir a hipótese de poder ter origem em sagiti, elemento de
composição que exprime a ideia de seta, objeto de utilização na
época castreja e tempos próximos. Arlindo de Sousa (Vocabulário:50)
considera que seitela poderá ser o mesmo que sertela que
deriva do substantivo feminino sertela – arte de pescar enguias.
Deriva do latino sert-> serers (entrelaçar, enlaçar, juntar, ligar,
encadear, atar, embrulhar. Revela que ir à seitela é o mesmo que ir
à pesca das enguias com o minhoqueiro. Hoje, está bom para seitelar
(Ferreira Baptista: Arquivo Distrital de Aveiro:XIV:33).
Serradinha, topónimo diminutivo de serrada (de serra) ou
cerrada, existente em Ferreira do Zêzere, Estremoz, S. Tiago
do Cacém.
Sobral, frequente em Portugal, na Galiza e no Brasil. Deriva do
substantivo masculino sobral.
Sobreiro, topónimo frequente na Galiza, existente também em
Alenquer, Amarante, Barcelos, Felgueiras, Guarda, Guimarães,
Mora, Rio Maior e Viana do Castelo. Deriva do substantivo
masculino sobreiro, aparecendo também no plural.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
57
Souto, geotopónimo de origem latina, frequente em Portugal e
na Galiza, aqui com a grafia soto. Do substantivo masculino
souto. Existem as formas antigas sauto e suas variantes e solto.
Talegre ou Talefe, lugar elevado onde se colocam marcos geodésicos,
também existe em Canelas (Vila Nova de Gaia) e no
lugar da Fogueira, freguesia de Sangalhos (Anadia).
Testamento, deriva do nome bíblico testamento, isto é, cada
um dos conjuntos dos livros sagrados e tem origem no nome
latino testamentum. Existe em Castelo de Paiva, Castro Daire,
Paredes, Sernancelhe e Resende.
Vergada, existente na Feira e Pedrógão Grande e Vergadas em
Águeda. Deriva do substantivo feminino vergada.
Vessada, topónimo existente em Arouca, Braga, Mangualde,
Penafiel, Póvoa do Lanhoso, Vila do Conde, Terras do Bouro
e Celorico de Basto. Deriva do latino versatu, isto é, terreno
alagadiço, drenado para rio. Aparece também, no diminutivo,
em Marco de Canaveses e Famalicão.
Vilas e Vilas de Baixo, topónimo frequente, no singular ou no
plural, na forma simples ou composta, no norte de Portugal,
na Galiza, antigos ou modernos. Em português antigo,
também designava a parte inicial ou a parte central de uma
cidade.
A TOPONÍMIA ATUAL: OS NOMES DAS RUAS
A toponímia de hoje acompanhou o predomínio dos topónimos
antigos que registamos atrás como os prevalecentes e o desenvolvimento
do urbanismo com o batismo das ruas.
A atribuição dos nomes das ruas da freguesia foi aprovada
pela Assembleia de Freguesia na sua sessão de 26 de setembro
de 1980.
58 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
TOPONÍMIA NOVA
Alameda Alfredo Henriques – Presidente da Câmara Municipal
de Santa Maria da Feira.
Avenida Albertina Ferreira Amorim – Personalidade local e
benemérita.
Rua Dr. Amorim.
Praceta António Manuel Brandão Amaral – Co-fundador do
Centro Social.
Rua Alfredo Reis da Silva – Personalidade local, co-fundador do
Centro Social e dirigente de várias associações locais.
Rua de Bernardino Coimbra – Personalidade local, presidente
da Junta de Freguesia.
Rua e Praceta Carlos Martins – Personalidade local e benemérito
industrial.
Rua e Travessa da Corticeira – Empresa fabril.
Rua da Fábrica.
Rua da Noémia – Personalidade da freguesia, benemérita.
Rua Domingos Alves Ribeiro – Personalidade local, benemérito e
impulsionador da Tuna Musical de Mozelos e incrementador
do seu edifício sede.
Rua Doutor Feiteira Maia – Personalidade local, médico.
Rua da Inacor – Empresa fabril.
Rua Dr. José Fernandes Coelho Amorim, médico.
Rua Doutor Milheiro – Personalidade local e médico da freguesia.
Rua Egas Moniz – Político, médico e investigador natural de
Avanca, prémio Nobel da Medicina.
Rua das Alminhas.
Rua do Grupo Cultural.
Rua e Travessa de Joaquim Porto – Personalidade local e presidente
da Junta de Freguesia.
Rua José dos Santos Cardoso – Soldado falecido no Ultramar.
Rua José Pinho Ferreira – Personalidade local, presidente da
Junta de Freguesia.
Rua 10 de Junho.
Rua Central da Vergada.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
59
Rua Luís de Camões – Poeta, personalidade nacional. Pensa-se
que nasceu em Lisboa em 1524 e faleceu, na mesma cidade,
em 10 de Junho de 1580; em sua honra celebra-se o dia 10
de Junho, feriado nacional, como dia de Camões e das comunidades
portuguesas. É celebrado, desde 1880, por iniciativa
do movimento republicano.
Rua e Travessa Doutor Manuel Laranjeira – Escritor nascido em
Mozelos. Foi presidente da Câmara Municipal de Espinho.
Rua Mestra Moreira – Personalidade local, ama, catequista e
professora das primeiras letras.
Rua de Nosso Senhor dos Aparecidos.
Rua e Travessa de Nossa Senhora de Fátima – Piedade católica.
Rua e Travessa do Pego – Personalidade local.
Rua e Travessa Professor Paulino Amorim – Personalidade local,
professor primário.
Rua do Pinheiro das Sete Cruzes – Em homenagem às vítimas
das Invasões Francesas.
Rua Primeiro de Maio – Com origem numa greve geral nos Estados
Unidos que conduziu às 48 horas de trabalho semanais
e divulgado por todo o mundo como Dia do Trabalhador.
Rua Professora Laura Amorim – Professora primária.
Rua Ronocar – Empresa fabril.
Rua e Travessa Sargento Henriques – Personalidade local, militar
enfermeiro.
Rua João Paulo II – Papa católico.
Rua de S. Brás – Piedade católica.
Rua de S. Jorge – Piedade católica.
Rua do Sagrado Coração de Jesus – Piedade católica.
Rua de Santa Catarina – Piedade católica.
Rua de Santa Luzia – Piedade católica.
Rua de Santa Margarida – Piedade católica.
Rua Serafim Alves Ribeiro – Personalidade local, benemérito.
Rua do Trabalhador – Em homenagem aos trabalhadores que
abriram esta artéria.
Rua de 2001.
60 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
TOPONÍMIA HISTÓRICA
Avenida do Casal
Bairro e Travessa de Nossa Senhora de Fátima
Largo do Murado
Largo de Seitela
Largo de Sobral
Rua das Agras
Rua Nova das Agras
Rua e Travessa do Agro
Rua das Aguncheiras
Rua das Airas
Rua do Alecrim
Rua do Arco Íris
Rua do Areeiro
Rua e Travessa de Arnelas
Rua e Travessa da Azenha
Rua e Travessa da Barrosa
Rua Belo Horizonte
Rua da Carvalha
Rua do Casal
Rua do Cedro
Rua e Travessa das Centieiras
Rua Central das Regadas
Rua Central da Vergada
Rua Chão de Água
Rua da Cooperativa
Rua e Travessa da Corga
Rua do Coteiro
Rua e Travessa de Ermilhe
Rua de Entre Vilas
Rua das Figueiras
Rua da Fonte
Rua da Fonte do Pego
Rua da Fonte da Serradinha
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
61
Rua da Fronteira
Rua da Lavoura
Rua e Travessa do Fundão
Rua de Gesto
Largo e Travessa do Murado
Rua e Travessa de Goda
Rua e Largo da Igreja
Rua das Leiras
Rua e Travessa das Leiras de Trás
Rua e Travessa da Mãe de Água
Rua e Travessa de Mozelos
Rua e Travessa de Mozelos de Trás
Avenida Albertina Amorim
Rua e Travessa do Outeiro do Moinho
Rua e Travessa do Pavilhão
Rua dos Patais
Rua e Travessa do Pinheiro Manso
Rua do Polivalente
Rua da Ponte Funda
Rua de Prime
Rua de Prime de Além
Rua e Travessa de Prime de Baixo
Rua e Travessa da Quebrada
Rua da Quinta da Gasparinha
Rua e Travessa da Quinta da Igreja
Rua da Quintã
Rua do Rapigo
Rua e Travessa da Relva
Rua do Ribeiro
Rua do Rio
Rua e Travessa Romana
Rua e Largo da Seitela
Rua do Senhor dos Aparecidos
Rua da Serradinha
Rua do Souto de Baixo
62 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Rua de Trás do Coteiro
Rua de Trás das Regadas
Rua e Travessa do Sobral
Rua e Travessa do Souto
Rua e Travessa do Souto de Baixo
Rua e Travessa do Talegre
Rua da Tapada
Rua de Trás
Rua e Travessa das Vessadas
Rua e Travessa de Vilas
Rua de Vilas de Baixo
Rua e Travessa de Vilas de Trás
Rua e Travessa da Zona Industrial
Travessa das Agras
Travessa da Canquelha
Vereda do Cedro
Vereda Magnólia
Placa toponímica original (em
mármore), da Rua Dr. Manuel
Laranjeira, perdendo a tinta de
contraste, onde reza: RUA Dr.
MANUEL LARANJEIRA
– Médico Escritor Jornalista,
1877-1977
DA PRÉ-HISTÓRIA ATÉ AO ANO DE 922
Na página anterior, reprodução de ADP: St.º Agostinho da Serra:
K/26/18/3-250, Fl. 3v, Mamoa de Vila Boa e Marmoirais
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
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DA CIVILIZAÇÃO PALEOLÍTICA AO
ADVENTO DA CIVILIZAÇÃO AGRÍCOLA
O período neolítico constituiu uma verdadeira revolução
económica, a primeira da humanidade pela qual o homem superava
uma fase da economia destrutiva e adquiria uma economia
de produção com o descobrimento e o desenvolvimento de novos
géneros de vida determinados pelo aparecimento da agricultura e
da pastorícia, As novas sociedades transformam-se rapidamente,
multiplicando-se as descobertas quando a humanidade aparece
libertada da necessidade quotidiana e urgente de buscar alimento
(MOTES/SERRÃO:1979: vol. III:142).
Mapa do Homem Pré-Histórico
Dominando as zonas de altitude, os castros reativados nos
tempos da reconquista, marcavam limiares para a penetração da
floresta. Servidos por uma rede de caminhos que irradiavam em
direção aos povoados vizinhos, permitiam às populações aí residentes
a sua utilização como base de acesso às bouças e bosques
(MATTOSO:1986:vol. I:184).
A CIVILIZAÇÃO PALEOLÍTICA
Como ser vivo e predador, o homem sempre teve na procura
de alimento a principal justificação da sua existência. No
entanto, conforme foi evoluindo como espécie, foi melhorando
os meios que empregava para solucionar essa necessidade de
sobrevivência. O nomadismo era uma das suas características,
acompanhando as grandes manadas de herbívoros nas suas migrações.
E consoante o tipo de caça, os meios empregues variavam.
A grande indústria que ocuparia bastante as comunidades
desta altura era a produção de armas de sílex. O recurso àquela
fonte mineral natural, nem sempre homogeneamente abundante
pela superfície da terra, foi um dos primeiros elementos diferenciadores
e especializadores das comunidades da civilização
paleolítica. A solidariedade entre grupos deve ter proporcionado
Homem Neandertal,
Museu Arqueológico das Astúrias;
foto Paulo Costa
66 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Mapa da expansão megalítica
o estabelecimento das primeiras trocas. As pausas entre as grandes
caçadas ou até o esgotamento dos recursos naturais, como,
por exemplo, a comunidade dos concheiros de Muge, no vale
do Tejo, proporcionaram a algumas comunidades momentos
de pausas e estanciamentos, mais ou menos prolongados, em
algumas regiões, tanto da Península como da Europa. O conhecimento
que tinham de outras comunidades humanas, deve ter
proporcionado criar um código de comunicação, que hoje vemos
nas gravuras rupestres do vale do Coa e do Tejo, e mesmo em
abrigos permanentes em grutas, como em Altamira, nos montes
Cantábricos e em França em Lascaux.
A civilização do paleolítico, longe de ser sinónimo de brutalidade
e ignorância, revela um gosto estético e conhecimento, quer
do meio, como do domínio de fabrico de objetos sem paralelo
com as comunidades de hominídeos que antecederam a espécie
homo sapiens sapiens.
O ADVENTO DA CIVILIZAÇÃO AGRÍCOLA
Castro de Romariz,
anta Maria da Feira;
foto de Paulo Costa
Depois de durante mais de 30 mil anos, o homem ter convivido
com o que a natureza lhe proporcionava, estabelecendo-se
como caçador recoletor, há cerca de 10 mil anos, no próximo
oriente, algumas comunidades sedentarizaram-se e começaram a
cultivar plantas e a pastorear o gado.
Não foi um acontecimento imediato que rompeu com o modo
anterior de vida, mas foi uma ação muito lenta e muito tímida de
algumas comunidades humanas.
A caça e a recoleção, como atividade de sobrevivência, obrigava
as comunidades humanas pré-históricas a deambularem por
um território imenso, acompanhando as migrações das espécies
que caçavam. À prática da caça e recoleção não devia ser estranho
a estância mais ou menos prolongada, em certos locais onde
estabeleciam acampamentos. Às ferramentas necessárias para o
exercício da caça, juntavam-se objetos destinados ao transporte,
como cestos de vime ou de outras fibras naturais e a confeção
de vasilhas de terra auxiliadoras da vida doméstica. Duas novas
atividades artesanais surgem: a cestaria e a cerâmica, com novas
características que as diferenciaram do que produziam antes.
Agora, nota-se mais refinamento e seleção de materiais. Nesses
momentos, fazia-se um tipo de agricultura que complementava a
subsistência, proporcionada pelo meio ambiente natural do local
onde se instalavam. As ferramentas de caça adaptaram-se às ati-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
67
vidades relacionadas com o preparo da terra, sementeira, monda
e colheita. A domesticação das gramíneas introduziu novas técnicas
e ferramentas para transformar o grão em farinha. Os pilões
e o esmagamento contra uma maceira de pedra com recurso a
uma pedra oval, o moente ou pedra de rebolo, introduziram a
moagem, a mó de rebolo.
Também o acompanhamento de algumas manadas de animais
de caça, proporcionou ao homem pré-histórico um conhecimento
dos seus hábitos. Essa observação e a preocupação em
salvaguardar reservas de alimento, quando depois da última
glaciação, a fauna grossa do quaternário, sobretudo, o mamute
lanudo, se extinguiu, introduziram o elemento de gestão e caça
seletiva, de forma a preservar o alimento. Este comportamento,
ainda nos dias de hoje, se preserva nas comunidades de caçadores
nómadas da América do Norte, dos lapões da Finlândia, e em
comunidades africana e ameríndias da Amazónia. Este fenómeno
é percursor da pastorícia, prática que desponta com o advento
da agricultura e que generaliza o fim do período paleolítico. O
homem ao conservar, junto de si, algumas espécies de animais,
acompanhando as suas deambulações ou condicionando esses
trajetos, incrementa uma prática de gestão de recursos.
A pastorícia e a agricultura foram dois fenómenos que revolucionaram
o modo de vida do homem até aí. A comunidade
humana deixou de estar à mercê dos caprichos e disponibilidades
da natureza para ser ele a introduzir fatores condicionadores
dessa própria natureza. A civilização paleolítica chega ao seu fim.
Há cerca de 10 mil anos, o homem adotou um novo comportamento
e introduziu uma nova civilização. Passou a ser ele o
agente criador e disciplinador do meio. Pela agricultura, o ato
de semear e colher, condiciona a natureza; ao juntar a si e ao
seu convívio animais que caçava, no ato de domesticação, pode
controlar melhor a disponibilidade de carne para o seu consumo,
contrariando os ímpetos dos predadores seus competidores.
E como surgiram estas comunidades? Será que se desenvolveram
em simultâneo e autonomamente em diversas regiões do
mundo ou houve contactos e aculturações?
A resposta a estas questões ainda norteia as investigações dos
arqueólogos e especialistas do período paleolítico, mesolítico e
neolítico. O que se sabe, hoje, é que a civilização agrária se desenvolveu,
primeiro no próximo oriente, entre a península da
Anatólia e o crescente fértil.
Hoje, é aceite pelo resultado de estudos recentes que a civilização
agrária se disseminou pela Europa por duas rotas, através
do vale do rio Danúbio e ao longo da costa mediterrânica, tendo,
Castro de Fiães,
Santa Maria da Feira.
Caça no Neolítico
68 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Esquema gráfico da estrutura de
uma mamoa
Arq.º Dist. Porto; St.º Agostinho da
Serra, K/26/18/3-250, 3v.ª (atenção
à linha 9 Marmoirais e Mamoa
de Vila Boa
por volta do quinto milénio, alcançado a Ibéria. Outros estudos
tentam encontrar resposta à questão se essa disseminação ocorreu
por contacto e aculturação ou se, de facto, a divergências
étnicas entre as comunidades agro-pastoris na Europa e se houve
prevalência e convívio com comunidades caçadoras recolectoras.
O advento e melhoria da ciência genética trouxe um contributo
importante para ajudar a esclarecerem este assunto. Um
estudo publicado em abril de 2012, na revista Science, sobre duas
necrópoles vizinhas escavada na Suécia e contemporâneas uma
da outra, e recorrendo à genética e a técnicas forenses, foi possível
verificar que anatómica e geneticamente as duas comunidades
eram diferentes uma da outra. A diferença acentuava-se ainda
mais nos aspetos culturais. Uma comunidade era agro-pastoril e
outra de caçadores recolectores. O mais interessante e paradoxal
é que a comunidade agro-pastoril tinha traços genéticos comuns
às populações do sul da Europa e da bacia mediterrânica e do
médio oriente, enquanto a outra comunidade de caçadores-recolectores
tinha todas as características dos povos escandinavos e
nórdicos. Esta descoberta conduz o entendimento daquele período
civilizacional como característico de populações do sul da Europa
e do próximo oriente que se disseminaram pelo território
levando a sua cultura e civilização agro-pastoril que contactou
com outras comunidades perfeitamente adaptadas ao regime paleolítico
de caçador recolector. No entanto, não podemos tomar
este caso como regra, mas como uma possibilidade entre muitas
possíveis e que a ciência histórica procura respostas.
O facto é que, pelo quarto milénio, havia comunidades agro-
-pastoris estabelecidas na Península Ibérica, e concretamente no
território onde hoje se situa o concelho de Santa Maria da Feira
e a freguesia de Mozelos.
Os seus vestígios mais perenes ficaram registados nos monumentos
que ergueram para alojar os mortos. As mamoas, montes
artificiais que cobriam as cistas, dolmens ou antas, eram a
forma de louvar e celebrar os seus mortos. Em Mozelos, surge,
ainda, a memória desses monumentos e necrópoles.
Num prazo do casal de Meladas, é referido que partia com o
casal de Seitela e daí, da parte norte, com o montado da mesma
freguesia, em direção aos Marmoirais e à Mamoa da Vila Boa
(ADP:Santo Agostinho da Serra: K/15/2-12: Fl. 3v).
Assim, se prova, por via documental, que no território que
hoje constitui a freguesia de Mozelos, na zona que era a antiga
freguesia de Meladas, integrada posteriormente em Mozelos, o
homem se sedentarizou e começava a dedicar-se à agricultura e
à pastorícia e a inumar os corpos dos seus mortos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
69
Estas comunidades agro-pastoris caracterizam-se pela excelente
cerâmica decorada que deixaram e cujo rebordo deu nome
à cultura campaniforme. E estendeu-se desde a margem mediterrânica
leste da Península Ibérica, passando pela faixa atlântica e
alongando-se pela costa de França até às ilhas Britânicas. Além
da cerâmica, encontram-se vestígios de lâminas de sílex empregues
em ferramentas agrícolas e de caça e objetos de adorno
pessoal. São sítios onde não se encontram objetos metálicos, embora
temporalmente coexistiram com o advento da civilização
dos metais que despontava no próximo oriente.
A CIVILIZAÇÃO DOS METAIS:
O BRONZE E O FERRO
Se da civilização agro-pastoril nenhum vestígio material, quer
sepultamento quer local de habitat, chegou aos nossos dias e
fosse digno de relevo mencioná-lo, exceto a sua memória toponímica,
da civilização dos metais já encontramos vestígios do local
de assentamento de uma comunidade.
A cultura castreja, por desenvolver os seus povoados no cimo
dos montes fortificados, é característica da civilização dos metais.
Desde o calcolítico quando se generaliza a fundição do cobre que
aparece associado a essa cultura povoados fortificados. A civilização
da metalurgia do cobre desenvolveu-se e frutificou mais na
parte sul da Península Ibérica. Sucedeu à metalurgia do cobre,
ao longo do segundo milénio até meados do primeiro milénio
antes de Cristo, a metalurgia da liga de cobre e estanho, o bronze.
E relacionada com esta civilização surgem povos e culturas
comuns no centro da Europa e que se disseminaram até à península
ibérica. No seu encalço, mas com características culturais e
civilizacionais idênticas, os povos de cultura celta, conhecedores
da metalurgia do ferro, estabelecem-se neste canto noroeste da
península e a eles se identifica a cultura castreja.
Num documento de 1144 do Cartulário do Baio Ferrado de
Grijó, há uma expressa referência à existência do castro de Sagittela
quando foi vendida uma terra de Sernande subtus castro
Sagitella, discurrente lacuna Avil, território portucalensi por 400
módios (BF:267).
O investigador Arlindo de Sousa refere, num dos seus trabalhos,
que não encontrou quaisquer vestígios materiais nesse
local. De qualquer forma, este testemunho documental revela a
existência de uma povoação da idade dos metais, no território
que hoje integra Mozelos.
Machados de bronze
Expansão da cultura celta na
Europa
70 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Dispersão das culturas do Bronze
na Península Ibérica
Disseminação de povos, línguas
e culturas na Península Ibérica
antes da conquista cartaginesa
em 300 A.C.
Os autores romanos Plínio e Estrabão registaram quem eram
os povos que habitaram a Península e por eles sabemos quem
eram, ou como se chamava o povo que habitava esta região. Esses
povos eram os Túrdulos Velhos ou Antigos, cuja origem radica
noutro povo mais antigo que viveu na bacia do Guadalquivir, os
Tartessos, referenciados, na bíblia, como Tarschich ou Tarxis. Este
povo dominava a produção de metais, sobretudo o bronze, pois
possuía minas de cobre e estanho, além dos metais preciosos de
prata e ouro. Aos Tartessos está associada a lenda da Atlântida,
o mito do desaparecimento apocalítico de uma civilização muito
avançada, relatada por Platão.
E, segundo a história mitológica dos Tartessos, este povo estava
dividido em dois grupos, um aristocrático e outro plebeu. Aos
primeiros, estavam proibidos os trabalhos pesados, exclusivo do
segundo grupo. Os Túrdulos e os Turdetanos derivavam dos
Tartessos. E a presença dos Antigos Túrdulos em região tão setentrional
deve-se a uma expedição que empreenderam juntamente com os
célticos (…) ao longo do século VI AC. (Matoso:1990: pp. 179-180).
Este povo viveu, nesta região, tendo os principais povoados
no Monte Murado, em Pedroso (Gaia), no Murado, em Mozelos,
Romariz e no Candal (Gaia). Nesse tempo, o Douro era fronteira
com os povos do norte, os Calaicos. No povoado de Romariz,
nota-se, com evidência, a importância do controle do comércio
desempenhado por este povo, os Túrdulos (ID.:IBID.:180).
PERÍODO ROMANO
Conímbriga; foto de Paulo Costa
Em termos genéricos poderíamos definir o processo de romanização,
em primeiro lugar, como a criação de uma nova ordem territorial.
Esta nova ordem incluía: novas realidades político-administrativas,
decorrentes fundamentalmente da criação de um vasto sistema de centros
urbanos (...); um regime político administrativo que estabeleceu
uma hierarquia de relevância no seio dos diferentes centros; finalmente
um processo de complexificação social, pelo qual ascendiam, de um
modo durável, algumas famílias à condição de elites locais regionais e
supra-regionais (FABIÃO:1989:203).
Sucedeu o período romano, que deixou de si sinais, de certo
modo firmes. Em Mozelos, a estrada velha que ligava Olisipo
a Bracara por Portucale, a nascente, a estrada Vetere no sentido
de Arouca, S. Pedro do Sul e Viseu, ou mais além. Esta estrada,
embora identificada na Idade média como estrada velha, poderá
ser mais tardia. Embora não deixassem vestígios de marcos
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
71
miliários, o seu trajeto, desenho e construção comprovam a origem
romana, pelo menos comprovada com vestígios próximos,
sobretudo a estrada de Portucale a Olisipo.
É historicamente reconhecido o pragmatismo dos Romanos
e a sua fuga a esquemas abstratos procurando relacionar-se com
as instituições locais e com alguns membros das comunidades. A
presença romana, de tão profundos reflexos no espaço que hoje
é Portugal, é muito evidente em termos materiais, no espólio
arqueológico, na toponímia, na língua, na religião e na cultura.
A agricultura romana conhecia duas espécies de trigo principais:
o triticum com as variedades de trigo de inverno, de trigo
túrgido, o trigo duro (dicorum) e trigo espelta.
Trouxeram-na naturalmente para a Península Ibérica, à medida
que a conquistavam e colonizavam, colocando-se, no entanto
a hipótese de, pelo menos algumas variedades, serem já
cultivadas desde o neolítico. O território situado entre o Douro,
a norte, e o vale do Vouga, constitui uma certa unidade geográfica,
apesar da sua diversidade.
A sua fertilidade natural permitiu que nela se fixassem alguns
habitantes, que podiam, ao mesmo tempo, beneficiar também
das correntes de trocas que por aí se faziam. Aí, se fixaram antes
os Túrdulos Antigos, vindos de uma migração procedente do
sul.
Nesta região, há notícia da sua permanência, na vertente nascente
do Monte Murado (actual Senhora da Saúde, de Pedroso),
com o aparecimento de duas tesserae hospitales, dos anos 7
e 9 (DC), que demonstram que a ocupação romana não foi tão
violenta mas mais diplomática e pacífica. Os povos indígenas,
os Túrdulos Antigos aceitavam a presença e davam agasalho a
uma família romana que se estabelecia no seu povoado. O que se
verifica e comprova destes atos é que os indígenas conservaram
as suas estruturas económicas, sociais e políticas, convivendo pacificamente
com os romanos. Este convívio levou à aculturação,
primeiro, com as elites a alcançarem a cidadania romana, e que
culminou no tempo do imperador Caracala no ano de 212, na
Constitutio Antoniana, que estendeu a todos os habitantes do império
a cidadania romana.
A civilização romana tinha na organização militar o seu principal
pilar de sustentação do domínio sobre os povos indígenas.
As legiões romanas, depois de desmobilizadas, estabeleciam-se
em colónias que foram o embrião de grandes centros urbanos,
caso por exemplo de Pax Julia (Beja), Emerita Augusta (Mérida),
Bracara Augusta (Braga), Asturica Augusta (Astorga) e Conímbri-
Rede viária principal do Portugal
Romano, segundo Jorge Alarcão
Ponte romana em Chaves;
foto de Paulo Costa
72 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Povos bárbaros
ga. Entre estes centros, as vias de comunicação permitiam estreitar
os contactos económicos e políticos.
A legião romana era uma força militar profissional. Um legionário
fazia toda a sua vida junto da sua unidade. Era frequente
que, na vizinhança do acampamento, vivessem as famílias dos
legionários e se formassem centros urbanos. A força militar romana
acrescentava outras forças mercenárias que recrutava localmente
ou recorriam a povos do outro lado da fronteira. Foi o
caso no século III (DC.) dos povos bárbaros, Visigodos, Alanos,
Suevos e Vândalos, que foram recrutados como tropas auxiliares
das legiões. Se até aquela altura a dimensão dessas forças e peso
no total do exército era diminuto, que, findas as campanhas, se
desmobilizavam e se distribuíam pelas províncias do império sem
provocarem altercações, depois daquele momento, a dimensão
dessas tropas e dos séquitos que as acompanhavam passaram
a ser um problema. O império, sobretudo os imperadores, não
tinha o poder económico de outrora e a necessidade permanente
de forças para alimentar o estado quase permanente de guerra
civil que se vivia, com generais a digladiarem-se e competindo
quem seria o próximo imperador, fragilizava a força do exército
regular das legiões, face aos das tropas auxiliares, constituídas
pelos povos bárbaros de origem germânica.
Foi num momento de guerra civil que se seguiu à morte do
imperador Teodósio que, no ano de 411, os Vândalos Asdingos
e Suevos foram autorizados a instalarem-se na província da Galécia.
E, em 419, só as tropas auxiliares de Suevos e seu séquito
se estabeleceram na mesma província. A Galécia era de todas as
províncias da península a mais escassamente povoada e sempre
ameaçada pela rebeldia dos povos cântabros e ástures do norte
da província. A presença desta força, além de permitir o desenvolvimento,
servia também para suster a rebeldia dos indígenas
autóctones que desestabilizavam a produção mineira, principal
recurso da província. Os Alanos assentaram na Lusitânia e na
Cartaginense ocidental e os Vândalos Silingos estabeleceram-se
na Bética. O estabelecimento destas tropas e seus séquitos na
Lusitânia e na Bética, não deve ter sido pacífico nem agradaram
suficientemente as suas pretensões ou entraram em colisão com
as populações e autoridades hispano romanas locais, que os levaram
em 415 a pilharem a depredarem a região, que obrigou as
autoridades a chamarem as forças auxiliares visigodas lideradas
por Vália, a estabelecer a ordem. A coligação de Alanos e Vândalos
Silingos foi derrotada e as tropas visigodas regressaram à
sua província base da Aquitânia na Gália. Os Vândalos Asdingos,
estabelecidos nas terras do interior da Galécia, rebelaram-se
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
73
contra os Suevos, e liderados pelo seu rei Gunderico movimentaram-se
em direção ao sul da península. Essa movimentação não
foi pacífica. E pelo caminho, passaram por Braga onde atacaram
a cidade defendida por Suevos e seguiram para a Bética, onde se
juntaram com os restos das forças Alanas e Vândalas. E perto de
Mérida, em 422, dá-se o confronto entre estas forças bárbaras e a
aliança suevo-romana, que acabou por ser derrotada. No entanto,
os vitoriosos Vândalos pretendem alcançar a rica província
do norte de Africa e dirigem-se para lá abandonando a Península
Ibérica.
Com estas alterações a autoridade do imperador de Roma
ou de Constantinopla ainda era temida e obedecida. Mas, na
prática, as províncias desfalcadas das bem treinadas e disciplinadas
legiões, recorriam, cada vez mais, às tropas auxiliares bárbaras
para se defenderem e para zelar pela segurança de seus
bens. Neste início do século V, dois chefes romanos se destacam,
Aécio, de origem huna e Estilicão, de origem visigoda. Os Visigodos
foram de todos os povos bárbaros os mais romanizados
e adaptados à civilidade e autoridade do imperador de Roma,
sem nunca perderem a sua identidade, pois não deixavam de ser
bárbaros, isto é, não cidadãos, mas a principal força auxiliar do
exército romano. Contudo, o crescimento da sua importância
para a estabilidade do mundo romano anuncia que o momento
da viragem estaria para breve.
Divisão da Península Ibérica,
província de Hispaniae no tempo
de Octávio Augusto
Redefinição das províncias da
Península Ibérica no século III
PERÍODO GERMÂNICO
A mudança profunda que se verifica, com a passagem dos exércitos,
vândalos, alanos e suevos à Península Ibérica não resulta tanto
da sua instalação neste espaço geográfico (...) mas da dissociação do
poder militar e do poder político-administrativo, uma vez que aquele
se revela, de facto, decisivo e incontrolável perante a incapacidade
demonstrada por este.
A Península Ibérica, pela sua situação geográfica de extremo continental
e de contacto directo com o Norte de África, foi sempre palco
de certa instabilidade étnica, com sensíveis alterações de povoamento
(MATTOSO:1997:302-370).
O Reino Suevo estabeleceu-se como entidade rebelde e autónoma
face à autoridade romana em 430. A partir dessa data
converteram-se na única força militar presente na província da
Galécia, como revela a embaixada que representantes da sociedade
hispano galaico fizeram ao magíster militum Aécio na Gá-
Os povos germanicos na
Península Ibérica
74 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Guerreiro suevo
Mapa das paróquias suévicas
lia, para que organizasse uma força militar punitiva contra os
suevos. Pedido que acabou por não ter efeito pois assunto mais
grave Aécio tinha para resolver tanto na Gália como em Itália.
Essa folga permitiu que os suevos consolidassem o seu poder
e organizassem expedições de pilhagem à vizinha província da
Lusitânia, atacando cidades como Conímbriga e Aeminium, chegando
mesmo a Olisipo. Pela primeira vez na história, a região
do entre Douro e Vouga deixou de ser fronteira e passou a estar
unida no reino Suevo, com sede em Braga, que durou até ao
ano de 573, quando foi absorvida pelo reino dos Visigodos de
Toledo. No período que durou o reino suevo, o cristianismo desenvolveu-se
na região por ação de homens de fé como Idácio
de Chaves e S. Martinho de Dume. Entretanto, as elites suevas
e as elites galaico romanas miscigenaram-se, tal como os estratos
mais baixos, numa nova sociedade cristianizada.
O período que se viveu durante o século VI foi de paz nesta
região e de progresso. A base da administração civil romana
manteve-se e perdurou nas novas circunscrições episcopais que
acumularam a autoridade civil.
Contudo, enquanto o reino suevo se desenvolveu, em 470, os
visigodos começaram a expandir-se da Gália para a Hispânia, sobretudo
para a província Tarraconense, com o beneplácito do imperador
Júlio Nepos. Entretanto, os francos expandiam-se para
sul acossando as posições visigodas na Aquitânia e na Auvergne.
Entretanto, em Roma e no ano 476, os ostrogodos depõem
Rómulo Augusto como o último imperador romano do Ocidente.
Isto não significou o fim da autoridade de Roma sobre as províncias
do império. Na Hispânia, Roma ainda contava com autoridade
civil, embora a militar fosse assegurada pelas forças visigodas.
Nas províncias do sul da Gália e na Itália, os ostrogodos asseguravam
também a autoridade militar na zona. Em 484, liderados por
Eurico, os visigodos deslocam-se e instalam-se definitivamente na
Hispânia, na província da Tarraconense, ao longo dos Pirenéus.
Mas, em 507 as forças visigodas são derrotadas em batalha pelos
francos, morrendo o rei Alarico II, sendo o tesouro régio confiscado
e levado para Ravena, sob proteção dos ostrogodos. E, efetivamente
foi sob a proteção ostrogoda que os visigodos recuperaram
a sua autonomia, liderada por Amalarico, neto do rei ostrogodo
Teodorico. O que parece ser comum é que mais que bárbaros,
tanto ostrogodos como visigodos, o que fizeram foi fundir-se na
cultura romana e promover a miscigenação com os romanos, sob
a liderança goda, como restauradores da autoridade.
A identidade da região de Santa Maria perdurou na época suévica,
sob a administração do centro urbano do Portucale Castrum
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
75
Antiquum, sede episcopal (Mattoso; 1990:329). No período suévico-
-visigótico O espaço rural manteve-se aferrado à situação de marginalidade
e de certo primitivismo descrito por São Martinho de Braga em De
correctione rusticorum (…) a organização social arcaica, (…) mantinha
porém, certas divisões por classes e grupos étnicos (…) parece segura a
subsistência do habitat castrejo (…) como também perduraram muitas
das antigas vilas romanas em mãos dos seus antigos proprietários ou de
outros novos (RECUERO ASTRAY et allii: 2008: 55).
Entre 573 e 711, o reino visigodo, pelas características eletivas
da sua monarquia, viveu momentos de sobressalto. Os patrícios
hispanos romanos adquiriram mais poder e autonomia e participavam
nos partidos que se formavam quando se elegia um novo
rei, participando e diluindo a sua identidade na nova sociedade
goda. A autoridade local era exercida por caciques locais, que chamavam
a si o exercício das antigas funções civis, judiciais e fiscais.
A organização administrativa da Hispânia manteve-se a mesma
que vinha do tempo do imperador Diocleciano. As províncias
mantinham-se cinco, lideradas por um dux (Duque), a que
se acrescentava a Tingitana, no norte de África, do lado de lá do
estreito de Gibraltar. Só as fronteiras entre as províncias é que se
alteraram, devido sobretudo à extensão do reino Suévico. O Entre
Douro e Vouga pertencia à província da Galécia, que se estendia
até abaixo do Mondego, reduzindo o tamanho da Lusitânia.
E, foi por causa de um conflito de sucessão, a morte do rei
Vitiza em 710, que uma das partes, o filho Áquila, dux da Tarroconense,
solicitou por intermédio do Bispo de Sevilha Opas, seu
irmão, ao conde D. Julião governador de Ceuta, na província da
Tingitana no norte de África, o auxílio de tropas, para combater
Rodrigo, dux da Bética, que foi eleito rei. E tal como nos tempos
do império romano, a presença de novas forças militares não era
vista como inimiga mas potenciais tropas mercenárias a contratar
e a dispensar, após o serviço efetuado e a vitória alcançada.
Por este ponto de vista, o conde Julião estabelece negociações
com o váli de Marrocos, Muça Ben Nusayr, que aceita enviar
uma força expedicionária chefiada por Tariq ben Ziyad. As tropas
coligadas godo islâmicas defrontam as tropas do rei Rodrigo
nas margens do rio Guadalete, que são derrotadas e tomam
Toledo sem oposição. Em Toledo apoderou-se do tesouro régio
e impediu que Áquila fosse eleito rei e fez um pacto com Áquila
e seus filhos, Ardabastro e Olmundo, dividindo entre si as três
mil Vilae do fisco. Este pacto foi sancionado quer pelo vali de
África, quer pelo califa de Damasco. Estava aberta a porta para
o domínio muçulmano na península.
76 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
PERÍODO MUÇULMANO
Corão manuscrito da
écopa almóada
Vestígios da ocupação germânica
Moedas de Portucale
Depois da tomada de Toledo, entre 713 e 714, a rapidez com
que os muçulmanos conquistaram o reino hispânico dos visigodos
mostra a sua espantosa fragilidade e a completa descoordenação
da autoridade visigótica. Alguns autores referem que a
fraqueza militar deveu-se à feudalização do estado visigótico, que se
explica não por uma solidariedade assegurada por vínculos de
vassalidade, mas pela independência dos senhores face a Toledo
(Mattoso; 1990:321 e 337).
Os árabes chamavam à península Garb-al-andaluz, que significa
o ocidente atlântico (Mattoso:1990:363).
A conquista muçulmana é fulgurante. Aproveitando as vias
de comunicação romanas e a descoordenação sociopolítica visigótica
e aliada à boa disciplina militar e à estratégia árabe, cedo
dominaram todos os centros urbanos da península, desde o sul
à Cantábria e à Galiza no norte. Se algumas cidades se entregam
sem luta à nova autoridade, outras resistem. O que representa a
cultura muçulmana para os autóctones hispanos romanos? Provavelmente
um regresso dos valores civilizacionais do saudoso
império romano e da autoridade civil contra a bagunça dos guerreiros
godos. Nas zonas mais romanizadas do sul da península,
o que se vai verificar é, sem grande resistência, uma adesão à
nova ordem civil e civilizacional. Os centros urbanos recuperam
o dinamismo adquirido no período romano.
A civilização muçulmana absorveu e tolerou muito das liberdades
económicas e sociais da civilização romana, através do
contacto com o império bizantino no médio oriente e no norte
de África. Era bastante sofisticado e urbano, sendo por isso bem
aceite e tolerado pelos nativos hispânicos. A estabilidade que o
regime muçulmano trouxe à península estimulou o desenvolvimento
das atividades económicas, a agricultura, a mineração e
as atividades artesanais e o comércio. Sobretudo este último. As
vias de comunicação romanas são cuidadas porque são importantes
para a deslocação de bens, pessoas e serviços, além de
comunicação entre centros de decisão política e militar. A velha
estrada de Olisipo a Bracara, passando por Portucale, é exemplo
dessa importância. A velha estrada passa a ser identificada
com a ocupação muçulmana, strata maurisca, e liga dois centros
Portucale a Coimbra, a velha Aeminium que substituiu Conimbriga.
É um princípio basilar que o comércio é a atividade que
prospera em paz, em segurança e na estabilidade política, fiscal
e judicial. Outra característica desta civilização é a abundante
circulação monetária; as moedas de ouro mais importantes da
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
77
época tinham o nome dos dominadores muçulmanos; o maravedi
ou o morabitino adquirem o nome dos Almorávidas (Mattoso:
1990:385-398).
Não admira pois que a sua moeda, o morabitino, com o peso
de 4 gramas correspondendo ao preço de um bom cavalo, tivesse
persistido até aos primeiros reinados da monarquia portuguesa,
a partir de 1185/1189.
A RECONQUISTA CRISTÃ ATÉ AO ANO DE 922
O acontecimento de reconquista tem de ser entendido como
o confronto entre duas sociedades opostas. Uma, senhorial, implantada
no norte peninsular assume a guerra como atividade
dignificante e o saque e o despojo como única forma lícita de intercâmbio,
são intrinsecamente mais agressivos que as elites urbanas do
sul. Aliás, os cronistas árabes não se cansam de insistir na frouxidão
e mesmo cobardia dos andaluzes em combate (…). A natural agressividade
das sociedades feudais, acrescida com a justificação de cruzada
e recuperação de territórios ocupados pelos invasores muçulmanos,
tornam intrinsecamente expansionistas os pequenos reinos que se vão
formando acima do Douro. Aliás, a posse efetiva das terras é, para o
sistema feudal, uma das formas cumulativas de entesouramento, em
que cada parcela retirada às mãos do inimigo vem somar-se ao pecúlio
individual inalienável. O camponês adstrito à terra, e, portanto, fazendo
parte integrante daquele património, está na dependência direta
do seu senhor e o seu pequeno mundo limita-se ao interior dos marcos
da propriedade. Na sociedade tributária do sul, não há, ao contrário,
qualquer dependência ou sequer vínculo direto dos camponeses aos
proprietários da terra. (…) Durante o califado de Córdova, todas as
operações militares são principalmente ações de apaziguamento interno
ou de retaliação, que poderemos considerar mais como formas de
defesa dinâmica do que como ações objetivas de ocupação e submissão
territorial, tipo ações punitivas (Mattoso:1990:401).
Pelo desenrolar dos acontecimentos entende-se isso. A Cantábria
e as Astúrias sempre foram um território onde nem os romanos,
nem depois os suevos e os visigodos, conseguiram impor
a sua autoridade. Era um território à margem da civilização que
tinha na guerra de pilhagem um modo de vida complementar à
sua economia de subsistência. Com a dominação islâmica, as populações,
que ali viviam, vão-se comportar da mesma maneira.
No entanto, ganham uma justificação para as suas ações, a luta
contra o infiel e a libertação das terras cristãs.
Morabitino
Pelágio, Covagonda, Astúrias;
foto de Paulo Costa
78 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Capela de Covadonga, Astúrias –
foto de Paulo Costa
Santa Maria de Naranjo,
Oviedo, Astúrias
foto de Paulo Costa
O domínio muçulmano, nas terras do norte da península, foi
de curta duração e cedo deixaram o espaço livre aos caciques
aristocratas locais da Galiza e aos cavaleiros asturianos para imporem
o seu domínio. A igreja hispânica conservou a memória
da organização eclesiástica passada e incentivou-os, conferindo-
-lhes justificação, a avançarem em direção ao rio Douro.
Os cristãos, sob o domínio muçulmano, continuaram a exercer
a sua religião e a conservar as suas igrejas e mosteiros. Só estavam
sujeitos ao pagamento de um tributo. Podiam exercer cargos
administrativos e combater nas forças militares do califa. Adotam
o árabe como língua e convertem a sua onomástica. Para os cristãos
do norte, estes cristãos são moçárabes (Mattoso: 990:419).
Na segunda metade do século IX o movimento da reconquista
cristã ultrapassa o Rio Douro. A autoridade do rei Asturo-leonês,
Afonso III, estende-se até às margens do rio Mondego
(SERRÃO:1990: 61).
Por esta altura, o rio Douro estabelece-se como fronteira entre
dois condados, o de Portucale e o de Coimbra.
Vimara Peres, em 868 havia fundado Portus cale novum, na
margem direita do rio Douro em contraponto à civitas Portus cale
antiquum.
Os reordenamentos político-territoriais não só reforçavam o papel
estratégico da Terra de Santa Maria como região de ligação entre
Coimbra e o norte do Douro, como a aproximavam, sem que nela se
deixasse de sentir a influência conimbricense, do antigo Condado Portucalense
(MATTOSO ET ALLI:1989:32).
Depois do reinado de Ramiro II, o condado de Coimbra ganha
fulgor.
Este período coincide com a reocupação muçulmana empreendida
pelas ações punitivas de Almançor (Al-Mansur, o Vitorioso,
o Prefeito do Palácio), em que esta família se alia aos
ocupantes numa lógica de sobrevivência exercendo importantes
cargos condais.
As ações punitivas de Almançor foram de tal modo marcantes,
nesta região, que o seu nome ficou registado na toponímia,
Almançor em Castelo de Paiva e Mançores em Arouca.
Também os sítios do Outeiro de Seixezelo e no Outeiro de
Murado, em Mozelos, talvez tivessem sido instalação de alguma
atalaia. Sobre a praia do Areinho em Oliveira do Douro, ficava
o facho (que ainda hoje os antigos proprietários recordam e o registo
matricial fixou) sítio onde acendiam uma fogueira de sina-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
79
lização. Na região de Arouca, sobre o rio Arda, há vestígios de algumas
construções castrenses deste período. Além das atalaias e
pequenas motas (pequenas fortalezas em madeira), completavam
o sistema de defesa estruturas mais complexas, que centralizavam
e orientavam todas as defesas complementares. Estas estruturas
eram os Castelos de Gaia (Portucalem Antiquum) e da Feira.
ASPETOS RELIGIOSOS
Ponte de Covadonga, Astúrias;
foto de Paulo Costa
Como informa o Professor Cândido dos Santos, era normal,
nesse tempo, que os senhores construíssem, nas suas terras, mosteiros
ou igrejas que ficavam a fazer parte do seu património,
podendo, à sua morte, transitar para os seus herdeiros. Eram,
portanto, bens patrimoniais.
Vivia-se um período de grande desorganização social e eclesiástica,
o que aliado à ausência dos bispos e às dificuldades do
tempo, à necessidade de repovoamento e de reedificação de igrejas
em ruínas, destruídas pelas surtidas muçulmanas, foram concedidas
facilidades pelos reis de Leão, senhores do espaço.
Estes bens ficavam partíveis para outra qualquer herança, sendo
os descendentes dos fundadores padroeiros também chamados
herdeiros ou naturais, tendo o direito de padroado sobre o mosteiro
ou igreja, direito esse transacionável (SANTOS:1985: 225-238).
Na época da Reconquista, as igrejas podiam ser:
a) Templo com função paroquial ou simples oratórios, igrejinhas
familiares ou comunitárias, que suportavam as despesas
com o sacerdote e tudo o necessário para o culto, alfaias litúrgicas
e livros;
b) Templos que se construíram, de novo, sobretudo por iniciativa
de grandes proprietários, eclesiásticos ou leigos, para
ocorrer às necessidades criadas pelo repovoamento;
c) Templos fundados para mosteiros, de que se serviam não
só as comunidades religiosas, mas também os povos vizinhos.
Todos os povoados de alguma importância deviam já possuir
a sua Igreja, com carácter paroquial, dotada de pia batismal e de
cemitério próprio.
Originariamente, tanto as paroquiais como as outras, podiam
ter ou não senhorio particular, mas, nesta época, tornou-se tão
geral a apropriação que era raro haver alguma igreja livre.
Catedral de Leão;
foto de Paulo Costa
80 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Quando os proprietários das igrejas eram sacerdotes, eles
mesmos constituíam-se ministros do culto e tinham o cuidado
de que, por sua morte, os substituíssem outros que geralmente
recebiam em herança as igrejas com as suas pertenças. Muitos
desses proprietários de igrejas, deviam ser autênticos Párocos
(OLIVEIRA:1950:105 e 140).
Para evitar que uma igreja caísse em posse de leigos, declarava-se,
às vezes, que, à falta de sacerdotes, a propriedade passasse
para um mosteiro.
Em Vila da Feira, quase todas as atuais igrejas paroquiais
foram ajustadas aos sucessivos tempos, a partir dos templos primitivos,
com algumas exceções.
Catedral de Oviedo, Astúrias
922-1200 – ASPETOS GERAIS, ECONÓMICOS,
POLÍTICOS E RELIGIOSOS
Na página anterior, reprodução de: ANTT:Mosteiro de Grijó:BF:283
Fundação do Mosteiro de Grijó (922)
Opondo-se à área das terras agricultadas (o ager), a zona das
terras altas acima dos 400 metros de altitude ocupada pela floresta:
um terreno não domesticado onde proliferavam o carvalho e o
castanheiro, ainda que hoje, em muitas áreas e nos tempos recentes,
se tenha verificado um progresso do pinheiro bravo. Para a população
medieval, a floresta, o saltus, tinha uma importância económica
considerável que ia desde a sua utilização para os pastos do
gado até recolha e consumo dos seus derivados: madeira,
frutos e raízes silvestres, animais provenientes da caça.
O segundo período começa com uma fase de recuo demográfico
e de reintensificação da ocupação das colinas de alta e média
altitude, mais aptas para a defesa contra as incursões islâmicas.
Contudo, à medida que avança a Reconquista, são repostos os contingentes
demográficos que, a partir do século X, se reimplantam
nas depressões fluviais, reativando a vida dos pequenos povoados,
os quais, progressivamente envolvidos por uma rede eclesiástica, que
tem nas igrejas paroquiais o seu elemento mais dinâmico, vão expandindo
a superfície agricultada, para o que também contribui a
implantação na zona, a partir dos séculos XI-XII, de paços e mosteiros,
na qualidade de estruturas de enquadramento geoeconómico
(MATTOSO ET ALLII:1986:199).
A Terra de Santa Maria foi-se tornando uma entidade progressivamente
mais consistente, sob a liderança dos senhores de
Marnel. A família Marnel reforça o seu poder nos seus domínios
da Terra da Feira, salientando-se a defesa da passagem do Douro.
A orientação dos caminhos que cruzam a Terra de Santa Maria
é bem a prova da intensidade das relações que nela se criaram
e lhe imprimiram uma certa unidade. Paralelamente à antiga via
romana, de direção sensivelmente norte-sul, apareceu, não muito
longe dela, outra via principal, mais a leste; e junto à costa, uma
terceira via secundária com a mesma orientação. Ficou assim
reforçada a facilidade das comunicações, mas dispersos os seus
centros. Entre eles, e em sentido transversal, multiplicaram-se
numerosas vias de ligação, cuja densidade manifesta claramente
a intensidade da circulação e a proliferação das povoações que
ela animava (ID.:1993:44-45).
Castelo de Santa Maria da Feira
84 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
D. Fernando, O Grande.
O período compreendido entre 995 e 1064, data da conquista
definitiva de Coimbra pelo rei D. Fernando Magno, a região
Portucalense e a Terra de Santa Maria oscilou a sua obediência
entre os reis cristãos do norte e o califa cordovês. Por esta altura,
os condes de Coimbra oscilavam entre estes dois poderes.
Em 1064, o rei D. Fernando Magno, que uniu em si as coroas
de Navarra, Castela e Leão, auxiliado por tropas francas,
conquista definitivamente Coimbra, afastando para sul o perigo
muçulmano, consolidando irreversivelmente a fronteira cristã.
Depois da conquista de Coimbra pelo rei Fernando Magno,
sucedeu-se um período de lutas internas entre os filhos pelo domínio
da herança. Esta contenda foi ganha por Afonso que uniu
em si as coroas de Leão, Castela e Navarra. Em 1085, conquista
Toledo a mítica cidade capital visigoda. Isso granjeia-lhe prestígio
que ultrapassou as fronteiras da Ibéria. Ao capturar Toledo,
captura a cidade metropolita e a capital do império visigodo. Diversos
senhores muçulmanos prestam-lhe tributo e homenagens,
inclusive os senhores de Aragão e Catalunha, reconhecem-no
como Imperator Totis Hispaniae. A sua ação conquistadora alcançou
a linha do Tejo, capturando Santarém e Lisboa, aliviando
a pressão sobre Coimbra. O Imperador D. Afonso VI concede
a D. Henrique de Borgonha o Condado Portucalense e o de
Coimbra, que junta num só, em dote pelo casamento com sua
filha Dona Teresa. É responsabilidade do novo conde defender o
território dos avanços islâmicos.
O século não acabaria sem nova avançada muçulmana, agora
liderada por novo fervor de Jihad, sob a batuta dos almorávidas,
provenientes do sul da Mauritânia. Avançaram primeiro
sobre Marrocos. e pretendiam disciplinar o relaxamento religioso
dos irmãos peninsulares. Lisboa e Santarém são, de novo,
ocupadas. Coimbra sofre novo assédio. O Douro está outra vez
à mercê do Islão.
Com a morte do Conde D. Henrique e consecutivamente o
falecimento do imperador D. Afonso VI, a península cristã envolve-se
num período conturbado, porque o herdeiro do imperador
é menor e filho de Urraca e Raimundo de Borgonha, conde
da Galiza. D. Teresa, viúva do conde D. Henrique, considera
que também tem direito a um quinhão da herança de seu pai.
Se o sobrinho será o herdeiro de seu pai, também seu filho pode
ser, caso o herdeiro faleça. Há todo um processo de emancipação
que culminará em 1128 com a consagração de D. Afonso Henriques
como conde de Portucale, mas cujo propósito é alçar-se rei,
facto que ocorre na década de trinta e quarenta e tem o seu corolário,
em 1143, com o tratado de Zamora, pelo qual D. Afonso
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
85
Henriques homenageia o primo imperador das Espanhas, e este
reconhece-o como rei de Portugal.
E LOCALMENTE O QUE SE PASSOU?
O ano de 922 marca o fim de um percurso de uma comunidade
de cristãos unidos por laços familiares que fundaram
e protegeram um centro de culto. A documentação chama de
mosteiro (monasterio) ou local de assistência espiritual e material
(adcisterio), constituído por um presbítero, sacerdote, e alguns
irmãos que viviam em vida santa, liderados por um abade. O
sacerdote era eleito pelos protetores da instituição, os patronos,
membros da família, que possuíam títulos de voto, as rações (ratione),
considerando-se raçoeiros.
E o que se passou de importante em 922 que teve tanto impacto
em Mozelos que condicionou a evolução da sua história?
Temos primeiro que recordar dois acontecimentos importantes
que influenciaram o que ocorreu em 922. O primeiro acontecimento
verificou-se em Roma, na sede pontifical, por iniciativa
papal, que foi a questão das investiduras e a disseminação do rito
romano, acontecimento que caracteriza a Reforma Gregoriana.
O papa Gregório VII pretendeu implementar algumas reformas
disciplinares para acabar com as intromissões dos leigos e poderosos
nos assuntos eclesiásticos. Pretendia-se que a questão das
investiduras, seja na eleição papal, seja na nomeação de bispos,
abades e sacerdotes paroquiais, fossem restritas da igreja e que
os leigos não condicionassem nem interferissem nesses assuntos.
Para começar, a igreja deixaria de estar sob patrocínio ou proteção
de qualquer senhor leigo. Esta medida implicou uma alteração
política. Os senhores locais e as comunidades que até então
tinham sido os dinamizadores e protetores da cristandade, com a
fundação e proteção de igrejas paroquiais, mosteiros e dioceses,
viram-se relegados para segundo plano pela ação reorganizativa
da igreja. Outra reforma foi a disseminação do rito romano na liturgia.
Pretendia o papado uniformizar a liturgia, acabando com
os ritos que pontuavam um pouco por toda a europa. Na península
ibérica o rito hispânico vindo do tempo do paleo-cristianismo
dos tempos suevos e visigodos, segundo a reforma de Santo
Isidoro de Sevilha, impunha-se tanto em território cristão como
no califado omíada de Córdova, onde os moçárabes o praticavam.
A introdução do rito romano criou clivagens e uma rutura
com a tradição do rito hispânico. Nos reinos cristãos do norte da
Castelo de Guimarães
86 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
BF:130
BF:182
península, com a colaboração da ordem beneditina de Cluny, a
reforma litúrgica foi-se impondo. No sul, mesmo em território já
reconquistado, o rito hispânico conservou-se arreigado aos costumes
dos moçárabes. Estas clivagens vão-se refletir na oposição
entre as dioceses de Braga e de Coimbra. A primeira adota a
nova reforma, enquanto a segunda permanece no rito costumeiro.
Mozelos, pertencendo à diocese de Coimbra, vai manter-se
fiel ao rito praticado pelos prelados da sua diocese.
Outro acontecimento contemporâneo daquela data foi a reorganização
eclesiástica do território já pacificado com a restauração
das dioceses de Braga e Coimbra, e sobretudo, mais tarde a fundação
da diocese do Porto que teve repercussões ao nível local.
O documento escrito mais antigo que possui elementos relativos
a Mozelos é o que se refere à fundação do Mosteiro de Grijó,
em 922, que se deve ao abade Guterre e ao seu irmão Ausendus,
que concederam per remedio animas nostras (para remédio das
nossas almas), um conjunto de bens e de objetos necessários ao
culto de uma comunidade de religiosos e religiosas, para fundarem
uma igreja na vila chamada de Eglesiola que ficava entre os
montes de Petroso e Sagitella. Considero que esta referência ao
mons Sagitella, constitui o documento fundador de Mozelos, já
que Sagitella, hoje Seitela, é o topónimo mais antigo do que viria
a ser a futura freguesia de Mozelos. É, pois, salvo melhor opinião,
e na ausência de outros elementos probatórios, uma espécie
de certidão de batismo desta freguesia de Mozelos (BF: 130).
Importa esclarecer que vila não tinha o significado administrativo
que hoje assume, mas tratava de uma propriedade rural com
determinadas atividades agrícolas.
Este monte de Sagitela ou castro de Sagitela, é hoje chamado
Coteiro do Murado, onde há uma família numerosa com esse
nome de Seitela.
Entre 922 e 1103, tudo se manteve inalterado. Mas, o movimento
de concentração das rações, direito religioso de padroado,
em mãos eclesiásticas vai continuar, na prossecução do objetivo
de libertar a igreja do protetorado laico.
Há um documento constante no Cartulário do Baio Ferrado
que Alexandre Herculano datou em 1009, mas que Robert Durand,
que estudou o referido cartulário, considera que deverá ser
considerado com a data de 1109, considerando que esta é a única
leitura possível desta data. Apesar da controvérsia da datação,
considero a data de 1009, como aceitável. Este documento tem o
título de Karta de Elderiz (atual lugar de Argoncilhe), onde é referido
que Ramil partia cum Vilar, Laurosa et cum Moazelus (BF:182).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
87
Em 1030, Ederonius e a sua mulher Goldregodo venderam a
Diogo Viegas e a sua mulher Maria uma herdade que se situava
subtus monte Sagitellam secus ribulo Arrugio quod discurrit ad Cerzedo
por duas peles de carneiro no valor de 50 pesos (BF:169).
Em 1075, Gonçalo Mendes vendeu a Soeiro Fromarigues várias
parcelas de terra, situadas em Grijó, bem como duas partes
dos direitos sobre o quarto da igreja de S. Salvador de Grijó,
por uma mula avaliada em 120 pesos, com a indicação de que
algumas dessas propriedades estavam localizadas subtus monte
sagitela, discurrente rivulo Cerzedo (BF: 147).
Em 1082, Recemundo Alvariz e os seus irmãos venderam ao
mesmo Soeiro e a sua mulher Elvira Nunes uma propriedade situada
em Grijó, por uma pele de carneiro no valor de 40 módios.
Esta propriedade situava-se subtus alpe Sagitella, discurrenti rivulo
Guetin (BF:151).
Em 1091, Odorio Gonçalves vendeu ao mesmo uma propriedade
situada em Outeiro, Grijó, subtus Monte Sagittela discurrente
rivulo Arrugio por dois módios de milho e uma capa negra
(BF:153).
Em 1097, foram vendidas por Paio Ansoiz e Riqiuo Zoleimar
duas propriedades existentes in vila dicta de Moazelus ex parte avorum
et parentum, subtus Saitella, discurrente strata (mourisca) ad portum
asinarum, por um soldo, uma manta de carneiro, uma vaca,
uma quarta de milho e um puçal de cera (BF:283). Surge a designação
vila dada a Mozelos que não pode ser entendida como a
que atualmente a designa por decisão da Assembleia da República.
Tratava-se, ao tempo de uma propriedade rústica, com origem romana,
que se compunha de várias parcelas de terreno. A dita strata
(maurisca) é a designação, ao tempo, da chamada estrada velha do
Porto, da qual existe um troço, que partia da Igreja, pelo lado norte,
em direção a Argoncilhe é a antiga via militar romana, estrada
mourisca, depois estrada real e, mais tarde, estrada nacional nº 1.
Como era costume na época, as propriedades vendidas eram
pagas em dinheiro e em géneros, e muitas vezes por trocas diretas.
Em 1099, Paio Ansaloniz e a sua mulher venderam a Odoris
Cide e a sua mulher, por 4 módios uma parcela de terreno situada
in villa dicta de Moazelus et in loco Primi e uma leira com 70
passos de comprimento e 6 de largura, junto ao rivulo qui venit
de Laurusela, subtus monte Saitela, duiscurrente Rivulo Primi, que
venite nobis de parte avorum e parentum nostrorum (BF:284).
Em 1109, no documento de doação ao mosteiro de Grijó
da metade de uma propriedade situada em Nogueira (da Regedoura)
e de outra em Enxomil (Arcozelo, Vila Nova de Gaia), é
BF:151
BF:153
BF:284
88 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
BF:182
BF:37
BF:84
BF:268
referido, de novo, o facto do dito mosteiro estar situado in ipso
predicto loco subtus monte Saitela, discurrente arrugio ipse ville, território
portucalensi, terra Sante Maria civitates (BF:16).
No mesmo ano, Aimia Gonçalves e os seus filhos venderam a
Soeiro Soares por 100 pesos uma terra situada em Aldriz, com a
referência de que se encontra abaixo do monte Auturelo partindo
com Lourosa e Moazelus (BF:182).
Em 1117, é a vez de Toda Soares legar os seus bens a S. Salvador
(de Grijó), cuja metade estaria à disposição do mosteiro após
a sua morte, enquanto a outra metade apenas, quando a sua mãe
falecesse, dizendo que o mosteiro est fundatus in ipsa prefata villa
Ecllesiola, subtus monte Sagitella, discurrente rivulo Liuvanes, prope
litore maris (BF:25).
Em 1134, Garcia Odoriz e a sua mulher trocaram com Nuno
Soares e a sua mulher e os cónegos do mosteiro de Grijó partes
de terras situadas in vlle Palaciolo (Paços, será Paços de Brandão?),
subtus monte Sagittela, discurrente rivulo covo (BF:206).
Em 1135, foi emitida a Karta de Saitela, na qual se diz que
Mendo Mendes e a sua mulher, Eluira Pais, deixam dois casais
e outras diversas propriedades, situadas in villa Saitela, entre outros
bens, situados em Casal, Oleiros e Sernande, com a limitação
de os cónegos não alienarem os bens legados e também
deviam assumir a responsabilidade de assegurar a subsistência
dos filhos dos doadores (BF:37).
No mesmo ano, Elvira Soares e o seu marido Odoriz e os
seus descendentes decidiram não alienar a sua propriedade situada
em Mozelos e Rio Meão, que só passarão para a posse do
mosteiro quando se estender à descendência de Elvira (BF:84).
Em 1138, Flamula Gomes legou a S. Salvador os bens que
herdara de seu pai, que se situavam entre a estrada mourisca e
o monte de Sagitella, e a portela de Sancto Martino (será S. Martinho
de Mozelos?) até Lourosela, no limite meridional de Grijó
(BF:29).
No mesmo ano, Pedro Rebolo vendeu aos cónegos de Grijó,
por 120 módios a oitava parte da sua propriedade na villa dicitur
de Saitela (à margem do documento, no século XIX, aparece escrito
Seitela), discurrente rivulo maior (BF:268).
Em 1148, foi a vez da condessa D. Elvira Peres ceder ao mosteiro
os seus bens, situados no mesmo perímetro do documento
de 1138 (BF:31).
No mesmo ano, foi a vez de Paio Godins legar as suas propriedades
em Gulpilhares (Gaia) e de Esmojães, que ficavam
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
89
subtus monte Castro Petroso et alia subtus monte Saitela, prope litus
marinum território civitatis Sancte Marie (BF: 72).
Em 1150, Soeiro Amicus vendeu a Soeiro Godestiz e a sua
mulher, por 19 bracales (peça de tecido de linho grosseiro com 7
a 8 metros de comprimento), uma herdade que tinham in villa
Moazellus prout dividit com suis terminis cum montibus e cum fontibus
(com montes e fontes) (BF.285).
Em 1152, Godinho Guterres legou a S. Salvador a sua parte
do seu direito de padroado sobre as igrejas de S. Martinho de
Anta e S. Mamede de Esmojães, bem como a 1/5 parte dos bens
que possuía em Anta, Esmojães e Paço, subtus monte Saitela, discurrente
rivulo Anta e Laguncula de Avil, prope littus maris, território
portucalensi (BF:46).
Em 1155, Tructesendo Godins e as suas irmãs venderam aos
cónegos do mosteiro de Grijó, por 3 marovidiados (moeda mourísca)
de ganado uma herdade que haviam herdado de seus avós e
de seus pais que ficava a oriente da estrada mourisca (antiga estrada
romana (futura estrada real e estrada nacional nº 1 e IC2),
e estava a ocidente de Moazellus et Sagittela ad aquilonem Luvianes
e Claviano ad affricum Laurusela (lugar pertencente a Lourosa e
que confina com o lugar de Prime) (BF:236).
Em 1157, Pedro Mendes e a sua mulher trocaram aos cónegos
de Grijó um cavalo no valor de 40 módios por uma herdade
que possuíam in villa dicta Saitella, subtus monte Saitella, discurrente
rivulo maior (BF:295).
Em 1158, foi redigida a Karta de Monazelus, na qual é noticiado
que Diogo Gonçalves e a sua mulher venderam a Pedro
Nunes, a sua mulher e aos cónegos de Grijó, por 39 morabitinos,
uma herdade sua que se situava in villa dicta de Moazelus
(ao lado aparece com escrita do século XIX – Mozellos), subtus
monte Auturelo, discurrente rivulo Torno, prope litus maris, território
portugalense, sub castello Sancte Marie (BF:237).
Em 1158, Maria Eriz vendeu aos cónegos do mosteiro de
Grijó por um bragal várias propriedades, entre as quais uma que
se situava na Vila Primi (Mozelos), que havia herdade dos seus
pais (BF:235).
No mesmo ano, foi lavrada a Karta de Moazelus, na qual é
referido que Rodrigo Godesteiz vendeu a Paio Godesteiz, por
14 módios um terço da sua herdade que in villa Moazelus, subtus
monte Saitella, discurrente rivulo maior, prope litus maris, territorio
portucalensi, civitas Sancte Marie (BF: 282).
No ano seguinte, foi redigida a Karta de Seitela na qual é
relatado que Mendus Odoriz e a sua filha venderam, aos cóne-
BF:46
BF:236
BF:295
BF:237
BF:282
90 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
BF:281
BF:43
BF:297
gos de Grijó por 10 morabitinos uma herdade que possuíam in
villa Saitella, sub ipso monte Saitela, discurrent rivulo Torno, prope
litus maris, território portucalensi in terra Sancte Maria civitatis
(BF:296).
Em 1160, foi lavrada a Karta de Moazelus, na qual é referido
que Paio e Soeiro Godesteiz venderam aos cónegos de Grijó,
pelo equivalente em ouro e gado de 50 morabitinos, as terras
que possuíam in villa de Moazellus, subtus monte Saitella, discurrente
rivulo maior, prope litus maris, territorio portucalensi, civitas
Sancte Marie (BF: 281).
Em 1163, num documento de doação ao mosteiro de Grijó
de bens da Garsia Gonsalves Neto de metade dos seus bens em
Anta, é citado, que Anta se situava em Sancte Marie civitatis (…)
subtus monte Saitela, discurrente rivulo Guetin, prope littore maris
(BF:43).
Num documento sem data, é dada conta do estado dos bens
comprados em Saitela, em que é noticiado por Petrus a existência
de uma herdade em Saitela, de um casal, da igreja de Maladas
e de Scapa (será Escapães?) (BF:297).
FUNDAÇÃO DA DIOCESE DO PORTO
Convém referir que, até 1114, a terra de Santa Maria, de
que fazia parte Mozelos, esteve sob a jurisdição da Diocese de
Coimbra, o que constituiu motivo sério de disputa entre os sucessivos
Bispos do Porto e de Coimbra. Esta questão só viria a
ser resolvida a contento dos Bispos da Diocese do Porto entre
1132 e 1137 (ID.:1951:38).
Contudo, a Diocese de Coimbra continuou a lutar pela recuperação
da terra em questão, através de sucessivos apelos aos
Papas, tendo ficado definitivamente resolvida a questão, em 12
de setembro de 1253, pelo Papa Inocêncio IV. Até finais do século
XVI, Mozelos manteve-se integrada na Terra de Santa Maria
(Vide Censual do Cabido da Sé do Porto (século XII), Almeida, História
da Igreja em Portugal, Biblioteca Apostólica Vaticana, Censual
de D. Frei Baltasar Limpo, in Santos, A Diocese e a Mitra).
Em 1114, devido ao conflito pela autoridade primacial da
Galiza, reminiscência do velho reino Suevo, entre Santiago de
Compostela e Braga, em torno das dioceses sufragâneas, foi sugerida
a restauração da Diocese do Porto, que obrigaria a um
redesenho dos limites das Dioceses de Braga e Coimbra, e que
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
91
seria sufragânea de Compostela. Com Braga, os limites entre as
duas dioceses não foram difíceis de estabelecer, mas, com Coimbra,
o assunto já seria mais complicado e conflituoso. À formação
da Diocese do Porto não foi estranho o movimento de reforma
da Igreja com a implementação do rito romano, sobre os ritos
hispânicos profundamente enraizados a sul do Douro. Também
a intervenção da ordem beneditina de Cluny na criação da nova
diocese acentua o combate contra os ritos moçárabes profundamente
enraizados a sul do Douro.
O renascimento da Diocese do Porto marca o início de uma
reconversão do mapa paroquial. Todas estas igrejas foram fundações
das comunidades locais e encontravam-se sob a tutela
de patronos leigos. E, desde os fins do século XI e inícios do
século XII, os seus patronos foram paulatinamente doando os
seus direitos a instituições eclesiásticas. Este movimento insere-
-se na reforma gregoriana da problemática das investiduras que
rompia com os hábitos dos senhores, príncipes e reis poderem
erigir Igrejas, Mosteiros e Dioceses, colocando sob a sua proteção
e autoridade essas instituições, onde recolhiam os direitos e
taxas a elas inerentes: dízimos, pé de altar e outros. A reforma
empreendida pelo papa Gregório VII visava libertar a igreja do
poder laico. O aspeto mais visível foi a própria nomeação papal
pelo imperador do Sacro Império Germânico. No entanto, essa
reforma foi mais vasta e, com o apoio da Ordem Beneditina de
Cluny, e pela sua reforma cisterciense, essa libertação do jugo
senhorial estendeu-se às igrejas paroquiais e aos mosteiros. Pretendia
o movimento reformador que só as instituições religiosas
superintendessem a gestão de outras instituições religiosas.
Em 1114, foi restaurada a diocese do Porto, destacando-se
parcelas de território a norte do Douro pertencentes à arquidiocese
de Braga, e a sul daquele rio, pertencentes à diocese de
Coimbra. Se com Braga o processo foi pacífico, com Coimbra
nem tanto, obrigando a que no penúltimo dia desse ano, se fizesse
uma concórdia entre os dois bispos, com o de Coimbra a dar à
neófita o que quisesse (ADP: Censual do Cabido da Sé do Porto: Fl.
2; e AUC: Livro Preto: doc. 628). Deste documento existem dois
documentos, um transcrito no cartulário de Coimbra, o Livro
Preto e outro no Censual.
A diocese do Porto foi beneficiada por Coimbra dos direitos
eclesiásticos e património que aquela havia adquirido antes de
1114. No entanto, tal como havia acontecido antes com a diocese
de Coimbra, a nova diocese do Porto continuará a reforçar a sua
presença e autoridade sobre a região.
Apocalipse do Lorvão
- Medição do Templo:
TT: Lovão: C. F. 90: fol. 146
92 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
BF:139
Além das pressões senhoriais laicas, também outros senhores
se insinuavam no sentido de se apropriarem do direito jurisdicional
sobre as populações daquele território. A mais importante
era a exercida pela diocese, tanto pelo Cabido como pela Mitra.
Mas não nos podemos esquecer que o rei tinha um importante
património em Grijó e que nunca prescindirá dele, servindo
de contrabalanço aos poderes senhoriais em jogo, o reguengo de
Santa Cruz. Este conflito estalará mais tarde como veremos.
Em 1133, Elvira Nunes, legou ao mosteiro de S. Salvador
as suas propriedade de Nogueira (da Regedoura), com os seus
limites novos e antigos, situados subtus monte Saitela, discurrente
ipso arrugio ipsarum villarum, território portucalense, terra civitate
Sancte Marie (BF:12).
Com este movimento de doações, nos fins do século XII, os
patronos eclesiásticos eram a Diocese do Porto, herdeira da parte
de Coimbra.
No século XII, em ano indeterminado, é revelado o estado
das terras vendidas por Nuno Soares, de S. Salvador, a Tructesendo
Diaz e a sua mulher Ximena Pais, entre as quais se encontrava
uma herdade no lugar de Goda, de Mozelos (BF:139).
Os raçoeiros como patronos tinham o benefício de direitos.
A reserva de rendas, a imposição de hospedagens e a cobrança
de subsídios convertiam-se, algumas vezes, em exploração que
reduzia à miséria igrejas e mosteiros. Para reconhecimento da
sua regalia, os chamados herdeiros ou naturais das igrejas e mosteiros
julgavam-se no direito de lá se aposentarem, com criados,
cães, cavalgaduras e até mulheres da má vida, e reclamavam
numerosas pensões, com vários nomes, por diversos títulos. Os
direitos eram o jantar, chamado colecta, colheita, parada, comedoria,
procuração, ou talvez outros nomes, e também visitação
porque era a visita que servia de pretexto para a cobrança do direito
(OLIVEIRA:1950:139,140-142 e 146). Esse direito passou
a ser disputado também pelos concelhos e o próprio Rei foi-se
apoderando dele nas freguesias que não tinham padroeiros senhoriais
ou monásticos (MATTOSO:2001:325-330).
Em março de 1261, D. Afonso III publicou o primeiro diploma
em que se reprimiam os abusos dos padroeiros particulares.
Segundo Gama Barros, o intuito deste diploma ficou baldado.
Onze anos depois, já D. Afonso III promulgava um novo
estatuto suscitando penas mais severas e o cumprimento da anterior,
e isentava temporariamente as igrejas e mosteiros de pousadias
e comedorias dos padroeiros, em atenção à pobreza das corporações,
quitando-lhes também os direitos da coroa. Em 1281,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
93
D. Dinis isenta, por dois anos, os Mosteiros e Igrejas do Bispado
do Porto, considerando a sua pobreza, de darem aposentadoria e
comedoria aos seus naturais.
Estas medidas iam no sentido de separar da alçada dos grandes
senhores, seus patronos, as Igrejas e Mosteiros que aqueles
possuíam como património próprio, cumprindo um dos aspetos
da reforma gregoriana, conhecida por questão das investiduras e
que pressuponha uma emancipação e independência dessas instituições.
A Cidade de Deus devia estar acima da cidade dos homens
e não subjugada àquela. Esta luta teria no século seguinte
o seu desfecho.
Todas as igrejas paroquiais estavam canonicamente sujeitas
à jurisdição episcopal, pelo direito de visitação que se estendia
a todos os mosteiros e igrejas da sua Diocese, pelo qual podiam
fiscalizar o cumprimento dos preceitos religiosos e disciplinares.
Neste século, as igrejas da diocese do Porto estavam divididas
em nove terras: Santa Maria, Maia, Refojos, Aguiar (de Sousa),
Penafiel, Meinedo (Lousada), Gouveia (Amarante), Bem-Viver
(Marco de Canaveses), Baião e Penaguião (Régua).
D. Afonso III
DE 1200 A 1496
Na página anterior, reprodução:
ADP:Livro das Campainhas do Mosteiro de Grijó
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
97
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
No século XIII, consolidou-se a reforma gregoriana e o rito
romano generalizou-se suplantando os ritos hispânicos e as tradições
moçárabes. Por outro lado, havia sinais reveladores de um
ambiente propício a desvios doutrinais, sobretudo, disciplinares
que se agravaram no século seguinte. Na sequência deste clima,
foi publicada uma lei contra a vadiagem, que constituía um grave
problema da época, pelo desenraizamento e a mobilidade dos
homens, sendo terreno propício à divulgação, mais alargada e
rápida, das ideias perigosas.
Houve, igualmente, no reinado de D. Afonso II (1211) uma
medida tendente à confiscação dos bens dos hereges (AZEVE-
DO:2000:142-146).
Pensa-se que permaneceram, na Idade Média, práticas e crenças
mágicas, oriundas da época pré-histórica, e que foram perdurando
apesar de sofrerem algumas mutações e compromissos com a Igreja
oficial. Este conhecimento é-nos transmitido, por via indireta,
dado estarmos perante estratos subterrâneos das crenças colectivas.
Não se tratava somente de uma religiosidade não coincidente
com a oficial, por parte dos leigos, mas também assumida por
alguns clérigos. Tal torna-se mais evidente pela análise das prescrições
dos sínodos portugueses, realizados neste século acerca
da forma de administração do batismo.
Crenças pouco ortodoxas não eram exclusivo das camadas
mais simples da população, sendo igualmente conhecidas notícias
da sua aceitação por parte dos meios mais imbuídos da cultura intelectual
e da devoção e respeito pelas prescrições da Igreja oficial.
D. Afonso II
ROL DAS FREGUESIAS DA FEIRA DO SÉCULO XIII
(entre 1238 e 1245)
Sanctus Martinus de Dragonzeli (Argoncilhe)
Monasterio de Canedo (Canedo)
Ecclesia de que vocatur Duas Ecclesias (pertence hoje à freguesia
de Romariz)
98 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ecclesia de Scapaos (Escapães)
Ecclesia de Espargo
Ecclesia de Feira. (Feira)
Ecclesia de Fornos (Fornos)
Ecclesia de Guisande
Ecclesia de Juiam (Gião)
Ecclesia de Lamas (Lamas)
Ecclesia de Lobom (Lobão)
Ecclesia de Lauredo (Louredo)
Ecclesia de Lourosa. Habet inde quartam et octavam quarte.
(Lourosa)
Ecclesia de Milheirós de Poiares
Ecclesia de Moazelos (Mozelos)
Ecclesia de Nogeira (Nogueira da Regedoura)
Ecclesia de Oleiros (Oleiros)
Ecclesia de Palatio (Paços de Brandão)
Ecclesia de Rivo Mediano (Rio Meão)
Ecclesia de Romariz (Romariz)
Ecclesia de S. Feliz (Sanfins)
Ecclesia de Sanguedo (Sanguedo)
Ecclesia de Seitela (devia corresponder a Meladas que
pertence hoje a Mozelos)
Ecclesia de Veer (S. João de Ver)
Ecclesia de Sancto Georgio (S. Jorge)
Ecclesia de Sauto (Souto)
Ecclesia de Villa Maiori (Vila Maior)
Igreja de S. Martinho de Mozelos
Todas estas igrejas faziam parte do rol da Terra de Santa
Maria e estavam, fora do padroado com exceção das igrejas de
Lourosa e da Feira.
Não integram esta relação as igrejas de Arrifana, Fiães, Mosteirô,
Pigeiros, Travanca e Vale (Oliveira: Ovar na Idade Média:
233e 234).
DE HEREDITATIBUS ORDINUM IN
TERRA DE SANCTA MARIA
RELAÇÃO DE DIREITOS HERDADOS OU
CENSORIAS NA TERRA DE SANTA MARIA
Apresenta-se agora a listagem do Arcediago da Terra de Santa
Maria, relativa ao pagamento de censorias, onde se integrava
Mozelos e Meladas.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
99
As censorias eram os direitos, rendas e pensões que as
catedrais deviam receber, anualmente, das Igrejas e Mosteiros
do Bispado. Também eram denominadas jantares, colheitas,
visitações, procurações ou paradas, além das terças pontificais
que, nos dízimos das Igrejas Paroquiais, lhes pertenciam.
As censorias têm a sua origem etimológica nos censores
ou censitores romanos. Entretanto, já desde o tempo de Carlos
Magno, que fez dar os dízimos às Igrejas, para que o povo ficasse
inteiramente livre de todos os mais encargos para com elas, quer
da fábrica, quer do sustento dos pobres e da manutenção dos
ministros eclesiásticos. Assim, se começou a escrever nos livros
censuais, lançando-se neles todas as censorias e forragens que as
Igrejas deviam pagar aos Bispos e seus clérigos e cabidos. Destes
censuais restam ainda alguns como este do Cabido da Sé do
Porto ou incluídos noutros que são, atualmente, denominados
tombos. Quer uns quer outros não são mais que os títulos das
referidas censorias (VITERBO:1965:II VOL. 89).
Apresento a listagem do Arcediago da Terra de Santa Maria,
relativa ao pagamento de censorias, onde se integrava Mozelos:
Missal dominical do século XV,
in Iluminura de Portugal, pág. 326
CENSORIAS
ECCLESIAE
(FREGUESIAS)
CENSORIAS
S. Martinho de
Argoncilhe
(Argoncilhe)
Santi Petri de Arrifana
(Arrifana)
Monasterio Sancti de
Petri Canedo
(Canedo)
Santae Mariae de
Duabus Ecclesijs
(Duas Igrejas- hoje
lugar da fregesia de
Romariz))
Santi Martini de
Scapaens
(Escapães)
Santi Iacobi de Sparago
(Espargo)
Não aparece qualquer referência na edição
impressa do censual, pois pertencia ao isento do
Mosteiro de Grijó
De cera unam libram, de mortuarijs LIIIJ solidos
(soldos) uel duos morabitinos ueteres, de tritico
duos quartarios, de auena vj quartarios, de millio
unum modium (Cens.:554).
XX bracalia, de cera duas libras, de censsu XX
morabitinos ueteres quy ffaciunt CC LXX libras
ert sunt capituli pro ad gloriam (ID:542).
De mortuarijs XV solidos, de avena duos
quartarios, de milio duos quartarios (ID.:IBID.)
De cera unam libram, de mortuarijs XL, de
tritico duos quartarios, de auena duos quartarios,
de millio duos quartários, de vino duos puçaes
(ID.:548).
De cera mediam libram, de mortuarijs XX libras
solidos, de tritico unum quartarium (ID.:549).
100 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Santi Nicolai de Feira
(S. Nicolau)
Sanctae Mariae de
Feaaens
(Fiães)
Sancti Andree de
Ujiam
(Gião)
Santi Mametis de
Guisande
(Guisande)
Santae Mariae de
Lamas
(Lamas)
Santi Iacobi de
Lobom
(Lobão)
Louredo
Santi Iacobi de
Lourosa (Lourosa)
Santi Micaelis de
Milheiroos (Milheirós
de Poiares)
Santae Marinae de
Mosteirô (Mosteirô)
De cera unam libram, de mortuarijs quinque
libras, de tritico unum modium, de auena unum
modium, de millio unum modium, de vino unum
modim, de censsu CCC libras (ID.:548).
De cera media libra, de mortuarijs xxx solidos, de
tritico duos quartarios, de auena seix quartarios,
de millio quinque quartarios, de vino duos puçaes
(ID.:543).
De cera mediam libram, de mortuarijs XI solidos,
de tritico unum quartarium, de auena unum
modium de milio três quartários (ID.:554).
De cera unam libram, de mortuarijs XI solidos,
de tritico unum quartarium, de auena vj
quartários, de milio unum modium, de vino,
unum puçalem_ Panem et vinum huius ecclesi est
pro ffabrica ecclesae cathedralis (ID:545).
De cera mediam libram, de mortuarijs XL
solidos, de tritico unum modium, de auena unum
modium, de millio unum modium. Panem et
vinum istius ecclesia est pro ffabrica (ID:550).
De cera unam libram, de mortuarijs tres libras,
de tritico unum quartarium, de auena septem
quartários, de milio unum modium (ID:545).
Não aparece qualquer referência na edição
impressa do censual.
De cera unam libram, de mortuarijs tres libras,
de tritico tres quartarios, de avena tres modios, de
milio novem quartarios, de vino unum modium
(ID.:550).
De cera mediam libram, de mortuarijs quator
libras e mediam, de tritico unum quartarium, de
auena unum modium de millio unum modium
(ID:545).
De cera mediam libram, de mortuarijs xx solidos,
de tritico. unum quartarium, de auena duos
quartarios, de millio unum. quartarium, de vino
unum modium (ID.).
Capela de Meladas
Santae Mariae
Maladas
(Meladas – atual-mente
integrada na freguesia
de Mozelos)
De cera mediam libram, de mortuarijs XX
sólidos, de tritico unum quartarium (ID: 552).
BF:297
Santi Martini de
Mozelos (Mozelos)
Santi S. Xpistofori de
Nucaria (Nogueira da
Regedoura)
De cera mediam libram, de mortuarijs XXX
solidos, de tritico duos quartarios, de auena
duos quartarios, de millio duos quartários,
de vino três puçaes (ID.:552).
De cera mediam libram, de mortuarijs XX
solidos, de tritico tres quartarios, de auena duos
quartarios, de vino unum puçal (ID.:553).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
101
Santi Pelagio de
Oleyros de (Oleiros)
Santi Cipriani de
Palaciolo de Bndô
(Paços de Brandão)
Santae Mariae de
Pegeiros
(Pegeiros)
Santi Iacobi de Rivulo
Mediano
(Rio Meão)
Santi Isidori de
Romariz
(Romariz)
Santi Felicis da Feira
(Sanfins)
Sante Eulalie de
Sangeedo
(Sanguedo)
S. Iohanis de Veer (S.
João de Ver)
Santi Georgij
(S. Jorge)
Santi Michaelis de
Souto
(Souto)
Santi Mametis de
Travanqua (Travanca)
Sanctae Mariae de Vale
(Vale)
S. Mametis de Vila
Maior
Vila Maior)
De cera mediam libram, de mortuorijs L sólidos,
de tritico duos quartarios, de avena duos
quartários, de millio duos quartários, de vino
duos puçaes – vinis istius pro ffabrica (ID:552).
De cera unam libram, de mortuarijs LIIIJ solidos
(soldos) uel duos morabitinos ueteres, de tritico
duos quartarios, de auena VJ quartarios, de millio
unum modium (ID:550).
De cera mediam libram, de mortuarijs XXVIJ
solidos, de tritico unum quartarium, de avena
duos quartários, de milio duos quatrtarios, de
vino unum puçale (ID.545).
De cera mediam libram, de mortuarijs tria
bracalia vel unum morabitino, de tritico duos
quartarios, de auena duos quartarios, de millio
duos quartarios (ID.:555).
De cera mediam libram, de mortuarijs quator
libras, de tritico unum quartarium, de auena
septem quartários, de milio septem quartarios
(ID.:555).
De cera mediam libram, de mortuarijs XX
sólidos, de tritico duos quartários, de avena duos
quartários, de millio duos quartários (ID:548).
De cera mediam libram, de mortuarijs XI solidos,
de tritico unum quartarium, de auena unum
modium, de millio unum modium (ID.:555).
Esta freguesia tinha um dos celeiros da diocese
e nele eram armazenados todas as censorias do
arcediagado da Feira, nomeadamente, trigo (25
moios e 11 quairas), aveia (47 moios e 2 quairas)
milho (45 moios e 10 quairas) e vinho (13 moios)
(ID.:550 a 552).
De cera mediam libram, de mortuarijs XXX
solidos, de tritico unum quartarium, de auena
três quartários et sextarium, de millio três
quartários et sextarius (ID.:554).
De cera mediam libram, de mortuarijs tres libras,
de tritico duos quartarios (ID. 548).
De cera unam libram, de tritico unum
qu.artarium, de auena duos quartarios, de milio
unum quartarium (ID:548).
De cera unam libram, de mortuarijs tres libras,
de tritico unum quartarium, de auena setem
quartarios, de milio unum quinque quartarios
(ID.: 544).
De cera unam libram, de mortuarijs XV sólidos,
de tritico duos quartarios, de avena quinque
quartarios de de milio unum modio (ID.: 556).
Bíblia do século XII,
in Iluminura em Portugal, pág. 143
102 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Para melhor compreensão dos dados inscritos no quadro
devem ser consultados no glossário os termos censo, censual,
moio, mortuárias, puçal, quarteiro e soldo.
Estas censorias eram direitos religiosos pagos em géneros, cera,
mortuárias, trigo, aveia, milho-miúdo e vinho, que seriam depositadas
no celeiro portucalense, por ordem do Bispo D. Vicente.
Sobre esta época, há mais a seguinte informação:
In fregesia de Moazelas habet Ecclesiola V casales et tota ipsa
ecclesia et Ospital habet ibi J casal (na freguesia de Mozelos, o
mosteiro de Grijó tem cinco casais e toda a sua igreja a Ordem
Militar do Hospital ou de Malta tinha um) (Oliveira:Ob.Cit:227).
Bíblia de Alcobaça
- Tábuas de Concordância,
in Iluminura em Portugal, pág. 45
Livro das Horas (século XV),
in Iluminura de Portugal, pág. 372
ASPETOS RELIGIOSOS ENTRE 1300 E 1496
No século XIV, multiplicaram-se os exemplos de correntes
heterodoxas em Portugal, tendo-se intensificado o reforço da
legislação civil e canónica, quer através da redação de tratados
de apologética, quer da nomeação de inquisidores.
A cristandade sofreu, neste século, as alterações climáticas, o
flagelo da fome, da peste e da guerra, foi assolada por uma revolta
anti-senhorial e anti-clerical, que atacava a excessiva riqueza e a
vida dissoluta das hierarquias, enquanto proclamava a igualdade
de todos os homens perante Deus. Na verdade, os camponeses
eram maltratados pelos senhores, no mundo rural, enquanto que
o proletariado urbano estava sujeito ao desemprego e à miséria.
O modo de provimento das paróquias é uma das características
dos regimes por que elas passaram, sob o aspeto senhorial.
Ao contrato livremente ajustado entre o clérigo e o senhor da
Igreja Própria, devia suceder a nomeação do Bispo Diocesano.
Geralmente, a instituição dos Párocos era feita pelos próprios
Bispos, mediante apresentação dos padroeiros. Os Bispos só
podiam prover livremente as Igrejas do seu padroado. Quanto
às outras, tinham de sujeitar-se à escolha dos padroeiros ou à
eleição regulada por costumes locais. Quando os padroeiros eram
o povo, segundo Alberto Sampaio, a apresentação fazia-se em
verdadeira eleição democrática. Alguns Párocos tinham o direito
de apresentação, em freguesias que haviam sido desmembradas
da sua, chamavam-se paróquias sufragâneas. Havia paróquias,
cujo provimento pertencia à Santa Sé. Em algumas, alternavam
os padroeiros, conforme os meses em que se desse a vaga.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
103
Quando o padroeiro não fazia a apresentação em tempo conveniente
ou havia divergência entre os copatronos, o provimento
era feito pelo Bispo que também tinha competência para julgar
as questões do padroado. Com a multiplicidade dos padroeiros
e com tão variada tutela, era natural que o provimento das paróquias
estivesse na origem de graves conflitos, durante o tempo
em que existiu o regime de padroado. Questionavam-se os padroeiros
entre si e todos questionavam com o Bispo.
O exercício de padroado concretizava-se num conjunto de
privilégios inerentes ao ius praesentandi (capacidade reconhecida
aos patronos para indicarem o clérigo que dirigiria a igreja) e ao
ius fruendi (congregava as regalias da comedoria, aposentadoria,
cavalaria e casamento). Era esta a lei e o costume a todos quantos
tivessem fundado Igreja Própria ou herdassem o padroado
dos seus antepassados.
Por bula, dada em Avinhão, a 23 de maio de 1320, o Papa
João XXII concedeu, por três anos, a D. Dinis, a décima parte
das rendas eclesiásticas do Reino, com exceção das pertencentes
à Ordem do Hospital, para subsídio da guerra contra os Mouros.
Por isso, fez a avaliação dos rendimentos de todas as igrejas
e mosteiros, ficando assim elaborado o primeiro catálogo das
freguesias de todo o País, distribuídas por Dioceses (OLIVEIRA:
1967:237).
Das freguesias que hoje constituem o Concelho de Santa Maria
da Feira, há as seguintes informações quanto aos pagamentos
eclesiais:
In Iluminura de Portugal, pág. 128
CATÁLOGO DAS IGREJAS DA FEIRA EM 1320
Ecclesiam de Sancti Martini de Argoncilhi Monasterio Ecclesiole
(Argoncilhe)
Ecclesiam de Duabus Ecclesijs ad quindecim libras (Duas Igrejas –
pertence hoje à igreja de Romariz)
Eclesias de Canedo (Canedo) e de Sancto Vincentio (de Louredo?)
(S. Vicente de Louredo) anexe decanatui.
Capelania de Canedo ad quindecim libras
Ecclesiam de Scapaães ad sexaginta libras (Escapães)
Ecclesiam de Sancti Jacobi de Sparago triginta libras (Espargo)
Ecclesiam de Feira ad octoginta libras (Feira)
104 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Missal de Lorvão (século XV); in
Illuminura de Portugal: pág. 306
Ecclesiam de Fornos ad sexaginta libras (Fornos)
Ecclesiam de Guisandi ad sexdecim libras (Guisande)
Ecclesiam de Juyam ad quinquaginta e quinque libras (Gião)
Ecclesiam de Lamis ad quinqaginta libras (Lamas)
Ecclesiam de Lobom ad centum libras (Lobão)
Ecclesia de Lourosa ad sexaginta libras (Lourosa)
Ecclesiam de Maladas ad decem libras (Maladas, hoje
integrada na Igreja de Mozelos)
Ecclesiam de Milheiros e de Guayati ad centum viginti libras (Milheirós
de Poiares)
Ecclesiam de Moozelos ad viginti et quinque libras
Ecclesiam de Nogueira da Regedoira ad triginta libras (Nogueira da
Regedoura)
Ecclesiam de Oleiros ad quadraginta libras (Oleiros)
Ecclesiam de Paacoo de Brandom ad triginta et quinque libras (Paços
de Brandão)
Ecclesiam de Peieiros ad quadraginta libras (Pigeiros)
Ecclesiam de Maceeda et Rio Meyam Hospitalis (Rio Meão)
Ecclesiam de Romariz ad nonaginta libras (Romariz)
Ecclesiam de Sancti Felicis ad quadraginta libras (Sanfins)
Ecclesiam de Sangueedo ad quadraginta quinque libras (Sanguedo)
Ecclesiam Sancti Johannis de Veer ad septuaginta libras (S. João de Ver)
Ecclesiam de Sanct Georgi ad quadraginta libras (S. Jorge)
Ecclesiam de Souto ad septuaginta libras (Souto)
Ecclesiam de Sancte Marie de Valle ad quadraginta libras (Vale)
Ecclesiam de Villa maiori ad triginta quinque libras (Vila Maior)
(BN:Reservados:179:Colecção Pombalina).
O século XV é marcado pelo movimento da reforma católica
pré-tridentina que permitiu fazer remontar, à segunda metade
do século, o início de uma análise que mergulha das raízes da
nova orientação espiritual, devocional e pastoral que envolveu
Dioceses, camadas elitistas e populares, congregações e ordens
religiosas, clausuras femininas, conventos e mosteiros masculinos
e também o clero secular (MARQUES:2000: II: 9-10).
Summa de Theologia/
São Tomás d’Aquino:
in Iluminura de Portugal: pág. 285
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
105
ASPETOS POLÍTICO-ECONÓMICOS
Será no século XIII que se assiste, motivado por
um significativo surto demográfico, a um definitivo
estabelecimento das características de
paisagem agrária medieval, a qual passa pelo
desbravamento da floresta, conduzido a partir dos castros e
incitado pela construção de ermidas, e pela adoção de
novas técnicas que permitam assegurar a máxima
rentabilização das explorações agrícolas das terras aluviais,
reservando-se para o nível médio de altitude,
a implantação da zona de habitat, que, por sua vez,
tem na criação de gado uma
atividade económica complementar
(MATTOSO:1986:199).
O acontecimento da Lide do Porto foi marcante para a
destituição do rei D. Sancho II, embora as tropas fiéis ao rei
tenham saído vitoriosas desse confronto. No entanto, outros
poderes e influências, sobretudo diplomáticas se exerciam junto
do papado para destituir o rei, já há algum tempo excomungado.
E seriam estas que imporiam o seu candidato, o irmão do rei, o
conde de Bologne Sur Mer, D. Afonso.
As Inquirições Gerais de 1220 e 1258, as quais, tendo como
objetivo o estabelecimento de um cadastro da propriedade régia
na região senhorial do reino, na qual se circunscreve o espaço em
estudo, também fornecem dados respeitantes ao padroado das
igrejas, propriedade das terras e direitos pagos pelos camponeses
aos senhores.
Cultivando preferencialmente as terras aluviais divididas
em leiras, a população estabelecida nas zonas de média altitude
também utiliza, para a agricultura, os terrenos próximos das suas
habitações, ou seja, os que se localizam nas encostas dos montes.
Aproveitando a abundância de água subterrânea, através de
fontes e poços para a realização de regas frequentes, conseguem
então, em conjunto com a utilização dos detritos provenientes
das casas e dos excrementos humanos e animais, os quais
proporcionam a formação de estrume natural, enriquecer o solo
e anular, em parte, as carências produtivas evidenciadas pelas
terras resultantes da decomposição das rochas graníticas.
É assim que nas áreas de habitação se cultivam produtos leguminosos,
os quais necessitam não só de abundância em água e
estrume, como de uma constante presença humana que vigie as
D. Sancho II
106 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
D. Dinis
diversas etapas do seu crescimento. Produzidos nas cortinhas e
nas hortas, podem, em certos casos, exceder as necessidades alimentares
dos seus produtores, orientando-se os seus excedentes
para os mercados vilãos e citadinos.
De acordo com o seu razoável dinamismo demográfico
e com os imperativos decorrentes da sua principal atividade
económica, a agricultura conseguiu combinar diversas formas
de ocupação do solo, de forma a reservar quase exclusivamente
as depressões fluviais para o cultivo cerealífero e a aproveitar os
recursos da floresta, tentando estabelecer um certo equilíbrio e
complementaridade à cultura cerealífera. Equilíbrio conseguido
pelo desenvolvimento de novas tecnologias de moagem, pela
construção e manutenção de uma complexa rede de caminhos
que, permitindo de forma indireta uma máxima rentabilização
das terras mais férteis, evitasse a respetiva ocupação para habitat
e a utilização agrícola de campos a maior altitude, os quais poriam
em causa a existência do espaço florestal (ID.:IBID.:199).
Segundo José Mattoso, é a partir do Porto episcopal e senhorial
que se começa a construir, a propósito da exploração económica dos
rendimentos das igrejas e paróquias, uma memória patrimonial global
da Terra de Santa Maria (ID.:1989:38).
Esta Terra, que chegou até à margem esquerda do Rio Douro
e que foi recuando para sul, era conhecida, desde o tempo da
Reconquista como muito úbere e produtora de cereais.
Aliás, no Censual do Cabido da Sé do Porto, como se pode
verificar pela análise às censorias das freguesias que hoje fazem
parte do Concelho de Santa Maria da Feira, apresentadas no capítulo
dos aspetos religiosos deste século, refere, como formas de
pagamento, o milho, o trigo e o centeio, com predomínio deste
(65 moios, no total da Diocese), milho (59) e trigo (38) (MAR-
QUES:1968:71).
Em 1288, D. Dinis mandou proceder a inquirições procurando
saber quais eram os bens da coroa e quais os que tinham
sido ocupados por nobres e religiosos. Esta ação só foi possível
porque havia terminado há pouco, no reinado de seu pai, a conquista
definitiva do Reino.
Foram realizadas inquirições régias no julgado da Feira.
Na parrochia Sancte Marie de Maladas (Santa Maria de Meladas,
hoje extinta por ter ocorrido uma peste que dizimou quase toda
a sua população foi integrada na paróquia de Mozelos), foram
testemunhas da inquirição, então realizada, Salvador Johanes, e
Stevam Dominguez e Martin Steves, fregueses de Santa Maria
que, sob juramento, quando inquiridos, disserom que nom há hi
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
107
onrra nenhua que e que en todo entra o mordomo, o que quer dizer
que não havia, lá, terras de fidalgos, havendo assim livre acesso
ao mordomo do Rei.
Relativamente a Mozelos, há a referência seguinte;
De parrochia Sancti Martini de Moeçelos
Domingos Steves, jurado e perguntado disse en esta freguesia há
casa de cavaleyro ou de dona que defenda per onrra disse que há hi
duas quintãas de Dona Sancha no lugar que chamam Moaçelos e disse
que as viu sempre onrradas (fol. 7v.º) e disse que viu sempre delo lugar
de las pedras a suso dito nunca hi viu entrar mordomo e pero tragemno
per onrra pero entra hi o porteyro e peytam ende a voz e a coomha
e o homezio mays nom entra ala o mordomo e tragem-nos per onrra e
disse que jazem hi en esta onrra três casaes de moesteiro e das donnas
quatro casaes e en todos entra o mordomo e tragem-nos per onrra pero
disse que ouviu dizer que soyam hi entrar o mordomo e tirou-o ende
Don Pero Martinz Çaffarom que era homem poderosso assi como o el
ovoi e disse que en todo o al da freegessia entra o mordomo d’el Rey
disse que nom que o el soubesse perguntado se esta onrra foy feita por
el Rey que nom o el soubesse perguntado de que tempo disse que o nom
sabia senom que ouvira dizer que o foy do tempo de don Pero Martinz,
Duram Gonçalves de Moeçelos
Don Giraldo de Moeçelos
Setevam dicto Lavandeyra
Pero Paez da Feyra
Todos jurados e perguntados disserom en todo como Domingos
Steves de suso dicto (TT:Livro 4 das Inquirições: Fls. 4 vº-14,
transcrito em Mattoso: O Castelo e a Feira: 192, 198 e 199).
Importa esclarecer, quanto à linguagem, que estamos perante
um documento redigido no português nascente, já que foi com
D. Dinis que se iniciou a escrita em português.
A situação em Mozelos era diferente de Meladas pois havia
terras honradas, isto é, pertencentes a fidalgos e ao mosteiro de
Grijó, que tinham um estatuto diferente das que eram pertença
régia.
Para melhor compreensão do documento, aconselho a
consultar no glossário (no final do livro) os termos seguintes:
honra, mordomo, peita, quintana ou quintã e voz e coima.
Em 1290, foram proferidas sentenças das inquirições régias
de 1288 com o seguinte teor:
Item freguesia de Santa Maria (sic) de Mozelos há hy duas
quintãas de Sancho Periz donae dizem as testemunhas que as virom
Castelo da Feira, gravura de 1841
108 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Actividade Agrícola no século XIII,
Biblioteca do Mosteiro do Escorial,
Espanha
sempre honrrradas des as pedras e suso com quatro casaaes seus e três
de moesteiros em esta guisa que nom entra hy mordomo mais entra hy
o porteyro e penhora polla voz e polla coima e pelo omezio. E em todo
o al da freguesia entra o mordomo. Esteem como estaam e entre hy o
mordomo nos logares hu entra (TT: Livro de Inquirições da Beira
e Além Douro: Fls. 13vº-18, Publicado por J. da Cunha Saraiva
Inquirições de D. Dinis na Beira, Arquivo Histórico de Portugal:
Vol. II (1935):115-122).
Até à época dos Descobrimentos, Portugal esteve clara e nitidamente
voltado para a terra. Lugar-comum este, que alguns têm procurado
rebater com base em certos fatores, mais aparentes que significativos,
mas que, cada vez mais, se nos afigura corresponder à real
situação económica portuguesa. (…) Dizer-se que Portugal, durante
a Idade Média esteve virado para a terra, não é exatamente o mesmo
que afirmar uma monarquia agrária para os séculos XII, XIII, XIV
e XV. (…)
A Idade Média Portuguesa, no seu aspecto cerealífero, é uma época
que luta desesperadamente pela autossuficiência e que não se resigna
a depender do comércio externo para subsistir. (…) (MARQUES:
1968:14-15).
Este século foi abalado por várias crises, terramotos, guerras
e pestes, entre outras. Assim, em 1355, Portugal foi abalado por
um terramoto e como o mais seco que os homens viram. A este
cenário catastrófico está associado um fenómeno de alterações
climáticas.
Já em 1354, a colheita havia sido fraca o que constituiu o
início de uma crise que perdurou nos anos seguintes e em 1364,
assistiu-se a uma escassez de mantimentos por rarefação de mãode-obra,
agravada nos dois anos seguintes.
Em 1371, explode uma nova crise, desta vez motivada pelas
aventuras bélicas de D. Fernando. No ano seguinte, ocorreram
graves inundações em todo o Reino, chegando a realizarse
procissões e clamores a pedir a intervenção divina para a
suspensão da chuva. O ano de 1375 foi de seca. No período de
1384/87, as perturbações ocorridas durante o interregno fizeram
desbastar as searas. Em 1391 e em 1394, faltou o pão no Reino.
O carácter compósito das distintas parcelas do casal prestava-se
também à possibilidade da sua permanente recomposição.
Mais ou menos extensos, os casais podiam desmembrar-se ou
aglutinar-se, no todo ou em parte, ou expandir-se, sobretudo à
custa da anexação de terras retiradas do ager, respondendo assim,
e conforme a maior ou menor rentabilidade dos terrenos em
que se implantam, às necessidades decorrentes da sucessão dos
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
109
variados ritmos demográficos medievais. Por vezes, a eles se associam,
sem contudo serem sua parte integrante, os campos e as
quebradas, localizados nas franjas das zonas mais intensamente
agricultadas e que, constituindo terrenos de menos fertilidade,
resultavam das pressões demográficas ocorridas no século XIII
e XV-XVI.
Se, em certos casos, a família que ocupa e detém a respetiva
propriedade, tratando-se assim de uma propriedade vilã, na
maioria das vezes, os casais são pertença das instituições eclesiásticas,
dos nobres ou do rei, tornando-se então elementos de um
mais ou menos amplo património fundiário que se encontrava
bastante disperso (MATTOSO ET ALLI:1986:199).
Houve um acentuado decréscimo da exploração direta ao
longo dos últimos séculos da Idade Média.
Neste século, os campos de trigo, de milho ou de cevada nem
sempre obedeciam a um sistema monocultural. Assim, há vários
exemplos de trigais ou vinhas com olivais, de herdades com pão
e vinho, de pomares entremeados de trigo, campos abertos e
devassos ou rodeados de cercas. Os processos culturais da terra
não diferiram muito, ao longo dos séculos. Assim, a seguir à sementeira,
seguia-se, no tempo próprio, a ceifa e a debulha, feita
com malho ou mangual ou, simplesmente, com os pés. A debulha
estava pronta por Santa Maria de agosto.
Naturalmente que a gestão destas vastas terras não era fácil,
pela sua própria natureza e dimensão, agravada por calamidades,
pestes e guerras. A mais grave de todas elas foi a grande peste de
1348, sucedida de outras de menor dimensão que, como afirma
Luís Carlos Amaral, abalaram de forma vigorosa toda a estrutura
social tendo, como primeira manifestação, a queda demográfica
(AMARAL: 1987:36).
É possível, sem grande margem para erro, caracterizar alguns
aspetos das atividades desenvolvidas na Freguesia, nesta época,
a partir de informações contidas em documentos relativos a
freguesias vizinhas e também por comparação com a situação
vivida nos séculos posteriores.
É o que faremos, seguindo de perto o trabalho realizado por
José Mattoso e outros (MATTOSO ET ALLI:1989: 69 a 113).
A cultura cerealífera tinha uma significativa dimensão, com
particular realce para a aveia e o milho. Este era aliás o mais
fortemente tributado pelos senhorios, razão por que aparece
mais documentado que a aveia. O terceiro cereal mais cultivado
era o trigo, com a vantagem da sua mais fácil comercialização,
quer através dos senhores, quer através dos camponeses. Em
Actividade Agrícolo no século XIII,
Biblioteca do Mosteiro do Escorial,
Espanha
110 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Quotidiano do século XIII,
Biblioteca do Mosteiro do Escorial,
Espanha
menor escala na região, dadas as características do solo e porque
este cereal é pouco exigente em matéria de solos e clima, e era,
ao lado do milho, o cereal mais utilizado no consumo próprio
das aldeias. Também a cevada era cultivada, em reduzida escala,
e servia não só para a panificação, como para a alimentação do
gado.
Isto reflete-se na importância económica dos moinhos. O
moinho de água e a azenha representam o sistema axial da
indústria da moagem, em toda a Idade Média. A sua introdução
deveu-se à sua difusão, em todo o espaço colonizado pelos
romanos, já conhecidos desde o século I (AC). Aos árabes, devese
a introdução da azenha na Península Ibérica, remontando a
referência mais antiga a1087.
Estes moinhos de água e azenhas eram, normalmente, instalados
nas margens dos cursos de água, empregando-se a força da
corrente para a moagem. Só mais tarde, surgiram os moinhos de
vento, mais propriamente, desde os finais do século XII. Havia
moinhos especializados na produção de farinha de trigo, as mós
alveiras, e de farinhas de segunda, as mós segundeiras.
Relativamente ao direito de propriedade, os moinhos de
diferentes tipos eram considerados propriedade rústica ou
urbana, podendo ser objeto de foro, prazo, renda, doação ou
escambo. Cabia aos senhores da terra a iniciativa da construção
destes meios de transformação e também a sua exploração. O
proprietário/senhor de cada moinho cobrava uma determinada
importância sobre todo o pão que moía, calculada, de acordo com
a quantidade de farinha produzida. O explorador do moinho ou
de cada roda cobrava, a quem fosse lá moer o cereal, a maquia,
uma medida retirada por cada alqueire de cereal moído. O termo
ainda hoje subsiste.
As culturas do linho e da vinha tinham também expressão
significativa. Aliás, a importância dada à cultura do linho originou
a confeção de tecidos como o bragal e o merendal, também
compensadores para a economia dos camponeses. Normalmente,
o cultivo da vinha aparecia associado aos campos de cereais,
apoiados nas chamadas árvores de vinho que davam suporte ao
seu desenvolvimento.
A olivicultura era também uma atividade importante, devidamente
assinalada na designação toponímica das freguesias vizinhas
de Olival e Oliveira do Douro, em Vila Nova de Gaia e
em Olivães, em Santa Maria da Feira.
As macieiras e pereiras eram também cultivadas porque resistiam
pouco a climas quentes e também elas deram nome a fregue-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
111
sias e povoados. Havia, também nogueiras, figueiras, loureiros,
castanheiros, estes importantes pela qualidade da sua madeira e
pela importância alimentar da castanha, até ao aparecimento da
batata na Europa, após as Descobertas.
No que respeita à horticultura, coexistiam as hortas, cortinhas
que necessitavam de uma abundante mão-de-obra e cuidados
de rega e adubagem, pelo que se situavam junto das habitações
rurais. Nas cortinhas, cultivavam-se alhos, cebolas, berças, isto é,
couves e ervilhas. As hortas e outras parcelas, como as várzeas,
se fossem estrumadas, aumentavam a sua produção. Os estrumes
utilizados eram os detritos humanos ou de natureza animal,
havendo documentação que identifica a existência de gado.
Quanto à criação animal, havia, em todas as aldeias, galinhas,
frangões, capões, e ovos, que serviam de tributo pago ou devido
aos camponeses. A criação de gado complementava o cultivo dos
cereais. São referenciados, em documentos vários, equinos e bovinos,
com os quais se negociava a terra. Os bois, vacas e bezerros
serviam também para comprar terras, antes do século XIII.
No início do século XII, um boi valia 10 vezes menos que um cavalo.
Todavia, era um bom investimento vender uma propriedade
para adquirir bois, dada a utilidade deste gado no amanho da
terra. Há várias notícias, também, sobre o gado ovino e caprino
que tinham um baixo preço o que levava a repetidas queixas dos
camponeses. Na verdade, um carneiro ou uma ovelha valia catorze
vezes menos que um boi e seis vezes mais que uma galinha,
enquanto as cabras valiam um pouco menos, pois eram mais
abundantes que os carneiros. Normalmente, a produção deste
gado situava-se na zona das terras altas. Como é sabido, uma das
razões da sua relativa importância situava-se no fabrico do queijo
e da manteiga, tendo esta um significativo valor económico. O
gado suíno tinha também bastante importância. Segundo a lei da
almotaçaria de 1253, um porco de 3 anos equivalia ao preço de 4
carneiros. Naturalmente que tal resultava da múltipla utilização
da sua carne, sob a forma de presunto, a gordura consumida na
época, a pele e as vísceras para o fabrico de enchidos.
Quanto à floresta, refira-se que os juncos eram utilizados
para forrar o chão de terra batida das habitações e para as cobrir,
sendo conhecidos muitos documentos, de épocas posteriores, que
nos falam de casas colmadas. A madeira era o principal produto
extraído dos bosques, dos quais também se aproveitavam
pastagens e matos.
A pesca era abundante também nos diferentes rios e ribeiros,
com grande variedade de peixes de água doce, pescados e
consumidos pelos camponeses. Nos sítios onde o rio se espraiava
As grandes linhas do comércio
interno de cereais, in Marques,
Introdução..., pág. 148
112 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ou nas zonas de areia onde se aprisionava, foram instaladas
muitas pesqueiras, abundantemente, documentadas.
O terceiro período inicia-se com um novo recuo demográfico,
ainda que não muito significativo, para depois se atingir, nos séculos
XV-XVI, a mais elevada densidade populacional registada para a
época a que nos reportamos, a qual motiva a tentativa de um novo
reordenamento agrário. Uma crescente desflorestação, de forma a
permitir situar nas superfícies mais elevadas os núcleos habitacionais,
e uma tentativa maltusiana para reservar as planícies fluviais para
a agricultura, o que é contrariado a sul através da ocupação para
habitat de parte das terras aluviais (...) Tensão entre paisagem agrária
e paisagem de influência urbana, que se reflectirá no recrudescer dos
conflitos entre camponeses e senhores, motivados pelo pôr em causa,
por parte daqueles, da propriedade e titularidade histórica das terras
de lavoura. Assunto que, por sua vez, nos remete para a necessidade de
um exame histórico sobre os protagonistas sociais desta paisagem: os
camponeses e os senhores (MATTOSO: 1986: 20).
Do século XIV, há informações relativas a Mozelos e a
Meladas, contidas no chamado Livro das Campainhas (códice
da segunda metade do século XIV, do Mosteiro de S. Salvador
de Grijó, que tinham várias propriedades nestas duas freguesias.
Este códice contém um tombo muito antigo de todas as rendas
e foros, de pão, trigo, milho, centeio e vinho, de geiras (dias de
trabalho que os arrendatários deviam prestar no mosteiro e de
outras coisas pertencentes ao dito mosteiro).
Mozelos e Meladas pertenciam ao mandamento de Silvalde e
nele são referidas as propriedades seguintes, bem como as suas
rendas e jeiras.
Aldeia de Seitella
ADP: Livro das Campainhas do
Mosteiro de Grijó
Casais que traziam Cordeiro e que pagava 15 libras e teria de
fornecer jeiras de três homens e onde morava Antonio (?) que
pagava 4,5 libras e fornecia jeiras de três homens e ainda o lugar
onde morava Domingos dos Bois que pagava 4 libras e jeiras de
3 homens.
Segue-se a ermida de Maladas e o padroado do Mosteiro de
Grijó, e dava ao dito mosteiro uma fogaça de alqueires (sic),
meio de trigo, 2 capões e uma cabaça de vinho.
O casal do dito lugar que era trazido por Pedro que eram
dois casais pequenos e davam por ambos 5 libras e jeiras de 3
homens.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
113
Johane da Pipa que trazia dois casais em um e dava por eles
15 libras em dinheiro e jeiras de 3 homens. Somava 1,5 alqueire
de trigo, 42 libras, jeiras de 15 homens, 2 capões e 1 cabaça de
vinho.
Aldeia de Prime
Antoninho Dominguez que pagava 5 libras e jeiras de 5 homens.
Moozellos
Joham Dominguez que trazia dois casais em um e dava de
trigo pela medida do eirado 10 quairas, que eram pela medida
nova 8 quairas e jeiras de 3 homens.
Dois casais em um que trazia Domingos Pirez e dava 7 libras
e jeiras de 3 homens.
A igreja de Moozellos que era padroado do mosteiro e dava
de colheita ao prior 6 libras.
Soma 8 quairas, 18 libras e jeiras de 11 homens. (Alarcão e
Amaral: Livro das Campainhas: 28 e 29).
Agricultura medieval
Em 1366, o Prior do Mosteiro de Grijó, D. Afonso Esteves,
que logo que chegou ao mosteiro, em 20 de julho de 1363,
iniciou de imediato a sua ação elaborou um tombo de todas as
propriedades, mandou redigir dois tombos com as terras, rendas
com os seus padroados que este mosteiro tinha no tempo do seu
priorado e cujo conteúdo é muito próximo do contido no Livro
das Campainhas.
Seitella
Cordeiro traz um casal e tem carta e conteúdo que paga trigo
e foros e paga ao prior D. Afonso por todo por ano 15 libras e
teria de fornecer jeiras de três homens.
Este casal é foreiro ao mordomo-mor com 3 alqueires de
trigo pela medida velha, 9 alqueires de cevada e 1 galinha ao
reguengo, 3 alqueires de pão de vodo e dava ao paço de Mozelos
2 alqueires e 3 jeiras por ano.
114 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Cultura de cereais – trigo
Outro casal onde tinha morado António estava ermo e pagou
nesse ano 6 quairas de trigo pela medida nova. Este casal dava ao
paço de Mozelos 2 alqueires de trigo, 2 de cevada, 1 galinha e 3
jeiras de testamento. E dava ainda ao reguengo 3 alqueires de pão.
Item o casal em que morava Domingos dos Bois, trazia-o por
5 anos, sendo este o terceiro, dando em cada um 3 libras.
A Igreja de Maladas é toda em solido do mosteiro e anexa
da Igreja de Mozelos e havia de dar anualmente uma fogaça de
serviço, 2 capões e 1 cabaça de vinho.
Idem o casal que era trazido por Pedro Esteves (e outro
em que morou Antanhio, que obteve por carta para si e para
Senhorinha Martins, sua mulher e para um filho, devendo dar
em suas vidas 7 libras e o filho dar 8. Foi feito pelo Prior D.
Domingos, em 1361. A renda era de 50 libras e 3 jeiras.
Idem dava de testamento, no paço de Mozelos, 1 quaira de
trigo, 1 de cevada, 3 jeiras, 2 galinhas, de vodo meio alqueire de
pão a El-Rei 3 quairas e 1 alqueire de cevada e 2 capões.
Idem Johane da Pipa que trazia dois casais e tinha carta que
foi feita pelo Prior D. Domingos que foi feita em 1361 devendo
pagar 16 libras, e deste as dar ao Prior Afonso amor 2 libras por
3 anos, sendo este o 3º ano. E o filho que era o “pessoeiro”, tinha
o nome de Gonçalo Dominguez e devia dar 17 libras e 3 jeiras.
Estes casais eram foreiros aos mordomos, a El-Rei, ao paço,
ao vodo, assim como o casal onde morava Cordeiro.
Idem Mozelos
Capela de Meladas
Antonio Dominguez trazia 1 casal por 5 anos, sendo este o
terceiro que pagava 5 libras e jeiras de 5 homens.
Este casal era foreiro à Lavandeira da Cadinha, e dava 2
alqueires de trigo, 2 de cevada, 1 galinha de testamento 3 jeiras
por ano e 3 alqueires de pão de vodo pela medida velha.
2 casais no Souto, ante o paço de Mozelos que eram ermos
pagando por eles Joham Dominguez 12 quairas de trigo e dali a
5 anos pagaria 7 libras e jeiras de 3 homens.
Estes casais pagavam de foro, cada um ao paço de Mozelos 2
alqueires de trigo, 2 de cevada, 1 galinha, 3 jeiras e do chamado
de pão de vodo.
Dois casais que trazia Domingos Perez em que morou Gonçalo
Estevez era trazido por 10 anos, devendo dar anualmente 9 libras
e 3 jeiras.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
115
Estes casais pagavam ao paço da Lavandeira, cada um 2 alqueires
de trigo, 2 de cevada, 1 galinha, 3 jeiras por ano e 3
alqueires de pão de vodo.
A igreja de Mozelos que era todo em solido do mosteiro e
dava a colheita ao prior (ADP: Mosteiro de Grijó: ms.91).
Verificamos, pela análise deste documento, a existência de
casais ermos o que acontecia devido aos efeitos da peste negra
que reduziu dramaticamente a população do país e da região. Não
se conhece contudo a amplidão verdadeira do despovoamento
provocado na região, pelas constantes epidemias do século XIV
(Amaral: S. Salvador: 28).
Por outro lado, dá-se conta da existência de direitos sobre
algumas propriedades referidas no documento por parte de
fidalgos do chamado paço de Mozelos.
No mês de maio de 1428, o Mosteiro de Grijó fez um prazo a
Diego Gonçalves de uma propriedade no lugar de Prime, na qual
deveria fazer todas as benfeitorias e todas as coisas que pudesse
fazer para que o casal passe a valer mais, devendo pagar de renda
7 libras em moeda antiga (ADP: Mosteiro de Grijó: Liv. 0036).
Até ao século XV, foi aumentando a área de cultivo e de
pastos, na região. No entanto, verificaram-se situações graves no
abastecimento resultantes de vários fatores.
Nos últimos dois séculos da Idade Média, houve grandes
alterações na exploração tradicional da terra, por parte dos
senhores. Um dos aspetos mais visíveis residiu na diminuição
das terras em regime de exploração direta. De facto, seguindo
a tendência do resto da Península Ibérica e mesmo da Europa,
os grandes senhores religiosos e laicos foram gradualmente
substituindo a administração direta dos seus domínios pelo
estabelecimento de contratos com os camponeses. A queda
demográfica, tendo como consequências imediatas a diminuição
da mão-de-obra e o aumento dos salários, exigiu que os senhores
tomassem medidas para manter o nível dos seus rendimentos
(AMARAL: 1994: 63).
Assim, logo no início do século, as colheitas foram escassas,
tendo em 1412/1414 havido uma crise geral em toda a Europa.
Por esse motivo, havia poucos mantimentos, nesta região, não
podendo os pobres comprar o pão, tão elevado era o seu preço.
Face a tal situação, o Bispo do Porto foi obrigado a pôr à venda
metade do pão que pretendia enviar para Lisboa. Mesmo assim,
tornou-se necessário importar trigo da Bretanha, da Inglaterra e
de outros países.
Cultura de cereais – trigo
116 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 1418, o inverno foi muito rigoroso, tendo-se perdido as
sementeiras de pão e de legumes. A crise regressou entre 1422 e
1427, tendo terminado com as colheitas deste último ano. Uma
crise geral na Europa regressa entre 1436 e 1441, o que fez subir
desmesuradamente o preço dos cereais.
Entre 1452 e 1455, voltaram os problemas resultantes de
invernos rigorosos e de colheitas fracas, o que voltou a verificarse
entre 1459 e 1461, 1467 e 1468, 1472, 1473, 1475, 1478, 1484,
1488, 1490 e 1491. Conclui-se que, dos meados do século XIV
aos finais do século XV, houve 21 crises de subsistência, não só
nos grandes centros populacionais, mas também na província.
A irregularidade das condições climatéricas foi a principal
responsável pelo deficit crónico do País em cereais de consumo,
aliado a solos pobres, resultando em baixa produtividade agrícola.
ADP: 247961
SÉCULO XVI
Entre os fins do século XVI e a primeira metade do século
XVII, houve a chamada peste grande (1569), perderam-se as
colheitas entre Douro, Minho e Trás-os-Montes (1574), houve
grandes fomes (1575), houve grandes esterilidades (1578), peste
em todo o Reino (1600) e falta de pão (1671) (Amorim: O Mosteiro
de Grijó: 39 e 40).
Com uma população subalimentada, o assalto das pestes e
outras epidemias, agravados pelas guerras, fizeram diminuir o
número de braços e condicionaram também a situação. Tudo
isto é o que os historiadores economicistas falam da generalizada
contração económica da Europa.
O ano de 1496, próximo da viragem do século, marcou o
país e Mozelos. No país havia sucedido ao Rei D. João II, o
Príncipe Perfeito, o seu cunhado, mestre da Ordem de Cristo
e duque de Beja, D. Manuel, que ficaria cognominado de o
Venturoso e com ele abria-se um novo período de prosperidade
assente no comércio com as Índias, depois de Vasco da Gama ter
desembarcado em Calecute em 1498.
FORAL DA VILA DA FEIRA EM 1514
Foral de Vila da Feira em 1514
O rei D. Manuel I emitiu carta de foral à Vila da Feira, em
1514, facto este que não tem qualquer relação com o nascimento
do concelho que já tinha uma existência mais remota, mas teve
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
117
muito a ver com o desenrolar da vida quotidiana do mesmo concelho
e na Terra de Santa Maria, durante os séculos XVI, XVII, XVIII e
parte do XIX
No advento do liberalismo em 1820, tornou-se obsoleta a
continuidade da vigência dos forais e, em 1832, o pacote legislativo de
Mouzinho da Silveira exigiu a sua abolição (Ribeiro da Silva:Foral
da Vila da Feira:9).
Neste foral, surge a seguinte referência a Mozelos:
O casal de Afonso Gonçalves, que traz João Anes, dá de trigo dois
alqueires e quarta e em dinheiro vinte e sete reais. E paga para Grijó
duzentos e sessenta reais. O que costumava trazer Gonçalo Anes, trá-lo
Sebastião Afonso, dá de trigo dois alqueires e quarta e dinheiro vinte
e sete reais. O casal de Pousadela, que trouxe Heitor Ferreira, que ora
traz Afonso Anes dá trigo dois alqueires e quarta (Fl. 25), de milho
três quartas e três galinhas. E paga mais este Afonso Anes, por outro
casal, três galinhas, João do fundo da Vila, de trigo três quartas que
ora traz e paga João Dias (ID.:25).
Nos finais do século XVI, o mosteiro de Grijó celebrou os
seguintes prazos de 3 vidas em Mozelos:
Em 1523, a Gaspar Fernandes e a sua mulher Janebra Gomes
da Quinta da Fonte, que pertencia à capela dos cónegos, com
a renda de 900 reis em dinheiro, duas galinhas, de lutuosa o
mesmo e domínio de quinto;
Em 1527, a Gonçalo Anes e a sua mulher Madalina Pires de 2
casais da Seitela com a renda de 25 alqueires de trigo, 1 galinha,
5 geiras, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1528, a João Soares e a sua mulher Justa Pereira do casal
de Seitela com a renda de 22 alqueires de trigo, 2 galinhas, 6
geiras, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1532, a Beatriz Fernandes, a Alda, do casal de Seitela
com a renda de 1 alqueire de trigo, 3 alqueires de milho, centeio
11 alqueires, 2 geiras, 2 galinhas, 25 reis em dinheiro, 1,5 capão,
de lutuosa 150 reis e domínio de quinto;
Em 1545, a Madalena António, filha de Bastião António de
1/3 do casal de Vilas com a renda de 1 alqueire de trigo, 5 alqueires
de centeio, 3 alqueires de cevada, 1 galinha, o mesmo de
lutuosa e domínio de quinto;
Em 1547, a Gonçalo Afonso e a sua mulher Maria Pirez de 2/3
do Casal de Vilas com a renda de 2 alqueire de trigo, 12 alqueires
de centeio, 6 de cevada, 2 galinhas, o mesmo de lutuosa;
Em 1552, a Pedro Anes, a sua mulher Margarida Pirez e a
um filho que viessem a ter de um terço do casal em Ermilhe com
ADP: Santo Agostinho da
Serra:K/15/2-15
118 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ID.: IBID.
a renda de 7 alqueires de trigo, 2 galinhas, 12 ovos, o mesmo de
lutuosa de domínio de quinto;
No mesmo ano, Gonçalo Lopes comprou a Mercules Varela
o casal de Prime e que pagaria de renda na 1ª vida 6 alqueires de
trigo e 1 galinha na 2ª e 3ª vida 8 alqueires de trigo e 1 galinha,
lutuosa 1 arrátel de cera e domínio de quarenta;
Em 1557, a Baltasar Vasques e a sua mulher Beatriz Godinha,
do casal do Souto com a renda de 28 alqueires de trigo, 2 galinhas,
de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1563, a Dona Helena, mulher de D. Rodrigo de Crasto,
do casal de Maladas com a renda de 400 reis em dinheiro, de
lutuosa o mesmo e domínio de quinto. Os passais pertenciam
ao Mosteiro da Serra. Belchior, filho de Pantalião Pires celebrou
prazo da outra metade;
Em 1565, a Cristóvão Fernandes e a sua mulher Maria da
Cunha do casal da Seitela com a renda de 1 alqueire de trigo, 12
alqueires de centeio, 3 alqueires de milho, 2 galinhas, 2 geiras, 1
frangão, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1566, a Gonçalo Alves e a sua mulher Madalena Anes do
casal de Prime que comprara à mulher de Gonçalo Lopes com a
renda de 9,5 alqueires de trigo, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e
domínio de quinto;
Em 1568, a Belchior Gomes e a sua mulher Ana Pinta da
Quinta da Fonte, que pertencia à capela dos cónegos, com a
renda que pagará a 1ª vida em dinheiro 1000 reis, a 2ªe a 3ª vida
em dinheiro 1.200 reis, duas galinhas, de lutuosa o mesmo e
domínio de quinto;
No mesmo ano, Isabel Pirez, filha de Domingos Pirez do
casal de Seitela com a renda de 3 alqueires de centeio, 50 reis em
dinheiro, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1579, a António Fernandes e a sua mulher Maria Pires de
metade de casal de Seitela com a renda de 1 alqueire de trigo, 4,5
alqueires de centeio, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de
quinto. Foi feito prazo a Belchior, filho de Bastião Pirez da outra
metade deste casal da Seitela com a renda de 1 alqueire de trigo,
4 alqueires de centeio, 4 alqueires de milho, 1 galinha, o mesmo
de lutuosa e domínio de quinto;
Em 1581, a João Pirez e sua mulher Maria Pirez de todo o
prazo da Seitela com a renda de 1 alqueire de trigo, 12 alqueires
de centeio, 2 galinhas, 2 geiras de homem, o mesmo de lutuosa
e domínio de quinto;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
119
Em 1585, a Frutuoso Luís e a sua filha Catarina Luís do
quarto do casal de Seitela e mais terras com a renda de 8 alqueires
e quarta de trigo, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto. A 3ª
vida era Domingos Dias, de Oleiros.
No mesmo ano, Pedro Gonçalves e a sua mulher Maria Pirez
de ¾ do casal de Seitela com a renda de 8 alqueires e quarta de
trigo, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto. Sucedeu em 3ª
vida a Madalena Gonçalves;
Em 1588, a Baltasar Pinto e a sua mulher Maria Machada,
da Quinta da Fonte com a renda de 2,5 alqueires de trigo, 2
alqueires de centeio, 2 alqueires de milho, 3 galinhas, de lutuosa
o mesmo e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Domingos Simões e a sua mulher Maria
Álvares de metade de um terço do casal de Ermilhe com a
renda de 3 alqueires e 1 selamim de trigo, 1 galinha, o mesmo
de lutuosa de domínio de quinto e outro prazo a Maria Simoa,
sua irmã da outra metade do mesmo terço com a renda de 3
alqueires e 1 selamim de trigo, 1 galinha, o mesmo de lutuosa e
domínio de quinto;
No mesmo ano, a Pedro Anes e sua mulher Margarida
Fernandes do casal de Prime com a renda de alqueires e 1
selamim de trigo, 1 alqueire de centeio, 1 alqueire de cevada, 1
galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Polónia Pirez, mulher que foi de Francisco
Annes o casal do Carpinteiro, em Prime, com a renda de 5,5
alqueires de trigo, uma galinha, de lutuosa o mesmo e domínio
de quinto, quando se extinguiu a 3ª vida do prazo anterior que
era Maria Fernandes, ao pé das Aldas no Porto;
No mesmo ano, a Jorge Fernandes Coelho e a sua mulher Joana
Fernandes, moradores em Lourosela, foi emprazado a metade da
Quebrada das Eiras com a renda de 0,5 alqueire de trigo, uma
galinha, 12 ovos, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
No mesmo ano, Jorge Pirez, o Velho, e sua mulher Isabel
Lopes da outra metade da Quebrada das Eiras com a renda de
0,5 alqueire de trigo, uma galinha, 12 ovos, de lutuosa o mesmo
e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Guiomar Gonçalves, filha que foi de
Catarina Pirez, de uma casa e leira chamada das Pedras do
Entrudo, na aldeia de Prime com a renda de 1/4 alqueire de
trigo, uma galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Gaspar Álvares e a sua mulher Maria
Gonçalves da sua casa palhaça e leira do Senteiro com a renda
ID.: IBID.
120 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ID.: IBID.
de meio alqueire de trigo, uma galinha, de lutuosa o mesmo e
domínio de quinto;
No mesmo ano, a Simão Ribeiro e a sua mulher Margarida
Coelha de umas terras do casal de Prime pagava 1 alqueire de
pão meado e 12 ovos;
No mesmo ano, a João Pirez e a sua mulher Maria Pirez de ¼
de casal de Seitela que comprou a Pero Gonçalves com a renda
de 3 alqueires e 1 raso de trigo, 1 galinha, o mesmo de lutuosa e
domínio de quinto;
No mesmo ano, a Osaia e a sua irmã da metade do casal em
Prime, que se chamava da Quintã ou do Carpinteiro a cada uma
da sua parte e pelos maridos com quem casarem, filho ou filha
que vierem a ter com a renda de 5,5 alqueires de trigo e duas
galinhas;
Em 1589, a Cristóvão Pirez e a sua mulher Margarida Pirez
de 3/4 de um terço de um casal em Ermilhe com a renda de 3
alqueires de trigo, 1 galinha, 12 ovos, o mesmo de lutuosa e de
domínio de quinto.
No mesmo ano, a Maria, filha que foi de Joane Annes, e
a Catarina Fernandes de um terço do casal de Ermilhe com a
renda de 6 alqueires e quarta de trigo, 1 galinha, o mesmo de
lutuosa e de domínio de quinto;
Em 1591, a Rui Gomes e a sua mulher de 2/3 do casal de
Vilas com a renda de 2 alqueires de trigo, 35 reis em dinheiro, 10
alqueires de centeio, 4 alqueires de cevada, 1 galinha, o mesmo
de lutuosa e domínio de quinto. João Brás e sua mulher Catarina
Gonçalves fez um prazo de 1/3 deste casal e outras terras que
comprara a Pero Gonçalves com a renda de 1 alqueire e 1 selamim
de trigo, 157 reis em dinheiro, 5 alqueires de centeio, 2 de cevada
e das ditas terras ou duas leiras 1,5 alqueire de milho, 5/4 de
cevada, 1 galinha, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;
Em 1597, a João Álvares e a sua mulher de metade do casal
de Prime com a renda de 5 alqueires de trigo, 2 galinhas, de
lutuosa o mesmo e domínio de quinto (ADP: Santo Agostinho da
Serra: K/15/12 – 26: Fls. 181 a 205).
Nos finais do século XVI, havia em S. Martinho de Mozelos,
1 quebrada, 1 quinta e 6 casais, na aldeia de Ermilhe, 1/3 de
casal, na aldeia de Prime, o casal de Prime, o casal da quinta
do Carpinteiro e a quebrada das Eiras, no lugar de Mozelos, a
quinta da Fonte, na aldeia do Souto, 1 casal, na aldeia de Seitela,
2 casais e no lugar de Vilas outro casal (ID: S.M. Mosteiro de
Grijó nº 109: Fls. 261 a 266).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
121
No século XVI, o Mosteiro de Santo Agostinho da Serra
tinha uma propriedade emprazada a Maria de Jesus, em 3ª vida,
no casal de Seitela pela qual pagava de renda anual 1 alqueire e
1 selamim de trigo, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;
Outra a Sebastiana Maria, 2ª vida, nos passais da igreja pagava
de renda anual 800 reis em dinheiro, 7 galinhas, cobrando ao
rendeiro 15 alqueires de terçado, o mesmo de lutuosa e domínio
de quinto;
Outra na quinta de Meladas a Pedro Henquel, 2ª vida 550
reis em dinheiro, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto
(ID.:Santo Agostinho da Serra:K/15/2-15, Fl.25v).
Neste mesmo século, a freguesia de Mozelos pagava de renda
à Mesa Capitular da Sé do Porto 2 búzios e dois terços de trigo, 4
búzios de centeio, 2 búzios e dois terços de milho e de vinho 15,5
reis, enquanto Maladas pagava 1 búzio de trigo, 1 búzio de centeio
e 1 búzio de milho (ID.:Cabido:K/13/1/3 – 8: Fls.279 e 279v).
Em 20 de junho de1577, a freguesia de Mozelos e Maladas
pagavam as mesmas de renda à Mesa Capitular da Sé do Porto
que eram depositadas no celeiro de S. João de Ver, onde eram
pagas todas as rendas da terra de Santa Maria (ID.:IBID.:K/13/1/3
–9:Fls.440v e e 441).
Igreja do Mosteiro de Grijó
ASPETOS ECONÓMICOS, SOCIAIS E
ADMINISTRATIVOS AO LONGO DOS
SÉCULOS XVII E XVIII
Na página anterior, reprodução de TT: Casa do Infantado,
Tombo Casa da Feira, Fl.577 (ano de 1705).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
125
Portugal é caracterizado pela persistência de sérias dificuldades
de abastecimento em produtos alimentares de origem agrícola,
sobretudo de cereais, e, dentre eles o trigo, base da alimentação de
massa, e pelo estrangulamento das indústrias, ao mesmo tempo,
sob pano de fundo da contração do Império Ultramarino
(CASTRO: 1984: vol. 5: 198).
Segundo o Professor Aurélio de Oliveira, a renda agrícola,
durante o Antigo Regime e grande parte do século XIX, era
constituída, na sua esmagadora maioria, não pelos proventos advindos
das explorações diretas, mas essencialmente provenientes
das explorações indiretas, por direitos e encargos dominiais, que
ultrapassavam a natureza das formas de exploração da terra, a
posse de outros bens mobiliários ou imobiliários e até de alguns
meios de produção (OLIVEIRA:1979:3).
A difícil situação que se viveu, em Portugal, nos fins do século XVIII
e princípios do século XIX, foi um desses períodos dramáticos, em que
por toda a parte se sente o aflorar destes fenómenos, surgindo inclusive
numerosas situações de conflitos, revoltas e confrontos sociais. A gravidade
variou de lugar para lugar, e circunstancialismos específicos, em
cada caso, tornaram tais confrontos ora mais ora menos violentos.
Os campos e o mundo rural vivem, de um modo ou de outro, enredados
em crises sucessivas e constantes. O quadro e o lugar da crise do
antigo tipo é, por excelência, o campo (OLIVEIRA:1980:54).
Ombreira de casa mozelense com a
inscrição: 1691 (Murado)
Em 20 de junho de 1602, foi elaborada uma lembrança sobre
certos casais do Mosteiro de Grijó, que eram trazidos por Cristóvão
de Crasto, escrivão de Vila Nova de Gaia. O casal de Seitela
pertencia à Igreja de Mozelos, sem qualquer título do mosteiro.
Gaspar Gomes, que fora criado do mosteiro e lhe fizeram demanda
Inácio Gomes um nome do mosteiro, e correndo a demanda
126 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Centeio
de concertação, dando-lhe Inácio Gomes alguma coisa de concerto,
Inácio Gomes entrou na posse do dito casal, a qual obteve
durante alguns anos, sem título algum e depois da sua petição,
o mosteiro deu-o a António de Crasto, filho dele Inácio Gomes
para a renda do seu património para tomar ordens, deviam os
padres do mosteiro obter licença do papa para dar a fazenda ao
mosteiro em título de património. Agora, em dúvida, depois fez a
petição o dito António de Crasto para poder vender o dito casal
a uma Inês Henrique, do Porto, por 50 mil reis e teve despacho
do mosteiro para o vender com paga do domínio e fez a petição
em que pedia que o casal fosse de nomeação sem que a dita Inês
fosse a 1ª vida, nomeasse a 2ª e esta nomeasse a 3ª e ficasse o
casal livre e desembargado ao mosteiro e com esta condição não
teve esta venda efeito, ficando Inácio Gomes e seu filho na posse
deste casal, o vendeu a Cristóvão de Crasto, por 30 mil reis
e indo ao mosteiro com a carta de venda para se lhe dar o seu
consentimento e licença, o mosteiro dissimulou pelo que ele o
obrigou na forma da lei, que dentro de 30 dias ou lhe desse licença
ou o tomasse para si ao que o dito Cristóvão houvesse posse
do dito casal em o qual estava a 20 de junho de 1602. Não tinha
prazo nem título algum do mosteiro e fazia esta lembrança para
que não deixassem perder este casal, pois era seu e era fazenda
que os pais defuntos lhe deixaram para remédio das suas almas.
Neste mês de janeiro, D. Gaspar e D. Lourenço, priores do
mosteiro, fizeram esta lembrança sobre o casal de Seitela e deveriam
dar informação ao papa da venda, do caseiro que nele
estava e acharam um tal Pero Frutuoso e sua mulher Maria Pirez
que pagavam de renda anual a Cristóvão de Crasto 24 alqueires
de trigo e 2 galinhas e por uma água que o dito Cristóvão comprou
e meteu no dito casal lhe pagavam mais 1 alqueire de trigo,
1 alqueire de milho, 18 alqueires de centeio à igreja de Vilar do
Paraiso e a quinta de Mozelos que era de Domingos Homem, do
Porto pagaria 1,5 alqueire de trigo, 1,5 de cevada, 3 capões e 1
galinha.
Junto a este casal estava 1 assento de casas e 1 pomar que
eram de Margarida Fernandes e pertenciam a este casal de Seitela
de que pagavam uma cabaneira que nele estava, 4 alqueires de
milho, 1 de centeio ao dito Cristóvão de Crasto.
As terras e assento do dito casal partiam do nascente para o
Monte Murado, no norte com terras do mosteiro de Grijó, de
travessa com o mosteiro de Pedroso e do sul com a estrada que
vinha de Ovar para o Porto.
E uma mulher muito velha que ali encontraram lhe dissera
que este casal fora dado por um abade daquela igreja, pai de
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
127
Inácio Gomes que renunciara ao mosteiro, a Janebra Gomes,
sua irmã, e depois de um Gaspar Gomes, seu marido, de quem
houve Gaspar Gomes, seu filho que a este fizera Inácio Gomes
em nome do mosteiro e dele houve por concerto dando-lhe alguma
coisa, E assim se foi alheando e com o passar do tempo
prescrevera não permitia e não houve remédio se não perdê-lo
(ADP: Mosteiro de Grijó: K/15/2-11:Fls. 17 a 18).
Nos séculos XVII e XVIII, o mosteiro de Grijó celebrou os
seguintes prazos de 3 vidas em Mozelos:
Em 1603, a Frutuoso António e a sua mulher Maria Coelha
da outra metade do casal de Prime com a renda de 5 alqueires de
trigo, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1608, a Maria Machada, mulher de Baltasar Pinto, de
toda a quinta com a renda de 1.666 reis em dinheiro, 3 galinhas,
de lutuosa o mesmo e domínio de quinto. Os lavradores que traziam
esta quinta para Maria Machada e lutuosa e domínio para o
mosteiro são os seguintes a quem também se fez um prazo: Gonçalo
Jorge e sua mulher Isabel Antónia e Domingos Gonçalves e
sua mulher Maria Domingas;
Em 1638, a Francisco de França e a sua mulher com quem
casar e filho ou filha que vierem a ter da metade da Quebrada
das Eiras com a renda de 0,5 alqueire de trigo, meia galinha, 1
frangão o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;
Em 1644, a Domingos Afonso, solteiro de 1/3 do casal de
Seitela para ele e para a mulher com quem casar e para o filho
que vier a ter com a renda de 3,5 alqueires de centeio, 50 reis em
dinheiro, 1 galinha, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;
No mesmo ano, a António Carvalho a leira da Sebe do terço
do casal de Seitela com a renda de 0,5 alqueire de centeio, o mesmo
de lutuosa e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Domingos Roiz do campo do Ribeiro do
casal de Seitela nas vidas do prazo com a renda de 0,5 alqueire
de centeio o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;
Em 1647, a Francisco Vieira de Sequeira e a sua mulher Isabel
Godinha, do casal do Souto com a renda de 28 alqueires de
trigo, 3 galinhas e o mesmo de lutuosa;
Em 1652, a António Coelho e a sua mulher Maria João do
casal de Vilas com a renda de 0,5 alqueire e 1 selamim de trigo,
2 alqueires e quarta de centeio, 1 alqueire de cevada, 90 reis em
dinheiro, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;
No mesmo ano, a António Gomes, já defunto do casal de Vilas
com a renda de 1 alqueire e 1 selamim de trigo, 5 alqueires e
128 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
quarta de centeio, 2 alqueires de cevada, 17 reis em dinheiro, o
mesmo de lutuosa e domínio de quinto, a António Carvalho e a
sua mulher Maria Dias com a renda de 1 alqueire menos 1,5 selamim
de trigo, 3,5 alqueires e 1 selamim de centeio, 2 alqueires de
cevada e 17 reis em dinheiro, a Maria Gomes, filho ou filha que
vier a ter com a renda de uma quarta de trigo, 1 alqueire de centeio
e 1 frangão, A Domingos Jorge e a sua mulher Isabel Ferreira
com a renda de meio alqueire de centeio e 6 ovos, a Gaspar António
e a seu genro João Dias pela renda de uma quarta de trigo,
1 alqueire de centeio, 1 galinha, 1 frangão o mesmo de lutuosa e
domínio de quinto;
Em 1658, a João Fernandes, solteiro, cabeça no prazo de 1/3
do casal de Vilas, com indicação à margem, de que este casal
era de Seitela com a renda de 2 alqueires de trigo, 9 alqueires de
centeio, uma quarta de cevada, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo
e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Manuel Pacheco, escrivão do crime, no
Porto, como 1ª vida deste prazo, seu filho José Pacheco com 2ª
vida e 3ª vida a mulher com quem casar com a renda de 750 reis,
2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Sebastião Godinho e a sua mulher Isabel
de Carvalhal, 1ª e 2ª vida com a renda de 6 alqueires e quarta, 2
galinhas, 0,5 alqueire de cevada, de lutuosa o mesmo e domínio
de quinto;
Em 1660, a Jorge Coelho e a sua mulher Maria Fernandes,
1ª e 2ª vida e a 3ª vida o filho da sua 1ª mulher com a renda de
0,5 alqueire de trigo, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio
de quinto;
Em 1663, a João Fernandes e a sua mulher Isabel Gonçalves,
do lugar de Ermilhe, a José Gonçalves e a sua mulher Isabel
Lopes, do Sobral, a Filipe Fernandes e a sua mulher Maria Fernandes,
da Quintã, todos 1ª e 2ª vida, no casal de Ermilhe com
a renda de 7 alqueires de trigo menos, 5 selamim, 1 galinha, de
lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1666, a Maria Jorge, viúva que ficou de Bernardo Álvares,
a Bento Álvares e a sua mulher Isabel Álvares, a Domingos Jorge
e a sua mulher Maria Álvares, todos 1ª e 2ª vida no meio casal
de Prime com a renda de 5 alqueires e quarta de trigo, 1 alqueire
de cevada, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1669, a Domingos Francisco e a sua mulher Catarina
Jorge, 1ª e 2ª vida com 1/3 do casal, sito no lugar do Casal e cabeças
dele com a renda de 0,5 alqueires de trigo, 4,5 alqueires de
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
129
centeio, 2 alqueires de milho, uma quarta de cevada, 2 galinhas,
1 frangão, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1672, a João Francisco e a sua mulher Maria Domingues,
1ª e 2ª vidas, cabeças da metade do casal de Prime com a renda
de 6 alqueires de trigo, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio
de quinto;
No mesmo ano, a Filipe Fernandes e a sua mulher Mariana
Fernandes, 1ª e 2ª vidas do casal de Prime e Quintã com a renda
de 11 alqueires de trigo, 3 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio
de quinto;
No mesmo ano, a João, órfão solteiro e já defunto tinha-lhe
sido feito prazo de 1/3 do casal de Vilas em foi 1ª vida e cabeça,
com a renda de 1 alqueire e 1 selamim de trigo, 5 alqueires de
centeio, 2,5 alqueires de cevada, 1 galinha, 20 reis em dinheiro,
de lutuosa o mesmo e domínio de quinto. A este João, órfão sucedeu
sua tia Isabel Antónia em 2ª vida, filha de António Gomes
e casada com João Domingues, moradores em Anta, lugar de Ermogães,
em 3ª vida sucederá um filho ou filha que vierem a ter;
Em 1660, a João Coelho e a sua mulher 1ª e 2ª vidas e cabeças
na metade do casal Meião e das leiras com a renda de meio
alqueire de trigo, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de
quinto;
Em 1669, a Domingos Francisco e a sua mulher Catarina
Jorge, 1ª e 2ª vidas de 1/3 do casal de Mozelos com a renda de 1
alqueire de trigo, 4,5 alqueires de centeio, 2 alqueires de milho,
1 quarta de cevada, 2 galinhas, 1 frango, de lutuosa o mesmo e
domínio de quinto;
Em 1672, a Pedro Ferreira e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas do
casal de Prime com a renda de 2 alqueires e quarta de trigo, 1
alqueire de centeio, 1 alqueire de meado, 1 alqueire de milho, 1
alqueire de cevada, oito ovos, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e
domínio de quinto;
Em 1673, a João António, 1ª vida, de 1/3 do casal de Vilas
com a renda de 1 alqueire e 1 selamim de trigo, 5 alqueires de
centeio, 2 alqueires de cevada, 1 galinha, 20 reis, de lutuosa o
mesmo e domínio de quinto;
Em 1679, a Domingos João e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas e
mais quinhoeiros de ¾ do casal de Seitela com a renda de 21 alqueires
e 3/4 de trigo, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio
de quinto;
130 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
No mesmo ano, a António Álvares e a sua mulher, 1ª e 2ª
vidas de 1/3 do casal de Ermilhe com a renda de 7 alqueires de
trigo, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1680, a Domingos António e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas e
3ª vida do filho ou filha que vierem a ter de ¼ do casal de Seitela
com a renda de 8 alqueires e quarta de trigo, de lutuosa o mesmo
e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Tomé Gomes e sua mulher Ana João, filho
ou filha que vierem a ter de parte do casal de Seitela com a renda
de 1 alqueire de trigo, 10 alqueires de centeio, 2 alqueires de milho,
meio alqueire de pão meado, 1 alqueire de cevada, 2 capões,
2 geiras, 1 dúzia de palha painça, 35 reis em dinheiro, o mesmo
de lutuosa e domínio de quinto;
Em 1683, a Manuel Gomes e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas e
3ª vida o filho ou filha que vierem a ter de 2/3 do casal de Vilas
com a renda de 1 alqueire de trigo, 10 alqueires de centeio, 2
alqueires de milho, meio alqueire de meado, 1 alqueire de cevada,
2 capões, 2 dúzias de ovos, 2 geiras de homem, de lutuosa o
mesmo e domínio de quinto;
Em 1690, a José Pacheco Pereira, a António Coelho e a sua
mulher Maria Francisca, a António André e a sua mulher Ana
Coelha e cada um deles 1ª, e 2ª vidas, cabeças do prazo de Mozelos
com a renda de 22 alqueires de trigo, 30 alqueires de cevada,
12 alqueires de centeio, 11 alqueires de milho, 7 geiras de
homem, 10 reis, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1693, a Domingos Álvares e a sua mulher, 1ª e 2ª vida
do casal de Ermilhe com a renda de ¾ de centeio, 2 galinhas, 1
frangão, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1708, a Manuel João e a sua mulher Maria de Carvalho,
1ª e 2ª vidas e ao filho ou filha que vierem a ter como 3ª vida de
1/3 do casal de Mozelos com a renda de 2 alqueires de trigo, 9
alqueires de centeio, 1 quarta de cevada, 2 galinhas, 1 frango, de
lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1712, a Cosme da Conceição e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas
de 1/3 do casal de Ermilhe com a renda de 6 alqueires e quarta
de trigo, 2 galinhas, 1 frango, de lutuosa o mesmo e domínio de
quinto;
Em 1718, a Maria, solteira e o marido com quem vier a casar
como 1ª e 2ª vidas de 1/3 do casal de Ermilhe que fora emprazado
a António Álvares e a sua mulher com a renda de 7,5 alqueires
de trigo, 2 galinhas, 1 frango, 24 ovos, de lutuosa o mesmo e
domínio de quinto;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
131
No mesmo ano, a Manuel Francisco e a sua mulher Antónia
de Sousa, 1ª e 2ª vidas do campo do Cantil e da Corga, em Seitela
com a renda de 1 alqueire de centeio, de lutuosa o mesmo e
domínio de quinto;
Em 1719, a Inácio Gomes e a sua mulher Domingas de Barros,
1ª e 2ª vidas em meio casal no lugar de Vilas com a renda
de 1,5 alqueires de trigo, 6 alqueires de centeio, 2 alqueires de
cevada, 1 galinha, 2 frangos, 30 reis em dinheiro, de lutuosa o
mesmo e domínio de quinto;
Em 1721, a Albano Fernandes e a sua mulher Iria Álvares, 1ª
e 2ª vidas em 1/3 do casal de Mozelos com a renda de 4 alqueires
centeio, 1 galinha, 59 reis, de lutuosa o mesmo e domínio de
quinto;
Em 1724, a Jorge Pereira e a sua mulher Francisca Antónia,
1ª e 2ª vidas de ¼ do casal de Seitela com a renda de 6 alqueires
e quarta, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;
Em 1726, a Manuel Carvalho e a sua mulher Cecília João, 1ª
e 2ª vidas num assento de casas e um campo sito em Gesto pela
renda de 1 frango, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
No mesmo ano, a João Rodrigues Camarinha e a sua mulher,
1ª e 2ª vidas num assento de casas, campo e pomar, sito em
Gesto com a renda de 50 reis em dinheiro, de lutuosa o mesmo
e domínio de quinto;
No mesmo ano, a Mateus Fernandes e a sua mulher, 1ª e 2ª
vidas, numas testadas em Mozelos com a renda de 3 frangos, de
lutuosa o mesmo e domínio de quinto;
Em 1725, a Francisco Vieira e à mulher com quem casar, 1ª e
2ª vidas do meio casal do Souto com a renda de 28 alqueires de
trigo, 3 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto (ADP:
Santo Agostinho da Serra: K/18/3-72: Fls. 261 a 273).
O Mosteiro de Santo Agostinho da Serra começou a ser construído
em 1538, por D. João III, tendo sido chamado inicialmente
Salvador de Grijó desde 1542, altura em que nele entraram
por transferência, por bula do papa Paulo III, os cónegos de
Grijó. A partir de 1566, com regresso, também por bulas apostólicas,
dos mesmos cónegos de Grijó ao seu antigo mosteiro, ficou
a existir separado, intitulando-se então do Salvador do Porto e,
por último, de Santo Agostinho da Serra, desde 1599. Permaneceu
povoado por cónegos regrantes de Santo Agostinho, até
1822, tendo-o abandonado os seus religiosos por volta do dia 10
de julho desse ano. Passou, desde então, para a posse do Estado.
Mosteiro de
Santo Agostinho da Serra,
Vila Nova de Gaia.
132 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Cláustro do Mosteiro de Grijó
Por sua vez, o Mosteiro de Grijó foi fundado pelo clérigo
Gueterre e por seu irmão Ausindo, pelo ano de 922, e povoaram-no
os cónegos regulares de Santo Agostinho. No ano de
1542, transferiram-se os seus religiosos para o mosteiro novo
da Serra, mas não se adaptando à mudança viriam a regressar,
por volta de 1566, ao seu antigo convento. Extinto com outros
conventos da mesma ordem pelo papa Clemente XIV, em 1770,
e passando, em 1744, por venda, a propriedade particular, foi,
algum tempo depois, no ano de 1792, repovoado pelos cónegos
de Santa Cruz de Coimbra. No verão de 1833, foi abandonado
pelos seus religiosos tendo passado para a posse do Estado.
É feita esta explicação porque há um número significativo de
documentos relacionados com a história remota e mais recente
de Mozelos que fazem parte do espólio dos mosteiros de Grijó
existentes na Torre do Tombo, no Arquivo da Universidade de
Coimbra e no Arquivo Distrital do Porto.
O Mosteiro de Grijó era igualmente possuidor de várias terras
em Mozelos das quais celebrava também prazos de vidas:
Em 9 de maio de 1618, o Mosteiro de Santo Agostinho da
Serra celebrou um prazo de vidas com João Pires, do lugar do
Casal e com Domingos Francisco, das Regadas, ambos em Mozelos,
à porta do mosteiro estando o prior, cónegos conciliários e
religiosos ordenados por todo o convento, tendo sido chamados
a cabido de campa tangida.
Possuíam este casal por compra que fizeram a Constantino
de Crasto, de Vila Nova do Porto, hoje Vila Nova de Gaia, com
a autoridade do mosteiro, seu direito senhorio, tendo sido feito
aos referidos caseiros o juramento dos Santos Evangelhos, em
que puseram as mãos.
A renda, foro e pensão anual era de meio alqueire e outro tanto
de lutuosa por cada vida. O prazo tinha a seguinte composição:
-Casas principais, aidos, palheiros, currais todos derribados
com eira e cortinhas, tinham de comprido de norte a sul 25 braças,
de largo 14 partindo de todas as partes com terras do Mosteiro
de Grijó levavam de semeadura 1,5 alqueire de pão;
– Outras casas contra o poente com o seu cerrado tinham de
comprido, de norte a sul, 30 braças e de largo 8, confrontando
de todas as partes com terras do Mosteiro levava de semeadura
1 alqueire de pão;
– Campo lavradio tinha de comprido do norte ao sul 48 braças,
de largo 30 braças do nascente ao poente 60 braças confrontando
a norte com terras do Mosteiro da Serra e das mais partes
com o Mosteiro de Grijó, levava de semeadura 8 alqueires de pão;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
133
– Leira da Pereira com o comprimento do nascente ao poente
de 44 braças, de largo 15, confrontando de norte com caminho
público, de poente com terras do mesmo casal e das mais partes
com terras do mosteiro de Grijó, levava de semeadura 4 alqueires
de pão;
– Leira da Fonte, tinha de comprido 20 braças de norte a sul
de largo 19, confrontava, de poente, com terras do mesmo casal
e das mais partes com terras do Mosteiro de Grijó levava de semeadura
2 alqueires de pão;
– Campo do Reguengo, com uma terra vintaneira, tinha de
comprido 80 braças e de largo 57, confrontava de todas as partes
com o Mosteiro de Grijó e levava de semeadura 30 alqueires de
pão;
– Ribeirinha, terra vintaneira, com 57 braças de nascente a
poente, de largo 35, confronta a sul com terra de Diogo Homem
Carneiro e das mais partes com terras do Mosteiro de Grijó e
levava de semeadura 3 alqueires de pão;
– Campo da Côrrega tinha de norte a sul 40 braças e de largo
8, confrontava com terras do Mosteiro de Grijó levava de semeadura
2 alqueires de pão;
– Ribeirinho tinha de comprimento, de norte a sul, 9 braças,
de largo 4, confrontava com terra de Diogo Homem Carneiro
e com terras do Mosteiro de Grijó, levava de semeadura uma
quarta de pão;
– Choupelo do Rego e a Devesinha da Parceria, com o comprimento
de 30 braças, de largo 12, confrontava com terras do
Mosteiro de Grijó, com o mesmo casal, com montado e caminho
público, levava de semeadura 2,5 alqueires de pão;
– Cortinha de Baixo, tinha de comprido 31 braças de largo
10, confrontava de todas as partes com terras do casal e do Mosteiro
de Grijó levava de semeadura 1,5 alqueires de pão;
– Choupelo da Vinha tinha de comprido 17 braças, de largo
15, confrontava de todas as partes com terras do Mosteiro de
Grijó, tinha toda a água necessária para as hortas, uso da casa,
e eira, um dia por semana e mais um dia e noite que houve pela
compra, levava de semeadura 1,5 alqueires de pão;
– Campo do Agro, com o comprimento de 100 braças de
largo 16, confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó
e com terras do casal, levava de semeadura 10 alqueires de pão;
– Mato da Barrosa, terra vintaneira, com o comprimento de
15 braças, de largo 12, confrontava de todas as partes com o
134 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Mosteiro de Grijó e com terras do casal levava de semeadura 2
alqueires de pão;
– Leira de Baixo dos Chãos do Caniço com o comprimento
de 35 braças, de largo 12, confrontava de todas a as partes com
o Mosteiro de Grijó e com terras do casal levava de semeadura
2 alqueires de pão;
– Outra leira, no mesmo lugar, com o comprimento de 24
braças, de largo 15 confrontava de todas as partes com o Mosteiro
de Grijó e com terras do casal levava de semeadura 2 alqueires
de pão;
Ribeirinho com o comprimento de 24 braças, de largo 15,
confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e com
terras do casal, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Monte da Vessada com o monte da Riba da Ribeira, com
o comprimento de 60 braças, largo 16, confrontava de todas as
partes com o Mosteiro de Grijó e com terras do casal, levava de
semeadura 6 alqueires de pão;
Freixalinho, tinha de comprido 20 braças, de largo 8 braças
confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e com
terras do casal, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Leira do Salgueiral, terra vintaneira, tinha de comprido 50
varas, de largo 6, confrontava de todas as partes com o Mosteiro
de Grijó e com terras do casal, levava de semeadura 3 rasos de
pão;
– Leira da Areosa, com o comprimento de 120 braças, de
largura 5 terra vintaneira confrontava de todas as partes com o
Mosteiro de Grijó e com terras do casal levava de semeadura 4
alqueires de pão;
– Leira do Forno, terra vintaneira, com 207 braças e 8 de
largo confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e
com terras do casal levava de semeadura 8 alqueires de pão;
– Um cômoro abaixo com o comprimento de 20 varas e 2 de
largura confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó
e com terras do casal levava de semeadura 1 alqueire de pão;
– Duas leiras de lavoura com 87 braças de comprido e 7 de
largo confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e
com terras do casal levava de semeadura 3 alqueires de pão;
– Leira do Sobreiro, tendo de comprido 35 braças e 3 de
largo, confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó
e com terras do casal levava de semeadura 4 alqueires de pão;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
135
– Chão dos Sabudos, com 42 braças de comprido e 12 de
largo, confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e
com terras do casal, levando 4 alqueires de semeadura;
– Leira do Testamento, com 29 varas de comprido e 15 de
largo, confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó
e com terras do casal, levava de semeadura 2 alqueires de pão;
– Uma devesinha, terra vintaneira e um pedaço de monte
confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e com
terras do casal e levava de semeadura 4 alqueires de pão (ADP,
Santo Agostinho da Serra:K18/4-8: Fls. 51v a 55, K/26/8/5-200,
Fls.105v a 112, K/15/2-12: Fls. 1 a 5).
Em 7 de Dezembro de 1625, o Mosteiro de Santo Agostinho
da Serra celebrou um prazo do casal de Meladas de três vidas,
pela renda, foro e pensão de 450 reis e outro tanto de cada vida
de lutuosa, a Manuel de Aguiar Godinho e a sua mulher Brízida
Godinha Ferreira, 1ªe 2ª vidas, e a um filho ou filha que viessem
a ter, 3ª vida, celebrado à porta do mosteiro estando os cónegos
chamados a capítulo de campa tangida.
O casal tinha a seguinte composição:
– Uma casa que era o assento do dito casal, uma casa meio
telhada e meio palhaça, com 10 braças, casa para servir de currais
e palheiros árvores de fruto ao redor, 1 bico de pomar com
uma cortinha que estava defronte da porta da ermida de Nossa
Senhora de Meladas e levava de semeadura 10 alqueires de pão;
– Outra cortinha abaixo desta que vinha entestar com a dita
ermida e levava de semeadura 10 alqueires de pão;
– Outra cortinha da banda de Aguião que estava pegada a
outro campo, junto de um combro desta cortinha, que levava de
semeadura 6 alqueires de pão;
– Outro campo pegado ao combro e uma cortinha para a
banda de baixo e levava de semeadura 3 alqueires de pão;
– Um monte chamado a Lavoura de Baixo, terra vintaneira,
para a banda do sul e levava de semeadura 30 alqueires de pão;
– Outra terra, chamada a Lavoura de Cima contra o norte,
terra vintaneira que levava de semeadura 25 alqueires de pão;
As Lavouras de Baixo que tinham dentro de si 2 pedaços de
devesa de castanho e um deles para a parte do nascente tinha de
comprido 18 braças e de largo 3, o outro pedaço teria outro tanto
como a de cima e levava de semeadura 3 alqueires de pão;
– Mais um pedaço de campo que estava entre as devesas que
levava de semeadura 2 alqueires de pão.
136 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Todo este casal estava cercado de valos ao redor e partia do
nascente com terras do mosteiro com o casal de Seitela e daí, da
parte norte, com o montado da mesma freguesia, em direção
aos Marmoirais e à Mamoa da Vila Boa, da banda do poente
com a Correga, da Correga para a banda sul direito à Cavada
da Regada e daí pelo caminho ia para moinho de Rio Maior,
acima até chegar à devesa e ao dito casal de Seitela que era do
mesmo mosteiro. Tudo ficava dentro destas confrontações sem
partir com terra algum.a
O casal deveria pagar de renda, foro e pensão anual 450 reis
em boa moeda de prata da corrente no Reino, paga em dia de
S. Miguel de setembro, às custas e riscos dos caseiros. A primeira
renda foi paga em 1625. O casal foi emprazado com todas
as suas casas, currais, palheiros, quinteiros, anteportas, campos,
leiras, devesas, montes, águas, árvores de fruto e sem ele, rotos
e por romper, entradas, saídas e serventias. Os caseiros não
podiam dar nem doar, trocar e escambar e obrigar o casal nem
nenhuma parte dele e havendo de vender o uso dele sem licença
e autoridade do mosteiro. Não deviam consentir que nas terras,
testadas ou montes dele vivessem ou fizessem casa cabaneiro ou
cabaneira, homem ou mulher de mau viver e lhes faziam este
prazo contanto que não fosse em prejuízo do mosteiro ou de
terceiros e os caseiros pagariam mais os foros, direitos a que este
casal estivesse obrigado com pena de perderem o direito ao seu
emprazamento. Chegando ao dia dos Santos de qualquer ano
sem pagarem a dita renda e que ficando de fora da apegação
qualquer coisa pequena que fosse a perderiam e que chegando o
dito dia dos Santos sem pagarem a dita renda pagariam, por dia,
200 reis (ADP: Santo Agostinho da Serra: K/26/18/3 – 250: Fls.3
a 4v) e K/72/8/5 – 260: Fls. 74 a 77).
Em 19 de janeiro de 1642, o Mosteiro de Santo Agostinho da
Serra celebrou um prazo com João Francisco, casado, com sua
mulher Maria Domingas Gomes, e outros, moradores no lugar
de Prime de metade do casal da quinta das Meladas, tendo sido
feita a respetiva apegação (ID.:IBID.:Fls. 70v a72).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
137
CASA DO INFANTADO
Criada pelo rei D. João IV em 1654-1655, a chamada Casa
do Infantado era um conjunto de bens materiais, propriedades e
rendimentos, vasto património senhorial, em sua maioria confiscados
aos apoiantes de Espanha durante o período da Restauração
da Independência. Foi extinta em 1834.
Propriedade do segundo filho do Rei de Portugal (o príncipe
que não era o herdeiro da Coroa), tal Infante possuiria assim o
título de Senhor da Casa do Infantado ou simplesmente Senhor do
Infantado. A medida visava assegurar o mantimento dos filhos segundos,
para que vivessem no Reino, e tivessem as suas casas próprias.
Procurava-se sobretudo garantir as condições de uma larga
descendência para perpetuar e dilatar o mais que pudesse o sangue
e família real. Tudo leva a crer que D. João IV estaria já seguro da
incapacidade do seu sucessor (depois Afonso VI de Portugal) para
o exercício da realeza. A base da doação foi a cidade de Beja, com o
título ducal, que pertencera ao rei D. Manuel I de Portugal. Como
esse rendimento não bastava, juntou-se-lhe o senhorio da casa de
Vila Real e de Caminha, confiscado em 1641. A doação abrangia
as vilas, lugares, castelos, padroados, terras, foros, direitos e tributos
da segunda casa, o que garantia o título de duque de Vila Real
para o filho primogénito do Infante D. Pedro. A Casa continuou
a receber novas doações da coroa: a quinta de Queluz e suas pertenças;
os palácios e casas dos Corte-Real em Lisboa, que haviam
pertencido ao 2º marquês de Castelo Rodrigo; a vila de Serpa e
seu termo com seus celeiros e os de Moura; as rendas da Ordem
Militar de Cristo de que o infante se via nomeado comendador; as
lezírias da Golegã, Borba, Mouchões e Silveira, perto do rio Tejo,
junto de São Libório, termo de Santarém; e as saboarias do Porto
e das vilas e lugares de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes.
Outras mercês foram acrescentadas depois de subir ao poder Afonso
VI, como a concessão a D. Pedro de obter anualmente 1000
quintais de pau-brasil sem pagamento de direitos; e a compra que
o mesmo efetuou a sua irmã, D. Catarina de Bragança, da cidade
de Lamego e do paul de Magos.
Assim, não era apenas a extensão dominial que definia a
Casa do Infantado, mas o conjunto dos seus rendimentos numa
vasta zona urbana e rural desde Trás-os-Montes ao Baixo Alentejo.
A sua principal riqueza era agrícola, mas beneficiava também
de interesses marítimos (Caminha, Aveiro) e ribeirinhos. Assim,
depois da Casa de Bragança a do Infantado foi a mais abastada
do Reino como domínio senhorial. (Wikipedia, a 2 de maio de
2017, às 14:54).
Brasão de Armas do
Primeiro Infante.
O Palácio Nacional de Queluz
fez parte das propriedades da
Casa do Infantado.
138 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 3 de março de 1705, a Casa do Infantado celebrou um
contrato de emprazamento de vários casais de várias freguesias
da Vila da Feira, entre as quais estava Mozelos:
Casal de Seitela
Este casal está referido no foral da Vila da Feira (Fls. 25), e
de que era cabeça Manuel Francisco e sua mulher, Maria Gomes
e de que eram também possuidores João da Costa, viúvo, e outros
e pagava de foro de 2 alqueires e quarta de cereal, 28 reis
em dinheiro, pagando ainda ao Mosteiro de Grijó, seu direito
senhorio, 260 reis. O casal compunha-se de:
– Casa em que viviam Domingos Francisco e o padre André
Alves, Manuel Francisco, João da Costa e Mateus Fernandes e
tinha currais, aidos com as suas cortinhas e um pedaço de devesa
de mato, tudo estava tapado sobre si com muro e media em
redondo por não ter outra medição tinha 425 varas, levava de
semeadura 30 alqueires de centeio, partia de nascente com João
Alves, Inácio Gomes, Domingos Coelho e Francisco Cardoso,
do poente com caminho de serventia dos casais, do norte com
monte maninho e do sul com terras do casal de Vilas de que
eram possuidor Mateus Fernandes;
– Tapado chamado da Cavada Velha com matos, pinhais,
campos e árvores, tudo tapado sobre si, medido em redondo
tinha 2.580 varas, levava de semeadura 150 alqueires de centeio,
partia de nascente com caminho que era serventia dos casais,
de poente com a leira do casal e vessada que possuía Mateus
Fernandes, do norte com terra da freguesia de Nogueira da Regedoura
e do sul com terras do mesmo casal;
– Leira do Sebe, de que era possuidor João da Costa, tinha
de comprido do norte ao sul, pelo meio, 216 varas, de largo 29,
levava de semeadura 4 alqueires de centeio, tinha um pedaço
de mato pela parte do sul, partia de nascente com a leira de Mateus
Fernandes, do poente com Manuel, solteiro, do norte com
o caminho que ia para o forno e do sul com pinhal de Mateus
Fernandes;
– Leira das Huxas de Baixo, que possuía o Padre André Alves,
tinha de comprido 81 varas e de largo 10 varas, levava de
semeadura 1 alqueire de centeio, partia de nascente com Mateus
Fernandes e outros, do norte com terras do mesmo casal e do sul
com o caminho que ia para a Cancela da Corredoura;
– Outra das Leiras de Riba que possuía João da Costa, tinha
de comprido do norte ao sul 45 varas e de largo 18, levava de
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
139
semeadura 1 alqueire de centeio, partia de nascente com Mateus
Fernandes, do poente com pinhal, do norte com caminho que ia
da Carreira da Boca da Lavoura para Arioza e do sul com Inácio
Gomes e António Cardoso;
– Outra leira das Huxas, que era possuída por Mateus Fernandes,
tinha de comprido, do norte ao sul, 30 varas e de largo
6, levava de semeadura ¼ de centeio, partia de nascente com o
dito, do poente com António Cardoso, do norte com a leira de
acima confrontada e do sul com a Carreira que vinha da Presa
do Carvalho;
– O Chão do Sobreiro que estava todo tapado sobre si, tinha
de comprido do norte ao sul, pelo meio, 79 varas e de largo,
pelo meio, 55 varas, levava de semeadura 6 alqueires de centeio,
partia de nascente, poente e norte com Mateus Fernandes, do sul
com caminho que vem da Boca da Lavoura e vai para as Vessadas
da Ariosa;
– O Monte das Covas tinha de comprido do nascente ao
poente, pelo meio, 137,5 varas e de largo 27,5 varas. Levava de
semeadura 2,5 alqueires de centeio. Partia do poente com terra
do mesmo casal e das mais partes com monte maninho;
– Monte da Propriedade tinha de comprido do norte ao sul,
pelo meio, 120 varas e de largo 115, levava de semeadura 6 alqueires
de centeio, partia de poente com terras do mesmo casal
e das mais partes com o monte maninho.
Casal de Vilas
Este casal está referido no foral da Feira (Fls 25). Foi feito o
seu emprazamento em 4 de março de 1705 tinha vários caseiros,
pagava de foro 2 alqueires e ¼ de trigo e 28 reis em dinheiro,
tinha título de prazo que fora feito pelo Mosteiro de Grijó, seu
direito senhorio, do qual era foreira a Casa da Feira e dele pagavam
anualmente 2 alqueires e ¼ de trigo e 28 reis em dinheiro.
Era composto por:
– Campo da Vinha que estava tapado sobre si medido em redondo
tinha 275 varas, levava de semeadura 4 alqueires de centeio,
partia de nascente com Monte dos Casais do Murado, do
poente com o caminho da Fonte de Vila, do norte com caminho
das Vessadas e do sul com António Francisco de Seitela e outros;
– Monte da Propriedade do Murado que media em redondo
455 varas, levava de semeadura 10 alqueires de centeio, partia
de nascente com Montado do Murado, do poente com o cami-
140 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
nho da Fonte do Carvalho, do norte com Manuel Francisco e
Domingos Francisco e do sul com o monte maninho;
– Cortinha do Brito que tinha umas casas térreas pelo sul e
outras térreas com seus aidos, tinha de comprido do norte ao sul
pelo nascente desde o cunhal das casas térreas até ao cunhal das
outras térreas, pelo nascente, 105 varas e de largo, pelo meio, 35,
levava de semeadura 2,5 alqueires de centeio, partia de nascente
com o caminho da Aldeia de Vilas, do poente com Domingos
Carvalho e Maria Antónia, do norte com a Cancela da Aldeia de
Vilas e do sul com a Carreira da Barrosa;
– Agros, cortinhas e montes do Salgueirão que pertenciam
a todos os caseiros tinham de comprido, de nascente a poente,
pela banda do sul, pegando no cunhal do curral de Francisco
Cardoso, indo o redor dos combros e divisões direito ao poente
ao monte maninho, tinha 630 varas e de largo do sul ao norte
pelo poente 108 varas e do poente ao nascente pelo norte vindo
direito até à Cortinha de Além e dali indo vadeando, ficando
de dentro desta medição até ao caminho da Fonte o redor do
Outão da Casa de João Domingues tem 592 varas, levava de
semeadura 50 alqueires de centeio, partia do nascente com o
caminho da Fonte e do poente com monte maninho e do norte
com Mateus Fernandes e terras do mesmo casal e do sul com
Mateus Fernandes;
– A Ribeira da Ponte do Fundo tinha de comprimento do
nascente ao poente, pelo meio, 65 varas e de largo, pelo meio,
27,5 varas, levava de semeadura 3 alqueires de centeio, partia
de nascente e norte com Mateus Fernandes e com o Ribeiro da
Ponte e do poente e sul com monte maninho;
– Cortinha de Além do Choupelo tinha de comprido do nascente
ao poente 165 varas e de largo do norte ao sul 137,5 varas,
levava de semeadura 8 alqueires de centeio, partia do nascente ao
poente com o monte do mesmo casal e do poente com o caminho
que ia para a cancela da Corredoura e do norte com caminho que
ia para a Corredoura e do sul com terras do mesmo casal;
– Campo da Relva com um pinhal da parte do nascente estando
tudo tapado sobre si e medido tudo em redondo, tinha
de roda 330 varas, levava de semeadura 3 alqueires de centeio,
partia do nascente com monte do mesmo casal e do poente com
Mateus Fernandes, do norte com Domingos Francisco, do casal
e do sul com o caminho da Lavoura;
– Leira das Huxas tinha de comprido de norte ao sul 20
varas e de largo 10 varas, levava de semeadura 9 alqueires de
centeio, partia do nascente com Mateus Fernandes e do poente
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
141
com pinhal de António Francisco, do norte com João da Costa e
do sul com terras do mesmo casal;
– Outra leira das Huxas tinha de comprido de norte ao sul
pelo meio 105 varas e de largo pelo meio 10, levava de semeadura
1,5 alqueire de centeio, partia do nascente com pinhal, do
poente com Mateus Fernandes, do norte com o caminho que ia
para as Vessadas e do sul com a Corredoura;
– Corredoura que era de mato e campo tinha de comprido
do nascente ao poente 440 varas e de largo pelo poente 96 e pelo
poente 86 varas, levava de semeadura 10 alqueires de centeio,
partia do nascente com António Francisco, do poente com monte
maninho e Oleiros, do norte com Mateus Fernandes e do sul
com Jorge Fernandes;
– Monte de Eirigo tinha de comprido do norte ao sul 289
varas de largo 220, levava de semeadura 20 alqueires de centeio,
partia do nascente com lavoura de António Francisco, do poente
com o montado de Nogueira da Regedoura, do norte com Campo
da Mouta e do sul com montado de Oleiros;
– Monte do Forno e campo dos Ribeiros tinha de comprido
do norte ao sul 165 varas de largo pelo sul 110 varas, pelo norte
12, levava de semeadura 5 alqueires de centeio, partia de nascente
com Mateus Fernandes, do poente com monte de Oleiros,
do norte com o mesmo casal e do sul com Francisco Cardoso e
Maria Carvalho;
– Leira da Sebe tinha de comprido do norte ao sul 224 varas
de largo 5 varas, levava de semeadura 6 alqueires de centeio,
partia do nascente com Nicolau Francisco, do norte com carreira
que ia para o forno e do sul com Mateus Fernandes, de Seitela;
– Campo do Barril com um pedaço de monte tinha de comprido
do nascente ao norte 64 varas, de largo, pegando do pé de
um carvalho grosso que estava no meio da terra lavradia até ao
caminho do Forno 40 varas, levava tudo de semeadura 2,5 alqueires
de centeio, partia do nascente com Domingos Francisco,
do poente e sul com caminho do Forno e do norte com Domingos
Francisco, dos Barris;
– Leira da Pereira, sita na Lavoura da Vila, com o comprimento
do norte ao sul pelo meio 135 varas e de largo 15 varas,
levava de semeadura 1 alqueire de centeio, partia de nascente e
poente com Mateus Fernandes, do norte com caminho que ia
para o forno e do sul com Nicolau Francisco;
– Campo da Corga tinha de comprido do nascente ao poente
pelo meio 74 varas, de largo pelo poente 52 varas e pelo
nascente 6 varas, levava de semeadura 2,5 alqueires de centeio,
142 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
partia do nascente ao norte com o caminho da Seitela, do sul
com campo de Maria Antónia, viúva e do poente com Domingos
João, da Quintã;
– Leira do Pereira que estava tapada sobre si tinha de comprido
do nascente ao poente 75 varas e de largo pelo meio 32,
levava de semeadura 3 alqueires de centeio, partia do nascente
com a estrada que vinha de Ovar, do poente com o caminho do
Reguengo, do norte com Jorge Fernandes e do sul com devesa;
– Fonte do Velho tinha de comprido do norte ao sul pelo
meio 211 varas, de largo 8,5 varas, levava de semeadura 2 alqueires
de centeio, partia do nascente com o caminho da Fonte
do Velho, do poente com Maria Antónia, do norte com o caminho
do Reguengo e do sul com estrada que vai para Rio Maior;
– Leira na Cortinha de Sinta que tinha de comprido do norte
ao sul pelo meio 92 varas e de largo pelo meio 19, levava de
semeadura 3 alqueires de centeio, partia de nascente com João
Fernandes, do norte com João Francisco e do sul com Caminho
da Cruz;
– Outra leira, no mesmo sítio, que tinha de comprido do norte
ao sul 92 varas, de largo 19, levava de semeadura 2,5 alqueires
de centeio, partia do nascente e norte com João Francisco, do
poente com Manuel Pinto, do sul com a Carreira da Cruz;
– Campo do Maçarico que tinha de comprimento do norte
ao sul 168 varas, de largo 22 varas, levava de semeadura 6 alqueires
de centeio, partia do nascente com António Alves, do
poente com terras de Francisco Pereira, do norte com a Carreira
Velha e do sul com o caminho do Cabouco;
– Campo das Relvas tapado sobre si tinha de comprido do
norte ao sul 55 varas, de largo do nascente ao poente 45, levava
de semeadura 3 alqueires de centeio, partia do nascente com Pedro
Ferreira, do poente com caminho do Avenal, do norte com
caminho da Lavoura e do poente com Pedro Ferreira;
– Leira da Cancela com umas casas que tinha de comprido
do norte ao sul pelo meio 100 varas, de largo 13 varas, levava de
semeadura 2 alqueires de centeio, partia do nascente com Jerónimo
Fernandes, do poente com caminho dos Salgueiros, do norte
com António Domingues e do sul com a Carreira da Lavoura;
– Ribeira de Usins que estava de devesa e ribeira que tinha
de comprido de nascente ao poente 75 varas, de largo 55, levava
de semeadura 4 alqueires de centeio, partia de nascente com
Jorge Fernandes, do poente com João Coelho, de Lourosa, e do
norte e do sul com António André;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
143
– Os campos chamados do Ermo que estavam tapados com
valos e sebes e medido tudo junto tinham de comprido do nascente
ao poente 117 varas, de largo do norte ao sul 46 varas,
levava de semeadura 7 alqueires de centeio, partia do nascente e
norte com Manuel António, de poente com o rio de Prime e do
sul com Jorge Fernandes;
Casal de Grijó
Estava no lugar de Prime e pagava de foro 2 alqueires e ¼ e
2 galinhas;
Casal do Penedo
– Devesa do Rapigo com um pinhal e mato, toda tapada sobre
si, tudo medido em redondo tinha 280 varas, levava de semeadura
16 alqueires de centeio, partia do nascente com Reguengo
do Fundão, do poente com o campo do Marujal, do norte com
terras de Grijó e do sul com Pedro Ferreira e outros;
– Campo do Lenteiro com casas térreas e estava tapado sobre
si, media em redondo 220 varas, levava de semeadura 3 alqueires
de centeio, partia de nascente com João Azevedo, do poente
com Carreira do Rio, do norte com monte maninho e do sul
com João Francisco;
– Outra leira do Lenteiro que tinha de comprido do norte ao
sul 55 varas, de largo 6 varas, levava de semeadura 1 alqueire
de centeio, partia do nascente e poente com João de Azevedo, do
norte com monte maninho e do sul com Manuel Pinto;
– Cortinha da Porta, que tinha umas casas térreas, estava
tapada sobre si, medida em redondo tinha 385 varas, levava de
semeadura 10 alqueires de centeio, partia de nascente com a Carreira
que ia ao Rio, do poente com o rio de Prime, do norte com
Manuel Fernandes e do sul com Rafael Alves;
– Assento de Prime com casas térreas, cortinhas, devesas de
castanho, pinhais e matos com seus pousados, estando tudo tapado
sobre si com combros e valos e medido em redondo tinha
830 varas e passava pelo meio ao pé dos campos de devesa do
Rio da Fonte, levava de semeadura 50 alqueires de centeio, partia
do nascente com a Carreira do Avenal e Salgueiro, do poente
com Domingos Gonçalves e outras, terras foreiras, religiosas de
S. Bento da Cidade do Porto e do norte com a carreira do Ermo
e do sul com monte do mesmo casal:
144 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Leira de Malpica, que tinha de comprido do norte ao sul
110 varas, de largo pelo meio 20 varas, levava de semeadura 2
alqueires de centeio, partia do nascente e sul com a Carreira da
Malpica, do poente com terras de Grijó e do norte com Manuel
António;
– Serrado do Cavouco com terras lavradias e pinhais estando
tudo tapado sobre si indo em redondo, começando a mediçãoda
Cancela do Cavouco indo pelo norte, voltando pelo nascente
e vindo em redor do Rio a fechar na mesma Cancela donde
começou, tinha 778 varas, levava de semeadura 12 alqueires de
centeio, partia de nascente com monte de Baltasar Pereira, do
poente com a Carreira de Malpique, do norte com Domingos
Gonçalves e do sul com rio de Lourosela;
– Matos de Gunxeira com devesas de castanho e matos, tudo
estava tapado sobre si com combros e paredes e medido em redondo
tinha 990 varas, levava de semeadura 50 alqueires de centeio,
partia do nascente com a Carreira Velha e as Gunxeiras de
Lourosela, do poente com Matias Alves e outros, do norte com
terras do mesmo casal e do sul com monte maninho;
– Devesa do Ermo que tinha de comprido do norte ao sul
77,5 varas, de largo 18 varas, levava de semeadura 1 alqueire de
centeio, partia do nascente e sul com o Rio do Ermo e do norte e
poente com João Azevedo (TT:Casa do Infantado: Fls.57 a 594).
Em 5 de maio de 1712, o Mosteiro de Grijó celebrou um
prazo de vidas do casal de Ermilhe com Cosme da Conceição e
com sua mulher Maria do Espírito Santo, 1ª e 2ª vidas e o filho
ou filha que vierem a ter como 3ª vida. Tinha a seguinte composição:
– Assento de casas, quinteiros, palheiros e 2 choupelos levava
de semeadura 3 alqueires de cereal;
– Campos com seu mato, entrando nas Fontainhas levava de
semeadura 8 alqueires de cereal;
– Duas leiras de monte, chamadas as Covas levava de semeadura
8 alqueires de cereal;
Quinhão, nos Sabudos da Marinha, mais a Ribeira de Ermilhe
levava de semeadura 10 alqueires de cereal;
– Cortinha com o seu mato levava de semeadura 7 alqueires
de cereal;
– Devesa da Fonte com o seu choupelo levava de semeadura
2 alqueires de cereal;
– Campo da Centieira, que era monte, levava de semeadura
10 alqueires de cereal;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
145
– Três leiras na Lavoura do Campo Verde levava de semeadura
10 alqueires de cereal;
– Devesa no Campo de Prime levava de semeadura 1 alqueire
de cereal.
Este prazo tinha a renda, foro e pensão anual de 6 alqueires
de trigo, meio alqueire de cevada, o mesmo de lutuosa e domínio
de quinto (ADP: Mosteiro de Grijó: K/18/4 – 8).
Em 14 de janeiro de 1720, celebrou um prazo de três vidas, do
casal de Prime, com Armando Alves com a mulher com quem se
casasse como 2ª e 3ª vidas e com o filho que viessem a ter como
3ª vida e mais comedores. O casal tinha a seguinte composição:
– Aposento de casas, eira, quinteiros, horta e palheiro que
levava de semeadura 1 alqueire de centeio;
– Campo do Ermo que levava de semeadura 3 alqueires de
centeio;
– Choupelo do Avenal que levava de semeadura 2 alqueires
de centeio;
– Leira da Cancela que levava de semeadura 2 alqueires de
centeio;
– Leira da Malpica que levava de semeadura 6 alqueires de
centeio;
-Leira de lavoura, chamada a Cortinha de Riba que levava de
semeadura 1 alqueire de centeio;
– Metade da Cortinha da Figueira, também chamada Cortinha
da Cruz ou do Lenteiro que levava de semeadura 3,5 alqueire
de centeio.
O casal pagava de renda anual 5 alqueires e quarta de trigo,
1 alqueire de cevada, de lutuosa outro tanto da renda anual e
domínio de quinto (ADP: Mosteiro de Grijó: K/18/4- 9: Fls.199v
a 200).
Em 30 de junho de 1721, o Mosteiro de Grijó celebrou um
prazo de vidas do casal de Seitela a Manuel Pereira e a sua mulher
Cecília Francisca, 1ª e 2ª vidas, e que tinha a composição
seguinte:
– Aposento de casas, eira, quinteiro e pousio levava de semeadura
6 alqueires de cereal;
-Cortinha das Eiras e Devesa da Leirinha com vinhas levava
de semeadura 10 alqueires de cereal;
– Campo do Bacelo levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
146 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Leira de lavradio e mato e Campo Chão do Freixal levava
de semeadura 10 alqueires de cereal;
– Outra leira do Freixal levava de semeadura 1 alqueire de
cereal;
– Uma leira de mato, no Monte de Fora da Fonte do Velho
levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Outra leira no Freixal levava de semeadura 6 alqueires de
cereal;
– Monte e campo do Chãozinho levava de semeadura 6 alqueires
de cereal;
– Pinhal dos Chãos levava de semeadura 3 alqueires de cereal;
–Uma leira no monte da Lavoura, chamada leira do Salgueiral,
levava de semeadura 1,5 alqueires de cereal;
–Uma leira na Cancela da Corredoura levava de semeadura
6 alqueires de cereal;
– Uma leira no monte da Areosa levava de semeadura 6 alqueires
de cereal;
Uma leira de mato levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Pinhal do Forno e da Côrrega levava de semeadura 2,5
alqueires de cereal;
– Leira do Pereira levava de semeadura 4 alqueires de cereal;
– Vessada de Baixo levava de semeadura 6 alqueires de cereal;
– Leira do Chão de Baixo, levava de semeadura 4 alqueires
de cereal;
– Leira do Chão do Sobreiro levava de semeadura 1 alqueire
de cereal.
Este prazo pagava de renda 11,5 alqueires de trigo, o mesmo
de lutuosa e domínio de quinto (ID.:IBID.: K/18/4-8: Fls. 138
a 145).
Em 8 de maio de 1724, o Mosteiro de Grijó celebrou um prazo
de 3 vidas de metade do casal de Prime com Brízida, solteira,
1ª vida, o homem com que viesse a casar, 2ª vida, e o filho que
viesse a ter, 3ª vida.
O meio casal compunha-se de:
– Ribeira e Devesa do Moinho, levava de semeadura 8 alqueires
de cereal;
– Leirinha do Ermo, levava de semeadura 5 alqueires de cereal;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
147
– Leira do Cancelo, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Leira da Relva, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Leira do Cavouco, levava de semeadura 1 alqueire de cereal;
– Leira da Malpica, levava de semeadura 3,5 alqueires de
cereal;
– Uma leirinha de monte, 3/4 a mato, levava de semeadura
2 alqueires de cereal;
– Leira da Cortinha de Cima, levava de semeadura 6 alqueires
de cereal.
A renda, pensão e foro anual era de 6 alqueires de trigo, o
mesmo de lutuosa e domínio de quinto (ID.:IBID.: K/18/4-10:
Fls. 215 a 219).
Em 5 de agosto de 1724, o Mosteiro de Santo Agostinho da
Serra celebrou um prazo ao Padre José Palmer Xavier, da cidade
do Porto, da Quinta das Meladas que medida em redondo tinha
1117 braças, sempre à roda da parede, indo da parte do nascente
para o poente onde estavam os marcos que partiam com Lamas
e Paços e donde estavam no cano da quinta da parte de fora moradores
de Paços, distante 17 passos da capela.
Dentro da medição, estava a capela da invocação de Nossa
Senhora de Agosto, casas sobradadas de pedra, palheiros, cortes,
pomares, terras lavradias, pinhais, devesas de castanho e seus
currais, moradias para os caseiros tudo dentro da quinta e dentro
da medição que foi feita sempre à roda.
Tinha mais, da parte de fora da quinta, o campo dos Carvalhos
que estava tapado e em redor da parede, havia muitas árvores
de castanheiros, carvalhos, sobreiros, uma nogueira e muitos
pinheiros e levava de semeadura 170 alqueires de centeio. Estas
terras eram foreiras ao Mosteiro de Grijó. Partilhavam com outras
terras águas, serventias e coisas semelhantes.
Pagavam os direitos segundo os forais e os costumes antigos
e pagavam de renda 550 reis e 5,5 tostões, pelo S. Miguel de setembro,
em dinheiro de contado, de lutuosa a renda de um ano
e domínio de quinto ID.: Santo Agostinho da Serra: K/26/18/4 –
255: Fls. 197 a 202).
Em 25 de setembro de 1724, o Mosteiro de S. Salvador de
Grijó emitiu um alvará de prazo e aforamento sobre um campo
então chamado do Cantil e agora denominado da Corga, no
lugar de Seitela e que então se achava sem título e por isso foi
agora emprazado de novo com a renda e pensão anual de um
alqueire de centeio, a Manuel Francisco e a sua mulher António
de Sousa, do lugar da Quintã da freguesia de Mozelos. O campo
Porta da casa da Quintã
Carvalho secular na
Quinta de Meladas
148 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Curral antigo adaptado
tinha de comprido de norte a sul 30 braças e de largo 6,5 braças
da parte do sul e 22,5 braças pela parte do norte, confrontando
com a Carreira da Barrosa e pelo poente com terras do Mosteiro
da Serra e prazo da Barrosa (ID.:, Mosteiro de Grijó, Lv. 82 –
K/18/3: Fls. 102 a 103v).
Em 7 de janeiro de 1725, o Mosteiro de Santo Agostinho da
Serra celebrou um contrato de emprazamento em três vidas de
um quarto de casal, sito em Seitela a Jorge Pereira, a sua mulher
e aos mais comedores que tinha a seguinte composição:
– Aposento de casas, aidos, quinteiro, eira, pomar, horta e
cortinhas e levava de semeadura 2 alqueires de centeio;
– Leira de Devesinha levava de semeadura ¾ de centeio;
– Leira da Possa na Cortinha de Baixo levava de semeadura
1 alqueire e 1/4 de centeio;
– Campo de Baixo levava de semeadura 6 alqueires de centeio;
– Campo do Lameiro levava de semeadura 7 alqueires de
centeio;
– Chão do Sobreiro levava de semeadura 1,5 alqueire de
centeio;
– Leira da Pereira levava de semeadura 6 alqueires de centeio;
– Leira da Vessada levava de semeadura 2 alqueires de centeio;
– Leira do Forno levava de semeadura 3 alqueires de centeio;
– Duas casas com seus quinteiros, um curral, um campo junto,
chamado a Lavourinha levava de semeadura 1,5 alqueires de
centeio;
– Leira da Pereira, em Gesto levava de semeadura 3/4 de
centeio;
– Outra leira da Pereira, ali pegado levava de semeadura 5
alqueires de centeio. Levava de semeadura 2 alqueires de centeio
(ID.: Santo Agostinho da Serra: K/18/4-11: Fls. 80v a 87v).
Em 10 de fevereiro de 1727, o Mosteiro de Grijó celebrou um
prazo de vidas de propriedades sitas em Mozelos a Domingos
dos Santos, morador em Vila Nova de Gaia que a deu a seu filho
Domingos Pereira dos Santos.
Pagava de renda, foro e pensão anual meio alqueire e 1 selamim
de trigo, 3/4 de frango, o mesmo de lutuosa e domínio
de quinto.
Era constituído pelo Monte de Erigo com a sua côrrega. Tinha
de comprido do norte a sul pela parte do nascente medido
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
149
pela Lavoura de Vilas 95 braças, cada uma delas com 10 palmos.
A medição principiou de um marquinho que estava ao pé da
parede da Lavoura de Vilas até outro marco que fica a norte.
Na cabeça do sul, estava outro marco. Do nascente ao poente
principiava e acabava a medição até outro marco que estava na
côrrega, da parte sul ao marco que fazia a divisão que estava
na côrrega, tinha 120 braças, medida de largo tinha 9 braças
e principiando a medir a côrrega da parte do sul, onde fazia a
divisão com o monte de Oleiros, conforme a demarcação tinha
155 braças, sempre cordeando os marcos até fechar no valo da
Lavoura ao pé do primeiro marquinho tinha 30 braças da parte
do nascente com a Lavoura de Vilas e do poente e norte com o
montado que levava de semeadura 30 alqueires de centeio.
Tinha outra correguinha para a parte do poente que levava
de semeadura 2 alqueires de centeio (ID.: Mosteiro de Grijó:K/18/4
-12).
Em 28 de maio de 1731, o Mosteiro de Grijó celebrou um
prazo de 3 vidas do casal de Prime com João Alves e sua mulher
Brites de Assunção, (1ª e 2ª vidas) e era composto por:
– Choupelo das Agras, com a semeadura de 5,5 alqueires de
cereal;
– Cortinha de Atães, com a semeadura de 6 alqueires de cereal;
– Cortinha com uma casa com 2 figueiras e outras árvores de
fruto, com a semeadura de 4,5 alqueires de cereal;
– Campo de Avenal, lavradio, com a semeadura de 5,5 alqueires
de cereal;
– Monte do Outeiro com um moinho, com um monte com
uns moinhos, pinhal, um pedaço de corga, hortas e lameiros com
a semeadura de 3 alqueires e quarta de cereal;
– Campo lavradio, no sítio do Rapigo, que tinha pegado um
lameiro, que havia sido uma corga, com a semeadura de meio
alqueire de cereal;
– Campo da Cavadinha de terra lavradia, com um aposento
de casas e pomar, com a semeadura de meio alqueire de cereal;
– Leira da Goda, com a semeadura de 4 alqueires de cereal.
O casal pagava de renda anual pelo S. Miguel de setembro, 3
alqueires e quarta de centeio, 1 alqueire de milho, 1 alqueire de
pão meado, 1 alqueire de cevada, 2 galinhas, 12 ovos, o mesmo
de lutuosa e domínio de quinto (ID.:Mosteiro de Grijó: K/18/4-13:
Fls. 319 a 324).
Figueira
150 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Aido antigo adaptado
Em 5 de junho de 1731, o mosteiro de Grijó celebrou um prazo
de meio casal de Ermilhe, a José, solteiro, 1ª vida, e à mulher
com quem casar, 2ª vida. Tinha a seguinte composição:
– Aposento de casas, currais, aidos, quinteiro, palheiros, hortas,
pomar e terra lavradia, com a semeadura de 2 alqueires de
cereal;
– Cortinha pegada aos aposentos, com a semeadura de 4
alqueires de cereal;
– Leira da Covinha, com a semeadura de 4 alqueires de cereal;
– Monte da Devesa do Gestal, com a semeadura de 3 alqueires
de cereal;
– Ribeira Nova com as suas uveiras, com a semeadura de 2,5
alqueires de cereal;
– Linhar, com a semeadura de 3 alqueires de cereal;
– Leira da Lavoura, com a semeadura de 4 alqueires de cereal;
– Campo verde com um pinhal, com a semeadura de 10 alqueires
de cereal.
Este meio casal pagava de renda, foro e pensão anual 7 alqueires
de trigo menos 1 selamim e uma galinha (ID.:IBID.:
K/18/4-13: Fls. 326 a 330).
Em 19 de abril de 1733, o Mosteiro de Santo Agostinho da
Serra celebrou um prazo de vidas do Casal de Gesto com Domingos
da Silva e sua mulher Ana da Silva que tinha a seguinte
composição:
– Aposento de casas, aidos, palheiros e eira;
– Campo do Chão com uma leira levava de semeadura 1
alqueire de centeio;
– Leira da Presa levava de semeadura 2 alqueires de centeio;
– Outra leira levava de semeadura 2 alqueires de centeio;
– Ribeira das Cavadas levava de semeadura 1 alqueire de
centeio;
– Relva do Regadio levava de semeadura 1 alqueire de centeio;
– Devesas Velhas levava de semeadura 2 alqueires de centeio;
Gesto do Forno, terra vintaneira, levava de semeadura 1,5
alqueire de centeio;
– Cavada Velha, terra vintaneira, levava de semeadura 3 alqueires
de centeio;
– Monte das Covas levava de semeadura 1,5 alqueire de centeio;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
151
– Devesa da Cortinha levava de semeadura 1 selamim de
centeio;
– Choupelo de Baixo levava de semeadura 0,5 alqueire de
centeio;
– Leira da Cortinha de Baixo levava de semeadura 1,5 alqueire
de centeio.
Este prazo pagava de renda anual 2 alqueires de milho, 2
de centeio, 4,5 de trigo, uma quarta de cevada, 2 galinhas e 1
frango, de lutuosa a renda de um ano e domínio de quinto (ID.:
Santo Agostinho da Serra: K/18/4-14: Fls. 88 a 94).
Em 19 de abril de 1733, o Mosteiro da Serra celebrou um prazo
de três vidas de um terço do casal, sito no lugar do Casal, a
Domingos da Silva e a sua mulher Ana da Silva, 1ª e 2ªvidas, e a
mais possuidores. O terço do casal tinha a seguinte constituição:
– Casas, aidos e palheiros;
– Uma leira no campo do Chouso, com a semeadura de meio
alqueire de pão;
– Outra leira no mesmo lugar com a semedadura de 6 alqueires
de pão;
– Leira da Presa com a semeadura de 1,5 alqueire de pão;
– Ribeira das Cavadas com a semeadura de 1 alqueire e 3
quartas de pão;
-Relvado de regadio e umas devesas velhas com a semeadura
de 2 alqueires de pão;
– No Gestal do Forno que era mato com a semeadura de 1,5
alqueire de pão;
– No monte da Cavada Velha, uma terra vintaneira com a
semeadura de 3 alqueires de pão;
– Fora de monte, 4 leiras com a semeadura de 3 quartas de pão;
– Devesa da Cortinha com a semeadura de 1 alqueire de pão.
Pagava de renda, foro e pensão meio alqueire de trigo, uma
quarta de cevada, 2 alqueires de milho, 2 galinhas,1 frango, outro
tanto de lutuosa por cada vida e domínio de quinto (ID.:
IBID.:Fls. 88 a 94).
Em 6 de outubro de 1735, o Mosteiro da Serra celebrou um
prazo de vidas de umas leiras de terra, em Prime com António
da Costa e com sua mulher Maria Francisca, 1ª e 2ª vidas, e a
um filho ou filha que viessem a ter, e a mais possuidores, com
todas as suas testadas, entradas e saídas e serventias novas e
antigas, águas de regar e tudo o mais que era costume pela ren-
Casa da Quintã
152 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Rio de Prime
da, foro e pensão anual, paga em dia de S. Miguel de setembro
de 3 quartas de centeio, duas galinhas, um frango, o mesmo de
lutuosa que a renda anual por cada uma das vidas e domínio de
quinto (ID.:IBID.:K /18/4-14: Fls.183 a 186v).
Em 17 de maio de 1745, o Mosteiro de Santo Agostinho da
Serra celebrou um prazo de três vidas a vários casais do Casal
de Seitela, a Pantalião Pereira e a sua mulher Ana Francisca, 1ª
e 2ªvidas, pela renda de 1 alqueire e 1 selamim de trigo, lutuosa
de um ano de renda e domínio de quinto.
O casal constava de um assento de casas térreas, telhadas e
colmadas com seus currais, quinteiros, aidos, palheiros, pomares
de árvores de fruto e sem fruto, algumas latadas, duas cortinhas
chamadas de Seitela.
Como todos os prazos da época os diferentes elementos a
eles pertencentes eram medidos em varas, pelas diferentes confrontações,
sendo também indicados os seus confrontantes. Contudo,
em algumas unidades, com características peculiares, as
medições eram feitas em redondo.
No fim de cada breve descrição das parcelas, é indicada a sua
semeadura, isto é a quantidade de alqueires que lá se poderiam
semear. Neste prazo como na generalidade dos outros da época,
o cereal lançado à terra era o centeio.
Este conjunto fundiário tinha direito em cada semana 1 dia
de água de rega da presa do Monte de Vilas e, além disso, tinha
a água que vinha do rego e do qual podia tirar todos os dias para
as cebolas, hortas e serviço de casa, Todo o assento levava de
semeadura 12 alqueires de centeio.
Para além deste assento, a apegação feita constou das seguintes
unidades:
– Cortinha de Baixo, Cortinha de Riba, com uma casa, Cortinha
das Abelhas, que era terra lavradia e tinha umas casas velhas,
videiras, árvores de fruto e sem fruto e levava de semeadura
5 alqueires de centeio;
– Campo do Rego da Lavoura que levava de semeadura 1
alqueire de centeio;
– Campos do Testamento de Cima e do Testamento de Baixo,
terras lavradias com seus carvalhos e uma testada de devesas
e levava de semeadura 6 alqueires de centeio;
– Chão do Sobreiro, lavradio, levava de semeadura 1,5 alqueire
de centeio;
– Leira da Cabeça na Lavoura de Seitela, a mato e pinhal e
levava de semeadura 8 alqueires de centeio;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
153
– Outra leira de mato, no mesmo sítio que levava de semeadura
7 alqueires de centeio;
– Leira da Pereira da Lavoura, que era de monte e levava de
semeadura 2 alqueires de centeio;
– Leira de Além, terra lavradia, e levava de semeadura 1,5
alqueire de centeio;
– Leira da Testada da Valada do Forno levava de semeadura
5 alqueires de centeio;
– Leira do Pinhal do Forno com pinheiros e monte levava de
semeadura 2 alqueires de centeio;
– Pedaço de pinhal e mato chamado a Costa do Forno levava
de semeadura 1 alqueire de centeio;
– Leira da Cancela da Torre que era devesa com uma testada
de mato levava de semeadura 10 alqueires de centeio;
– Pinhal do Freixal e devesa do Freixal, terra lavradia levava
de semeadura 15 alqueires de centeio;
– Leira do Salgueiral a mato levava de semeadura 5 alqueires
de centeio;
– Campo das Covas da Raposa, terra lavradia, levava de semeadura
8 alqueires de centeio;
– Vessada de Entre os Montes levava de semeadura 3 alqueires
de centeio;
– Vessadinha de mato e devesa levava de semeadura 3 alqueires
de centeio;
– Leirinha de Baixo, terra lavradia levava de semeadura 1,5
alqueire de centeio;
– Ribeirinha de Riba, terra lavradia levava de semeadura 4
alqueires de centeio;
– Campo do Chão, terra lavradia levava de semeadura 8
alqueires de centeio;
– Corguinha, terra lavradia levava de semeadura 0,5 alqueire
de centeio;
– Campo da Corga com pinheiros e devesas de castanho levava
de semeadura 25 alqueires de centeio;
– Chão da Cova, devesa de castanho e mato levava de semeadura
2 alqueires de centeio;
– Leira da Pereira, terra lavradia levava de semeadura 5 alqueires
de centeio;
Parque do Coteiro
154 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Campo Chão, terra lavradia com casas, eira, pomar, cortava
com terra lavradia, devesa de castanho, pinhal, mato, latada com
árvores de fruto levava de semeadura 12 alqueires de centeio;
– Campo do Jardim, terra lavradia com suas casas, pomares,
latadas e árvores de vinho levava de semeadura 1,5 alqueire de
centeio;
– Monte da Propriedade contava de casas, eira, mato e pinhal,
árvores de fruto levava de semeadura 4 alqueires de centeio.
Este monte era chamado no prazo anterior Monte de Sabudo
da Propriedade;
– Um aposento junto do assento de casas que constava de
casas, currais e quinteiros, levava de semeadura 0,5 alqueire de
centeio;
– Outra leira lavradia levava de semeadura 1,5 alqueire de
centeio;
– Campo da Vessada do Forno que era de devesa levava de
semeadura 5 alqueires de centeio (ID.:IBID.: K/15/12 – 26: Fls.
181 a 205).
Em 1750, o Mosteiro de Grijó recebia os seguintes foros de
prazos que tinha na freguesia de Mozelos:
Vilas
Gabriel Pereira e sua mulher Maria Alves pagavam de renda
5 selamins de trigo, 2 alqueires e 2 selamins de centeio, 2 selamins
de cevada, 100 reis em dinheiro, o mesmo de lutuosa e
domínio de 5-1;
José Gomes de Sá e sua mulher Isabel Maria Fernandes, do
lugar do Casal no prazo que emprazaram a Venceslau Pires de
Carvalho pagavam de renda meio alqueire de trigo, 4,5 alqueires
de centeio, 2 alqueires de milho, ¼ de cevada, 2 galinhas, 1
frango, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1;
José Gomes de Sá em parte do Casal de Seitela, prazo renovado
a Maria de Jesus, solteira com a renda de 1 alqueire de trigo,
10 de centeio, 2 de milho, ¾ de meado, 1 de cevada, 2 capões,
2 geiras, palha 4 feixes, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1;
Manuel do Couto, da Portela de Nogueira, viúvo de Ana
Fernandes num casal pagava de renda 1 alqueire e 2 selamins de
trigo, 4 alqueires e 2 selamins de centeio, 2 selamins de cevada,
1 galinha, 1 frango e 30 reis em dinheiro;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
155
Manuel Carvalho no mesmo e com renda de ¼ de trigo, 1
alqueire de centeio e 1 frango;
Inácia Maria no mesmo com a renda de ½ alqueire de centeio,
10 ovos, o mesmo de lutuosa e domínio de 5- 1;
José Francisco de Sá e sua mulher Isabel Francisca num terço
de casal em que António Alves Fardilha fora 3ª vida com a renda
de 1 alqueire de trigo, 2,5 alqueires de cevada, 4,5 de centeio, 1 galinha,
20 reis em dinheiro, o mesmo de lutuosa e domínio de 5 -1;
António Guedes da Rocha num terço do casal sito no Casal
em que Isabel, filha de Albano Fernandes fora 3ª vida com a
renda de 4,5 alqueires, 1 galinha, 50 reis em dinheiro, o mesmo
de lutuosa e domínio de 5-1;
Celestino Alves da Costa, da Igreja, de Oleiros e sua mulher
Luisa Alves com a renda de 1 selamim de trigo, 6 selamins de
centeio, 1 frango, tudo pago em dinheiro e domínio de 5-1;
Manuel Carvalho, de Gesto, nos aposentos de casas com sua
terra com a renda de 1 frango, o mesmo de lutuosa e domínio
de 5-1;
José de Sousa e sua mulher Joana de Sousa em 1/3 do Casal
em que Manuel João fora 3ª vida com a renda de 2 alqueires de
trigo, 9 de centeio, ¼ de cevada, 2 galinhas, 1 frango, o mesmo
de lutuosa e domínio de 5-1.
Casa da Quintã, edifício primitivo
Seitela
Marcelino Ferreira, solteiro e mulher com quem vier a casar
no prazo que fora de Domingos Pereira com a renda de 11 selamins
de trigo, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1:
João Rodrigues e sua mulher Maria Teresa de Oliveira com
metade de 3 partes do casal da Barrosa com a renda de 10 alqueires
e 2 selamins de trigo, 1 galinha, meio frango, o mesmo
de lutuosa e domínio de 5-1;
Maria Pereira, solteira, 1ª vida em ¼ de casal em que seu pai
fora 3ª vida com a renda de 8 alqueires de trigo, 1 frango, 50 reis
em dinheiro, o mesmo de lutuosa e domínio de 5 -1;
João da Costa Silva, viúvo e seu filho José da Costa e sua
mulher Gertrudes Inácia Linhares 1ª, 2ª e 3ªvidas numa devesa
na Barrosa com a renda de 1 alqueire de centeio, o mesmo de
lutuosa e domínio de 5-1;
156 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ermilhe
João Alves de Araújo, 2ª vida em 1/3 do casal que fora do
Padre Manuel da Conceição com a renda de 6,5 alqueires de
trigo, meio alqueire de cevada, 2 galinhas, 1 frango, o mesmo de
lutuosa e domínio de 5-1;
Maria, solteira, filha de Catarina Fernandes, 1ª vida e o marido
com quem casar como 2ª vida em 1/3 do casal emprazado
a João de Castro e sua mulher com a renda de 7,5 alqueires de
trigo, 2 galinhas, 1 frango, 24 ovos, o mesmo de lutuosa e domínio
de 5-1;
Manuel Dias Monteiro, de Vila Nova de Gaia em 1/3 do
casal de Ermilhe, que comprou a Manuel Alves, 3ª vida com a
renda de 8 alqueires de trigo, 2 galinhas, o mesmo de lutuosa e
domínio de 5-1;
José Coelho e sua mulher Rosa Maria, 1ª e 2ª vidas, moradores
no Outeiro do Moinho, no seu prazo de terras de Prime, com
a renda de ¾ de centeio, 2 galinhas 1 frango, tudo em dinheiro,
o mesmo de lutuosa e domínio de 5 -1.
Medidas de cereal
Souto
Maria Angélica de Vasconcelos, 1ª vida em ½ casal do Souto
de que fora 3ª vida Eusébio Pereira com a renda de 28 alqueires
de trigo, 3 galinhas, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1.
Prime
João Alves de Amorim e sua mulher Maria Francisca, 1ª e 2ª
vidas do casal de Prime Quintão com a renda de 11 alqueires de
trigo, 3 galinhas, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1;
José Alves Jorge e sua mulher Ana Maria de Jesus, 1ª e 2ªvidas
em meio casal de Prime em que Maria Coelha fora 3ª vida
com a renda de 5 alqueires de trigo, 1 alqueire de cevada, 2 galinhas,
o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1;
António Fernandes, 2ª vida em metade do casal de Prime
com a renda de 6 alqueires de trigo, 1 galinha, o mesmo de lutuosa
e domínio de 5-1;
Dr. Manuel da Assunção Portugal Calhorda, 1ª vida em meio
casal de Prime com a renda de 2 alqueires e 6 selamins de trigo,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
157
3 alqueires de meado, 1 de cevada, 2 galinhas, 12 ovos, o mesmo
de lutuosa e domínio de 5-1 (ID.:1º Livro de foros do Mosteiro de
Grijó.:Liv.78-K/18/3, Fls. 88v a 92).
Em 29 de outubro de 1775, o Real Mosteiro de Mafra celebrou
um prazo do casal sito na Quintã e em Prime, a João Alves
Amorim, a sua mulher Antónia Maria Francisca e a seus consortes.
Tinha a seguinte composição;
– Aposento de casas sobradadas e terreiras, quinteiros, currais,
eira, cortinhas da Porta de Cima, de Baixo, terras das Devesa
de Baixo e de Cima que eram lavradias e levavam de semeadura18
alqueires de cereal;
– Leira da Cancela, em Prime, que era lavradia e era atravessada
por uma estrada que dividia o lavradio do mato, levava de
semeadura 5 alqueires de cereal;
– Campo de Ermilhe, a lavradio e a mato, levava de semeadura
36 alqueires de cereal;
– Monte do Rapigo com pinheiros e mato, levava de semeadura
1,5 alqueires de cereal;
– Leira do Rodelo, a lavradio, em que havia aposentos de
casas térreas, levava de semeadura 5/4 de cereal;
– Leira de mato, na tapada da Carreira Velha, levava de semeadura
5/4 alqueires de cereal;
– Outra leira no mesmo local, levava de semeadura 5/4 alqueires
de cereal;
Este prazo pagava de foro e pensão anual ao Mosteiro de
Grijó, seu direito senhorio, 1 alqueire de trigo, 3 galinhas, outro
tanto de lutuosa por cada vida e domínio de quinto (ID.: IBI-
D.:K/18/4 – 38: Fls. 44 a 52).
Em 8 de Dezembro do mesmo ano, o mesmo mosteiro celebrou
um prazo de vidas do casal do Souto a Maria Angélica de
Vasconcelos, solteira, cabeça de casal do dito prazo e com os seus
consortes. O casal tinha a seguinte composição:
– Dois aposentos de casas, uma de sobrado com o seu quinteiro,
currais, ramadas, pomar de laranjeiras e de fruta, cortinha,
Cortinha de Baixo, Devesa de pinheiros, Devesa Nova e Devesa
das Portas, levava de semeadura 40 alqueires de cereal;
– Nesta medição, havia um pedaço de terra, chamado a
Leirinha;
– Cortinha da Pedra, lavradia com árvores de vinho, levava
de semeadura 7 alqueires de cereal;
158 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Mato do Lenteiro, levava de semeadura 1 alqueire de cereal;
– Rodelinho, lavradio, levava de semeadura 2 alqueires de
cereal;
– Ribeira do Mortório (terra estéril), levava de semeadura 3
alqueires de cereal.
Este casal pagava de renda anual 28 alqueires de trigo limpo,
seco e bom de receber e outro tanto de lutuosa e domínio de quinto
(ID.:IBID::K/18/4 – 38: Fls. 200 a 208).
Em 26 de julho de 1796, o Mosteiro de Grijó celebrou um
prazo de três vidas de três pessoas compridas e acabadas com Celestino
Alves da Costa e com sua mulher Luísa Alves Pereira, do
lugar da Igreja, freguesia de Oleiros como 1ª e 2ª vidas e, como
3ª vida, um filho ou filha que viessem a ter, de uma propriedade
sita no lugar de Vilas, em Mozelos e que fora de Domingos Pereira
dos Santos. Era uma tapada chamada de Erigo, pertencente
ao prazo e era terra de mato e pinhal mais um pedaço de corga,
tudo tapado em volta sobre si, com um valo que tinha principiado
a medir de sul para norte, pelo lado do nascente por fora
da parede e valo por onde confrontava com a Lavoura de Vilas,
tinha principiado a medir donde estava um marquinho da parte
do sul até chegar aonde foi uma chave, medindo pelo comprido,
fazendo várias voltas conforme as fazia o dito caminho e valo
98 braças e ¾, dali virando para poente pela parte do norte por
onde se dividia por uma parede, valo e regueira, confrontava
com as leiras de mato de Erigo deste caseiro de José Carvalho,
do Choupelo e as três terras de outros prazos de Grijó até chegar
ao tapado poente que ficava até norte 120 braças e daí vinha a
outro entre poente e sul pela cabeça do poente por onde se dividia
por uma tapagem de ripado, confrontando com a Corga de
Ramos, terra foreira da Câmara da Feira, tinha 10 braças e dali
tornando a virar entre sul e nascente pelo lado dentre poente e
sul por onde divide por parede e confrontava com o pinhal da
tapada, tinha até onde fazia uma volta curva, que era onde acabava
a dita tapada 100 braças e continuando daí para diante com
a dita medição pelo lado do poente, por onde dividia por valo,
parede e regueira, confrontava com o monte de Oleiros e tinha
até chegar à cabeça do sul 63 braças e daí tornando a virar para
nascente pela cabeça do sul, por onde se dividia por parede e
regueira confrontando com a leira da Corredoura, terra de outro
prazo de Grijó tinha até chegar aonde estava outro marquinho
que era donde principiara a medição, 36,5 braças e levava toda
esta terra de semeadura 30 alqueires de centeio. O caminho que
ficava pela parte do nascente desta leira era parte dele pertencente
a este prazo. As braças desta medição eram de 10 palmos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
159
Pagava de renda, foro e pensão anual, pelo S. Miguel de setembro,
um selamim de trigo, seis selamins de centeio e um frango,
o mesmo de lutuosa e domínio de quinto (ADP:Mosteiro de
Grijó:K/18/4-64: Fls. 21 a 27 v).
Em 23 de Dezembro do mesmo ano, o Mosteiro de Grijó celebrou
um prazo de emprazamento com José Coelho e sua mulher
Rosa Maria, do lugar de Prime, em Mozelos, como 1ª e 2ª vida,
e um filho ou filha que viessem a ter como 3ª vida, de uma leira
e do seu aposento, sitos no mesmo lugar, e que haviam sido de
António da Costa e de sua mulher Maria Francisca, em 1735.
A propriedade tinha a seguinte constituição:
– Aposentos de casas térreas com seus aidos, palheiros, quinteiros,
eira com uma cortinha pegada para a parte do sul, com
um pedaço de mato na cabeça do sul, confrontava com a cortinha
de Riba, terra de Grijó, com 50 braças pelo lado poente,
por onde se dividia por uma parede, confrontando com mato da
lavoura, tinha 55 braças da cabeça do norte por onde se dividia
por valo e confrontava com caminho público que ia da Vergada
para o Murado e tinha 28 varas, na cabeça do sul por onde se
dividia por uma parede e confrontava com o mato das Pedras fazendo
as suas voltas de modo de chaves 30 braças. Levava de semeadura
6 alqueires de centeio. Pagava de pensão, renda e foro
anual, 3 quartas de centeio, 2 galinhas e 1 frango ao mosteiro
que era direito senhorio, pagos em dia de S. Miguel de setembro
(ID.:IBID.: Fls. 28 a 33v).
No mesmo dia, o mesmo mosteiro fez um prazo de meio casal
de Villas, de Mozelos a Manuel do Couto e a sua mulher Ana
Fernandes, da Portela, freguesia de Nogueira da Regedoura, com
1ª e 2ª vidas, com a constituição seguinte:
– Campo da Corredoura tapado em volta sobre os valos, terra
lavradia com um pedaço de mato pela parte do nascente que
tinha de comprido do nascente ao poente pelo lado norte, por
onde se dividia por marcos, nele confrontava com o campo da
Corredoura de Luísa de Sousa, terra de Grijó e tinha 67 braças
pelo lado sul, por onde se dividia por um valo, confrontava com
um campo de mato de um vizinho, tinha 42 braças de largo, pelo
nascente por onde se dividia por valo, confrontando com o campo
da Corredoura de Dentro, principiando ao medir do norte
até uma chave 17 braças, mais se dividiu pelo nascente por um
valo até outra chave tinha 15 varas, confrontando com terra de
Grijó, por onde se dividia por um valo e regueira, confrontando
com as leiras da Areosa de vários possuidores, tendo 19 braças.
Levava de semeadura 8 alqueires de centeio;
160 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Campo da Corredoura, terra lavradia, confrontava com
com terrras do mesmo caseiro e de outro prazo de Grijó, com o
caminho que ia para as lavouras e outras partes e com o monte
da Areosa. Levava de semeadura 1,5 alqueire de centeio;
– Uma casa de esborralhada com a sua anteporta, terra pegada
lavradia e um bocadinho de terra de horta e richam que
confrontava com o caminho do lugar, com a cortinha da Quintã,
terra de outro prazo, com terra da leira do Orfo. Levava de semeadura
um selamim de centeio;
– Outro pedacinho de terra lavradia que confrontava com
o caminho por um valo que ia para os campos dos Agros e dos
Castanheiros e outros mais campos, a norte confrontava com a
Cortinha de Dentro, pelo poente, por onde se dividia por valos,
confrontava com o campo das Figueiras. Levava de semeadura
uma quarta;
– Um aposento de casas térreas, já velhas, com seus palheiros,
aidos, quinteiro, ramada, eira, árvores de fruto e de vinho
com a sua cortinha pegada, por onde se divide por uma parede,
confrontando com caminho de serventia do lugar, com o campo
do Lameiro, com o caminho de serventia para os campos dos
Agros e dos Castanheiros e com outros aposentos. Levava de
semeadura 3,5 alqueires de centeio;
– Outro aposento de casas térreas com o seu portal fronho
com seus aidos, palheiro, quinteiro com a sua anteporta fora do
dito portal fronho, confrontava com o caminho que ia para as
Lavouras e para os campos dos Agros e outros mais campos,
com a cortinha da Porta, com o caminho público do lugar e com
a horta da Cortinha da Porta. Levava de semeadura uma quarta
de centeio;
– Um coradouro ali pegado mais ao norte, por onde se dividia
por marcos, confrontando com uma horta, com o caminho
que ia para as Lavouras;
– Uma casa com a sua anteporta, confrontava com a horta
do coradouro, com o caminho que ia para Seitela ou de Vilas e
com o caminho que ia para as Lavouras. Levava de semeadura
um selamim de centeio;
– Horta do Coradouro confrontava com outra horta de Vilas,
com a casa e outra atrás referida, confrontava com caminho
que ia para a fonte de Vilas, com o camimho que ia para as Lavouras.
Levava de semeadura meio selamim;
– Cortinha da Vinha com a sua leira para a parte do norte,
dividida por marcos confrontando com terra da cortinha da Vinha,
com terra de outro prazo de Grijó, com a cortinha de Seitela,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
161
foreira de Grijó por onde se divide por um valo e por um combro e
com terra de um prazo da Serra. Levava de semeadura 2 alqueires;
– Campo da Relva de Dentro, terra lavradia com um pedaço
de mato para a parte do nascente e uma leira, confrontava com
caminho que ia para a Lavoura e outros mais campos, com a leira
da Presinha, com o mato da Relvinha. Levava de semeadura
6 alqueires de centeio:
– Um assento de casas com os seus aidos, quinteiros, ramadas,
árvores de fruto e de vinho, com suas cortinhas pegadas, chamadas
do Choupelo, confrontava com o caminho do lugar e com o
caminho que ia para Vilas. Levava de semeadura 3 alqueires;
– Leira do Campo Novo, terra de mato e pinhal confronta
com outra leira de mato, com o caminho que ia para as Lavouras
e para outras partes e com o campo da Cortinha de Além. Levava
de semeadura 2 alqueires de centeio;
– Cortinha de Além confrontava com caminho de serventia
e que ia para outras cortinhas, com as cortinhas de Vilas, com
a leira do Campo Novo, dividida por marcos, com a Devesa do
Agro da Poça. Levava de semeadura um alqueire de centeio;
– Leira do Castanheiro ali pegada, dividida por marcos e
combro de pedras, confrontava com a leira acima referida, com
outra leira, terra de Grijó e com uma devesa, com terra da Serra,
com outra leira dos Castanheiros. Levava de semeadura um
alqueire de centeio;
– Campo do Agro, terra lavradia, confrontava com o campo
do Castanheiro, com o campo do Freixial e com outra devesa.
Levava de semeadura 3 alqueires de centeio;
– Outro campo do Agro, terra lavradia, confrontava com o
campo da Agra, com o campo do Freixial e com uma devesa.
Levava de semeadura um alqueire de centeio;
– Devesa Grande do Agro, confrontava com o campo da
Devesa do Agro e com outras devesas. Levava de semeadura 4
alqueires;
– Devesa e campo de Erigo, confrontava com as leiras de
mato e pinhal, com um monte e com outro campo de Erigo.
Levava de semeadura 3 alqueires;
– Leira de mato e pinhal de Erigo, confrontava com o campo
da Devesa, com mato e pinhal, com outra leira de mato. Levava
de semeadura um alqueire de centeio;
– Leira do Monte do Outeiro do Barril, confrontava com
outra leira de mato e com a leira do Orfo. Levava de semeadura
um alqueire de cereal;
162 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Leira de mato da Cabeceira das Leiras, confrontava com
outras leiras. Levava de semeadura meio alqueire de centeio;
– Uma leirinha, terra lavradia, confrontava com um campo e
levava de semeadura um alqueire de centeio;
– Campo da Pereira, terra lavradia com um bocado de mato,
confrontava com a cortinha da Porta e uns aposentos, com uma
devesa de mato, com a estrada pública que ia para o Murado e
com o mato de uma cortinha. Levava de semeadura dois alqueires
de centeio;
– Campo e devesa da Corguinha, confrontava com devesa e
levava de semeadura quatro alqueires de centeio;
– Leira de mato que chamada a Fonte do Velho que estava
dentro da quinta do caseiro, levava de semeadura meio alqueire
de cereal.
Pagavam de renda, pensão e foro anual, pago em S. Miguel
de setembro, 1,5 alqueire de trigo, 6 alqueires de centeio e um
selamim, 2 alqueires de cevada, uma galinha, dois frangos, 30
reis em dinheiro tudo bom de receber, outro tanto de lutuosa, por
cada uma das três vidas e de laudémio a quinta parte do prazo
(ID.:IBID.: Fls. 34 a 56v).
Em 23 de Dezembro do mesmo ano, o Mosteiro de Grijó
celebrou um prazo de vidas de um meio casal sito no lugar de
Prime com José Alves Jorge e com sua mulher Ana Maria como
1ª e 2ª vidas de um meio casal, sito no lugar de Prime, em Mozelos,
sendo a 3ª o filho ou filha que viessem a ter, com João
Francisco Caetano dos Reis e sua mulher Joana Maria Caetana,
do lugar do Sobral, com Manuel Alves e sua mulher Maria
Gomes, do lugar do Outeiro, José António e sua mulher Maria
da Conceição, Manuel Coelho e sua mulher Joana Alves, José
Ferreira e sua mulher Custódia Francisca, do lugar da Vergada,
Manuel Pereira dos Santos e sua mulher Maria Pereira, do lugar
de Prime e Mário Fernandes e sua mulher Quitéria do Couto,
moradores no lugar do Outeiro do Moinho, todos de Mozelos.
O meio casal tinha a seguinte constituição:
– Aposentos de casas térreas, aidos, palheiros, quinteiro com
portal fronho com a sua eira e um bocadinho de terra lavradia
para a parte norte, confrontava com caminho público e levava
de semeadura 1 alqueire de centeio, tinha água de rega da presa
das Cavadinhas e era possuído pelos cabeças José Alves Jorge e
sua mulher;
– Campo do Ermo, terra lavradia, dividido por um combro,
confrontando com uma cortinha da Porta, de Manuel Alves Larangeira,
terra de Arouca, com o rio de água que vinha da Corga
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
163
de Prime e ia para a azenha do Murado, com a ribeira de Mozelos.
Levava de semeadura 7 alqueires de centeio;
– Choupelo do Avenal, terra de devesa e castanho para a parte
do sul e para a parte do norte era lavradio, confrontava com uma
terra foreira, com terra de outro prazo de Grijó e com o rio de
água que ia para Lourosela. Levava de semeadura 2 alqueires de
centeio;
– A leira da Cancela, terra lavradia, dividida por combro e
valo, confrontava com terra de outro prazo de Grijó, com caminho
público que ia para o Cabouco e outras mais partes. Levava
de semeadura 6 alqueires de centeio, também tinha água da presa
das Cavadinhas;
– Leira do Rodelo, terra lavradia, confrontava com o Rodelo
de Cima, dividida por combro, com a Carreira da Cruz, com
uma ponta ou canto da leira da Cancela. Levava de semeadura 1
alqueire de centeio. Também tinha água da mesma presa;
– Leira de lavoura, chamada a Cortinha de Riba, terra lavradia,
dividida por marcos, confrontava com a leira da Lavoura de
Cima, com terra de outro prazo de Grijó e com a Carreira da
Cruz. Levava de semeadura 3,5 alqueires de ceral;
– Cortinha das Figueiras, também chamada do Lentieiro, dividida
por combro, confrontava com a cortinha de Riba, terra
foreira de Arouca, com terras dos caseiros, com o campo do
Lenteiro, com a Carreira da Cruz e tinha água da presa das Cavadinhas.
Levava de semeadura 3 alqueires de centeio;
– Leira da Malpica, terra lavradia, com um pedacinho de
mato na cabeça do norte, fora da parede que tapava este campo e
outro pedaço de mato com carvalhos na cabeça do sul, dividida
por marcos, confrontava com a leira de João Alves Amorim, da
Quintã, terra de Grijó, com outra leira, onde se dividia por marcos,
com caminho que ia para Prime e para o Pereiro, com a Carreira
do Cabouco. Levava de semeadura 6 alqueires de centeio.
Pagavam de renda, foro e pensão anual ao Mosteiro de Grijó
direito senhorio, por dia de S. Miguel de setembro 5 alqueires e
uma quarta de trigo, 1 alqueire de cevada e 2 galinhas tudo bom
de receber, posto no dito mosteiro (ID.:IBID.: Fls.57 a 65v).
Nos séculos XVII e XVIII, em que a batata é praticamente
desconhecida na alimentação, os gastos em grão eram, por conseguinte,
muito grandes. O cereal era fulcral na alimentação da
população rural.
A técnica de cultivo da terra baseia-se no hábito, segundo o costume
dos vizinhos. Dividem-se as parcelas em folhas, a técnica do afo-
164 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
lhamento em que uma das folhas permanecia num ano em pousio,
enquanto a outra era semeada. O afolhamento era bienal quando
alternavam o cultivo entre pousio e sementeira, ano sim, ano não.
Trienal, o campo era dividido em três folhas, em que uma permanecia
em pousio, dois anos, enquanto as restantes era semeadas de
culturas que diminuíam de exigência. O afolhamento aplicava-se
aos terrenos de cereais, em que o trigo era o cereal mais exigente,
enquanto o milho-miúdo ou o centeio eram os cereais mais pobres.
Esta técnica de cultivo aparece como uma obrigação imposta pelos
senhorios aos foreiros nesta região, e estavam plasmados nos contratos
de prazo (ADP:Fundo Notarial: PO. 5º, 1ª SR: Liv.6: Fls. 76v a79).
O agricultor vivia constantemente no limiar mínimo das necessidades
alimentares. A permanência dos gastos em sementes
e dízimos que encontramos para o século XVIII, denunciando
a constância destes gastos, mostra também que os rendimentos
que atribuímos para o cálculo 6-7 por semente é razoável o que
confirma o nível de rendimento por semente muito bom para o
século XVII. O trigo, em parte, regista uma evolução paralela
com o cereal de segunda.
Uma maior rentabilidade verifica-se com o milho grosso.
Este cereal faz a sua aparição subtilmente durante a segunda metade
deste século para se tornar preponderante no século seguinte
(COSTA: 1996/2006: 35-37).
Os domínios ou laudémios, eram a percentagem cobrada
sobre vendas e trocas de terras ou sobre todo o contrato em que
aja de dar ou tornar dinheiro ainda que seja por via de entrada ou
satisfação de serviços e boas obras. O laudémio, tal como a lutuosa,
era uma imposição com longa vigência, sobre a terra e a produção,
pois podia atingir uma percentagem que chegava a metade
do preço de venda. Os foreiros estavam obrigados a pagarem a
lutuosa ao senhorio nos 30 dias subsequentes ao falecimento da
derradeira vida.
Só por si, o laudémio constituía um pesado obstáculo à mobilidade
da terra e, ao mesmo tempo, um pesado direito que colocava
nas mãos do senhorio um poderoso meio de controlo, para não
dizer chantagem pelo direito de opção que lhe era inerente. As
lutuosas eram um tributo que era pago ao senhorio sempre que
falecia uma das vidas do contrato. Quantos mais óbitos, maior o
volume de lutuosas recolhidas, isto partindo da hipótese de que a
lutuosa não admite endividamentos, pois deve ser paga de imediato
e mesmo que os doridos não sejam possuidores de mais bens.
Importa considerar que, no que respeita aos moinhos e azenhas,
se deve tomar em consideração que estes arrendamentos
estavam diretamente ligados ao consumo das farinhas, logo à
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
165
população. Segundo Cardoso da Costa, na segunda vida, a terra
valeria já só 2/3 do valor real; durante a terceira vida, o seu
valor ficaria já reduzido só a um terço. O preço venal das terras
foreiras estava, por conseguinte, fortemente condicionado por
este fator. Idênticas observações poderão ser feitas para os arrendamentos
das azenhas e moinhos. Estas subidas das rendas, precedidas
normalmente de subida de preços, têm consequências
económicas e sociais importantes, mas discordantes e contraditórias,
conforme os diferentes estratos da população e as diferentes
categorias dos possuidores das rendas e dos detentores de terras.
Havia (...) os encargos dominiais, alguns deles muito pesados:
cito apenas dois; as obradas e as primícias, que podiam atingir de 1 a
6-7 alqueires de pão, por casal, e normalmente os Votos de Santiago,
que nunca desciam a menos de 1 alqueire por jugada, casal ou fogo,
ultrapassando também frequentemente essa cota. Devem descontar-
-se ainda os encargos da exploração e gastos salariais, o empate de
capital nos gados, alfaias agrícolas e compra de sementes (COSTA:
1983: 16).
AS CONSTRUÇÕES QUE
COMPÕEM A PROPRIEDADE
Temos que distinguir inicialmente três tipos de construções: a
primeira, destinada a habitação dos foreiros; a segunda, para guarda
dos animais; e as terceiras, de apoio às atividades agrícolas.
A primeira compunha-se pelas casas de morada, normalmente,
de reduzidas dimensões com, uma ou duas divisões. A cozinha
era a divisão mais ampla. Nela se fazia toda a vida doméstica
e servia de quarto de dormir, local de confeção e de refeição,
sala de estar. Só nas casas dos mais afortunados havia separação,
com divisões destinadas a quarto de dormir e a sala de visitas.
A tipologia da habitação rural permaneceu até aos nossos dias e
ainda em algumas se pode distinguir esta velha divisão funcional
A cércea destas habitações não ultrapassava os dois pisos e,
geralmente era mais comum a casa térrea. Nas de dois pisos, casa
de sobrado ou casa torre, a habitação humana fazia-se no segundo
piso, enquanto o piso inferior destinava-se ao armazenamento
de produtos agrícolas ou ao resguardo dos animais.
O rossio ou terreiro coberto com telheiros que servia para guardar
alfaias, palha e lenha. A casa agrícola não estava separada de
outras construções. Normalmente, a casa de habitação situava-se
Casa de caseiro,
numa casa no Murado
166 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Entrada em casa antiga
Espigueiro
Casa da eira
num conjunto murado com anteportas, onde havia um terreiro ou
rossio para onde se abriam as portas de todas as construções envolventes.
Num lado, situava-se a habitação e em redor, distribuíam-se
as cortes, currais dos animais, o celeiro, o palheiro e a eira.
O segundo tipo de construções destinava-se à guarda dos animais
e estava entre portas em volta de um terreiro, ou ao longo
de um caminho. Estas construções designavam-se por cortes,
currais e aidos. O aido nem sempre servia para guardar animais.
Tinha uma função polivalente e servia para armazenar as alfaias
agrícolas e outros aprestos de apoio aos trabalhos agrícolas. Este
tipo de construções vai-se desenvolver, acompanhando a criação
de gado em estábulo.
Um terceiro tipo de construções servia de apoio às atividades
agrícolas. Eram os celeiros, os palheiros, a eira, a adega ou o
lagar, a casa de despejo e a esterqueira. Os palheiros eram mais
vulgares e comuns a todos os senhorios que os celeiros. E isso
compreende-se, pois, o celeiro encontrava-se em propriedades de
maiores dimensões e destinava-se à guarda dos foros e rendas.
A eira, feita de lajeado de pedra ou em terra compactada, era
bastante comum não só junto às sedes das propriedades como
espalhadas pelos campos. Era uma construção com bastante utilidade
para a secagem e debulha do cereal.
Relacionados com o vinho, as adegas e os lagares são bastante
raros e só situámos dois: um em propriedades de Pedroso
e outro em propriedades do Cabido. As adegas pertenciam ao
tipo de construções cujo privilégio pertencia aos senhores da terra.
Esta raridade leva-nos a supor que os trabalhos relacionados
com a produção de vinho fossem realizados em vasilhas de madeira
(a dorna), por serem destinados a quantidades diminutas
de forma a fugirem ao pagamento da eirádega, direito cobrado
pelos senhores sobre o vinho colhido.
Por fim, temos um tipo de construção ligado à produção de adubo:
as casas de despejo, as esterqueiras e o quinteiro. Este tipo de
construção era comum, não só no modo citado, mas uma simples
montureira onde se faziam os despejos domésticos e se depositavam
os restos das camas dos animais com o fim de ficarem em maturação
anaeróbia para depois serem transportados para os campos e
por lá espalhados, durante algum tempo, onde terminavam a maturação,
agora em fase aeróbia. O quinteiro era bastante comum e
não havia casa agrícola que não tivesse. Situava-se à entrada do espaço
agrícola e era revestido a mato cortado que absorvia os dejetos
animais e humanos, que depois era removido para as montureiras
ou esterqueiras, ou para as cortinhas, onde ficaria a maturar e a
decompor-se, para por fim servir de adubo nas sementeiras.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
167
ATIVIDADE MOAGEIRA E A PANIFICAÇÃO
Nos moinhos, a organização do espaço era mais complexa.
Alguns moinhos compunham-se de três pisos em torre: o primeiro,
situava-se ao nível das águas, onde estavam os caboucos com
os rodízios e as cales; no segundo piso, estavam os aprestos de
moagem, as rodas e as farinhas; finalmente, no terceiro, situava-
-se a cozinha onde se fazia a vida quotidiana doméstica. Em caso
de cheia, era para aquela divisão que se deslocavam e se punham
a salvo as farinhas e os grãos. Em alguns moinhos, para além do
propriamente dito, havia ainda outras construções próprias das
habitações rurais: o terreiro, com a sua anteporta e, à volta, as
cortes, os celeiros e a eira.
As pedras alveiras tinham a medida de um grande palmo
menos uma polegada, a de baixo e a de cima, a medida de um
palmo e quatro dedos. Elas valiam 1.200 reis. As negreiras, a
pedra de baixo com um palmo e dois dedos e a de cima de um
palmo, valendo também 1200 reis.
A conjuntura económica da época ajuda a explicar as iniciativas
dos foreiros. Estes, beneficiados pelo momento favorável,
que marcou a primeira metade do século XVII, fez com que
dotassem os filhos com meios que os ajudassem a suportarem as
dificuldades do casamento (ADP: PO 5: Liv. 22: Fol.77).
A desanexação dos estabelecimentos moageiros das propriedades
a que pertenciam, tornando -os em prazos autónomos, verificaram-se
em contextos diferentes, mas foram motivados pela
ação dos foreiros, que pretendiam alcançar um vínculo contratual
que lhes permitisse investir no bem e rentabilizá- lo.
Esta atividade teve muita importância, em Mozelos, desde logo,
testemunhada pelas designações toponímicas de Azenha e Outeiro
do Moinho, para além de outros testemunhos reveladores dessa
atividade.
Mós
PREÇO DOS CEREAIS NA
1.ª METADE DO SÉCULO XVII (EM REIS)
Para se poder conhecer melhor a realidade económica da região,
na época, apresentamos os preços dos cereais correntes e
mais utilizados na alimentação, nas relações fundiárias e pagamentos
de rendas e foros.
168 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ANOS
PREÇO ALQUEIRE
Trigo
Meado
1647/48 280 -
1648 230 120
1649 220 120
1650 320 162
1651 300 200
1652 270 117
1653 300 140
1654 220 120
1655 300 130
1656 280 130
1657 260 130
1658 270 120
1659 250 130
1660 260 150
1661 260 150
1662 260 140
1663 280 -
1664 250 145
1665 300 220
1666 290 150
1667 250 160
1668 250 110
1669 210 120
1670 240 120
1671 250 130
1672 240 115
1673 250 120
1674 350 150
1675 260 -
1676 250 160
1677 250 160
1678 300 150
1679 250 160
1680 400 220
1681 350 175
1682 290 150
1683 300 160
1684 400 220
1685 400 220
1686 350 220
1687 300 -
1688 260 130
1689 290 140
1690 370 160
1691 400 -
1692 400 200
1693 100 260
1694 400 320
1695 540 280
1696 460 240
1697 460 280
1698 600 400
1699 500 260
Amorim: O Mosteiro de Grijó:1986
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
169
ASPETOS DO QUOTIDIANO, CASAR E MORRER
DOTES DE CASAMENTO
Um costume habitual da sociedade de então era o dote
que os noivos levavam quando casavam. Os da fidalguia ou da
burguesia eram compostos por propriedades, rendas e outros
bens. Os das classes mais baixas compunham-se sobretudo de
bens móveis, gados e peças de roupa. O dote servia para os noivos
enfrentarem o início de vida familiar, com algum suporte. Os
pais dotavam os seus filhos com alimentos, roupas, gado, terras
ou moinhos. Os mais afortunados recebiam ainda peças de ouro.
Em 5 de maio de 1731, José Gonçalves, de Ermilhe, celebrou
uma escritura de dote para casamento e nomeação de bens de
raiz ao seu filho Manuel Gonçalves da Rocha para casar com
Teresa, filha de Domingos Nogueira e de sua mulher Maria José,
do lugar da Relva, Grijó, V. N. de Gaia. Os bens dotados foram
uma das casas do dotador com todas as suas entradas, saídas,
serventias, tudo livre de novas e antigas obrigações, água de rega
e lima, árvores de fruto e o mais que lhe pertencia (ADP: Mosteiro
de Grijó: K/18/4-13: Fls. 331v a 332v).
Em 25 de abril de 1737, foi feita uma escritura de dotes para
casamento por Manuel Lopes, viúvo, a sua filha Maria Francisca
para casar com João Alves, filho de Maria Lopes e de seu
defunto marido, de Goda, dotando-a dos bens que recebeu em
testamento de sua mãe defunta Verónica Francisca, constantes
no formal de partilhas e inventário, tanto de casa, bens de casa,
aposentos e terras da legítima da sua raiz e tudo o mais que lhe
pertencia com as suas testadas, entradas e saídas e serventias
(ID.IBID:K/18/4- 17: Fls. 166 a 168).
DESAMORTIZAÇÃO DE BALDIOS
Em 1743, uma lei do rei D. João V, para a Câmara de Guimarães,
respondendo a uma petição por ela apresentada, permitiu
e autorizou o senado da Câmara a providenciar título de posse
perpétuo aos usufrutuários dos montes e baldios, de forma a
mantê-los nas terras, onde pudessem construir casa e cultivar,
para que não despovoassem as localidades e melhorassem a produtividade
agrícola.
170 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Sebastião José
de Carvalho e Melo
Temos que interpretar aquela medida no contexto da época, estimular
a permanência, tendo como incentivo a posse de terra legitimada
por um título e para estancar a fuga para o Brasil dos que não
tinham terra, os cabaneiros e os seareiros, os assalariados agrícolas,
que viam na fuga para a colónia, uma alternativa à metrópole.
Esta medida foi ampliada pelo governo do rei e sucessor
daquele, D. José I, e implementada pelo seu ministro Sebastião
José de Carvalho e Melo, primeiro Conde de Oeiras e depois
Marquês de Pombal. Os propósitos da lei, o incremento do povoamento
e a melhoria da agricultura mantiveram-se e em 1767
ampliaram aquela medida a todo o território continental. Por
esta lei as terras baldias passaram a ser bens da coroa, perdendo
os Senhores donatários, laicos ou eclesiásticos essa fonte de
rendimentos, e só as câmaras municipais podiam fazer contratos
enfitêuticos perpétuos, depois de ser apresentada a respetiva petição
ao Desembargo Régio.
O funcionamento da partilha dos montes era burocrático. Primeiro
havia pregão e anúncio de convocatória de todos os montadores,
pelo pároco da freguesia. Todos reunidos faziam requerimento
dos povos ao tribunal do Desembargo Régio, que ouvia o senado
da câmara local; era feita a apegação do monte a repartir e feita
a distribuição de todos os que se habilitassem. Consoante as suas
capacidade económicas e categoria social eram divididos em categorias
que corresponderia determinada porção; era feita a partilha
e pagas as entradas. Então depois disso, cada um fazia requerimento
ao Senado da Câmara local para lhes fazer contrato enfitêutico
perpétuo aos montadores requerentes, ou a todos que provassem
possuir sorte no montado, de forma a providenciar o engrandecimento
das povoações, agarrar os montadores, e aumentar a produção
agrícola. Todos eram privilegiados na partilha dos montes
e baldios, logo que tivessem condições económicas para licitar o
foro. Os seareiros, os cabaneiros e os pobres tinham preferência na
partilha. A eles cabia uma parte, a suficiente para construírem casa
e terem terra para uma horta, ramada, e outras coisas.
Apesar de haver terrenos destes, cuja fruição se concretizava
na exploração agrícola de parcelas periodicamente distribuídas,
o baldio era, em regra, o terreno inculto cuja vegetação espontânea
se utilizava para pastagem de gado, lenhas, estrumes ou
madeira. Constituindo, portanto, uma parte considerável da extensa
área inculta que no Antigo Regime caracterizava a paisagem
rural portuguesa, o baldio começou a ser visto pelos pensadores
da nossa economia com um índice e fator de atraso da agricultura.
Consideravam que eram terrenos subaproveitados pois, para
além de constituírem, em alguns casos, áreas potencialmente
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
171
agricultáveis, cumpriam deficientemente a sua tradicional função
de campos de pastagem e de fornecimento de lenhas, estrumes e
madeiras devido ao facto de não serem lavrados.
Alberico Tavares estudou esta matéria, a propósito da análise
de um códice das Vereações da Câmara do Porto, (AHMP:
códice 94) que contém as atas das reuniões realizadas, entre 1797
e 1799, que permitiu aceder a mais um contributo para a vida socioeconómica
da região, nomeadamente, a história da vida rural
e da propriedade.
Os emprazamentos das propriedades rústicas e prediais, autorizadas
pelas Câmaras, no exercício da sua função, consignada na
Lei ou nas atribuições dadas pela Coroa ao poder local, tiveram
uma grande importância, no desenvolvimento da vida agrária,
no desenvolvimento da construção civil e na angariação de receitas
municipais através de rendas e foros (Tavares:1988:419-422).
Por decisão de D. José I, que sendo-lhe presente em consulta da
Mesa do Desembargo do Paço de que ainda pela lei de 23/7/1767 se
proibia às Câmaras do Reino os aforamentos que se faziam dos bens
dos Concelhos mando nova forma para se expedirem os que parecerem
úteis tanto ao aumento da lavoura como dos lavradores e seareiros se
fazia preciso facilitar todos os meios que podiam fazer mais copiosas as
povoações e foi decidido por minha real resolução de 4 de agosto (...) com
justo arbítrio de foro por cada hum deles deve pagar-se à Câmara os que
pretenderem edificar (AMSMB: Prazos da Câmara: Lv.200: Doc. 9).
Neste contexto, D. João, infante de Portugal fez saber, em 12
de julho de 1787, que João Alves de Amorim, da freguesia de
Mozelos lhe apresentara uma petição de que conseguira graça,
pela qual lhe foi aforado, no Monte do Outeiro do Murado, para
efeito de o ratear e reduzir a cultura, com a obrigação de o reduzir
no termo de 3 anos, sendo que o suplicante se enganou na
persuasão da mencionada cultura, por não lhe lembrar nem advertir
ainda os louvados nem o Ministro na sua informação, que
é suposto fosse capaz de arrotear-se que não era pedreira. Contudo,
pela muita altura daquele outeiro não podiam subir carros
para a condução de adubos necessários para a dita cultura. Sendo
assim, nestes termos, muito útil, devia conservar-se o mencionado
monte de mato de que o suplicante tinha necessidade para os
adubos de outras fazendas que tinha, permitindo-lhe assim rotear
de mato e pinhal. Assim, El-Rei achou por bem que a quarta
parte do terreno fosse aforado ao suplicante no dito monte, que
fosse reduzido a cultura e que a bem desta, ficassem as três outras
partes destinadas a matos para fertilizar a parte cultivada noutras
fazendas do suplicante e que delas carece. Assim sendo, foi emitida
a provisão pedida (AHMSMF: Provisão sem cota).
D. José I
172 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 1792, foram reconhecidos vários subemprazamentos de
leiras de monte, em diversos lugares de Mozelos, foreiras da mesma
Câmara, tendo esta por senhoria e que se obrigavam pelas
suas pessoas e seus bens a pagar anualmente os foros estabelecidos
e a sua execução, ficando relevados os subemprazamentos.
Em 27 de janeiro, António Fernandes Ribeiro, do lugar da
Quintã disse que possuía uma leira no referido lugar com o foro
anual de 50 reis e que a comprara a Rodrigo Dias e a sua mulher,
do lugar das Regadas e outro com o mesmo foro no lugar da
Seitela, tendo reconhecido que era foreira à Câmara.
Em 30 de janeiro, João Francisco Caetano dos Reis, do Sobral,
declarou o seguinte:
– Possuía da partilha que fizera uma leira de monte, no Outeiro
do Murado com o foro anual de 50 reis;
– Comprara a Joaquim de Oliveira, uma leira de monte, no
Outeiro do Murado com o foro anual de 50 reis;
– Comprara a Francisco Pinheiro de Sousa, da Seitela uma leira
de monte, no Outeiro do Murado com o foro anual de 50 reis;
– Comprara a Josefa Alves, viúva, uma leira de monte, no
Outeiro do Murado com o foro anual de 50 reis.
Em 1 de março, o mesmo António Ribeiro obtivera da partilha
de terras da Ponte do Fundo, da mesma freguesia, uma leira
de monte, com o foro anual de 50 reis.
Em 9 de novembro, Baptista Pereira, de Mozelos, reconheceu,
na Câmara da Vila da Feira, que tinha subemprazado ao
sargento-mor António Bernardo Francisco Pinheiro, de Souto
Redondo, uma leira de monte situada no lugar da Corga, na
dita freguesia, foreira à Câmara desta vila com o foro anual de
40 reis (ID:7- D 50: Fls. 142 a 151v).
ASPETOS RELIGIOSOS
No período pós-tridentino, foi-se repetindo a ideia da necessidade
de se alterar com maior eficácia a prática cristã para
compensar o insuficiente conhecimento, em vários estratos sociais,
dos preceitos da doutrina cristã, incluindo o campo moral
e social. Houve igualmente um reforço de pregação e de apelo
à confissão mais frequente, tendo em conta uma cristianização
mais profunda e uma maior disciplina comportamental dos fiéis.
Também, a legislação portuguesa, designadamente, a contida nas
Constituições Sinodais do Bispado, como a do Bispo do Porto
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
173
D. João de Sousa de 1690, deu maior relevo à prática da confissão
e sobretudo ao exame de consciência por parte dos cristãos,
com vista a uma maior interiorização da doutrina cristã e dos
preceitos católicos que práticas anteriores tinham levado ao seu
incumprimento. (AZEVEDO: 2000: II: 26 e 27).
O censual da Mitra apresenta toda a espécie de cartas com as
respetivas taxas impostas, conforme a sua natureza. Constituem
outra fonte de rendimento e manifestam uma certa tendência
burocrática e centralizadora do governo da diocese.
Deste censual extraí diferentes dados relativos a taxas, direitos
de censoria em cereais, vinho e dinheiro, taxações e bragais a
pagar à Mitra em cada ano.
Apresento, sempre que há dados disponíveis relativos a cada
uma das igrejas do atual concelho de Santa Maria da Feira para
que se possa fazer uma leitura comparadas desta realidade.
TÍTULO DAS IGREJAS DE SAMTA MARIA QUE PAGAVAM TAXAS À MITRA EM 1542
FREGUESIAS
Igreja de Sam Martinho de Arguomçelhe (Argoncilhe)
Igreja de Damta Maria de Manhouçe de Arifana (Arrifana)- Apresentação de
padroeiros
Igreja de Sam Pedro de Canedo (Canedo) e Sam Vicente (Louredo). Apresentação
do Bispo que tinha a sua capelania
Igreja de Sam Martinho de Escapães (Escapães) – Apresentação da Ordem do
Hospital (Malta)
Igreja de Samtiago de Esparguo (Espargo) – Apresentação do Mosteiro de
Cucujães
Igreja de Sam Nicolao da Feira (Feira) – apresentação do Cabido
Igreja de Samta Maria de Fiães (Fiães) – apresentação do mosteiro de Pedroso
Igreja de Sam Salvador de Fornos (Fornos )- Apresentação do Mosteiro de Santa
Clara de Vila do Conde
Igreja de Sam Mamede de Guisamde (Guisande). Apresentação do mosteiro de
Rio Tinto
Igreja de Samto Andre de Giam (Gião) – Apresentação de Vila Cova (de Sandim)
Igreja de Santa Maria de Lamas (Lamas) – Apresentação do Bispo
Igreja de Samtiago de Lobam – apresentação do Bispo
DIREITOS DE CENSORIA
Era capela do Mosteiro de Grijó
60 libras
50 libras
65 libras
30 libras
80 libras
60 libras
60 libras
16 libras
150 libras
50 libras
100 libras
174 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Igreja de Sam Viçente de Louredo Era anexa de Canedo -
Igreja de Samtiago de Lourossa (Lourosa) – apesentação do Hospital (Malta)
Igreja de Sam Miguel de Milheiroos (Milheirós de Poiares) – Apresentação dos
mosteiros de Pedroso, Grijó e Vila Cova
Igreja de Samto Amdre de Purzelhe (Mosteirô) – Apresentação do Mosteiro de
Pedroso
Igreja de Sam Martinho de Mozelos (Mozelos) e sua anexa Samta
Maria de Maladas – Apresentação do Mosteiro de Grijó)
Igreja de Nogeira da Regedoura (Nogueira da Regedoura) – Apresentação da
Ordem do Hospital (Malta)
Igreja de Sam Paio de Oleiros (Oleiros) – Apresentação do Mosteiro de Grijó
Igreja de São Ciprião de Paços de Brandão (Paços de Brandão). Metade pertencia
ao Mosteiro de Santa Clara a capela de Sam Silvestre de Duas Igrejas estava
unida a Paços de Brandão.
Igreja de Samta Maria de Pegeiros – apresentação do Paço de Pereiras
Comenda de Rio Meão da ordem de S. Tiago de Jerusalém e que pertencia à
Ordem do Hospital (Malta)
Igreja de Samto Isidro de Romariz (Romariz – apresentação do Mosteiro de Cete
Igreja de Sam Feliçes de Çima da Feira (Sanfins). Era de apresentação dos fregueses
padroeiros
Igreja de Sam Ovaia de Samguedo (Sanguedo) – apresentação do Mosteiro de
Pedroso
Igreja de Sam Joham de Ver (S. João de Ver). Apresentação do Bispo e da sua
Câmara
Igreja de Sam Jorge – apresentação do mosteiro de Grijó
Igreja de Sam Miguel do Souto (Souto) – Apresentação do Mosteiro de Pedroso)
Igreja de Sam Mamede de Travanca (Travanca)
Igreja de Samta Maria do Vale (Vale) – apresentação de Pedroso
Sam Mamede de Vila Maior (Vila Maior) – Apresentação do Mosteiro de
Pedroso
60 libras
120 libras
Estava anexa à igreja de S. Miguel
do Souto – 30 libras
25 libras mais 10 libras de
Maladas
30 libras
40 libras
35 libras
40 libras
Era da ordem de S. Tiago de
Jerusalém e que pertencia à
Ordem do Hospital (Malta)
90 libras
Era anexa de S. Tiago de Espargo
45 libras
70 libras
40 libras
30 libras
Anexa de Sam Nicolao da Feira
40 libras
35 libras
(Santos: Censual: 191 a 200).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
175
IGREJAS D’ ALÉM DOURO QUE PAGAM NO CELEIRO DO PORTO AO PREBENDEIRO
[SÉC. XVI]
Correspondência de medidas de capacidade
Paróquias de Feira atual
Igreja de Sam Martinho de Arguomçelhe
(Argoncilhe)
Igreja de Samta Maria de Manhouçe de Arifana
(Arrifana)
Igreja de Sam Pedro de Canedo (Canedo) e Sam
Vicente (Louredo)
Igreja de Sam Martinho de Escapães (Escapães)
Igreja de Samtiago de Esparguo (Espargo)
Igreja de Sam Nicolao da Feira (Feira)
Igreja de Samta Maria de Fiães (Fiães)
Igreja de Sam Salvador de Fornos (Fornos)
1 Búzio = 2 alqueires e meio = 10
quartas de alqueire
1 Moio = 50 alqueires
Quantidades pagas por ano de censos
Trigo Cevada Milho Centeio
- - - -
12 búzios e
de medição
¾
- -
8 búzios e
de medição
½ búzio
4 búzios e
de medição
¼
16 búzios e
de medição
1 búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
20 búzios e
de medição
1 búzio e 1/4
8 búzios e
de medição
½ búzio
4 búzios de
medição 1/4
16 búzios e
de medição
1 búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
20 búzios e
de medição
1 búzio e ¼
16 búzios e
de medição
1 búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
4 búzios e
de medição
¼
16 búzios e
de medição
1 búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
Igreja de Sam Mamede de Guisamde (Guisande). - - - -
Igreja de Samto Andre de Giam (Gião)
4 búzios e
de medição
¼
-
12 búzios e
de medição
¾
Igreja de Samtiago de Lobam
4 búzios e
de medição
¼
-
12 búzios e
de medição
1 ¾
Igreja de Sam Viçente de Louredo - - - -
Igreja de Samtiago de Lourossa (Lourosa)
Igreja de Sam Miguel de Milheiroos (Milheirós de
Poiares)
Igreja de Samto Amdre de Purzelhe (Mosteirô)
12 búzios e
de medição
¾
8 búzios e
de medição
½ búzio
4 búzios e
de medição
¼
-
-
8 búzios e
de medição
½ búzio
36 búzios e
de medição
2 búzios e ¼
24 búzios e
de medição
1 búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
--
16 búzios e
de medição
1 búzio
-
-
-
20 búzios e
de medição
e búzio e
1/4
-
16 búzios e
de medição
1 búzio
48 búzios e
de medição
3 búzios
24 búzios e
de medição
½ búzio
-
176 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Igreja de Sam Martinho de Mozelos
(Mozelos) com Maladas
14
alqueires
14
alqueires
14
alqueires
Igreja de Nogeira da Regedoura (Nogueira da
Regedoura)
14 alqueires
9 alqueires e
¼ e meia
9 alqueires e
¼ e meia
Igreja de Sam Paio de Oleiros (Oleiros)
Igreja de São Ciprião de Paços de Brandão (Paços
de Brandão)
Igreja de Samta Maria de Pegeiros (Pigeiros)
Samtiago de Rio Meão (Rio Meão)
Igreja de Samto Isidro de Romariz (Romariz)
Igreja de Sam Pedro Fynz sobre a Feira (Sanfins)
Igreja de Sam Ovaia de Samguedo (Sanguedo)
Igreja de Sam Joham de Ver (S. João de Ver) –
celeiro
Igreja de Sam Jorge (S. Jorge)
Igreja de Sam Miguel do Souto (Souto)
Igreja de Sam Mamede de Travanca (Traanca)
Igreja de Samta Maria do Vale (Vale)
Igreja de Sam Mamede de Villa Maior (Vila Maior)
9 alqueires e
¼ e meia
8 búzios e
de medição
½ búzio
4 búzios e
de medição
¼
20 búzios e
de medição
1 búzio e ¼
4 búzios e
de medição
1/4 búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
4 búzios e
de medição
1/4 búzio
82 búzios
e ½
4 búzios e
de medição
1/4 búzio
8 búzios e
de medição
1/2 búzio
4 búzios e
de medição
¼
4 búzios e
de medição
¼
búzios e de
medição 1/2
búzio
9 alqueires e
¼ e meia
8 búzios e
de medição
½ búzio
-
20 búzios e
de medição
1 búzio e 1/4
-
8 búzios e
de medição
½ búzio
-
40 búzios
-
8 búzios e
de medição
1/2 búzio
8 búzios e
de medição
1/2 búzio
-
-
9 alqueires e
¼ e meia
4 búzios e de
medição1/ 4
Búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
16 búzios e
de medição
1 búzio e 1
búzio
28 búzios e
de medição
1 búzio e ¾
8 búzios e
de medição
½ búzio
16 búzios e
de medição
1 búzioo
79 búzios e
¼ e meio
22 búzios e
de medição
1 búzio e ¼
8 búzios e
de medição
1/2 búzio
8 búzios e
de medição
1/2 búzio
20 búzios e
de medição
¼ e meio
16 búzios e
de medição
1 búzio
8 búzios e
de medição
½ búzio
-
28 búzios e
de medição
1 búzio e ¾
-
16 búzios e
de medição
1 búzio
65 búzios
e ¾
22 búzios e
de medição
1 búzio e ¼
-
-
20 búzios
20 búzios e
de medição
1 búzio e ¼
(Santos: Censual: 311 a 326).
Em 1560, a igreja de S. Martinho de Mozelos foi unida ao
Mosteiro da Serra pelo Papa Pio IV. Tinha, na altura, casas de
residência para o cura, tinha uma pequena terra de passal para o
mesmo e tim o celeiro do mosteiro para a dizimaria da freguesia
(ADP: Santo Agostinho da Serra: K/15/2-15, Fl.71v).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
177
VISITAÇÕES CENSOS E BRAGAIS
CARACTERIZAÇÃO RELIGIOSA DA FEIRA
NO SÉCULO XVII E SEGUINTES
Para se ter uma noção comparada da vivência religiosa, no início
da Idade Moderna nas freguesias que hoje fazem parte do concelho
da Feira, apresentamos dados que julgamos significativos sobre
esta matéria e que se acham reunidos no Catálogo dos Bispos
do Porto de D. Rodrigo da Cunha, com acrescentos posteriores.
FREGUESIAS
ERMIDAS
COMUNHÃO
MAIO-
RES
MENO-
RES
RENDI-
MENTO
CATEGORIAS
S. Martinho de
Argoncilhe
a) os freguezes
não pomos
aqui por não
serem da nossa
visitação, de que
os isentou o Bispo
do Porto, D. José
Olvilheiro (Catálogo:
245)
Santa Maria da
Arrifana
Tem o Santíssimo Sacramento.
Era Santa Maria de
Manhouce e Santo Estêvão
400 93 100$000 Abadia
S. Pedro de
Canedo
Tem o Santíssimo
Sacramento. Santa Luzia e
outra na quinta da Vargea
681 164
He anexa de Lobão que
com ela se arrenda. Foi
Comenda da Ordem de
Cristo. Tinha sido anteriormente
da Ordem de
S. Bento
Vigararia
S. Martinho de
Escapães
Ermida de Santo António 124 43 100$000 Abadia
S. Tiago de
Espargo
- 103 20
Com a sua anexa
Perofins 100$000
Abadia
S. Nicolau da
Feira
Mosteiro do Espírito Santo,
junto ao Castelo, S. Nicolau,
Nossa Senhora de Campos,
Nossa Senhora do Castelo,
S. Francisco, Santo André,
Santa Margarida e
Santa Luzia
542 92 200$000 Abadia
178 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Santa Maria de
Fiaens (Fiães)
Tem o Santíssimo
Sacramento. Nossa Senhora
da Conceição
216 70
Rende aos Padres de
Santo Eloy do Mosteyro
de Recam no Bispado
de Lamego a quem está
unida 170$000
Curado
Salvador de
Fornos (Fornos)
S. Mamede
de Guisande
(Guisande)
- 125 25 60$000 Abadia
- 204 43 120$000 Abadia
S. André de Gião
(Gião)
- 120 48 75$000
He unida ao
Mosteyro das
Religiosas de
S. Bento desta
cidade (Porto)
Santa Maria de
Lamas (Lamas)
- 80 19 100$000 Abadia
Sant – Iago de
Lobão (Lobão)
- 354 83
Rende com s anexas
600$000. He Comenda
da Ordem de Cristo
Vigararia
S. Vicente
de Louredo
(Louredo)
Nossa Senhora de Vila Seca 258 59
He annexa de Lobão e
com ella se arrenda
Curado
Sant-Iago
de Lourosa
(Lourosa)
S. Miguel de
Milheirós de
Poiares (Milheirós
de Poiares)
S. Martinho
de Mozelos
(Mozelos)
S. Cristóvão da
da Regedoura
(No gueira da
Regedoura)
S. Paio de Oleiros
(Oleiros)
S. Ciprião de
Paços de Brandão
(Paços de
Brandão)
S. Silvestre 211 78 100$000 Abadia
_ _ _ _ _
Ermida de Nossa
Senhora
168 44
- 124 19
- 80 33
100$000. He unida
ao Mosteyro do
Salvador da Serra,
da Congregação da
Santa Cruz
100$000. Hé unida ao
Mosteyro da Feira dos
Padres de Santo Eloy
É anexa de Arcozelo
(Gaia), Comenda de
Cristo que com ela se
arrenda
Curado
Curado
- 116 57 60$000 Abadia Sant-Iago
-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
179
Santa Maria de
Pigeiros (Pigeiros)
- 110 31
70$000. He de Padroado
leigo
Abadia
Sant-Iago de Rio
Meão (Rio Meão)
- - - Religião de Malta --
S. Isidoro
de Romariz
(Romariz)
Nossa Senhora da Portela,
Sant-Iago e S. Miguel
357 78
200$000 Apresentação
do Abade de Cete
Abadia
S. Perofins
(Sanfins)
Santa Eulália
de Sanguedo
(Sanguedo)
S. João de Ver (S.
João de Ver)
- 82 25 40$000 Abadia
Santo António 154 32 120$000 Abadia
Santo André 314 62 240$000 Abadia
S. Jorge (S. Jorge)
He matriz de São Silvestre e
cura-se com ella juntamente
211 36 150$000 Abadia
S. Miguel do
Souto (Souto)
Tem o Santíssimo
Sacramento e as ermidas de
Nossa Senhora da Guia e S.
Silvestre
240 64
É comenda da Ordem
de Cristo. Rende
150$000
Vigararia
S. Mamede
de Travanca
(Travanca)
- 168 55
120$000. Está unida apo
Mosteiro do Espírito
Santo dos Padres de
Santo Eloy da Feira
Curato
Santa Maria do
Vale (Vale)
- 401 68
200$000. He unida ao
Collegio de S. Lourenço
das Companhia de Jesu
desta cidade- Igreja dos
Grilos – (Porto)
Vigararia
S. Mamede de
Villa Maior (Vila
Maior)
- 165 38
He anexa de Pedroso
que com elle se arrenda
Curado
S. Andre de
Perozelhe
(Mosteirô)
- 157 46
He anexa a S. Miguel
do Souto e com ella se
arrenda
Curado
(CUNHA: MDCCXLII:242 a 250).
180 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Igreja de Argoncilhe
FREGUESIAS
Igreja de Manhouce (Arrifana)
Mosteiro de Canedo e sua anexas Louredo e Travanca
Igreja de Escapães
Igreja de Espargo
Igreja da Feira
Igreja de de Fiães
Igreja de Fornos
Igreja de Guisande
Igreja de Gião
Igreja de Lobão
Igreja de Lourosa
Igreja de Milheirós de Poiares
Igreja de Purzelhe (Mosteirô)
Igrejas de Mozelos e de Maladas
Igreja de Nogueira da Regedoura
Igreja de Oleiros
Igreja de Paços de Brandão
Igreja de Pigeiros
Igreja de Rio Meão
Igreja de Romariz
Igreja de Sanfins
Igreja de Sanguedo)
Igreja de S. João de Ver
Igreja de S. Jorge
Igreja do Souto
Igreja de Travanca
Igreja do Vale
Igreja de Santa Maria de Lamas -
Igreja de Vila Maior
(Santos: Censual:240 a 252).
Era do Mosteiro de Grijó
DIREITOS DE CENSORIA
144 reis e de cera e taxação e vinho 85,5 reis
557,5 reis e de cera e taxação 375 reis
279 reis e de cera, taxação e vinho 94,5 reis
57,5 reis e de cera e taxação 32 reis
557,5 reis e de cera e taxação 109,5 e mais 3.428 reis
186 reis e de cera e taxação 74 reis
279 reis e de cera e taxação 125 reis
139,5 reis e de cera e taxação 73,5 reis
279 reis e de cera e taxação 55 reis
557,5 reis e de cera e taxação 111 reis
372 reis e de cera e taxação 18 reis
500 reis e de cera e taxação 109,5 reis
186 reis e de cera e taxação 33 reis
186 reis e de cera e taxação 111,5 reis e por
Maladas sua anexa 70 reis
439,5 reis e de cera e taxação 32 reis
400 reis de cera e taxação
139,5 reis e de cera e taxação 58 reis
71 reis e de cera e taxação 58,5 reis
557,5 reis e de mais pelas igrejas de Maceda e Arada e de
cera e taxação 59 reis e a de ser visitada pelo bispo em pessoa
418 reis e de cera e taxação 109, 5 reis
57,5 reis e de cera e taxação 32 reis
139, 5 reis e de cera e taxação 32 reis
279 reis e de cera e taxação 42 reis
186 reis e de cera e taxação 56 reis mais por Duas
Igrejas, sua anexa 57,5 reis
372 reis e de cera e taxação 141 reis
Era anexa do Mosteiro de Canedo
279 reis e de cera e taxação 76 reis
279 reis e de cera e taxação 64 reis
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
181
Em 1566, o Papa Pio V, emitiu um Breve de separação dos moteiro
antigo (Grijó) e novo (Santo Agostinho da Serra), em que O
Summo Pontífice desanexou e separou as rendas e mandou se partisse
e que fossem dous mosteiros distintos (…). Logo se fez a repartição das
rendas, como também se partirão os ornamentos das igrejas, peças de
ouro e prata da sacristia, lenando cada mosteiro a metade de tudo; ao
Mosteiro da Serra ficou a renda de seis Igrejas, a saber: São Pedro de
Aradas, São Miguel de Milheirós, S. Martinho de Mozellos, S. Martinho
de Anta, Santo André de Canidelo e Santa Maria Magdanella no
Bispado do Porto, e todas estas igrejas são da apresentação do Prior do
Mosteiro de Santo Agostinho da Serra, como tãobem a Abbadia de São
Chistovão de Mafamude (Sousa: Estudos de Arqueologia:52).
Em 1624, Frei Marcos da Cruz, religioso do Mosteiro de Grijó,
informava que A Igreja de Moiselos (sic) foi in solidum deste
Mosteiro de Grijó. Era Abadia secular, nella apresentou muitas vezes,
e sei era sua no anno de 1365, em que lhe pegava de colheita seis libras,
como consta do Tombo que já muitas vezes citei a folhas 10. E o
era mais atras porque no tombo que fez El.Rey D. Afonso 4º mandou
fazer de toda a fazenda deste Reyno, julgando os juízes que o fizeram
por iniciativa sua. In freguesia de Moiselos habet Ecclesiola quinque
casales et totam ipsam ecclesiam que cota no Archivo Real e o treslado
authentico no deste mosteiro. Esta igreja so veyo depois a unir in perpetuum
a este mosteiro com sua anexa de Santa Maria de Maladas,
a qual deo a este mosteiro de Santo Agostinho da Serra, cujo he hoje e
tem cura que apresenta o mosteiro e confirma o Bispo do Porto por ser
da sua jurisdição. Está na terra da Feira, mea legoa deste mosteiro.
A Igreja de Santa Maria de Maladas era antigamente Abbadia, cujo
padroado era in solidum do Mosteiro de Grijó no anno de 1365, como
consta no tombo referido a folhas 9. Uniuse depois a de Mozellos e com
ella he hoje do Mosteiro da Serra. (AUC:Cruz: Crónica:135 e 136).
O século XVIII foi marcado pelo ouro brasileiro. Desde as
grandes obras, como o Convento de Mafra e Basílica da Estrela,
às Igrejas Paroquiais e capelas, houve um enorme surto de construções,
transformações e reparações de espaços sagrados, com
fundos provenientes do Brasil. O espaço hoje ocupado por Santa
Maria da Feira não escapou a esse surto renovador. Datam desse
tempo, muitas intervenções, em várias igrejas paroquiais, capelas
públicas, como o belíssimo exemplar joanino da capela de Meladas
e um grande número de capelas particulares. Num outro
nível, tal fonte de riqueza permitiu algumas ajudas estratégicas a
Roma que tiveram os desejados frutos.
A valorização da imagem régia da Igreja portuguesa passou
também pela promoção da Capela Real a Basílica Patriarcal. Por
outro lado, houve um reforço do poder da Coroa face a Roma e
à Igreja Portuguesa.
Pio V
Crónica do Mosteiro de Grijó
Basílica da Estrela
182 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ao longo deste período, viveu-se um clima de estabilidade
nas relações entre a monarquia, o papado e a Igreja, que o Rei D.
João V soube aproveitar em benefício pessoal. Tal clima foi radicalmente
alterado com a expulsão dos jesuítas, em 1759, e com
a quebra de relações diplomáticas com Roma, no ano seguinte,
para além da reforma da Inquisição.
O Marquês de Pombal pretendeu pôr cobro às situações de
exceção dos clérigos, cujos privilégios punham as suas pessoas e
bens fora da jurisdição do Estado. Esta era uma velha luta que,
de há muito se vinha a travar. Estas ações não tiveram um caráter
avulso, pois decorreram de uma fundamentação teórico-doutrinal,
sendo dominadas por uma evidente lógica institucional
(AZEVEDO:2000:166-176).
FREGUESIA TÍTULO FOGOS MAIORES MENORES
S. Martinho de Argoncilhe Curado 227 594 160
Santa Maria da Arrifana Abadia 170 484 104
S. Pedro de Canedo Reitoria 408 1091 286
S. Martinho de Escapães Abadia 76 288 40
S. Tiago de Espargo Abadia 47 160 20
S. Nicolau da Feira Vigararia 237 779 67
Santa Maria de Fiães Curado 176 455 102
S. Salvador de Fornos da Feira Abadia 70 235 30
Santo André de Gião Curado 99 304 81
S. Mamede de Guisande Abadia 86 291 46
Santa Maria de Lamas Abadia 59 159 33
S. Tiago de Lobão Curado 237 603 136
S. Vicente de Louredo Curado 163 494 111
Lourosa Abadia 159 378 125
S. Miguel de Milheirós de Poiares Curado 113 420 40
Santo André de Mosteirô Curado 78 255 69
S. Martinho de Mozelos Curado 105 254 59
S. Cristóvão da Regedoura Curado 70 124 51
S. Paio de Oleiros Curado 51 123 63
S. Cipriano de Paços de Brandão Abadia 46 133 26
Santa Maria de Pigeiros Abadia 78 224 40
S. Tiago de Rio Meão Vigararia 120 358 75
Santo Isidoro de Romariz Abadia 198 797 51
S. Pedrofins da Feira Curato 52 158 44
Santa Eulália de Sanguedo Reitoria 119 280 77
S, João de Ver Abadia 208 784 145
S. Jorge da Feira Abadia 84 293 49
S. Miguel do Souto Reitoria 138 353 112
S. Mamede de Travanca Curado 90 330 62
Santa Maria do Vale Vigararia 162 494 112
S. Mamede de Vila Maior Reitoria 89 265 62
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
183
CONTRIBUIÇÃO PARA A GUERRA
CONTRA OS TURCOS
A contribuição do clero do Porto para a guerra contra os
Turcos teve origem na preocupação ou aflição do Papa Clemente
XI (1700 – 1721) perante ameaças de invasão dos Estados pontifícios,
por parte das armadas turcas.
Não vou alargar-me aqui sobre o que foi para o Ocidente, o
medo do Turco, a partir dos princípios da Idade Moderna, a par
do medo das bruxas e do diabo, das epidemias e da fome, do fim
do mundo e do juízo final, dos judeus e dos mouros. O medo
do Turco como perigo e ameaça iminente e permanente, marcou
fundo o homem do ocidente moderno.
Para um místico Jerónimo do século XVI, os Mouros e os Turcos
eram agentes de Satan para destruir a Igreja. Não esconjurados
definitivamente estes últimos, era necessário, por isso, mobilizar permanentemente
os espíritos contra o perigo, mantê-los em estado de
Cruzada. Daí a razão da eclosão da batalha de Lepanto (1571).
Não deixa de ser notável, sob o ponto de vista da história
das mentalidades, constatar como alguns clérigos, reduzidos embora
em número, faziam as suas ofertas com esse espírito. Um
ofereceu para obra tão pia, para a defensa da nossa santa fé (...)
(SANTOS:1978:6 e 7).
O que parece indicar que o mito da cruzada não tinha morrido
de todo em Portugal nos princípios do século XVIII.
Essa posição foi assumida pelo clero, a partir da sensibilização
desenvolvida pelo Bispo do Porto, D. Tomás de Almeida,
ligado por laços familiares aos Condes de Avintes que, para o
efeito, tornou pública uma pastoral dirigida a todos os clérigos
da sua diocese. Realce-se a diferença entre as contribuições dos
Abades (à volta de 12$000 réis) e os Curas (480 réis).
Para se ter uma ideia do valor das ofertas, lembre-se que, em
1716, um alqueire de trigo custava 500 réis, um de centeio 320
réis, um de milhão (milho graúdo) 320 réis, uma galinha 160 réis.
Para efeito da recolha dos donativos, cada uma das quatro
comarcas foi dividida em zonas, em cada uma das quais, havia
um coletor que, por sua vez, fazia chegar essas ofertas ao coletor
geral, Tomás de Freitas.
O leque dos donativos é bastante amplo. Oscila, se excluirmos
a oferta do Bispo que foi de 3 contos de reis ou 3.000.000$000
réis, entre 48$000 réis (donativo do Abade de S. Cristóvão de
D. Tomás de Almeida
184 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Nau Nossa Senhora da Conceição,
que participou na guerra contra os
Turcos
Refojos) e 240 ou mesmos 120 réis.
O montante das ofertas dos abades e dos curas é diferente e
traduz bem a diferença dos recursos de uns e de outros. O que
significará uma oferta destas em poder de compra?
Para dar uma ideia vamos comparar uma dessas ofertas, por
exemplo, a de 480 réis que era sensivelmente a mais comum,
com alguns preços correntes do tempo de bens de primeira necessidade.
Vejamos alguns desses preços praticados no Porto e
registados, em livro próprio, pelo Hospital da Santa Casa da Misericórdia
do Porto.
ANO TRIGO CENTEIO MILHÃO GALINHA
1715 450 reis 280 reis 280 reis 150 reis
1716 500 reis 320 reis 320 reis 160 reis
1717 430 reis 220 reis 220 reis 160 reis
Unidade de medida: alqueire, correspondência em Moeda: réis.
A oferta mais corrente era de 480 reis. Com esse dinheiro
podia comprar-se em 1716, um alqueire de trigo, 1.5 alqueire de
centeio, 3 galinhas, etc. (SANTOS:1978:11).
CONTRIBUIÇÃO DO CLERO DA VILA DA FEIRA
CONTRI-
FREGUESIA
PADRES
BUIÇÃO
S. Martinho de Argoncilhe a) -
Santa Maria da Arrifana
Abade João Brandão
Padre António Carneiro da Fonseca
Padre Manuel Leite Pereira
4$800 reis
400 reis
960 reis
Duas Igrejas – integrada hoje em
Romariz
Cura Dionísio Alvarez
400 reis
Reitor Hiacynto Leal de Sousa
9$6000 reis
S. Pedro de Canedo
Padre Manuel Gonçalves Pinto
Padre António dos Reis Fernando
480 reis
240 reis
S. Martinho de Escapães
Abade João Carneiro de Lima
Padre João Carneiro
Padre Joseph Correa
7$200 reis
480 reis
480 reis
S. Tiago de Espargo Abade João Moreira 6$000 reis
S. Nicolau da Feira
Padre Francisco Soares Freitas
Padre António Lopes Correa
Padre Joseph Soares de Melo
480 reis
240 reis
240 reis
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
185
Santa Maria de Fiães
Cura Joseph Pinto Pereira
2$400 reis
Padre Luís Pereira Reis
480 reis
S. Salvador de Fornos da Feira
Abade Xavier Moreira
4$800 reis
Padre António Gomes de Pinho
300 reis
Santo André de Gião
Cura Domingos de Sousa
Padre Domingos Pereira
Padre Manuel Francisco de Azevedo Reimão
1$500 reis
480 reis
2$400 reis
S. Mamede de Guisande Abade Manuel de Carvalho 968 reis
Santa Maria de Lamas
Abade Manuel Barboza de Castro
4$800 reis
Padre Manuel Pais
240 reis
Cura Simão de Sousa Leal
720 reis
S. Tiago de Lobão
Padre João Ferreira
480 reis
Padre Manuel Ferreira
240 reis
Padre João da Silva Leal
600 reis
S. Vicente de Louredo Cura André Ferreira Nunes 2$400 reis
S. Tiago de Lourosa
S. Miguel de Milheirós de Poiares
Abade António Lopes Oliveira
Padre João Ferreira Pinto
Padre Manuel Carneiro
Cura João de Freitas Aguilhar
Padre Manuel Soares de Resende
Padre Manuel de Pinho Silva
Padre Miguel de Oliveira
Padre Manuel de Pinho Henriques
24$000 reis
1$200 reis
240 reis
480 reis
480 reis
380 reis
240 reis
400 reis
Santo André de Mosteirô Cura Manuel Ferreira 1$440 reis
S. Martinho de Mozelos
Cura Joseph Alvarez
Hu clerigo que não nomea
2$000 reis
300 reis
S. Cristóvão da Regedoura Cura Francisco Dias Pinto 1$500 reis
S. Paio de Oleiros Manuel de Sá Pereira 480 reis
S. Cipriano de Paços de Brandão
Abade Francisco Correa de Siqueira
Padre Bibiano Pinto de Almeida
480 reis
480 reis
Santa Maria de Pigeiros Abade Manuel Roiz Ramos 3$000 reis
S. Tiago de Rio Meão b)
Abade Luís de Carvalho Póvoas
Padre António da Silva
Santo Isidoro de Romariz
Padre Gabriel de Almeida
Padre António Alvarez
Cura Manuel Moreira Luis
S. Pedro Fins da Feira
Padre Manuel Homem Soares
Reitor Augusto Alvarez da Silva
Santa Eulália de Sanguedo
Padre Manuel Pais Tavares
Abade Manuel Cabral Soeiro
Padre Faustino Ferreira Pinto
S, João de Ver
Padre Franciso Paes Chaves
Padre Manoel de Oliveira
Abade João Henrique do Couto
S. Jorge da Feira
Padre João Martins- Abade Pensionário
Joseph Henrique do Couto
24$000 reis
480 reis
480 reis
480 reis
9$60 reis
480 reis
4$800 reis
480 reis
14$400 reis
600 reis
200 reis
200reis
9$600 reis
4$800 reis
1$200 reis
186 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
S. Miguel do Souto
No decurso dos efeitos do terramoto de 1755, que provocou
fortes estragos em Lisboa, o Marquês de Pombal encarregou o
padre Luís Cardoso, natural de Pernes, Santarém a elaborar um
inquérito procurando conhecer a realidade administrativa, geoa)
Igreja do Isento de Grijó
b) Comenda de Rio Meão
Reitor Domingos Ferreira
Padre Joseph Henriques e seu irmão
Padre Domingos Gomes da Cruz
4$000 reis
960 reis
360 reis
S. Mamede de Travanca Cura Domingos da Costa Azevedo 1$200 reis
Santa Maria do Vale Vigário Joseph da Costa Correa 720 reis
S. Mamede de Vila Maior
Reitor Manuel Vieira
Padre João Baptista
4$800 reis
480 reis
CONTRIBUIÇÃO DA DIOCESE DO PORTO
TITULO
RENDA ANUAL
Bispado do Porto 4.291$860
Cabido 3.218$895
Igrejas 19.098$895
Total 26.609$650
RESUMO DA CONTRIBUIÇÃO DO PAÍS
TITULO
RENDA ANUAL
Bispados, Cabidos e Igrejas do Reino 200.459$544
Religiões de Frades e Freiras 125.341$945
Prelados das três Ordens 15.224$564
Comendas das três Ordens 53.648$437
Universidade de Coimbra e seus Colégios 5.364$706
Total 400.039$196
(SANTOS: 1978: 13, 15, 27, 70, 71, 72, 85, 86).
MEMÓRIAS PAROQUIAIS DE 1758
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
187
gráfica, histórica de cada paróquia, a sua localização, a realidade
religiosa, nomeadamente, os seus clérigos, e a sua categoria e
funções, a existência de conventos e de hospitais, casas de misericórdia,
ermidas e as suas eventuais romagens.
Procurava conhecer-se os frutos da terra recolhidos pelos
moradores, se tinham juízes ordinários, se eram couto, cabeça
de concelho, honra ou mestria, se havia memória de pessoas insignes
de virtude, letras e armas, se tinha feira e correio. Quanto
distava de Lisboa, se tinha privilégios e antiguidades, se havia
alguma fonte ou lagoa célebre e se as suas águas tinham especial
virtude, se era porto de mar, se era murada e se tinha padecido
qualquer ruína no terramoto. Finalmente, pretendia informações
sobre a serra e o rio da terra, caso lá existissem.
O pároco José Ferreira Dias Rodrigues respondeu o seguinte:
Desejando dar satisfaçam a ordem que me foy enviada pelo muito
Reverendíssimo Senhor Bispo nosso dignissimo Prelado para satisfazer
aos interrogatórios que ficam em meu poder e dar a noticia que se
procura saber desta freguesia de Sam Martinho de Mozellos termo da
Villa da Feyra, comarqua desgueyra do Bispado do Porto
1 – Esta situada na Beira bayxa termo e terra da Feira comarqua
desgueira na terra do Senhor Conde e agora do Senhor Infante Dom
Pedro.
Ao quesito 2 que pretendia saber se a terra era de El-Rei ou
de qualquer donatário não respondeu, do que se conclui que a
resposta era negativa.
3 – Tem esta freguezia huma igreja e tem pessoas entre grandes e
pequenas coatro centas e noventa e sinco.
4 – Esta situada em hum val donde se descobrem a Igreja de Sam
Tiago de Lourosa e a capella de Sam Miguel sita na dita freguesia
mais as terras de Chaves que distam quatro legoas e meya pouco mais
ou menos e a serra da Freita que se descobre parte della que dista seis
legoas.
Ao quesito 5 também não respondeu pois não tinha termo seu.
6 – A Parochia esta fora de todos os lugares da freguesia e tem
desouto lugares que sam o lugar de Goda, Hermilhe, Bergada, Fundam,
Outeiro do Munho, Prime, Mozellos, Almeixa, Regadas, Meladas,
Barroza, Villas, Casal, Seitella, Gesto, Sobral, Quintam, Igreja
e nada mais.
188 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
7- O Orago desta he Sam Martinho e existem nesta Igreja três
altares e huma só nave o Altar Mor aonde esta colocado o Santissimo
Sacramento e tem entre si Sam Martinho, Santa Anna, Santa Gertrudes
e nada mais.
Os dois altares colaterais hum da Senhora do Rosario, que tem
a ladea-la Santo António e Sam José e o Menino. O altar do Santo
Christo que consta da Senhora das Dores e Santa Luzia e Sam Sebastiam
e Santa Anna tem irmandade e faz a sua festa no seu dia e he
romaria de gente e hera so hum dia.
8-Esta Igreja he curato que apresentam os reverendíssimos cónegos
de Santo Agostinho do Mosteiro da Serra e tiram de renda 308 mil
reis desta freguesia pouco mais ou menos.
Aos quesitos 9, 10, 11 e 12, onde se pretendia saber a qualidade
do pároco, se tinha beneficiados, conventos, hospital e casa
de misericórdia respondeu
13 – Tem esta freguezia duas capelas ou ermidas huma de Sam
José situada no lugar de Almeixa, outra da Senhora da Conceiçam
situada no lugar das Melladas que são da freguesia.
Ao quesito 14 respondeu – Nada – concluindo-se não haver
romagens a qualquer dos templos referidos.
15 – Os fructos da terra com mais abondancia sam o milho grande
e também senteio, trigo milho miúdo painço.
Esta situada na Beira bayxa termo e terra da Feira comarqua
desgueira na terra do Senhor Conde e agora do Senhor Infante Dom
Pedro.
Esta sujeita ao Governo da Justiça o ouvidor e juiz da terra da
Villa da Feyra e ao Procurador da Comarqua da Esgueira.
(…)
Tem esta huma feyra a que chamam do Morado por estar sita no
mesmo lugar aos vinte e sinco dias de cada mês e he cativa e nam franca.
Não tem correio seo servese da Villa da Feyra que dista huma legoa.
Contase desta freguesia a cidade do Porto três legoas e a cidade de
Lisboa corenta e seis. Do Porto a cidade capital sam sincoenta legoas.
(…)
Nesta terra não há serras para que tenham que nellas dar noticia
e so, digo, há hum outeiro de suas qualidades.
Junto a esta igreja há hum outeiro a que chamam do Morado que
fica o qual serve de apascentar os gados cuja planicie no pico deste
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
189
terá de comprido duzentas braças e de largura mais de cem tudo
plano a huma altura regista este em antigos tempos ser cercado cujo
monte ou outeiro dizem os antigos que foi praça de mouros de cujo se
descobre grande parte do mar a villa de Aveiro e todo o rio que fica
diante e a villa sera de distancia sinco seis legoas ao castelo da vila
da Feira que dista huma legoa e a serra de Balongo, a Baltar e Chaves
e Freita já nomeadas que a de Valongo dista seis legoas o castelo
de Sam Joam da Fos, junto a barra do Porto, a Senhora da Luz de
Sam Joam da Fos e outras muitas povoações e igrejas das redondezas
como o mosteiro de Grijó dos cónegos regulares de Santo Agostinho,
tem um monte nas suas redondezas que estam manando copiozas
agoas em todo o tempo e os povos se servem dellas para seos gastos de
casa, nam tem arvores alguas nem tem outro qualquer monte arado.
E nam tenho mais desta em todos os interrogatórios da serra.
Dos rios desta freguesia não tem rios porquanto um regato delle
nasce uma fonte donde hum regato chamado Prime e he tam pequeno
que teveram de fazer possos para beberem os gados e cria peixes de
várias qualidades.
Chamase de Prime principia na fonte do gado (Goda)tudo dentro
da mesma freguesia.
Corre parte do anno pois no verão falta.
(…)
Corre do Norte ao Sul para a freguesia de Santa Maria de Lamas.
(…)
10 – Cultivamse as suas ribeiras junto ao regato e tem suas arvores
de fruto em partes que frutificam.
(…)
13 – Morre este na lagoa da freguesia de Paranhos (sic) de Paramos
lagoa que cria peixes de varias qualidades.
(…)
16 – Tem este alguns muinhos que moem o milho, o trigo e as mais
qualidades de gram porem parte do veram he com aguas emprezadas.
(…)
18 – Os povos uzam as suas agoas libremente para as culturas dos
campos e servidões sem pensam nem foro algum.
19 – Tera este regato huma legoa de seu comprimento onde fenesse e
desta freguesia de Mozellos corre a freguesia de Lamas e de hi a Passos
de Brandam e dahi a Paranhos (sic) onde fenesse metendo-se na lagoa.
(…)
190 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
E nesta forma tenho respondido a noticia que acho desta freguesia de
Sam Martinho de Mozellos e que fis na milhor forma que pude descobrir
sem afecto algum senam com toda a clareza o que tudo fosse necessidade.
12 de abril de 1758
O Parocho Jose Ferreira Dias Rodrigues
(TT: Memórias Paroquiais de 1758: vol. 25: nº 252: Fls. 1881-1884).
D. Joâo IV
No século XVII, com a criação da Casa do Infantado pelo rei
D. João IV, com património confiscado a nobres que permaneceram
fieis aos reis espanhóis, algumas localidades viram os seus
destinos passarem a ser decididos pelos infantes da Casa Real.
Durante o governo do Marquês de Pombal, em 1759, por
decreto a Companhia de Jesus foi expulsa do reino e todos os
seus bens foram incorporados na Coroa e administrados pela
Real Mesa Censória. As propriedades continuaram a ser geridas
como até aí em regime de enfiteuse em prazos de vidas.
Segundo informações contidas nas Memórias Paroquiais, em
meados do século XVIII, cultivavam-se várias qualidades de cereais
como o milho grande, centeio, trigo, milho-miúdo e painço
e havia árvores de fruto nas margens do regato de Prime. (ID.:
IBID.: Fls.1883).
No entanto, a prática irá levar a que esses prazos fossem convertidos
em perpétuos, beneficiando sobretudo os subenfiteutas,
na remissão dos mesmos. Mas isso anunciava o que se passaria
após 1834.
ASPETOS JUDICIAIS E ADMINISTRATIVOS
Segundo informação contida nas Memórias Paroquiais, a
freguesia estava situada na Beira Baixa termo e terra da Feira,
Comarca de Esgueira, na terra do Senhor Conde e que era então
do Infante Dom Pedro e estava sujeita ao Governo da Justiça o
ouvidor e juiz da terra da Vila da Feira e ao Procurador da Comarca
da Esgueira (TT: Memórias Paroquiais: Fl. 1882).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
191
Em 1787, era este o quadro religioso da comarca da Feira (freguesias
do atual concelho de Santa Maria da Feira).
Freguesia Título Padroeiros Fogos Almas Rendº.
S. Martinho de Argoncilhe Curado Convento de Grijó 310 1103 100$00 3
Costa: Descrição:176 a 185).
Dista do
Porto
Santa Maria da Arrifana Abadia Casa do Infantado 221 855 500$000 5,5
S. Pedro de Canedo Reitoria Mitra 538 1655 400$000 3 S. Tia
S. Martinho de Escapães Abadia Mitra 115 371 300$000 5
S. Tiago de Espargo Abadia
Papa e Bispo e Convento de
Cucujães
96 365 360$000 4
S. Nicolau da Feira Vigararia
Convento de Santo Elói da
Feira
315 1248 120$000 6
Santa Maria de Fiães
Curado
Convento de Santo Elói de
Lamego
244 806 130$000 3
S. Salvador de Fornos da
Feira
Abadia Alternativa do Papa e Bispo 96 369 400$000 5
S. Mamede de Guisande Abadia
Alternativa do Papa e Freiras de
S. Bento do Porto
192 506 500$000 4
Santa Maria de Lamas Abadia Papa 76 363 550$000 3
S. Tiago de Lobão Curado Reitor de Canedo 319 1046 200$000 4
S. Vicente de Louredo Curado Reitor de Canedo 146 644 130$000 4
Lourosa
S. Miguel de Milheiros de
Poiares
Curado Convento da Serra 149 605 50$000 5
Santo André de Mosteirô Curado Reitor de S. Miguel do Souto 82 348 60$000 5
S. Martinho de Mozelos Curado Convento da Serra 185 667 90$000 3
S. Cristóvão da Regedoura Curado
Congregação de Santo Elói da
Vila da Feira
143 450 100$000 3
S. Paio de Oleiros Curado Reitor de Arcozelo 103 307 100$000 3
S. Cipriano de Paços de
Brandão
Abadia Mitra 76 312 400$00 3
Santa Maria de Pigeiros Abadia
Casa dos Paços de Pereiras da
Quintã
107 436 500$000 4
S. Tiago de Rio Meão Abadia Comendador de Rio Meão 156 489 150$000 3
Santo Isidoro de Romariz Reitoria
Convento de S. João Novo do
Porto
300 1055 250$000 5
S. Pedrofins da Feira Curado Religiosas de S. Bento do Porto 87 335 80$000 5
Santa Eulália de Sanguedo Reitoria Padroado Real 158 592 200$000 3
S, João de Ver Abadia Mitra 233 881 1000$000 4
S. Jorge da Feira Abadia
Alternativa da Mitra e do Convento
de Santa Clara do Porto
116 490 60$000 4
S. Miguel do Souto Reitoria Mitra 281 910 250$000 5
S. Mamede de Travanca Curado
Convento de Santo Elói da
Feira
190 583 70$000 5
Santa Maria do Vale Vigararia Padroado Real 196 782 130$000 4
S. Mamede de Vila Maior Reitoria Padroado Real 117 358 230$000 3
192 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
VOTOS DE SANTIAGO
Imagem de Santiago Maior na
Catedral de Santiago de Compostela,
Espanha
Caminho de Santiago
Este tributo anual era devido à Diocese do Porto e à Mitra da
Cidade e consistia geralmente em alguns alqueires ou rasos de
cereal e só raros moradores dele estavam isentos.
Em Portugal, estavam obrigadas ao seu pagamento as dioceses
do Porto, Braga e Coimbra. Todavia, só os foreiros com
propriedades na diocese do Porto faziam tal pagamento, embora
nem todos os moradores a ele estivessem obrigados. Havia raríssimos
casos de isenção.
Esta era mais uma entre as muitas contribuições que os camponeses
estavam obrigados, a qual, desde muito cedo, já pouco
tinha a ver com a finalidade inicial.
Era um tributo de origem remota e imprecisa, inicialmente,
composto por uma medida de pão e outra de vinho pago pelos cristãos
peninsulares à Igreja de Santiago de Compostela, por cada junta de bois
com que lavrassem a terra (COSTA: 1959: vol. I: 264).
Segundo a lenda, um príncipe cristão da Reconquista fez um
convénio com os sarracenos. Ele e os seus descendentes entregariam
anualmente cem donzelas cristãs de formosura, cinquenta fidalgas
e outras cinquenta nascidas do povo. Por este preço obtinham os
cristãos do sarraceno que este não lhes fizesse mais guerra.
Em 834, Ramiro I decidiu livrar o reino deste vergonhoso
tributo, mas na batalha que o opôs aos mouros, foi destroçado
(ALARCÃO: 1973: 137).
Estes votos só vieram a ser extintos pelo governo liberal, sendo
as terras da Comarca da Feira, de que Mozelos fazia parte, as
últimas a serem isentas.
Este tributo era pago em géneros, sobretudo centeio e milho-
-miúdo.
Em Mozelos, havia o casal de Seitela que pagava 3 alqueires
de cereal, mais outros 2 que pagavam mais 6 alqueires e um outro
que pagava outros 3. Havia também o casal de Mozelos que
pagava 3 alqueires, pela medida velha, e 4 casais no Souto que
pagavam cada 2 alqueires (AMARAL: São Salvador: Apêndice D).
Em 1711, foi tirada uma sentença contra possuidores do casal
de Goda, sito na freguesia de Mozelos, foreiro a Rio Meão cujas
partes se compunham entre si para pagarem a renda dos votos
em falta o que a cada um tocava cujo rateamento foi julgado por
sentença (ADP. Cabido: K/13/1/3-21-002/0499).
O quadro tem interesse para complementar a informação do
retrato fundiário e seus foreiros para o mesmo período.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
193
4º CAMINHO DE SANTIAGO DA
COMARCA DA FEIRA- 1706
LUGAR PROPRIEDADES VOTOS
MOZELOS
SEITELA
PRIME
SEITELA
ERMILHE
Casal que foi de Sebastião Godinho e hoje possui Francisco Oliveira
Francisco Oliveira
Casal que foi de António João e que hoje possui Manuel
Domingues e outros
Manuel Alves
Jorge Fernandes
Manuel João
António Gonçalves, da Quintã pelo campo da Lousada
Casal que foi de João Pires e hoje possui Bento Alves e outros
Bento Alves
Manuel Alves
Manuel Gomes
João Francisco e sua mulher por Roque Fernandes, da Regedoura
Manuel António por António João, da Portela, da freguesia de
Nogueira da Regedoura
Casal que foi de Ruim Gomes e hoje possui Manuel João e outros
Manuel João com Jorge Fernandes e António Fernandes
Simão Roiz por João Domingues e por António Francisco
António Francisco por António Jorge
António Carvalho por terras de sua pertença
O mesmo António Carvalho
Manuel Alves por Manuel Domingues, genro de António Carvalho
António Francisco, filho de António Jorge
Casal que foi de Domingos Gonçalves e hoje possui Domingos
Gonçalves, o caseiro e outro
Pedro Ferreira
João Francisco
João Fernandes
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Trigo – 3 rasos
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
3 selamins de trigo
3 selamins de trigo
15 selamins de trigo
3 selamins de trigo
Trigo – 2 rasos
Milho – 2 rasos
Cevada – 2 rasos
1,5 raso de trigo
9 selamins de trigo
3 selamins de trigo
1,5 raso de trigo
1,5 raso de trigo
Trigo – 3 rasos
Milho – 3 rasos
Cevada – 3 rasos
Meio raso de cevada
Meio raso de trigo
1,5 raso de trigo
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
Meio raso de trigo
1 quarta de trigo
e outra de milho
1 raso de trigo
Trigo – 2 rasos
Milho – 2 rasos
Cevada – 2 rasos
Trigo – 2 rasos
Milho – 2 rasos
Cevada – 2 rasos
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
Trigo – 2 rasos
Milho – 2 rasos
Cevada – 2 rasos
194 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Casal que foi de Manuel Fernandes e hoje possui João Fernandes,
de S. Félix da Marinha
João Francisco, de Espinho, freguesia de S. Félix da Marinha
Casal que chamam Casal que foi de João Pinheiro e hoje possui
Tomé Gomes e outros
Tomé Gomes
António Coelho
Maria Lopes, mulher que ficou de João Alves por Manuel Alves de
Seitela e por António João
João Coelho
António Alves
Lourenço de Amorim Pereira, filho de Manuel da Rosa e sua mãe
Maria da Rosa por eles e por Manuel da Rosa e por Manuel João
Lourenço de Amorim Pereira. por seu pai Manuel da Rosa. da rua de
Trás e por Domingos Fernandes e mulher na freguesia de Argoncilhe
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
Trigo – 3 rasos
Milho – 3 rasos
Cevada – 3 rasos
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
Trigo – 2 rasos
Milho – 2 rasos
Cevada – 2 rasos
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
Trigo – 1 raso
Milho – 1 raso
Cevada – 1 raso
Meio raso de trigo
Meio raso de milho
Meio raso de trigo
Meio raso de milho
(ID:IBID:: K/26/1/1. CX. 4 – 32, Fls. 90v a 94)
MOZELOS CONTEMPORÂNEO DAS
INVASÕES FRANCESAS ATÉ À ATUALIDADE
Na página anterior, reprodução de ADP:Santo Agostinho da Serra:
K/8/4- 46:Fls. 232 a 241.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
197
ASPECTOS ECONÓMICOS, SÉCULO XIX
A dialéctica entre as forças renovadoras e conservadoras e
esta constante tendência para todo o impulso inovador cristalizar
em estabilidade ordeira, antes de imprimir alterações significativas
nas estruturas, são uma das características desta época.
(...) A venda dos bens nacionais, a repatriação dos emigrantes
enriquecidos e especialmente a comercialização da produção
agrícola fazem surgir uma actividade financeira relativamente
activa e uma classe média rural e urbana muito mais extensa.
(SARAIVA:1982 : vol.6:1)
O quadro social económico do país e da região não se alterou,
do século XVIII para a centúria de oitocentos. No entanto ao
longo do século a estrutura socioeconómica vai sofrer mutações.
O facto que mais impacto teve em Mozelos, foi a nacionalização
dos bens das corporações religiosas e a sua desamortização, decorrente
da lei de Joaquim António de Aguiar, conhecido pelo
mata-frades, após a vitória liberal de 1834.
A chamada sociedade do Antigo Regime que, segundo a opinião
de José Matoso, começou a transformar-se, a partir das invasões
francesas, que para além dos graves prejuízos trazidos ao
país, veicularam também as doutrinas da Revolução Francesa,
trazidas pelos soldados de Napoleão Bonaparte.
As invasões francesas forneceram, algumas vezes, o pretexto
para muitos saques, roubos e destruições, que foram levados a cabo
por camponeses, a coberto da impunidade que a presença dos franceses
propiciava, mas onde se denota, por vezes, a desforra para
muitos anos de mal sofrida sujeição e outras o fácil remédio para
situações aflitivas de momento. Alguns mosteiros e outros grandes
senhorios foram alvo dessa ira e desses levantamentos populares.
Os reflexos palpáveis, em termos estruturais, após o período
áureo das Descobertas, a que se juntaram todas as nefastas
consequências das lutas liberais, já referidas que depauperaram
Joaquim António de Aguiar
Napoleão Bonaparte
198 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
D. Pedro e D. Miguel, guerra entre
os liberais e absolutistas
(caricatura da época)
Plantação de batatas
seriamente o País e retardaram as transformações operadas pela
Revolução Industrial, em franco desenvolvimento na Europa.
Por isso, a realidade mantém-se, continuando o litânico processo
de celebração de prazos novos ou de renovação de outros
já existentes, no quadro de relações entre senhorios, rendeiros e
foreiros e com as mesmas práticas agrícolas vindas do passado,
com os mesmos métodos e as mesmas culturas, que mantiveram
incólume a ancestral sociedade de ordens, onde os estratos dominantes,
clero e nobreza, viviam do trabalho do terceiro estado.
Verifica-se, neste século, o aumento das áreas de pastagens e
cultivo hortícola em extensão.
Como afirma o Professor Aurélio de Oliveira (...) a penetração
capitalista nos campos também acompanha frequentemente a Revolução
agrícola: a ocupação de novas terras. É um fenómeno que largamente se
documenta nos últimos tempos do século XVIII em várias zonas do país,
melhor dito em certas áreas do país: ocupação de baldios, maninhos, terras
comunais, e até novos rompimentos em terras senhoriais e concelhias.
A grande realidade é esta: a posse da terra, não pelos lucros que
se almejam da sua exploração directa, mas a sua posse, como fonte de
renda, definidora de prestígio, de respeitabilidade, de honorabilidade,
de acesso nos degraus da sociedade (OLIVEIRA:1980:3 e 4).
A repartição e distribuição dos produtos globais da terra durante
o Antigo Regime, derivavam da posição que cada um ocupava face a
duas realidades em que se definia a base e o poder económico da economia
e da sociedade rurais: a estrutura, posse e repartição do fundus
– que traduzia a situação e a participação horizontal; e a que derivava
de cada elemento face às rendas, aos proventos auferidos e às massas
salariais envolvidas – que traduziam ou melhor condicionavam a participação
vertical dos vários agentes ou grupos sociais (ID.:IBID.:10).
Como já acontecera nos séculos anteriores, no antigo regime
português os principais contratos agrários são: o arrendamento,
a parceria agrícola, os consortes, o censo reservativo e a enfiteuse
e a subenfiteuse.
Os campos e o mundo rural vivem, de um modo ou de outro,
enredados em crises sucessivas e constantes. O quadro e o lugar da
crise do antigo tipo é, por excelência, o campo (ID.:IBID.54 e 55).
Uma maior rentabilidade verifica-se sobretudo também no
tipo de cereal aqui já largamente utilizado: o milho grosso. Não
deixa, mesmo assim, de constituir uma alta percentagem, para a
qual nos apraz chamar a atenção, até pelo significado económico
e social que encerra.
Paralelamente consolida-se o cultivo promíscuo dentro da
mesma parcela. As culturas cerealíferas do milho-miúdo, milho
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
199
grosso ou maíz, centeio e trigo convivem na mesma parcela com
árvores de vinho, choupos e amieiros, carvalhos, castanheiros,
árvores de fruto, culturas de leguminosas, o feijão e a abóbora,
misturadas com o milho grosso. O tamanho da parcela reduz-
-se, dividida por vários cultivadores, mas a sua produtividade
aumenta pelo número de culturas, do que propriamente pelo
aumento de produção monocultural. A policultura é a prática
corrente. Com ela permite-se obter uma diversidade maior de
alimentos não só para humanos como para animais.
Neste século, um produto, a batata, conquista o seu lugar privilegiado
na alimentação humana. Embora uma planta conhecida
na Europa desde o descobrimento do Novo Mundo, só em
meados do século é que ganhou a confiança das populações para
ser introduzida na alimentação humana e destronar a castanha
como acompanhamento de muitos pratos tradicionais. Até aí era
cultivada de forma residual e sobretudo empregue na alimentação
animal, tal como o nabo e a abóbora. Essa resistência e caráter
maléfico, pecaminoso, vinham-lhe do preconceito de ser uma
planta que germina e se desenvolve debaixo de terra, junto com
os bichos e todos os outros preconceitos associados. A cebola,
uma raiz, completa o seu desenvolvimento fora de terra. O nabo
partilhava com a batata o preconceito. E por causa dele, eram alimentos
destinados aos animais e àqueles que viviam à margem
da sociedade e que eram desprezados, os pobres, os nómadas e
os marginais. Embora, noutros países da europa, sobretudo no
norte, essas plantas já tivessem conquistado a sua legitimidade e
ultrapassado o preconceito. Aliás, o aumento de área cultivada
da batata e do nabo, contribuiu para o aumento populacional
naquelas regiões, e para a implementação da revolução agrária
do século XVIII, que precedeu a revolução industrial.
Em Portugal, e sobretudo nesta localidade, a revolução agrária
caracterizou-se pelo fracionamento da propriedade, a legitimação
legal dos que a trabalhavam e possuíam, através da contratualização
enfiteutica e pela desamortização, e pela disseminação
da cultura do milho maiz, ou milhão, ou milho grosso, para
distinguir do milho corrente, o milho painço ou milho-miúdo, ao
longo do século XVIII e século XIX O trigo, que em parte regista
uma evolução paralela com o cereal de segunda (ID:IBID:62).
Tendo em conta estas realidades, a nível nacional e regional,
importa conhecer os atos que influenciaram a vida das pessoas
ligadas à terra, na freguesia.
Em 26 de novembro de 1811, o Mosteiro de Grijó renovou um
prazo de 1/3 do casal de Ermilhe a Manuel Joaquim de Marques
Lima e a sua mulher Rita de Cássia Dias de Magalhães, da cidade
200 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Casa antiga
Escada para o sobrado
Ramada
Caixa de cereal
do Porto como 1ª e 2ª vidas, sendo a 3ª do filho ou filha que viessem
a ter, com a renda e foro anual de 8 alqueires de trigo e 2 galinhas,
o mesmo de lutuosa por cada vida. Tinha a seguinte composição:
– Aposento de casa de sobrado, curral, aidos, quinteiros, hortas,
pomar e terra lavradia e levava de semeadura 3 alqueires de
cereal;
– Terra lavradia chamada a Cavadinha, tendo no cabeço do
norte 1 casa térrea que servia de cozinha e confrontava desse lado
com a presa do povo e do nascente com o caminho que ia para a
fonte do lugar e levava de semeadura 3 alqueires de cereal;
– Campo da Leira e levava de semeadura 3 alqueires de cereal;
– Leira da Tapada de lavradio e devesa e levava de semeadura
6 alqueires de cereal;
– Leira da Covinha ou Monte da Covinha e levava de semeadura
5 alqueires de cereal;
– Relva dos Reis levava de semeadura 6 alqueires de cereal;
– Leira da Cova da Relva tapada por parede com um pedaço
de mato no cabeço do nascente levava de semeadura 2 alqueires
de cereal;
– Ribeira Velha levava de semeadura 4 alqueires de cereal;
– Cavada levava de semeadura 4 alqueires de cereal;
– Gestal levava de semeadura 3 alqueires de cereal;
– Ribeira Nova levava de semeadura 3 alqueires de cereal;
– Devesa do Rapigo, que dantes se chamava a Ribeira da
Lama, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Linhar que, no nascente tinha uma língua de terra, levava
de semeadura 3 alqueires de cereal;
– As Vinhas levavam de semeadura 12 alqueires de cereal;
– Leira da Lavoura levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Outra leira na mesma lavoura levava de semeadura 4 alqueires
de cereal;
– Campo Verde a lavradio, mato e pinhal levava de semeadura
11 alqueires de cereal.
Os enfiteutas usavam de todas as pertenças, testadas, entradas
e saídas novas e antigas, água de regar e limar, árvores de
fruto e sem ele, casas, anteportas, aidos, quinteiros, currais, palheiros,
eiras e tudo o mais que pertencia ao casal, tudo assim da
mesma forma que possuíam os seus antepassados (ADP: Mosteiro
de Grijó: K/18/4- 85:Fls. 98v a 106).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
201
Em 6 de maio de 1815, o Mosteiro de Grijó renovou um
prazo de três vidas de metade do casal de Prime a António de
Oliveira e a sua mulher Maria Antónia, de Prime, como 1ª e 2ª
vida e a 3ª a um filho ou filha que viessem a ter. Anteriormente o
meio casal havia sido emprazado Brízida, solteira, filha que fora
de João Coelho, como 1ª vida, o marido com quem viria a casar
como 2ª vida e a um filho que tiveram como 3ª vida. Tinha a
renda e foro anual de 6 alqueires de trigo, uma galinha, o mesmo
de lutuosa e domínio de quinto.
Tinha a composição seguinte:
– Devesa do Chasco com 34 braças de comprido e 43 de
largo e levava de semeadura 8 alqueires de cereal;
– Devesa de outra lavoura levava de semeadura 8 alqueires
de cereal;
– Cortinha do Ermo com uma propriedades de casas com
o comprimento de 60 braças, a largura de 9 braças e levava de
semeadura 5 alqueires de cereal;
Leira da Cancela com as suas casas, aidos e quinteiros com
o comprimento de 46 braças, a largura de 7 braças e levava de
semeadura 2 alqueires de cereal;
– Leira da Ratofa com o comprimento de 28 braças, a largura
de 17 braças e levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Leira do Cabouco com o comprimento de 19 braças, a largura
de 13 braças e levava de semeadura meio alqueire de cereal;
– Leira de lavoura na Malpica com o comprimento de 74
braças, a largura de 9 braças e levava de semeadura 3,5 alqueires
de cereal;
– Outra leira na mesma lavoura para a parte do nascente
com uma testada de monte com o comprimento de 36 braças, a
largura de 4 braças e levava de semeadura 3/4 alqueires de cereal
(ADP:Mosteiro de Grijó:K/18/4- 62:Fls.101v a 107v).
Em 15 de julho de 1817, o Mosteiro de Grijó renovou um
prazo de um casal, chamado a Quinta da Fonte a Pedro Pacheco
Pereira Pamplona, da cidade do Porto e a sua mulher Dona Clara
Josefa Maria, 1ª e 2ª vidas, seu filho António Pacheco Pereira
e a mulher com quem viesse a casar, 3ª vida, pela renda, pensão
e foro anual de 2.100 reis em dinheiro, 3 galinhas, o mesmo de
lutuosa por cada vida e domínio de quinto.
Era constituído por:
– Um aposento de casas térreas, aidos, quinteiros, currais, palheiros
e aidos em que viviam de que se compunha todo o lugar
Lagar
Pormenor de casa antiga
202 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
de Mozelos, havia ainda toda a terra das cortinhas a ele pegadas
com suas árvores de vinho e fruto, com uns socalcos pelo meio,
levava de semeadura 10 alqueires de cereal;
– Cortinha da Fonte, terra lavradia, com algumas divisões e
socalcos pelo meio, com algumas árvores de fruto e de vinho,
levava de semeadura 20 alqueires de cereal;
– Terra do Continho a lavradio, mato e devesa de castanho,
com alguns valos e socalcos, levava de semeadura 7 alqueires de
cereal;
– Ribeiras de lavradio com algumas divisões de valos pelo
meio, levava de semeadura 4 alqueires de cereal;
– O Chão do Moinho, terra lavradia com vários socalcos e
divisões pelo meio, levava de semeadura 7 alqueires de cereal;
– Agro da Lavoura de Prime, uma terra de várias leiras lavradias,
levava de semeadura 12 alqueires de cereal;
– Choupelo de lavradio, levava de semeadura 3 alqueires de
cereal;
– Mortuório, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;
– Leira do Rodelo de lavradio, levava de semeadura 2 alqueires
de cereal;
– Leira da Carvalha, levava de semeadura 7 alqueires de cereal;
– Leira das Relvas da Igreja a mato e pinheiros, levava de
semeadura 15 alqueires de cereal;
– Leira de mato com alguns pinheiros,chamada do Espinheiro,
levava de semeadura 6 alqueires de cereal;
– Leiras de Espinheiro, levava de semeadura 4 alqueires de
cereal;
– Cortinha da Riba da Cruz, levava de semeadura 2 alqueires
de cereal;
– Leira de mato e pinheiros, chamada das Pedras do Entoado,
levava de semeadura 8 alqueires de cereal;
– Leira do Outeiro do Moinho, levava de semeadura 1 alqueire
de cereal;
– Outra leira no mesmo local, terra lavradia, levava de semeadura
2 alqueires de cereal;
– Campo dos Agros, terra lavradia e de mato, levava de semeadura
15 alqueires de cereal;
– Ribeira de Dossins de lavradio, levava de semeadura 4 alqueires
de cereal;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
203
– Monte da Relva de Dossins de Fora, terra lavradia e de
mato com pinheiros, levava de semeadura 40 alqueires de cereal;
– Terras chamadas de Almeissa, Relvas e Cortinha do Murado,
oito aposentos de casas térreas e de sobrado com os seus
quinteiros, currais, palheiros, com as suas cortinhas;
– Ribeira com as devesas de Além e seus matos, confrontava
pelo sul até onde se fez um canto por onde antigamente fora o
Rio Velho e então era devesa de castanho com alguns amieiros,
levava de semeadura 20 alqueires de cereal;
– Aposento de casas térreas com quinteiro, ramada, aidos
currais, cortinha da porta com árvores de fruto e de vinho, que
anteriormente se chamava a Devesa das Portas, levava de semeadura
3 alqueires de cereal.
O enfiteuta caseiro nem os seus sucessores não poderiam vender,
dar, nem doar, partir, trocar nem escambar, alienar nem dotar
o dito casal da Fonte ou parte dele, nem poderiam nele vender
retro medidas, nem obriga-los a missas, confrarias, capelas nem
morgados, nem aceitar por ele dinheiro a juros nem outro algum
contrato, sem a autoridade do Real Mosteiro de Grijó, direito senhorio,
sob pena de tudo ser nulo e de nenhum valor. E havendo
de vender o direito deste prazo seria, em primeiro lugar, a eles
reverendíssimos senhorios querendo-o eles para si ou para algum
dos seus familiares e criados, tanto por tanto, e não o querendo,
então o poderiam vender livremente a quem bem lhes aprouvesse,
contanto que não fosse a pessoas das defesas proibidas em direito.
E do preço porque assim o vendessem ou das trocas que lhes fizessem
pagariam a eles, senhorios a quinta parte em razão do seu
domínio e laudémio, que vinha a ser conforme o uso e costume
antigo do Mosteiro (ID::IBID.: K/8/4- 46:Fls. 232 a 241).
Em 1888, por ordem do Governo, procedeu-se ao chamado
inquérito agrícola, tendo-se apurado os seguintes valores:
Pessoas
– Homens de mais de 12 anos – 188;
– Mulheres de mais de 12 anos – 222;
– Menores de 12 anos – 4;
– Agricultores proprietários – 106;
– Agricultores rendeiros – 12;
– Agricultores de parceria – 16;
– Serviçais assoldadados – 29;
– Jornaleiros – 13; D. João VI
204 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Lavradores de 1 arado – 71;
– Lavradores de dois arados – 4;
Gado
– Vacas – 19;
– Touros – 148;
– Novilhos – 52;
– Novilhas – 11;
– Cavalos de mais de 3 anos – 1;
– Éguas de mais de 3 anos – 3;
– Éguas de menos de 3 anos – 3;
– Jumentas – 4; Crias – 1;
– Carneiros – 24;
– Ovelhas – 69;
– Crias – 5;
– Cabras – 4;
– Porcos – 22;
– Porcas – 5.
Este recenseamento teve a despesa de 15.000 reis (AJFM:Doc.
Avulso)
DESAMORTIZAÇÃO DE BALDIOS
Por força do artigo 8º de um decreto de D. João VI, de 10 de
junho de 1822, os baldios eram declarados verdadeira propriedade
dos Povos, enquanto se não mostrar reserva ou doação expressa deles.
Sua administração pertencerá às Câmaras pela maneira que a Lei
determinar; salvo porém aos povos o uso e direitos que posse antiga
tiverem em quaisquer logradouros, baldios maninhos ou edifícios.
Na sequência do processo de privatização dos baldios, que
vinha do século anterior, em 28 de agosto de 1869 era publicada
uma lei que determinava a desamortização desses terrenos tanto
a nível municipal como paroquial, excetuando, apenas, aqueles
que eram indispensáveis ao logradouro comum.
No séc. XIX, intensificam-se as posições desfavoráveis à existência
de práticas comunitárias. Herculano escreveu: A existência
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
205
dos baldios municipais, dos pastos comuns, é um dos mais graves embaraços
ao progresso da agricultura entre nós.
Estas opiniões e práticas desfavoráveis aos baldios bem como
a outros usos e costumes comunitários enquadram-se num movimento
mais vasto que tinha como objetivo a libertação da propriedade
de todo um conjunto de limitações à sua fruição num
sentido absoluto. É nesta linha que surgem as leis de desamortização,
a extinção de regime de morgadio em 1863 e a supressão
do compáscuo pelo Código Civil de 1867.
A lei de desamortização de 1869 insere-se, portanto, neste
contexto e constitui um marco importante na vida dos baldios, já
que é a primeira que tem como objetivo uma desamortização global
preservando apenas os indispensáveis ao logradouro comum.
Mas, se ao longo da Idade Moderna e Contemporânea, se
verifica uma progressiva apropriação de baldios, a ela se opôs,
muitas vezes, o povo, principalmente, quando essa apropriação
revestia uma forma clara de usurpação, por parte dos poderosos
em detrimento dos mais pobres.
Ao longo deste século e até ao segundo quartel do século
seguinte, vai-se verificar a administração dos foros pela Câmara
Municipal. A constituição do Registo Predial e a sua transição
para a alçada das finanças. A celebração do primeiro cadastro
predial na última década de oitocentos. A remissão dos foros e a
arrematação de direitos dominiais, constituindo-se a propriedade
privada plena, quanto à propriedade municipal.
Em 21 de janeiro de 1884, a Junta deliberou vender os seguintes
terrenos, para não sobrecarregar os fregueses com uma
derrama pesada:
– Baldio, no lugar da Vergada que confrontava de todas as
partes com caminhos e ficava entre as propriedades de José Soares
Alves, António Fernandes Júnior e João Pereira Pedrosa e
media 416 m2 e estava avaliado em 12.000$000;
– Outro junto da Carreira da Igreja, que confrontava de nascente
com António Rodrigues Branco e outros, poente e norte
com caminhos e sul com herdeiros de José dos Santos Passos e
media 710 m2, avaliado em 12.000$000;
– Outro na Fonte do Casal, que confrontava a nascente,
poente e norte com caminhos e sul com António Alves da Silva
e media 560 m2, avaliado em 11.200$000;
– Outro a pedreira de Gesto, que confrontava de nascente,
poente e sul com caminhos e norte com José Francisco Coelho e
media 1.200 m2, avaliado em 24.000$000.
Total – 54.200$000.
206 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Estes terrenos estavam incultos, no logradouro exclusivo da
freguesia e dentro dos limites da paróquia. A receita seria aplicada
no custeamento das obras e despesas da Junta (AJFM: Liv.
de Atas nº 2).
Procedeu-se à arrematação de baldios em 3 de agosto de
1884, na casa das sessões da Junta da Paróquia. Começou-se
pela arrematação do baldio da Vergada, que foi entregue pelo
maior lanço oferecido no montante de 75.100$000 a António
Fernandes Júnior, António Ferreira da Silva, António dos Santos
Nogueira, proprietários, moradores no dito lugar.
Seguiu-se o baldio da Carreira da Igreja que foi entregue também
pelo maior lanço, no montante de 10.000$000 a José António
Rios, morador no lugar da Igreja, com a condição e ónus de
uma servidão a favor da propriedade de mato de António Rodrigues
Branco ali confinante e que se denominava as Cavadinhas,
sendo esta servidão um caminho de carros através do baldio.
Seguiu-se a arrematação do baldio da Fonte do Casal que foi
entregue nas mesmas condições dos anteriores a António Alves
da Silva e Manuel Domingues Maia por 16.000$000, proprietários
e moradores no dito lugar.
A pedreira de Gesto foi entregue ao vogal da Junta Jerónimo
de Oliveira Carvalho, que na circunstância se retirou do seu lugar
e na qualidade de arrematante afrontou os lanços sendo-lhe
entregue por 14.500$000.
A cada um dos arrematantes foram entregues os respetivos baldios
com as formalidades legais, tendo-se todos obrigados a entrar
com o dinheiro no cofre da Junta até ao dia 18 do dito mês, sendo
então elaborados os títulos competentes (AJFM:Lv. de Atas n.º 2).
Estas decisões foram precedidas de um acórdão da Comissão
Distrital de Aveiro proferido na sessão de 9 de julho de 1884,
declarando ainda que a receita obtida se destinaria a pagar as
despesas orçadas para obras.
ASPETOS POLÍTICOS, SÉCULO XIX
Até 1836, as freguesias não tinham órgãos políticos, eleitos
ou nomeados, dependendo da atividade da Câmara Municipal,
que dirigia, à distância, a vida de cada comunidade local.
É evidente que as populações pagavam as suas contribuições
de caráter nacional e local, de acordo com normativos escritos ou
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
207
consuetudinários, como foros, contribuições obrigatórias, através
de fintas, para determinadas obras e projetos, para além das suas
obrigações paroquiais como côngruas e outras prestações de âmbito
religioso, algumas delas destinadas a obras locais que eram
prescritas por padres, nomeados pelos bispos, que faziam visitações
periódicas às comunidades e que obrigavam, sob penas e coimas
diversas ao arranjo de caminhos, sobretudo, para permitirem
o melhor acesso do viático aos doentes. Esta função de arranjo de
caminhos e de outras obras estava cometida às confrarias de Sub-
-Sino, precursoras, neste aspecto, das futuras juntas de Paróquia.
DERRAMA MUNICIPAL
Constituídas as juntas de paróquias, foram fixadas várias
derramas para diversos fins, municipais ou locais, de montantes
diversos e que eram concretizadas através de recenseamentos
com a designação das pessoas com bens fundiários na freguesia,
e das contribuições a que eram obrigados.
Assim, em 30 de julho de 1837, foi afixada na porta da igreja,
com a assistência do Regedor, a relação do lançamento da derrama
no montante de 39.335$000 em que esta freguesia tinha sido
coletada para as despesas da Câmara Municipal da Vila da Feira.
NOME
GODA
FINTA-REIS
José de Barros 100
Manuel Roiz da Silva 240
António Ferreira dos Santos 240
António de Oliveira 100
Manuel Joaquim 100
Luís Alves 240
Manuel Alves de Oliveira 200
José Pinto de Oliveira 200
Manuel Lopes 200
António Alves de Oliveira 200
António de Oliveira Conceição 200
ERMILHE
José Ferreira 480
António Fernandes de Araújo 120
208 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Manuel Fernandes de Araújo 360
José António de Castro 240
Manuel da Mota 400
Mariana da Mota 100
Rosa Oliveira, viúva 60
Diogo Soares 300
VERGADA
Diogo Fortuna 120
João Pedrosa 120
Joaquim Pereira Dias 200
Ana Gaia 60
Maria Pereira, viúva 120
Tomás de Oliveira 140
Manuel Pereira da Mota, viúvo 140
António Pereira Soares 100
Domingos Alves 120
Domingos Alves Novo 120
Anna Soares, viúva 200
José Coelho de Amorim 120
António de Oliveira 100
José Francisco 120
António José Caetano 120
Joaquim Pereira da Silva 240
Manuel Pereira Vendas 100
Manuel d’Oliveira 100
João Ribeiro 140
João Coelho 200
Manuel Alves Ferreira 400
António Pereira dos Santos 300
Manuel Pereira da Mota 240
Manuel Ferreira dos Santos 160
Manuel Ferreira 160
José Coelho 120
Teresa Alves, viúva 40
António Pinto, viúvo 80
António Fernandes 120
António Pereira Vendas 120
Bento José de Oliveira 120
António Alves Casas 120
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
209
FUNDÃO
Maria Joaquina, solteira 40
António José da Costa 200
Manuel Ferreira 400
Pedro Pereira 100
João Pereira 240
OUTEIRO DO MOINHO
José Fernandes 500
Manuel Coelho 160
António Alves 120
José Joaquim 200
Maria Joaquina, viúva 40
José Alves Neves 160
RIO
Henrique Ferreira 220
Manuel Lopes 100
Rosa Maria, viúva 40
José António Rio 400
Luís Alves Coelho 480
PRIME
Ignácio Francisco 200
José Coelho 120
António Francisco 120
António José 60
António Coelho 120
João António 300
Maria de Amorim 40
António Francisco de Amorim 40
Maria Gomes, viúva 160
João Gomes 120
António Francisco de Amorim 400
Manuel Alves Coelho 500
António de Oliveira Souto 400
José Alves Laranjeira 120
Joaquim Pinto 300
Joaquim de Barros 60
210 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
MOZELOS
João Domingues 60
José Ferreira 120
José Coelho de Amorim 400
Luís Alves de Oliveira 300
Teresa Francisca 80
Ana de Barros 80
António José Ferreira 200
António de Oliveira 40
MURADO
José Ferreira 200
Manuel Ferreira Alves 200
Manuel de Oliveira, viúvo 100
José de Oliveira Carvalho 120
Inácia Maria 100
Manuel Joaquim de Oliveira 400
José Leite 200
Francisco Ferreira 120
António Bernardino 820
António José Carneiro 120
Bernardina Doroteia 40
José Francisco de Amorim 140
Manuel de Oliveira 200
Joaquim do Couto 100
Manuel António da Silva 100
Manuel Alves Pereira 100
José António Carneiro 100
Maria Nogueira, viúva 50
António Pinto Nogueira 120
José Francisco Espigado 300
Manuel Godinho 200
António Pinto Nogueira 120
Anna da Costa, viúva 120
José de Oliveira 60
Vicente da Rocha 120
Francisco Pais 200
Joaquim Carvalho 100
Ana Alves, viúva 40
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
211
José de Oliveira 60
António Alves da Silva 120
Inácio da Mota 20
Domingos Alves de Oliveira 200
Maria Pereira, viúva 100
Manuel Joaquim de Oliveira 100
João Ferreira 100
Josefa Maria, viúva 80
Manuel Ferreira, viúvo 100
REGADAS
Manuel Ferreira Novo 120
António Ferreira 120
Manuel Ferreira 120
José Fernandes 100
Rosa Chedas 100
MELADAS
José Francisco Pereira 240
Manuel António Beire 140
BARROSA
Jacinto Pereira 300
João Rodrigues 100
Luís dos Santos 100
Maria Gomes, viúva 60
Manuel Francisco 300
António Carvalho 120
Vitória, solteira 30
Francisco d’Oliveira 100
Manuel Coelho Campos 100
António Frutuoso 140
José de Fontes 100
João Gomes 100
José de Sá Rodrigues 100
Joaquim Pereira da Cruz 500
Joaquim Gomes 100
José de Sousa 320
José Francisco 60
SEITELA
Francisco José Coelho 420
Maria da Costa, viúva 100
212 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Manuel Coelho 120
Francisco Cardoso 180
Manuel José Coelho 240
Manuel Gomes 100
Luís Alves Gomes 120
Maria de Oliveira, viúva 40
Mariana de Oliveira, viúva 40
José Ferreira 100
Manuel Carvalho da Rocha 100
GESTO
António de Oliveira Novo 120
António de Oliveira 140
Manuel de Oliveira, 100
Manuel Pereira 300
Manuel Carvalho 650
Maria Joaquina, solteira 20
Francisco Alves de Sá 120
SOBRAL
José Luís Pereira 120
Luís António 120
Vitória, solteira 20
Maria Vilaverde 60
Brízida da Silva, viúva 60
Joaquim Ferreira 100
João Carvalho 100
Ana Pereira, viúva 20
Joaquim Pinto 120
Antónia, solteira 20
José da Silva 100
Ana Lourença 10
Mariana Cocaia 10
José Coelho 100
João do Couto Nogueira 100
Manuel Alves Pereira 200
Manuel José dos Reis 480
José Pereira Pedroza 140
QUINTÃ
Custódia Maria da Silva Aranha 820
João Fernandes Ribeiro 400
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
213
Ignacio José da Mota 100
Padre João Gomes de Resende 100
José Francisco de Oliveira 80
António Correia 120
Manuel do Couto 100
Ana de Oliveira 80
Francisco José Martins 240
Teresa Rodrigues 40
Luísa Maria do Carmo 500
António Francisco, de Goda 60
Manuel António da Silva 80
Maria Constantina 20
Manuel Carneiro 80
Padre João Gomes de Resende 100
Reverendo Pároco 120
PRÉDIOS DE FORA
Manuel Joaquim Magalhães, do Porto 800
José de Castro, de Perosinho 80
Abade de Lourosa 100
Manuel Francisco Vilarinho, daí 800
Joaquim José de Melo, de Argoncilhe 100
Padre Manoe Pinto de Almeida, de Fiães 100
Manuel Pereira, daí 80
Padre Caetano, de Lourosa 20
Luiz Alves, daí 10
Manuel Gomes, daí 10
António Alves, de Lourosela 30
Padre António, daí 10
José Coelho Cravo, daí 50
António dos Santos, daí 20
Roza Maria de, Casal Meão 20
José Pedro, daí 20
Manuel Cardoso 20
Natónio Cardoso Vilaverde 40
Os Herdeiros de António Francisco,
de S. Martinho
10
Maria Pereira 40
António da Cunha Sampaio 160
Manuel Alves da Cruz, de Lamas 60
214 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Manuel Rodrigues 100
José Pinto Moroco, daí 10
José Francisco, daí 60
Tutor dos Órfãos, de Manuel Caetano de Gaia 60
Paulino José Coelho 60
Joaquim Carvalho 120
Maria de Sá 10
António Godinho, de Grijó 100
Luís Godinho 80
João Godinho 80
Albino Godinho 100
Francisco Godinho 80
António Pereira da Mota, de Lourosa 240
José Pereira, espadaneiro, de Argoncilhe 20
António Moleiro, daí 20
Manuel de Souza, daí 50
Joana Ramalha 240
Luisa Pais, de Lamas 80
Ana da Silva, de Paços de Brandão 10
Tomásia de Barros 20
Arnaldo Vanzeller 850
Pedro Guedes do Nascimento 200
Luiz Rodrigues de Nogueira 50
Rosa Francisca, daí 50
Luí Resende, do Mato 120
Manuel Alves, daí 10
Manuel Alves dos Santos, daí 60
Manuel Roiz Farrapa, de Grijó 120
Custódio Gomes, de Pousadela 180
Manuel de Barros 80
António Pereira Dias, do Porto 480
Joaquim António Rios 300
José Gomes, de Souto Redondo 60
Padre António, de Seitela 300
Domingos Ribeiro, de Nogueira 300
Remígio Coelho, de Lamas 80
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
215
ASPETOS POLÍTICOS
Em 18 de outubro de 1837, procedeu-se ao recenseamento
para a eleição do Regedor e da Junta da Paróquia. Nesta sessão,
foi expressamente determinado que os eclesiásticos da freguesia
estavam isentos de serem votados, por força do artigo 12º do
Código Administrativo.
Luís Alves Patrício
Manuel Roiz da Silva
Joaquim Ferreira dos Santos
Manuel Lopes
Manuel Alves Conceição
António de Oliveira
José Pinto de Oliveira
Manuel Joaquim
António de Oliveira Belinha
António Alves de Oliveira
José Coelho
José Ferreira dos Santos
António Fernandes
José António de Castro
Manuel da Mota
Manuel Fernandes
José Soares Alves
Bento José de Oliveira
António Alves Casas
António José da Costa
Manuel António
Manuel Ferreira
Pedro Pereira
João Pereira
José Fernandes do Couto
António Alves
José Joaquim
Manuel Alves Pereira
Henrique Ferreira
Luiz Alves Gomes
Manuel José Godinho
Luís Alves Coelho
Manuel Carvalho da Rocha
Francisco Pais
António de Oliveira Souto
Diogo José Ferreira Fortuna
António Pereira dos Santos
João Pereira Pedrosa
Manuel Pereira da Mota Canedo
Joaquim Pereira Dias
Manuel Pereira dos Santos
António Pereira Dias
Manuel Ferreira
Tomás de Oliveira
José Coelho
Manuel Pereira Canedo
António Pinto
António Pereira Canedo
António Fernandes
António Pereira Soares
António Pereira Vendas
Domingos Alves
José Coelho Amorim
António José Caetano
Joaquim Pereira da Silva
Manuel Pereira Bendas
Manuel de Oliveira
João Coelho
João Ribeiro
José de Freitas
Manuel Alves Ferreira
José Alves Neves
Manuel Gomes
José Francisco Alves
José António Rio
José Ferreira
Vicente da Rocha
Padre António Alves Coelho
António Pereira Polaco
António Alves da Silva
216 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
António Francisco Pinheira
José de Oliveira
João António
António de Oliveira
Manuel Joaquim
João Gomes
José de Oliveira
Inácio da Mota
Padre Manuel Alves Coelho
José Luiz Pereira
António Ferreira
Joaquim Pinto
Joaquim Ferreira
José Fernandes
Inácio Francisco
Joaquim Pinto
José Francisco Pereira
António Francisco
João do Couto
Jacinto Pereira
José Coelho de Amorim
Manuel José Milheiro
Manuel Francisco
António José Ferreira
João Fernandes de Amorim
Francisco de Oliveira
José Ferreira
Padre João Gomes Resende
José de Fontes
Manuel de Oliveira
Manuel Carneiro
João Gomes
Manuel Joaquim de Oliveira
Francisco José Martins
Joaquim Pereira da Cruz
Francisco Ferreira
Manel Correia Marques
António da Silva Frutuoso
António José Carneiro
José dos Santos Passos
Manuel Coelho
Manuel de Oliveira
Joaquim do Couto
Manuel Lopes
António de Oliveira Novo
Domingos Alves de Oliveira
António Francisco Amorim
Manuel de Oliveira
João Ferreira
Manuel Alves Coelho
Francisco Alves
Manuel Ferreira Novo
José Alves Laranjeira
Luiz António
Manuel Ferreira
Joaquim de Barros
João Carvalho
Manuel de Azevedo
José Coelho
José da Silva
Manuel António Beire
José Ferreira
Policarpo Ferreira
Luís dos Santos
Luís Alves de Oliveira
António de Amorim Aranha
António Carvalho
António de Oliveira
José Pereira Pedrosa
Manuel Coelho Campos
Manuel Ferreira
José Francisco de Oliveira
António Pereira
José de Oliveira Carvalho
António Correia
José de Sá Roiz
José Leite
Francisco Pereira
José de Sousa
António Bernardino de Vasconcelos
Manuel António da Silva
Francisco José Coelho
José Francisco Amorim
Reverendo Vicente de Oliveira Xavier
Francisco Cardoso
Manuel José Coelho
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
217
Em 1 de novembro de 1837, foi afixada à porta da Igreja, a
lista do recenseamento dos que podem votar e ser votados na
eleição da Câmara Municipal e do Administrador do Concelho.
NOMES DOS VOTANTES
GODA
Luís Alves Patrício
Manuel da Silva
António Ferreira dos Santos – pode ser votado
ERMILHE
José Ferreira dos Santos – pode ser votado
Manuel Fernandes de Araújo
Manuel da Motta
VERGADA
Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado
João Coelho
Manuel Alves Ferreira
António Pereira dos Santos
Manuel Pereira da Mota – pode ser votado
FUNDÃO
António José da Costa – pode ser votado
Manuel António
Manuel Ferreira
Manuel da Silva
João Pereira
OUTEIRO DO MOINHO
José Fernandes do Couto – pode ser votado
RIO
José António Rio – pode ser votado
Luís Alves Coelho
Padre António Alves Coelho
PRIME
António de Oliveira Souto – pode ser votado
João António – pode ser votado
Manuel Francisco de Amorim- pode ser votado
Manuel Alves Coelho – pode ser votado
Padre Manuel Alves Coelho – pode ser votado
MOZELOS
José Coelho de Amorim – pode ser votado
Luís Alves de Oliveira
MURADO
Manuel Joaquim de Oliveira, viúvo – pode ser votado
José Leite – pode ser votado
António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado
José Francisco Espigado – pode ser votado
218 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
BARROSA E VILAS
Jacinto Pereira – pode ser votado
Manuel Francisco
CASAL
Joaquim Pereira da Cruz – pode ser votado
José de Souza
SEITELA
Francisco José Coelho – pode ser votado
Manuel José Coelho – pode ser votado
GESTO
José de Oliveira – pode ser votado
SOBRAL
Manuel José dos Reis Milheiro – pode ser votado
QUINTÃ
António de Amorim Aranha – pode ser votado
João Fernandes de Amorim – pode ser votado
Padre João Gomes de Resende
IGREJA
Reverendo Vicente de Oliveira Xavier
Em 15 de maio de 1838, reuniu-se a Junta da Paróquia com
o seu Presidente e mais membros, na Casa das Sessões, para
elaborar o recenseamento dos cidadãos que podiam votar e ser
votados para deputados.
NOMES DOS VOTANTES
Luís Alves Patrício
Manuel da Silva
José Ferreira dos Santos
Manuel Fernandes de Araújo
Manuel da Mota
Joaquim Pereira da Silva
João Coelho
Manuel Alves Ferreira
António Pereira dos Santos
Manuel Pereira da Mota
António José da Costa
Manuel António
Manuel Ferreira
Manuel da Silva
GODA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
219
José Ferreira dos Santos
Manuel Fernandes de Araújo
Manuel da Mota
Joaquim Pereira da Silva
João Coelho
Manuel Alves Ferreira
António Pereira dos Santos
Manuel Pereira da Mota
António José da Costa
Manuel António
Manuel Ferreira
João Pereira
José Fernandes do Couto
José António Rio
Luís Alves Coelho
Padre António Alves Coelho
António de Oliveira Souto
João António
Manuel Francisco de Amorim
Manuel Alves Coelho
Padre Manuel Alves Coelho
José Coelho de Amorim
Luís Alves de Oliveira
Manuel Joaquim de Oliveira
José Leite
António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado
José Francisco Álvares
Jacinto Pereira
Manuel Francisco
Joaquim Pereira da Cruz
José de Sousa
Francisco José Coelho
Manuel José Coelho
Jozé de Oliveira
Manuel José dos Reis Milheiro – pode ser votado
António de Amorim Aranha
João Fernandes de Amorim
Padre João Gomes de Resende
Reverendo Vicente de Oliveira Xavier
Em 15 de maio de 1838, foi ultimado o recenseamento dos cidadãos
que podiam votar e ser votados para deputados e senadores.
220 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Luís Alves Patrício
Manuel Alves Coelho
Manuel da Silva
Padre Manuel Alves Coelho
José Ferreira dos Santos
José Coelho de Amorim
Manuel Fernandes de Araújo Luís Alves de Oliveira
Manuel da Mota
Manuel Joaquim de Oliveira
Joaquim Pereira da Silva
José Leite
João Coelho
António Bernardino de
Vasconcelos – pode ser votado
Manuel Alves Ferreira
José Francisco Alves
António Pereira dos Santos
Jacinto Pereira
Manuel Pereira da Mota
Manuel Francisco
António José da Costa
Joaquim Pereira da Cruz
Manuel António
José de Sousa
Manuel Ferreira
Francisco José Coelho
João Pereira
Manuel José Coelho
José Fernandes do Couto
José de Oliveira
José António Rio Manuel José dos Reis Milheiro –
Luís Alves Coelho
António de Amorim Aranha – pode
ser votado
Padre António Alves Coelho João Fernandes de Amorim
António de Oliveira Souto
Padre João Gomes de Resende
João António
Reverendo Vicente de Oliveira
Xavier
António Francisco de Amorim
Em 5 de novembro de 1838, fez um novo recenseamento dos
votantes e dos que podiam ser votados para a eleição da Câmara
Municipal e para o Administrador do Concelho.
António Pereira dos Santos
António José da Costa – pode ser votado
Padre António Alves Coelho
António de Oliveira Souto – pode ser votado
António Francisco de Amorim – pode ser votado
António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado
António de Amorim Aranha – pode ser votado
Francisco José Coelho – pode ser votado
José Ferreira dos Santos – pode ser votado
Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado
João Coelho dos Santos
João Pereira
José Fernandes do Couto – pode ser votado
José António Rio – pode ser votado
João António – pode ser votado
José Coelho de Amorim – pode ser votado
José de Oliveira Carvalho – pode ser votado
João Fernandes de Amorim – pode ser votado
Padre João Gomes de Resende
José dos Santos Passos– pode ser votado
José Soares Alves – pode ser votado
Luis Alves Coelho – pode ser votado
Luís Alves de Oliveira
Luís Alves Patrício
Manuel da Silva
Manuel Fernandes de Araújo
Manuel da Mota
Manuel Alves Ferreira – pode ser votado
Manuel Pereira da Mota – pode ser votado
Manuel António
Manuel Ferreira
Manuel Alves Ferreira
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
221
José Leite – pode ser votado
José Francisco Alves – pode ser votado
Jacinto Pereira – pode ser votado
Joaquim Pereira da Cruz -– pode ser votado
José de Sousa – pode ser votado
Joaquim Ferreira dos Santos – pode ser votado
Padre Manuel Alves Coelho
Manuel Joaquim de Oliveira – pode ser votado
Manuel Francisco
Manuel José Coelho – pode ser votado
Miguel José dos Reis Milheiro – pode ser votado
Reverendo Vicente de Oliveira Xavier
Em 8 de novembro de 1838, fez um novo recenseamento dos
votantes e dos que podiam ser votados para a eleição da Câmara
Municipal e para o Administrador do Concelho.
VOTANTES
Luís Alves Patrício
Manuel Roiz da Silva
Joaquim Ferreira dos Santos – pode ser votado
Manuel Lopes – pode ser votado
Manuel Alves Conceição – pode ser votado
António de Oliveira
José Pinto de Oliveira
Manuel Joaquim
António de Oliveira Belinha
António Alves de Oliveira
José Coelho
José Ferreira dos Santos – pode ser votado
António Fernandes
José António de Castro
Manuel da Mota
Manuel Fernandes
José Soares Alves – pode ser votado
Manuel Alves Ferreira – pode ser votado
António Pereira dos Santos
Manuel Pereira da Mota – pode ser votado
Manuel Pereira dos Santos
Manuel Ferreira
José Coelho
António Pinto
António Fernandes
António Pereira Vendas
Bento José de Oliveira
António Alves Casas
António José da Costa – pode ser votado
Manuel António
VOTANTES
Diogo Fortuna – pode ser votado
João Pereira Pedrosa – pode ser votado
Joaquim Pereira Dias – pode ser votado
António Pereira Dias – pode ser votado
Tomás de Oliveira – pode ser votado
Manuel Pereira Canedo – pode ser votado
António Pereira Canedo – pode ser votado
António Pereira Soares – pode ser votado
Domingos Alves
José Coelho de Amorim
António José Caetano – pode ser votado
Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado
Manuel Pereira Vendas
Manuel de Oliveira
João Coelho
João Ribeiro
José de Freitas
José Coelho – pode ser votado
António Francisco
José Ferreira
José Coelho Amorim – pode ser votado
Luís Alves de Oliveira
António José Ferreira – pode ser votado
António de Oliveira
José Ferreira
Manuel Ferreira
Manuel de Oliveira
José de Oliveira Carvalho
Manuel Joaquim de Oliveira – pode ser votado
José Leite – pode ser votado
222 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Manuel Ferreira
Pedro Pereira – pode ser votado
João Pereira
José Fernandes do Couto – pode ser votado
António Alves
José Joaquim
José Alves Neves – pode ser votado
Francisco Ferreira – pode ser votado
António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado
António José Carneiro
José Francisco Amorim
Manuel de Oliveira
Joaquim do Couto
Manuel Azevedo Pereira
Em 8 de novembro de 1838, fez-se um novo recenseamento
dos votantes e dos que podiam ser votados para a eleição do Juiz
de Paz e Ordinário.
Luís Alves Patricio
Manuel Roiz da Silva
Joaquim Ferreira dos Santos – pode ser votado
Manuel Lopes – pode ser votado
Manuel Alves da Conceição – pode ser votado
António de Oliveira
José Pinto de Oliveira
Manuel Joaquim
António de Oliveira Belinha
António Alves de Oliveira
José Coelho
José Ferreira dos Santos – pode ser votado
António Fernandes
José António de Castro
Manuel da Mota
Manuel Fernandes
José Soares Alves – pode ser votado
Manuel Alves Fernandes – Pode ser votado
António Pereira dos Santos
Manuel Pereira da Mota – pode ser votado
Manuel Pereira dos Santos
Manuel Ferreira
José Coelho
António Pinto
António Fernandes
António Pereira Vendas
Bento José de Oliveira
António Alves Cazas
António José da Costa – pode ser votado
Manuel António
Manuel Ferreira
Pedro Pereira – pode ser votado
Diogo Fortuna – pode ser votado
João Pereira Pedrosa – pode ser votado
Joaquim Pereira Dias – pode ser votado
António Pereira Dias – pode ser votado
Tomás Alves de Oliveira – pode ser votado
Manuel Pereira Canedo – pode ser votado
António Pereira Canedo – pode ser votado
António Pereira Soares – pode ser votado
Domingos Alves
José Coelho de Amorim
António José Caetano – pode ser votado
Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado
Manuel Pereira Vendas
Manuel de Oliveira
João Coelho
João Ribeiro
José de Freitas
José Coelho – pode ser votado
António Francisco
José Ferreira
José Coelho de Amorim – pode ser votado
Luis Alves de Oliveira
António José Ferreira – pode ser votado
António de Oliveira
José Ferreira
Manuel Ferreira
Manuel de Oliveira
José de Oliveira Carvalho
Manuel Joaquim de Oliveira – pode ser votado
José Leite – pode ser votado
Francisco Ferreira – pode ser votado
António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
223
João Pereira
José Ferreira do Couto – pode ser votado
António Alves
José Joaquim
José Alves Neves – pode ser votado
Henrique Ferreira – pode ser votado
José António Rio – pode ser votado
Luís Alves Coelho – pode ser votado
Padre António Alves Coelho
António de Oliveira Souto – pode ser votado
Manuel Lopes
João António – pode ser votado
António Francisco de Amorim – pode ser votado
João Gomes
Manuel Alves Coelho – pode ser votado
Padre Manuel Alves Coelho
José Alves Larangeira – pode ser votado
Joaquim Pinto
Joaquim de Barros
Inácio Francisco
José Francisco Pereira – pode ser votado
Manuel António Beire – pode ser votado
Jacinto Pereira – pode ser votado
Luís dos Santos
Manuel Francisco
António Carvalho
Francisco de Oliveira
Manuel Coelho Campos
José de Fontes
António Pereira
João Gomes
José de Sá Roiz
Joaquim Pereira da Cruz – pode ser votado
José de Sousa – pode ser votado
António da Silva Frutuoso
Francisco José Coelho – pode ser votado
Manuel Coelho
Francisco Cardoso
Manuel José Coelho – Pode ser votado
Manuel Gomes
Luís Alves Gomes
José Ferreira
Manuel Carvalho da Rocha
António Pereira Polaco
António Francisco Pinheira – pode ser votado
António de Oliveira Novo
António José Carneiro
José Francisco de Amorim
Manuel de Oliveira
Joaquim do Couto
Manuel Alves Pereira
José Francisco Alves – pode ser votado
Manuel José Godinho
Vicente da Rocha
Francisco Pais – pode ser votado
António Alves da Silva
José de Oliveira
Domingos Alves
Manuel Joaquim
João Ferreira
Inácio José da Mota
Manuel Ferreira Novo
António Ferreira
Manuel Ferreira
José Fernandes
Manuel de Azevedo
António de Oliveira
Manuel de Oliveira
José de Oliveira – pode ser votado
Francisco Alves
José Luís Pereira
Luís António
Joaquim Ferreira
João Carvalho
Joaquim Pinto
José da Silva
João do Souto – pode ser votado
Policarpo Pereira – pode ser votado
Manuel José Milheiro – pode ser votado
António de Amorim Aranha – pode ser votado
João Fernandes Amorim – pode ser votado
José Pereira Pedroza
Padre João Gomes de Resende
José Francisco de Oliveira
Manuel Carneiro
António Correia
Francisco José Martins – pode ser votado
Francisco Pereira – pode ser votado
Manuel Correia Marques
Manuel António da Silva
José dos Santos Passos
Reverendo Vicente de Oliveira Xavier
224 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 21 de junho de 1838, procedeu-se ao recenseamento para
fins militares, que foi afixado na porta da igreja, em conformidade
com o decreto de 25 de novembro de 1836
José, de 18 anos, filho de José Coelho de Amorim, da
Vergada
António, de 19 anos, filho de António Pereira dos
Santos, da Vergada
José, de 22 anos, filho de de Ana de Barros
José, de 18 anos, filho de Josefa Maria, do Murado
José, de 23 anos, filho de Manuel Francisco, de Vilas
Joaquim, de 23 anos, filho de Teresa Castelhana, de
Vilas
Manuel, de 20 anos, filho de Maria Joaquina Branca,
do Sobral
António, de 18 anos, filho de Vitória, solteira, de Sobral
João António, de 20 anos filho de António Pinto, da
Vergada
Manuel, de 24 anos, filho de António José Ferreira
Vitorino, de 22 anos, filho de Manuel Coelho, de Prime
José, de 24 anos, filho de António Ferreira, das Regadas
João, de 21 anos, filho de Manuel Francisco, de Vilas
Manuel, de 21 anos, filho de António da Silva Frutuoso,
do Casal
Francisco, de 19 anos, filho de Joaquim de Oliveira
Pinto, de Sobral
António, de 19 anos, filho de Manuel Antonio da Silva,
da Quintã
Em 24 de agosto de 1839, procedeu-se ao apuramento dos
mancebos, a partir dos bilhetes que a Junta da Paróquia tinha
recebido dos chefes de família.
Manuel, filho de Manuel Lopes, de Goda
João, filho de José Ferreira, de Ermilhe
António, filho de Diogo José Fortuna, da Vergada
António, filho António Alves Casas, da Vergada
João, filho de António Pinto, da Vergada
António, filho de António Pereira dos Santos, da
Vergada
Crispim, filho de António José Caetano, da Vergada
Januário, filho de José Coelho de Amorim
José, filho de José Coelho de Amorim
José, filho de José Joaquim, do Outeiro do Munho
António, filho de José Ferreira, de Mozelos
Manuel, filho de Anna de Barros
Manuel e José, filhos de António José Ferreira
Manuel, filho de Francisco Cardoso da Conceição, de
Seitela
António, filho de Francisco Cardoso da Conceição, de
Seitela
Manuel, filho de Luís Alves Gomes
José, filho de António de Oliveira, de Gesto
José, filho de Manuel de Oliveira Pais, do Murado
José, filho de Joana da Mota
João, filho de Ana da Costa Carvalha
Albino, filho de Ana da Costa Carvalha
José, filho de Ana Alves, viúva
José, filho de Josefa Maria
António, filho de Josefa Maria
José, filho de José Francisco
Francisco, filho de José Francisco Pereira, de Meladas
José, filho de Manuel Francisco, de Vilas
João, filho de Manuel Francisco, de Vilas
José, filho de Joaquim Pereira da Cruz, do Casal
Manuel, filho de António da Silva Fertuozo
Manuel, filho de Maria Joaquina Branca
João e António, filhos de Vitória, solteira
Francisco, filho de Joaquim de Oliveira Pinto
António, filho de Manuel António da Silva
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
225
Em 17 de outubro de 1839, procedeu-se ao apuramento dos
cidadãos que se achavam em condições de votar nas eleições
para a Junta e para o Regedor.
Manuel Roiz da Silva
Joaquim Ferreira dos Santos
Luís Alves
Padre Manuel Alves Coelho
António de Oliveira Souto
Manuel Alves Ferreira
António de Oliveira
Joaquim Pinto
Manuel Pereira da Mota Novo
José Pinto
António de Oliveira Belinha
José Coelho Patrão
José Coelho
Manuel Joaquim
José Ferreira
António Fernandes
José Fernandes dos Santos
Luís Alves de Oliveira
Bento José de Oliveira
Manuel Fernandes
José Coelho Ferreira
António José da Costa
José Coelho
José Ferreira
Manuel Ferreira
Diogo Fortuna
José Pereira Balona
João Pereira
Joaquim Pereira Dias
José de Oliveira Carvalho
António Alves
Tomás de Oliveira
José Leite
José Alves Neves
António Pereira Soares
António Bernardino de
Vasconcelos
José António Rio
Domingos Alves
José Francisco de Amorim
Padre António Alves Coelho
António de Oliveira
Manuel de Oliveira
Manuel Alves Coelho
José de Freitas
João Coelho
Manuel Alves de Oliveira
José Alves Laranjeira
António Pereira dos Santos
Manuel Lopes
Joaquim de Barros
Manuel Pereira dos Santos
Manuel Fernandes da Silva
José Lopes
António Francisco
António Pinto
António Alves de Oliveira
José Coelho de Amorim
António Pereira Vendas
António Fernandes
António José Ferreira
António Alves Casas
Manuel da Mota
António de Oliveira
Manuel António
José Soares
Manuel Ferreira Alves
Pedro Pereira
João Pedrosa
Manuel de Oliveira, viúvo
José Fernandes do Couto
António Pereira
Manuel Joaquim de Oliveira
José Joaquim
Manuel Pereira da Mota
Francisco Ferreira
Henrique Ferreira
Domingos Alves Novo
António José Carneiro
Luís Alves Coelho
José Coelho
Manuel de Oliveira
Manuel Lopes
226 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Manuel Alves Pereira
João António
José Cardoso
Joaquim das Soutas
João Gomes
Manuel Pereira Vendas
Francisco de Oliveira Pais
José de Fontes
Vicente da Rocha
João Carvalho
José de Sá Roiz
Domingos Alves de Oliveira
José Pires
Joaquim Pereira da Cruz
João Ferreira
Manuel Alves Pereira
José de Sousa
Inácio José da Mota
Manuel José dos Reis Milheiro
Manuel Soares Alves
António de Amorim Aranha
Manuel Ferreira Novo
Diogo Soares Alves
Francisco Cardoso
Manuel Ferreira
José Francisco de Oliveira
Luís Alves Gomes
Manuel Ferreira, viúvo
Manuel Carneiro
Francisco José Martins
Luís dos Santos
José Francisco Pereira
Manuel Correia Marques
António de Oliveira Novo
Jacinto Pereira
Manuel António da Silva
Manuel de Oliveira, viúvo
Manuel Francisco
José Pinto Rosa
José de Oliveira Carvalho
Francisco de Oliveira
José dos Santos Passos
José Luís Pereira
Manuel Pereira
António José Caetano
Pedro Leite
António Francisco
Joaquim Pereira da Silva
Manuel Godinho
António Francisco de Amorim
José de Oliveira
Joaquim Ferreira
João Gomes da Silva
António Alves da Silva
Joaquim Pinto
Manuel Gomes da Silva
Manuel Joaquim de Oliveira
José da Silva
Joaquim Gomes da Silva
João da Silva
João do Couto Nogueira
António da Silva Frutuoso
António Pereira
Francisco José Coelho
António Ferreira
Manuel José Coelho
António Ferreira
José Pereira Pedroaa
Manuel Carvalho da Rocha
Manuel de Azevedo
Padre João Gomes de Resende
António Francisco Pinheiro
José Ferreira Manco
Manuel Alves Pereira
António Correia
Manuel Coelho Patrão
Manuel António Beire
João Domingues
António de Oliveira
João Roiz
Francisco Pereira
João Pereira
António Carvalho
Policarpo Ferreira
Francisco de Sá
Manuel Coelho Campos
Reverendo Vicente de Oliveira Xavier
Luís António
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
227
Em 8 de novembro de 1839, procedeu-se ao recenseamento
para as votações da Câmara, Juiz Ordinário e Juiz de Paz.
António Pereira dos Santos
António José da Costa – pode ser votado
Padre António Alves Coelho
António de Oliveira Souto – pode ser votado
António Francisco de Amorim – pode ser votado
António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado
António de Amorim Aranha – pode ser votado
Diogo Soares Alves – pode ser votado
Francisco José Coelho – pode ser votado
José Ferreira dos Santos – pode ser votado
Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado
João Coelho dos Santos
João Pereira
José Fernandes do Couto – pode ser votado
José António Rio – pode ser votado
João António
Manuel Alves Ferreira – pode ser votado
Manuel Pereira da Mota Novo – pode ser votado
Manuel António
Manuel Ferreira
Manuel Alves Coelho – pode ser votado
Padre Manuel Alves Coelho
José Coelho Amorim
José Leite de Oliveira – pode ser votado
Joaquim Pereira da Cruz – pode ser votado
José de Sousa – pode ser votado
Joaquim Ferreira dos Santos – pode ser votado
José Alves Neves – pode ser votado
José de Oliveira – pode ser votado
Padre João Gomes Resende
José dos Santos Passos
José Soares Alves
Luís Alves Coelho – pode ser votado
Luís Alves de Oliveira – pode ser votado
Luís Alves Patricio
Manuel da Silva
Manuel Fernandes Araújo
Manuel da Mota
Manuel Joaquim de Oliveira – pode ser votado
Manuel Francisco
Manuel José Coelho – pode ser votado
Manuel Soares Alves
Manuel José dos Reis Milheiro
Reverendo Vicente de Oliveira Xavier
Em 17 de abril de 1899, a Junta de Freguesia protestou perante
a Câmara dos Deputados contra o Projecto-Lei que criava
um concelho na freguesia de Espinho, até então, pertentente ao
concelho de Vila da Feira.
ASPETOS RELIGIOSOS DO SÉCULO XIX
O advento do liberalismo constitui um marco cronológico de encerramento
da época moderna da história religiosa portuguesa, Este
consagrou o programa ideológico da Revolução Francesa, saturado de
racionalismo iluminista e de laicismo anti congregacionista e literário,
cuja aurora irrompe em 1834 com o regime constitucional, sem
que a cultura cristã deixe de ser cultura católica – tamanho é o peso do
património mental ligado umbilicalmente ao controle do poder eclesiástico.
O desterro das ordens religiosas apressou, porém, a promulgação
de disposições legais conducentes à liberdade religiosa, à aceitação
do não praticante, à tolerância da heterodoxia doutrinária num país
que se confessava oficialmente católico. (MARQUES:2000:10).
Revolução Liberal de 1820
228 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Por isso, a realidade mantém-se, com algum agravamento das
relações com a Igreja, agudização do anti-clericalismo, que após
a sedimentação do liberalismo, se pôs fim a um vasto conjunto
de privilégios das ordens religiosas e dos clérigos.
A legislação sobre o Direito de Padroado, oriunda do Concílio
de Trento (1545-1563) vigorou até à entrada em vigor do
artigo 4º da Lei de 30 de julho de 1832, tendo posteriormente
sido extintos todos os padroados eclesiásticos.
A partir desta legislação e até ao advento da República, existiram
as chamadas Juntas de Paróquia, presididas normalmente pelo
Pároco e que intervinham em todos os aspetos administrativos da
vida paroquial, nomeadamente, na gestão dos bens da igreja.
Todavia, a esmagadora maioria da população estava alheia
a esse processo que foi liderado por políticos nacionais e locais,
pela burguesia mais poderosa que veio a ser nobilitada e adquiriu
muitos bens que haviam pertencido à Igreja.
Em 1821, o Pároco respondeu a um inquérito, emanado da
Cúria Diocesana, que foi enviado a todos os párocos da diocese
do Porto, logo a seguir à revolução de 1820, vislumbrando, desde
logo, o rumo que iria ser dado às relações com o clero.
Procurava saber o número de paróquias existente em cada
bispado, o número de fogos, se havia necessidade de as unir, pela
sua pequenez, ou as dividir, se fossem grandes, e se esta união
ou divisão tinha obstáculos por parte do poder civil. Inquiria
sobre as necessidades de clérigos em cada uma delas. Considerava-se
que, nas cidades menos populosas, deveria haver uma
só paróquia que era a igreja catedral. Procurava conhecer em
quanto importavam os dízimos de cada arciprestrado, que frutos
se pagavam e a quem pertenciam. Qual era a côngrua de cada
pároco e se havia necessidade de ser aumentada. Procurava também
conhecer os costumes estabelecidos em cada paróquia e o
modo de prestação dos dízimos pessoais e que rendimento havia
em cada paróquia aplicados à fábrica da igreja, os rendimentos
das confrarias e a porção de dízimos necessários à conservação e
guisamento de cada igreja e da capela–mor.
A resposta da paróquia de Mozelos foi muito singela, ao contrário
de outras que prestaram esclarecimentos mais completos.
Prestou as informações seguintes:
A freguesia tinha 206 fogos.
O pároco entendia que a paróquia não podia ser dividida,
nem reunida a outras pelas distâncias que havia entre as suas
povoações e outras paróquias.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
229
O pároco informou que a paróquia precisava, pelo menos, do
pároco e ainda de um capelão coadjutor. A sua dizimaria estava
arrendada por 600$000, sendo pertença dos cónegos de Santo
Agostinho da Serra. Importa esclarecer que os referidos cónegos
eram padroeiros da paróquia, isto é, senhores dos dízimos e das
primícias arrecadadas. Dado que, tal como outros, não tinham
capacidade real de recolher, porta a porta, tais rendimentos pagos
pelos fregueses, arrendavam-nos, através da chamada dizimaria.
Desta, o celeiro da Mitra de S. João de Ver recebia 14 alqueires
de trigo, 14 de cevada, 14 de milho.
Recebia para a Sé: 7 de trigo, 7 de centeio e 7 de milho.
Recebia o Juiz da Cruz desta freguesia – 3$630 reis.
Recebia o tesoureiro do Mártir – 150 reis.
Pagava de sisa – 10$000.
Pagava de dízima – 4$000;
Pagava de côngrua ao pároco – 20$000.
Pagava de lavar a roupa – 5$000;
Rendimentos do passal: 8 alqueires de milho e 9 almudes de
vinho verde.
Costumes estabelecidos a que chamam conhecenças – 34 os
casados, 3 selamins os solteiros e viúvos, que fazem cabeceira da
casa, o que tudo faz 88 alqueires de milho grosso.
Ofertas pelos batizados – 30 reis.
Pelos mortuórios- cabeça de casal – 300 reis.
As confrarias não tinham rendimentos sólidos. As esmolas
dos fiéis devotos eram para os sustentos.
Nem a fábrica (da igreja) tinha rendimento aplicado para ela.
O padroeiro era obrigado aos seus ornamentos e capela-mor.
Dizimaria – 600$000;
Propinas – 53 alqueires;
Propinas em dinheiro – 42$180;
Pé-de-altar e passal 88$000.
Claustro do
Mosteiro da Serra do Pilar,
Vila nova de Gaia
Mozelos 3 de setembro de 1821
O pároco
José Alves de Carvalho (AEP: Resposta a Inquéritos de 1821).
Neste século, a freguesia continuava a integrar a comarca
diocesana da Feira.
230 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 22 de setembro de 1836, a Junta da Paróquia, por determinação
do Governador Civil de Aveiro, deliberou proceder aos
inventários dos bens pertencentes às confrarias eretas na paróquia.
Foi deliberado, também, dirigir uma representação na qual
se expunha a necessidade da Junta ter meios para as despesas do
cemitério, concerto do sino que estava quebrado, poder dispor dos
fundos das confrarias e fintar os habitantes para acudir às despesas
por serem de urgente necessidade (AJFM: Livro de Atas nº1).
Em 7 de novembro de 1836, a Junta deliberou sobre a côngrua
do Pároco, em virtude do decreto de 19 de setembro, ouvido
o comissário da paróquia, e tomados todos os esclarecimentos
necessários, resolveu que o pároco receba todos os direitos
paroquiais, na forma do antigo uso e costume, conhecenças e
mais pertences ao pé-de-altar, foi arbitrada a quantia de 25 mil
reis por ano em dinheiro que lhe seria satisfeita pelos paroquianos
em dois pagamentos iguais. Para conhecimento do pároco,
foi-lhe enviada cópia desta deliberação (ID.:IBID.).
Em 10 de Dezembro de 1836, a Junta Paroquial da Freguesia
de S. Martinho de Mozelos, para dar cumprimento ao Acórdão
da Câmara Municipal do Concelho de 13 do corrente, exarado
no requerimento do pároco da freguesia, foi estipulado ao dito
pároco de côngrua, além dos direitos paroquiais, a quantia de
98$300 e para que constasse aos moradores da Paróquia e determinado
pela Câmara se lhe fizesse constar, por edital da Junta, a
derrama em cada um seria coletado.
O Presidente e membros da Junta Paroquial da Freguesia,
que tendo, em sessão de 7 de novembro passado arbitrado ao Pároco
a côngrua, na forma do antigo uso e costume desta freguesia,
como percebiam os seus antecessores, requereu à Câmara, a
qual emitiu um acórdão que informava a Junta sobre a exposição
do pároco, foi determinado que a Junta fintasse os paroquianos
na quantia citada, sendo cobrada a metade no prazo de 8 dias,
para ser dela embolsado o pároco e a outra metade em prazo
marcado pela Lei, cuja quantia com a de 93$700, que o pároco
em sua relação mostrou à Câmara render-lhe todos os direitos
paroquiais, faziam o cômputo de 192$000, que a Lei marcava,
em virtude de cujo mandato da Junta, na maneira seguinte:
LUGAR E NOMES
FINTA -REIS
IGREJA
Luísa do Carmo 850
GODA
José de Barros 60
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
231
Manuel Roiz da Silva 530
António Ferreira dos Santos 530
António de Oliveira 300
Manuel Joaquim 60
Luís Alves 530
Manuel Alves de Oliveira 160
Viúva de Luís de Barros 10
Manuel Lopes 280
António Alves de Oliveira 330
ERMILHE
José Ferreira dos Santos 730
António Fernandes de Araújo 100
Manuel Fernandes de Araújo 680
José António de Castro 530
Manuel da Motta 730
Mariana da Mota 60
José Francisco 220
Diogo Soares Alves 520
VERGADA
Diogo José Ferreira Fortuna 100
João Pereira Pedrosa 240
Ana Gaia 40
Joaquim Pereira Dias 240
Maria Pereira, viúva 130
Manuel Pereira da Motta 350
Domingos Alves 150
Domingos Alves Novo 180
Ana Soares, viúva 380
José Coelho de Amorim 120
António de Oliveira 60
José Francisco 120
António José Caetano 130
Joaquim Pereira da Silva 600
Manuel Pereira Vendas 100
Manuel de Oliveira 100
João Ribeiro 200
João Coelho dos Santos 240
Manuel Alves Ferreira 730
António Pereira Soares 60
Tomás Laranjeiro 120
António Pereira dos Santos 580
Manuel Pereira da Motta Novo 400
Manuel Ferreira dos Santos 220
Manuel Ferreira da Silva 220
José Coelho 200
Teresa Alves 60
António Pinto 60
232 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
António Fernandes 120
António Pereira Vendas 120
Bento José d’Oliveira 120
António Alves Casas 100<
FUNDÃO
Maria Joaquina, solteira 60
António José da Costa 420
Teresa Maria, viúva 380
Manuel Ferreira 600
Pedro Pereira da Silva 150
João Pereira 450
OUTEIRO DO MOINHO
José Fernandes do Souto 250
Manuel Coelho 300
António Alves 120
Josefa de Oliveira 20
José Joaquim 200
Maria Joaquina, viúva 20
José Alves Neves 150
RIO
Henrique Ferreira 240
António Francisco, solteiro 150
Manuel Lopes 150
João Domingues 60
Rosa Maria, viúva 20
José Coelho Patrão 240
Maria da Conceição, viúva 730
Luís Alves Coelho 250
Remígio Coelho 240
PRIME
António Coelho 100
João António 570
Maria de Amorim 20
António Francisco de Amorim 20
Manuel Álvares da Silva 300
João Gomes 150
António Francisco de Amorim 730
Manuel Alves Coelho 250
António de Oliveira Souto 620
José Alves Laranjeira 20
Joaquim Pinto 480
Joaquim de Barros 60
Anna Maria dos Santos 40
MOZELOS
Francisco Coelho de Amorim
Ausente
José Ferreira 100
José Coelho de Amorim 750
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
233
Luis Alves de Oliveira 450
Teresa Francisca 60
Ana de Barros 40
António José Ferreira 300
António de Oliveira 150
MURADO
José Ferreira 300
Manuel Ferreira Alves 300
Manuel d’Oliveira 60
José de Oliveira Carvalho 120
Inácia Maria 100
Manuel Joaquim de Oliveira 750
José Leite 400
Francisco Ferreira 720
António Bernardino de Vasconcelos 1.800
Agostinha Coelha 20
António José 100
Doroteia Maria 20
José Francisco d’Amorim 240
Manuel de Oliveira 200
Joaquim do Couto 100
Manuel António da Silva 100
José António Carneiro 100
Maria Nogueira 60
António Pinto Nogueira 200
José Francisco Alves 750
António Pereira 100
Vicente da Rocha 200
Ana da Costa Carvalha 200
Manuel de Oliveira Pais 420
Manuel José Godinho 400
José de Oliveira 100
António Alves da Silva 300
Joana da Mota 50
Domingos Alves de Oliveira 350
Ana Alves 20
Maria Pereira 60
Manuel Joaquim de Oliveira 72
João Ferreira 120
Manuel Ferreira 100
REGADAS
Manuel Ferreira Novo 120
António Ferreira 120
Manuel Ferreira 120
Josefa Maria, viúva 20
MELADAS
José Francisco Pereira 300
234 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Manuel António Beire 200
BARROSA
Jacinto Pereira da Silva 450
João Rodrigues 100
Luís dos Santos 100
VILAS
Maria Gomes, viúva 20
Manuel Francisco Vila 550
António Carvalho 120
Vitória, solteira 20
Francisco de Oliveira 100
Manuel Coelho 120
António da Silva Frutuoso 200
José de Fontes 120
João Gomes da Silva 120
José de Sá Rodrigues 120
CASAL
Joaquim Pereira da Cruz 250
Joaquim Gomes da Silva 100
José de Sousa 600
José Francisco 60
SEITELA
Francisco José Coelho 750
Maria da Costa, viúva 60
Manuel Coelho Patrão 200
Manuel José Coelho 360
Francisco Carvalho da Conceição 360
Manuel Gomes da Silva 120
Luís Alves Gomes 120
Maria de Oliveira, viúva 60
Mariana d’Oliveira, viúva 60
José Ferreira 150
Manuel Carvalho da Rocha 120
GESTO
António de Oliveira Novo 120
António d’Oliveira 150
Manuel de Oliveira, viúvo 150
Manuel Pereira 100
Manuel Carvalho 650
Maria Joaquina, solteira 20
Maria de Oliveira, viúva 100
SOBRAL
José Luís Pereira 120
Luís António 120
Vitória, solteira 20
Maria Villaverde 60
Brízida da Silva, viúva 60
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
235
Joaquim Ferreira 120
Maria Domingues, viúva 60
Ana Pereira, viúva 20
Joaquim de Oliveira Pinto 100
Maria Joaquina, viúva 20
Antónia, solteira 20
José da Silva 120
José Coelho 120
João do Couto Nogueira 100
Manuel Alves Pereira 300
Manuel José dos Reis Milheiro 250
José Pereira Pedrosa 200
QUINTÃ
Custódia Maria da Silva Aranha 1.600
João Fernandes Ribeiro 750
Inácio José da Mota 130
José Francisco de Oliveira 100
Mariana da Silva, viúva 20
Manuel do Couto 100
Ana de Oliveira 20
Francisco José Magalhães 200
Teresa Rodrigues 60
Maria Alves, viúva 60
Manuel António da Silva 100
Maria Constantina 20
Manuel Carneiro 60
Padre João Gomes de Resende 100
Esta derrama seria cobrada pelos Cabos da Polícia a fim de
se poupar a gratificação que seria necessária despender com o
cobrador que a Junta nomeasse, despesa essa que recairia sobre
os coletados (AJFM: Livro de Atas nº1:Ata de10.12.1836).
Em 4 de julho de 1837, a Junta deliberou nomear depositário
da côngrua arbitrada, o pároco Manuel Joaquim de Oliveira, do
Murado (ID.:IBID.).
Em 17 de novembro de 1837, a Câmara Municipal oficiou à
Junta da Paróquia, ordenando que, no caso de não ter sido feito o
pagamento do segundo quartel da côngrua estabelecida ao Pároco,
se tomasse o cuidado na sua cobrança para o não prejudicar.
Dado o facto de ter havido um conjunto de fregueses que, por
morte ou ausência, deixaram de pagar a dita côngrua, que atingia
o montante de 1000 reis, fossem compensados por outros que
deveria pagar a mesma importância.
236 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Pessoas que se ausentaram ou morreram
Pessoas que foram coletadas para suprir os que
se ausentara ou morreram
José de Barros, de Goda – 60 reis António de Oliveira, genro do Neto, de Goda – 100
José Francisco, de Ermilhe, morto – 280 Bernardo Pereira, da Vergada – 80
Maria Álvares, da Quintã, morta – 60 Inácio Francisco, da Quebrada – 200
Remígio Coelho, da Quebrada – 20 Manuel Álvares Pereira, do Murado – 80
António Coelho, de Prime – 100 António Carvalho, do dito – 80
Manuel António da Silva, do Murado – 100 José Fernando, das Regadas – 100
José António da Silva, do dito – 60 Manuel Loureiro, de Chedas – 100
Joana da Mota, por ser pobre – 20 António Pereira, de Seitela – 80
Maria Constantina, dita – 20 Genro da Maria Domingues, do Sobral – 80
Maria de Oliveira, da Seitela, dita – 60 Francisco Pereira, da Quintã – 100
Em 18 de março de 1838, a Junta da Paróquia deliberou lançar
uma finta aos fregueses para obter os fundos necessários para fundir
um sino para chamar os fiéis para os ofícios divinos pois, apesar
da freguesia ser pequena, havia alguns lugares distantes e não
havia outra forma de os chamar a participar nos atos litúrgicos.
Manuel Roiz da Silva -1500 reis Diogo José Fortuna – 360 reis
Joaquim Ferreira dos Santos – 1.500 João Pereira Pedrosa – 360
Luís Alves Patrício – 1.500 Ana Gaia – 180
António Alves Patrício – 1.500 Joaquim Pereira Dias – 600
Manuel Alves de Oliveira – 600 Maria Pereira, viúva – 520
Manuel Joaquim – 200 Tomás de Oliveira – 680
Manuel Lopes – 420 Manuel Pereira Canedo – 720
António de Oliveira Conceição – 900 António Pereira Soares – 180
José Pinto de Oliveira – 1.200 Domingos Alves Novo – 500
António de Oliveira Belinha – 360 Domingos Alves – 300
António Alves de Oliveira – 1.200 Ana Soares – 1.100
José Ferreira dos Santos – 2.040 José Coelho de Amorim – 360
Manuel Ferreira de Araújo – 1.700 José Francisco Caseiro – 300
António Fernandes de Araújo – 300 António de Oliveira Felicio – 200
José Anónio de Castro – 1.500 António José Caetano – 360
Teresa Alves, viúva – 80 Joaquim Pereira da Silva – 1.000
Manuel da Mota – 1.920 Manuel Pereira Vendas – 200
Mariana da Mota – 180 Manuel de Oliveira – 300
José Coelho – 360 João Ribeiro e genro – 500
José Soares e irmão – 720 João Coelho dos Santos – 1.020
Manuel Alves Ferreira – 1920 Inácio Francisco – 720
António Pereira dos Santos – 1.500 José Coelho Patrão – 720
Manuel Pereira da Mota – 1.200 António Francisco – 600
Manuel Pereira dos Santos – 700 Ana Maria dos Santos – 100
Manuel Ferreira da Silva – 700 José Francisco Caixeiro – 120
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
237
José Coelho – 700 João António – 1440
Teresa Alves, viúva – 180 Maria Vigaria, solteira – 90
António Fernandes – 360
António Francisco de Amorim, viúvo
– 90
António Alves Casas – 360 Manuel Alves Coelho – 2.280
Maria Joaquina, solteira – 180 António de Oliveira Souto – 500
António José da Costa – 1.200 José Alves Larangeira – 320
Manuel Ferreira – 1.550 Joaquim Pinto – 1.080
Manuel António – 1050 Joaquim de Barros – 180
Pedro Pereira – 360 José Ferreira – 160
João Pereira – 1.200 José Coelho de Amorim – 1.600
José Fernandes – 2.280 Luís Alves – 1500
Manuel Coelho – 900 Ann de Barros – 160
António Alves – 360 Filhas de Teresa Francisca – 100
José Joaquim – 450 António José Ferreira – 1.000
José Alves Neves – 440 António de Oliveira – 450
Maria Joaquina, viúva – 150 José Coelho Ferreira – 150
Henrique Ferreira – 440 José Ferreira – 900
Manuel Lopes – 360 Manuel Ferreira Alves – 900
Rosa Maria, viúva – 140 Manuel de Oliveira, viúvo – 300
José António Rio – 920 José de Oliveira Carvalho – 340
Luís Alves Coelho – 2.280 José Pereira Balona – 240
Josefa do Rio – 150 Inácia Maria – 450
Manuel Joaquim de Oliveira, viúvo
– 1.920
José Fernandes – 300
José Leite – 1.200 Manuel de Azevedo Loureiro – 300
Francisco Ferreira – 360 Manuel Alves Pereira – 160
António Bernardino de Vasconcelos
– 4.800
Manuel Ferreira, viúvo
José Francisco de Amorim – 680 Manuel Ferreira
António José Carneiro – 270
Manuel Ferreira Novo
Manuel de Oliveira – 550 António Ferreira – 360
Joaquim do Couto – 180 José Francisco Pereira – 880
Manuel Alves Pereira – 200 Manuel António Beire – 480
José António Carneiro – 240 Jacinto Pereira – 1.020
Pedro Leite – 480 João Roiz – 180
Maria Nogueira, viúva – 180 Luís dos Santos – 300
Maria Alves, viúva – 300 Maria Gomes, viúva – 100
José Francisco Alves – 1.800 Manuel Francisco – 1.500
Joaquim Godinho – 120 António Carvalho – 340
Manuel Godinho – 600 Vitoria, solteira – 100
Ana da Costa, viúva – 450 Francisco de Oliveira – 360
Vicente da Rocha – 360 Manuel Coelho Campos – 360
Francisco de Oliveira Pais – 1.200 José de Fontes – 440
José de Oliveira – 240 João Gomes da Silva – 360
António Alves da Silva – 500 José de Sá Roiz – 360
238 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Inácio da Mota – 140 Manuel Gomes da Silva – 360
Domingos Alves de Oliveira – 560 Joaquim Pereira da Cruz – 2.280
Anna Alves, viúva – 90 Joaquim Gomes da Silva – 260
Maria Pereira, viúva – 180 José de Sousa – 1.800
Manuel Joaquim – 360 António da Silva Frutuoso – 500
João Ferreira – 360 Francisco José Coelho – 1.920
Inácio José da Mota – 480 Maria da Costa, viúva – 180
Josefa Maria, viúva – 120 Manuel Coelho Patrão – 500
João de Sá – 100 Manuel José Coelho – 840
Francisco Cardoso da Conceição – 720 Manuel Milheiro – 2.280
Luisa Maia – 180 Rosa de Oliveira, viúva – 160
Luiz Alves Casas – 360 António de Amorim Aranha – 4.500
José Ferreira Manco – 360 João Fernandes de Amorim – 2.300
Manuel Carvalho da Rocha – 360 José Pereira Pedrosa – 600
António Pereira Polaco – 280 José Francisco de Oliveira – 150
António Francisco Pinheiro – 200 Mariana da Silva, viúva – 60
António de Oliveira Novo – 360 Ana Lourença – 40
António de Oliveira – 360 Manuel Carneiro – 180
Manuel de Oliveira, viúvo – 360 Manuel do Couto – 360
Manuel Carvalho – 1720 Francisco José Martins – 720
Maria Joaquina, solteira – 150 António Correia – 360
Francisco de Sá – 360 José Pires – 180
Maria Branca – 100 Manuel Correia Marques – 360
José Luís Pereira – 360 Manuel Pereira – 240
Luís António – 360 Francisco Pereira – 360
Vitória, solteira – 180 Manuel António da Silva – 240
Maria Vilaverde – 180 Ana de Oliveira – 100
Brízida da Silva – 160 Teresa Roiz – 120
Joaquim Ferreira – 360 Luisa Maria do Carmo – 2.400
João Carvalho – 360 Padre João Gomes de Resende – 620
Joaquim Pinto – 360
Reverendo Vicente de Oliveira
Xavier – 440
Antónia, do Clérigo – 100 João Domingues – 160
José da Silva – 360 Policarpo Pereira – 300
João do Couto – 360 Manuel Alves Pereira – 640
Em 20 de setembro de 1838, a Junta da Paróquia recebera a
cópia das atas da côngrua que fora taxada ao pároco, bem como
um ofício do Administrador do Concelho no qual se ordenava
fazer a derrama aos paroquianos da freguesia, bem como os que
nela tinham prédios.
Manuel Rodrigues – 1.400 reis Diogo José Ferreira Fortuna – 140 reis
Joaquim Ferreira dos Santos – 1.200 João Pereira Pedrosa – 200
Luís Francisco – 1.200 Ana Gaia – 80
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
239
Manuel Lopes – 800 Joaquim Pereira Dias – 240
Manuel de Oliveira – 600 Maria Pereira, viúva – 360
Manuel Joaquim – 200 Tomás de Oliveira – 240
José Pinto de Oliveira- 800 Manuel Joaquim – 140
António de Oliveira Belinha – 200 António Fernandes – 200
António Alves de Oliveira – 800 Domingos Alves Novo – 300
António Francisco, solteiro – 150 Domingos Alves – 240
António Fernandes – 200 Ana Soares – 1.100
José Ferreira dos Santos – 2.040 José Coelho de Amorim – 360
Manuel Ferreira de Araújo – 1.700 Manuel Fernandes – 200
Manuel da Mota – 2.350 Mariana da Mota – 80
José António Castro – 1200
Manuel Joaquim de Magalhães Pinto
– 960
José Coelho – 200 José Soares e Irmão – 400
Manuel Pereira da Mota – 600 António Alves Casas – 200
António Pereira Soares – 100 Domingos Alves Novo – 300
Ana Soares, viúva – 720 José Coelho de Amorim – 240
Caetano Pereira da Mota – 1.440 António de Oliveira – 200
António José Caetano – 240 Joaquim Pereira da Silva – 720
Manuel Pereira Vendas – 140 Manuel de Oliveira – 200
João Coelho dos Santos – 720 João Ribeiro – 240
Manuel Alves Ferreira – 2.400 António Pereira dos Santos – 2.000
Manuel Pereira da Mota Junior –
1.200
Manuel Pereira dos Santos – 800
Manuel Ferreira – 800 José Coelho – 300
Joana Correia – 80 António Pinto – 120
António Fernandes – 200 António Pereira Vendas – 200
Bento José de Oliveira – 200 Maria Joaquina – 160
António José da Costa – 900 Manuel António – 900
Manuel Ferreira – 1.700 Pedro Pereira – 400
João Pereira – 1.400 José Fernandes do Couto – 2.800
Manuel Coelho – 120 José Joaquim – 240
José Francisco Caixeiro – 100 António Alves – 200
José Alves Neves – 500 Maria Joaquina – 120
Henrique Ferreira – 600 Joaquim António Rio – 360
José António Rio – 2.400 Manuel Lopes – 360
Luís Alves Coelho – 2.800 José Carlos Patrão – 500
Inácio Francisco – 500 António Francisco – 300
Ana Moreira dos Santos – 160 Josefa do Rio – 80
Manuel Alves Coelho – 2.800 João António – 440
António Francisco de Amorim –
viúvo – 80
António Francisco de Amorim – 2.400
António de Oliveira Souto – 2.400 Joaquim Pinto – 800
Maria Vigária – 60 João Gomes – 520
Joaquim Pinto – 800 Joaquim de Barros – 120
Rosa Maria, viúva – 80 José Ferreira – 120
José Coelho Amorim – 2.100 António José Ferreira – 800
Luís Alves – 1.200 Filhas de Teresa Francisca – 60
Ana de Barros – 120 António de Oliveira – 240
240 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
José Coelho Ferreira – 100 José Ferreira – 100
José Ferreira – 600 Manuel Ferreira Alves – 360
José de Oliveira Carvalho – 200 Ignácia Maria – 500
Manuel de Oliveira, viúvo – 120 José Pereira Balona – 160
Manuel Joaquim de Oliveira – 1.440 José Leite – 800
Francisco Ferreira – 200
António Bernardino de Vasconcelos
– 6.000
José António Carneiro – 200 António José Carneiro – 280
José Francisco de Amorim – 280 Manuel de Oliveira – 280
Pedro Leite – 400 Maria Nogueira – 120
Maria Alves, viúva – 200 José Francisco Pereira – 800
Manuel José Godinho – 450 Ana da Costa, viúva – 550
Manuel de Oliveira Pais – 700 Vicente da Rocha – 450
José de Oliveira – 150 António Alves da Silva – 300
Domingos Alves – 500 Ana Alves – 100
Maria Pereira, viúva – 200 Manuel Joaquim – 200
João Ferreira – 200 Josefa Maria, viúva – 120
João de Sá, solteiro – 120 António Pereira Polaco – 10
Manuel de Azevedo Loureiro – 120 Manuel Alves Pereira – 120
Manuel Ferreira, viúvo – 100 Manuel Ferreira Novo – 200
Manuel Ferreira – 200 António Ferreira – 200
Inácio José da Mota – 300 Manuel António Beire – 300
Arnaldo Vanzeler do Porto – 1940 Jacinto Pereira – 800
João Roiz – 160 Maria Gomes, viúva – 100
Manuel Francisco – 1.440 António Carvalho – 240
Vitória, solteira – 100 Francisco de Oliveira – 200
Manuel Coelho Campos – 280 Manuel Pereira Rijado – 200
Joaquim Pereira da Cruz – 2.800 José de Sousa – 1.200
António da Silva Frutuoso – 600 Joaquim Gomes – 120
Manuel Gomes – 200 José de Sá Rebola – 200
Joâo Gomes – 300 José de Fontes – 400
Francisco José Coelho – 2.400 Francisco Cardoso – 800
Luisa Maia – 100 António Francisco Pinheiro – 200
Maria da Costa, viúva – 100 Manuel Carvalho da Rocha – 360
Manuel Carvalho da Rocha – 360 Luís Alves Casas – 200
Luís dos Santos – 200 José Ferreira Manco – 300
Manuel Coelho Patrão – 450 António de Oliveira Novo – 200
Manuel de Oliveira, viúvo – 360 António de Oliveira – 500
Manuel Carvalho – 1.800 Maria Joaquina, solteira – 100
Francisco de Sá – 360 Maria Joaquina, viúva – 80
José Luís Pereira – 280 Luís António – 220
Joaquim Ferreira – 200 João Carvalho – 240
Joaquim Pinto – 280 Brízida Alves – 240
Maria Vilaverde – 240 Vitoria, solteira – 100
Manuel Alves Pereira – 500 João do Couto – 200
Policarpo Ferreira – 200 José da Silva – 280
Antónia, solteira – 100 Mariana da Silva, viúva – 40
Ana Lourença – 40 Francisco José Martins – 500
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
241
António Correia – 400 Manuel José Reis Malheiro – 2.800
João Domingues – 100 José Pereira Pedrosa – 480
António de Amorim Aranha – 5.200 João Fernandes de Amorim – 2.500
António Pereira Dias, do Porto – 478 José Francisco – 120
Manuel Carneiro – 100 Rosa de Oliveira, viúva – 60
Ana, da Ribeira – 240 Ana de Oliveira – 80
Francisco de Sá – 360 Manuel Correia Marques -200
Manuel António da Silva – 200 Francisco Pereira – 280
Luisa Maria do Carmo – 3.600 Luís António – 280
Maria Joaquina, viúva – 80 Teresa Roiz – 140
Pessoas de fora da freguesia que
nesta possuem bens
Pessoas de fora da freguesia que
nesta possuem bens
José Coelho Ribeiro, de Lourosa – 16
António da Cunha Sampaio, de S.
João de Ver – 96
Manuel Pereira da Silva, de S.
Martinho – 12
José Francisco da Rocha, de Lourosa
– 20
Manuel Roiz Marques, de Lamas – 66 José Pinto de Almeida, de Fiães – 30
Padre António Moleiro, de S.
Martinho – 18
Padre António, de Lourosela – 24
João Pinto de Almeida, de Fiães – 96 Custódia Alves, de Lourosa – 3
Paulino José Coelho, de Lamas – 42 José de Sousa, de Perosinho – 42
José Pereira do Couto, de Nogueira
– 33
Manuel Francisco, de Lourosa – 4
Luís Alves, daí – 6 Joaquim Carvalho, de Lamas – 105
Manuel Alves dos Santos, de
Nogueira – 36
José Pereira Espadaneiro, de S.
Martinho – 12
Manuel de Souza Coelho, daí – 30 José Coelho Cravo, de Lourosa – 45
Joaquim Carvalho, de Lamas – 105
Manuel Alves dos Santos, de
Nogueira – 36
Manuel de Sousa Coelho, daí – 30 José Coelho Cravo, de Lourosa – 45
António Alves de Sousa, de Lourosa
– 42
Ana Antónia, viúva – de Lourosa –
80
Manuel Francisco, do Sobreiro, de
Fiães – 30
Luís Roiz Grilo, de Nogueira – 45
Roza Francisca, de Nogueira – 24 Luís Roiz Branco, de Nogueira – 12
Maria Cândida Silva, de Vila Nova
– 45
Joaquim José de Melo – de S.
Martinho – 60
Maria de Sá, viúva, de Lamas – 60
Joaquim Alves, solteiro, de Nogueira
– 36
António Ferreira dos Santos, de
Lourosa – 24
Francisca Godinha, do Murado – 78
Alvino Godinho, do Murado – 78 João Godinho, do Murado – 78
Luís Godinho, do Murado – 78 António Godinho, de Grijó – 100
António Ferreira Cardoso, de Lourosa
– 40
Maria de Oliveira, de Lamas – 4
Herdeiros do Padre Caetano, de
Lamas – 6
Manuel Francisco Vilarinho, de Fiães
Manuel Cardoso, da Cal de Lourosa
– 80
Herdeiros de João de Sá, da Corga –
24
Padre António, de Seitela – 240 Joana Ramalha, de Avintes – 240
242 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Por proposta do Presidente da Junta foi nomeado Francisco
José Martins, da Quintã, como tesoureiro e que se extraíssem
duas cópias iguais, uma para ser afixada nas portas da paróquia
e a outra para ser remetida, ao tesoureiro nomeado.
GODA
FUNDÃO
Manuel Roiz da Silva – 500 reis Maria Joaquina, solteira – 60
Joaquim Ferreira dos Santos – 500 António José da Costa – 480
Luís Alves – 550 Manuel António e Mãe – 540
Manuel Alves de Oliveira – 200 Manuel Ferreira – 660
António de Oliveira Conceição – 220 Pedro Pereira – 160
Manuel Lopes – 500 João Pereira – 500
José Pinto de Oliveira – 420
OUTEIRO DO MUNHO
António de Oliveira Belinha – 200 José Fernandes do Couto – 1.000
José Lopes – 120 Rosa Maria, viúva – 60
Manuel Joaquim – 120 José Joaquim – 200
António Alves de Oliveira – 360 Maria Joaquina, viúva – 60
ERMILHE José Alves Neves – 280
José Ferreira dos Santos – 960
RIO E PRIME
Teresa Alves, viúva – 100 Henrique Ferreira – 280
António Fernandes de Araújo – 150 José António Rio – 850
Manuel Fernandes de Araújo – 750 Luís Alves Coelho – 1.000
Maria Fernandes – 500 Josefa do Rio, solteira – 60
Manuel da Mota – 850 Ana Maria dos Santos -60
Mariana Mota – 80 Manuel Lopes – 200
José Coelho – 200 João António – 520
José Soares Alves – 280 Maria de Amorim, solteira – 40
VERGADA
António Francisco de Amorim, viúvo
– 40
Diogo Fortuna – 120 João Gomes – 360
João Pereira Pedrosa – 120 António Francisco de Amorim – 850
Ana Gaia – 60 Manuel Alves Coelho, viúvo – 1.000
Joaquim Pereira Dias – 240 António de Oliveira Souto – 700
António Pereira Dias e Mãe – 260 José Alves Laranjeira – 160
Tomás de Oliveira – 260 Joaquim Pinto – 460
Manuel Pereira da Mota, viúvo e
filho – 300
Joaquim de Barros – 80
António Pereira Soares – 100 Inácio Francisco – 280
Domingos Alves Novo – 280 José Coelho – 320
Domingos Alves – 120
António Francisco, solteiro
Ana Soares – viúva – 300 MOZELOS
José Coelho de Amorim – 240 José Ferreira – 80
António de Oliveira Felício – 120 José Coelho Amorim – 600
António José Caetano – 160 Luis Alves de Oliveira – 600
José Cardoso – 120 Maria Francisca, solteira e Irmã – 60
Joaquim Pereira da Silva – 320 Anna de Barros – 80
Manuel Pereira Vendas – 100 António José Ferreira – 420
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
243
Manuel de Oliveira – 160 José Coelho Ferreira – 100
José de Freitas e sogro – 160 António de Oliveira – 200
João Coelho e genro – 420
MURADO
António Alves Ferreira – 960 José Ferreira – 420
António Pereira dos Santos -720 Manuel Ferreira Alves – 380
Manuel Pereira da Mota Novo e
sogro – 560
José Pereira Balona – 100
Manuel Pereira dos Santos – 280 Manuel Oliveira, viúvo – 100
Manuel Ferreira da Silva – 240 José de Oliveira Carvalho – 100
José Coelho – 240 Inácia Maria, solteira – 240
Teresa Alves, viúva e filha – 80
Manuel Joaquim de Oliveira, viúvo
– 800
António Pinto, viúvo – 80 José Leite – 480
António Fernandes – 200 Francisco Ferreira – 160
António Pereira Vendas – 160
António Bernardino de Vasconcelos
– 1.800
Bento José de Oliveira – 180
António José Carneiro e sobrinha –
200
António Alves Casas e genro – 240 José Francisco de Amorim – 240
REGADAS Manuel de Oliveira – 240
António Pereira Polaco – 180 Manuel Alves Pereira – 140
Manuel Ferreira Novo – 180 Joaquim das Coutas – 160
António Ferreira – 180 Pedro Leite – 300
Manuel Ferreira – 180 Maria Nogueira, viúva – 100
Manuel de Azevedo Loureiro – 140 Maria Alves, viúva – 100
Manuel Ferreira, viúvo – 100 José Francisco Alves – 720
Manuel Alves Pereira – 140 Manuel Godinho de Aguiar – 320
MELADAS E BARROSA Ana da Costa Carvalha – 200
José Francisco Pereira – 500 Francisco de Oliveira Pais – 480
Manuel António Beire – 220 José de Oliveira – 120
Jacinto Pereira da Silva – 350 Vicente da Rocha – 200
João Roiz – 140 António Alves da Silva – 260
VILAS Domingos Alves de Oliveira – 240
Maria Gomes – 80 Ana Alves, viúva – 40
Manuel Francisco – 640 Maria Pereira, viúva – 100
António Carvalho – 160 Manuel Joaquim de Oliveira – 200
Vitória, solteira – 80 João Ferreira – 200
Francisco de Oliveira – 200 João de Sá, solteiro – 120
Manuel Coelho Campos – 200 Josefa Maria, viúva – 80
Manuel Pereira Reigado – 160 Inácio José da Mota – 180
José de Fontes – 240
CASAL
João Gomes da Silva – 180 Joaquim Pereira da Cruz – 1.000
José de Sá Roiz – 140 Joaquim Gomes da Silva – 100
Manuel Gomes da Silva – 140 José de Sousa e mãe – 700
SEITELA António da Silva Frutuoso – 320
Francisco José Coelho – 850
GESTO
Manuel José Coelho – 480 António de Oliveira Novo – 200
Francisco Cardoso da Conceição –
200
António de Oliveira – 240
244 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Luiza Maria – 160 Manuel de Oliveira, viúvo – 200
Maria da Costa, viúva – 100 João Pereira Tanica – 100
Manuel Carvalho da Rocha – 240 José de Oliveira – 800
Luís Alves Gomes- 160 Maria Joaquina – 100
António Francisco Pinheiro – 160 Francisco de Sá – 200
José Ferreira Manco – 220
SOBRAL
Luís dos Santos – 140 Maria Joaquina Branca – 60
Manuel Coelho Patrão – 260 José Luís Pereira – 200
QUINTÃ Luís António – 200
António de Amorim Aranha – 1.400 Vitória, solteira – 100
João Fernandes de Amorim – 900 Maria Vilaverde – 60
José Pereira Pedrosa – 360 Brízida Alves, viúva – 100
José Francisco de Oliveira – 100 Joaquim Ferreira – 200
Manuel Carneiro – 80 João Carvalho – 200
Rosa de Oliveira, viúva – 60 José Pinto Rosa – 80
Ana Correia, solteira – 200 Joaquim Pinto – 200
Francisco José Martins – 360 Ana de Oliveira – 60
Manuel Correia Marques – 200 Mariana da Silva, viúva – 40
João Domingues – 80 José Pires ou mulher – 60
Francisco Pereira – 200 Ana Lourença – 40
Bernardina de Jesus, solteira – 40 Antóni, solteira – 60
Manuel António da Silva – 180 José da Silva – 160
Policarpo Ferreira – 100 Manuel Alves Pereira – 400
Teresa Roiz, viúva – 80 João do Couto Nogueira – 180
Efigénia, solteira – 40
Manuel José dos Reis Milheiro –
1.000
Luisa Maria do Carmo – 1.100 Padre João Gomes de Resende – 200
Em 1857, a côngrua de Mozelos era de 200$000 e estava distribuída
da forma seguinte:
– Passal – 8$000;
– Pé de altar e benesses – 72$000;
– Derrama – 120$00 (Almanak Eccesiástico do Bispado do Porto
para 1857: Porto: 1856).
Tinha residência paroquial.
População, fogos e rendimentos paroquiais das freguesias da Feira (1857)
Freguesia
Côngrua
Padres
Fogos
População
Residência
Cemitério
Correio
S. Martinho de
Adro servia
300$000 2 644 3.220 Sim
Argoncilhe
de cemitério
Carvalhos ou Vila da Feira
Santa Maria da Arrifana 200$000 4 216 802 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
S. Pedro de Canedo 400$000 2 707 2.266 Sim
Adro servia
de cemitério
Do Porto para Vila da Feira
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
245
S. Silvestre de Duas Igrejas,
integrada em Romariz
- - 39 140 - - Do Porto para Vila da Feira
S. Martinho de Escapães 200$000 2 125 396 Sim Não Do Porto para Vila da Feira
S. Tiago de Espargo 250$000 2 186 750 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
S. Nicolau da Feira 350$000 4 504 2.263 Não Sim Do Porto para Vila da Feira
Santa Maria de Fiães 300$000 5 300 1.500 Sim Não tinha Do Porto para Vila da Feira
S. Salvador de Fornos da
Feira
200$000 3 135 528 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
Santo André de Gião 129$000 1 140 400 Sim Não tinha Do Porto para Vila da Feira
S. Mamede de Guisande 230$000 2 134 378 Sim
O adro servia
de cemitério
Do Porto para Vila da Feira
Santa Maria de Lamas 248$050 2 186 811 Sim Não tinha Do Porto para Vila da Feira
S. Tiago de Lobão 250$000 2 423 1.320 Sim
O adro servia Do Porto para os Carvalhos
de cemitério
(Gaia)
S. Vicente de Louredo 190$000 2 210 828 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
S. Tiago de Lourosa 250$000 2 357 1092 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
S. Miguel de Milheiros de
Sim (arruinada)
170$000 2 167 679
Poiares
Não Do Porto para Vila da Feira
Santo André de Mosteirô 119$000 1 125 572 Não Sim Do Porto para Vila da Feira
S. Martinho de Mozelos 200$000 4 260 935 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
S. Cristóvão da
Regedoura
200$000 3 258 93 Sim Não Do Porto para Vila da Feira
S. Paio de Oleiros 192$000 2 175 551 Sim
O adro servia
de cemitério
Do Porto para Vila da Feira
S. Cipriano de Paços de
Brandão
200$000 1 200 660 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
Santa Maria de Pigeiros 200$000 5 101 308
Sim (arruinadíssima)
de cemitério
O adro servia
Do Porto para Vila da Feira
S. Tiago de Rio Meão 200$000 1 214 636 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
Santo Isidoro de Romariz 250$000 9 309 1642 Sim
O adro servia
de cemitério
Do Porto para Vila da Feira
S. Pedro Fins da 130$000 2 112 512 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
Santa Eulália de
Sanguedo
200$000 2 116 332 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
S, João de Ver 300$000 5 248 1.127 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
S. Jorge da Feira 230$000 2 150 486 Sim
O adro servia
de cemitério
Do Porto para Vila da Feira
S. Miguel do Souto 300$000 8 375 1.740 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
S. Mamede de Travanca 192$000 2 212 772 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
Santa Maria do Vale 162$500 2 250 725
Sim (arruinada)
de cemitério
O adro servia
Do Porto para Vila da Feira
S. Mamede de Vila Maior 240$000 2 156 527 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira
(ID.:IBID.).
Em 20 de janeiro de 1875, o Presidente da Junta lembrou
que, no dia 2 de fevereiro, era costume ir-se benzer a cera e fazer
a entrega das confrarias na capela de Meladas, e para que o
ato fosse mais solene propôs que a Junta participasse neste ato
(AJFM: Liv. de Atas nº1).
246 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Neste século, a paróquia de Mozelos pertencia ao 2.º Distrito da
Comarca da Feira, situação que manteve no início do século XX.
Neste século, a paróquia de Mozelos pertencia à 1.ª Vigararia da
Comarca da Feira, situação que manteve no início do século XX.
Em 6 de novembro de 1896, a igreja de São Martinho de Mozelos
recebeu a quantia de 40.000$000 como subsídio destinado às
igrejas pobres da diocese do Porto.
ASPETOS EDUCATIVOS E CULTURAIS DO
SÉCULO XIX
Em 5 de Dezembro de 1881, a Junta deliberou iniciar o processo
de recenseamento das crianças para o ensino primário, tendo
sido solicitado que se fizessem os avisos necessários na igreja e que
fossem dadas as declarações necessárias (AJFM: Liv.Atas nº 1).
Em 22 de Dezembro de 1886, o professor público do ensino
elementar primário Pedro Leite solicitou à Junta que certificasse
que ele tinha exercido constantemente e sem interrupção o magistério,
desde o seu despacho para a referida cadeira, no ano de
1854 até ao momento, e quais os serviços que tinha prestado à
escola e qual era o seu comportamento moral civil e religioso.
A Junta resolveu atestar o que fora pedido, porque sempre fora
solícito e zeloso, fornecera casa e a mobília para a escola à sua
custa para os trabalhos escolares (ID.: Liv de Atas nº 2).
A escola nasceu da doação de um terreno à Câmara de Vila
da Feira feita por Francisco d’Amorim (segundo informações contidas
num trabalho sobre a escola de Sobral, elaborado por Maria
José S. V. Marques, integrado do 1º ano da disciplina de História
Contemporânea, Ideias em Educação, da Faculdade de Psicologia e
de Ciências da Educação, da Universidade do Porto, no ano letivo de
2004/2005).
As informações prestadas, a seguir, foram recolhidas no referido
trabalho académico.
Em 6 de setembro de 1889, o professor José Fernandes Coelho
de Amorim fez a abertura do livro de matrícula geral dos alunos
da escola oficial de ensino primário e elementar para o sexo
masculino na freguesia de Mozelos que ficou instalada no lugar
de Sobral. Este livro foi cedido ao professor Paulino Coelho de
Amorim, em 3 de fevereiro de 1891.
O professor José Fernandes Coelho de Amorim era solteiro,
licenciado em medicina em 1899 era filho de António Fernandes
Coelho de Amorim (1827-1907) e de Ana Francisca Coelho
(1883-1932), que residiam na Quintã, Mozelos. Apesar de viver
no regime monárquico, era republicano. Segundo informações
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
247
contidas no estudo da drª Maria José Marques, decidiu transmitir
os seus conhecimentos ao povo da sua terra, enquanto o seu
irmão se formava como professor do ensino primário, lecionando
na primeira escola itinerante, pioneira na região.
O professor primário Paulino Coelho de Amorim era irmão
de José Fernandes Amorim. Acorriam a esta escola, crianças das
freguesias vizinhas de Oleiros e de Nogueira da Regedoura. Os
elementos contidos nos registos de matrícula revelam que a escola
era frequentada apenas por rapazes, sendo as profissões dos pais
dos alunos, maioritariamente, lavradores, seguindo-se serradores,
carpinteiros, corticeiros, rolheiros, sapateiros, trolhas e floristas.
ASPETOS POSTAIS E SANITÁRIOS
Em 7 de fevereiro de 1887, lamentou o indeferimento da transferência
da caixa do correio para o lugar da Igreja. Em sessão seguinte
a Junta insistiu na vinda da mala do correio para o lugar da
Igreja, evitando-se assim a ida para o lugar do Murado (ID.:IBID.).
Em 13 de setembro de 1885, foi constituída a comissão de sanidade
em Mozelos que integrava os seguintes elementos: Abade José
Alves Coelho, António Francisco Leite da Conceição, António Pinto
Tavares, António do Couto Nogueira, António Fernandes de Amorim,
António Soares Alves e Paulino José Coelho. Em 16 de agosto de
1890, esta comissão começou a organizar a prevenção contra o cólera
que ameaçava a Espanha. Foi decidido que todos deveriam tomar a
sério este serviço, aceitando a missão caritativa coadjuvando as autoridades
no que fosse necessário para bem das pessoas ameaçadas. Foi
decidido visitar todas as casas da freguesia, observando as necessidades
e recomendando as cautelas indispensáveis. Nesse tempo, como
em tempos posteriores as pessoas tinham as galinhas nas cozinhas,
com inconvenientes evidentes. Nas reuniões posteriores, foi tido em
conta que se deveriam mandar remover depósitos de estrume, despejos
e imundícies, junto das habitações. Foi também feito o levantamento
dos pobres em cada lugar para acorrer às suas necessidades.
Foram recenseadas todas as pessoas nessas condições: No lugar da
Igreja havia 4 pessoas, em Goda, 10, em Ermilhe, 3 na Vergada, 24,
no Fundão, 1, no Outeiro do Moinho, 6, na Quebrada, 3, em Prime,
3, em Mozelos, 4, no Murado, 26, nas Regadas, 5, em Vilas, 3, no
Casal, 3, no Coteiro, 6, em Seitela, 8, em Gesto, 8, em Sobral, 22 e
na Quintã, 13. Quase todas as pessoas acataram as indicações da comissão
com exceção de um individuo que malcriadamente impediu
a vistoria a sua casa, tendo mesmo feito comentários injuriosos numa
taberna do seu lugar de residência (AJFM: doc.avulso).
248 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ASPETOS POLÍTICOS, ECONÓMICOS E SOCIAIS
Ao analisarmos o século XX, o sujeito fica, inevitavelmente
adentrado pelo objecto. Somos espectadores e actores de muitos
acontecimentos. Vivemo-los. Somos observadores participantes. Há
experiências centrais que marcaram o século e nos marcaram. Como
comparar o mundo de 1914 com o da década de 1990? Trata-se
de mundos qualitativamente diferentes. Para começar, é agora um
mundo muito mais cheio. (...) Os conflitos bélicos do século deram-se
a uma escala muito mais vasta que os dos séculos anteriores. (..) A
Europa renascida das cinzas, dá os primeiros passos para a unidade.
(...) A democracia ocidental, sustentada por significativos progressos
no campo material, ganhou manifesta estabilidade. (...)
(TORGAL:1996:vol. II:23).
Moldes de marcação,
no fabrico de manteiga
O início deste século foi vivido em Portugal com significativas
convulsões políticas e sociais que prenunciavam uma mudança do
regime político, tentada já em 1891, com a revolta do 31 de janeiro,
realizada no Porto e em que participavam vários cidadãos da região.
Em 1945, tinha fábrica de capachos, rolhas, laticínios, moagem
e vassouras. Produzia milho, feijão, batata, centeio, frutas e
vinho (Enciclopédia… vol. 18:82).
Em meados do século, havia grandes fábricas corticeiras e
algumas mais pequenas, 2 de vassouras e uma serração.
Mozelos deixou de ter a agricultura como atividade sócio-económica
mais relevante, reduzida agora a auto-consumo. Foi
progressivamente substituída pela indústria, designadamente, a
atividade corticeira, distribuída pela Corticeira e por pequenos
empresários desse setor e construção civil. Há também um número
significativo de funcionários públicos e de vários serviços.
Havia 420 famílias que viviam da indústria, sendo alguns
dos seus membros dirigentes e a maioria eram operários.
A profissão dominante era a atividade corticeira, ganhando os
homens 45$00 por dia, enquanto as mulheres ganhavam 25$00.
Cerca de 60 famílias viviam da prestação de serviços (comércio,
transportes, funcionalismo público, escritórios, entre outros).
Havia 105 operários que trabalhavam fora da freguesia, sobretudo
nas freguesias vizinhas, sendo 55 casados, 40 rapazes
30 raparigas
Havia 420 mulheres casadas que trabalhavam fora de casa,
geralmente em fábricas, dada a insuficiência da féria dos maridos.
As crianças, feita a escolaridade obrigatória ao tempo (4ªclasse)
iam logo trabalhar para o campo, para fábricas ou para a
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
249
construção civil, enquanto as raparigas ajudavam as mães em
casa. Geralmente, a escolha da profissão estava a cargo dos pais
e sujeita à oferta local e/ou vizinha.
Havia, ao tempo, cerca de 20 adolescentes e jovens a estudar
(leia-se, a frequentar escolas secundárias ou colégios), em busca
de um trabalho mais limpinho e rendoso.
O rendimento que cada família auferia, embora fosse geralmente
baixo, bastava para suas necessidades, à exceção dos lavradores
caseiros. Algumas das famílias, quando os rendimentos
eram insuficientes, recorriam a outras atividades subsidiárias.
Os setores profissionais mais insatisfeitos eram os caseiros e
os vassoureiros.
Releve-se a existência em Mozelos de uma olaria que atingiu
uma significativa importância, hoje continuada pelos descendentes
do seu criador, dedicando-se ao fabrico e ao comércio de produtos
cerâmicos.
Curiosamente, em Mozelos ainda existe uma oficina de torneamento
de piões, atualmente em inatividade mas em perfeito
estado de conservação, pronta para funcionamento. Situa-se em
Prime, na cave da casa de D. Maria Amélia Coelho Pinto, cujos
filhos, os irmãos Pedreirinhos, herdaram do pai, Joaquim Domingues
da Silva (fazia escovas de piaçaba, cabos para pincéis,
vassouras, etc.). Seguindo a tradição do seu pai, trabalharam no
local, desde 1950 até aproximadamente 1990, na criação de piões
e, assim, contribuir para o rendimento familiar.
Hoje, o seu funcionamento extemporâneo, sendo mais uma demonstração
nostálgica do labor, mostra como uma aparente atividade
simples, como a criação de um pião, reveste-se de complexidades
que vão muito além da escolha da madeira (pela sua densidade, maleabilidade,
resistência), do emprego dos formões, goivas e outras
ferramentas, e da mestria do talhador. Deste conjunto de factores,
resultava o nascimento de piões de formas que, mesmo aparentemente
iguais, continham diferenças entre si, marcas muitas vezes
pessoais, tal como as impressões digitais que nos caracterizam. Esta
característica do trabalho manual aplicava-se aos vários objectos aí
criados, fossem eles piões, rapas, maços de madeira, etc.
Havia alguns casos de crianças entregues a menores ou deixadas
sem vigilância.
No domínio associativo, havia o sindicato corticeiro com
sede em Lamas, e a Juventude Operária Católica (JOC).
Há agências de vários bancos e vários estabelecimentos comerciais.
Os centros de reunião mais comuns eram 3 pequenos cafés
e tabernas.
Último testemunho imóvel da original
Fábrica da Louça da Vergada
Utensílios e maquinaria empregues
no fabrico de piões
250 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ASPETOS SANITÁRIOS
A freguesia é servida pelo Hospital de S. Sebastião, pela sua
Unidade de Saúde Familiar que é uma extensão do Centro de
Saúde de Santa Maria da Feira, além de clínicas e consultórios
de medicina privada existentes na freguesia e nos seus arredores.
A construção do hospital teve contribuições das diferentes
freguesias do concelho, assim discriminadas:
Hospital S. Sebastião -
Santa Maria da Feira
CONTRIBUIÇÕES DAS DIFERENTES FREGUESIAS
DA VILA DA FEIRA PARA A GÉNESE DO ATUAL
HOSPITAL DE S. SEBASTIÃO
Freguesia
Contribuição
Argoncilhe 125.000$00
Arrifana 100.000$00
Canedo 46.590$00
Escapães 150.000$00
Espargo 20.000$00
S. Nicolau da Feira 1.125.000$00
Fiães 200.000$00
Fornos 70.000$00
Gião 16.000$00
Guisande 17.000$00
Santa Maria de Lamas 55.000$00
Lobão 55.000$00
Lourosa 109.887$00
Milheiros de Poiares 32.527$00
Mosteirô 43.400$00
Mozelos 112.000$00
Nogueira da Regedoura 107.000$00
S. Paio de Oleiros 73.000$00
Paços de Brandão 110.000$00
Pigeiros 20.500$00
Rio Meão 60.000$00
Romariz 29.237$00
Sanfins 120.000$00
Sanguedo 35.233$00
S. João de Ver 62.900$00
Caldas de S. Jorge 65.000$00
Souto 85.000$00
Travanca 68.000$00
Vale 22.500$00
Vila Maior 17.500$00
A Câmara Municipal comparticipou com 500.000$00 (Silva:
S. Xpistofori de Nucaria da Rugidoira: pp 38 e 39).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
251
A EMIGRAÇÃO MOZELENSE
A emigração para o Brasil remonta ao último quartel do século
XIX e ao período após 1ª Guerra Mundial. Nos anos 50
do século XX verificou-se uma grande vaga de emigração para a
Venezuela. A grande emigração para França, registou-se a partir
dos anos 60 do século passado.
Entre 1958 e 1974, cerca de um milhão de portugueses instalaram-se
em França, dispostos a trabalharem em tudo o que lhes aparecesse.
As formas brutais da sua exploração começaram em Portugal,
com as redes que os transportavam até à fronteira, e não raro os
abandonavam pelo caminho. Muitos portugueses morreram neste
percurso. Em França, eram vítimas de todo o tipo de discriminações
no trabalho, no alojamento e nas mais pequenas coisas do dia-a-dia,
uma humilhação que a custo suportaram. Muito poucos pensavam
enriquecer, mas todos esperavam conseguir uma vida mais digna
do que tinham na própria terra. Tratou-se de uma verdadeira vaga,
em grande parte clandestina, contra a qual todas as leis se revelaram
ineficazes. Em poucos anos, despovoaram-se regiões inteiras abrindo-se
profundas ruturas nas suas estruturas económicas, sociais e
culturais. Mas nada voltaria a ser como dantes!
A emigração de portugueses para França entre 1961 e 1974, é
um dos episódios mais impressionantes da história contemporânea
de Portugal, constituindo uma verdadeira debandada do país.
Mozelos também participou nesta saga emigratória dos anos
60 e 70 do século XX. Parte significativa dos emigrados mozelenses
que rumaram para França, empregaram-se na construção civil.
Em 1965, o pároco de Mozelos informava a diocese que, nos
últimos 10 anos, emigraram para o estrangeiro, sobretudo para
França, cerca de 50 pessoas e 40 para outras zonas do país, em
busca de melhor remuneração do seu trabalho, tendo 20 deles
sido acompanhas pelos seus familiares. A maior parte continuava
ligada às suas famílias, à exceção de dez, tendo regressado
definitivamente dez, com melhores condições socio-económicas.
Alguns dos que regressaram voltaram, geralmente, com os mesmos
princípios morais. Houve também um movimento inverso
com a vinda de 20 famílias para Mozelos, em busca de melhor
remuneração oferecida pela atividade industrial da freguesia,
tendo-se integrado bem na comunidade.
ASPETOS RELIGIOSOS
Na sequência do processo iniciado com o Marquês de Pombal,
continuado com a revolução liberal, prosseguiu o caminho
Assinatura da Lei de
Separação da Igreja do Estado,
por Afonso Costa (1911)
252 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Harmónio
Imagem do
Sagrado Coração de Jesus
Imagem do Mártir S. Sebastião
da progressiva secularização como advento da República que
se afirmou por um forte anticlericalismo e radical separação da
Igreja e do Estado.
Entenda-se que a secularização foi mais do que um processo
de passagem dos bens da Igreja Católica para a posse civil. Tem
havido um certo recuo do religioso, por força da laicização, da descristianização,
do paganismo e pela extensão da incredulidade e da
irreligião, ou ainda pelo processo de desconstitucionalização, desafetação
e desvinculação. Contudo, existe uma interdependência
entre mutação religiosa e transformação da sociedade, havendo
neste processo uma dinâmica de adaptação e um processo interno
de secularização no seio das Igrejas ou grupos religiosos. (...)
Este processo articulou entre si mudanças ocorridas aos mais
diversos níveis da sociedade. Porém as permanências e alterações,
as resistências ou os movimentos impulsionadores de novas atitudes
nas vivências religiosas condicionaram, também, fortemente a
sociedade portuguesa no seu percurso de modernização (...).
A diversificação religiosa, com particular incidência no século
XX, e especialmente depois da segunda grande guerra mundial,
não resultou essencialmente de um processo de dissidência
interna, mas sobretudo da dinâmica internacional (...).
Na contemporaneidade, o catolicismo procura inscrever-se
na sua corporeidade orgânica e integradora de novos protagonismos
internos, com particular destaque para a ação dos leigos
e formas de vida religiosa, e lidar com a dimensão concorrencial
que a pluralidade e diversificação colocam, interna e externamente
(MARQUES:2000:vol III:11-13).
Em 16 de junho de 1918, Maria Amélia Ferreira Amorim, a pedido
do pároco, Padre Manuel Rodrigues Vieira Pinto, autorizou
que o seu harmónium que havia comprado para seu uso pessoal se
conservasse na igreja da freguesia para servir em algumas festividades
até que ela assim o entendesse. (AJM:Liv de Atas nº 7).
Em 22 de setembro de 1918, a Junta mandou reparar os telhados
da sacristia e da capela-mor da igreja (ID.:IBID.)
Em 12 de janeiro de 1919, audaciosos gatunos penetraram na
igreja paroquial roubando os seguintes objetos: uma chave de prata
do sacrário que valeria 2$00, quatro alvas de linho, no valor de
50$00, seis castiçais de metal branco no valor de 9$00, uma toalha
do altar do Santíssimo Sacramento no valor de 6$00; duas aparadeiras
de linho no valor de 3$00, outra aparadeira de pano vermelho
no valor de 2$00, duas toalhas das credências valendo 1$00, três
toalhas de lã e três de linho das grades do arco cruzeiro no valor
de 10$00 e 5$00 respetivamente, uma toalha do altar do Sagrado
Coração de Maria no valor de $80, duas aparadeiras no valor de
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
253
5$00, uma toalha do altar do Sagrado Coração de Jesus no valor de
3$00, duas aparadeiras no valor de 5$00, uma toalha do altar do
Mártir S. Sebastião no valor de 5$00, uma toalha do altar de Santa
Luzia no valor de 5$00 e duas aparadeiras do mesmo altar no valor
de 1$00 (ID.:IBID.).
Em 8 de maio de 1921, uma comissão presidida pelo pároco,
Padre Manuel Rodrigues Vieira Pinto, solicitou à Junta autorização
para realizar obras de ampliação da capela-mor da igreja e uma
sacristia nova, assumindo o compromisso de as levar a efeito à
exceção do douramento do altar-mor, no prazo de 10 meses. Este
requerimento foi deferido pela Junta em 22 de abril de 1921. Em 29
de Dezembro de 1922, a comissão informou a Junta que recolhera
a quantia de 1.502$00 junto dos paroquianos, tendo informado
que as obras já estavam ultimadas, tendo-se registado um saldo de
165$74,5, que foi aplicado pela comissão para encarnar as imagens
de S. Martinho e Santa Ana, desejando que tudo ficasse exarado
em ata da Junta ad perpetuam rei memoriam (ID.:IBID.).
Em 28 de julho de 1922, apresentou-se na Junta uma comissão
que pretendia autorização para edificar no lado sul da igreja matriz
um altar semelhante ao existente no lado norte. A Junta, depois de
efetuar uma visita ao local, deliberou deferir o pedido (ID.:IBID.).
S. José
Catequese paroquial
FREGUESIA DE MOZELOS (S. Martinho)
A comunhão solene das crianças é feita nesta freguesia com toda
a pompa; basta dizer que é a festa mais querida deste povo, sendo
as prescrições sobre este acto observadas a rigor. Faz-se sempre no
Domingo de Pascoela, conjuntamente com a festa de S. Sebastião.
EXERCÍCIOS RELIGIOSOS – Meses de Maria, do Rosário
e das Almas, novenas do Espírito Santo, Natal, Imaculada
Conceição e do Sagrado Coração de Maria.
No terceiro domingo de cada mês há reunião das Filhas de
Maria e no último domingo de cada mês ofício de vésperas (cantadas)
do Sagrado Coração de Maria. No fim, reunião das zeladoras
do Sagrado Coração de Jesus e de S. José.
Em todos os domingos e dias santos à tarde há terço rezado
com os fiéis, dando-se em seguida a bênção com o Santíssimo.
Há duas irmandades: a do Sagrado Coração de Maria e a de
Santa Luzia. A Arquiconfraria do Sagrado Coração de Maria foi
fundada nesta freguesia em 1861 com filial da Arquiconfraria do
Sagrado Coração de Maria do Porto. Em 1904, tornou-se independente
e conta no livro de registos até à data presente 6.696 irmãos
Nossa Senhora
254 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Figueira
inscritos. Manda celebrar uma missa em todos os sábados do ano
pela conversão dos pecadores e outra na primeira segunda-feira
de cada mês pelos irmãos falecidos. Por causa destes encargos já
há muitos anos que vem fazendo a festa do Sagrado Coração de
Maria juntamente com a do Sagrado Coração de Jesus.
A Irmandade de Santa Luzia, que conta inúmeros devotos
nas freguesias circunvizinhas, conta também nos respectivos livros
de registo alguns milhares de irmãos, celebra à morte de
cada um três missas e faz a festa com solenidade no mês de Dezembro
de cada ano. Mantém-se florescente.
Há ainda as seguintes confrarias: a do Santíssimo Sacramento,
a de Santo António, a do Mártir S. Sebastião e a das Almas.
Esta sustenta a capelania e manda celebrar uma missa à morte de
cada irmão e uma mensal em geral.
OBRAS DE PIEDADE – Apostolado do Coração de Maria
e Pia-União das Filhas de Maria.
OBRAS DE INSTRUÇÃO – Congregação da Doutrina
Cristã e Associação de S. José.
Todas estas obras estão progredindo e todo o povo da freguesia
está nelas filiado.
A Associação do Coração de Jesus tem as seguintes zeladoras:
Adelaide Alves Ferreira, Rosalina Rodrigues Oliveira, Maria
Oliveira dos Santos, Margarida Domingues de Sousa, Maria
Gracinda Pereira de Sousa,Maria Pereira de Jesus, Maria Alves
Relvas, Maria da Silva, Ernestina Fernandes, Maria Pinto de Oliveira,
Ana Pereira da Cruz, Margarida Alves da Silva, Emília
Fernandes de Amorim, Margarida Gomes Ferreira, Inês Fernandes
de Barros, Inês Nogueira de Jesus, Angelina Alves Ferreira,
Amélia Alves Ferreira, Maria Ferreira dos Santos, Maria Relvas
de Jesus, Maria Pereira de Jesus, Inês Pereira Amorim, Margarida
de Oliveira, Rita de Oliveira, Maria Paes de Oliveira, Maria
Alves Fernandes, Angelina Pereira de Pinho, Cândida Alves Pereira,
Rosa Alves Ferreira, Ana Alves de Oliveira, Ana Coelho
Ferreira, Ana Ferreira da Rocha, Marinha Alves Ribeiro, Rosa
Alves Relvas, Ana de Oliveira e Margarida Domingues de Silva.
PRESIDENTE – D. Maria Amélia Ferreira Amorim
SECRETÁRIA – D. Amélia Ferreira Leite
TESOUREIRA – D. Joaquina Pereira
As zeladoras de S. José são as mesmas supra mais as seguintes:
Maria Catarina, Rita Oliveira Neves, Beatriz Pereira de Sousa,
Adelaide Pereira de Sousa, Maria da Feira, Júlia Alves Castanheira,
Angelina Pereira de Pinho Júnior, Joana Pereira de Jesus,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
255
Emília Fernandes de Amorim, Maria Pereira de Jesus Chibante e
Helena Pinto de Menezes.
CONSELHO PAROQUIAL
Presidente – Padre Manuel Rodrigues Vieira Pinto
Secretário – Virgílio Francisco Estrela
Tesoureiro – Joaquim Ferreira Rios
CONGREGAÇÃO DA DOUTRINA CRISTÃ
Presidente – D. Maria Amélia Ferreira Amorim
Secretária – D. Inês Nogueira de Jesus
Tesoureira – D. Angelina Alves Ferreira
ASSOCIAÇÃO DE S. JOSÉ
Presidente – D. Maria Amélia Ferreira Amorim
Secretária – D. Maria Alves Fernandes
Tesoureira – D. Amélia Ferreira Leite
CATEQUISTAS: Adelaide Alves Ferreira, Cândida Alves
Ferreira, Maria Amélia Pinto de Menezes, Luisa Fardilha, Adelaide
Pereira de Sousa e Carolina Alves Ferreira.
O Pároco – Manuel Rodrigues Vieira Pinto (ID.:IBID.: 125
e 126 ).
Em 12 de julho de 1923, foi presente, na sessão da Junta, um
requerimento de uma comissão de paroquianos em que pediam
à Junta autorização para colocar um relógio na torre da igreja,
afirmando já terem angariados os donativos suficientes para
custear a obra. A Junta louvou a iniciativa afirmando que era
um grande melhoramento para a freguesia, tendo naturalmente,
deferido a pretensão. Em 24 de junho de 1924, foi oficialmente
entregue à Junta o referido relógio. Dado não haver dinheiro
suficiente para ultimar a obra, o pároco sugeriu que o saldo da
compra do novo sino fosse aplicado na obra do relógio, o que foi
aceite (AJFM:Liv.de Atas nº 7).
Em 21 de fevereiro de 1924, verificou-se a necessidade de reparar
um sino quebrado da torre da igreja que, para além de não
cumprir a sua função, criava problemas, visto estar ligado ao relógio
entretanto instalado. Havia, pois necessidade de o fundir ou
trocar por outro. Foi decidido, com a colaboração do pároco, obter
propostas para o efeito. Entretanto procedeu-se a uma subscrição
pública para obter os fundos necessários para custear as despesas.
O sino velho foi avaliado em 15$00 e o novo em 24$00 cada Kg.
Dado que o sino novo pesava 243 Kg, com o preço de 3.843$00, e
o sino velho que pesava 221 Kg rendeu 1.326$99, tendo a importância
paga sido de 2.517$00. Após o apuramento das despesas de
colocação, houve ainda um saldo de 732$00 (ID.:IBID.).
Cruzada Eucarística
Escada interior da igreja
256 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Mapa do movimento religioso de Mozelos. Ano de 1922/23
População Batismos Casamentos Óbitos
Fogos
Almas
M
F
TOTAL
Legítimos
Ilegítimos
Expostos
Diferença relativa ao
ano anterior
TOTAL
Diferença relativa ao
ano anterior
Receberam sacramentos
Não receberam
TOTAL
Diferença relativa ao
ano anterior
+ - + - + -
385 2.000 22 42 64 61 3 - 7 - 23 13 - 25 11 36 10 -
Comunhão solene
Comunhão por
devoção
Catequese
M
Nº de
crianças
F
Total
Diferença
relativa
ao ano
anterior
Total durante o ano
Diferença
relativa ao ano
anterior
+ - + - M F
Nº de
Crianças que a
frequentaram
Total
Diferença
relativa ao ano
anterior
Nº de dias
funcionamento
Diferença
relativa ao ano
anterior
+ - + -
24 29 53 6 - 12000 - - 45 85 130 54 - - - -
(ID.:IBID.: 201)
Américo Alves de Amorim
Em 20 de julho de 1926, o pároco da freguesia solicitou à Junta
autorização para consertar as escadas de acesso ao coro da igreja
sem encargos para a Junta. Foi concedida tal autorização (ID.:IBID.).
Em 1926, foram aprovados pela diocese do Porto os Estatutos
das Corporações Fabriqueiras Parochiais encarregada de promover
e sustentar o culto católico e que tinham como fins adquirir bens
para fins culturais, dispor deles e administrá-los, conservar e administrar
os bens que lhe forem entregues, bem como os que por
qualquer título adquirir ou lhe forem confiados, enfim, procurar
que nada falte, no que da mesma depende para o bom funcionamento
do culto católico.
A direção da corporação fabriqueira de Mozelos, em 28 de
outubro de 1926, era constituída pelo Pároco Manuel Rodrigues
Vieira Pinto (presidente) e pelos vogais Dr. Joaquim Alves Ferreira
da Silva, Joaquim Ferreira Rios, Bernardino Ferreira Coimbra,
Pedro Pereira de Pinho, José Francisco Alves, Américo Alves
de Amorim e José Coelho Relvas (APM:Doc. Avulso).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
257
Em 1944, o Conselho da Fábrica da Igreja era constituído
por Joaquim Ferreira dos Santos Nogueira e Miguel Lopes Martins
Teixeira (efetivos) e António Henriques e Joaquim Francisco
Alves (substitutos) (ID.:IBID.).
No mesmo ano foram aprovados os estatutos da Confraria
do Santíssimo Sacramento da freguesia de Mozelos que tinha
como fins promover o culto do Santíssimo Sacramento, providenciar
pela conservação do altar do Santíssimo Sacramento,
lâmpadas e alfaias e sufragar as almas dos irmãos falecidos.
A primeira mesa era formada por:
Juiz – Henrique Soares dos Santos Rios
Secretário – Nestor Cândido Ferreira dos Santos
Tesoureiro – Joaquim Ferreira dos Santos Nogueira
Vogais – José Coelho Relvas Meladas
Francisco Pereira de Barros
Ilídio Oliveira Santos (ID.:IBID.)
Em 1 de março de 1947, procedeu-se ao auto de entrega da
antiga residência paroquial e anexos na Secção de Finanças da
Vila da Feira ficando a Fábrica da Igreja de Mozelos a receber as
rendas da parte ocupada pela escola da referida freguesia (APM;
documento avulso).
Em 27 de novembro de 1956, D. António Ferreira Gomes,
Bispo do Porto, nomeou o Conselho da Fábrica da paróquia que
tinha a seguinte composição:
Secretário – Américo Paulo Amorim
Tesoureiro – Joaquim Coelho Relvas
Substitutos – António Alves de Sousa
Joaquim Coelho da Silva (ID:IBID.)
Em meados do século, 80% da população cumpria o preceito
dominical, não trabalhando ao domingo em atividades servis. O
preceito pascal era cumprido por cerca de 70% da população. O
movimento mensal de comunhões era de 2.000, em média.
Havia as seguintes devoções públicas: reza do terço ao domingo
à tarde, devoções nos meses de março, maio, junho, outubro
e novembro e as novenas da Imaculada Conceição, o Natal e o
Espírito Santo.
Havia a oração familiar, geralmente a reza diária do terço,
prática essa existente também nalgumas fábricas de cortiça.
Havia 4 classes de catequese, dadas na igreja paroquial por
19 catequistas e frequentada por 320 crianças.
Havia o Apostolado da Oração, secções da JOC, JOCF, da
LOCF, obra de vocações sacerdotais.
Altar do Santíssimo Sacramento
Residência paroquial
258 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Comunhão solene
Dia Jocista
Havia as seguintes festas religiosas: S. José, Santo António,
Profissão Solene de Fé, Encerramento do Mês de Maria e Imaculada
Conceição.
Havia as Conferências de S. Vicente de Paulo, serviço da
Cáritas e assistência prestada pelo Sindicato dos Corticeiros.
A côngrua de sustentação do pároco era feita pela oferta de
um alqueire de milho por cada casal, estando alguns deles a contribuir
com o equivalente a um dia de trabalho.
Havia a preocupação pastoral de manter contacto com os
emigrantes e reintegrá-los na vida comunitária quando regressavam
definitivamente.
As famílias vindas de fora eram normalmente integradas na
paróquia, assumindo os costumes e hábitos locais.
Na altura, não havia núcleos que espalhassem ideologias contrárias
à doutrina social da igreja.
Havia apenas um lar a viver em mancebia, apenas dois lares
desfeitos por separação jurídica, por causa do mau porte dos maridos.
Normalmente, os casais aceitavam os filhos que a natureza
proporcionava, não havendo casos de abortos voluntário.
Os casais cuidavam da educação física, intelectual e religiosa
dos filhos.
Quase todas as crianças frequentavam a catequese. As poucas
crianças que não faziam a profissão de fé não era por falta
de crença dos pais mas por falta de condições económicas para o
vestuário e para a festa.
Depois da procissão de fé, algumas crianças eram matriculadas
na perseverança, outras na cruzada eucarística e outras na JOC.
As crianças e jovens que se iniciavam nas profissões, viam
no trabalho, para além de uma forma de subsistência, valores
humanos e cristãos.
Cerca de 20% dos rapazes jovens abandonavam a educação
religiosa, enquanto tal percentagem baixava para os 10% entre as
raparigas (APM:Doc. avulso).
Em 1996, foi nomeado o conselho da fábrica da igreja paroquial,
com a constituição seguinte:
Padre Bernardino de Queirós Alves, António dos Santos Relvas,
Maria do Céu Amorim da Silva, António Fernando Paiva
da Silva, Armando Duarte Azevedo, Maria Eulália Francisca da
Silva e Elísio Paulo Pereira de Amorim Barros (ID.:IBID.).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
259
ASPETOS EDUCATIVOS
Como é sabido a primeira República desenvolveu uma notável
ação, no domínio da instrução.
Desde 1889 até 1922, as aulas eram dadas na casa da Quintã,
propriedade da família Coelho de Amorim, tendo mudado
para o lugar da Igreja, em instalações pertencentes à paróquia,
pelo facto da casa da Quintã se ter tornado exígua para escola.
Entretanto, entrou em funcionamento a escola feminina. Em
qualquer dos casos tratava-se de situações provisórias.
Em 28 de novembro de 1910, A Comissão Administrativa da
Junta de Freguesia deliberou abrir uma subscrição para a compra
de um terreno para a construção de uma escola para ambos
os sexos. A Comissão entendeu oferecer para o efeito os altos da
casa da fábrica da igreja. Esta decisão foi assumida mais tarde
pela Câmara Municipal que solicitou ao Governo a sua criação
(AJFM:Lv. de Atas nº5)
Em 15 de maio de 1911, a Comissão reconheceu a urgente necessidade
da criação de uma escola do sexo feminino na freguesia, já
que havia cerca de 100 meninas em idade própria e não havia qualquer
escola oficial ou particular na freguesia (ID.:Lv. de Atas nº5).
Revelando a preocupação da Primeira República pelo ensino,
em 6 de agosto de 1911, foi constituída a Comissão de Recenseamento
Escolar da freguesia presidida por Maximino Martins
Guimarães, tendo como vogais Joaquim Soares Alves, António
Francisco Martins, António do Couto Nogueira, Marcelino Ferreira
de Barros, sendo primeiro secretário o professor Paulino
Fernandes Coelho de Amorim e 2ª secretária a professora Laura
Borges, que era filha bastarda do dr. José Fernandes de Amorim.
Estas pessoas foram escolhidas por conhecerem perfeitamente a
freguesia. A comissão ficou instalada na escola masculina.
Realizaram-se sessões da referida comissão em 6 de agosto
e 11 de setembro de 1911, em 4 de agosto e 18 de setembro de
1912, 3 de agosto e 29 de setembro de 1913, 25 e 29 de novembro
de 1928, 21 e 28 de julho de 1929.
Da análise das atas, toma-se conhecimento que os recensea-
-mentos provisórios eram afixados à porta da igreja para eventuais
reclamações. Caso não as houvesse passavam a definitivos.
Em 11 de setembro de 1911, foram presentes pelos secretários
4 livros de recenseamento de rapazes e 5 de raparigas,
destinando um deles para instruir o processo da escola para o
sexo feminino em vias de criação, que a comissão analisou e
considerou devidamente organizado.
260 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 27 de novembro de 1911, a Junta foi autorizada a levantar
na Câmara da Feira a importância de 25 mil reis para ajuda
de uma casa para servir de escola feminina da freguesia. Foi
ainda recebida mais correspondência sobre assuntos inerentes à
criação da mesma escola (ID.:IBID.).
Em 4 de agosto de 1912, a comissão encarregou a professora
Laura Borges da escrituração dos livros de recenseamento,
enquanto o professor Paulino de Amorim foi encarregado da
elaboração das atas das sessões e da correspondência, o serviço
de extração dos livros de registo civil da Feira com o nome das
crianças que atingissem a idade escolar. Nesta sessão, a comissão
excluiu as crianças com mais de 14 anos, as que deixaram de
residir na freguesia, inscrevendo as que fizeram aqui residência
(AJFM: Livro de Atas da Comissão de Recenseamento Escolar).
Em 27 de maio de 1912, a Junta informou que já fora inspecionada
e adaptada ao fim a que se destinava, estando mobilada
e pronta a sala destinada ao sexo feminino (ID.:IBID.).
A Junta decidiu assumir as despesas de luz e de limpeza provenientes
de um curso noturno móvel na escola do sexo masculino,
desde que não excedessem o total de 9$00 (ID.: Liv. de Atas nº 6).
O Administrador do Concelho exortou a Junta a combater o
analfabetismo através de palestras, conferências e difusão de impressos
em linguagem acessível ao mais rude espírito (ID.: IBID.).
No livro de matrículas do ano letivo de 1922/23, redigido
pela professora Laura Borges, há inscrições de meninas alunas
da professora D. Laura.
No mesmo ano letivo, há outro livro de matrículas de alunos
do sexo masculino, surgindo algumas profissões diferentes dos
pais e encarregados de educação.
Em 25 de novembro de 1928 a comissão tinha a seguinte
composição:
Presidente – Bernardino Ferreira Coimbra, sendo vogais António
Ribeiro Nunes, Augusto Gonçalves Moreira Bastos. Julieta
de Almeida Cunha e Laura Borges, sendo os três últimos professores
do ensino primário.
Em 18 de agosto de 1929, a CA informou a Câmara Municipal
que a escola do sexo masculino funcionava num edifício impróprio
particular arrendado, enquanto a escola do sexo feminino funcionava
no arruinadíssimo edifício da residência paroquial, onde não
se devia proceder a reparação alguma, atendendo ao seu péssimo
estado que ameaçava ruína e à sua situação distante dez metros da
igreja. Assim sendo, a freguesia tinha necessidade absoluta de se
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
261
dotar com uma escola para ambos os sexos e como os seus habitantes
ambicionavam esse grande melhoramento, dispor-se-iam cada
um, na medida das suas possibilidades a prestarem o seu auxílio,
julgando a Junta que se deveria obter, por meio de subscrição pública,
uma importância de cerca de 10.000$00 (Id.:Liv. de Atas nº 8).
Em 27 de janeiro de 1935, o Presidente da CA expôs, detalhadamente,
a situação do ensino primário na freguesia, denunciando
a falta que existia de instalações para as crianças em idade escolar
dos lugares de Vilas, Seitela, Casal e Coteiro e para atenuar
esta situação propôs que fosse requerida a criação de um posto de
ensino público no lugar do Casal, indicando para professor-regente
Amaro Martins Ferreira da Silva pelos conhecimento de que
dispunha. Foi decidido enviar a documentação necessária para o
Governo, através do Governador Civil (Id.:Liv. de Atas nº 9).
Na sessão de 10 de fevereiro, a CA decidiu oferecer o mobiliário
para o requerido posto (ID.: IBID.).
Em 7 de abril, foi sentida a mesma necessidade para as crianças
de Goda, Ermilhe, Fundão e Prime, tendo sido sugerido que se criasse
também um posto no lugar de Goda para o efeito (ID.: IBID.).
Em 28 de novembro de 1946, Francisco Fernandes Coelho
d’Amorim (irmão do dr. José, do professor Paulino e tio da professora
D. Laura Borges) doou à Câmara da Vila da Feira um terreno
destinado a construções escolares. A escola passaria a ser designada
como escola de Sobral. A nova escola do chamado Plano dos Centenários
que terá sido inaugurada no ano de 1948, é formada por dois
edifícios separados, o que demonstra a separação das crianças pelos
dois sexos. Existe atualmente um jardim de infância numa das suas
salas, havendo um outro jardim de infância, em Prime.
Em 31 de Dezembro de 1955, o Presidente da Câmara da
Vila da Feira deu instruções à Junta para procurar receber os
donativos prometidos, nos quais se incluía a oferta da Câmara
no montante de 10.000$00 para ajuda na compra do terreno necessário
para a construção de um novo edifício escolar no lugar
do Rio. Foi decidido recolher os donativos prometidos para o
efeito e depositá-los na Câmara Municipal. Os donativos oferecidos
atingiram o montante de 9.780$00 (ID.: Liv. de Atas nº12).
Em 20 de junho de 1959, a Junta decidiu solicitar a construção
de uma nova sala de aula em Goda, face ao aumento do
número de alunos nesse lugar (ID.:IBID.).
Em 30 de setembro de 1960, foi anunciada a realização de
uma homenagem à senhora professora D. Aurora da Silva Rebelo,
à qual a Junta se ia associar, face aos méritos deste agente
Escola do Sobral
Escola EB1 de Mozelos
Colégio Liceal de
Santa Maria de Lamas
262 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Escola EB2,3 de
Paços de Brandão
de ensino, o que eram unanimemente reconhecidos, convidando
também o senhor Presidente da Câmara (ID.:IBID.)
Em 31 de março de 1961, os professores das escolas de Prime
solicitaram à Junta uma comparticipação de 130$00 para a compra
de uma mangueira que se destinava a criar condições para o
embelezamento do logradouro da escola (ID.:IBID.).
Em 28 de fevereiro de 1964, a Junta decidiu que as crianças
do lugar de Goda que frequentavam a escola da Vergada pasassem,
no ano seguinte, a frequentar as escolas de Prime e as do
Fundão passariam para a escola da Vergada (ID.:IBID.).
Em 28 de fevereiro de 1981, foi dada a informação de que
fora vedada a escola de Prime e beneficiada esta escola e a de
Sobral (ID.:IBID.).
Em 31 de outubro de 1981, a Junta congratulou-se pelo anúncio
do início da obra do edifício destinado à educação pré-escolar
nas escolas de Sobral. Trata-se do primeiro edifício com esta valência
construído na freguesia. Para o efeito foi necessário obter
uma faixa de terreno, que teve a intervenção do tesoureiro da
Junta, obrigando-se a Junta a vedar o terreno com rede. Funcionava,
até então, provisoriamente na casa da Quintã (ID.:IBID.).
Foi significativamente alargada a rede de escolas primárias
e de outros graus de ensino e foram criadas várias escolas de
formação de professores.
Em Mozelos, existem escolas do primeiro ciclo do ensino básico,
em Sobral, em Prime, chamada anteriormente escola do Rapigo, e
na Vergada e um ATL. Para os segundo e terceiro ciclo, os alunos
recorrem preferencialmente ao Colégio Liceal de Lamas, escolas oficiais
de Paços de Brandão, Lourosa, Argoncilhe e Espinho.
ATIVIDADES SOCIAIS
Centro de Apoio Social de Mozelos
No domínio social, as famílias podem recorrer ao Centro de
Apoio Social de Mozelos (Infantário, Jardim de Infância e Apoio
à 3ª Idade), Centro Comunitário Espaço Aberto Pelo Prazer de
Viver (ATL e apoio a pessoas em risco), Cooperativa de Habitação
(ATL), Escolinha (Jardim de Infância e ATL) e Centro Comunitário
Casa Grande (toxicodependência).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
263
SÉCULO XXI
EMPRESAS DE MOZELOS -
SANTA MARIA DA FEIRA
A.ANTÓNIO S.COELHO, LDA
A.G. – PARTICIPAÇÕES, S.G.P.S., S.A.
A.J.& COIMBRA – IMOBILIÁRIA, LDA
A.J.T. – EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, LDA
ABSOLUTÓDROMO PEÇAS AUTO, LDA
ACTUAL – SGPS, SA
AGARRA A PROMESSA, LDA
AGOSTINHO & GONÇALVES, LDA
AGUIAR, JOSÉ ALBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA
ALBERTO J.TAVARES – CÁPSULAS, LDA
ALBERTO J.TAVARES – CORTIÇAS, LDA
ALIRIO ALVES MARTINS, LDA
ALMEIDA, ISABEL CRISTINA VALENTE E SILVA
ALMEIDA, MARIA JUDITE VENDAS
ALMEIDA, RAIMUNDO FERREIRA DE
ALQUEVA VERDE, S.A.
ALUPLAS – CÁPSULAS, LDA
ALVES, ANTÓNIO PEDRO OLIVEIRA
ALVES, ROGÉRIO PEREIRA
ALVES, VÍTOR JUAN PEREIRA
AMARO FERNANDES DE BARROS & FILHOS, LDA
AMAROKA, LDA
AMERICO RIBEIRO, CONSTRUÇÃO CIVIL, UNIPESSOAL,
LDA
AMIGOS DA COLUMBOFILIA DE ERMILHE
AMORIM – INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES, SGPS, SA
AMORIM – INVESTIMENTOS ENERGÉTICOS, SGPS, SA
AMORIM – PARTICIPAÇÕES AGRO-FLORESTAIS, SGPS, SA
AMORIM – SERVIÇOS E GESTÃO, SA
AMORIM – SOCIEDADE GESTORA DE PARTICIPAÇÕES
SOCIAIS, SA
264 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
AMORIM – VIAGENS E TURISMO, LDA
AMORIM & ALEGRE – SOCIEDADE IMOBILIÁRIA, SA
AMORIM CAPITAL, SA
AMORIM COMPCORK, LDA
AMORIM CORK COMPOSITES, SA
AMORIM CORK RESEARCH, LDA
AMORIM CORK SERVICES, LDA
AMORIM CORK VENTURES, LDA
AMORIM DESENVOLVIMENTO – INVESTIMENTOS E
SERVIÇOS, S.A.
AMORIM FINANCIAL – SGPS, SA
AMORIM FININVEST, SGPS, SA
AMORIM GLOBAL INVESTORS – SGPS, SA
AMORIM HOLDING FINANCEIRA, SGPS, SA
AMORIM HOLDING II, SGPS, SA
AMORIM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, SA
AMORIM NEGÓCIOS, SGPS, SA
AMORIM PROJECTOS, SGPS, SA
AMORIM, ADELAIDE RODRIGUES DE
AMORIM, ADRIANO RODRIGUES DE
AMORIM, JOAQUIM ALVES DE
AMORINS & SILVA, LDA
ANCARIN, INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS E FINAN-
CEIROS, SA
ANDRÉ FERREIRA & IVO ROCHA, LDA
ANTÓNIO FERNANDO DA SILVA COIMBRA, LDA
ANTONIO GOMES PEREIRA, LDA
ANTÓNIO MANUEL DA CUNHA NOGUEIRA, UNIPES-
SOAL, LDA
API – AMORIM PARTICIPAÇÕES INTERNACIONAIS –
SGPS, SA
APPV SOCIAL, UNIPESSOAL, LDA
ARMANDO BRANCO, ZITA PEREIRA & ASSOCIADOS –
SOLICITADORES E AGENTES DE EXECUÇÃO, SP, RL
ARMANDO COELHO SOUSA, UNIPESSOAL, LDA
ARQUIPORTAL – ARQUITECTURA E DESIGN, S.A.
ARTICULÂNGULO, UNIPESSOAL, LDA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
265
ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTORES E PRODUTORES
AGRO-FLORESTAIS DOS PORTELENSES
ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTORES E PRODUTORES
AGRO-PECUARIOS DOS DEUSES
ASSOCIAÇÃO UMA NOVA ENERGIA
AUTO LURI, UNIPESSOAL, LDA
AUTO REPARAÇÕES ARMINDO, UNIPESSOAL, LDA
AVÓ & ESPIRITO SANTO – GABINETE DE CONTABILIDA-
DE E SERVIÇOS, LDA
AZULARREBATADOR, UNIPESSOAL, LDA (MOZELOS -
SANTA MARIA DA FEIRA)
BARROS ALMEIDA – CORTIÇAS, LDA
BARROS, ALFREDO VIEIRA DE
BARROS, ANTONIO SANTOS COIMBRA
BARROS, JOAQUIM SANTOS COIMBRA
BARROS, MARIA FERNANDA RIBEIRO MARQUES
BASTOS, CLÁUDIO SIMÃO FERREIRA
BASTOS, MARIA DE FÁTIMA REGAL CARDOSO DOS SANTOS
BELINHA, MARIA DA GRAÇA DE JESUS
BENJAMIM VAZ – INSTALAÇÕES E QUADROS ELÉCTRI-
COS, LDA
BESTCAP, LDA
BIOCAPE – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, CAPSULAS,
LDA
BM – EMBALAGENS, UNIPESSOAL, LDA
BRANDÃO, FERNANDO GOMES
BRIDGE CAPITAL, SGPS, SA
BRINQUEDOS COUTOS, LDA
BRISAS DA QUINTÃ – ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS, LDA
BUCOZAL – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS E TURÍS-
TICOS, LDA
CC CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA
CJS – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, LDA
CANEDO, ELISIO SOARES
CARDOSO, MANUEL AVELINO ALVES
CARDOSO, MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES NOGUEIRA
CARDOSO, TITO SOARES
CARDOSO, TOMÁSIA DOS SANTOS
266 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
CARLOS & AFONSO PEREIRA, LDA
CARMO & ALMEIDA DOS SANTOS – CONSTRUÇÕES, LDA
CAROLINA OLIVEIRA, UNIPESSOAL, LDA
CARVALHO, FERNANDO FERREIRA DE
CASA DAS HERAS – EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS, SA
CASA DE MOZELOS – GESTÃO DE IMÓVEIS, SA
CATARINA RAFAELA SILVA, UNIPESSOAL, LDA
CÉLEBRETRILHO, UNIPESSOAL, LDA
CENTRO DE APOIO SOCIAL DE MOZELOS
CENTRO MÉDICO DO MURADO, LDA
CERQUEIRA & TEIXEIRA, LDA
CIMORIM – SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL, SA
CLIDE – CLINICA MÉDICO DENTÁRIA – UNIPESSOAL, LDA
CLINICA DENTARIA PEREIRA, LDA
CÓDIGO TOPÁZIO – COMÉRCIO DE AUTOMÓVEIS,
UNIPESSOAL, LDA
COELHO, JOSÉ RELVAS
COMALUSO – INDÚSTRIA HOTELEIRA, UNIPESSOAL, LDA
COMPRUSS – INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES, LDA
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO AMORIM 2
CONSTROGAIA – SOCIEDADE DE CONSTRUÇÕES E
IMOBILIÁRIA, LDA
CONSTRUÇÕES DAVID & RESENDE, LDA
CONSTRUÇÕES LUÍS MANUEL SILVA SANTOS – IMOBI-
LIÁRIA, LDA
CONSTRUÇÕES METÁLICAS MARCOS & ALFREDO CAR-
VALHO, LDA
CONSULTÓRIO DE MEDICINA DENTÁRIA DRA. PAULA
PEREIRA, LDA
CONTAVERGADA – GABINETE DE CONTABILIDADE, LDA
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA A VERGA-
DENSE, CRL
CORAL MÁGICO, UNIPESSOAL, LDA
CORINTER – CORTICEIRA INTERNACIONAL, LDA
CORK’S FRIENDS, LDA
CORRIDA VERSÁTIL, UNIPESSOAL, LDA
CORTIÇAS J.ALMEIDA & SOARES, LDA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
267
CORTICEIRA AMORIM, SGPS, SA
CORTICEIRA FERREIRINHA, SA
CORTICEIRA MODERNA, UNIPESSOAL, LDA
CORTICEIRA PILOTO & FILHOS, LDA
COSTA, BELMIRO GOMES DA
COSTA, CAETANO & IRMÃO, LDA
COSTA, MANUEL DA SILVA
COSTA, MARIA JOSÉ PEREIRA DA
COSTA, PAULO OLIVEIRA DA
COUTO, JOAQUIM FERNANDO ALVES DO
CRISTINA SANTOS – CORTIÇAS, SOCIEDADE UNIPES-
SOAL, LDA
CRUZ, ARMINDO DA SILVA
CRUZ, EURICO OLIVEIRA DA
CRUZEIRO – PÃO QUENTE, LDA
CUNHA, MANUEL DOS SANTOS
DAR AO DENTE – RESTAURAÇÃO RÁPIDA, LDA
DÉCADA COM PINTA – IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E
REPRESENTAÇÃO, LDA
DERIVAMAR – INVESTIMENTOS, LDA
DESCOBRIR PALAVRAS, UNIPESSOAL, LDA
DIAGONAL RADICAL – CARPINTARIA, UNIPESSOAL, LDA
DIMAS & SILVA, LDA
DIOGO, ANDRÉ ANTÓNIO DE CASTRO DA SILVA
DIRASO – UNIPESSOAL, LDA
DISCÍPULOS DE BACO – COMÉRCIO DE BEBIDAS, LDA
DISCORK – CORTIÇAS, LDA
DMP – GABINETE DE CONTABILIDADE, LDA
DOMINGOS FERREIRA DA SILVA, LDA
DOMINÓLILÁS, UNIPESSOAL, LDA
DS – SERVIÇOS DE SERRALHARIA E MECANICA, LDA
DSRB – PINTURA DE CONSTRUÇÃO CIVIL, UNIPESSOAL,
LDA
DUARTE & Cª. II, LDA
DUARTE & CA., LDA
DULCETÊXTIL, LDA
DUMELHOR – REPRESENTAÇÕES, LDA
268 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ECOCHIC PORTUGUESAS – FOOTWEAR AND FASHION
PRODUCTS, LDA
EDUARDO PEIXOTO – COMÉRCIO, MONTAGENS ELÉC-
TRICAS, UNIPESSOAL, LDA
EGITRON – ENGENHARIA E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL,
LDA
ELECTROMOSELOS – ELECTRODOMÉSTICOS, LDA
ELENCO INSPIRADOR – ACTIVIDADES FOTOGRÁFI-
CAS, LDA
ELENCO VECTOR, LDA
EPIC BIT, LDA
ÉPOCA GLOBAL – SGPS, SA
ERNESTO SOARES, UNIPESSOAL, LDA
ESCOLA DE CONDUÇÃO A NOVA DE MOZELOS, LDA
ESCOLA DE CONDUÇÃO SANTA MARIA, LDA
ESPETOS D`AVÓ, LDA
ESPIRITO SANTO CORTIÇAS, LDA
ESTÚDIO 445 – PUBLICIDADE E ARTES GRÁFICAS, SO-
CIEDADE UNIPESSOAL, LDA
EVALESCO, SGPS, SA
EXI – CONTROLO DA QUALIDADE, CONSULTORIA E
PERITAGEM, LDA
EXPANDLÉGUA TRANSPORTES UNIPESSOAL, LDA
F.SILVA & CORREIA, LDA
FARMOZELOS, LDA
FATIAS E FALÉSIAS, UNIPESSOAL, LDA
FERNANDA BELINHA – CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA
FERNANDO & ODETE SANTOS, LDA
FERNANDO BRANDÃO, UNIPESSOAL, LDA
FERNANDO TEIXEIRA FERNANDES & FILHOS, LDA
FERREIRA, AURORA MOITA BARROS ARAÚJO
FERREIRA, CARLOS ALBERTO PEREIRA
FERREIRA, IDALINA PINHO
FERREIRA, MARIA EMILIA MAGALHÃES
FERREIRA, MARIA TEREZA BORGES
FERREIRA, VICTOR RICARDO OLIVEIRA
FEVIJOP – PINTURAS E RESTAURO, UNIPESSOAL, LDA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
269
FILIPE COSTA & MIGUEL AZEVEDO, LDA
FINALSEGMENT – ENGENHARIA E SERVIÇOS DE POU-
PANÇA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA, LDA
FINANCIMGEST – SOCIEDADE DE CONSULTORIA DE
GESTÃO DE CRÉDITOS, S.A.
FLORCONSULT – CONSULTORIA E GESTÃO, LDA
FLORINVEST – SOCIEDADE AGRÍCOLA, SA
FMP MÓVEIS, UNIPESSOAL, LDA
FRANCLIM PRATA – DISTRIBUIÇÃO DE LUBRIFICAN-
TES E GÁS, LDA
FRANCLIM PRATA – INSTALAÇÃO DE REDES DE GÁS, LDA
FRANKLIM PRATA, LDA
FUNDAÇÃO ALBERTINA FERREIRA DE AMORIM
GAIVINA – EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS E IMO-
BILIÁRIOS, SA
GASPAR COUTO TAVARES, LDA
GDCM – GRUPO DE DINAMIZAÇÃO CULTURAL DE
MOZELOS
GESTORDONHE – CONTABILIDADE, UNIPESSOAL, LDA
GEVISAR – SGPS, SA
GLADANDFAMOUS UNIPESSOAL, LDA
GOMES, BERNARDO ALCIDES CARNEIRO
GONÇALVES, JOSÉ RODRIGUES
GRAFICA DA VERGADA, LDA
GRAVITY PEOPLE – ASSOCIAÇÃO
GREAT PRIME, SA
GRÕWANCORK – ESTRUTURAS ISOLADAS COM COR-
TIÇA, LDA
GUAITEQUE – DISTRIBUIÇÃO DE BEBIDAS, LDA
GUSTAVO MAGALHÃES – CORTICEIRA, UNIPESSOAL, LDA
H. CANEDO, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA
H. JESUS SILVA, LDA
HENRIQUE DA CONCEIÇÃO RIBEIRO, UNIPESSOAL, LDA
HENRIQUES, DELFINA DA COSTA RODRIGUES
HERÓIS PROMISSORES, LDA
HORAS DESCOMPLICADAS, UNIPESSOAL, LDA
HUGO MIGUEL OLIVEIRA, UNIPESSOAL, LDA
270 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
I.D.MACHINERY EUROPE, LDA
ÍCONE TRADICIONAL, UNIPESSOAL, LDA
II – INVESTIMENTOS IBÉRICOS, SGPS, SA
IMO 2007 – MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA
IMOBILIÁRIA VARETA – SOCIEDADE DE CONSTRU-
ÇÕES, URBANIZAÇÕES E PROJECTOS, LDA
IMOBIS – EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS AMORIM, SA
IMOBRITO – MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA
IMOEURO, SGPS, SA
INFEIRA – GABINETE DE CONSULTADORIA, LDA
INFINITEL – TELECOMUNICAÇÕES, LDA
INGEVITA – CONSULTORIA E ENGENHARIA, LDA
INTERPOLO – TRANSPORTES, LDA
INVESTIFE – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SA
INVESTIFE, SGPS, SA
IRMÃOS COUTO – ENSINO DA CONDUÇÃO, LDA
J.A.F.S MONTAGENS ELÉCTRICAS, UNIPESSOAL, LDA
J.C.RIBEIRO – SGPS, SA – MOZELOS
J.C.RIBEIRO, SA
J.H.S.- CORTIÇAS, LDA
J.MELO CORTIÇAS, LDA
J.P.SANTOS, UNIPESSOAL,LDA
JACURU – GRAVURA INDUSTRIAL, LDA
JESUS & BAPTISTA – GESTÃO DE RESÍDUOS, LDA
JESUS & BAPTISTA 2 – GESTÃO DE RESÍDUOS, LDA
JESUS, VÍTOR PEREIRA DE
JMS CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA
JOAQUIM DIAS DE RESENDE & FILHOS, LDA
JOAQUIM JORGE MOREIRA – PICHELARIA E CANALI-
ZAÇÕES, UNIPESSOAL, LDA
JOAQUIM OLIVEIRA & SILVA, LDA
JOAQUIM SILVA MAIA & FILHOS, LDA
JOAQUIM SOARES MOREIRA & FILHOS, LDA
JOEL, MANUEL, VITOR & AMÉRICO, LDA
JORGECAR – COMERCIO DE AUTOMOVEIS, UNIPESSOAL,
LDA
JOSÉ ALBERTO SANTOS SILVA, PRESTAÇÃO SERVIÇOS
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
271
SAÚDE, LDA
JOSÉ ANTÓNIO, UNIPESSOAL, LDA
JOSE F.MORAIS CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA
JOSÉ LEAL & FILHOS, LDA
JOSÉ MARIA DOS SANTOS FERREIRA, UNIPESSOAL, LDA
JOTICORK – CORTIÇAS, LDA
LC CORK – SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA
LEITE, SERAFIM FARIA
LEVELS AND POSITIONS – LDA
LIMA, GLÓRIA ALVES LEITE
LIMA, JOSE FERNANDES NEVES DEOLIVEIRA, AMÉRI-
CO FERREIRA DE
LINO SÁ, UNIPESSOAL, LDA
LM005, LDA
LOUÇA DA VERGADA, LDA
LUANPORT, LDA
LUSARES – SOCIEDADE IMOBILIÁRIA, SA
LUSOBEL – CORTIÇAS, LDA
LUSOMANAGEMENT – SERVIÇOS DE GESTÃO, LDA
LUSOMASSA, SA
LUXORHOUSE CORK, SA
M. J. ALEGRIA – COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS E
ACESSÓRIOS AUTO, LDA
M.A.SILVA – CORTIÇAS, LDA
M.A.SILVA II – CORTIÇAS, LDA
M.B.CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA
M.HENRIQUE MENDES, UNIPESSOAL, LDA
M18POTENCIAL – INSTALAÇOES ELÉCTRICAS, LDA
MADUREIRA, JOAQUIM MANUEL BARBOSA
MAGALHÃES, JÚLIO DA SILVA
MAIA, JOAQUIM RELVAS FEITEIRA
MAJESTIC MORNING, UNIPESSOAL, LDA
MANUEL ANTONIO DA SILVA & FILHOS, LDA
MANUEL MENDES PINTO & FILHOS, LDA
MANUEL SOUSA & ROCHA, LDA
MARCELINO PINTO OLIVEIRA, UNIPESSOAL, LDA
272 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
MARIA ISABEL ALVES DE SOUSA AMORIM GOMES,
HERDEIROS
MARIA JOÃO ALVES FERREIRA DA CONCEIÇÃO, SO-
CIEDADE UNIPESSOAL, LDA
MARQUES, JOSÉ HENRIQUE RODRIGUES FERREIRA
MARQUES, MARIA JOSÉ SOUSA VILAR
MAVIPAL – COMÉRCIO DE MÁQUINAS E EQUIPAMEN-
TOS INDUSTRIAIS, LDA
MAXDOOR – PORTAS E AUTOMATISMOS, LDA
MENDES, BENJAMIM GUEDES OLIVEIRA
MENDES, GRAÇA MARIA DE OLIVEIRA
METALMOZEL – INDUSTRIA METALÚRGICA, LDA
MILLEBRINDES – BRINDES PUBLICITÁRIOS, LDA
MINDSEO, LDA
MONTEIRO & ROCHA, LDA
MONTEPAUL CANALIZAÇÕES, UNIPESSOAL, LDA
MOSTEIRO DO GRIJÓ – EMPREENDIMENTOS TURÍSTI-
COS E IMOBILIÁRIOS, S.A.
MÓVEIS ÂNGELO COSTA, LDA
MOZELAR, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA
MOZELTRANS – TRANSPORTES DE MERCADORIAS, LDA
MTEAM SISTEMAS DE SEGURANÇA, LDA
MUCHBETA, SA
MULTIPISCINAS, UNIPESSOAL, LDA
MURMOZEL – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SA
NEVES & NEVES, LDA
NICI PORTUGAL – REPRESENTAÇÕES, SA
NÍVEL SOBERANO – CORTIÇAS UNIPESSOAL, LDA
NOGUEIRA, AGOSTINHO AMÂNDIO
NORBRASIN – SGPS, SA
NORPLEX, UNIPESSOAL, LDA
NORPOLI – POLIESTERES INDUSTRIAIS, LDA
NOTAS CRESCENTES, UNIPESSOAL, LDA
NUANCINTEMPORAL CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA
NUMBERS & PROPORTIONS, LDA
OAMISMED, UNIPESSOAL, LDA
ÓBVIAPAISAGEM, UNIPESSOAL, LDA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
273
OFICINA AUTO M.A.CORREIA, LDA
OLIVEIRA ALVES, IRMÃOS, LDA
OLIVEIRA, ANA MARIA DA COSTA
OLIVEIRA, MANUEL NEVES DE
OLIVEIRA, NUNO CORDEIRO BARROS DE
ÓPTICA MÉDICA DO CEDRO, LDA
ORLANDO MANUEL NEVES DIAS DA MOTA, UNIPESSOAL,
LDA
OS GAROTOS – PRONTO- A-VESTIR DE CRIANÇA, LDA
OSI – SISTEMAS INFORMÁTICOS E ELECTROTÉCNICOS,
LDA
PADARIA CELESTE AMORIM, LDA
PADARIA CENTRAL DA VERGADA, LDA
PAISAGEM DO ALQUEVA, SA
PARCELA NECESSÁRIA, LDA
PATAMAR ARROJADO – IMOBILIÁRIA, UNIPESSOAL, LDA
PELO PRAZER DE VIVER/SAÚDE, CULTURA E VIDA –
ASSOCIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
PEMOR – DE PEDRO ROCHA, UNIPESSOAL, LDA
PEREIRA, CARLOS ALBERTO MAGALHÃES
PEREIRA, CATARINA DA SILVA
PEREIRA, JOAQUIM MANUEL MENDES RESENDE
PEREIRA, MANUEL ALVES
PEREIRA, MANUEL DA SILVA
PINHO SOARES CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA
PINHO, MARIA ROSA DE
PINTO, FRANCISCO MANUEL SILVA
PINTO, JOSÉ CARLOS PEREIRA
PINTO, MANUEL FERREIRA
PLAN B – REPRESENTAÇÕES, LDA
PLEXICRIL – IMPORTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ACRÍ-
LICOS E POLICARBONATOS, UNIPESSOAL, LDA
PLURIWAY, UNIPESSOAL, LDA
PODER DO EQUILÍBRIO, LDA
PÓDIO MÉTRICO, SA
POMAR MOZELENSE, LDA
PORTUGAL CAT CLUB
PORTUGÁLIACORK, SA
274 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
PRIMALYNX – SUSTAINABLE SOLUTIONS, LDA
PRISMAS E CILINDROS II – SOCIEDADE DE INVESTI-
MENTOS IMOBILIÁRIOS, LDA
PRODIGYGALAXY, LDA
PROENÇA, JORGE MANUEL DOS SANTOS
PROEZÁSOLTA – FERNANDO VIEIRA UNIPESSOAL, LDA
PROMOVERGADA – SOCIEDADE PROMOTORA IMOBI-
LIARIA DA VERGADA, LDA
PUPPYWORLD, UNIPESSOAL, LDA
QM 1609 – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SA
QUALITYFRONTIER, LDA
QUINTINHA DE SEITELA – ORGANIZAÇÃO DE FESTAS,
UNIPESSOAL, LDA
RAMOS & VALE – SOCIEDADE DE GESTÃO IMOBILIÁRIA,
LDA
RB – PREDIAL, UNIPESSOAL, LDA
REBELO & FILHO, LDA
REBOVIVAS, LDA
RECORD RADICAL, UNIPESSOAL, LDA
REGRESSO AO RITMO – UNIPESSOAL, LDA
RELVAS CORTIÇAS, LDA
RESENDE, ARMINDA FERNANDES DE AMORIM
RESIFÉRIA – CONSTRUÇÕES URBANAS, SA
RESMAS DE CONFORTO – CALÇADO, LDA
RESSURREIÇÃO, ROGÉRIO DA
RIBEIRO, ANTÓNIO PINTO
RIBEIRO, HENRIQUE DA CONCEIÇÃO
RIBEIRO, JOSÉ DA SILVA
RIBEIRO, MANUEL AUGUSTO DE ALMEIDA
RICARDO ALMEIDA, UNIPESSOAL, LDA
RIOS, ANTÓNIO ALFREDO PEREIRA
ROCHA, CARLOS FILIPE TAVARES DA
ROCHA, RENATO MIGUEL ALVES DA
RODRIGUES, ANTERO
ROLIEURUP – COMERCIO DE MAQUINAS E FERRA-
MENTAS, LDA
ROSA, RICARDO CORDEIRO MATEUS MODESTO
RÚBRICA IRRESISTÍVEL – CONSTRUÇÕES, UNIPESSOAL,
LDA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
275
RUI BARROS MEDIAÇÃO DE SEGUROS, LDA
S.M.M. – ESCOLA DE CONDUÇÃO, LDA
S.S.A. – SOCIEDADE DE SERVIÇOS AGRÍCOLAS, SA
SABÃO ROSA – LAVANDARIA, LDA
SÁBIO ÊXITO – MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA
SAFE ACCESS – SEGURANÇA, PORTAS E AUTOMATIS-
MOS, UNIPESSOAL, LDA
SAMPAIO, CARLOS MANUEL MARQUES
SANTO, DOMINGOS FRANCISCO RODRIGUES DO ESPÍ-
RITO
SANTOS, CARMEM ALVES DOS
SANTOS, EDUARDO DOMINGOS SOUSA
SANTOS, GLÓRIA ALVES FERREIRA DOS
SANTOS, MANUEL ANTERO PEREIRA DOS
SANTOS, MANUEL BASTOS
SANTOS, MARIA CELESTE OLIVEIRA FERREIRA
SCAPE – MARKETING & DESIGN, LDA
SÉCULO D`ESTRELAS, LDA
SERCOR – SOCIEDADE EXPORTADORA DE ROLHAS E
CORTIÇAS, SA
SERENOS CÁLCULOS, UNIPESSOAL, LDA
SÉRGIO DI NUNZIO, UNIPESSOAL, LDA
SÉRGIO HENRIQUE FERREIRA MARQUES, UNIPESSOAL,
LDA
SILVA & COIMBRA, LDA
SILVA, AMERICO DIAS DA
SILVA, ELISIO DE BASTOS E
SILVA, ILIDIO
SILVA, JOAQUIM FERNANDO PEREIRA DA
SILVA, JORGE MANUEL MARQUES DOS SANTOS
SILVA, JOSÉ FERREIRA DA
SILVA, JOSÉ LUIS DA CONCEIÇÃO
SILVA, JOSÉ MOREIRA DA
SILVA, MANUEL FERREIRA DE SOUSA E
SILVA, MANUEL GOMES
SILVA, MANUEL JESUS DA
SILVA, MARIA CLOTILDE DOS SANTOS ROCHA ALVES SA
SILVA, MÁRIO FERREIRA
276 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
SILVA, PAULA ANDRE
SIMON – SOCIEDADE IMOBILIÁRIA DO NORTE, SA
SINFONIA DE FLORES, UNIPESSOAL, LDA
SOARES, CÁTIA SOFIA OLIVEIRA
SOARES, JOSÉ HENRIQUE COIMBRA
SOARES, MARIA CELESTE DOS SANTOS CARDOSO
SOBERBO INSTANTE, LDA
SOCIEDADE AGRÍCOLA DE CORTIÇAS FLOCOR, SA
SOCIEDADE AGRÍCOLA DE TABELIÃES, LDA
SOCIEDADE AGRÍCOLA DO PERAL, SA
SOCIEDADE AGRÍCOLA TRIFLOR, SA
SOCIEDADE AGRO – FLORESTAL DO PANASQUINHO, LDA
SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL COUTO CANARI, LDA
SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL DA MELROEIRA, LDA
SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL SABACHÃO, LDA
SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL VILA GLÓRIA, LDA
SOCIEDADE COMERCIAL DE PAPEL E CORTIÇA AMA-
RELISA, LDA
SOCIEDADE IMOBILIARIA VALDEMRA SILVA, LDA
SOLFIM – SGPS, SA
SÓLIDA DIFERENÇA, UNIPESSOAL, LDA
SONHOS PITORESCOS, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA
SORRISORIBALTA, UNIPESSOAL, LDA
SOTOMAR – EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS E
IMOBILIÁRIOS, S.A.
SOUSA & FILHOS, LDA
SOUSA COIMBRA – TABACOS, SA
SOUSA, ARMANDO HENRIQUE COELHO DE
SOUSA, CAMILO RIOS DE
SOUSA, DELFIM ALVES DE
SOUSA, MANUEL DA SILVA E
SOUSAINVESTE – CONSTRUÇÕES, LDA
SOUTO E CASTRO – CONSULTORA, LDA
SOVINCORTE – INDÚSTRIA DE CORTANTES, LDA
STOCKPRICE – SGPS, SA
STRONGFIT, LDA
STYLE WALLS, UNIPESSOAL, LDA
SUPER TALHO DO CEDRO, UNIPESSOAL, LDA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
277
SUPERCOSMIC PORTUGAL, UNIPESSOAL, LDA
TAVARES, ALBERTO JESUS
TAVARES, GASPAR DO COUTO
TAVARES, JOSÉ PEREIRA
TAVARES, MARIA INÊS PINTO
TDCORK – TAPETES DECORATIVOS COM CORTIÇA, LDA
TECPITCH, ENGENHARIA E INOVAÇÃO, UNIPESSOAL, LDA
TEMPERO PROTAGONISTA, UNIPESSOAL, LDA
TEMPO – CONVERGENTE TRANSPORTES, LDA
TEORIAS EM MOVIMENTO, LDA
TOQUE BORDEAUX, LDA
TRANSFRATINA – SOCIEDADE DE TRANSPORTES, LDA
TRANSPORTADORA CENTRAL DA VERGADA, LDA
TRANSPORTES JOSÉ CARLOS FANECA & FILHOS, LDA
TRANSPORTES ROSITAS, LDA
TRANSPORTES TAVARES & PEREIRA, LDA
TREVO EXÓTICO BAR, LDA
TRIUNFO EFICIENTE – UNIPESSOAL, LDA
UNIDOS & COESOS – CORTIÇA, UNIPESSOAL, LDA
VALDEMAR PINTO PIMENTEL, LDA
VALENTE, MANUEL ANTÓNIO SANTOS
VAZ, MANUEL NOGUEIRA
VEIGA, ALCINA DOS SANTOS
VESTISA – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SA
VINHA GOMES, SA
VINOCAP – INDÚSTRIA DE CÁPSULAS, LDA
VINTAGE PRIME – SGPS, SA
VITOR MANUEL & JOSÉ ANTÓNIO MENDES, LDA
VOLUMESPACK, LDA
WALLFLO – DECORATIVOS DE CORTIÇA, LDA
WARE – IT, LDA
WARRANTIES, SGPS, SA
WOODCAP – INDUSTRIA DE CAPSULAS DE MADEIRA, LDA
Z.P.O. – TRANSPORTES DE MERCADORIAS, LDA
ZONAVET – CENTRO VETERINÁRIO, LDA
(Fonte #3 – EINFORMA http://www.infoempresas.com.pt/Freguesia_
MOZELOS-SANTA-MARIA-FEIRA.html#empresa)
278 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Estas empresas dedicam-se às atividades seguintes:
INDÚSTRIA
Serralharias
Oficinas metalúrgicas e metalomecânicas
Cortiça e produtos de cortiça, fabricação de rolhas de cortiça.
Indústria de preparação da cortiça
Fabrico electrónico de rolhas de cortiça
Máquinas e equipamentos para a indústria do papel
Fabrico de obras de madeira
Audiovisuais – máquinas, artigos e equipamentos
Produtos destinados às artes gráficas
Mobiliário
Serrações e carpintarias
Fabrico de cápsulas
Eletrónica – bobinagens e rebobinagens
Mobiliário metálico
Tinturarias
Poliesteres industriais
Construção e reparação de caixas fechadas e frigoríficas
Carroçarias
Fabrico de material ortopédico e próteses e de instrumentos médico-cirúrgicos
Cunhos e Cortantes
Fabrico de embalagens de plástico
Chapas acrílicas vazadas e acrílicas extrudidas
Reparação e manutenção de máquinas e equipamentos
TRANSPORTES
Manutenção e reparação de veículos automóveis
Acessórios e peças de automóveis
Transportes rodoviários de mercadorias
Camiões – agentes e representantes
Transportes internacionais
Táxis
Desmantelamento de veículos automóveis, em fim de vida
Escolas de condução e pilotagem
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
279
ALIMENTAÇÃO
Supermercados e mercearias
Padarias
Comércio de carne e produtos à base de carne, talhos e charcutarias
Transformação de carne
Fabrico de gelados e sorvetes
Restaurantes, bares e cafés
Comércio a retalho de bebidas
Pastelarias e casas de chá
Frutas e produtos hortícolas
Taberna Camilo
CONSTRUÇÃO CIVIL
Construções e urbanizações
Compra e venda de bens imobiliários
Construção – escadas e escadotes
Instalação de canalizações
COMÉRCIO DE PRODUTOS DIVERSOS
Pronto-a-vestir
Drogarias, tintas, vernizes e produtos similares.
Tapetes, carpetes e alcatifas
Baterias e pilhas
Máquinas, artigos e equipamentos para madeira
Electrodomésticos
Comércio por grosso de tabaco
Comércio por grosso de produtos petrolíferos
Combustíveis
Comércio a retalho de mobiliário e artigos de iluminação
Bricolage
Jogos e brinquedos
Louças e porcelanas
Tabacarias
Pronto-a-vestir
Ourivesarias e joalharias
Floristas
Portas e automatismos
Brindes publicitários e promocionais
Lojas de animais
Artigos decorativos
280 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
CONTABILIDADE
Contabilidade e outros serviços
Contabilidade, auditoria e consultoria fiscal
ATIVIDADES FINANCEIRAS E DE APOIO À GESTÃO
Sociedades gestoras de participações sociais
SERVIÇOS DIVERSOS
Cabeleireiros e barbeiros
Agências de viagem
Ensaios e análises técnicas
Atividades jurídicas
Organização de feiras, congressos e outros eventos similares
Xico Barbeiro
Uma das salas da Fundação
Albertina Ferreira Amorim,
onde funcionou a
primeira farmácia de Mozelos
ATIVIDADES DIVERSAS
Projeto e instalação de sistemas de energias renováveis com base
em energia solar fotovoltaica
Programação informática
Atividades de Telecomunicações
Atividades veterinárias
Sistemas de identificação e controlo de acessos
Suinicultura
Agentes e distribuidores de gás
Artes gráficas
Pedras e minerais – mármores
Jardinagem
Informática e telecomunicações
Assistência técnica mecânica, elétrica e eletrónica a máquinas
Fotografia
Ferro velho e sucata
ATIVIDADES SOCIAIS E SANITÁRIAS
Apoio social
Centro médico
Clínicas médicas e de enfermagem
Medicina dentária e odontológica
Prática médica de clínica especializada em ambulatório
Farmácias
Serviços sociais e de previdência
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
281
ATIVIDADES AGRÍCOLAS
No início deste século, verificou-se uma alteração significativa
da atividade agrícola, apesar de se manter a agricultura de
subsistência, desenvolvida pelas pessoas nos terrenos anexos às
suas habitações, num caso ou noutro ainda em terrenos arrendados.
Há também uma interessante experiência, fomentada pela
Junta, das hortas comunitárias, em terrenos da freguesia, onde as
pessoas ocupam os seus tempos livres pós-laborais e as mulheres
ditas domésticas ocupam aí parte dos seus tempos livres, muitas
vezes acompanhadas dos seus filhos e netos, numa interessante
escola de contato com a natureza e atividades produtivas.
Iniciaram-se recentemente projetos produtivo de kiwis, mirtilos
e de framboesas, alimentados com novas tecnologias de instalação
e de rega. Estes projeto são normalmente apoiados por
fundos destinados a esses fins.
ATIVIDADE RELIGIOSA E PÁROCOS
Na página anterior: fotografia do altar-mor da Igreja Paroquial.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
285
A ORIGEM DAS PARÓQUIAS E FREGUESIAS
Os locais onde eventualmente se crê estabelecer-se a ligação do
Céu com a Terra, isto é, onde os homens julgam que emerge o sobrenatural:
onde se oferece perdão, onde se dão os milagres taumatúrgicos,
onde se pode obter a fecundidade, onde se procuram os êxtases
e a vibração colectiva. As Igrejas, os santuários, as fontes, os bosques
e clareiras sagradas, as montanhas ou cavernas, os monumentos
que marcam a passagem de Deus ou a sua revelação, as árvores
pelo selo das forças ocultas – tudo isto faz parte da geografia do
sobrenatural e por consequência da geografia do poder religioso.
(MATTOSO:2002:185)
Há poucos elementos sobre as origens cristãs na Península.
Sabe-se que a divisão em províncias eclesiásticas corresponde
à divisão administrativa do séc. IV, e no que diz respeito ao
território onde se situa Portugal, distribuía-se pela Galécia e pela
Lusitânia.
A partir do séc. IV, surgem já as paróquias rurais, tendo à sua
frente um presbítero.
As comunidades locais, onde se constituíram as paróquias, dependiam
do poder do domínio romano que deu origem às duas
entidades, o juiz e o padre ou abade que ocupava o lugar cimeiro.
Segundo Pierre David, nos povoados rurais que não têm igreja
paroquial construíam-se basílicas e oratórios, sob a invocação
de um Santo com relíquias. São os proprietários das vilas que os
criam e os dotam por devoção própria e para as necessidades religiosas
dos seus camponeses e artistas. (...) A maior parte desses
oratórios das aldeias tornar-se-ão, muito mais tarde, em igrejas
paroquiais.
A palavra basílica significava a grandiosa sala de receções
das casas ricas da antiguidade ou os edifícios públicos onde as
autoridades efetuavam as suas reuniões.
286 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Mapa das instituições monásticas.
Mapa dos conventos e mosteiros do
séc. XV..
A partir do século IV, todas as grandes igrejas cristãs receberam
essa designação. É essa a origem das nossas atuais paróquias
(DAVID:1957:7).
Este investigador considerou também a paróquia como elemento
estruturante das comunidades rurais, através das vicissitudes e perturbações
resultantes das invasões muçulmanas e da Reconquista.
Na opinião do Padre Miguel de Oliveira, a partir da Reconquista,
forma-se uma rede muito mais densa, com o estabelecimento de
centros paroquiais (...) constituem-se então novos quadros económicos
e religiosos em que assenta a maior parte das paróquias rurais do norte
do nosso país. São as freguesias (OLIVEIRA:1950:33).
Segundo Tumbart de La Tour, a formação territorial das paróquias
teve três origens: paróquia coincidente com a vila, desmembramento
da vila em várias paróquias e, finalmente, formação
da paróquia através de um grupo de vilas.
A função vinculadora da igreja paroquial foi concebida desde
o tempo de La Tour como o pólo susceptível de transformar as
antigas villae romanas em paróquias.
A paróquia foi, durante muito tempo, um centro quase fechado
de atividade social. Ainda hoje se encontram, nalguns locais
vestígios desse isolamento, quer na linguagem quer no vestuário.
À semelhança de outras freguesias próximas, julgo que, em
Mozelos, a paróquia foi coincidente com a vila, agregando posteriormente
outros lugares.
A partir do século X, por várias razões, aumenta extraordinariamente
o número das igrejas e paróquias rurais.
Importa, entretanto, precisar os contornos do termo vila. Na
época que estamos a tratar, as vilas eram prédios rústicos pertencentes
à Coroa, a Mosteiros ou a particulares.
Primeiramente designava a vivenda do dominus, compreendendo
a sua habitação e a dos trabalhadores, os estábulos e celeiros, os
terrenos cultos e incultos, constituindo tudo uma unidade rural.
Robert Durand, estudioso do Cartulário Baio Ferrado de
Grijó, classifica a vila como domínio rural, com quintas, casais e
algumas aldeias (DURAND:1971:39).
A freguesia rural, molécula fundamental da sociedade portuguesa,
foi uma criação espontânea popular, nascida das relações
seculares entre os cultivadores de um prédio ou vizinhos, como
constata Alberto Sampaio.
Todavia, para José Matoso, poderão as vilas ter servido de
quadro base à fundação das igrejas rurais. Embora muitas paróquias
possam ter surgido a partir das igrejas monásticas e nunca
de igrejas fundadas por agrupamentos de camponeses sem quaisquer
precedentes (MATTOSO:1995:vol.I:470).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
287
As paróquias e as suas junções só começam a fixar-se com a
introdução do direito canónico romano no século XI. É a partir
desta época que se fixa, também, progressivamente os limites
paroquiais (JORGE:2000:141).
Refira-se, entretanto que as freguesias viriam a ter os seus limites
demarcados com crescente minúcia pela hierarquia diocesana
entre o século XII e o início do século XIV, independentemente da sua
origem (JORGE:2000:141).
Acrescenta a referida investigadora que se exigia a cobrança
dos direitos eclesiásticos (sobretudo o dízimo) e a necessidade
de fazer corresponder uma hierarquia bem definida a cada área
geográfica delimitada com exatidão.
Segundo Hermínia Vasconcelos Vilar (VILAR:2000:141) a
paróquia constituía a célula base da organização diocesana que cita
J. Avril referia que o que conta, com efeito desde sempre, é o local de
culto, quer seja uma igreja ou uma capela onde os habitantes de um
aglomerado ou de um domínio vinham ouvir a palavra de Deus e
receber os sacramentos.
As paróquias foram tomando a sua forma atual, sofrendo
várias modificações.
A fundação das paróquias continua a verificar-se, ao longo
dos tempos, como ainda hoje se verifica de acordo com as necessidades
das populações e das orientações pastorais das Dioceses.
A Igreja tem sido, ao longo da sua história, muito mais que
uma comunidade de crentes. Na verdade, a sua influência na
vida das comunidades, ao longo dos séculos, foi marcante, em
domínios, como a cultura, a educação, a assistência, apesar dos
maus momentos que empobreceram a sua intervenção.
Durante muitos séculos, teve mesmo um papel decisivo, no
desenvolvimento global, onde foi, não raras vezes, o único referencial
dos povos, tendo assumido tarefas e responsabilidades,
hoje, bem entregues a instituições e serviços laicos.
Embora haja poucos elementos sobre as origens cristãs na
Península, sabe- se que a divisão em províncias eclesiásticas corresponde
a divisão administrativa do século IV, e no que diz
respeito ao território onde se situa Portugal, distribuía- se pela
Galécia e pela Lusitânia.
Terá sido nas suas cidades capitais que se iniciou a propaganda
cristã.
A Igreja é a agricultura ou o campo de Deus.É também, muitas
vezes, chamada construção de Deus (I Cor, 3,9).
A Igreja é templo santo, o qual representado pelos santuários de
pedra é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, nova Jerusalém
(LG, 6).
288 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Selo do Bispado do Porto
S. Martinho de Mozelos pertence atualmente à Vigararia de
Santa Maria da Feira, do Aro Sul da Diocese do Porto. Importa
assim informar, muito sumariamente, o que se acha disponível
sobre ela. Antes de mais, contudo, devem referir-se aspetos muito
sumários sobre a Diocese em que se integra.
Sabe-se, embora com algumas opiniões díspares, a Diocese
do Porto terá sido restaurada em 1113 ou 1114, o que é defendido
por boa parte dos estudiosos da matéria, designadamente,
João Pedro Ribeiro, Herculano, Padre Miguel de Oliveira, e Frei
Henrique Florez.
Assumiu o seu Governo, D. Hugo que teve a ingente tarefa
de a reconstituir, após as incursões muçulmanas, para além da
disputa que teve de empreender com o Bispo de Coimbra, por
causa da posse da Terra de Santa Maria, que acabou por vencer,
através da intervenção papal, dada pela sentença de Burgos, em
1117, que obrigou o Bispo de Coimbra, sob pena de suspensão,
a entregar o território entre os rios Douro e Antuã. Apesar disso,
os bispos de Coimbra continuaram a solicitar, em 1198 e 1245, e
conseguiram dois documentos pontifícios, no sentido da restituição
à sua diocese dos terrenos que passaram para a jurisdição da
diocese do Porto. Tal não resultou já que a terra de Santa Maria
continuou incorporada na diocese do Porto.
A questão foi definitivamente resolvida através da bula Provisionis
Nostrae, concedida ao Bispo D. Julião Fernandes, traçando
os limites meridionais da diocese do Porto.
Farei uma síntese da evolução havida ao longo dos séculos,
não só desta freguesia, mas de todas as outras que integram o
actual Concelho de Santa Maria da Feira, bem como a categoria
dos seus Párocos.
Esta evolução é-nos fornecida pelo Padre Domingos Moreira, insigne
investigador e saudoso Pároco da Freguesia de Pigeiros, Santa
Maria da Feira, no seu trabalho As Freguesias da Diocese do Porto...
AGRUPAMENTO ECLESIÁSTICO DAS
FREGUESIAS DA VILA DA FEIRA
(do século XII até à atualidade)
Nas comarcas eclesiásticas o Distrito vai indicado por um algarismo.
Assim Feira 1 significa o 1º Distrito da comarca eclesiástica
da Feira. Nas vigararias 1 significa primeira (vigararia) e
2 significa segunda (vigararia).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
289
Freguesia
Arcediagos
Séc. XII
Comarcas
Terras Fins
Vigararias
Eclesiásticas
do Séc.
1320 1371 1542 XVI 1623 1850 1907 1910 1970
Obs.
Argoncilhe -
Santa
Maria
Santa
Maria
Gaia e
Santa
Maria
- Feira Feira2 Feira 2 Gaia 2 Gaia 2 Abadia
Arrifana Santa Maria
Santa
Maria
Feira 4 Feira 4 Feira 3 Feira 3 Abadia
Canedo Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Abadia
Escapães Feira 3 Feira 3 Feira 3 Feira 3 Abadia
Espargo Abadia
Feira
Fiães Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Reitoria
Fornos Feira 3 Feira 3 Feira 3 Feira 3 Abadia
Guisande Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Abadia
Gião
Santa
Maria
Reitoria
Lamas - Feira 1 Feira 1 Abadia
Lobão
Santa
Maria
Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Reitoria
Louredo - Feira 4 Feira 4 Reitoria
Lourosa Santa Maria Feira 2 Feira 2 Feira 1 Feira 1 Abadia
Milheirós de
Poiares
Feira Feira 4 Feira 4 Feira 3 Feira 3 Reitoria
Mosteirô
Santa
Maria
Feira 3 Feira 3 Curato
Mozelos
Feira 2 Feira 2 Feira 1 Feira 1 Reitoria
Nogueira da
Regedoura
Reitoria
Oleiros
Reitoria
Paços de
Brandão
Reitoria
Pigeiros Feira 4 Feira4 Feira 2 Feira 2 Abadia
Rio Meão Feira 3 Feira3 Feira 1 Feira 1 Curato
Romariz Feira4 Feira4 Feira 2 Feira 2 Abadia
Sanfins Feira3 Feira 3 Feira 3 Feira 3 Curato
Sanguedo
Santa
Maria
Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Reitoria
S. João de Ver Abadia
S. Jorge Abadia
Souto Feira3 Feira3 Feira3 Feira3 Reitoria
Travanca
Reitoria
Vale Feira 4 Feira 4 Feira 2 Feira 2 Curato
Vila Maior Feira 2 Feira 2 Reitoria
290 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Mitra episcopal
A partir do século IV, surgem já as paróquias rurais, tendo à
sua frente um presbítero.
As comunidades locais, onde se constituíram as paróquias,
dependiam do poder do domínio romano que deu origem a duas
entidades, o juiz e o padre ou abade que ocupava o lugar cimeiro.
Foi, nos tempos primeiros, no espaço que hoje constitui o nosso
Pais, o pólo aglutinador das populações, meio perdidas, pelo desaparecimento
da estru tura imperial romana, surgindo o abbas como
o sucessor natural do desapa recido dominus. Sendo um entre os
membros do seu povo, nas suas limitações e fraquezas, congregou
em tempos de dispersão e de medo, a vontade colectiva.
Na Idade Média, os padres eram normalmente de origem
popular e educados nos mosteiros existentes no mundo rural.
Como afirmou Alberto Sampaio, vivendo entre o povo e ligado
a ele por íntimas relações, em virtude do seu ministério, após a queda
visigótica, o abade tornou-se o centro de gravidade desses pequenos núcleos
de população, não os deixando desunir, foi transformando, pouco
a pouco, a antiga unidade agrária na nova freguesia.
O clero dependia do bispo e representava-o participando dos seus
poderes.
Nem sempre é fácil definir o que se entende por paróquia e como
tal identificar alguns clérigos que, adstritos a uma paróquia, podiam
ser integrados no grupo do clero paroquial. Muitas igrejas (...) não
eram obrigatoriamente paroquiais.
De uma forma geral, considera-se a cura animarum (cura das
almas) (...) a principal finalidade de existência e de identificação de
um templo paroquial.
(...) Em princípio, o número de clérigos existentes em cada igreja
paroquial variava de acordo com o número de benefícios existentes em
cada uma na opinião de Hermínia Vilar (VILAR:2000:248).
Importa ainda referir as fontes de rendimentos dos clérigos.
Antes de mais, convém lembrar que se fundamentam nas Escrituras
o princípio de que os ministros dos altares deviam viver do
altar, isto é, das ofertas feitas pelos fiéis, durante os atos de culto.
Assim, as celebrações batismais e nupciais, entre outras, obrigavam
à entrega de ofertas.
Aliás, havia até um costume, verberado por uma disposição conciliar,
dos recém batizados deitarem moedas na pia da água batismal.
O chamado pé de altar ou renda de sobrepeliz tem contribuído,
ao longo dos séculos, para o desafogo dos clérigos. Constituem-no
as ofertas dos batizados, dos funerais, dos bens de alma, dos proclamas,
das missas cantadas, das procissões e do folar da Páscoa.
A partir do século XI, o pão, o vinho e a cera constituíam as
ofertas feitas nas missas.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
291
Fora desta celebração, as oblatas consistiam em outros objetos
ou em dinheiro.
Quanto aos dízimos e às primícias (primeiros frutos da terra),
fundamentavam-se no Antigo Testamento e começaram a pagar-se a
título de esmola e de oferta, no século IV, como afirma Avelino Costa,
mas só veio a consagrar-se em Portugal, a partir do século XI.
Os dízimos podiam ser prediais ou pessoais, revertiam para o
sustento do clero diocesano que assistia aos fiéis e para a conservação
dos edifícios de culto (MATTOSO:2002:50-51).
A colação correspondia a uma nomeação permanente, enquanto
a encomendação tinha um carácter provisório.
Havia quatro categorias no clero secular que tinham em conta
os benefícios.
Os Abades, em geral, comiam os dízimos, cobrando-os por
sua conta ou arrendando-os. Estes arrendamentos eram objeto
de escritura pública feita em notário.
O arrendamento das rendas das Igrejas constituía um contrato
diferente dos emprazamentos. Eram, conjuntamente com as
primícias e sanjoaneiras, celebradas por três anos.
Os reitores e vigários não recebiam dízimos os quais eram
recebidos pelos comendadores da Ordem de Cristo.
Os curas não recebiam dízimos nem quaisquer rendas, sendo
assalariados e contratados anualmente pelos mosteiros.
As sucessivas alterações políticas e religiosas influenciaram
o estatuto do recrutamento do clero, do seu rendimento e da
sua influência social, nomeadamente a Revolução Liberal e a
Primeira República, isto no domínio político, já que os Concílios
de Trento, no século XVI, o do Vaticano I, no século XIX, e o
Vaticano II no século XX, no aspecto religioso, estiveram na
origem de significativas alterações na atividade clerical.
Os Párocos, a partir do Concílio de Trento, foram obrigados
a fazer o registo paroquial, tendo a maior parte das freguesias
mantido o seu arquivo, com o rigor que lhes era imposto, desde
os finais do século XVI.
Mais tarde, em setembro de 1890, foi publicada uma Lei que
regulava a aposentação dos Párocos, cujas principais disposições
são as seguintes:
1ª – É facultada a aposentação ordinária:
a) Aos Párocos que tiverem completado 70 anos;
b) Aos Párocos que, contando mais de 60 anos e 30 de serviço
efetivo, se mostrarem completamente impossibilitados, física
e intelectualmente;
c) Se os Párocos, que estiverem nas condições referidas acrescendo
a circunstância de absoluta impossibilidade física ou inte-
292 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
lectualmente de continuarem no exercício do seu ministério, não
solicitarem a sua aposentação, poderá o Governo determiná-la,
sob parecer ou proposta do Prelado da respetiva diocese.
Os Párocos cujas côngruas não tiverem sido lotadas em mais
de 180$000 ficam dispensados de contribuir para a caixa de aposentação,
tendo contudo direito a serem aposentados.
As pensões de aposentação ordinária concedidas aos Párocos
serão iguais à totalidade das suas côngruas, segundo a lotação
feita para o pagamento dos direitos de mercê, computando-se
nela os rendimentos de pé-de-altar, devidamente calculados pela
média dos 5 últimos anos, anteriores à publicação desta Lei, conforme
constar no registo paroquial e respetiva tabela, ou, quando
não haja tabela, segundo os usos da freguesia, e bem assim
quaisquer outros rendimentos paroquiais que constem de documentos
públicos e autênticos.
As pensões de aposentação extraordinária seriam fixadas
proporcionalmente à importância das côngruas, segundo a lotação
fixada neste parágrafo, quando atingirem ou excederem
180$000, porque, sendo quantia inferior, o cômputo da pensão
de aposentação referir-se-ia sempre pela importância de 180$000.
Em caso algum, porém, a pensão de aposentação, quer ordinária,
quer extraordinária, poderia ser superior a 1.000$000,
nem a pensão de aposentação ordinária poderia ser inferior a
180$000, fosse qual fosse a lotação das côngruas.
PÁROCOS DE S. MARTINHO DE MOZELOS
Abade Pedro Domingues – 22 de setembro de 1311-1318 (TT:-
Grijó: Liv.43; Fols. 5v) – citado por Fernandes:2011: 210.
Abade Domingos Martins – 1338 a 1351 (ID.:IBID:Fols. 104 e
105) – citado por Fernandes:2011: 210.
Reitor Lourenço Martins, Cónego do Mosteiro de Grijó – 1357
(Fernandes: ID.:IBID.)
Reitor Jorge Correia, Cónego do Mosteiro de Grijó – 1508 até 1517
(Fernandes: ID.:IBID.)
Reitor Simão Sanches, Cónego do Mosteiro de Grijó – desde 1517
(Fernandes: ID.:IBID.)
Cura Joam Roiz – 1587
Cura João Carvalho – 1588 a 1593
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
293
Cura Gonçalo Luís – 1593 a 1594
Cura Francisco Dias – 1595 a 1598
Cura João Ramos – 1599 a 1606
Cura Aleixo da Costa – 1606 a 1627
Cura Gregório Nunes – 1628 a 1632
Cura Francisco Delgado -1632 a 1640
Cura Paulo Alves de Oliveira – 1641 a 1647
Cura Licenciado Manuel do Couto – 1647 a 1658
Cura Amaro de Azevedo – 1658 a 1663
Cura Francisco Pinto de Azevedo – 1664 a 1673
Cura Francisco Álvares Coelho – 1674 a 1684
Cura Domingos Jordão Coelho – 1684 a 1686
Cura António Coelho Furtado – 1686 a 1689
Cura António do Couto – 1696 a 1700
Cura Pároco João de Carvalho – 1700 a 1701
Cura António da Cunha – 1701 a 1704
Cura Manuel José Ramos – 1704 a 1706
Cura João de Barros Nogueira – 1707 a 1710
Pároco Cura Francisco Ferreira Pinto – 1710 a 1713
Cura José Álvares Coelho – 1714 a 1720
Cura Matheus André – 1719
Cura Manuel de Bastos Coelho – 1720 a 1730
Cura Manuel da Maya – 1725 a 1726
294 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Cura Valentim Barros Nogueira – 1726
Cura António de Pinto Castilho – 1727
Cura António Ferreira Barbosa – 1730 a 1737
Cura Bautista de Oliveira Ferreira Tavares – 1737 a 1741
Cura Luiz Manuel Salter Rios de Carvalho – 1741 a 1742
Pároco Joseph Coelho da Silva – 1742 a 1743
Cura Manuel Duarte – 1743 a 1745
Cura Hiacinto Joséph Pinto – 1745 a 1746
Pároco Licenciado Roque Barbosa – 1746 a 1747
Pároco José Ferreira Dias Rodrigues – 1754 – 1775. Elaborou as
Memórias Paroquiais de Mozelos, em 1758, por ordem do
Marquês de Pombal
Pároco Joam Leite de Oliveira – 1775 a 1802
Cura José Leite de Oliveira – 1800 a 1802. Fez declaração para o
auto de ordens de Luís Alves Coelho em 12 de janeiro de 1783.
Encomendado, Cura e depois Pároco João Pinto Ferreira – 1803
a 1810
Pároco Encomendado Manuel Coelho da Silva – 1810 e 1811
Encomendado e depois Pároco João Jozé dos Santos Passos
-1809 a 1816
Cura depois Pároco José Alves de Carvalho – 1816 a 1824. Respondeu
ao inquérito paroquial de 1821
Francisco José Caetano, natural da freguesia, tinha 53 anos em
1822 e era capelão na freguesia
Pároco João Gomes de Resende – 1824 a 1834. Estava recenseado
em 1836 e 1839 para a votação para a Câmara, Juiz
Ordinário e Juiz de Paz
Encomendado Vicente de Oliveira Xavier – 1834 a 1848. Estava
recenseado em 1838 para a votação para a Junta e para Regedor.
Foi presidente da Junta da Paróquia em 1842 e 1844.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
295
Pároco João Pinto de Oliveira – 1848 a 1849
Reitor Manuel António de Souza – Pregador, colado em 27 de
setembro de 1849 (Almanak Ecclesiastico do Bispado do Porto
para 1857:53) – 1849 – 1866 – foi presidente da Junta de
1856 a 1859 e 1873
Encomendado José Rodrigues Alves de Oliveira – 1867
Abade José Alves Coelho – 1870 a 1912 – Foi presidente da Junta
de 1872 a 1883
Padre Francisco Marques da Silva Seabra, capelão da freguesia
em 1906 – foi vogal e secretário da Junta de 1885 a 1888
Pároco Aposentado Padre José Correa Dias – 1910
Abade José Francisco Coelho – 1912 a agosto de 1913
Abade José Ribeiro Soares – agosto de 1913 a maio de 1914
Abade José Alves Coelho – março de 1913 a 1915
Abade Francisco Marques Pires Miranda – 1915 a 1917
Abade Padre Manuel Rodrigues Vieira Pinto – julho de 1917 a
janeiro de 1933. Foi nomeado secretário interino da Junta em
1918 (AJM:Liv. de Atas nº 7).
Abade António de Oliveira Maia – de 1933 a Dezembro de 1972.
O Padre Maia era natural de Paços de Brandão, era filho de
Manuel Moreira Maia e de Clementina Maia tendo sido ordenado
em 30 de março de 1918. Celebrou a primeira missa
em Paços de Brandão,as suas bodas de prata em 1943 e as de
ouro em 1968. Foi Pároco de Mozelos até ao fecho compulsivo
da igreja paroquial em 9 de setembro de 1972. Aceitou
resignadamente a sua saída de Mozelos, na sequência de graves
alterações à ordem pública verificadas na freguesia. Fixou
residência em Espinho, tenho aí exercido funções de capelão
do Hospital de Nossa Senhora da Ajuda.
Foi regente de música sacra, na Tuna Musical Mozelense,
tendo sido galardoado, a título póstumo, como sócio honorário
da Tuna em 2 de abril de 1989. Faleceu, em Paços de
Brandão, em 21 de agosto de 1986 tendo sido inumado no
cemitério da sua terra natal. Era um sacerdote dedicado intei-
Atestado de Batismo de Albertina
Ferreira de Amorim assinado pelo
Padre Manuel R. Vieira Pinto
Abade António de Oliveira Maia
296 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ramente à assistência espiritual e social da paróquia. De carácter
íntegro não olhando a diferenças sociais, religiosas ou
políticas. Era muito culto e próximo dos seus paroquianos,
tinha pelas crianças preocupações e afetos especiais.
Abade Aurélio Gonçalves Rodrigues – 1973 a fevereiro de 1975
Jazigo onde está sepultado o
Padre António de Oliveira Maia,
em Paços de Brandão
Abade Gonçalo Furtado Mendonça
Abade Bernardino Alves
Abade Gonçalo Furtado de Mendonça – março a setembro de 1975.
Pároco de Nogueira da Regedoura desde 1973, tendo acumulado
em 1975 a paróquia de Mozelos.
Abade Bernardino de Queirós Alves – desde outubro de 1975. O
Padre Bernardino Queirós Alves nasceu em Soalhães, Marco
de Canaveses, a 27 de abril de 1944. Depois de ter concluído a
quarta classe na escola local, fez o exame de admissão ao liceu no
Alexandre Herculano, no Porto, o que lhe permitiu prosseguir
estudos no Colégio de Marco de Canaveses. E, uma vez concluído
um novo ciclo escolar, um outro exame de admissão conduziu-o,
desta feita, à Escola do Magistério Primário do Porto.
Bernardino era agora professor primário, em Miragaia/Barredo,
mas não obstante a gratificação sentida no desempenho
daquela função, nele ecoou um chamamento que o fez inscrever-se
no Seminário da Sé do Porto, onde cursou Teologia.
Posteriormente, fez o diaconado em Miragaia/Massarelos
e acabou sendo ordenado sacerdote por D. António Ferreira
Gomes, na Sé do Porto, em 7 de julho de 1974.
O Padre Bernardino iniciou o presbiterado em Miragaia/
Barredo e, integrando uma equipa de padres, orientou igualmente
as freguesias portuenses da Sé e S. Nicolau.
Porém, em outubro de 1975 recebeu indicação do Bispo
para paroquiar Mozelos e Oleiros, em parceria com os Padres
José Rodrigues e José Coelho e, por óbito do Padre Joaquim
Silva, também a freguesia de Lourosa.
Já em 1978, e não se confirmando a indicação de paroquiar
em exclusiva esta última, por decisão hierárquica, o Padre
Bernardino Queirós assumiu a orientação pastoral de Mozelos
e o seu colega José Coelho, outrossim, de Lourosa, não
deixando estes dois sacerdotes de trabalhar em equipa, partilhando,
inclusive, a mesma residência.
Por último, em 1999, acumulou funções na paróquia de
Sermonde.
Em paralelo, a grande energia que se lhe reconhece impulsionou-o
a fundar duas associações de solidariedade social,
o Centro Maranatha, em Grijó, e a Tenda do Encontro, em
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
297
Sermonde, para além de ter cofundado a Associação Pelo
Prazer de Viver, com sede em Mozelos.
Ordinariamente, a cada mês de julho, o Padre Bernardino
regressa a Lourosa, a fim de substituir o Padre Coelho, por
este se encontrar de férias.
É dotado de uma mente brilhante, e de uma incrível capacidade
de trabalho, a par de uma cultura extraordinária, de uma
invejável criatividade, a que se aliam uma assinalável sensibilidade
poética e uma subtil e responsável capacidade crítica.
Fez uma clara opção pelos mais pobres e fragilizados, o que,
naturalmente causa invejas e inimizades.
Dedica-se à proteção de menores em risco, à recuperação de
toxico-dependentes, ao apoio à reinserção de reclusos, à cooperação
com os povos africanos, às campanhas de solidariedade
com a América Latina, ao acolhimento aos doentes e a
muitos outros projetos de apoio a experiências comunitárias.
Recebeu o prémio Manuel Laranjeira pelo seu trabalho ao
serviço da ação social, enquanto pároco, pedagogo, animador
cultural e dirigente associativo.
Abade Bernardino Alves
ALGUNS PADRES NATURAIS DA FREGUESIA
Francisco José Caetano, tinha 53 anos em 1822 e era capelão na
freguesia.
Manuel Fernandes de Amorim, natural de Mozelos, filho legítimo
de José Fernandes do Couto e de Ana Maria Amorim,
nasceu em 6 de novembro de 1818, neto paterno de de João
Fernandes e de Maria Alves, do Outeiro do Moinho, e materno
de José do Couto e de Brízida Rodrigues, da Vessada
ordenado em 1856 (AEP: Inquirição a genere: proc. 749 e Almanak
Ecclesiastico do Bispado do Porto para 1857:53).
Presbítero Manuel Alves Coelho. Estava recenseado para a votação
para a Câmara, Juiz Ordinário e Juiz de Paz em 1839.
Presbítero António Alves Coelho, do lugar do Rio. Estava recenseado
para a votação para a Câmara, Juiz Ordinário e Juiz de
Paz. Está referenciado como morador na freguesia em 1857.
Presbítero Manuel Leite d’Oliveira, do lugar de Prime – 1857 (Almanak
Ecclesiastico do Bispado do Porto para 1857:53).
298 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Luis Alves Coelho, natural de Mozelos, filho de António Alves
Jorge e de Marcela Alves, neto paterno de Manuel Alves Jorge
e de Maria Coelha, de Mozelos e materno de Domingos
Alves, de Lourosa e de Isabel Fernandes de Mozelos, Ordenado
em . (AEP: Inquirição a genere: :proc. 753).
Celestino Pinto Ferreira, nascido em 20 de junho de 1878, filho
de Manuel do Prado Neves, natural de Espanha, e de Rosa
Pinto Ferreira, de Mozelos, moradores no Sobral, neto paterno
de António do Prado Neves e de Carmo Soares e materno
de Joaquim Pereira Vale e de Ana Pinto Ferreira. Ordenado
em 1900 (ID.IBID. proc.º 754:proc. 747).
Em 24 de fevereiro de 1918, solicitou à Junta um atestado
de residência (JFM:Liv. de Atas nº7).
Foi o promotor da construção da Capela de S. Brás.
Padre Amaro Ferreira dos Santos
Manuel Pereira de Sousa, filho legítimo de Joaquim de Sousa e de
Rosa Ribeiro da Silva, natural de Mozelos, nasceu em 4 de setembro
de 1887, filho de Joaquim de Sousa, natural de Gião e de
Rosa Ribeiro da Silva, natural de Mozelos, lavradores, moradores
na Vergada, neto paterno de José de Sousa e de Caetana da
Silva e materno de Pedro Pereira da Silva e de Maria Ribeiro da
Silva. Ordenado em 10 de março de 1910, residia em Pedroso,
Vila Nova de Gaia. (AEP: Inquirição a genere: proc.º 754).
Padre Amaro Ferreira dos Santos, do lugar do Murado, nasceu
em 25 de janeiro de 1916 e faleceu em 16 de abril de 1986.
Foi pároco em Nogueira da Regedoura, onde foi o dinamizador
da instalação da energia elétrica e do campo de futebol, e
na freguesia de Vitória no Porto.
Padre António Joaquim da Rocha Coelho, natural de Gesto,
Mozelos. Missionário, pertence à Congregação do Espírito
Santo. É capelão da capela do Sameiro, em S. Paio de Oleiros
Sendo Missionário, colaborou na paróquia de Nogueira da
Regedoura a pedido do pároco, Padre Furtado de Mendonça.
Padre António J. Rocha Coelho
Padre Henrique Nestor Rios dos Santos, nasceu em 20 de março
de 1946, no lugar da Igreja. Foi missionário em Moçambique
e paroquiou na Póvoa do Varzim.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
299
PATRIMÓNIO RELIGIOSO
IGREJA PAROQUIAL
Em 1758, o pároco de Mozelos, o padre José Ferreira Dias
descreve a igreja situada fora de todos os lugares que compunham
a freguesia, sendo orago S. Martinho e tinha três altares: o
mor com o Santíssimo Sacramento e as imagens de S. Martinho,
Santa Ana e Santa Gertrudes; os colaterais de Nossa Senhora
do Rosário, com as imagens do orago, Santo António, S. José e
o Menino e o do Santo Cristo, onde estava Nossa Senhora das
Dores, Santa Luzia, S. Sebastião e Santa Quitéria (TT: Memórias
Paroquiais de 1758: vol. 25: nº 252: Fls. 1881-1884).
A igreja paroquial de provável construção seiscentista, de que
subsistem a fachada principal, reconstruída no final do século
XVIII e século XIX, com a remodelação das modinaturas e feitura
de novas estruturas retabulares, bem como a construção
das modinaturas do arco triunfal e coro-alto, semelhantes aos
existentes na igreja de Mosteirô.
É de planta poligonal composta por nave, capela-mor, anexo e
torre sineira adossados ao lado direito, com coberturas interiores
diferenciadas em falsas abóbadas de berço, ostentando pintura alusiva
ao orago e aos Evangelistas, e iluminada uniformemente por
janelões rasgados nas fachadas laterais. A fachada principal remata
em frontão, com os vãos rasgados em três eixos, formados pelo
portal seiscentista, de verga reta e ladeado por pilastras e por duas
janelas do coro. A torre sineira tem cobertura em coruchéu piramidal
e três registos, o superior com quatro ventanas, tendo acesso
pela face posterior, que também acede ao coro-alto. As fachadas
rematam cornijas, são flanqueadas por cunhais apilastrados e as
laterais são rasgadas por portas travessas. Interior com coro-alto em
cantaria, bastante amplo, sendo algumas das capelas do templo e
o arco triunfal sublinhados a cantaria, este último com espaldar de
inspiração borromínica, remetendo para o final do século XVIII.
Possui púlpitos confrontantes, com acesso pelo muro. Capela-mor
com retábulo de marmoreados fingidos neoclássico, do mesmo estilo
dos retábulos colaterais e dois dos laterais, sendo os demais de feitura
mais recente (CALADO:Igreja Matriz de S. Martinho: P9770).
A Igreja é vasta, relativamente ao tipo paroquial. Reconstruiram-na
na segunda metade do século XIX, e em 1920, a capela
– mor foi substituída. O edifício anterior estava num nível bastante
mais baixo, a sul, na mesma direção, entre a atual estrada
e uma rua inferior.
Conservaram na fachada o aspeto regional do gosto setecentista
austero, com a torre à direita. Externamente o corpo é de
portas travessas e de janelas simples.
300 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Púlpito e lambril da
igreja paroquial
No arco cruzeiro interpretaram a disposição de altas pilastras a
enquadrar o vão, completada do habitual remate., O respetivo entablamento
corre nas paredes colaterais, como cimalha de pedra.
Há arcos retabulares, pequenos, cavados nas paredes dos
flancos.
São dois os púlpitos, no gosto comum.
O coro-alto, como nos tipos equivalentes, apoia-se em largo
arco frontal, de cantaria, em forma de asa de cesto.
Todos os retábulos são posteriores à reconstrução: dois colaterais
ao arco-cruzeiro, mais dois nos arcos dos flancos, os quais seguem
os tipos tradicionais, o principal que é já do século XX, havendo
ainda outros dois mais modestos, abaixo das portas travessas.
Esculturas modernas e algumas antigas; estas sem interesse
especial.
Lambris de azulejo de série (Academia Nacional de Belas Artes:
Inventário Artístico de Portugal: Distrito de Aveiro-Zona Norte:92).
Desde a criação das Juntas de Paróquia, em 1836, as intervenções
e obras na igreja passaram a ser feitas por decisões da
Junta que, ficou com os poderes das confrarias nessa matéria.
Por isso, as atas das suas sessões refletem tal realidade. Aliás
boa parte do conteúdo das atas da Junta consta de assuntos de
natureza religiosa, de caráter patrimonial, o que aconteceu até à
implantação da República.
Assim sendo, dá-se, a seguir, notícia de tais atos.
Em 28 de março de 1838, a Junta reuniu para deliberar o
modo como se devia fundir o único sino que havia na igreja, por
não haver outro que chamasse os fiéis à celebração dos ofícios
divinos. Foi decidido acrescentar mais 13 arrobas de bom metal,
para obter os fundos necessários através de uma finta lançada
sobre os paroquianos (AJFM: Liv. de Atas nº1).
Em 29 de julho de 1838, a Junta deliberou nomear para tesoureiro
encarregado de correr com as despesas do sino o sacristão
da freguesia, Diogo Soares Alves, da Quintã, que recebeu da
coleta feita o montante de 221.930 reis (ID.: IBID.).
Em 21 de outubro de 1838, a Junta deliberou comprar umas
cortinas de damasco de seda para o arco cruzeiro da igreja, visto
não haver nenhumas e serem absolutamente necessárias para o ornato
do mesmo templo. Para o efeito, foi decidido que se solicitasse
aos paroquianos seu concidadãos um donativo voluntário, Mais
foi deliberado que se nomeassem dois homens peritos que fizessem
o orçamento de quanto poderiam importar, tendo sido nomeados
António Alves Cazas, da Vergada, e Luiz Alves Gomes, de Seitela,
mestres alfaiates. Recolhidos os donativos, constatou-se, na sessão
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
301
de 28 de outubro, que não foi obtida a quantia suficiente, ficando a
faltar 50.000$000. Face à situação, a Junta decidiu recorrer à quantia
de 43.000$000 pertencentes à Confraria de Nossa Senhora do
Rosário, devendo, para o efeito, obter aprovação do Administrador
Geral do Conselho do Distrito (ID.: IBID.).
Em 28 de abril de 1839, a Junta constatou ser necessário fazer,
de novo, os telhados da igreja, por estarem muito arruinados
e quando chovia causava grande dano, não só ao forro da igreja
mas também às paredes. Foi decidido nomear como louvados
dois mestres trolhas para calcularem a despesa, tendo sido escolhidos
José Leite de Oliveira, do Murado e Joaquim Pereira, de
Lamas (ID.: IBID.).
Tornou-se necessário recolher fundos para se proceder à
reparação dos telhados da igreja paroquial, no montante de
59.000$250. Nesse sentido, a Junta da Paróquia decidiu, em 5
de maio de 1839, lançar uma finta sobre os paroquianos a seguir
discriminados em proporção dos seus teres e aberes.
Em 9 de junho de 1839, foi estabelecida a quantia de 2.400$000
a ser transferida pelo regedor ao secretário da côngrua do pároco
(ID.: IBID.).
Em 15 de agosto, compareceu na sessão da Junta o mestre trolha
José Leite de Oliveira, para serem feitos os apontamentos da feitura
do telhado que deveria ser feita da forma seguinte, a qual se transcreve
para se ter conhecimento das técnicas usadas na época:
– As caleiras e coberturas sobreporiam 4,5 polegadas, devendo
as caleiras ser cravejadas em todos os carreiros, desde o
princípio até ao fim em todos os cantos, donde se sobrepõem as
mesmas caleiras e seria precintado um carreiro sim e outro não
de 10 em 10 carreiros levaria 2 carreiros dobrados e o cume seria
de telhões grandes.
– O arrematante era obrigado a lavar todas as coberturas, antes
de as assentar por causa da sujidade para que a cal melhor lhe pegue.
– O arrematante era obrigado a compor o gurdapo (sic) onde
o mesmo se achasse arruinado ou podre por causa das goteiras
bem como a ripar onde fosse preciso, para que em toda a extensão
da igreja fique em segurança e capaz de sustentar o telhado,
sendo tudo pregado.
– O arrematante seria obrigado a levantar as caleiras do beiral,
que estivessem fora do alinhamento, devendo levantar e assentar
de novo todas as coberturas.
– O arrematante era obrigado a dar toda a telha que faltasse
e os telhões para o cume e deveria ser boa, dar a cal e deixar o
Varas
Salva
302 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Interior da igreja paroquial
telhado pronto, segundo os presentes apontamentos, devendo
o traçamento da cal ser de duas partes de saibro e uma de cal,
devendo o saibro ser da saibreira de Meladas ou outra igual.
– Os telhados deveriam ser branqueados a cal fina em toda
a igreja por dentro para a branquear, sendo primeiro obrigado a
varrer as paredes para que a mesma cal pegue melhor, devendo
ser obrigado a cobrir os altares para quando varrer as paredes e
caiar não lhe caia sujidade. Era obrigado também a branquear o
batistério, a casa dos mordomos, bem como a tomar as goteiras
e tomar algumas goteiras que chovam na dita casa, bem como a
tomar as que chove na casa de fábrica que são nos quatro cantos
da mesma e algumas pelo meio.
– O arrematante era obrigado a comprar os vidros que faltavam
nas friestas do corpo da igreja, bem como na casa dos
mordomos e a friesta da torre e tomar a cal uma puxadela que a
torre tinha na frontaria e as outras ao entrar do coro.
– O arrematante não poderia fazer o traçamento da cal sem a
assistência de um membro da Junta.
– Se o arrematante faltasse a algumas das condições era obrigado
a recuperá-las.
– Era obrigatório entregar ao arrematante toda a telha que se
achasse na igreja velha, bem como a que estivesse na capela-mor
velha, no valor de 14.000$000 em que estava avaliada, sendo a
condução e mais trabalhos à custa do arrematante e o resto que
se lhe ficar a dever segundo a sua arrematação, ser-lhe-ia pago
em 3 pagamentos. A obra foi arrematada em 18 de agosto a António
Joaquim Belinha, do Casal Meão, de Lourosa pela quantia
de 60.900$000 (ID.: IBID.).
Em 3 de setembro de 1842, em virtude de uma circular do
Governo Civil e por ordem do Prelado Diocesano, constante
dos capítulos de visita, foi deliberado proceder a obras de trolha
e de carpinteiro e nomeados como peritos Luiz Alves Gomes, de
Seitela e José Luiz Pereira, do Sobral, que estabeleceram que o
arrematante deveria pôr uma fechadura no batistério com chave,
duas dobradiças e um cano de palmo e meio, fazer 3 taburnos
novos, na entrada porta principal da igreja, da mesma forma do
que lá estava.
Devia fazer 2 confessionários de castanho, fixos e pintados,
compor e pintar os dedos da imagem de S. José, S. Martinho,
Senhora do Rosário, S. Sebastião, compor os caixões da sacristia,
onde se guardavam os paramentos.
Deveria pôr na sacristia um lavatório de folha, com uma torneira
de estanho, solhar a sacristia, com soalho novo, solhar o
celeiro, deitando-lhe uma trave, armar de novo o aido e coberto
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
303
da residência, fazer duas empenas novas de castanho para a sala
e quarto, pôr vidros, pintar e compor a cloaca que ficava ao norte
das casas e solhar o quarto da sala e fazer algum remendo que
fosse necessário na residência. Compor a porta do aido, chumbá-
-la, bem como fazer outra nova, tudo em pinheiro.
No que dizia respeito a obras de trolha, era obrigado a dar
toda a telha que faltasse no telhado, aido, alpendre, cozinha e
sala, bem como saibro, cal e os telhados do celeiro, deveriam ser
colocados cumes e beirais e deverá sobrepor as telhas umas nas
outras, deveria rebocar e caiar o quarto da sala todo de novo. A
sala deveria ser retocada quando fosse preciso e deveria ter um
fiador. O primeiro pagamento seria feito dentro dos primeiros
15 dias, após o arranque da obra e o segundo no fim da obra. A
obra foi arrematada em 2 de outubro de 1842 por 49.500$000 a
José do Couto Nogueira, do Sobral.
Em 14 de julho de 1842, reuniu-se a Junta presidida pelo Padre
Vicente Oliveira Xavier, os vogais, o regedor substituto, os
tesoureiros das confrarias, o procurador da igreja, o juiz da cruz
que lavraram um auto de responsabilidade e multa por virtude
de uma circular do Administrador do Concelho, para que todos
os adornos da igreja que estavam em poder de várias pessoas
deviam fazer a sua imediata entrega, comprometendo-se a não
emprestar trastes alguns das confrarias para fora da freguesia sob
pena de pagar cada um 1.200$000 para a confraria.
Em 2 de março de 1872, os paramentos da igreja foram examinados,
tendo-se constatado os que precisavam de reforma,
conserto ou lavagem. Na sessão seguinte, o vogal Aranha propôs
a compra de novos ao que se opôs o vogal Santos, por não haver
meios para os adquirir. Em 17 de junho, foi dada a informação
de que os arranjos e consertos dos paramentos haviam custado
2.420$000. Entretanto, foram compradas umas andarilhas para
o altar-mor que custaram 1.820$000.
Em 17 de julho, foi constatada a falta de cera na igreja, tendo
sido encarregado o vogal Aranha para ordenar ao mordomo da
cera que suprisse essa necessidade. Em 17 de setembro, os vogais
faltosos a uma reunião anterior, justificaram-se informando que
tinham estado ocupados com a realização da festa da Senhora
que teve um orçamento de 15.000$000.
Em 17 de outubro, a Junta mandou avisar o procurador da
igreja para cuidar da sua limpeza e deitar água nas pias.
Nas despesas previstas constavam a festa da Senhora do Rosário,
a cera para as missas, sacramentos e defuntos, livros de
assentos e mais guisamentos tudo no montante de 40.500$000.
Pia Batismal
Sacristia
304 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Cruzeiro e igreja ao fundo
– Consertos de urgente necessidade no frontispício da igreja,
o qual ameaçava repentina desmoronação (sic), que foram orçados
em 33.600$000.
– Reconstrução dos tetos da igreja, capela-mor e sacristias,
que estavam em iminente ruína por terem apodrecido os madeiramentos
com as chuvas que os telhados não vedavam, tudo
orçado em 163.000$000.
Ainda foram lembradas outras obras na igreja e suas dependências,
alguns paramentos e objetos de culto, tudo de pouca
necessidade, mas que não seriam então encaradas para não sobrecarregar
os paroquianos com mais derramas, tratando-se só
do que era inevitável.
Em 3 de outubro de 1873, o Bispo do Porto enviou a quantia
de 83.000$000 provenientes da Bula da Cruzada destinados
às obras da igreja. Em 3 do mesmo mês, foi decidido mandar
reconstruir o antigo batistério com um arco de pedra que, de
novo, se metesse por baixo do existente, obra que orçava em
33.000$000. Também se entendeu fazer obras no telhado da casa
dos mordomos que estava em prejudicial ruína, e que custariam
48.000$000, para além das paredes da casa da igreja e suas dependências
as quais poderiam custar 78.000$000.
Em 21 de Dezembro de 1874, foi transmitida a informação de
que havia fiéis que, por devoção, pretendiam fazer obras na igreja
e nas suas dependências, nomeadamente, caixões novos na sacristia,
novo estuque na mesma, porta do batistério, algumas pinturas
e algumas alfaias, como sacras, estante do missal e outras mais.
Em 4 de maio de 1876, foi discutida a urgente necessidade de
algumas obras na igreja, requisição de alguns paramentos indispensáveis
ao culto. Era necessário reparar o pavimento da igreja
que estava em estado de mísera ruína, alastrando-se por baixo do solho
com asfalto para evitar o tortulho, o guarda-vento existente dentro
da entrada da igreja é tão incómodo, insuficiente e até impróprio que
mais se pode dizer um estorvo que se deve retirar de lá de que um objeto
que mereça conserto pois ele está velho e não serve- Os paramentos de
mais necessidade eram: uma capa de asperges roxa, manga roxa
para a cruz e duas dálmaticas. Para custear as ditas obras e aquisições
seriam necessários 295.000$000.
Em 23 de fevereiro de 1878, o Presidente informou que os
telhados da casa das sessões e das sacristias estavam arruinados
e que era necessário examiná-los. Verificou-se que metiam água
e por isso mandou chamar um trolha que se encarregou de fazer
os consertos necessários.
Em 8 de outubro de 1880, a Junta foi informada de que a
igreja fora contemplada com a quantia de 35.000$000 pelo distribuidor
da Bula (AJFM:Liv. Atas nº 1).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
305
Em 16 de agosto de 1886, a Junta teve conhecimento por um
requerimento apresentado pelo tesoureiro e mesários da confraria
do Santíssimo Sacramento pedindo providências da violência
que lhes fora feita na festa da capela de Meladas impedindo-lhes
o seu direito no uso das alfaias da confraria e desapossaram das
opas já distribuídas, pelas pessoas a quem os mesários haviam
distribuído, resultando uma tão grande confusão e violência que o
pálio e outras alfaias ficaram fora do poder do próprio tesoureiro.
Face ao exposto, a Junta deliberou que, sendo da sua competência
exclusiva a guarda e administração de todos os haveres pertencentes
às irmandades legalmente eretas, ordenou que o referido
tesoureiro, a quem estavam confiadas e sob a sua guarda imediata
as alfaias referidas, promovesse sem demora a sua pronta restituição,
ficando entendido que enquanto a Junta não assumisse a
administração direta das ditas alfaias era o tesoureiro o único responsável
por elas para com a Junta, bem como enquanto existir,
de facto, a confraria do Santíssimo ilegalmente ereta e a Junta não
impugnar a sua existência, declarou a Junta o dito tesoureiro competente
para distribuir, nas procissões e festejos que se fizerem na
freguesia as mesmas alfaias pelas pessoas que entender, sob a sua
responsabilidade. Em sessão extraordinária de 14 de Dezembro de
1886, conseguiu a harmonia entre os tesoureiros das confrarias
do Santíssimo Sacramento e de Santa Luzia, tendo ficado decidido
que tesoureiros das ditas confrarias dariam as opas em geral, isto
é, o tesoureiro da confraria de Santa Luzia entregaria ao tesoureiro
do Santíssimo Sacramento quatro opas e receberia deste varas,
ficando cada um com quatro varas e quatro opas, ficando o pálio
à guarda do tesoureiro do S. Sacramento e as opas no domínio
da confraria de Santa Luzia. O tesoureiro era obrigado a oferecer
uma vara do pálio e opa nos dias das outras festas, ficando assim
os responsáveis pelas outras festas duas varas e duas opas do pálio.
Na sessão seguinte realizada em 16 de Dezembro, apareceram
duas pessoas com as alfaias pertencentes às confrarias de S. Sebastião
e de S. Martinho (ID:Livro de Atas nº 2).
Em 8 de março, o presidente propôs que se fizesse a limpeza
dos altares e o conserto de alguns paramentos, o que foi aprovado
(ID:IBID.).
Em 5 de maio de 1898, um ciclone ocorrido de 1 para 2 do
dito mês causou graves estragos no telhado e na cruz de pedra
do frontispício da Igreja, tendo a Junta deliberado proceder aos
arranjos necessários com a maior urgência que importaram em
15.000$000 (ID:Livro de Atas nº 3).
Em 18 de abril de 1902, a Junta decidiu fazer um orçamento
especial para reparar os telhados da igreja que estavam em esta-
Interior da capela de Meladas
Cruz paroquial
306 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Resplendor
do de ruína, convidando para o efeito como peritos para a obra
um carpinteiro e um trolha devidamente habilitados. Em 20 de
junho, foi apresentado o orçamento de carpintaria que orçava
em 670.000$000 e o de trolha em 850.000$000. Face ao montante
do valor apurado, foi decidido contrair um empréstimo para
custear as referidas obras, decidindo, para o efeito, convocar os
vinte eleitores maiores contribuintes da freguesia, em virtude do
disposto no artº 177 do Código Civil em vigor. Em 27 de junho,
compareceram 16 desses eleitores, os quais aprovaram por maioria
da proposta da Junta que deveria obter depois a aprovação do
Governo de Sua Majestade.
Em 15 de agosto, a questão foi, de novo, posta à consideração
da Junta pelo seu presidente que informou o seguinte: o cume da
igreja estava a desmoronar-se chovendo por quase todo o templo a
ponto de destruir os altares; o madeiramento da armação está podre,
devido às chuvas, pelo mau estado do telhado em virtude da telha
ser já muito velha; que o forro da mesma igreja está a cair de podre;
os soalhos do coro, as grades do mesmo e as do corpo da igreja estão
também podres e quebradas; as paredes precisam de ser rebocadas por
dentro e por fora, devendo levar por dentro uma faixa de azulejos na
altura de um metro e cinquenta centímetros para evitar os estragos das
humidades e mesmo para a limpeza devida; a esquadria está descompensada
e coberta de musgo; e finalmente devido ao violento ponto da
armação deve ser coberta com telha de tipo francês, mesmo para evitar
o grande peso que a atual telha faz com a cal que lhe é precisa. Os
orçamentos de tudo atingiam o montante de 1 conto e 520 mil
reis, quantia que a Junta não possuía. Por tal motivo, tornava-
-se necessário lançar uma derrama aos contribuintes, à razão de
15%, mas que seria insignificante. Assim sendo, o melhor meio
passaria pela contração de um empréstimo, por meio de ações
de 10 mil reis cada uma com o vencimento do juro de 5% ao
ano e amortizável por sorteio, mas ainda com a dita percentagem
de 15% levava muitos anos a solver o empréstimo importando
assim mais despesas para o processo, bem como a continuação
do pagamento dos juros agravava a situação financeira, por isso,
era razoável que se pedisse ao Governo de Sua Majestade autorização
para o empréstimo para que a derrama fosse de 40% para
que a paróquia se visse mais depressa livre de encargos. Para tal
era necessário obter o parecer dos 20 maiores contribuintes. A
Junta aprovou a proposta e convocou os ditos contribuintes e do
Regedor para uma sessão especial. Em 18 de agosto a esmagadora
maioria dos grandes contribuintes aprovou a decisão da Junta
(ID.:IBID.).
Entretanto, em 3 de junho de 1904, a Junta comunicou que
fora constituída uma comissão de voluntários que percorreu
toda a freguesia para angariar contributos para as obras da igreja,
tendo sido informado que a dita comissão já arrecadara um
conto e 300 mil reis dos paroquianos que era a quantia quase su-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
307
ficiente para liquidar todas as despesas. A Junta congratulou-se
com o facto e manifestou a sua gratidão aos membros da referida
comissão. Face a esta realidade a Junta considerou estarem reunidas
as condições para adjudicar a empreitada (ID.:IBID.).
Em 14 de novembro de 1908, a Junta decidiu pintar as grades
das escadas exteriores da igreja e consertar as sanefas da igreja
(ID.: Liv. de Atas nº 4).
Em 12 de junho de 1911, a Comissão obteve de várias pessoas
a informação sobre as alfaias religiosas que estavam a seu
cargo e na sua posse, a saber:
José de Barros – uma cruz, uma salva, um resplendor, um
colar tudo de prata e três opas de seda branca;
Bernardino Ferreira Coimbra – uma cruz de prata, uma bandeira
muito usada, seis opas brancas de seda muito usadas, uma
umbela de damasco, um turíbulo de prata, uma naveta de prata,
um vaso de metal sem valor, uma vara de prata, um pálio de
damasco, seis lanternas de folha-de-flandres, uma bandeira de
damasco usada, seis opas de seda vermelha;
António Domingues da Silva – duas cruzes de prata, uma caldeirinha
e hissope de prata, uma coroa de imagem de prata, uma
campainha de cobre, seis opas de seda vermelha em bom uso, três
de seda vermelha em bom uso e três de seda branca também usadas;
José Francisco Alves – Uma cruz, uma salva, dois castiçais
tudo de prata, uma bandeira de damasco usada e quinze opas de
seda vermelha usadas;
José Alves Ferreira de Amorim – uma cruz de latão, duas
lanternas, três opas de seda vermelha usadas, uma bandeira de
damasco muito usada;
Quintino Ferreira da Silva Lamas – uma cruz de latão, três
opas de seda branca usadas;
Joaquim Ferreira Coelho – uma bandeira de damasco muito
usada, três opas de seda branca muito usadas;
António da Silva Rosário – uma bandeira de damasco muito
usada, três opas de seda vermelha usadas;
Benjamim Ferreira Coimbra – a cruz paroquial de prata, três
opas de seda vermelha muito usadas (ID.;Liv.de Atas n.º 5).
Em 4 e 18 de setembro de 1927, a CA deliberou mandar consertar
o relógio da igreja pelas vantagens que tem para a vida da
comunidade, que custou 27$80 (ID.:Liv. de Atas nº 8).
Em 1941, a igreja foi alvo de obras, de acordo com comunicação
do pároco, padre António de Oliveira Maia, ao delegado
do Comissariado do Desemprego do Distrito de Aveiro.
Neste ofício, é referido que as obras começariam em 8 de
junho, em coordenação com a comissão fabriqueira.
Resplendor
Coroa prateada
Cruz processional
308 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Santa Luzia
Santa Teresinha
As ditas obras estavam a ser feitas por operários da freguesia
que se ofereceram para contribuírem com dias de trabalho, para
além da oferta de carretos de materiais por parte de várias pessoas
e ainda com a oferta de materiais. Face a esta generosa realidade,
era pedida autorização oficial para que as obras pudessem
ser feitas por administração direta, o que foi autorizado.
As obras começariam pelo levantamento da cúpula da torre
que teria de subir 1,3 m, de acordo com projeto próprio. Foi
pedido ao referido comissariado que mandasse para a obra um
oficial de trolha trabalhar 4 ou 5 dias nesse levantamento (APM:
doc. Avulso).
Em 15 de maio, foi concedida a comparticipação e 17.340$00
para as referidas obras com a obrigação de contratar operários
desempregados. A obra estava orçada em 56.680$00 (ID.:IBID.).
Em 1960, foi concedida licença pelo Ministério das Obras
Públicas, delegação de Aveiro para obras na igreja, designadamente
colocação duns azulejos com desenhos alegóricos, representando
imagens religiosas (ID.:IBID.).
Em 2002, a Câmara Municipal concedeu um subsídio de
4.000 contos para os arranjos exteriores da igreja.
Atualmente a igreja tem as seguintes capelas:
Nossa Senhora de Lourdes e as de Santa Maria Bernardete
São João Bosco;
S. José com a imagem a ensinar o Menino, ladeado por duas
mísulas com Santa Teresinha e S. Lourenço;
Santa Luzia com a imagem do orago e a do Menino;
Santo António com as imagens do orago, ladeada pelas de S.
Sebastião e de S. Vicente de Paula.
Na capela colateral do Evangelho, está a imagem de Nossa
Senhora das Dores e o Crucificado, tendo no nicho inferior, o
Sagrado Coração de Jesus. Na capela oposta, estão as imagens
de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora das Graças.
No retábulo-mor, estão as imagens de S. Martinho e das Santas
Mães (Calado:ID.:IBID.).
CAPELA DO PINHEIRO DAS SETE CRUZES
Santas Mães
É dedicada aos mortos pela Pátria, na última invasão francesa,
a 11 de maio de 1809.
Uma das muitas guerrilhas, organizadas por iniciativa particular
para hostilizarem o inimigo, foi chefiada aqui por um
homem que, infelizmente, só tem sido conhecido por Catafu-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
309
la, residente na povoação de Olivães. Num assalto matou três
soldados franceses. Preso com outros, considerados cúmplices,
desejou confessar-se, para o que foi chamado o Padre João de Sá
Rocha. O comando da força do invasor quis levar este a revelar
a confissão, na esperança de vir a conhecer os nomes de todos
os cúmplices ao que ele dignamente se recusou. O nobilíssimo
sacerdote foi fuzilado conjuntamente com aqueles e, como eles,
suspenso do pinheiro. Seu irmão Manuel, morto pelos mesmos
no sítio das Barrancas foi arrastado para aqui. No pinheiro cravaram
mais tarde cruzes comemorativas. Uma sobrinha, como
abaixo se diz, mandou erguer o oratório.
A capela encontra-se na estrada nacional (EN1 – hoje IC2)
do lado do poente. O pinheiro estava desviado uns cinquenta
metros para o norte, segundo um homem da região nos indicou:
caiu com o temporal a 7 de novembro de 1954.
A capela é do tipo de certas regionais de alminhas, pequena,
a porta rectangular, datada de 1865, com os cunhais tratados,
bem como a linha da empena.
O topo interno é cheio da parte de baixo, a semelhar mesa de
altar, e em cima por painel pintado à maneira popular. Vê-se no
alto deste, Cristo-crucificado; à esquerda a parte religiosa tradicional
com Santo António e abaixo a Senhora do Carmo e as Almas
do Purgatório; é à direita e em cima o sacerdote a conversar ou a
confessar os quatro outros, a seu lado o pinheiro donde pendem
os enforcados, na parte inferior a cena do fuzilamento.
Na parte da mesa lê-se: Aqui foram mortos pelos franceses/ a 11
de maio de 1811(sic) o Verº Pe João de Sá Rocha e seu irmão e outros/
nascidos no lugar de Esmojães, freguesia de Anta.
Abaixo e ao lado direito: Por gratidão de sua/ sobrinha Frcª de
Sá d’Oliveira/ do lugar de Idanha/freguesia de Anta. Ao outro os
versos ingénuos: Vós que tendes sentimentos/lembrai-vos dos nossos
tormentos/Vós que aqui passais/Lembrai-vos de nós cada vez mais!
Se estas palavras foram escritas com a intenção do pedido
usual de preces, sejam hoje o duma grata e comovida lembrança
por aqueles que, em seus limitados recursos, procuraram vingar
a Pátria e deixar nobre exemplo de firmeza moral e indefetível
vontade de a continuar livre e senhora dos seus destinos.
Tão alto é o significado desta modesta capela que deveria ser isolada,
tratada a sua envolvência, assinalado o seu sítio a quem passe.
No sítio das Barrancas, no antigo trajecto da estrada, hoje levemente
afastada pela posterior rectificação, já no concelho de Gaia,
uma outra mais modesta comemora Manuel da Rocha. No interior,
o quadro do tipo tradicional; sobre a porta uma lápide de mármore,
mais recente, diz: Barrancas/11 de maio de 1809/ Manuel de Sá Rocha
Capela do Pinheiro das Sete Cruzes
310 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Capela do Pinheiro das Sete Cruzes
é fusilado/ pelos franceses, à vista de sua Mãe/ Esta cai também morta de
dor/Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso (ID.:IBID:92 e 93).
O Padre Miguel de Oliveira (Campanha: 11 e 12), apresenta
também a sua versão dos acontecimentos, dizendo que ainda é
viva a vindicta sangrenta, a última que os franceses praticaram
na retirada, com o seguinte relato do acontecimento.
Vagueava por esta região um indivíduo de má fama e piores
ações, chamado Catafula. Era de Olivães, freguesia de Nogueira
da Regedoura.
Um dia, num esforço patriótico, matou três soldados franceses.
O Catafula quis confessar-se e foi chamar o Padre João de
Sá Rocha, capelão do convento de Monchique (Porto) que se
encontrava em Anta, sua terra natal.
Os franceses obrigaram o Padre a revelar a confissão do Catafula,
para virem ao conhecimento de todos os seus cúmplices.
O venerável Padre Rocha cumpriu nobremente o seu dever:
não revelou uma só palavra da confissão do Catafula. Por isso
foi arcabuzado e pendurado no histórico Pinheiro das Sete Cruzes
juntamente com o seu irmão Manuel, com o Catafula e mais
quatro condenados. Manuel de Sá Rocha fora morto pelos franceses
no sítio das Barrancas e depois arrastado até junto dos
cadáveres do irmão Padre e companheiros executados.
Passados anos, uma sobrinha do virtuoso Padre Rocha, de
nome Francisca Alves de Sá, da Idanha (Anta), mandou construir
construir, junto ao Pinheiro, uma Capelinha, em cujo retábulo
mandou gravar estes dizeres:
Aqui foram mortos pelos franceses a 11 de maio de 1809, o
venerando Padre João de Sá Rocha, seu irmão Manuel e outros
nascidos no lugar de Esmojães, freguesia de Anta.
Vós que tendes sentimentos
Lembrai-vos dos nossos tormentos
Vós que por aqui passais,
Lembrai-vos de nós cada vez mais
Interior da Capela do
Pinheiro das Sete Cruzes
Há também notícia de que os franceses mataram dois homens
nas Airas (S. João de Ver) e desceram para Arcozelo onde
praticaram roubos e outras violências.
Aliás, em carta dirigida ao nosso ministro da guerra, sobre as
operações no Minho, disse Artur Wellesley: Tenho visto muitas pes-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
311
soas pendentes, enforcadas em árvores ao longo das estradas, executadas
por nenhuma razão que eu possa saber, senão porque não eram amigas da
invasão dos franceses, nem da usurpação do seu país, e podia traçar-se a
rota da sua retirada pelo fumo das aldeias a que foram lançando fogo.
O Pinheiro das Sete Cruzes, uma relíquia única no País, é
hoje propriedade nacional, embora situada numa quinta particular,
que sendo uma árvore secular, tinha ainda, em 1945,
bastante vida. Foram ali fuzilados o Padre João de Sá Rocha, o
seu irmão, entre sete portugueses. Nas rameiras deste histórico
pinheiro foram pendurados os cadáveres das vítimas, ficando
durante algum tempo ali expostos ao público a atestar a sanha
dos invasores franceses.
CAPELAS PRIVADAS
CAPELA DA QUINTA DE MELADAS
A capela é do tipo seiscentista, dedicada a Nossa Senhora do
Pilar, é pequena e baixa, como era usual nas antigas casas. Tratada
na frente por meio de pilastras nos cunhais, porta de cornija,
linhas rectas na empena. Porta lateral para o pátio. Retábulo de
madeira dourada, dos fins do século XVII, de tipo plano, quatro
colunas torcidas e só de parras, com pequeno remate. A escultura
da titular, pequena, data do século seguinte (ID.:IBID:92 e 93).
Esta capela é comemorativa da antiga igreja paroquial de
Meladas, cuja freguesia foi extinta devido a uma grande peste e
fome que dizimou quase toda a população e que tinha como passal
a atual quinta de Meladas, que pertenceu à família Vanzeller.
Antes de ser igreja paroquial era ermida do padroado do
mosteiro de Grijó. Em 1320, tinha rendimentos muito modestos,
estando taxada em 10 libras. Em 1365, o referido mosteiro
recebia desta ermida uma fogaça de alqueire e meio de trigo, 2
capões e uma cabaça de vinho (Livro das Campainhas:1986:28).
Em 1707, o licenciado José Palmer da Silva, da cidade do Porto,
solicitou a reedificação da capela de Nossa Senhora de Agosto
que era dos fregueses, e queria mudá-la para a reedificar na
sua quinta de Meladas ficando a fábrica por conta dos fregueses
como era dantes outro sítio e pretendia obter a respetiva licença.
Passou a chamar-se capela de Nossa Senhora de Meladas.
Feita a visita após a reconstrução no referido local verificou-se
Exterior e interior da Capela da
Quinta de Meladas
312 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Patena
que estava acabada com retábulo e os ornamentos necessários
para se poder celebrar missa. (08/001).
Capela semi-pública, mereceu um requerimento de Rita Vasconcelos
Porto Vanzeler, em 10 de julho de 1947, invocando que
lá não se exercia o culto durante mais de vinte anos e que agora
era necessária uma grande reforma, deitando-se armação nova,
soalho, reboco de paredes e pintura.
Foi solicitado que o pároco a pudesse benzer após a realização
das obras.
Tal foi feito em 1947.
A capela era antiquíssima, propriedade particular da família
Vanzeller, que sempre a zelou cuidadosamente e franqueou em
certo dias do ano ao povo até à implantação da República, data
em que foi acintosamente arrolada. Desgostosos os proprietários
abandonaram-na, deixando-a fechada depois de lá retirarem os
objetos religiosos.
Em 3 de outubro de 1926, Fernando Vanzeller e esposa enviaram
um documento à Comissão Administrativa comunicando
que pretendiam intentar uma ação cível de processo ordinário
contra o Estado, porque no cumprimento da Lei de 20 de abril
de 1911, a referida capela foi arrolada pelo Estado, que pertencia
aos autores, em 3 de novembro de 1911, com as imagens de Nossa
Senhora das Candeias e de Nossa Senhora do Pilar. Nunca a estes
foi retirada a posse efetiva da mesma capela e só extrajudicialmente
tiveram conhecimento de que ela havia sido arrolada e inventariada.
Logo que tal souberam fizeram uma reclamação graciosa
que foi julgada improcedente. Esta capela havia sido construída a
expensas do Reverendo José Palmer Xavier, tio em grau remoto
dos autores o qual sempre a conservou em seu domínio e posse,
direitos estes que transmitiu e têm sido mantidos pelos seus
herdeiros. A referida capela achava-se construída sobre o terreno
dos autores, tendo aliás a sua frente para o caminho público que
divide a quinta em duas partes. É certo que por tolerância dos
proprietários exercia-se na dita capela o culto público em certos
dias do ano mas isso nada significava contra a sua propriedade indiscutível.
Consideravam que tinha o valor de 5 mil escudos. Face
a esta exposição, o presidente era de opinião que a capela era dos
ditos proprietários, não tendo a Junta nem a freguesia qualquer
domínio sobre ela e que aos proprietários deveria exigir-se que
franqueassem a capela com inteira liberdade do povo querendo-se
utilizar dela como era costume, desejando apenas ver reservado
esse direito. Os restantes membros da CA manifestaram o seu
acordo a este parecer. Deviam assim os proprietários disponibilizar
a capela aberta nas ocasiões seguintes:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
313
1ª – Dia 2 de fevereiro, a que chamavam o dia de Nossa Senhora
das Candeias, tendo lugar na capela, entre outras cerimónias
a bênção da cera;
2ª- Dia anterior à Ascenção, dia em que a Igreja celebra as
Rogações, ou seja, o 3º dia das Ladainhas de maio, como é vulgarmente
conhecida, saindo da igreja matriz uma procissão que se
dirigia à capela, onde tinha lugar a conclusão desta cerimónia,
fora e dentro da mesma capela;
3ª – Segundo domingo de agosto em que se realizava uma
festa de culto interno e externo denominada Senhora do Pilar,
celebrando-se missa solene e estando a capela, durante o dia à
disposição do povo;
4ª – Dia 15 de Agosto em que ali se celebrava a segunda missa
com a assistência do povo.
Sendo assim a CA considerou incontestavelmente que a capela
pertencia aos ditos proprietários, reassumindo a sua posse e
domínio sob as condições atrás expressas.
A CA deu plenos poderes ao seu presidente para a representar
em juízo, podendo passar uma procuração a um advogado
que ficasse encarregado do processo (AJFM:Liv.de Atas nº 7).
Mais tarde, a víuva do dr Cristiano Vanzeler restaurou-a ficando
muito linda.
Não havia lá nada que brigasse com a decência. Tinha interiormente
as medidas de 6,5 x 4m.
Tem a porta principal voltada para a via pública, estando a
fachada dela unida ao portão e a um alto muro que veda a quinta.
Tem duas frestas em grade de ferro e vidros e também umas
pequenas portas que dão acesso à sacristia e ainda um pequeno
pátio que dá passagem para a casa do caseiro e a um pátio grande
que fica fronteiro à casa dos proprietários. Tem uma sineira
com uma antiga sineta, um rico altar com retábulo de talha dourada,
pedra de ara sagrada com o santo sepulcro inviolado, dois
crucifixos, um dos quais está na sacristia, um missal com estante,
dois muito antigos, um cálice de prata dourada com patena, quatro
casulas de damasco branco, uma casula de veludo vermelho,
três bolsas de corporais, alguns corporais, sanguinhos e manustérgios
de linho, algumas toalhas de linho para o altar três salvas
de linho fino e renda, duas credências, uma cómoda, algumas
gavetas, treze imagens, estando cinco em nichos do altar.
Em 5 de setembro de 1947, o Pároco Padre António de Oliveira
Maia, devidamente autorizado por provisão do Senhor
Cálice e Patena
314 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Bispo, procedeu à bênção da capela de Nossa Senhora do Pilar
na presença de Fernando Vanzeler, José Alves, Aventino Pereira
Monteiro e Irene Alves Fernandes (001/0701).
CAPELA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
OU DE S. BRÁS
Está situada no lugar de Sobral, tendo sido seu fundador o Padre
Celestino Pinto Ferreira em 1852. Era lugar de oração, de celebração
de missas e de saída de algumas procissões. Numa determinada
altura, Joaquim Sousa Barros (Ripolim) ofereceu a imagem
de S. Brás, como pagamento de promessa, pelo que passou a ser
denominada pelo nome deste santo. Atualmente está em ruínas.
CAPELA DE S. JOSÉ DE MOZELOS
Em 1671, foi solicitada a edificação desta capela.
Nas Memórias Paroquiais, aparece situada no lugar de Almeixa,
do qual há indicações de nascimentos até 1810.
Foi administrada por Miguel Faria Lobo e tinha a obrigação
de missa rezada todos os Domingos e dias santos de guarda e uma
em dia de Sta. Teresa de Jesus, outra em dia de Sta. Rosa. No dia 4
de maio tinha um ofício de cinco padres na paróquia de Mozelos.
Tudo isto constava no título da dita Capela. Tinha renda sabida
que lhe pagava a mitra do Porto de oitenta alqueires de centeio e
vinte e sete alqueires de trigo e vinte e nove de milho, dez galinhas
mais seis alqueires de centeio e meia canada de manteiga.
Não foi possível saber o local exato da sua implantação.
ALMINHAS
ALMINHAS DO SENHOR APARECIDO
Estão situadas no lugar de Goda e terão sido fundadas em
1782 pela família Coelha.
A razão da sua construção prende-se com o facto de, num dia
muito invernoso, a senhora Coelha viu uma imagem do Senhor
e a família mandou edificá-las. Está atualmente à responsabilidade
dos descendentes da referida família.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
315
OUTRAS ALMINHAS
Em 1959, o pároco, padre António de Oliveira Maia mandou
elaborar um projeto para executar, no muro de suporte do cemitério,
umas alminhas. Esta obra seria executada em cantaria lavrada a
pico fino, devendo as juntas apresentar a menor espessura possível.
Na parte inferior haveria uma peça de bronze, chumbada,
com uma ranhura para esmolas.
Inferiormente, prevê-se uma porta em chapa de ferro pintada
que permitia o acesso à caixa das esmolas (APM:Doc. Avulso).
Para além das referenciadas, há ainda as Alminhas da Vergada
(três Alminhas), uma na Rua do Alecrim, uma no Gesto
(na rua da Seitela), uma na Rua de Prime, uma no Outeiro do
Moinho e uma na rua das Arnelas.
Alminhas no muro do Cemitério
CRUZEIRO
Fica no extremo do terreiro (arraial) da Igreja. Deve ter sido
deslocado de outro ponto. Poderá ser do século XVII. Grande,
de braços rectangulares, faces percorridas de almofadados bem
marcados, pedestal decorado de motivos simples.
RESIDÊNCIA PAROQUIAL
Em épocas anteriores, foi feita referência à existência e estado
da residência paroquial.
Em 1857, é referida a existência da residência paroquial e em
1871, as sessões da Junta eram lá realizadas.
Em 5 de agosto de 1912, o pároco, Padre José Alves Coelho
entregou à Junta as chaves da residência paroquial em virtude da
intimação que recebera para a despejar (AJFM:Liv. de Atas nº 5).
No século XX, há vários documentos referentes às obras realizadas:
30.09.1929 – Obras de pedreiro – 4.300$00;
Outras obras – 12.837$45;
25.11.1929 – Obras no montante de 1600$00;
15.02.1930 – Obras diversas – 47.200$00;
17.05.1930 – Obras diversas – 25.500$00;
06.12.1930 – Obras de trolha – 13.199$45;
316 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
28.12. 1930 – Trabalhos e materiais de obras – 11.000$00;´
15.01.1934 – Obras diversas – 13.199$00 (ID.:IBID.).
Ao longo dos tempos, a comunidade foi contribuindo em
trabalho, materiais e dinheiro para obras. Várias empresas da
freguesia também deram a sua contribuição financeira, tendo,
um empresário, contribuído com 25.000$00.
Também a CM de Santa Maria da Feira concedeu um subsídio
de 25.000$00, correspondendo assim a um apelo do pároco
feito às autarquias, às empresas e aos paroquianos.
Em 8 de novembro de 1993, o conselho económico da paróquia
de Lourosa contribuiu com 500 contos para as obras de restauro e
de beneficiação da residência, justificando esta contribuição com o
facto do seu pároco, padre José Coelho, usufruir, há vários anos,
desse espaço como sua residência. (APM: Doc.Avulso).
SALÃO PAROQUIAL/CENTRO PAROQUIAL
Em 31 de janeiro de 1972, a Junta manifestou o seu incómodo
e a vergonha pelo chamado salão paroquial, revelando que
pretendia proceder à sua demolição, bem como do espaço onde
funcionava a Junta de Freguesia, o muro da residência paroquial,
alinhando assim toda aquela zona para a casa denominada a República.
O Presidente da Câmara, Alcides Branco, não só aceitou
a dita demolição, como prometeu a construção de um novo edifício
destinado a casa da Junta.
Entretanto, a Junta entrou em negociações com o pároco da
freguesia, Padre António de Oliveira Maia para auscultar sobre
a possibilidade de serem satisfeitas as intenções atrás formuladas.
Foi sentida a necessidade de marcar uma audiência com
o Senhor Bispo ou um seu representante. Foi constituída uma
comitiva formada pelo executivo da Junta, pelo Pároco e pelo
Regedor que foi recebida pelo Vigário-Geral da diocese que fosse
remetido um ofício ao Pároco pedindo a demolição do referido
salão, o que foi cumprido. O Pároco reuniu, entretanto,
com a Comissão Fabriqueira para dar o seu parecer favorável
à pretensão. Depois da entrega desta documentação, foi exigida
uma declaração da Junta, onde era cedida parte da casa sede.
Foram realizadas consultas nas Finanças onde foram pedidos
os elementos necessários que justificassem como propriedade da
igreja o referido salão, tendo sido exibido um auto de entrega e
demais documentos justificativos que pudessem ser exibidos pelos
vindouros e todos os mozelenses que quisessem saber como
tinham decorrido estas transações da demolição,entre a Junta, o
Paço e a Paróquia (AJFM:Liv. de Atas nº 12).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
317
Sentia-se a necessidade de um salão paroquial. Quando era
pároco, o padre António de Oliveira Maia, foi elaborado um
projeto e feitos orçamentos das obras:
Pedreiro – 98.000$00;
Trolha – 62.000$00;
Carpinteiro – 28.000$00;
Restantes artes – 15.000$00;
Total – 203.000$00.
Honorários na elaboração do projeto – 2.000$00;
Honorários do cálculo de betão – 2.000$00;
Fiscalização durante a construção – 3.000$00;
Total – 7.000$00 (APM:Docs. avulsos).
Em 11 de abril de 1995, o pároco, padre Bernardino de
Queirós Alves, enviou aos paroquianos uma carta em que falava,
de novo, na construção do Centro Paroquial, o que já havia
sido feito aquando do canto das janeiras. O padre Bernardino
confessava que não se poderia esperar mais tempo, pois, se tal
não acontecesse, daí resultaria um prejuízo sério para o desenvolvimento
humano e da fé de muitos cristãos.
Não havia espaços suficientes para as atividades pastorais, nem
salas para trabalhos de grupos, designadamente, catequese, serviço
de jovens, grupos de formação e de oração, conselho pastoral,
entre outros. Daí a urgência de começar em breve a construção.
Revelava ainda que Mozelos era das poucas paróquias que não
tinha um centro paroquial Nesta carta, o pároco solicitava a cada
paroquiano que integrasse uma comissão de angariação de fundos.
Entretanto, a Câmara Municipal já dera o seu contributo,
elaborando o estudo do terreno e retocando o projeto da obra.
Foi constituída a seguinte comissão de obras:
Joaquim Ferreira da Costa, José Pinho Ferreira, Manuel Oliveira
Martins e Domingos Pereira do Espírito Santo.
Foi decidido avançar com a obra em duas fases:
1ª – Passagem por casa dos paroquianos, para obter contributos,
sob várias formas, organização de uma lista de empresas
e listagem de emigrantes;
2ª – Contacto com várias entidades e estudos de outras formas
de atuação.
Foram constituídas equipas de paroquianos em cada lugar da
freguesia (APM: Doc. Avulso).
Em 1996, o Grupo Amorim contribuiu com 8 mil contos
para as obras do Centro Paroquial.
318 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 1967, a Câmara Municipal concedeu um subsídio de
6.000 contos para a construção do Centro Paroquial.
O Centro foi inaugurado em 21 de setembro de 1997, com a
presença do bispo da diocese, do presidente da Câmara, do presidente
da Junta, dos membros da comissão de obras e de grande
número de paroquianos.
Na circunstância o pároco, padre Bernardino, referiu que todos
sem excepção estamos de parabéns e integro também todos os operários
e empreiteiro. Muita gente simples fez esforço e teve que fazer contas à
vida para partilhar o que partilhou, tirando a outras coisas nem sempre
secundárias. Ora isto tem muito valor. Alguns fizeram-no em silêncio,
anonimamente. (…) A obra é de todos e para todos. Para o ter, só
tem valor se está ao serviço do ser, (…) Aqui queremos fazer a promoção
humana, apoiar jovens e crianças com actividades variadas. Queremos
apoiar as famílias nos grandes problemas e desafios que lhes são feitos.
Queremos alegrar a vida dos tristes, acolher os que andam errantes, dar
sentido à vida daqueles que o perderam (APM: Doc. Avulso).
Salão Paroquial de Mozelos
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
319
PATRIMÓNIO MÓVEL
Em 1836, quando foram constituídas as Juntas das Paróquia,
procedeu-se ao inventário de todos os objetos pertencentes às
confrarias eretas na igreja paroquial.
CONFRARIA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
Um cálice, um vaso de prata pequeno do sacrário, um dito
de pau pequeno do dito, um padrão de latão com Santo Cristo,
quatro lanternas de folha-de-flandres, sendo duas velhas, uma
lâmpada de latão, duas bandeiras de damasco, vermelho com
cruzes de latão, treze opas sendo cinco com bom uso, um par de
cortinas de damasco vermelho com sanefa e galão de lã, um dito
de chita com sanefa e galão de lã, um turíbulo de latão, naveta e
colher, um santo sudário, um frontal roxo de damasco com galão
e franja de lã, um pálio vermelho de damasco forrado de seda
com seis varas de latão, uma umbrela de oleado forrado de seda
branca, duas toalhas de altar, uma de paninho e outra de linho,
três morteiros de ferro, mais quatro lanternas douradas novas.
Legados que recebeu:
Diogo Soares, de Ermilhe, cada ano – 300 reis;
Manuel Fernandes Araújo – 90;
José de Castro – 100;
José Francisco Loje – 100;
Abade de Lourosa, Bento José de Torres – 300;
José Ferreira, de Outeiro do Moinho – 305;
Maria, solteira, do Rio – 50;
Custódia, viúva, da Quintã – 730;
Luis Cabreira, de Nogueira – 620;
José Alves Velho, de Nogueira – 55;
Manuel da Mora, de Ermilhe – 170;
José de Sousa, do Casal – 25;
Francisco da Conceição, de Seitela – 270;
Arnaldo Vanzeler, de Meladas – 1.150;
António do Oliveira, do Murado – 160;
Francisco do Pereira, do dito – 135;
José Francisco Espigado, do dito – 620;
Manuel Paes, do dito – 525;
Varas
Naveta
320 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Um alqueire de milho que é obrigado a pagar António de
Barros, de Crestuma, por disposição que fez o Padre João de
Barros Nogueira, que foi desta freguesia em 26 de maio de 1709;
Um ribeiro sito no Fundão, que lhe foi deixado pela mulher
de Joaquim Alves, do Outeiro do Moinho, que traz arrendado
Custódia Maria, viúva, da Quintã por 500 reis por ano.
Objetos pertencentes à Fábrica
a cargo do tesoureiro do Sacramento:
Custódia
Uma vestimenta de damasco verde, três ditas de seda branca,
duas ditas de damasco vermelho, uma dita de seda roxa, uma
dita de dita preta, uma dita de bélbute preto, uma capa de asperges
de seda roxa, uma dita da dita usada, um frontal de seda
brana, seis cordões de linho, uma estola paroquial nova de seda
roxa, uma dita de seda velha, um porta celi de seda, uma bolsa
de seda vermelha com véu e corporal, uma dita da dita verde
com véu e corporal duas ditas da dita brancas com véus e corporais,
uma dita da dita roxa com véu e corporal, três alvas de
linho com flores de talagage, uma dita de paninho com folhas da
dita, três toalhas de linho de lavatório, uma toalha de altar-mor
de paninho com folhas de caça, três amitos de linho, um ritual de
Paulo V, dois livros de defuntos, dois missais, uma chave do sacrário
de prata, um crucifixo da sacristia, uma mesa de castanho
com dois gavetões e dois armários, uma cadeira paroquial, um
vaso de estanho, umas sacras e umas galhetas de vidro.
Objetos que se acham a cargo do Juiz da Cruz:
Uma cruz de latão com Santo Cristo, uma opa de seda vermelha
usada, duas ditas de serafina uma vermelha e outra roxa,
uma manga de veludo vermelho da cruz, uma dita do dito preto,
uma caldeira de latão, uma campainha de metal um sino que
existe na torre, quebrado.
Objetos pertencentes à Confraria de Nossa Senhora
do Rosário e a cargo do seu tesoureiro:
Cruz processional
Uma cruz de latão com Santo Cristo e a sua manga;
Duas lanternas de folha de flandres;
Duas bandeiras de damasco uma verde, outra branca com
suas cruzes de latão;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
321
Uma vara de latão do tesoureiro a acompanhar a procissão;
Quinze opas de saetas, oito velhas e sete usadas;
Um par de cortinas e sanefa de damasco vermelho com galão
de prata dourada;
Três cortinas de damasco vermelho velhas;
Duas toalhas do altar em mau estado;
Uma lâmpada de latão;
Quatro castiçais e cruz de pau com crucifixo;
Três morteiros de ferro;
Mais cinco opas de seda vermelha;
Existe no cofre em poder do tesoureiro em dinheiro – 2.130 reis;
Um assinado feito por João Pereira e mulher, do Fundão da
quantia de 40.800 reis de juro, aos 28 dias de Dezembro de 1834.
Legados:
Uma obrigação a pagar cada ano a António de Barros, de Crestuma
por disposição feita aos 26 dias de maio de 1709 para o Padre
João de Barros Nogueira de um alqueire de milho. É obrigado a
pagar Joaquim Pereira da Cruz, do Casal, um alqueire de milho.
Castiçal
Objetos pertencentes à Confraria de Santa Luzia e
que se acham a cargo do seu tesoureiro:
Um véu de ombros de damasco branco com galão de seda;
Uma alva de pano de linho;
Duas dalmáticas de damasco branco com galões de seda;
Uma casula com seus pertences;
Duas peças de cetim vermelho do altar;
Duas lanternas de folha de flandres com vidros;
Um padrão de latão;
Uma bandeira de lã;
Seis opas usadas de sarafina, sendo três ordinárias;
Sete ditas de seda, quatro brancas e três vermelhas;
Quatro castiçais e uma cruz de pau.
Existe um cofre em poder do tesoureiro:
Um assinado de Manuel José de Oliveira da Conceição feito
em 13 de fevereiro de 1822 na importância de 36.750 reis, de que
se pagou por conta em 10 de abril do corrente ano 20.000 reis
que param em mão do tesoureiro José Fernandes Ribeiro;
Andor de Santa Luzia
322 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Um dito de Inácia Maria, viúva, hoje seu filho António Carvalho,
feito aos 20 dias de fevereiro de 1822 na importância de
13.860 reis;
Um dito de Manuel Lopes e mulher feito em 19 de junho
de 1831 na importância de 12.600 reis;
Um dito de António de Oliveira e mulher feito aos 28 dias
de junho de 1831 na importância de 13.790 reis.
Objetos pertencentes ao Mártir S. Sebastião e a cargo
do tesoureiro de cera:
Casula
Duas opas novas de princesa;
Duas opas velhas de saeta;
Cinco toalhas de altar ordinárias;
Uma lâmpada de latão;
Um caixão de guardar a cera;
Quatro castiçais e uma cruz do altar.
Objetos pertencentes à Confraria das Almas e a cargo
do seu tesoureiro:
Três opas de saeta branca com murça verde em bom uso;
Uma bandeira de lã com cruz de latão;
Quatro castiçais e uma cruz do altar.
Opa
Em 30 de novembro de 1839, a Junta entregou um cortinado
de damasco de seda a Manuel Fernandes de Araújo para ele
o guardar, sendo apenas obrigado a dá-lo para servir nos dias
festivos da paróquia, não o podendo emprestar para fora da freguesia.
De cada vez que o emprestasse e caso tal viesse ao conhecimento
da Junta, haveria procedimento correcional contra ele,
sendo condenado na quantia que o delegado julgasse merecedor
e que nunca seria inferior a menos de 7. 200$000 até 15.000$000.
Ficaria obrigado por sua pessoa e bens a cumprir tais normas.
Em 5 de março de 1858, procedeu-se a nova revisão dos inventários
das confrarias, o mesmo acontecendo em 11 de agosto
de 1861 e 18 de maio de 1862, 20 de março de 1864, 10 de
setembro de 1876 e 16 de Dezembro de 1878 (AJM: Junta da
Parochia: Capítulo I: livro nº 9: 1 a 17v).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
323
AUTO DE ARROLAMENTO
Em 3 de novembro de 1911, procedeu-se ao auto de arrolamento
dos bens da igreja de Mozelos, no decurso da Lei de
Separação da Igreja e do Estado (AHMSMF- 7- Liv. 116).
Em 28 de março de 1915, o Administrador do Concelho solicitou
à Junta que convocasse os membros do Agrupamento Cultual
Transitório da freguesia para que comparecessem na casa
das sessões da Junta para fazerem entrega dos objetos de culto
pertencentes à igreja dos quais eram detentores ou responsáveis
e receberam a respetiva quitação. Em 30 de março, realizou-se a
dita reunião tendo sido entregues os diferentes objetos de culto e
atribuídos os respetivos valores (AJFM: Liv. de Atas nº 6).
Em 28 de setembro de 1929, foi dada a informação na sessão
da CA que fora publicado no Diário do Governo 1ª série, nº
143 de 26 de junho, o auto de entrega à Corporação Fabriqueira
Encarregada do Culto Católico da freguesia de Mozelos a igreja
paroquial, as capelas de Meladas e do Pinheiro da Cruz, com as
suas dependências, objetos de culto, quintal anexo à residência
paroquial, a antiga residência, excepto a parte ocupada pela escola,
para além de todos os bens móveis constantes no Auto de
Arrolamento (ID.:Liv. de Atas nº 8).
Em 10 de julho de 1929, foram entregues ao pároco da freguesia
padre Manuel Vieira Pinto, como presidente da corporação
encarregada do culto católico da freguesia de Mozelos, no
cumprimento da portaria nº 62445 de 22 de junho de 1929, os
bens imóveis e móveis da Igreja Paroquial, que tinham sido subtraídos
à posse da Igreja em 3 de novembro de 1911, por força da
Lei de Separação da Igreja do Estado (AHMSMF- 7- Liv. 116).
Foram entregues para uso e administração da paróquia de
Mozelos a igreja paroquial e as capelas de Meladas e do Pinheiro
das Cruzes com as suas dependências e objetos de culto, quintal
anexo à antiga residência e desta parte não ocupada pela escola
do ensino primário geral, bens estes oportunamente arrolados
por efeito legal, mandava o Governo da República que àquela
corporação se fizesse entrega do que agora lhe fica pertencendo,
o que se fez com a intervenção do administrador do concelho,
pelo presidente da comissão administrativa da freguesia de Mozelos,
foi entregue ao presidente da corporação encarregada do
culto católico. Seguem os bens aplicados ao culto público da religião
católica da freguesia de Mozelos, de que se vinha tratando
e que, em devido tempo, foram arrolados, a saber:
Igreja matriz com sua torre com dois sinos e duas sacristias
contíguas que fazem entrejunto do mesmo edifício pelo lado do
nascente e compondo-se a igreja dos seguintes altares:
Iconografia de Santa Luzia
324 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Altar de Santo António
Cálice
Capela-mor com seu altar, trono, painel pintado a óleo e mais
quatro altares da invocação do Senhor, da Senhora, da Santa
Luzia e do Mártir.
Imagens distribuídas pelos altares: Capela-Mor, S. Martinho
e um grupo de Nossa Senhora, Santa Ana e Menino.
Altar do Senhor – imagem do Senhor dos Aflitos, Senhora
das Dores e Coração de Jesus.
Altar da Senhora – Senhora do Rosário, Menino Jesus e Coração
de Maria.
Altar de Santa Luzia – duas imagens de Santa Luzia, Santa
Gertrudes e S. José.
Altar do Mártir – imagem de S. Sebastião, Santo António,
Senhora do Parto e Menino Jesus.
22 castiçais de madeira dourada, 5 crucifixos, 15 sacras, tudo
distribuído pelos diferentes altares.
Um batistério com pia de pedra e 1 crucifixo e 2 castiçais
de metal amarelo, uma lâmpada de metal amarelo, 3 lustres de
cristal, 8 de tocheiros de madeira, sendo 4 bons e 4 ordinários,
14 quadros de via- sacra, 6 confessionários feitos de madeira, 2
credências, 3 bancos de madeira, uma cadeira paroquial, 3 missais,
escadas de madeira, sendo uma de abrir, 50 jarras de louça
de diferentes tamanhos e feitios, 40 ramos de flores artificiais, 10
toalhas de linho, grandes, 5 pequenas.
Na sacristia, um gavetão de castanho, 3 armários de pinho, 4
bancos, um turíbulo e naveta de metal amarelo, uma caldeirinha
do mesmo metal, uma cruz paroquial do mesmo metal, 3 opas de
seda branca usadas, 7 opas de saeta vermelha usadas, 3 de seda
roxa, também usadas, 2 opas de morim brancas com capuz vermelho,
3 opas de seda branca usadas, um paramento com estola
e manípulos, vermelho, outro branco, outro vermelho e 3 alvas,
2 síngulos, uma estola paroquial roxa, um véu branco de ombros,
uma capa de asperges vermelha usada, outra roxa e 5 pares de
sacras, um baldaquino, uma campainha em bronze, 4 lanternas
ordinárias, uma armação de igreja composta do seguinte: cortinados
para o arco cruzeiro, dito para o altar do Senhor, dito para
o altar da Senhora, dito para o altar do Mártir, dito para o altar
de Santa Luzia, ditos para 3 portas laterais, ditos para os púlpitos
e um frontal para a porta principal tudo de pano vermelho adamascado,
sendo o frontal de baeta vermelha e uma coleção de
paramentos, branco, amarelo, para os atos festivos, outra coleção
de paramentos pretos. Uma vara de prata, no sacrário, um cálix
de prata e outro de metal amarelo e prata, uma cruz de prata,
uma salva do mesmo metal, uma coroa do mesmo metal e um
colar do mesmo e 3 opas de seda branca, um padrão de prata,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
325
uma bandeira de damasco branca, 6 opas de seda branca, uma
umbela de seda, um turíbulo de prata, uma naveta de prata, uma
custódia de prata, um vaso de metal, uma vara de prata, uma pala
de damasco, 6 lanternas de folha de Flandres, uma bandeira de
damasco vermelho e 6 opas vermelhas, 2 padrões de prata. Uma
caldeirinha e híssope do mesmo metal, uma coroa de imagem do
mesmo metal, uma campainha de metal branqueado, 6 opas de
seda branca em bom uso, 3 ditas usadas e 3 ditas brancas também
usadas e 3 ditas brancas também usadas, um padrão de latão e
3 opas brancas, uma bandeira de seda branca e 3 opas de seda
vermelha, mais a cruz paroquial de prata, uma salva do mesmo
metal, 2 castiçais do mesmo, uma bandeira de seda vermelha, 15
opas de seda vermelha, uma cruz de latão, 2 lanternas, 3 opas
vermelhas, uma bandeira de seda branca e 3 opas de seda branca.
Capela de Meladas com as imagens da Senhora das Candeias
e a do Pilar, sita no lugar do mesmo nome, a confrontar de norte
com caminho público e dos mais lados com Francisco de Vanzeler.
Capela do Pinheiro das Cruzes com painel a óleo, com motivos
da guerra peninsular, sita no Picoto, a confrontar no nascente
com estrada real, do Porto a Lisboa e dos mais lados com
Jacinto de Figueiredo.
Foi dito neste ato que sobre a posse da capela de Meladas
corre um litígio judicial (AMSMF: Livro dos Arrolamentos dos Bens
das Igrejas).
Turíbulo e Naveta
PATRIMÓNIO CIVIL
PATRIMÓNIO CIVIL
Na página anterior, sede da Fundação Albertina Ferreira de Amorim
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
329
QUINTAS E CASAS HISTÓRICAS
QUINTA DE MELADAS
Representa um antigo vínculo que nos últimos tempos era
indicado como dos Vanzelleres. Passou para a posse da Família
Ferreira Amorim. Na entrada, o portão moderno e, à sua direita,
a capela tradicional. Dentro, o largo pátio com a casa de vãos
rectangulares e ainda as secções agrícolas, ocupando o centro um
velho carvalho que o ensombra.
CASAS CONSTRUÍDAS COM A
HERANÇA DO BRASILEIRO
Há um conjunto significativo de casas construídas em Mozelos
e em Argoncilhe que foram pagas com o dinheiro resultante
da herança deixada pelo brasileiro António Alves Ferreira, que
tendo deixado Portugal com 9 anos, acumulou uma colossal fortuna,
no Brasil, resultante da sua atividade de farmacêutico, a
partir do seu doutoramento em farmácia. As informações sobre
estas casas foram extraídas da obra de Orlando da Silva, Manuel
Laranjeira, Vivências e Imagens de Uma Época.
– CASA DE BERNARDINO ALVES FERREIRA, SEITELA
A casa de Bernardino Alves Ferreira, irmão do brasileiro, no
lugar do Murado construída em 1892, foi mandada edificar por
ele, passados 2 anos após ter recebido o quinhão da herança.
Três anos mais tarde, mandou construir, para si e para a sua
família, um jazigo no cemitério da freguesia.
330 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– CASA DOS CAMELOS, VERGADA
Esta casa foi mandada construir por Salvador Fernandes Camelo,
irmão de Manuel Laranjeira, logo que entrou na posse
da parte da herança do tio da esposa, António Alves Ferreira, o
brasileiro. A herança não serviu apenas para edificar palacetes,
mas também para construir jazigos perpétuos, como o que foi
feito pelo dono da Casa dos Camelos, onde foi sepultada uma
sobrinhita de Manuel Laranjeira.
Esta casa terá sido comprada por Luís Ribeiro Nunes, avô
de Paula Ferreira Coimbra (1911-1989) que faleceu em S. Paulo,
Brasil, compra esta que ocorreu quando a fortuna de Salvador
Camelo entrou em colapso (Silva:OB. CIT.: 490) .
– CASA DE BERNARDINO FERREIRA COIMBRA,
VERGADA
Foi construída em 1892, oito anos antes da construção do jazigo
capela de José Ferreira Coimbra e de sua mulher Ana Maria
Regal, co-herdeiros da fortuna do brasileiro. D. Ana Maria era
irmã germana de António Alves Ferreira. Pertence, actualmente,
a Maria Zélia Nogueira Leando Oliveira.
– CASA DE MARIA FERREIRA COIMBRA (DO REGAL),
VERGADA
Esta casa que foi de Maria Ferreira Coimbra, foi construída em
1892, também com o dinheiro oriundo da herança do brasileiro. Pertence,
actualmente, a Henrique Barros.
– CASA-PALACETE DE DOMINGOS DO REI,
VERGADA
Domingos Fernandes da Silva (1861-1913), mais conhecido
por Domingos do Rei, regressou apressadamente do Brasil, para
onde tinha emigrado para casar com uma sobrinha do brasileiro,
Maria Alves Ferreira, que mal soube que o tio tinha falecido
repentinamente em Paris, habilitou-se ao quinhão que lhe cabia
da herança. Mandou então construir a sua casa na Vergada, em
1896. Domingos Fernandes da Silva, que, segundo testemunhos
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
331
da época, terá sido um cacique local. Foi a primeira pessoa da
Vergada a possuir automóvel.
– CASA DE ANA FERREIRA COELHO, MELADAS
Esta casa foi construída em 1899, com dinheiro da herança
do brasileiro.
– CASA DE SALVADOR COELHO DA SILVA NEVES,
VERGADA
Salvador Coelho da Silva Neves, casou com Delfina Alves
Ferreira, sobrinha do brasileiro e coherdeira da sua fortuna.
Seguindo o exemplo de outros herdeiros, esta família mandou
edificar um jazigo-capela.
Viviam temporariamente em Espinho, onde tinham casa
montada na rua de Bandeira Coelho.
Uma sua filha, de nome Maria, veio a casar com Augusto
Cupertino de Miranda, na altura, recém-formado em direito e
que veio a ser administrador do concelho de Espinho.
– CASA DA PANECA, VERGADA
Esta casa, como era conhecida na Vergada, pertenceu a Jacinto
Figueiredo, natural de Argoncilhe, que, tendo enviuvado de
uma outra sobrinha do brasileiro, casou, em segundas núpcias,
com Ermelinda Pereira Soares, doméstica, de Grijó, Vila Nova
de Gaia. O nome paneca era a alcunha de Ermelinda que, segundo
algumas informações, teria sido arrancada à prostituição,
cumprindo com a celebração do casamento, uma promessa feita
em transe aflitivo da sua vida. Ao contrário dos outros herdeiros,
Jacinto Figueiredo mandou construir um jazigo subterrâneo.
– CASA DA FAMÍLIA DO DR. FERREIRA DA SILVA
332 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
CASAS DO LARGO DO MURADO
Casa da Família Amorim, sendo, actualmente, sede da Fundação
Albertina Ferreira de Amorim.
– CASA DA FAMÍLIA DO DR. FEITEIRA MAIA
Local onde nasceu Dr. Feiteira Maia teve o seu consultório de
médico de clínica geral.
– CASA DA FAMÍLIA RIOS DOS SANTOS
Casa de D. Amélia da Quinta, onde nasceu o Padre Amaro
dos Santos. Actualmente, propriedade de Serafim Rios dos Santos.
– CASA DE HENRIQUE MARTINS
Casa originalmente edificada por Roberto Milheiro da Costa.
– CASA DE HABITAÇÃO DO DR. FEITEIRA MAIA
Atualmente habitada por sua esposa.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
333
– CASA DO DR. FERNANDO COSTA
Habitação e local do seu consultório de clínica geral. Seu filho
Roberto construiu e viveu numa casa, também no Murado,
posteriormente adquirida por Henrique Martins, .
– CASA DE AMÉRICO PAULO AMORIM
Outrora proeminente industrial de cortiça mozelense.
CASA DE BERNARDINA PINTO TAVARES
Construída em 1879 tendo sido adquirida por Vitorino Alves
Ribeiro, que, por sua vez, a vendeu a Joaquim Alves Miranda,
seu actual proprietário.
CASA DA QUINTÃ
Propriedade original de família Amorim da Quintã, erigida
em 1774, posteriormente adquirida por Álvaro Coelho
Edifício primitivo da Quinta da Quintã.
334 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
CASA DE MAXIMINO MARTINS
Ainda proriedade da família, mas tualmente desabitada
CASA DE JOÃO ESPÍRITO SANTO
Originariamente propriedade do Prof. Teixeira.
PATRIMÓNIO INSTITUCIONAL
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
337
ASSOCIATIVISMO CIVIL E RELIGIOSO
EM MOZELOS
IGREJA HOJE E AQUI
A Igreja é em primeiro lugar o Povo congregado à volta do
seu Senhor, que se apresenta como o Pastor que conduz o seu
rebanho e conhece cada uma pelo seu nome. É o espaço humano
onde se vive a fé, a esperança e a caridade. Está no meio do
Mundo como sal, luz e fermento. Tem um projeto (o Evangelho)
e atua com a sua força no mundo para o tornar humano, justo
e fraterno. A defesa da dignidade de cada pessoa é a sua preocupação
central. É um Povo unido na diversidade de línguas e
culturas como o Pentecostes o expressa.
Acompanhando a história dos homens, vive solidária com
todas as mudanças e partilha da condição sofredora ou alegre
das pessoas e dos povos. Defende a igualdade de tratamento de
todas as pessoas e promove relações de partilha e comunhão entre
todos. Somos uma grande família à volta do Pai Comum.
Promovemos o Ecumenismo e o diálogo que leva á reconciliação.
Este espírito era mais forte no testemunho das primeiras
comunidades cristãs que se seguiram à era apostólica.
Com as perseguições dos primeiros séculos, provocou-se a
diáspora e a Igreja espalhou-se por várias terras e cresceu. Isso
exigiu que se organizassem e a Igreja tornou-se uma Instituição.
Nos nossos dias temos uma Igreja numerosa e com forte impacto
na sociedade e no Mundo.
Hoje ela está presente em todo o Mundo e tornou-se Comunidade
de Acolhimento, dando relevo à dimensão missionária,
levando a Boa Nova aos mais sofredores e carenciados e criando
estruturas de libertação, de solidariedade e de promoção e educação
para a Paz.
Hoje a Igreja tem um papel decisivo na Sociedade e tornou-se
uma grande instituição com serviços em todas as vertentes da
vida humana. Qualquer abordagem acerca da Igreja tem que
abordar os dois aspetos: Instituição e Carisma.
Ao longo da história a Instituição muitas vezes se deixou influenciar
pelo poder e modos autoritários de o exercer. Esqueceu-se
que o poder é serviço, como nos mostra a festa de Cristo
338 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Residência paroquial
Rei. Muitas vezes a relação Carisma/Poder (instituição), tornou-se
competitivo e com episódios de rutura. Apesar disso, a Igreja teve
ao longo da História gestos e vivências proféticas salvando pessoas
e povos de morte e da miséria. Esta ação da Igreja, marcou a
história passada e recente. E, hoje com o Papa Francisco, isto torna-se
claro com o reconhecimento generalizado e surpreendente.
Muito haveria a dizer sobre a Igreja em Mozelos e do seu
crescimento no meio da dor. Muitos acontecimentos marcaram
estes últimos 50 anos de vida.
Mas todos os acontecimentos se devem ler no seu contexto,
pois o texto sem contexto é pretexto. Muitos acontecimentos tirados
do seu contexto ou sem análise das causas pode levar a uma
leitura distorcida ou errada.
Hoje a Igreja em Mozelos procura acompanhar as mudanças
em curso com o forte impacto dos serviços diocesanos e seus Bispos.
Se virmos um organograma da Diocese, veremos como a
Igreja quer estar em todos os espaços da vida dos homens e mulheres
do nosso tempo e ser presença de renovação, criatividade
e participação.
A Igreja do Porto é cada vez mais uma Igreja Acolhedora,
atenta, missionária, abrindo janelas de esperança a tantos que
vivem sem vez e sem voz. A Igreja tem caminhado ao lado deles
em caminhos de libertação e de vida.
Também a Igreja em Mozelos está atenta e ativa. As suas
estruturas de participação e dinamização são disso o sinal. O
Centro Pastoral dá apoio a todos os grupos da Pastoral.
• O Conselho Pastoral representa todos os sectores da Pastoral
e coordena toda a ação da Igreja.
• A Comissão dos Assuntos Económicos faz a gestão dos recursos,
trata da conservação dos edifícios pastorais (igreja, Centro
Paroquial e Residência Paroquial) e gastos com a Pastoral e
partilha com a Diocese.
• A Catequese está organizada para crianças (1º ao 6º ano),
adolescentes (7º ano 10º ano), preparação para o crisma (11º ano
e 12º ano), jovens e adultos. A catequese de Adultos tem sido
difícil implementar, pois foram muitos anos em que a catequese
era só para as crianças. Junto dos pais das crianças, adolescentes
da catequese é onde se tem investido na Catequese de Adultos
no sentido de chegar a ter adultos na fé e no compromisso.
• Pastoral Familiar e Matrimonial – Hoje a Família é um espaço
decisivo para a educação para os valores e escola de Amor
e felicidade. A sociedade é em parte o que forem as famílias. Aí
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
339
se pratica o diálogo e a reconciliação. O trabalho com casais mais
novos é de grande importância e tem sido frágil ou inexistente.
• Pastoral da Caridade: os apoios aos mais carenciados faz
parte integrante da vida cristã de uma Comunidade, com o acolhimento
e a partilha e com todas as formas de aliviar e combater
os sofrimentos provocados por uma sociedade desigual e com
graves injustiças. É um terreno onde falta criatividade e maior
compromisso. Muitos ainda não saíram da sua zona de conforto
e há muito a fazer no combate às causas da pobreza. Não se
pode reduzir tudo apenas ao assistencialismo. A LOC/MTC é
um movimento de ação católica necessário para ajudar a estar no
Mundo do Trabalho de modo cristão.
• Pastoral dos Jovens: além das atividades de nível Diocesano
e Vicarial há o trabalho local. É fundamental continuar com a
formação cristã e com iniciativas no campo do apoio social e da
solidariedade. Tem sido muito importante a sua participação na
Liturgia e a criatividade nas celebrações, bem como a oração de
Taizé que se fazem regularmente para a Comunidade.
A sua ligação à vida da Comunidade é decisiva para o seu
crescimento e para o compromisso. É um setor que exige muita
presença e persistência.
• Liturgia e Música: este sector implica Leitores, Ministros
Extraordinários da Comunhão, Coro, Acólitos e formação litúrgica.
Nestes aspetos os secretariados dão apoio regular.
A Palavra de Deus precisa de ser de estudo e uso diário. A
Lectio Divina praticada por grupos, pela Evangelização de Adultos
e preparação para os Sacramentos.
• Preparação para os Sacramentos: aproveitar para Catequese
de Adultos sobretudo a preparação de pais e padrinhos de Batismo
e o encontro com os noivos.
Este é mais um aspeto que falta na catequese de Adultos. O
Catecumenato para o Batismo de Adultos é ainda minoritário e
a preparação para os batismos de crianças é quase só preparação
para a celebração. Nós fazemos 4 encontros que são importantes
se forem o inicio de outros que se seguem.
Vivemos tempos controversos e complexos que nos vão trazer
novas exigências e desafios, sobretudo no estilo de vida e na
relação com o Planeta. A sustentabilidade exige comportamentos
novos no campo do consumo e do uso de certos produtos
que poluem a Natureza. O Papa Francisco no seu documento
Louvado Sejas, apresenta-nos uma reflexão que nos chama a uma
atitude nova e um mais forte compromisso.
Salão paroquial
340 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Se o futuro está nas mãos de Deus é igualmente verdade que
Deus nos escolheu e enviou para trabalharmos como se tudo dependesse
de nós e confiarmos como se tudo dependesse de Deus.
É a máxima nos Monges Beneditinos: Ora et labora (ora e
trabalha) (Texto do Padre Bernardino Alves, pároco de Mozelos)
CONFERÊNCIA DE S. VICENTE DE PAULO
DE MOZELOS
São Vicente de Paulo
Fundada em Mozelos em 8 de abril de 1995.
As Conferências de S. Vicente de Paulo, atualmente espalhadas
pelos cinco continentes, tiveram origem em Paris no ano de
1833. Frederico Ozanam, um jovem de apenas 20 anos, acompanhado
de alguns amigos, tiveram a inspiração de se unirem para
o serviço dos pobres, dando testemunho da sua fé cristã, mais
por atos do que por palavras. Procuravam assim dar algo dos
seus módicos recursos, da sua presença, do seu diálogo, fazendo
o que lhes era possível para aliviar a miséria e o abandono a que
estavam sujeitos milhares de seres humanos.
Os ideais dos primeiros fundadores foram a partir daí a fonte
inspiradora dos vicentinos que, sendo homens e mulheres,
no meio do mundo, das mais variadas condições sociais, profissionais
e étnicas, procuram ir ao encontro dos mais pobres,
sobretudo daqueles que não têm o mínimo de recursos. Viver o
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, entre os mais infelizes
da sociedade, resume o carisma deste movimento de leigos, presente
em grande número das nossas paróquias.
A freguesia sofreu grandes transformações sociais e urbanísticas,
contudo a pobreza mantém-se nas suas mais variadas formas:
exclusão social, desemprego, baixa formação profissional, a
par de fenómenos como a toxicodependência, violência doméstica
e alcoolismo, que a todos devem preocupar. Hoje, mais do que
nunca. Os Vicentinos procuram estar atentos, dentro das suas
reconhecidas limitações, a estes preocupantes sinais, e dar o seu
modesto contributo para minorar situações flagrantes de carência
que não permitem um mínimo de dignidade ao ser humano.
Colaboram habitualmente nas campanhas dos vicentinos, diversos
voluntários e voluntárias.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
341
TUNA MUSICAL MOZELENSE
Em 24 de junho de 1890, um grupo de Mozelenses que, até
então, se costumava reunir para, com os seus instrumentos animar
diversos acontecimentos, fundou um agrupamento musical
com designação de Troupe Mouzellense. Ao longo dos anos, este
agrupamento foi crescendo, e as suas atuações foram sendo cada
vez mais solicitadas. Chegou mesmo a levantar-se a hipótese de
mandar confecionar um uniforme para uso nas atuações, e que
não chegou a concretizar-se devido à falta de recursos. Decidiu-se
então, usar como peça de vestuário comum, um boné azul com
pala de verniz preto, uso este que mais tarde desapareceu.
A Troupe Mozellense, então dirigida pelo Sr. Manuel Carvalho,
grande impulsionador do agrupamento e possuidor de alguns
conhecimentos musicais que a todos transmitia com entusiasmo,
sentiu necessidade de chamar ao agrupamento um director artístico
com conhecimentos de música mais profundos, que fosse
capaz de elevar o nível das atuações do agrupamento. Foi assim
que surgiram na direção artística nomes como o Padre Manuel
Pereira de Sousa, natural de Mozelos, e o Sr. Serafim Coelho de
Campos. De notar, que o Padre Manuel Pereira de Sousa era
apenas o regente da chamada música sacra (religiosa). Esta situação
de existir um regente para música sacra e outro para música
profana verificou-se várias vezes ao longo do tempo.
Em 17/08/1913, data em que é tirada a primeira fotografia e
hasteada a primeira bandeira, sendo esta a mais antiga recordação
no espólio deste agrupamento, na altura composto por 33
elementos. Em 1920 a troupe Mozelense passou a adotar a designação
atual de Tuna Musical Mozelense. É por esta altura que surge
o grande entusiasta e impulsionador Sr. Domingos Alves Ribeiro
(Lameiro), que até à sua morte em 06/05/1980, muito contribuiu
para o engrandecimento e projeção do agrupamento.
Na década de 30 do século XX, um grupo de dissidentes criou
um outro agrupamento denominado de Tuna Nova de Mozelos,
que decorridos alguns anos, acabou por extinguir-se. Alguns dos
elementos do extinto agrupamento, bem como parte do arquivo
musical e instrumentos, passaram a integrar a Tuna Musical
Mozelense. Este acontecimento, que resultou da união de esforços
da população da freguesia, até aí dividida no apoio aos dois
agrupamentos constituiu um incentivo na vida da Tuna Musical
Mozelense. Em 10 de janeiro de 1977, a Tuna Musical Mozelense,
constituiu-se como Associação Cultural, Beneficente e Recreativa,
através de escritura lavrada notarialmente, com sede na Vila
de Mozelos, concelho de Santa Maria da Feira.
Primeira fotografia da Tuna
Edifício da Tuna
342 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ao longo dos anos, o agrupamento teve várias salas de ensaio
alugadas ou mesmo cedidas gratuitamente. Porém os seus elementos
sempre aspiraram a ter uma sede própria e que só recentemente
e depois de muito sacrifício conseguiram. Em 28 de julho de 1980,
foi lançada a primeira pedra da atual sede. Inaugurada oficialmente
no decorrer das comemorações do seu centenário, que se fica a
dever à boa vontade e sacrifício dos muitos amigos deste agrupamento,
em 15 de novembro de 1981, foi aberta a primeira sala de
ensaio, e cerca de dois anos mais tarde a sala de espetáculos.
Em 1990, enquadrado, ainda, nas comemorações do seu primeiro
centenário, a Tuna Musical Mozelense grava o seu primeiro
LP, com o título Olá Mozelos. Foi atribuído o Diploma de Mérito
Municipal, por ata da Reunião Ordinária da Câmara Municipal
de Santa Maria da Feira, datada de 14 de maio de 1990. Em 1993,
a T. M. M. grava a sua primeira cassete áudio. Em 18 de fevereiro
de 1993 é concedida pelo Governo da República Portuguesa o
título de Associação de Utilidade Pública, publicado no Diário
da República de 10 de março de 1993, II Série. Em 8 de março de
2009, após a realização de obras de remodelação, foi reaberto o auditório,
com capacidade para cerca de 345 lugares sentados, onde
têm decorrido concertos musicais, espetáculos de teatro, festivais
de dança, encontros de coros, festas de beneficência.
Além disso, o auditório tem sido usado para festas escolares,
empresariais e outras. Foi atribuída a Medalha de Mérito Distrital,
pelo Governo Civil de Aveiro, por despacho 43/2011 datado
de 26 de abril de 2011. Em março de 2015, no âmbito das Comemorações
do 125º Aniversário da sua fundação, grava o seu 1º
CD intitulado Tuna Musical Mozelense 125 Anos. Atualmente, a
Tuna Musical Mozelense é constituída por 65 elementos de ambos
os sexos, onde a juventude é maioritária. Dela fazem parte também
um coral com 30 vozes e uma escola de música donde têm
saído elementos de grande valor.
Essencialmente a Tuna Musical Mozelense tem desenvolvido
a sua vertente de ensino da música, orquestra, serviços religiosos,
grupos corais, danças, ginástica de manutenção e programação
de sala. A Tuna tem previsto a breve trecho iniciar a atividade de
ténis de mesa, dando cumprimento ao seu desiderato desportivo.
A regência foi entregue ao Maestro Prof. José Américo Belinha,
tendo tido, como seus antecessores no cargo, desde a década de
20, os Maestros António Fernando Ferreira da Silva, Boaventura
Moreira, Joaquim José Vieira, Joaquim Teixeira, José de Sousa e
José Pereira e ainda os Padres Manuel Vieira Pinto, José Fontes
Baptista e António Oliveira Maia, que legou todo o seu espólio à
Tuna Musical Mozelense.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
343
JUVENTUDE ATLÉTICA MOZELENSE
A prática de Atletismo em Mozelos foi iniciada por um grupo
de sete amigos que gostavam de desporto, sendo o seu primeiro
local de treinos o Monte do Coteiro, impulsionada por António
Ilídio Neves Lourenço, principal elemento na concretização
do sonho de criar uma associação desportiva em Mozelos, a Juventude
Atlética Mozelense. Após uma brincadeira de amigos,
muitos mais se juntaram a esta associação, chegando a ter quase
100 praticantes, sendo necessário haver uma maior organização,
uma vez que passou de um grupo de amigos, que gostavam de
desporto, a uma atividade séria. Assim, a Juventude Atlética Mozelense
foi fundada em 07 de agosto de 1981.
No entanto, e apesar de não ser oficial, o nome Atlética Mozelense
foi o primeiro nome desta instituição, sendo o seu registo efetuado
no dia 18 de novembro de 1985, com a denominação de Juventude
Atlética Mozelense e com publicação em Diário da República a 6 de
dezembro de 1985 (Anexo 2). (…) foi constituída a associação com a
denominação em epígrafe, com sede no lugar da Igreja, na freguesia de
Mozelos, deste concelho (Diário da República n.º 281, 1985).
A Juventude Atlética Mozelense conta já com 35 anos de
existência, começando as suas competições em provas populares,
sendo depois inscrita no Inatel, e só anos mais tarde é que efetua
a inscrição na Associação de Atletismo de Aveiro e na Federação
Portuguesa de Atletismo, continuando até à presente data.
Esta instituição foi criada para fomentar e promover a cultura,
desporto e lazer.
A Juventude Atlética Mozelense, ao longo dos anos, foi alterando
os seus locais de encontro e exposição dos seus troféus. A
primeira sede conhecida foi na Rua do Arco Íris, na casa de um
dirigente. Mais tarde, foi disponibilizada uma sala na Tuna Musical
Mozelense para o funcionamento da sede. Em 1995, esta
passou a ser no rés-do-chão da Junta de Freguesia de Mozelos,
sendo que em 2000, a Juventude Atlética Mozelense teve necessidade
de deslocar a sua sede para uma loja disponibilizada pelo
Sr. Carlos Relvas situada na Rua do Cedro, funcionando como
um estabelecimento provisório.
Em dezembro de 2012, iniciou-se a construção de uma nova
sede da associação, com vista a uma melhoria das condições de
trabalho, de treino e de representação da instituição.
Apesar de ainda não estarem concluídas as obras, a Juventude
Atlética Mozelense já se mudou para a nova sede, na qual,
em dezembro de 2013, realizou a primeira assembleia e a primeira
reunião de direção.
344 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
GDCM – GRUPO DE DINAMIZAÇÃO
CULTURAL DE MOZELOS
O GDCM – Grupo de Dinamização de Mozelos foi fundado,
informalmente, por um grupo de jovens, em 17 de setembro de
1984, no lugar da Igreja, com o objetivo de promover a dinamização
cultural e recreativa dos seus associados e população em
geral, na área do teatro, da música, das artes plásticas, da comunicação,
entre outras.
Esta associação viria a ser constituída, formalmente por escritura
pública, em 16 de fevereiro de 1987.
Antes da fundação da associação este grupo tinha realizado
na cave da Casa Paroquial de Mozelos a criação de uma biblioteca,
e edição do Boletim Transformar e a produção e encenação
de diversos espetáculos de teatro, pelo grupo Força Viva Teatro
Amador de Mozelos: A Mãe e a Liberdade, de António Pinto; O
Bispo Converteu-se de António Pinto; A Tragédia de Guilherme Tell
de Alfonso Sastre; O Condenado de António Pinto; O Operário em
Construção de Vinícius de Mores; O Avançado do Centro Morreu
ao Amanhecer de Agostin Cuzzani; Ser Solidário de António Pinto.
Com a fundação do GDCM, os espetáculos deste Grupo de
Teatro passaram a ficar integrados nas atividades da associação.
De 1984 até 1994, foram produzidos e encenados mais nove
espetáculos de teatro: dois espetáculos do género de teatro do
absurdo – Pic Nic de Fernando Arrabal e A Voadora de António
Pinto; um espetáculo de teatro de revista – Era uma Vez na Feira
de António Pinto; e seis espetáculos de teatro para crianças –
Florbela a Janela e o Avô Dela de António Pinto; História da Carochinha
de Domingos de Oliveira; A Princesa dos Pés Pretos de José
Vaz; e ainda A Festa dos Caramelos, As quatro Eras do Talegre, Miró
e as Borboletas que foram escritas e encenadas por António Pinto.
No início da década de noventa, do século passado, o GDCM
deixou de poder funcionar no antigo Salão Paroquial, na cave da
Casa Paroquial, por indisponibilidade do espaço. A partir dessa
data, esta associação passou a realizar as suas atividades na cave
da Junta de Freguesia de Mozelos. Por falta de condições e sem
instalações adequadas, a produção de espetáculos de teatro, que
chegou a ser a mais importante atividade do GDCM, deixou de se
poder realizar vinte anos depois do primeiro espetáculo do grupo.
No ano de 1991, nasceu o Grupo Cantigas do Talegre, um
grupo de recolha e divulgação da música popular portuguesa
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
345
que passou a estar na base da animação cultural realizada pelo
GDCM ou promovida por outras entidades.
O GDCM realizou ainda diversas exposições de pintura e
desenho, feiras do livro, festivais de música, tertúlias de poesia e
diversas festividades.
Tem representado Mozelos na Viagem Medieval e o jornal
Feira Norte, de publicação mensal foi uma das suas iniciativas,
tendo tido o seu último número publicado em 20 de julho de 2004.
O Prémio Manuel Laranjeira, distinção de uma personalidade
notabilizada em Mozelos pela sua dedicação à cultura, ao
desporto, às artes ou ação social, passou a ser, nos últimos anos,
uma das atividades mais emblemáticas do GDCM. Este prémio
foi instituído em parceria com a Junta de Freguesia de Mozelos
no ano 1990 para comemorar o 1º aniversário da elevação de
Mozelos a Vila. Desde essa data até ao presente, foram distinguidas
anualmente, com rotatividade de tema e âmbito territorial,
importantes personalidades de Mozelos e de outras localidades
do Concelho de Santa Maria da Feira.
Na sequência da cedência de uma parcela de terreno, pela
Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, na rua Dr. Feiteira
Maia, no lugar do Murado, em Mozelos, o GDCM teve oportunidade
de proceder ao lançamento da primeira pedra para a
construção da sua sede em setembro de 1997. A primeira fase
dessa obra teve início em 1998, a qual contou com o apoio da
Câmara Municipal de S. M. Feira e do IPJ Instituto Português
da Juventude.
Em junho de 2001, o Centro Cultural do GDCM foi inaugurado
e os convívios dos associados e as atividades da coletividade
passaram a ser preparadas e realizadas na sua sede própria.
Recentemente, em setembro de 2016, a Câmara cedeu ao
GDCM o direito de superfície do terreno anexo à sede a fim de
permitir a construção da ampliação das instalações, a qual contempla
mais uma sala de atividades, um pequeno bar, garagem
ampla e arrumos.
Atualmente, com cerca de mil e trezentos associados inscritos
e cerca de quinhentos jovens em atividade, o GDCM é uma
das mais respeitadas associações juvenis do Concelho de Santa
Maria da Feira, faz parte do Conselho Municipal da Juventude,
integra os órgãos sociais da Federação das Coletividades da Feira
e da Federação das Associações Juvenis do Distrito de Aveiro.
346 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em reconhecimento pala importância da atividade do
GDCM a autarquia local dedicou o nome do Grupo Cultural a
uma rua próxima da sede da coletividade.
O GDCM tem como objetivo para a segunda década do século
XXI aumentar a participação juvenil nas áreas da Cultura
Desporto e Recreio na perspetiva da valorização pessoal e na
partilha de valores e aspirações.
Atuará na promoção da divulgação artística, na dinamização
cultural, no desenvolvimento da música e do teatro, na promoção
do desporto e na valorização da competência e do mérito pessoal.
As atividades do GDCM estão alicerçadas em quatro eixos
estratégicos e num conjunto de metas e objetivos específicos, bem
como uma clara identificação do impacto das atividades a realizar,
designadamente, participação juvenil, envolvimento da comunidade,
diversificação das atividades e ampliação das Instalações.
GRUPO COLUMBÓFILO DE MOZELOS
Fundado em 1940, é constituído, actualmente, por cerca de
três dezenas de praticantes.
Após um período de letargia competitiva, na década de 70 do
século passado, um grupo de associados deitou mãos à restauração
da atividade do Grupo o que lhe permitiu regressar à criação
de pombos e ingresso de novos associados, o que levou à participação,
de novo, no mundo competitivo. Neste ressurgimento
do Grupo Columbófilo, releva-se a participação de David de Oliveira,
José Santos, Alfredo Barros, António Oliveira Laranjeira,
Rufino Coelho, Joaquim Saraiva, Manuel Pinto e Fernando de
Oliveira Freitas.
O Grupo pauta-se por participar em largadas de pombos, a
nível nacional e internacional.
GRUPO CULTURAL E RECREATIVO
DE BOMBOS OS VALE TUDO
O Grupo Cultural e Recreativo de Bombos Os Vale Tudo foi
fundado a 15 de janeiro de 2013 e desde então tem vindo a animar
as ruas de Mozelos. Surgiu da criatividade e do interesse
pela percussão de cinco familiares e amigos, que se reuniram
em torno deste projecto, que conta agora com cerca de trinta
elementos, com idades compreendidas entre os 8 e os 50 anos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
347
Ao longo dos seus quatro anos de actividade, o grupo tem vindo
a participar em diversos eventos de carácter social e cultural,
bem como em festas e romarias por todo o país. É também um
grupo activo na organização e realização deste tipo de eventos,
dos quais se destaca o Encontro de Bombos Os Vale Tudo, que já
vai no seu terceiro ano consecutivo e que reúne vários grupos de
bombos nacionais e internacionais na freguesia de Mozelos.
O objectivo deste grupo é continuar a crescer, de modo a
conquistar mais elementos e mais público e proporcionar à freguesia
e ao concelho momentos de animação, cultura e tradição,
levando assim o nome de Mozelos mais além.
DRAGÕES DE MOZELOS
Os Dragões de Mozelos – Associação de Cultura Desporto e
Recreio, Delegação nº 15 do FC Porto, foi fundada em 17/03/1992
por uma dezena de Mozelenses associados ao FC Porto, com o objetivo
de promover o convívio de todos os portistas sem nunca excluir
adeptos de outros clubes (e/ou de nenhum), e desenvolver a prática
desportiva em colaboração com outras associações de Mozelos.
Destacam-se, entre outros eventos, a organização, entre os anos
de 1994 e 1997, de quatro meias-maratonas com percurso entre
Mozelos e o Estádio das Antas, no Porto.
Os Dragões de Mozelos foram distinguidos pelo FC Porto em
1997 com o Dragão de Ouro referente a 1996 – a mais alta distinção
do FC Porto –, atribuída em sinal de reconhecimento do seu
dinamismo.
Sendo a sede original já muito pequena para todas as atividades
desenvolvidas, com trabalho e esforço, os Dragões de Mozelos,
conjuntamente com o apoio de instituições locais e também dos
Mozelenses, puderam mudar-se para as atuais instalações, no Coteiro,
em julho de 2007. Este novo espaço oferece melhores condições
e equipamento para eventos não só dos Dragões de Mozelos,
como também para quaisquer outras colectividades Mozelenses.
Pelo trabalho, doações e apoio prestados nestes 25 anos de
existência dos Dragões de Mozelos, a presente direção quer agradecer
a todos os elementos que passaram pelos órgãos sociais do
Clube, da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e da Junta
de Freguesia de Mozelos, como também a todos os Mozelenses
que, com muito ou pouco, pública ou anonimamente, contribuiram
para a construção do edifício do Clube.
348 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
FUTEBOL CLUBE DE MOZELOS
O Futebol Clube de Mozelos foi fundado a 1 de Maio de 2002,
numa ideia que foi sendo criada com bastante tempo de antecedência.
Para isso remetemo-nos ao ano de 1993, quando os sócios
fundadores do clube representavam o Clube Desportivo Café A
Tuna na participação de vários torneios de futebol locais.
Um marco importante na evolução do clube passou pelo convite
à participação de um torneio em França, em 1996.
Perante tanto esforço e dedicação de vários elementos da
equipa nasceu o clube curiosamente no dia do trabalhador, 1 de
Maio de 2002. Mas o caminho trilhava-se aos poucos e a escritura
pública foi apenas conseguida a 29 de novembro de 2002
enquanto a primeira Assembleia Geral do clube realizou-se já no
ano seguinte, a 11 de janeiro.
Fernando Lopes tornou-se no primeiro presidente do Futebol
Clube de Mozelos, liderança que durou apenas dois meses,
por motivos pessoais. Foi necessário convocar nova Assembleia
Geral e, a 15 de março, David Oliveira e Silva assumiu a presidência
num mandato de dois anos.
Neste período, o Futebol Clube de Mozelos concretizou a
inscrição no campeonato distrital do Inatel, recebendo o diploma
a 11 de Dezembro de 2003, representando a freguesia em competições
oficiais. Na época de estreia (2003/2004), da 2ª Categoria
Norte, os mozelenses apresentaram-se a um excelente nível,
surpreendendo os participantes, ao alcançar o 2º lugar da prova,
ficando a apenas dois escassos pontos da subida de divisão.
Num clube que vai celebrar 15 anos de vida no dia 1 de
Maio, Alfredo Carvalho é o único sócio benemérito do clube,
reconhecimento efectuado a 24 de outubro de 2015, pela contribuição
e dedicação ao emblema mozelense.
O Futebol Club de Mozelos dedica-se, também, às modalidades
seguintes: Futebol Juvenil e Feminino, Natação, Veteranos, e Futsal.
CENTRO DE APOIO SOCIAL DE MOZELOS
Esta instituição particular de solidariedade social iniciou a
sua atividade em 1 de janeiro de 1988. Tem várias valências, designadamente,
creche, infantário, jardim-de-infância, ATL, apoio
à terceira idade, lar, centro de dia e serviço de apoio domiciliário.
Possui uma biblioteca mais vocacionada para crianças.
Ao nível da 3ª idade, tem um espaço de convívio e tem participado
em atividades de variada natureza, ajustadas ao seu nível etário.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
349
Para além das atividade específicas realizadas na sua sede,
participa em vários projetos e atividades, em parceria com outras
instituições, designadamente, de proteção ambiental, poupança
da água, celebração do Dia Mundial da Terra, Dia Internacional
da Família, Dia do Ambiente, Dia Mundial do Tabaco e Dia
Mundial da Criança, sessões de esclarecimento sobre a meningite
segurança, entre outros eventos de real interesse comunitário.
As instalações desta instituição foram construídas durante o
mandato do presidente José Pinho Ferreira, que aí implantou as valências
de centro de dia e infância, e cedência de instalações para o
Centro de Saúde. Na presidência do Dr. Jorge Ferreira, foi construído
o Lar da Terceira Idade, com a valência do apoio domiciliário.
ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA
ESTRELAS DAS REGADAS
Esta instituição, ao serviço da juventude, foi fundada em 1
de março de 1992, dedicava-se à prática do futebol masculino e
feminino, participava em eventos de atletismo, natação e pesca.
Tinha cerca de 40 sócios, 30 atletas, embora não tendo instalações
desportivas. Nos primeiros oito ano de vida, utilizou as
instalações desportivas do Relâmpago Futebol Clube (Parque da
Concórdia). Desenvolveu a sua atividade nas instalações desportivas
do C.C.T Pousadela.
Teve várias participações nas Mini Olimpíadas em Santa Maria
da Feira, na volta a Portugal contra a sida, no projeto 24
horas a nadar, nas festividades promovidas pela autarquia local,
nomeadamente na festa evocativa da elevação de Mozelos à categoria
de vila, no torneio de futebol inter-coletividades e no V
Torneio de Amizade de Fornos.
CENTRO COMUNITÁRIO ESPAÇO ABERTO
PELO PRAZER DE VIVER (ATL)
Fundado em 18 de julho de 1994. Tem como missão atuar sobre
as problemáticas relevantes e, através do estímulo à mudança,
com espírito de solidariedade, de inclusão e humildade, promover
o desenvolvimento pessoal e social, na intenção de construir
com todos e com cada um, um projecto de vida sustentável.
Esta instituição desenvolve projectos como Família e Comunidade
- com o objectivo comum de construir formas eficazes de
estabilizar os recursos e otimizar as respostas no âmbito social,
profissional e psicológico.
350 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
A Comunidade Terapêutica Casa Grande é outro projecto desta
instituição, focando-se na recuperação de toxicodependentes e
sua reinserção social. Esta comunidade apresenta-se como uma
unidade residencial de estada prolongada para indivíduos do
sexo masculino.
Conta, ainda, com o Centro de Atividades de Tempos Livres,
um espaço lúdica-pedagógico para crianças e jovens com idades
compreendidas ente os 6 e 18 anos.
Finalmente, conta com serviço de apoio domiciliário que
presta cuidados de higiene e conforto, de arrumação e pequenas
limpezas, confecção, tratamento e distribuição de refeições, e tratamento
de roupas.
CONJUNTO TÍPICO OS FILHOS DO LUAR
Criado, em meados do século XX, este conjunto teve várias
atuações na freguesia e fora dela e fazia sucesso nas festas e arraiais
populares, tendo gravado alguns discos em vinil, Todos os
seus elementos eram amadores, sendo dirigidos pelo sr. Arménio.
Tinha a sua sede em Meladas. Atualmente sem atividade.
FUNDAÇÃO ALBERTINA FERREIRA AMORIM
Duas perspectivas da sede da Fundação
Albertina Ferreira Amorim
Foi constituída em 23 de outubro de 2008, na Casa Mãe da
Família Amorim e pretende prestar homenagem à vida e obra da
maior benfeitora da região, como era vontade de D. Albertina.
Tem os seguintes objetivos:
– Promoção do desenvolvimento da pessoa humana através
do apoio a vocações missionárias e religiosas; obras sociais; famílias
carenciadas; instituições de solidariedade social de crianças
órfãs e deficientes; lares de 3ª idade;
– Promoção do estatuto e investigação científica na área da preparação
da cortiça, bem como da divulgação dos resultados obtidos;
– Promoção do desenvolvimento das atividades científicas,
culturais e artísticas na região.
Tem como património o prédio rústico e urbano onde tem
a sua sede, bem como o seu recheio. Em caso de extinção os
seus bens reverterão para o Centro de Apoio Social de Mozelos
(CASM).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
351
FIGURAS NOTÁVEIS DE MOZELOS
Antes de traçar os perfis biográficos de pessoas desta terra, aqui
nascidas ou aqui radicadas, importa esclarecer que esta galeria é
constituída por pessoas de diferentes níveis, económicos, sociais,
educativos, culturais, desportivos e outros que, ao longo das suas
vidas, procuraram dar o melhor de si mesmas à sua comunidade.
De algumas delas, resta a memória, já que partiram, há mais ou
menos tempo, para a eternidade, pertencendo assim ao património
da saudade, servindo de exemplo às gerações atuais e vindouras.
Entretanto, como deveria ser considerado em todas as comunidades,
a maior e mais notável figura é o seu povo, no seu todo,
com as suas virtudes e os seus defeitos, com as suas grandezas
e misérias, com a sua capacidade de doação e entrega ao outros,
com o seu espírito de entreajuda, de perdão, quando foi ou é
ofendido, nos seus mais legítimos direitos e que é capaz de dar as
mãos para que feridas, ainda expostas, sejam definitivamente cicatrizadas,
a bem da paz social, da desejável harmonia, num gesto
superior de convivência de que só as almas nobres são capazes.
ALBERTINA FERREIRA DE AMORIM, filha de Américo
Alves Amorim e Albertina Ferreira de Amorim, nasceu em
Mozelos, em 17 de setembro de 1930, tendo falecido em 2007. Foi
educanda da Mestra Moreira, a quem prestou homenagem em
peregrinação a sua campa, no cemitério de Mozelos, juntamente
com as suas colegas. Estudou no Colégio Nossa Senhora da Bonança,
em Vila Nova de Gaia. Foi membro do Centro de Apoio
Social de Mozelos, da Liga dos Amigos do Hospital de Nossa
Senhora da Saúde, de S. Paio de Oleiros, da Liga dos Amigos da
Fundação Comendador J. S. Couto, de São João de Ver e S. Paio
de Oleiros. Pertenceu, também, à Juventude Operária Católica
Feminina (JOCF) e à Acção Católica dos Meios Sociais Independentes.
Era possuidora de relevantes dotes artísticos, nomeadamente
na pintura, no tricô. Está na origem da criação da Fundação
com o seu nome. Dotada de grande espírito empreendedor e
com activa ação social em benefício dos seus concidadãos.
352 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ALFREDO REIS DA SILVA, nasceu em 31 de dezembro
de 1932, tendo falecido em 18 de agosto de 1997. Personalidade
local, co-fundador do Centro Social e dirigente de várias associações
locais, destacando-se pela sua benemerência em prol de
várias instituições civis e religiosas.
AMÉRICO FERREIRA AMORIM, empresário, filho de
Américo Alves Amorim e Albertina Ferreira Amorim, nasceu em
Mozelos, em 21 de julho de 1934. Faleceu a 13 de Julho de 2017.
Após o curso comercial, na Escola Académica do Porto, iniciou
a sua atividade profissional na empresa Amorim & Irmãos,
Lda., com 18 anos de idade, naquela empresa que, na época, era
a única empresa do seu grupo. tendo percorrido todos os cantos
à casa. Depois desta proveitosa aprendizagem, iniciou um ciclo
intenso de viagens comerciais por toda a Europa, sob os auspícios
do seu tio Henrique Amorim. Releva-se o carácter pioneiro da
sua relação empresarial com os países do Leste Europeu quando
Portugal não tinha relações diplomáticas com os mesmos. Porque
pretendia entrar num mundo económico e sócio-político, proibido
pelo Estado Novo, teve que percorrer um penoso calvário para
obter o desejado visto, o que só aconteceu dois anos após iniciado.
Em 1963, iniciou o processo de integração vertical da indústria
com a criação da Corticeira Amorim, unidade industrial direcionada
para a transformação em granulados, das montanhas
de desperdícios de cortiça, provenientes das fábricas de produção
de rolhas de cortiça, nomeadamente da Amorim & Irmãos. Até
meados da década de 80 do século XX, Américo Amorim completou
a verticalização produtiva do grupo, na área da cortiça.
Em 1977, juntamente com 25 outros empresários, participou
na fundação da primeira instituição financeira privada após o
25 de Abril – Sociedade Financeira Portuguesa, hoje BPI, tendo
nascido, em paralelo a área dos seguros, por ter ligações à cortiça,
tendo tido duas anteriores designações, sendo, a partir de
1998, a Unibroker – Correctores de Seguros, que é atualmente
uma empresa cotada no setor.
Com um nível superior de tecnologia, nasceu, em 1978, a
Ipocork, (atualmente designada como Amorim Revestimentos,
destinada à produção de parquet. Da Inglaterra ao Japão, passando
pelos países nórdicos, EUA e África do Sul, tem um vasto
e diversificado mercado.
Em 1982, foi criada a Champcork – unidade com uma capacidade
de produção de 90 milhões de rolhas de champanhe por ano.
Em 1983/1984, criou o BCP – primeiro banco comercial português,
após o 25 de Abril-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
353
Em 1988, iniciou uma joint-venture com o Grupo Accor na
área hoteleira e hotéis de várias tipologias.
Em 1991, nasceu a Telecel que mereceu a atenção e participação
de todos os grandes grupos económicos portugueses.
Em 1992, comprou o BNCI – Banco Nacional de Crédito,
entretanto foi adquirido pelo Banco Popular.
Em 1995, participou na privatização parcial da petrolífera
Petrogal.
Na área industrial, no setor têxtil, o Grupo privilegiou a virtualidade
de segmentos específicos, como veludos, têxtil-lar e
vestuários e na indústria automóvel.
Em 1999, entrou numa nova área de negócio, tendo adquirido
o Grupo Burmester, do vinho do Porto e a Barrancarnes
ligada à produção do presunto pata negra.
Em nome individual, teve participações sociais de relevo na
GALP Energia e no Banco Popular espanhol.
Pela sua múltipla atividade, foi agraciado pelo Presidente
da República com a Comenda de Mérito Agrícola e Industrial
(1983), considerado o Melhor Empresário do Ano (1988), nomeado
Consul Honorário da Hungria (1990) e com a Cruz de
Grande Oficial da Ordem de Malta (1998).
O Grupo de que foi titular recebeu inúmeros chefes de Estado,
ministros e embaixadores.
Foi membro ou participou em vários organismos, associações
e fundações públicas e privadas (Baseado em Mozelos- Boletim Informativo
– Ano I-Nº 1).
Antepassados de Américo Amorim
AMÉRICO PAULO AMORIM, industrial da cortiça,
nasceu em 22 de janeiro de 1897 e faleceu em 22 de abril de 1977.
Foi um dos maiores empregadores da região à época.
ALFERES AMORIM ARANHA, nasceu em 1803 e faleceu
em 1869.
ANTÓNIO ALVES FERREIRA (O BRASILEIRO), nasceu
na casa de Seitela, tendo emigrado, em criança, para o Brasil,
onde se licenciou e doutorou em Farmácia.
Mercê da sua inegável capacidade científica e empreendedora,
acumulou uma avultada fortuna, cujos créditos mais importantes
foram depositados num banco de Paris, o qual parava sempre que
ele lá se deslocava para tratar dos seus negócios financeiros.
Tendo falecido sem filhos, em Paris, deixou uma enorme fortuna
aos seus irmãos e sobrinhos, tendo muitos deles aplicado tal
Simbologia existente no jazigo-
-capela, onde se encontra inumado
António Alves Ferreira
(O Brasileiro)
354 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
herança na construção de casas marcantes na arquitetura local,
bem como de autênticas obras de arte em jazigos-capela de família.
Está sepultado no cemitério de Mozelos.
ANTÓNIO DE SOUSA BARROS JÚNIOR (RIPOLIM )
Filho de Joaquim de Sousa Barros e de Maria de Oliveira. Nasceu
a 26 de novembro de 1930 e faleceu a 12 de março de 2017. Empresário
da restauração em Portugal e na Venezuela, foi benemérito
em várias associações sociais e culturais, tendo manifestado
uma enorme e permanente generosidade.
ANTÓNIO FERNANDO FERREIRA DA SILVA, nasceu
em 21 de março de 1968.
É dotado de enorme talento e capacidade criativa que tem expressado
como estudante, músico, animador e professor de música
da Tuna Mozelense.
Despertou para a música na escola da Tuna e rapidamente
se transformou num exímio violinista. Após reconhecer que já
não havia mais nada a aprender em Portugal, rumou aos Estados
Unidos onde obteve o grau de mestrado que lhe deu um certificado
de competência de nível mundial.
Humilde e dedicado à família e aos amigos, nunca se desligou
da coletividade que fora o seu berço artístico. Para onde
quer que fosse, sempre regressava à Tuna, onde continuava a colaborar
através dos muitos talentos com que fora bafejado, pois
é um jovem que respeita e se orgulha das suas origens.
Colabora com o Grupo Cantigas de Talegre nos espetáculos
com os jovens da paróquia, como voluntário a favor de causas
sociais e em sessões de angariação de fundos.
Tem o dom de conseguir, através da música, acalentar a esperança
no meio da inquietação, sossegar a dor no meio do sofrimento,
impor a ordem no meio da desordem, mantendo a
mesma coragem e a mesma determinação de sempre (ID.).
SARGENTO ANTÓNIO HENRIQUES (PINAS), nasceu
em 20 de setembro de 1886 e faleceu em 23 de novembro
de 1974. Exerceu as funções de sargento-enfermeiro e de enfermagem
depois de passar à reserva da vida militar. Foi, também,
sacristão, tendo prestados inúmeros serviços à comunidade mozelense.
ANTÓNIO PINTO, técnico de formação profissional e dirigente
associativo, filho de Miguel Pinto e Maria Celeste Ferreira,
agricultores, nasceu em Mozelos em 1 de abril de 1959.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
355
Foi Vice-Presidente da Federação das Coletividades de Cultura
e Recreio do Concelho de Santa Maria da Feira. Fundou e
dirigiu a revista Cultura e Recreio.
Foi trabalhador e empresário da construção civil, promotor de
habitação a custos controlados e técnico de formação profissional.
Ao nível artístico, foi autor de vários textos de teatro, de contos
e livros infantis, compositor, encenador, músico e artista plástico.
Escreveu diversos textos originais para o Grupo de Teatro
Força Viva, do Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos.
Foi autor e compositor de diversas canções interpretadas pelo
Grupo.
Foi diretor dos jornais Feira do Norte e Cultura e Recreio.
Participou em diversos movimentos cívicos na área do associativismo,
do cooperativismo e da acção Social.
É autor da obra Distinguidos com o Prémio Manuel Laranjeira,
publicado em 2012.
CARLOS RELVAS MELADAS - Empresário da área da
cortiça. Teve intervenção positiva e valiosa no apoio a várias associações
religiosas e sociais, tendo dado significativo contributo
pessoal e material. Para além disso, foi autarca da freguesia.
CATAFULA - Natural de Olivães, Nogueira da Regedoura.
Embora não sendo natural de Mozelos, o seu estoicismo valeu-
-lhe um lugar na história local.
Durante as segundas Invasões Francesas, Catafula conseguiu
abater três soldados de Napoleão, tendo sido capturado, juntamente
com cinco outros camaradas. Sumariamente julgados pela
tropas invasoras, foram sentenciados a fuzilamento.
Sabendo da sua sina, solicitaram a assistência em confissão
de um sacerdote, pedido aceite pelo Padre João de Sá Rocha.
Após ouvir os prisioneiros em confissão, o Padre João foi
feito prisioneiro pelos franceses, exigindo-lhe que este contasse o
que os prisioneiros lhe tinham dito em confissão de modo a obterem
informações que viessem a ser úteis à estratégia da guerra.
Como o Padre João se recusou a divulgar o que foi dito em
segredo de confissão, os franceses condenaram-no como cúmplice,
sendo sentenciado, também, a fuzilamento.
Após a execução, os sete cadáveres foram expostos num pinheiro
(que ficou conhecido como Pinheiro das Sete Cruzes), à
356 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
beira da estrada real, como exemplo do que esperaria àqueles
que não cooperassem com as tropas francesas.
Posteriormente, a sobrinha do Padre João de Sá Rocha mandou
erigir umas alminhas em sua memória.
Este episódio de coragem e estoicismo ocorrido em terras
mozelenses serviu de base à criação do seu brasão, que ostenta
um pinheiro dourado, encabeçado pela cruz da Ordem de Malta,
circundado por sete cruzes (v. http://engenhonopapel.blogspot.
pt/2012/04/guerra-peninsular-em-terras-da-feira.htm).
CATARINA SOFIA MALTA DA SILVA, natural de Mozelos,
nascida a 3 de abril de 1990. Esta mozelense destacou-se no
âmbito do desporto, quer a nível de resultados desportivos quer a
nível do associativismo. Ingressou na Juventude Atlética Mozelense
em 1998 e representou o clube da terra. Atualmente representa
o GRECAS Vagos. No entanto, desde 2008 que faz parte da direção
do clube mozelense, ajudando este com outro objetivo.
No campo desportivo, a atleta conquistou diversos títulos nacionais,
destacando-se: Campeã nacional universitária 60m, 100m
e 4x200m em 2016; Campeã de Portugal de pista ao ar livre de
4x400m em 2017; e Campeã da Taça de Portugal de Velocidade e
Barreiras em 2017.
Em 2016, a atleta recebeu o “Prémio Carreira” atribuído pela
Universidade de Aveiro, pelo trabalho desenvolvido em prol do desporto
universitário e pelos resultados obtidos em representação da
mesma durante os anos em que frequentou aquele estabelecimento
de ensino superior. Dois anos antes, a mesma instituição atribui-lhe
o prémio de melhor atleta feminina da Universidade de Aveiro.
OS COIMBRA NA ADMINISTRAÇÃO LOCAL
Desta família saíram sucessivas gerações de cidadãos que se
dedicaram ao serviço público, nomeadamente, em lugares de
membros da Junta da Freguesia.
Apresenta-se, seguidamente, os seus nomes com breves dados
biográficos:
Bernardino Ferreira Coimbra, marceneiro, nasceu no lugar
da Vergada, em 16 de março de 1861. Filho de José Ferreira
Coimbra e Ana Maria Regal, tendo falecido em 12 de novembro
de 1936. Está sepultado no jazigo-capela de José Ferreira
Coimbra, seu pai, no cemitério de Mozelos. Foi presidente
da Junta de Freguesia de Mozelos. Foi proprietário da casa do
Coimbra, na Vergada.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
357
Benjamim Ferreira Coimbra, marceneiro, natural do lugar da
Vergada, nasceu a 14 de maio de 1882, filho do acima biografado
e de Rosa Pinto Tavares. Faleceu em 11 de novembro de
1951. Exerceu as funções de Regedor e Presidente da Junta de
Freguesia. Está sepultado no jazigo de José Ferreira Coimbra.
Emídio Ferreira Coimbra, industrial da cortiça, nasceu no
lugar do Outeiro do Moinho, filho do anterior biografado
e de Luísa Fernandes de Amorim Aranha. Faleceu em 23
de dezembro de 1994. Exerceu as funções de presidente da
Junta de Freguesia de Mozelos.
José Ferreira Coimbra, industrial, nasceu no lugar do Outeiro
do Moinho, em 1919, tendo falecido em 24 de novembro
de 2005. Filho de Benjamim Ferreira Coimbra e irmão de
Emídio Ferreira Coimbra. Foi presidente da Junta de Freguesia
de Mozelos.
José Henrique Dias Coimbra, licenciado em Direito, tendo
exercido a profissão de advogado e industrial, nasceu no lugar
da Quebrada em 5 de dezembro de 1946, filho de Emídio
Ferreira Coimbra e de Joaquina Dias Fernandes. Exerceu as
funções de presidente da Junta de Freguesia de Mozelos, com
grande dedicação e competência, sendo responsável por projectos
marcantes na comunidade. Foi presidente das Assembleias
Gerais do Centro Social e da Tuna Musical. Nos seus
tempos livres, tem-se dedicado ao canto, designadamente fado,
que apresenta regularmente dentro e fora da freguesia.
António Eusébio Coimbra Amorim, advogado, nasceu em Ermilhe,
em 10 de setembro de 1967, filho de António Eusébio
Almeida Amorim e de Maria Luísa Alves Coimbra. Exerce, presentemente,
o cargo de presidente da Assembleia de Freguesia.
DEOLINDA DE JESUS COELHO DA SILVA, nasceu
em Lobão, em 6 de novembro de 1935. Professora do ensino básico
aposentada desde 1992. Frequentou a Escola do Magistério
Primário do Porto, tendo sido aprovada em exame de estado em
1954. Iniciou as suas funções docentes na escola de Sobral, em 3
de outubro de 1954. Em 1959, lecionou na escola de Prime, em
1961/62 em Aldriz, Argoncilhe, passando a lecionar, de novo, na
escola de Prime, em 1963, onde permaneceu até 1992, data da
sua aposentação. A partir dessa data, esteve ao serviço do Centro
de Formação de Professores da Feira, onde orientou cursos
de formação da língua portuguesa, matemática e práticas pedagógicas.
Finalmente, orientou estágios de professores do ensino
básico, em Espinho, Feira e S. João da Madeira até 2009.
358 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
A Prof.ª Deolinda Silva
com alguns dos seus alunos
Tem-se distinguido pela sua dedicação ao ensino, enquanto
professora primária e, posteriormente, como diretora pedagógica
do Centro de Apoio Social de Mozelos.
Uma vida profissional dedicada ao ensino, cuja vocação e experiência
lhe permitiram contribuir para a formação de várias gerações
de jovens cultos e responsáveis justificaram a distinção.
Dona Deolinda era a personificação do amor na sua dimensão
maternal, na escola primária, onde lecionou até à reforma,
depois como formadora de professores e, finalmente, como diretora
pedagógica do Centro de Apoio Social e lidava com as pessoas
como se fossem seus filhos, sobrinhos ou irmãos mais novos.
Tinha um modo de cumprimentar as pessoas com quem
se cruzava, de acarinhar quem com ela falava, de acolher com
quem privava, sempre com enorme gentileza. Sobre as crianças
dizia que elas nos ensinam, quase sempre, mais do que o que
connosco aprendem, e que o segredo da pedagogia era o amor,
por ser a única forma de expressar, no contexto escolar por onde
passavam, o acolhimento, a compreensão e a proteção.
A sua influência pessoal contribuiu decisivamente para uma
diversificada oferta de atividades para todas as fases de crescimento
das crianças.
Passados muitos anos, a Dona Deolinda preserva a mesma
sensibilidade, o mesmo espírito solidário, continuando a partilhar
com os outros a felicidade que dela irradia e que contribui
para que o bem-estar reine sobre todas as coisas (ID.)
ESTELA ADELAIDE FERNANDES (ESTELINHA)
Nasceu em 16.09.1927 e faleceu em 29.12.1975
Filha de José Alves e de Rosa Fernandes, feitores da Quinta de
Meladas, que foi pertença da família Vanzeller e hoje pertence à
família Amorim e onde foram instaladas importantes actividades
empresariais, nomeadamente a Corticeira Amorim.
Tirou o curso de Enfermagem na Casa de Saúde da Boavista
e exerceu a sua profissão no Hospital de Matosinhos e no Posto
Médico de Santa Maria de Lamas, tendo granjeado imenso reconhecimento
pelas suas capacidades pessoais e profissionais.
Viveu para a sua profissão. Fez dela um verdadeiro apostolado.
A sua política era apenas a da bondade.
FRANCISCO DE ASSIS SOARES DA SILVA, nasceu
em 5 de setembro de 1916, distinguiu-se pela sua dedicação à música
como executante, animador e dirigente da Tuna Musical Mozelense.
Foi tesoureiro da Junta de Freguesia de Mozelos de 1955 a 1959.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
359
Era um grande artista, um homem sábio e bom.
No ano de 1990, a Tuna celebrava o seu centésimo aniversário
e foi distinguido com o prémio Manuel Laranjeira, porque na
opinião do júri que avaliava o mérito dos premiados, entendeu
que deveria ser uma personalidade oriunda da instituição a receber
a dita distinção, pois, na sua qualidade de dirigente, músico
e animador, era o mais digno representante da Tuna.
Na verdade, ele era um notável exemplo de dedicação à comunidade,
à coletividade e à família. Era um exemplo de honradez
e que sabia partilhar, como poucos, a alegria, o talento e o
seu conhecimento com os outros.
Quando o informaram da distinção, recebeu a notícia com um
misto de alegria e de humildade. Tinha 73 anos quando recebeu
o prémio, tendo agradecido, emocionado a distinção conferida.
Enquanto foi vivo, e sempre que a saúde o permitia, participou
em todas as cerimónias das distinções que se seguiram.
Faleceu em 15 de novembro de 2007, com 90 anos de idade
(Baseado em Pinto: Distinguidos com o Prémio Manuel Laranjeira).
FRANCISCO FERNANDES COELHO D’AMORIM,
contabilista, nasceu em 7 de janeiro de 1865, na casa da família,
no lugar da Quintã, tendo falecido em 26 de julho de 1948.
Era filho de António Fernandes Coelho d’Amorim (1827-1907) e
de Ana Francisca Coelho (1833-1932). Fazia a contabilidade da
quinta da Cardenha, em S. Paio de Oleiros e no hospital. Decidiu
antes de morrer que, se não precisasse do dinheiro ganho no
hospital o deixaria na totalidade a essa unidade de saúde, desejo
que a família cumpriu escrupulosamente.
Doou um terreno para a construção de uma escola na freguesia.
GUILHERMINA DE JESUS MOREIRA (MESTRA
MOREIRA), nasceu no Porto em 25 de agosto de 1870, tendo
falecido em Mozelos em 1964, onde se fixou por volta de 1900.
Era uma senhora que emanava bondade e sabedoria. Tinha
umas mãos de fada para os trabalhos manuais.
Conhecia, como muitos poucos, o Antigo e Novo Testamento
e sabia ensiná-los de forma admirável. Era conhecida em toda
a região como Mestra Moreira, tendo ensinado sucessivas gerações
de crianças.
O seu falecimento deixou na maior tristeza e saudade todos
os seus pupilos e a população em geral. Foi-lhe prestada home-
360 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
nagem póstuma com uma peregrinação à sua campa. (Com base
em Fundação Albertina Ferreira de Amorim : Homenagem à Vida e
Obra da Grande Benemérita, no prelo).
DR. JOAQUIM ADAMASTOR FEITEIRA MAIA, filho
de José António Feiteira Maia e de Margarida Ferreira Estrela,
nasceu no lugar do Murado no dia 29 de novembro de 1919.
Depois de concluir os estudos primários em Mozelos, deu entrada
no Colégio de Almeida Garrett, no Porto, dando aí início
à sua formação no ensino secundário que completou no Liceu
Rodrigues de Freitas, também, no Porto.
Seguiu-se a frequência do primeiro ano da Faculdade de Medicina
de Coimbra, onde permaneceu apenas no primeiro semestre,
transitando para a Faculdade de Medicina do Porto, onde
concluiu o curso em 1947. Entretanto, neste período, interrompe
os estudos, durante 2 anos, para cumprir serviço militar.
Já formado, inicia a sua atividade clínica, em Mozelos, abrindo
consultório perto de sua casa, no mesmo ano da formatura.
Seria, neste consultório que o Dr. Feiteira dedicaria grande parte
da sua vida aos doentes da sua freguesia e das regiões adjacentes.
Também prestou serviço nos postos médicos de Lourosa e de
Santa Maria de Lamas. No hospital de S. Paio de Oleiros, trabalhou
no serviço de medicina, como assistente do Dr. Diamantino
de Carvalho, no serviço de ortopedia.
A 28 de setembro de 1948, casou com D. Elvira Feiteira
Duarte Relvas, de quem viria a ter 6 filhos, 4 rapazes e 2 raparigas,
tendo falecido um com 3 anos. Dois dos filhos seguiram o
exemplo paterno, licenciando-se em medicina.
O Dr. Feiteira também dedicou algum do seu tempo em prol
do desenvolvimento da freguesia, tendo encabeçado a Comissão
Administrativa da Junta de Freguesia, após o 25 de Abril.
Tinha como passatempos prediletos a floricultura, a jardinagem
e a leitura, nomeadamente de escritores portugueses (Baseado
em Mozelos – Boletim Informativo – Ano 4 – Nº 2).
JOAQUIM COSTA, homem simples e dedicado à sua terra
e aos seus concidadãos, foi presidente da Junta de Freguesia.
O seu primeiro cargo público foi o de presidente da Tuna Musical
Mozelense, contribuindo para a construção do seu auditório.
Foi responsável pela construção da sede da Junta de Freguesia e
liderou o processo de requalificação do Parque do Murado.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
361
Não era homem de grandes discursos, mas muito pragmático
mais de obras do que de palavras. Era um homem bom com grande
confiança nas pessoas, acreditando nas suas potencialidades.
JOAQUIM FERREIRA COIMBRA nasceu em Mozelos
no dia 10 de Fevereiro de 1939. Depois de ter passado pelas escolas
do Futebol Clube do Porto, Juniores 1958/59, passou pelo Varzim
Sport Clube, vindo a ingressar no Sporting Clube de Braga
na época de 1963/64 e mantendo-se nesse clube até 1970. Entre os
momentos mais marcantes da sua passagem pelo clube arsenalista
destaca-se a presença como titular na 26ª edição da Taça de Portugal,
na época de 1965/66, onde os “guerreiros do Minho”, como
vulgarmente são conhecidos, derrotaram o Vitória de Setúbal na
final disputada no estádio do Jamor, e ainda o desempenho das
funções de treinador da equipa principal em 1970. Mais tarde passou
a assumir o cargo de treinador em várias equipas nacionais de
futebol. Personalidade discreta, muito estimada na comunidade.
JOAQUIM PINTO COELHO (1868-1917), nasceu no lugar
das Regadas, Mozelos, licenciou-se em medicina pela Escola
Médico-Cirúrgica do Porto, em 1895, tendo-se radicado, mais
tarde, em Espinho, onde, além do exercício do seu múnus, ocupou
vários cargos públicos, entre eles, o de Presidente da Câmara
Municipal. Republicano convicto e fogoso, os seus escritos no
semanário A Gazeta de Espinho, de que foi diretor, foram setas
permanentemente dirigidas aos desmandos e prepotências dos
últimos governos da monarquia.
Lutador infatigável e lúcido, foi um dos obreiros da autonomia
e progresso de Espinho (Silva: Manuel Laranjeira:406).
JOAQUINA MARTINS dedicou-se às crianças, enquanto
mestra, numa altura em que tal função era complementar do ensino
regular, tendo-lhes transmitido os princípios da amizade, da
tolerância, compreensão e bondade.
Foi líder da Liga Operária Católica, movimento cristão de
promoção da classe operária.
Organizou campanhas de solidariedade para apoiar famílias
pobres e ajudar na prevenção de situações de marginalidade e de
exclusão social.
Foi catequista dinamizadora da comunidade católica de Mozelos.
362 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ALFERES JOSÉ COELHO, nasceu na casa de Seitela em
1791, tendo falecido em 1869.
DR. JOSÉ FERNANDES COELHO D’AMORIM, médico,
nasceu em 4 de outubro de 1858, na casa da família, no lugar
da Quintã, e faleceu 23 de junho de 1938. Era filho de António
Fernandes Coelho d’Amorim (1827-1907) e de Ana Francisca
Coelho (1833-1932). Os seus pais tiveram 7 filhos.
A família de que fazia parte era abastada, já com uma certa
cultura para o tempo. Apesar de ter vivido no regime monárquico,
tinha simpatia pela República.
Formou-se em medicina em 1899, tendo defendido uma tese
de doutoramento, com o título Angiomas Superficiais e seu Tratamento
que dedicou a seus pais e a seus irmãos.
Apesar da sua formação em medicina, não resistiu em transmitir
o seu saber dando instrução primária aos seus conterrâneos
e aos moradores de freguesias vizinhas, enquanto o seu irmão
Paulino não acabasse a sua formação como professor primário.
As aulas eram ministradas na casa paterna, numa sala da casa
onde viviam os caseiros e onde guardavam os frutos da terra.
Também lecionou na primeira escola itinerante e pioneira na
região. Deixou de exercer funções docentes como professor primário,
quando o seu irmão Paulino se formou no Magistério Primário
(Baseado em Marques: Escola de Sobral – da sua génese à atualidade).
Os seus irmãos, para além dos que são referidos a seguir,
eram os seguintes:
Manuel Fernandes Coelho de Amorim – nascido a 8 de janeiro
de 1861 e falecido a 23 de junho de 1938;
Margarida Fernandes Coelho de Amorim – nascida a 15 de
março de 1869 e falecida em 29 de maio de 1926;
Emília Fernandes Coelho de Amorim – nascida a 13 de abril
de 1874 e falecida em 1946 (?).
MAJOR JOSÉ PEREIRA DA SILVA, nasceu na Casa
de Seitela em 14 de junho de 1804, tendo falecido em 29 de Dezembro
de 1863.
JOSÉ PINHO FERREIRA, nasceu em 28 de maio de 1920,
de uma família pobre e humilde. Foi pai de 9 filhos, dos quais 8
eram raparigas, quase todas formadas.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
363
Dada a sua origem sócio-económica, dedicou-se, desde muito
novo, ao negócio da madeira, sendo especialista em austrálias,
donde lhe veio a alcunha de Rei da… Austrália.
Pela sua capacidade de trabalho, obteve uma razoável capacidade
económica, tendo sido um dos primeiros mozelenses a possuir
uma moto, facto raro na época. Com este meio de transporte,
percorreu pinhais de Arouca, Braga, Famalicão, Guimarães
e muitos outros lugares do norte do país. Era um espírito livre
e independente o que lhe causou alguns engulhos com a PIDE,
dos quais se ia livrando por ter amigos na União Nacional.
Pelo seu espírito e pelos problemas que tivera durante o Estado
Novo, acolheu com entusiasmo o aparecimento do 25 de
Abril, tendo aderido ao Partido Socialista, desenvolvendo intensa
atividade partidária,
Nunca virava a cara à luta, e quando era preciso enfrentar o
poder e os poderosos, o que era uma das suas facetas, lutando
pelos mais pobres e mais humildes.
Com uma folgada situação económica, dedicou-se à freguesia
e ao concelho, através da vida autárquica, tendo sido Presidente
da Junta de Freguesia de 1983 a 1989, de 1990 a 1993, vereador
municipal de Santa Maria da Feira em 1992 e, de novo, Presidente
da Junta de 1994 a 1997.
Foi um líder carismático e um lutador incansável que se dedicou
totalmente à sua terra contribuindo, como poucos, para o
seu desenvolvimento. Foi também um homem polémico e destemido
que nunca fugia ao confronto quando este era necessário
para concretizar as suas ideias e objetivos.
Era um lídimo defensor dos valores da justiça, da liberdade e
da solidariedade, apoiando, de forma entusiástica o movimento
associativo.
Enfrentando enormes dificuldades, conseguiu legalizar o arraial
da freguesia, criou o Centro de Apoio Social, adquiriu o
terreno para o alargamento do cemitério, entre muitas obras que
beneficiaram a comunidade mozelense.
Faleceu, quase sem se despedir dos amigos, em 11 de fevereiro
de 2003, com 83 anos repletos de vida e de dedicação aos outros.
(Baseado em Mozelos – Boletim Informativo – Ano 2 – Nº 3).
JOSÉ DOS SANTOS CARDOSO, nasceu a 28 de agosto
de 1948, tendo falecido em serviço militar, em Angol, em 16 de
abril de 1971.
364 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
PROFESSORA D. LAURA BORGES, filha bastarda do
Dr. José Fernandes Coelho d’Amorim e de mãe solteira, foi professora
do ensino primário, lecionando sempre em Mozelos, com
muito saber, educação e simpatia. Era conhecida como D. Laura
Borges Amorim.
MANUEL FERREIRA RIBEIRO, filho de Domingos
Alves Ribeiro e de Elisa Ferreira da Rocha, nasceu no lugar de
Seitela, na casa de Seitela, em 7 de março de 1932, tendo casado
em 22 de abril de 1990 com Maria Teresa Santos Relvas.
Depois de concluir o ensino primário na escola de Sobral,
frequentou, durante dois anos, a Escola Comercial Mousinho da
Silveira, no Porto.
Em 1945, por vontade própria, deixou de frequentar a dita
escola comercial, tendo seguido o exemplo de seu pai, passando
a dedicar-se à vida agrícola, na casa do Murado.
Desde muito cedo, ficou ligado à Tuna Musical Mozelense,
por influência paterna. Em 14 de janeiro de 1979, foi autorizado
pela Assembleia Geral a adquirir o terreno onde se viria a
edificar a sede da Tuna, tendo-se iniciado as obras a 28 de abril
de 1980. A primeira assembleia da Tuna, nas novas instalações,
verificou-se em 8 de novembro de 1981.
Nos finais da década de 60, em virtude da doença do pai,
passou a acompanhá-lo nos ensaios, tendo assumido o papel de
timoneiro que havia sido exercido pelo seu pai, onde se manteve
até 2001. Pelo seu casamento tardio e pela sua dedicação à Tuna,
dizia que havia casado primeiro com a Tuna.
Em 17 de agosto de 1978, foi eleito, pela primeira vez, presidente
da direção, situação que se repetiu a 28 de Dezembro de
1978, 1981,1983, 1985, 1997 e 1999. Em 2003, foi eleito Vice-
-Presidente da Assembleia de Freguesia, lugar a que renunciou,
em 2005, por motivos de saúde.
Em 1989, em assembleia geral, foi-lhe atribuído o título de presidente
vitalício da Tuna, tendo sido atribuído, em 1990, a distinção
de sócio benemérito e de sócio honorário. Em 2004, foi atribuído
o seu nome à sala número 1 da escola de música da tuna. Para
além desta instituição, que foi a menina dos seus olhos, integrou
também a direção da Casa do Povo do norte da Feira, tendo sido
seu tesoureiro. Integrou, também, os órgãos sociais da Cooperativa
Agrícola de Santa Maria da Feira e de S. João da Madeira.
Faleceu a 8 de agosto de 2005, deixando de luto, para além
da sua família, todas as instituições de que fez parte (Baseado em
Mozelos- Boletim Informativo – Ano 4 – Nº 4).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
365
MANUEL FRANCISCO PEREIRA DOS SANTOS
(MANUEL DOS SANTOS), nasceu em 19 de fevereiro de 1945,
em Mozelos, filho de Francisco Gomes dos Santos e de Maria
Madalena Rodrigues Pereira (fabricante de fogaças, seguindo
uma tradição familiar).
É um exímio e virtuoso intérprete das guitarras clássica e portuguesa.
Atuou em várias estações televisivas e radiofónicas da Europa,
nomeadamente, em Espanha, Rússia, Alemanha, França,
para além de ter atuado nas rádio e televisão portuguesas.
Fez vídeos musicais que foram transmitidos para vários PALOP.
Tem acompanhado vários artistas famosos portugueses.
DR. MANUEL LARANJEIRA, nasceu em 1877, em Mozelos,
numa família modesta; mas graças à herança de um tio
brasileiro, prosseguiu estudos e, em 1898, publicou a sua primeira
obra, Os Filósofos.
Poeta e dramaturgo, colaborou em várias publicações periódicas,
nomeadamente na Revista Nova, assinando crónicas sobre
temas tais como política, crítica social, religião, literatura e
outros domínios como filosofia, educação e medicina.
Residente em Espinho, cursou medicina, formando-se em
1904, tendo-se doutorado com a tese A Doença da Santidade tendo
obtido a classificação de 19 valores.
Porém não abandonou as suas intervenções de natureza artística,
social e política. Assim sendo, relacionou-se com pintores,
escritores e outros artistas, enriquecendo-se culturalmente e adquirindo
um saber enciclopédico.
O seu espírito mordaz fez também com que interviesse, de forma
ativa, na vida do país, manifestando a sua crescente insatisfação.
É vasta a sua correspondência com Unanumo, João de Barros,
António Patrício, Afonso Lopes Vieira, Teixeira de Pascoais,
Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Amadeu de Sousa Cardoso,
entre outros.
Conhecia 5 línguas e deixou as seguintes obras:
– Amanhã (Prólogo Dramático);
– A Doença das Santidade (1907);
– Comigo – Versos de um solitário (1912);
– Naquele Engano d’Alma;
– Cartas (1943);
– Diário Íntimo (1952);
366 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– A Cartilha Maternal e a Fisiologia;
– Dor Surda (Novela) (1957);
– Prosas Perdidas (1958).
Agiu politicamente na Comissão de Propaganda do Centro
Democrático de Espinho em várias polémicas com agentes económicos
e culturais.
A Escola Secundária de Espinho tem o seu nome.
Em suma, só uma figura de referência poderia dar um nome
a um prémio- Prémio Manuel Laranjeira – que se pretende pioneiro
na distinção de personalidades que se vão evidenciando
pelas suas obras e pelos seus feitos.
Sucidou-se em 22 de fevereiro de 1917 (Baseado num texto de
autoria do Dr. Jorge Ferreira, Presidente da Junta de Mozelos de apresentação
da obra de António Pinto, distinguidos com o prémio Manuel
Laranjeira e Wikipédia).
MARIA ALVES FERNANDES, nasceu em 7 de julho de
1882 e faleceu em 6 de maio de 1983. Durante a sua longa vida,
distribuía o pão, leite, jornais e afins. Mãe de José Pinho Ferreira.
PROFESSOR PAULINO FERNANDES COELHO
D’AMORIM, nasceu em 10 de março de 1867, na casa da família,
no lugar da Quintã, tendo falecido em 26 de julho de 1947.
Era filho de António Fernandes Coelho d’Amorim (1827-1907) e
de Ana Francisca Coelho (1833-1932).
Foi o primeiro professor oficial da freguesia, formado em
1889. Alfabetizou a população da terra e das povoações limítrofes.
Acorriam à sua escola pessoas de Oleiros, Nogueira da
Regedoura, Paços de Brandão e Lourosa.
ROSA DE OLIVEIRA FARDILHA nasceu a 9 de junho
de 1920, tendo falecido a 3 de março de 2010. Exerceu a profissão
de escolhedeira de rolhas. Foi catequista, sempre dedicada a
várias atividades de Igreja. Realizava pequenos serviços de enfermagem
apesar de não possuir qualquer formação nessa área.
ROSALINDA SILVA. Participou na seleção de futebol feminino,
sendo, na altura, uma referência nacional da modalidade,
que está longe de ter a expressão do seu congénere masculino.
Rosalina era atleta porque tinha o gosto de jogar, pondo essa
condição acima das vitórias e dos desaires, pois o que lhe importava
era competir, jogar sempre melhor.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
367
É uma figura simples e discreta, gostando de pôr à prova as
suas capacidades e talentos, de descobrir até onde pode ir, de
partilhar com as colegas os êxitos e as derrotas.
Não gosta muito de falar, sendo alguém que considera mais
sensato ouvir do que opinar.
Rosalina Silva tem dado o máximo a pensar nos outros e no
que os outros esperam dela.
RÚBEN DIOGO DA SILVA NEVES, ou simplesmente
RÚBEN NEVES (Mozelos, 13 de março de 1997), é um futebolista
português que atua como volante. Atualmente, joga no
Futebol Clube do Porto.
Depois de chegar ao Porto, quando tinha apenas oito anos,
Rúben Neves estava subindo através das diferentes categorias de
clube de jovens. O meio-campista brilhou no Sub-17 Campeonato
da Europa, realizado em Malta.
Na época 2015/2016, foi habitual titular e no dia 20 de outubro
de 2015 tornou-se o mais jovem capitão dos Dragões em
competições da UEFA.
Atualmente atua pela Selecção Nacional de Sub 21.
Foi recentemente transferido para um clube inglês.
SILVESTRE OLIVEIRA SANTOS - Nascido em 7 de setembro
de 1948, filho de Alberto Pereira dos Santos e de Arminda
de Oliveira. Empresário da restauração em Portugal e na Venezuela,
foi benemérito em várias associações sociais e culturais,
tendo manifestado uma enorme e permanente generosidade.
VITORINO DIAS COELHO, empresário corticeiro, nasceu
a 28 de março de 1907, tendo falecido 28 de abril de 1973.
Exerceu a sua actividade com grande empenhamento e dedicação
à sua empresa, aos seus trabalhadores e à comunidade.
Muitos mozelenses são pessoas simples, outras com um
percurso mais notório, mas todas elas, pelas suas qualidades e
obras, são credoras da admiração de todos, servindo de exemplo
a toda esta terra e às suas gentes...
Seguramente, haverá outros credores desta mesma admiração.
Cemitério de Mozelos
Entrada original do
Cemitério de Mozelos
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
369
CEMITÉRIO
A prática dos enterramentos no interior das igrejas estava
profundamente enraizada no Ocidente cristão, desde a Idade
Média, e resultava da visão profética registada no Apocalipse de
S. João, 20.11. Neste está escrito que, quando soar a trombeta do
Juízo Final, os mortos ressuscitarão em carne das suas sepulturas
para serem julgados. Para que isto estivesse em conformidade
com a visão do Apocalipse, a Igreja Católica fazia enterrar os
mortos dentro dos templos com a cabeça para ocidente. Logo
que surgisse o toque final, os corpos levantar-se-iam e ficariam
voltados para oriente, donde surgiria a justiça divina.
No caso concreto da igreja de Mozelos, os corpos eram enterrados
com a cabeça voltada para a porta da entrada e os pés para
o altar-mor, a fim de seguir a tradição profética.
A questão do cemitério de Mozelos, como no resto do país,
foi colocada no início da segunda metade do século XIX. Nas
atas da Junta, surge em sessão de 12 de setembro de 1871. Dado
o facto da Câmara Municipal da Vila da Feira ter construído
um cemitério na freguesia, e tendo-o entregue ao cuidado e administração
da Junta e como ele precisasse de melhoramentos
e como a Junta não tinha meios alguns para os fazer e como
muitas pessoas da freguesia desejavam obter sepulturas privadas
para si e suas famílias comprando para isso terrenos das mesmas
sepulturas entendia ser conveniente adotar-se uma forma
de venda de terrenos para as sepulturas no dito cemitério, por se
ver nele capacidade suficiente e que o resultado das vendas desses
terrenos fosse canalizado para o melhoramento e reparação
do mesmo cemitério, a Junta deliberou por unanimidade vender
cada sepultura de dois metros de comprido por um de largo, pela
quantia de 5.000$000.
Para que a deliberação produzisse todos os efeitos legais, foi
decidido remeter cópia dela ao Governador Civil para obter autorização
do Conselho do Distrito, que foi concedida posteriormente.
No mesmo ano, a Câmara da Feira autorizou a Junta a vender
terrenos no cemitério antigo (AJFM:Liv. de Inventários, fol. 20).
370 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 15 de outubro de 1873, começaram a surgir interessados
em comprar terrenos para jazigos particulares, prática que
se prolongou pelos anos seguintes e que se acha contida nas atas
das sessões da Junta.
Os deferimentos de pedidos de compra de terrenos para jazigos
passaram a ser uma constante em quase todas as sessões da
Junta até ao advento da República. Houve, aliás, tempos em que
tais decisões eram o único ponto das agendas das sessões.
Em 4 de Dezembro, foram vendidos terrenos para jazigos,
quatro a 15.000$000 cada um, um a 10.000$000 e outro por
5.000$000.
Em 6 de maio de 1874, foram vendidos os seguintes terrenos
para jazigos:
Terreno de 3 metros de comprido por 2,60 m de largo –
19.500$000;
Dois terrenos de 3 metros de comprido por três de largo –
cada um por 22.500$000;
Dois terrenos com 2 metros de comprido por um de largo –
cada um por 5.000$000.
Em 9 de outubro de 1874, foram vendidos terrenos para dois jazigos
um com 3 metros de comprimento por 3 de largo por 22.500$000
e outro com quase 2 metros de comprimento por 4.950$000.
Em 29 de março de 1875, o presidente referiu que se deveriam
evitar graves males, que pesavam sobre o coração de todos os fiéis
ofendendo a piedade e a religião, dado que não tinham sido ultimadas
as obras do cemitério, em toda a extensão do lado sul do adro
da igreja que se achava aberto, o que foi corroborado pelos vogais
que disseram ser lastimoso o que causava enorme repugnância
aos fiéis em terem ali as suas sepulturas e os seus defuntos. O
cemitério havia sido ordenado e feito pela Câmara Municipal no
biénio de 1868/69, ficando assim por concluir até ao presente, sem
que se tenha podido levar a cabo esta obra tão digna de todas as
atenções. Dado que a Junta não tinha recursos financeiros para a
obra necessária, foi solicitado à Câmara para assumir as despesas.
Para municiar a Junta para elaborar o orçamento da obra,
foram convidados 2 ferreiros que concluíram serem necessários
106.625$000 para o efeito.
Era urgente a realização da obra para evitar que os cães e
outros animais continuassem a desenterrar os ossos dos defuntos
o que se tornava doloroso para os fiéis verem assim maltratados
os seus defuntos. A Junta decidiu enviar o orçamento para a Câmara
para os devidos efeitos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
371
Em 14 de Dezembro de 1875, a Junta vendeu um terreno de
6,35 m2 por 15.925$000, um bocado de pedra por 1.200$000,
outro terreno com 9 m2 por 22.500$000. Em 28 de Dezembro,
estava a ser ultimado o arruamento do cemitério, que seria feito
à custa de Pedro Leite. Aguardava-se, entretanto, a plantação de
uns arbustos junto dos arruamentos.
Em 3 de maio de 1876, a Junta recebeu um ofício do Administrador
do Concelho onde se informa que por força da portaria
de 24 de janeiro de 1872, deve haver no cemitério um terreno
separado para não católicos e que o cemitério era propriedade
da Junta e não da Câmara. A Junta deliberou que dentro do cemitério
não podia haver um terreno separado porque está muito
ocupado com jazigos particulares e era necessário fazer um adicionamento
para as desejadas sepulturas. Assim, a Junta resolveu
mandar fazer junto ao cemitério do lado poente o prolongamento
do cemitério em comunicação com o adro da igreja para
serem sepultados os não católicos bem como algumas crianças
que pudessem morrer antes do batismo.
Em 2 de julho de 1876, a Junta deliberou encarregar o presidente
de providenciar a abertura de um portão em frente do
cemitério e dar todo o realce ao seu arruamento.
Em 11 de fevereiro de 1878, constatou-se na sessão da Junta
que ainda estava por vedar a parte do adro da igreja confinante
com o cemitério e ainda estava aberta a frente para o arraial,
com todos os inconvenientes já relatados em sessão anterior. A
Junta entendeu reclamar da Câmara a propriedade do cemitério,
nos termos da Lei para que se pudessem concluir as vedações
reclamadas.
Em 1879, a Câmara da Feira deliberou ceder à Junta a administração
do cemitério (ID.:Liv. de Inventários, Fl. 20).
A questão das obras do cemitério regressou em 21 de abril de
1879, com a constatação de que ainda estava por vedar o cemitério
do lado do adro, ainda estava deslocada a cruz do seu lugar,
a pedra que servia de mesa para pousar os caixões estava num
completo desarranjo e abandono.
Era da mais urgente necessidade concluir a vedação do cemitério,
aonde se faziam os enterramentos há oito anos, com bastante
desgosto para as famílias dos defuntos ali sepultados. As
Juntas anteriores já haviam solicitado à Câmara as necessárias
obras sem êxito. Face à situação, foi decidido fazer nova representação
à Câmara para ultimar as obras, reafirmando o desejo
do cemitério passar para a propriedade paroquial, que não teria
dúvidas em fazer as obras referidas.
372 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 30 de abril de 1879, o cemitério passou a ser propriedade
da Junta, por decisão da Câmara Municipal, tendo ficado demarcado
o caminho e o logradouro.
Em 1 de setembro, a Junta deliberou mandar fazer um gradeamento
em ferro à volta do cemitério, sobre a parede do adro
pelo preço de 100.000$000 que foi adjudicado ao mestre ferreiro
Joaquim de Oliveira Pais.
Em 20 de junho de 1881, a Câmara Municipal comunicou
à Junta que autorizara a construção de um muro com a altura
suficiente no arraial para o cemitério não ser devassado (ID.:Liv.
de Atas nº 1).
Em 1891, foi lavrado um processo concernente ao alargamento
do cemitério (ID.:Liv. de Inventários, fol. 20).
Em 27 de fevereiro de 1891, A Junta recebeu para as obras de
alargamento do cemitério as verbas seguintes:
– Joaquim Ferreira Regal, do Rio de Janeiro – 200 mil reis;
– Joaquim Alves Ferreira Bastos, do Rio de Janeiro – 200 mil
reis;
– José Ferreira Coimbra – 100 mil reis, especialmente, para edificar
o jazigo do seu chorado tio Doutor António Alves Ferreira, o
farmacêutico falecido no Brasil e que deixou uma fortuna colossal
que foi distribuída por vários herdeiros (AJFM: Doc. Avulso).
Em 1892, foi celebrada uma escritura de compra do terreno
para o alargamento do cemitério a José António Rios (ID.:IBID.).
Em 1896, foi celebrada a compra de uma leira de terreno
para ampliação do cemitério a António Monteiro dos Santos
(ID.:IBID.).
Em 21 de maio de 1897, a Junta solicitou à Câmara o processo
de aprovação do cemitério, visto haver necessidade de proceder
à sua bênção (ID: Liv. de Atas nº 3).
Em 5 de novembro de 1897, a Junta deliberou realizar a obra
de construção de um muro do cemitério dos não católicos por
70.200$000 (ID.:IBID.).
Em 2 de fevereiro de 1900, a Junta acertou com um seu freguês
utilizar um terreno que pertencia ao freguês para melhorar
o caminho do cemitério, beneficiando em troca benfeitorizar outro
terreno de igual extensão ali ao pé e no fim da rua Central prolongada
do cemitério velho. Em 16 de outubro de 1903, a Junta
considerou ser da maior urgência proceder-se à bênção do cemitério
novo, visto que o antigo já estava cheio, havendo dificuldade
em se fazerem mais enterramentos pois exigia-se um determinado
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
373
número de anos para que a terra consumisse os cadáveres. Seria
necessário proceder-se às necessárias escavações, para preparar os
terrenos para os enterramentos. Era necessário erguer também
uma cruz padrão, devendo para o efeito contactar-se dois artistas
e que custaria 50.000$000, o que foi aprovado (ID.: IBID.).
Em 14 de novembro de 1908, a Junta deliberou consertar o
arruamento que partia com o cemitério, pintar o ferro da sua
vedação e os seus arruamentos (ID.:Liv.de Atas nº 4).
Em 19 de janeiro de 1909, a Junta decidiu que os enterramentos
comuns passassem a ser feitos no cemitério novo do lado noroeste,
a seguir ao cemitério antigo para os adultos, as crianças
no outro canteiro paralelo a este, do lado sudoeste, a seguir ao
adro da igreja, reservando-se em ambos estes canteiros, pelo lado
sueste, à beira da rua lateral, uma faixa de terreno onde já existem
terrenos privativos e outros destinados ao mesmo fim, sendo ainda
tolerados enterramentos em determinadas sepulturas do cemitério
antigo, quando as famílias interessadas o reclamassem, com
o fundamento de terem ali sido enterrados cadáveres da mesma
família. Foi ainda decidido que não se colocassem epitáfios sem serem
examinados e aprovados pelo presidente. Foi ainda aprovada
a aquisição de ferramentas e utensílios indispensáveis aos enterramentos
e que se procedesse ainda ao aperfeiçoamento das ruas do
cemitério novo, sob a orientação dos vogais da Junta (ID.:IBID.).
Em 22 de agosto de 1911, a Junta deliberou fazer por conta
própria a limpeza do cemitério, sob a direção de um vogal
(Id.:Liv. de Atas nº 5).
Em 23 de abril de 1914, a Junta deliberou demolir o portão
do muro divisório do cemitério dos não católicos (ID.: IBID.).
Em 3 de junho de 1915, tendo desabado o muro do cemitério
paroquial que confrontava com a estrada municipal, a Junta resolveu
requerer ao Diretor as Obras Públicas a autorização para
a sua reconstrução (ID.:Liv. de Atas nº 6).
Em 27 de junho de 1915, a Junta deliberou mandar limpar
e caiar os muros do cemitério e adro e pintar o guarda-vento e
várias portas da igreja (ID.:IBID.).
Em 2 de janeiro de 1920, a Junta decidiu proceder à terraplanagem
e arruamento do cemitério novo, cuja despesa ascendeu a
187$10 (ID.:Liv. de Atas nº 7).
Durante boa parte da República, foram vendidos muitos
terrenos no cemitério para jazigos, acontecendo que em muitas
sessões da Junta estas vendas constituíam as suas únicas decisões.
Em 3 de maio de 1923, dado o facto da moeda estar a ser
374 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
constantemente desvalorizada, cerca de vinte vezes sobre o seu
anterior valor, a Junta deliberou elevar o preço de cada metro
quadrado de terreno no cemitério para 25$00 (ID.:IBID.).
Em 12 de maio de 1929, a CA deliberou proceder à pintura
da grade de ferro do cemitério por administração direta (ID.:Liv.
de Atas nº 8).
Em 12 de fevereiro e 26 de março de 1933, foi deliberado
abrir concurso para um encarregado dos enterramentos no cemitério,
sua limpeza e outros serviços no mesmo. O pagamento
dos seus serviços deveriam ser feitos pelas famílias das pessoas
enterradas no cemitério, mediante tabela a fixar (ID.:IBID.).
Em 21 de maio de 1933, compareceram na sessão da Junta
os membros das Confrarias das Almas e de Santa Luzia que
pediram autorização para a construção de uma capela no cemitério
para a recolha de cadáveres que aguardavam a sepultura
por qualquer motivo, propondo que o seu custo fosse assumido
pelos saldos disponíveis das Confrarias das Almas e de Santa
Luzia. A Junta não se opôs à proposta (ID.:IBID.).
A CA, sentindo a necessidade de colocar tabuletas de cimento
em forma de lousa destinadas às sepulturas, obteve um orçamento
de 3$00 por cada uma, tendo sido decidido encomendar
sessenta exemplares (ID.:Liv de Atas nº 9).
Em 16 de Dezembro de 1934, constatou-se o desabamento do
muro de suporte do adro paroquial e do cemitério, sobre a estrada
do Picoto a Esmoriz. Dado que a Junta não tinha condições financeiras
para o reconstruir e dada a dimensão da obra a realizar, a
CA deliberou oficiar ao Governador Civil de Aveiro para interceder,
junto do Ministério, para elaborar com a maior brevidade o
projeto necessário para realizar as obras necessárias. Entretanto,
procederam-se a obras de limpeza da estrada (ID.:IBID.).
Em 31 de julho de 1966, a Junta recolheu envelopes que haviam
sido distribuídos por todas as casas da freguesia com donativos
destinados a várias obras no cemitério, nomeadamente, cimentação
do solo, pintura das ferragens, construção de uma casa
de arrumos, eletrificação, grupo elétrico, início da construção de
sanitários com esgotos de tubos de cimento por caminho público
que seguia Mozelos a Nogueira da Regedoura, obras estas integradas
no 40º aniversário da Revolução Nacional. Os donativos recolhidos
atingiram o montante de 37.242$00 (ID.: Liv. de Atas nº 12).
Em 31 de julho de 1980, a Junta deliberou adquirir a área de
1.065 m2, pelo preço unitário de 500$00/m2 ao senhor Eduardo
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
375
Rios, depois de devidamente autorizada pela Assembleia de Freguesia.
À área adquirida juntavam-se mais cerca de 320 m2 oferecido
pela família Rios (ID.:IBID.).
Em 1998, deu-se início às obras de ampliação do cemitério de
Mozelos, consistindo em novo arruamento (Rua S. João Paulo
II), nova entrada para o cemitério (nascente) e parque de estacionamento.
Em 20 de abril de 1998, a Junta aprovou os seguintes preços
para cada sepultura:
– 1 campa – 320.000$00;
– 2 campas – 700.000$00;
– 3 campas – 1.100.000$00;
– capela – 1.500.000$00.
Entrada nascente do cemitério, e parque de estacionamento
376 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ASPETOS DEMOGRÁFICOS
Na página anterior, reprodução dos primeiros
registos de batizados realizado em Mozelos
Comunhão solene
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
379
Intimamente relacionada com a terra, está a distribuição e
a quantidade da população que nela vive ou foi vivendo ao
longo dos séculos. Uma e outra coisa mostram, desde logo,
que os homens se adaptaram às condições materiais, ou delas
foram capazes de tirar partido e a influência que ambos estes
factores tiveram sobre a evolução e distribuição dos aglomerados
habitacionais, ao longo de séculos. Aqui, porém, é importante
não esquecer o exterior: a população local pode crescer em
virtude das imigrações, produzir excedentes demográficos que
abandonam a terra ou revelar-se incapaz de lutar contra
condições adversas, e por isso estacionar ou diminuir
(MATTOSO:2002:184).
Anos 1527 (1) 1623 (2) 1690 (3) 1787 (4)
Freguesias
Moradores
De
Comunhão
Menores
Fogos
Famílias
Fogos
Almas
Argoncilhe * - - - 227 594 310 1103
Arrifana 105 400 93 170 484 221 855
Canedo 70 681 164 408 1091 538 1655
Escapães 33 124 43 76 288 115 371
Duas Igrejas 26 - - 25 97 36 137
Espargo 33 103 20 47 160 96 365
Feira 56 542 92 237 779 315 1248
Fiães 16 216 70 176 455 244 806
Fornos 21 125 25 70 235 96 369
Gião 45 120 48 99 304 103 383
Guisande 42 204 43 86 291 192 506
Lamas 22 80 19 59 159 76 363
Lobão 90 354 83 237 603 319 1046
Louredo - 258 59 163 494 146 644
Lourosa 49 211 78 159 378 214 1008
Milheiros de Poiares 39 - - 113 420 149 605
Mosteirô 48 157 46 78 255 82 348
Mozelos 36 168 44 105 254 185 667
Nogueira da
Regedoura
22 124 19 70 127 143 450
Oleiros 16 83 33 51 123 103 307
380 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Paços de Brandão 23 116 57 46 133 76 312
Pigeiros 59 110 31 78 224 107 436
Rio Meão 32 - - 120 358 156 489
Romariz 65 357 78 198 797 300 1055
Sanfins 19 82 25 52 158 87 335
Sanguedo 37 154 32 119 280 158 592
S, João de Ver 66 314 32 208 784 233 881
S. Jorge 34 211 36 84 293 116 490
Souto 68 240 64 138 353 281 910
Travanca 42 168 55 90 330 190 583
Vale 60 401 68 162 494 196 782
Vila Maior 28 165 28 89 265 117 384
* Do isento de Grijó. Porque estas freguesias não eram da visitação do Bispo do Porto, D. Rodrigo da Cunha não
apontou os seus fregueses
1) Arquivo Municipal do Porto: cod. 2.307
2) D. Rodrigo da Cunha: Catálogo dos Bispos do Porto: 242-250
4) Sousa: D. João de, Constituicões Sinodais do Bispado de 1690...
5) P. Agostinho Rebelo da Costa: Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto. Porto:176-185
Para se ter uma ideia de conjunto e uma referência comparativa,
apresenta-se o quadro da população das diferentes freguesias
de Santa Maria da Feira, nas quais de inclui naturalmente
Mozelos, desde o século XVI até ao presente, o que permite conhecer
a sua evolução.
Em 1623, tinha 166 pessoas de comunhão e 44 menores (D.
Rodrigo da Cunha: Catálogo dos Bispos do Porto: 242-250).
Anos
1839/1840
(1)
1856/57 (2) 1864/65 (3)
1864
(4)
1868 (5) 1890 (6)
Freguesias
Fogos
Fogos
Famílias
Famílias
População
População
Famílias
População
Famílias
População
Argoncilhe 515 457 466 2048 466 683 2838
Arrifana 240 181 237 1129 216 279 1141
Canedo 603 434 560 2312 528 616 2501
Escapães 116 104 114 444 112 112 497
Espargo 136 150 198 737 161 174 803
Feira 473 496 558 2098 462 575 2397
Fiães 335 308 330 1552 326 445 1841
Fornos 122 126 201 671 157 161 686
Gião 124 120 127 503 118
Guisande 121 101 106 529 110 124 559
Lamas 147 174 208 897 198 242 1152
Lobão 320 307 339 1367 398 219 1635
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
381
Louredo 755 187
Lourosa 285 357 378 1228 317 421 1762
Milheiros de
Poiares
168 154 149 661 151 161 701
Mosteirô 114 118 139 606 131 135 622
Mozelos 246 212 225 1087 237 346 1373
Nogueira da
Regedoura
273 263 253 1063 230 421 1469
Oleiros 173 145 214 728 172 223 921
Paços de
Brandão
215 181 222 857 193 267 1100
Pigeiros 96 77 89 362 95 98 403
Rio Meão 213 225 220 952 203 275 1167
Romariz e
Duas Igrejas
267 316 308 1399 301 338 1395
Sanfins 104 92 104 443 102 105 461
Sanguedo 186 179 182 858 228 254 1.018
S, João de Ver 332 348 345 650 340 451 1973
S. Jorge 125 147 143 596 144 163 751
Souto 367 337 376 1748 341 418 1837
Travanca 225 220 851 207 220 959
Vale 180 225 239 1019 240 230 968
Vila Maior 133 151 172 582 138 161 647
1) Mappa Geral Estatístico das côngruas arbitradas aos Parochos e Coadjuctores das Freguesias do Continente do
Reino: Imprensa Nacional:1841
2) Côngruas Arbitradas em 1856/57: Lisboa: 1859
3) Mappa Geral Estatístico das côngruas arbitradas aos Parochos e Coadjuctores das Freguesias do Continente do
Reino: Imprensa Nacional: 54 e 55
4) Censo da População de Portugal, In Diccionário Chorographafico de Portugal de Américo Costa
5) Corografia Portuguesa de Carvalho da Costa:107 a 112: Braga: 1868
6) Censo de 1890
Anos 1900 (1) 1911 (2) 1920 (3) 1930 (4)
Freguesias
Famílias
População
Famílias
População
Famílias
População
Famílias
População
Argoncilhe 660 2994 782 2341 628 2727 735 3428
Arrifana 287 1206 322 1447 371 1641 430 1965
Canedo 616 2591 652 2806 658 2914 774 3245
Escapães 123 552 139 663 153 702 204 903
Espargo 194 863 203 1006 233 1050 245 1137
Feira 563 2650 619 2878 607 2699 653 2942
Fiães 478 2030 543 2363 581 2527 766 3037
Fornos 175 740 187 863 187 859 223 1009
Gião 122 533 128 633 133 683 139 707
382 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Guisande 124 540 131 606 132 618 145 719
Lamas 294 913 315 1538 198 910 377 1904
Lobão 424 1817 465 2.057 476 3132 505 2357
Louredo 201 729 211 850 212 903 223 1005
Lourosa 460 1936 517 2276 527 2341 580 2775
Milheiros de Poiares 170 791 191 1022 222 1095 244 1192
Mosteirô 159 676 173 721 166 752 184 872
Mozelos 319 1492 361 1717 338 1603 364 1805
Nogueira da
Regedoura
373 1554 401 1569 386 1710 413 1782
Oleiros 256 1028 292 1156 275 1296 342 1504
Paços de Brandão 285 1241 323 1516 322 1607 423 1896
Pigeiros 94 406 359 1703 98 518 120 615
Rio Meão 292 1328 318 1195 340 1561 387 1805
Romariz 353 1452 352 1619 368 1617 364 1719
Sanfins 123 577 131 651 141 621 141 746
Sanguedo 244 1012 263 1102 267 1157 280 1347
S, João de Ver 437 1091 489 2280 521 2417 589 2739
S. Jorge 165 765 190 891 198 972 266 1134
Souto 355 1604 522 2359 488 2254 609 2649
Travanca 213 996 229 1071 230 1028 266 1388
Vale 226 1006 259 1087 278 1267 303 1471
Vila Maior 155 644 183 728 163 744 181 859
1 – Censo da População de Portugal – 1900
2 – Censo da População de Portugal – 1911
3 – Censo da População de Portugal – Dezembro 1920
4 – Censo da População de Portugal – 1930
Anos 1940 (1) 1950 (2) 1960 (3) 1970 (4)
Freguesias
Famílias
População
Famílias
População
Famílias
População
Famílias
População
Argoncilhe 947 4326 1065 4988 1210 5685 1292 3928
Arrifana 520 2450 674 3109 929 4161 1132 5264
Canedo 863 3378 899 4028 997 4225 918 3922
Escapães 250 1115 315 1458 402 1981 443 2168
Espargo 290 1100 282 1207 328 1257 294 1282
Feira 804 3436 843 3780 981 4220 1294 5222
Fiães 543 3634 896 4459 1145 5486 1266 7025
Fornos 279 1246 296 1417 353 1592 423 1919
Guisande 150 820 198 903 203 1029 225 1066
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
383
Lamas 528 2607 608 2908 777 3754 825 4084
Lobão 634 2819 705 3299 816 3930 861 4179
Louredo 262 1117 266 1249 291 1291 298 1315
Lourosa 655 3448 845 4079 1117 5724 1433 7301
Milheiros de Poiares 273 1306 362 1599 415 1916 532 2491
Mosteirô 227 1000 226 972 277 1103 333 1523
Mozelos 455 2287 473 2530 668 3156 751 3483
Nogueira da
Regedoura
467 3060 537 2206 600 2446 690 3483
Oleiros 445 1822 425 2048 545 2442 684 3042
Paços de Brandão 486 2405 555 2749 777 3474 923 3994
Pigeiros 151 651 148 674 184 804 162 901
Rio Meão 405 2139 483 2434 598 3024 718 3549
Romariz 444 1958 463 2190 524 2467 584 2998
Sanfins 167 828 188 906 242 1168 278 1356
Sanguedo 347 1535 403 1839 449 2117 465 2263
S, João de Ver 615 3100 757 3639 966 4536 880 4513
S. Jorge 277 1360 337 1613 377 1739 392 1796
Souto 648 2923 746 3322 783 3445 813 3519
Travanca 305 1258 299 1413 338 1463 361 1621
Vale 358 1494 411 1800 460 2003 470 2071
Vila Maior 287 856 232 952 238 1066 232 926
1 – Recenseamento Geral da População, (VIII), 1940
2 – Recenseamento Geral da População, (IX), 1950
3 – Recenseamento Geral da População, (X), 1960
4 – Recenseamento Geral da População, (XI), 1970
Em 1757, Mozelos 105 fogos e em 1890, 260 fogos (Leal:
Portugal Antigo e Moderno:vol.5:554).
Em 1857, Mozelos tinha fogos e almas (Almanak Ecclesiástico
do Bispado do Porto para 1857: Porto:1856).
Em 1945, Mozelos tinha 2.286 habitantes em 455 fogos
(Grande Enciclopédia…:vol. 18:62).
Em 31 de Dezembro de 1960, existia na freguesia, a população
seguinte:
3.170 moradores, sendo 1456 do sexo masculino e 1.714 do
sexo feminino (AJFM:Liv de Atas nº 12).
384 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
POPULAÇÃO POR LUGARES DE MOZELOS
EM 1940
Lugares
Fogos
Homens e
Mulheres
Homens
Casal 6 36 16
Coteiro 11 57 31
Ermilhe 18 96 48
Fundão 10 52 31
Gesto 16 64 31
Goda 38 204 102
Igreja 12 68 34
Mozelos 16 49 19
Murado 47 254 115
Outeiro do
Moinho
15 42 20
Prime 19 104 49
Quebrada 13 72 30
Quintã 29 125 47
Regadas 13 95 46
Rio 7 61 33
Seitela 25 155 70
Sobral 47 262 120
Vergada 93 441 215
Vilas 13 32 17
Isolados e
Dispersos
7 15 4
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
385
Anos 1981 (1) 1991 (2) 2001(3) 2011 2011
Freguesias
Famílias
População
Famílias
População
Famílias
População
Famílias
População
Argoncilhe 1666 7507 2558 8318 2584 8605 3465 8420
Arrifana 1303 6315 1878 5600 2071 6544 2861 6551
Canedo 1333 4999 1240 4874 1710 5782 2919 6044
Escapães 645 2632 847 2979 907 3028 1406 3309
Espargo 302 1516 377 1439 410 1309 660 1559
Feira 1445 5966 2323 8231 3304 11040 5789 12511
Fiães 1667 3713 2657 8842 2580 8754 3266 7991
Fornos 536 2352 793 2636 887 2810 1461 3397
Gião 276 1049 442 1131 507 1676 849 1815
Guisande 249 1226 422 1434 555 1474 579 1237
Lamas 4303 1311 3900 1887 5120 2061 5073
Lobão 1106 4073 1747 5043 2241 5761 2653 5483
Louredo 307 1423 475 1389 612 1459 723 1325
Lourosa 1790 8268 2821 8113 3514 9204 3752 8636
Milheiros de
Poiares
683 2028 955 2623 1434 3859 1536 3791
Mosteirô 418 1745 580 1855 754 2043 854 2038
Mozelos 1162 4749 1535 4800 2465 6502 2981 7142
Nogueira da
Regedoura
1015 3647 1255 4269 1933 5026 2339 5790
Oleiros 715 3122 1246 3662 1534 4003 1643 4069
Paços de
Brandão
1097 4472 1772 4469 1935 4590 2066 4867
Pigeiros 242 1124 414 1217 480 1369 504 1181
Rio Meão 977 4417 1351 4324 1828 4688 2082 4931
Romariz 751 3429 1045 3358 1360 3650 1409 3023
Sanfins 366 1634 634 1665 692 1970 825 1882
Sanguedo 825 2739 1008 3154 1290 3542 1436 3600
S, João de Ver 1260 5233 2299 6981 3468 8816 2059 10579
S. Jorge 524 2205 738 2199 1088 2728 4608 2716
Souto 950 3706 1353 4608 1785 4835 1192 4696
Travanca 380 1537 582 1873 789 2201 1953 2242
Vale 558 2172 725 1867 833 2138 932 1903
Vila Maior 309 1070 479 1476 573 1438 1029 1511
1 – Recenseamento Geral da População, (XII), (1981)
2 – Recenseamento Geral da População, (XIII), (1991)
3 – Recenseamento Geral da População, 2001
386 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1900
Concelho e
Freguesia
População
Sabiam ler
HM H M HM H M
Feira 45251 20631 24320
Mozelos 1451 657 794 422 287 135
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 1911
Concelho e
Freguesia
População
Sabiam ler
HM H M HM H M
Feira 51531 22931 28500 12740 8430 4310
Mozelos 1629 729 900 263 211 52
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 1920
Sexo
Naturalidade
Concelho e
freguesia
Famílias
População
População de
facto (total)
Varões
Fêmeas
Naturais do
Concelho
da
residência
Naturais
doutro
concelho do
distrito
Doutra
naturalidade
Estrangeiros
Feira –
Concelho
11507 72457 51840 23202 28637 49254 1108 1450 Sdqwxsw2
Mozelos 338 1603 1601 701 900 1372 5 30 -
Estado Civil
Instrução
Solteiros
Casados
Separados
judicialmente
Divorciados Viúvos Analfabetos Sabem ler
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
496 556 216 265 1 1 14 81 393 694 308 206
(Direcção Geral de Estatística – República Portuguesa: Censo da
População de Portugal – Dezembro 1920: Imprensa Nacional)
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
387
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1930
Estado Civil
Instrução
Solteiros
Casados
Separados
judicialmente
Divorciados Viúvos Analfabetos Sabem ler
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
776 988 514 606 243 277 - 1 19 92 455 796 321 192
(Censo da População de Portugal – Dezembro 1930)
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 1940
Estado Civil
Instrução
Solteiros
Casados
Separados
judicialmente
Divorciados Viúvos Sabem ler
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
Varões
Fêmeas
704 747 348 370 1 1 3 3 22 87 517 449
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1950
Freguesia
Famílias
Convivências
HM H M
População residente
Temporariamente
Ausente
HM H M
HM H M
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Mozelos 473 - 2530 1183 1347 40 32 8 2491 1152 1339
(IX Recenseamento Geral da População – 15 de Dezembro de 1950)
388 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1960
Freguesia
Famílias
Convivências
HM H M
Temporariamente
ausente
Solteiros
Casados
HM H M HM H M HM H M
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Mozelos 668 - 3156 1454 1702 28 15 13 1947 929 1018 1070 510 560
(X Recenseamento Geral da População – 15 de Dezembro de 1960)
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1970
Freguesia
Habitação
População presente
Prédios Alojamentos Famílias HM H M
Mozelos 776 761 751 3483 1605 1878
(XI Recenseamento Geral da População)
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1980
Freguesia
População residente
População presente
Famílias
Residente
Núcleo
Familiar
Total
Alojamento
HM H M HM H M Class. Outros Edif.
Mozelos 4709 2300 2449 4712 2275 2437 1158 1150 1246 1207 39 1162
(XII Recenseamento Geral da População – II Recenseamento Geral da Habitação – 1981)
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1990
Freguesia
População residente População presente Famílias
HM H M HM H M
Clássicas
residentes
Institucionais
Mozelos 4259 2083 2176 4225 2052 2163 1192 -
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
389
Freguesia
Núcleos
familiares
residentes
Alojamentos
familiares -
total
Alojamentos
familiares -
clássicos
Alojamentos
familiares -
outros
Alojamentos
colectivos
Edifícios
Mozelos 1189 1255 1233 22 - 1176
(Censos 1991 – Resultados preliminares por freguesias (1981-1991)
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 2001
Freguesia
População residente População presente Famílias
HM H M HM H M
Clássicas
residentes
Institucionais
Mozelos 6520 3168 3334 6296 3038 3258 2154 -
Freguesia
Núcleos
familiares
residentes
Alojamentos
familiares -
total
Alojamentos
familiares -
clássicos
Alojamentos
familiares -
outros
Alojamentos
colectivos
Edifícios
Mozelos 2109 2465 2449 10 1 1550
Censos 2011 – Resultados definitivos
CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 2011
Freguesia
População residente População presente Famílias
HM H M HM H M
Clássicas
residentes
Institucionais
Mozelos 7142 3476 3666 6980 3376 3604 2523 1
Freguesia
Núcleos
familiares
residentes
Alojamentos
familiarestotal
Alojamentos
familiaresclássicos
Alojamentos
familiaresoutros
Alojamentos
coletivos
Edifícios
Mozelos 2272 2981 2981 - 1 1746
Censos 2011- Resultados Definitivos
ADMINISTRAÇÃO LOCAL
Sede da Junta de Freguesia
Na página anterior, reprodução de AJFM, Atas, Lv. 1, Fol.1
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
393
O poder local foi muitas vezes uma força e o exercício de
uma certa capacidade de desenvolvimento e de realizar
obras públicas que transcendia a capacidade das estruturas
administrativas locais e as diversas formas de
representação jurídico-formal das comunidades locais
(OLIVEIRA:1995:8).
O Governo das comunidades locais, naturalmente muito longe
da forma atual, estava cometido à Igreja, instituição omnipresente
na vida das pessoas. Não admira, pois, que, por incumbência
dada pelos sucessivos visitadores, fossem as comunidades
responsabilizadas pelo arranjo dos caminhos, com a preocupação
de se dar passagem decente ao Sagrado Viático, quando ia ser
presente aos doentes. Havia também, na maioria das freguesias,
a confraria do Subsino a quem estavam confiadas algumas tarefas
que hoje são realizadas pela administração local civil.
A partir do Liberalismo, mercê da progressiva secularização
da sociedade, entrou em vigor o Código Administrativo de 1836,
que criou, entre outros órgãos de Administração Local, as Juntas
de Parochia que eram de 3 membros nas freguesias até 200 fogos,
de 5 até 800, e de 7 nas de maior população. Eram eleitores elegíveis
todos os moradores da Paróquia, no uso dos seus direitos civis
e políticos. O presidente era escolhido pelos membros da Junta
e substitutos à pluralidade dos votos. Por sua vez, a Junta nomeava
o secretário e o tesoureiro e devia ter uma sessão ao Domingo.
A Junta tinha, entre outras, as seguintes atribuições:
– Inventariar e administrar os bens e rendimentos pertencentes
à paróquia e à fábrica da Igreja;
– Deliberar sobre a necessidade de fazer contribuir para as
despesas da paróquia as irmandades e confrarias nela eretas;
– Fazer o rol das pessoas que tinham direito ao sustento pela
beneficência pública;
– Exercer várias funções no domínio da saúde pública, da
limpeza, no abastecimento de lenhas e madeiras, guarda de campos,
searas, vinhas e pastos.
394 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Costa Cabral
Havia, também, regedores que eram eletivos e escolhidos em
listas tríplices pelo Administrador do Concelho, serviam por dois
anos, eram coadjuvados por cabos de polícia e deviam elaborar
o orçamento da paróquia, administrar os bens comuns, vigiar as
casas públicas, os vadios e os turbulentos e exercer outras funções
de manutenção da ordem pública.
Por decreto de Costa Cabral, de 18 de março de 1842, foi
retirada alguma autonomia aos órgãos do poder local, passando
as Juntas a terem dois vogais eleitos pelos eleitores da freguesia,
sendo o Pároco, vogal nato e presidente, limitando-se as suas
atribuições à administração dos bens da Igreja da Paróquia e ao
desempenho de certos atos de beneficência, podendo lançar finta
sobre os moradores, entre outras funções.
O regedor passou a ser nomeado por alvará do Governador
Civil.
A lei impunha o exercício dos cargos, apenas dispensando
quem provasse incapacidade de serviço ou incapacidade física ou
moral (NOGUEIRA:1993:80 – 87).
Durante a República e até 1974, a freguesia tinha à sua frente
um corpo administrativo. A Junta de Freguesia era eleita, de
quatro em quatro anos, pelas famílias, representadas pelo seu
chefe, compondo-se de três membros, um presidente, um secretário
e um tesoureiro, funções exercidas gratuitamente, com limitadas
competências, designadamente, emissão de atestados de
residência e de prova de vida e ações de assistência (ENCICLO-
PÉDIA:1987:vol.14:391).
A documentação relativa a Mozelos reporta ao tempo do início
das Juntas de Paróquia.
A referida documentação tem início em 1836, ano da criação
das Juntas da Paróquia, o que nos permite conhecer o desenvolvimento
da atividade da Junta da Paróquia, nesta freguesia,
nesse período fundador.
Durante muito tempo, a Junta de Paróquia teve como Presidente
nato o Pároco.
Os membros das Juntas, prestavam juramento declarando bem
e fielmente cumprirem os deveres do seu cargo, obedecerem e guardarem
fidelidade ao Rey e às Leis Geraes da Nação (ID.: Ata de 2.1.1881).
Feita esta introdução, far-se-á a menção dos membros ao longo
dos tempos bem como as decisões mais importantes tomadas.
Ao longo dos anos, houve muitas reuniões em que não havia
quaisquer assuntos a tratar, limitando-se à aprovação das actas.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
395
Estas situações eram mais frequentes, em fim de regime e em
períodos de normalização da vida coletiva.
No início de novos regimes, as reuniões eram mais frequentes,
realizando-se muitas de carácter extraordinário.
Durante o Estado Novo, as reuniões eram escassas, havendo
uma só por mês, e os assuntos tratados reduziam-se quase exclusivamente
à emissão de atestados de pobreza, para acesso a serviços
hospitalares, para isenção de custas judiciais e em grande
número abonando o bom comportamento moral e político.
As obrigatórias aprovações de orçamentos e das contas de
gerência surgiam também nos tempos determinados.
A utilização do cemitério, compra e cedência de terrenos,
construção e arranjo de jazigos e campas, para além das obras
que, ciclicamente, a Junta lá fazia, completavam a quase litânica
repetição do conteúdo das atas.
Os tempos de mudança de regime, nomeadamente, da Monarquia
para a Republica, desta para o Estado Novo e deste para
a Democracia, sempre foram momentos de tentativas de ajustes
de contas com os executivos anteriores, chegando mesmo a pôr-
-se em questão a sua honorabilidade política e mesmo pessoal.
Começam por integrar este trabalho os nomes de todos
quantos, desde os tempos heróicos das Juntas de Paróquia até aos
tempos presentes, que, com funções executivas ou deliberativas
e fiscalizadoras, têm vindo a dar o melhor de si mesmo, pela sua
terra de naturalidade ou de acolhimento.
Devo ressalvar o facto de não ter podido aceder a alguns
livros de atas, o que, obviamente, empobrece o conhecimento da
vida autárquica, durante esses lapsos temporais.
De qualquer forma, procurei suprir tais limitações com recurso
a outras fontes.
Após a apresentação dos sucessivos elencos das Juntas, ao
longo da sua história, desde 1836 até ao presente, serão tratados
os assuntos versados nas respetivas sessões.
Dada a especificidade de alguns deles, como a atividade religiosa,
cemitério, educação e atividades culturais, recreativas e
desportivas, serão integrados em capítulos próprios.
A leitura e comparação dos seus conteúdos permitem tomar
o pulso da vida coletiva da freguesia, os seus avanços e recuos, as
suas aspirações e a concretização dos seus sonhos, a projeção dos
seus medos e das venerações aos sucessivos poderes e refletem
uma realidade única, cujos relatos são transmitidos por agentes
colocados no terreno.
Primeiro estandarte da
Junta de Freguesia de Mozelos
396 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Militares de Abril com civis
Havendo, naturalmente, muitas realidades e comportamentos
semelhantes, em várias freguesias, há, de facto, especificidades
que importa relevar.
Em tempo de fortes clivagens sociais, de acendrado jacobinismo
anticlerical, nem a presença do Pároco à frente do executivo
paroquial evitou alguns confrontos entre o Abade e alguns elementos
da Junta.
Por tudo isto, julgo que valeria a pena aprofundar os estudos
das atas da Junta e documentação conexa, para um melhor conhecimento
da realidade de Mozelos, vista através do relato da
atividade da sua Junta.
Procurei extrair dos conteúdos das atas o pulsar da vida coletiva
que se plasmava nas reuniões da Junta.
Nota-se, claramente, uma diminuição da capacidade interventiva
da Junta, durante o Estado Novo, durante o qual, não
passava de um ténue marco do correio, entre as populações e os
restantes poderes.
A partir do 25 de abril de 1974, os órgãos locais, enriquecidos
com a criação da Assembleia de Freguesia, foram obtendo outras
capacidades normativas de intervenção, maior poder financeiro
de execução, condições mais alargadas de conhecimento e acompanhamento
da vida coletiva, com a possibilidade do Presidente
da Junta exercer as funções a tempo inteiro.
Nos primeiros anos de vida democrática, após o 25 de abril, a
Junta estava plenamente aberta às populações, e em quase todas
as reuniões, participavam moradores, isoladamente ou em grupo,
para colocarem questões, não só de interesse individual, mas
também relativos à vida comunitária.
A partir do início do ciclo democrático em que vivemos, será
diferente a nossa abordagem à atividade autárquica local, limitando-nos
ao que se apresenta como intervenção original e paradigmática,
ou do que tenha clara influência em toda a comunidade.
Para além disso, as Juntas passaram a ter competências próprias
mais vastas e meios financeiros mais alargados, mercê de
transferências, consagradas por normativos próprios, mas também
por protocolos específicos celebrados com a Câmara Municipal,
designadamente, no domínio das obras e jardins, e das
escolas, entre outras.
Consideramos que a síntese da atividade das Juntas de Freguesia,
ao longo dos tempos, em todo o concelho, constituirá um
inegável contributo para a compreensão da génese, evolução, variedade
e condicionalismos deste importante corpo administrativo
tão importante para a vida das comunidades.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
397
NOME
Joaquim Fernandes do
Couto
Diogo José Ferreira Fortuna
Manuel Alves Ferreira
José António Rios
José Ferreira dos Santos
António de Oliveira Souto
Oliveira
CARGO
PERÍ-
ODO
PRO-
CESSO
Presidente 1836 Eleição
Secretário
Vogal
Vogal
Vogal
Vogal
Comissário
da Paróquia
Joaquim Fernandes do
Couto
Diogo José Ferreira Fortuna
Manuel Alves Ferreira
António Ferreira dos Santos
José de Oliveira
António de Oliveira Souto
Manuel José dos Reis Milheiro
José Fernandes Ribeiro
Francisco José Coelho
Presidente
Secretário
Vogal
Vogal
Vogal
Vogal
Vogal
Vogal
Vogal
Dezembro
de 1836
Eleição
Manuel José dos Reis
Milheiro
Presidente
Diogo Soares Alves
Secretário
José Ferreira dos Santos
Vogal
Francisco José Coelho
Vogal
José de Oliveira
Vogal
José Fernandes Ribeiro de
Amorim
Vogal
Luís Alves Coelho Substituto
António Amorim Aranha
Substituto
José António Rios
Substituto
Manuel José Coelho
Substituto
Manuel Joaquim de Oliveira Regedor
Maio de
1837
Eleição
José Fernandes Ferreira
Amorim
Diogo Soares Alves
Francisco José Martins,
substituído em 5/11/1938 por
Pedro Leite
Joaquim Pereira da Cruz
Presidente
Secretário
Tesoureiro
Vogal
Dezembro
de 1837
Eleição
398 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
José de Sousa, substituído em
22/11/1938 por Manuel Alves Vogal
Pereira
Joaquim Pereira da Silva,
substituído por Francisco
de Oliveira Pais, por estar
Vogal
gravemente doente
José de Oliveira
Vogal
José Ferreira dos Santos
Vogal
José Francisco Alves
Vogal
Manuel Alves Oliveira
Vogal
Manuel Alves Pereira, passou a
efetivo em 22/11/1838
Vogal
substituto
Manuel Joaquim Oliveira Regedor
Manuel da Mota,
substituído por Tomás de
Oliveira em 23/12/1838
Presidente
Dezembro
de 1838
Eleição
José Francisco Alves
Diogo Soares Alves
Servindo
de
Secretário
José Fernandes do Couto,
nomeado em 10/3/1839
Tesoureiro
Tomás de Oliveira, passou a
Presidente em 23/12/1838
Vogal
José Coelho de Amorim
Vogal
Manuel Alves Pereira
Vogal
José Ferreira Ribeiro
Vogal
Manuel Coelho
Vogal
António Francisco Amorim Substituto
António José Caetano
Substituto
Francisco Ferreira
Substituto
Pedro Leite
Substituto
Manuel Pereira da Mota Júnior Regedor
Francisco de Oliveira Pais
Diogo Soares Alves
Manuel Carvalho da Rocha
António Pereira dos Santos
José de Sousa
José de Fontes
António José Ferreira, passou a
efetivo em 15/12/1839
Manuel Lopes
Presidente
Servindo de
Secretário
Vogal
Vogal
Vogal
Vogal
Substituto
Substituto
Dezembro
de 1839
Eleição
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
399
Joaquim Ferreira
Manuel Pereira da Mota
Padre Vicente de Oliveira
Xavier
Francisco José Coelho
Luís Alves de Oliveira
José Leite de Oliveira
Substituto
Regedor
Presidente 1844 Eleição
Vogal
Vogal
Regedor
José Ferreira dos Santos Presidente 1852 Eleição
Diogo Soares Alves
Servindo de
Secretário
João Fernandes Amorim
Vogal
Reitor Padre Manuel António
de Sousa
Pároco
Reitor Manuel António de
Sousa
Luís Alves Coelho
Diogo Soares
Reitor Manuel António de
Sousa
António Amorim Aranha
José Ferreira dos Santos
José Soares Alves
Presidente 1856/1857 Eleição
Vogal
Vogal
Presidente 1856/1857 Eleição
Vogal
Vogal
Regedor
Padre José Alves Coelho Presidente 1871/1872 Eleição
Joaquim Ferreira dos Santos Vogal
José Fernandes de Amorim
Aranha
Vogal
Jerónimo de Oliveira Carvalho Regedor
Padre José Alves Coelho Presidente 1873/1874 Eleição
Joaquim Ferreira dos Santos Vogal
José Fernandes de Amorim
Aranha
Vogal
António Leite de Oliveira
Regedor
Padre José Alves Coelho Presidente 1876/1877 Eleição
Paulino José Coelho
Vogal
José Coelho de Amorim
Vogal
António Soares Alves
Regedor
Padre José Alves Coelho Presidente 1878/1879 Eleição
400 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Bernardo António da Costa
Serafim António de Oliveira
Joaquim de Pinho
Vogal,
servindo de
Secretário
Vogal
Regedor
Paulino José Coelho Presidente 1879/1880 Eleição
Joaquim Ferreira dos Santos
António Joaquim de Oliveira
António Ferreira Leite da
Conceição
José Francisco de Amorim
António Soares Alves
Francisco Espírito Santo
Vice-
Presidente
Secretário
Vogal
Vogal
Regedor
Escrivão
Paulino José Coelho Presidente 1880/1881 Eleição
Joaquim Ferreira dos Santos
Vice-
Presidente
António Joaquim de Oliveira Secretário
José Francisco de Amorim
Vogal
António Ferreira Leite da
Conceição
Vogal
António Leite de Oliveira Presidente 1882/1883 Eleição
António Joaquim de Oliveira Secretário
Jerónimo de Oliveira Carvalho Tesoureiro
Joaquim Ferreira dos Santos Vogal
Joaquim de Pinho
Vogal
Joaquim de Pinho Presidente 1884/1885 Eleição
José Coelho de Amorim
Vice-
Presidente
Padre Francisco Marques da
Silva Seabra
Secretário
Jerónimo de Oliveira Carvalho Tesoureiro
José Francisco de Amorim
Vogal
Joaquim de Pinho Presidente 1885/1886 Eleição
José Francisco de Amorim
Vogal
Jerónimo de Oliveira Carvalho Tesoureiro
Padre Francisco Marques da
Silva Seabra
Secretário
José Coelho de Amorim
Vogal
António Leite de Oliveira
Vogal
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
401
José Francisco de Amorim
António Pereira Leite da
Conceição
António Joaquim de Oliveira
Padre Francisco Marques da
Silva Seabra
José Coelho de Amorim
Joaquim Coelho da Rocha
António Soares Alves
Vogal
Presidente 1886/1887 Eleição
Vice-
Presidente
Secretário
Tesoureiro
Vogal
Regedor
Padre José Alves Coelho Presidente 1887/1888 Eleição
Joaquim Ferreira dos Santos
Vice-
Presidente
Padre Francisco Marques
da Silva Seabra, substituído
em 19/12/1887, por Joaquim
Secretário
Moreira Dias
José Coelho de Amorim
Tesoureiro
António Couto Nogueira
Vogal
Joaquim Coelho da Rocha
Vogal
António Soares Alves
Regedor
Joaquim Ferreira dos Santos Presidente 1888/1889 Eleição
Joaquim Coelho da Rocha
Vice-
Presidente
José Coelho de Amorim
Tesoureiro
Joaquim Moreira Dias
Secretário
Joaquim Coelho da Rocha
Vogal
António Soares Alves
Regedor
António Joaquim
de Oliveira
Bernardino Alves Ferreira
José António Rios
Manuel Domingues Maia
José Francisco Alves
Presidente 1893-1895 Eleição
Bernardino Alves Ferreira Presidente 1890-1892 Eleição
José Eduardo Rios
Vice-Presidente
Manuel Monteiro dos Santos Tesoureiro
Joaquim Moreira Dias
Secretário
Vice-Presidente
Vogal
Vogal
Vogal
402 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Francisco José do Espírito Santo
Secretário
Joaquim Coelho da Rocha
Joaquim Ferreira dos Santos
Joaquim Moreira Dias
José Coelho de Amorim
António Couto Nogueira
António Soares Alves
Manuel Domingues Maia
António Leite de Oliveira
Presidente
Vice-
Presidente
Secretário
Tesoureiro
Vogal
Vogal
Vogal
Regedor
1896 a
1898
Eleição
Padre José Alves Coelho Presidente 1899/1901 Eleição
Manuel Ferreira Coelho Leite
Francisco Fernandes Coelho de
Amorim
José Alberto Coelho Rios
José Francisco Alves
Joaquim Oliveira Pais
Manuel Domingues Maia
António Leite de Oliveira
Vice-Presidente
Secretário
Tesoureiro
Vocal
Vogal
Vogal
Regedor
Padre José Alves Coelho Presidente 1902/1904 Eleição
Francisco Fernandes Coelho de
Amorim
Secretário
Manuel José Paulo
Tesoureiro
Joaquim Coelho das Rocha
Vogal
António do Couto Nogueira
Vogal
José de Barros
Vogal
Bernardino Ferreira Coimbra Regedor
Padre José Alves Coelho Presidente 1905/1907 Eleição
Joaquim Eduardo Pereira Rosas Secretário
Manuel José Paulo
Tesoureiro
António Pereira dos Santos
Vogal
Joaquim Pereira da Silva
Vogal
José Francisco Alves
Vogal
Marcelino Ferreira Barros
Vogal
Padre José Alves Coelho Presidente 1908 Eleição
José Pereira Alves Carvalho Secretário
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
403
Manuel José Paulo
António Pereira dos Santos
Joaquim Pereira da Silva
José Francisco Alves
Bernardino Ferreira Coimbra
José Francisco Nogueira
José Alves Ferreira Amorim
Joaquim Soares Alves
Manuel Fernandes de Amorim
Aranha
Tesoureiro
Vogal
Vogal
Vogal
Regedor
Comissão
Paroquial
Idem
Idem
Idem
Padre José Alves Coelho Presidente 1908 Eleição
Paulino Fernandes Coelho
de Amorim, substituído em
4/1/1910, por Maximino
Secretário
Martins Guimarães
Manuel José Paulo
Tesoureiro
Maximino Martins Guimarães,
passou a secretário em
Vogal
4/10/1910
Marcelino Ferreira de Barros Vogal
Bernardino Augusto Dias
Milheiro
Vogal
Bernardino Ferreira Coimbra Regedor
Maximino Martins
Guimarães
Marcelino Ferreira de Barros
Paulino Fernandes Coelho de
Amorim
Manuel José Paulo
Joaquim Soares Alves
António do Couto Nogueira,
substituído em 27/10/1913,
por Manuel Fernandes Coelho
Amorim
Bernardino Augusto Dias
Milheiro
António Francisco Martins
Joaquim Domingues Oliveira
Júnior
Bernardino Ferreira
Coimbra
Presidente 1910/1913 CA
Vice-
Presidente
Secretário
Tesoureiro
Vogal
Vogal
Vogal
Vogal
Regedor
Presidente 1914 CA
404 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Joaquim Godinho Aguiar
Henrique dos Santos Rios
Domingos dos Santos Ferreira
Professor Paulino Fernandes
Coelho Amorim
Vice-
Presidente
Secretário e
Vogal
Tesoureiro e
Vogal
Vogal
Bernardino Ferreira Coimbra
(1861-1936)
Bernardino Ferreira
Coimbra
Joaquim Godinho Aguiar
José Gomes Pinto Tomás
Domingos dos Santos Ferreira
Joaquim Ferreira Rios
Henrique Soares dos Santos
Rios
Bernardino Augusto Dias
Milheiro
António Francisco Soares
Paulo Pereira Pinho
José de Barros
Joaquim Pereira da Silva
Presidente 1914/1917 CA
Vice-
Presidente
Secretário
Interino
Vogal
Vogal e
também
Secretário,
a partir de
14/10/1917
Tesoureiro
Interino
Substituto
Substituto
Substituto
Substituto
Substituto
António Francisco Soares
Presidente
1918 até 10
de fevereiro
(dissolvido
pela re-instauração
da
monarquia)
CA
Pedro Pereira de Pinho
Amaro Ferreira Amorim
Bernardino Augusto Dias
Milheiro
Benjamim Ferreira Coimbra
António Ferreira Vendas
Joaquim Ferreira dos Santos
Joaquim Ferreira Rios
Vice-
Presidente
Secretário
Interino
Tesoureiro
Vogal
Vogal
Vogal
Regedor
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
405
António Francisco Soares
Efetivo
Nomeados
em
10/2/1918
CA
Benjamim Ferreira Coimbra
António Pereira Vendas
Joaquim dos Santos Nogueira
Domingos dos Santos Ferreira
Efetivo
Substituto
Substituto
Substituto
António Francisco Soares Presidente 1918/1919 CA
Pedro Pereira de Pinho
Padre Manuel Rodrigues Vieira
Pinto
Bernardino Augusto Dias
Milheiro
Benjamim, Ferreira Coimbra
Vice-
Presidente
Secretário
Interino
Tesoureiro
Vogal
António Francisco Soares Presidente 1919/1922 CA
Pedro Pereira de Pinho
Vice-
Presidente
Padre Manuel Rodrigues Vieira
Pinto, substituído em 13/8/1920,
por José Pereira Alves Carvalho Secretário
Joaquim Godinho de Aguiar Tesoureiro
Joaquim Ferreira dos Santos Vogal
Benjamim Ferreira Coimbra
Vogal
António Pereira Vendas
Regedor
António Francisco Soares Presidente 1923/1925 CA
Pedro Pereira de Pinho
Vice-
Presidente
José Pereira Alves Carvalho,
substituído em 24/12/1925 por Secretário
Joaquim Alves Ferreira da Silva
Joaquim Soares dos Santos Rios Tesoureiro
Adriano Pereira dos Santos
Vogal
Quintino Ferreira da Silva
Lamas
Vogal
Domingos dos Santos Ferreira Vogal
António Pereira Vendas
Regedor
Joaquim Pereira da Silva
Presidente
Até 20 de
julho de
1926
CA
Pedro Pereira de Pinho
Vice-
Presidente
406 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Agostinho Marques Alves
Carvalho
Henrique Soares dos Santos
Rios
Carlos Relvas Meladas
Benjamim Ferreira Coimbra
António Alves Novo
António Pereira Vendas
Secretário
Tesoureiro
Vogal
Vogal
Vogal
Regedor
Bernardino Ferreira
Coimbra
António Francisco Soares
Agostinho Marques Alves
Carvalho
António Alves Novo, nomeado
em 10/10/1931, substituído em
8/5/1932, por Quintino Ferreira
da Silva Lamas
António Pereira Vendas
Presidente 1926/1934 CA
Vice-
Presidente
Secretário
Tesoureiro
Regedor
Benjamim Ferreira
Coimbra (1882-1951)
António Francisco Soares Presidente 1936/1937 CA
Henrique Rodrigues Pereira
Vogal
Agostinho Marques Alves
Carvalho
a)
Secretário
Interino
Benjamim Ferreira Coimbra Presidente 1947/1951 Eleição
Joaquim Coelho Relvas
Meladas
Secretário
Joaquim Francisco Alves
(Joaquim Porto)
Tesoureiro
Emídio Ferreira Coimbra
(1906-1994)
Emídio Ferreira Coimbra Presidente 1951/1959 Eleição
Joaquim Pinto Coelho da Silva Secretário
Francisco de Assis Soares da
Silva
Tesoureiro
José Ferreira Coimbra Presidente 1960/1963 Eleição
Alberto Alves de Sousa
Secretário
Joaquim Domingues da Silva Tesoureiro
Benjamim Ferreira Coimbra Escrivão
José Ferreira Coimbra Presidente 1964/1972 Eleição
António Ferreira Mendes
Secretário
Domingos Ferreira Ribeiro Tesoureiro
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
407
Carlos Relvas Meladas Presidente 1972/1975 Eleição
Fernando Domingues Mendes Secretário
João Ferreira do Espírito Santo Tesoureiro
César de Oliveira Sousa
Escrivão
Américo Cardoso
Regedor
Joaquim Adamastor Feiteira
Maia
Joaquim Fernando da Silva
Paiva
Joaquim Jerónimo Pinto Ribeiro
Presidente 1974/1976 CA
Secretário
Tesoureiro
Joaquim Ferreira da Costa Presidente 1976/1979 Eleição
Manuel Domingues Pinto
Brandão
Secretário
Afonso Henriques Ribeiro Tesoureiro
Joaquim Ferreira da Costa Presidente 1980/1982 Eleição
Fernando Mendes
Secretário
Francisco Pereira de Barros Tesoureiro
José Pinho Ferreira Presidente 1983/1989 Eleição
Carlos Joaquim Belinha
Secretário
Joaquim da Conceição Sá Tesoureiro
José Pinho Ferreira, substituído
por Alexandrino Ferreira
dos Santos, por ter assumido
o cargo de vereador municipal,
em outubro de 1992
José dos Santos Baptista
Alexandrino Ferreira dos
Santos, substituído por Manuel
da Silva Martins, em outubro
de 1992
Presidente 1990/1993 Eleição
Secretário
Tesoureiro
José Pinho Ferreira Presidente 1994/1997 Eleição
José dos Santos Baptista
Secretário
Joaquim, Ferreira da Costa Tesoureiro
José Henrique Dias
Coimbra
José Carlos Pinto Silva
Manuel Bernardino da Silva Maia
Presidente 1998/2001 Eleição
Secretário
Tesoureiro
408 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Jorge Manuel Ferreira
Ferreira
José Carlos Pinto Silva
Manuel Bernardino da Silva
Maia
Presidente 2002/2005 Eleição
Secretário
Tesoureiro
Jorge Manuel Ferreira
Ferreira
José Carlos Pinto Silva
Manuel Bernardino da Silva
Maia
Manuel António Duarte Teixeira
Domingos Pereira do Espírito
Santo
Presidente 2006/2009 Eleição
Secretário
Tesoureiro
Vogal
Vogal
Presidente
Jorge Manuel Ferreira
Ferreira
José Carlos Pinto Silva
Manuel Bernardino da Silva Maia
Manuel António Duarte Teixeira
Manuel Gomes de Sousa
Presidente 2010/2013 Eleição
Secretário
Tesoureiro
Vogal
Vogal
Secretário
Tesoureiro
José Carlos Pinto Silva Presidente 2014/2017 Eleição
Manuel António Duarte Teixeira Secretário
Manuel Bernardino da Silva Maia Tesoureiro
Vânia Daniel da Silva Tavares Vogal
Rui Jorge Soares de Almeida Vogal
a) Não há informações sobre a composição global da Junta por não
haver atas desse período.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
409
Entre 1842 e 1852, não houve sessões da Junta da Paróquia,
possivelmente por razões de instabilidade política, a nível nacional,
ou por causas de natureza local. Em 1852, realizou-se um
auto de juramento dos membros da Junta, tendo-se seguido uma
sessão em março de 1858 e outra em maio de 1868.
Na ata de 5 de março de 1858, é referida a composição da
Junta do mandato de 1856/7, não havendo contudo quaisquer atas
referentes a esse período. As reuniões foram depois retomadas
em setembro de 1871.
ELENCOS DAS ASSEMBLEIAS DE FREGUESIA
1976/1979
Presidente – Manuel Vasco Magalhães da Rocha
Secretário – Alírio Alves Martins
Secretário – Joaquim Teixeira Moreira Passos
Deputado – Fernando Alberto Ferreira Freitas
Deputado – Fernando Fernandes Pereira
Deputado – Joaquim Coelho Ferreira
Deputado – José Pinto
Deputado – Manuel Bernardo Pereira da Silva
Deputado – Maria Alice Ferreira de Pinho
1980/1982
Presidente – Assis Alves da Silva
1º Secretário – César Oliveira Sousa
2º Secretário – José Dias Valente
Deputado – Alexandre Gomes das Neves
Deputado – Arsénio da Costa Loureiro
Deputado – Carlos Joaquim Belinha
Deputado – Joaquim da Silva Conceição
Deputado – Joaquim Jerónimo Pinto Ribeiro
Deputado – José Pinho Ferreira
Deputado – Manuel Bernardo Ferreira da Silva
Deputado – Manuel Mendes Pinto
Deputado – Mário da Silva Soares
410 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
1983/1985
Presidente – José Pinto
1º Secretário – António de Amorim Barros
2º Secretário – José Pedro de Sousa Ferreira
Deputado – Alexandrino Ferreira dos Santos
Deputado – Arsénio da Costa Loureiro
Deputado – Benjamim Ferreira Coimbra
Deputado – Carlos Vítor de Oliveira Pereira
Deputado – Ernesto Afonso Henriques da Silva Neves
Deputado – João Ferreira do Espírito Santo
Deputado – José dos Santos Baptista
Deputado – Manuel António da Costa Dinis
Deputado – Manuel Mendes Pinto
Deputado – Serafim Alves Ribeiro
1986/1989
Presidente – Alexandrino Ferreira dos Santos
1º Secretário – José dos Santos Baptista
2º Secretário – Joaquim da Silva Neves
Deputado – Assis Alves da Silva
Deputado – Domingos Alves de Amorim
Deputado – Emília Santos Batista
Deputado – Joaquim da Silva Neves
Deputado – Joaquim Fernando Moreira Ribeiro
Deputado – Manuel Mendes Pinto
Deputado – Serafim Alves Ribeiro
1990/1993
Presidente – Carlos Joaquim Belinha
1º Secretário – Joaquim Coelho de de Brito
2º Secretário – Emília dos Santos Batista
Deputado – Assis Alves da Silva
Deputado – Joaquim Ferreira da Costa
Deputado – Jorge Rio dos Santos
Deputado – Lino Pinto Guedes
Deputado –Manuel Oliveira Martins
Deputado – Rogério Santos Soares
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
411
1994/1997
Presidente – Jesus Manuel Milheiro Leal
1º Secretário – Joaquim Coelho de Brito
2º Secretário – Lino Pinto Guedes
Deputado – Alexandrino Ferreira dos Santos
Deputado – António Eusébio Coimbra Amorim
Deputado – José Carlos Pinto da Silva
Deputado – José Henrique Dias Coimbra
Deputado – Manuel Bernardino da Silva Maia
Deputado – Manuel Oliveira Martins
1998/2001
Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim
1º Secretário – Carla Maria dos Santos Dinis
2º Secretário – Domingos Pereira Espírito Santo
Deputado – Carlos Joaquim Belinha
Deputado – Jesus Manuel Milheiro Leal
Deputado – Jorge Manuel Ferreira Ferreira
Deputado – José Batista
Deputado – José Pinho Ferreira
Deputado – Vitorino Soares dos Santos
2002/2005
Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim
1º Secretário – Carla Maria Santos Dinis
2º Secretário – José Pinho Ferreira
Deputado – Alexandino Ferreira dos Santos
Deputado – Amaury Costa Tavares
Deputado – António Ferreira Pinto
Deputado – Domingos Pereira Espírito Santo
Deputado – Eduardo José A. Carreira Fonseca
Deputado – Manuel António Duarte Teixeira
412 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
2006/2009
Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim
1º Secretário – Paula Cristina Moreira Couto
2º Secretário – José Leal Teixeira
Deputado – António Ferreira Pinto
Deputado – Cristina Maria Mendes Pereira
Deputado – Henrique Martins da Silva
Deputado – Joaquim da Silva Neves
Deputado – Luís Manuel de Oliveira Silva
Deputado – Manuel Gomes de Sousa
Deputado – Manuel Oliveira Martins
Deputado – Raul Veiga Moreira Passos
Deputado – Sabino Alves da Rocha
2010/2013
Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim
1º Secretário – Paula Cristina Moreira Couto
2º Secretário – José Leal Teixeira
Deputado – António Manuel da Cunha Nogueira
Deputado – Daniel Domingues Soares
Deputado – Domingos Pereira do Espírito Santo
Deputado – Elísio Paulo Pereira de Amorim Barros
Deputado – Luís Manuel da Silva Santos
Deputado – Luís Manuel da Silva Santos
Deputado – Luís Manuel da Silva Santos
Deputado – Luís Manuel da Silva Santos
Deputado – Manuel Gomes de Sousa
Deputado – Maria Domitília Barros da Silva
Deputado – Pedro Joaquim Teixeira Pereira
Deputado – Rui José Soares Almeida
Deputado – Vânia Daniela da Silva Tavares
2014/2017
Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim
1º Secretário – Manuel Fernando Ferreira Taipa
2º Secretário – Paula Cristina Moreira Couto
Deputado – António Manuel da Cunha Nogueira
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
413
Deputado – Domingos Pereira do Espírito Santo
Deputado – Elísio Paulo Pereira de Amorim Barros
Deputado – Hugo Gabriel Santos Neves
Deputado – Joaquim Manuel Gomes da Costa Pereira
Deputado – José Leal Teixeira
Deputado – Luís Manuel da Silva Santos
Deputado – Maria Lúcia Magalhães Gomes
Deputado – Roberto Filipe Sousa Rosário
Deputado – Sílvia Alexandra Ferreira dos Santos
PRINCIPAIS ASSUNTOS TRATADOS NAS
ATAS DA JUNTA
Há questões que são tratadas em quase todas as reuniões da Junta,
ao longo de quase toda a sua existência, nomeadamente, emissão
de atestados a chefes de família, pais de mancebos, pobreza, pensionistas
de sangue, residência, para acesso a subsídios de aleitação,
fins militares e judiciais, diversos tipos de recenseamentos, receção
e anúncio de expedição de correspondência, requerimentos, emolumentos
e diversos outras formas de expediente, recebimento de
subsídios da Câmara, impostos, aspetos conexos com o cemitério,
derramas, vencimentos, pagamentos, execução de orçamentos, movimentos
e encerramento de contas e fiscalização, entre outros.
Nos finais do século XIX, muitas atas apenas continham a
indicação dos elementos presentes, a aprovação da ata anterior e
a justificação de ausência de algum dos seus membros.
HORÁRIOS, PERIODICIDADE E
LOCAIS DAS REUNIÕES
As reuniões tiveram, ao longo dos tempos, os mais diversos
dias e horas de funcionamento.
Nos primeiros tempos e durante um longo período, ocorriam
aos domingos e quartas-feiras pelas dez horas da manhã, fora
as ordinárias quando o bem da paróquia ou o interesse público ou
fossem convocadas por autoridade superior. Porém nas sessões em que
não houvesse nada a deliberar era escusado estar a fazer ata (AJFM:
Livro de Atas nº 1: Ata de 7.9.1837). Em 8 /1/1839, passou a
haver sessões da Junta aos domingos e quintas- feiras, às 8 horas
da manhã. (ID.:IBID.: 8/1/1839).
414 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Os horários das sessões variavam entre as 6, 7, 8, 9, 10, 10:30,
11:30, 14, 15, 15:30, 16, 17, 18, 19:30, 20, 21 ou 21:30 horas.
Nos primeiros tempos da República, a Junta reunia, todas as
primeiras e terceiras segundas-feiras de cada mês, às 3 horas da
tarde. Mais tarde, passaram a realizar-se, nos dias úteis, à noite.
Em 1872, passou a reunir duas vezes por mês.
Em 1876, as sessões passaram a realizar-se em todos os dias 2
e 17 de cada mês, na casa da fábrica da igreja.
Em 1878, as reuniões passaram a ser às segundas-feiras da 1ª
e 3ª semana de cada mês.
Em 1885, as sessões realizavam-se nos primeiros e terceiros
domingos de cada mês, na casa da fábrica.
Em 1887 e 1888, as sessões passaram a realizar-se nas primeiras
e terceiras segundas- feiras de cada mês.
Em 1897, as sessões realizavam-se nas 1ª e 3ª sexta-feira de
cada mês.
Começaram por ter periodicidade semanal, depois, quinzenal
ou mensal (durante parte do Estado Novo), em períodos
normais, havendo, em tempos posteriores a alterações políticas
de vulto, como alterações de regime ou golpes militares, maior
número de reuniões, com carácter extraordinário.
A periodicidade das sessões era alterada com alguma facilidade,
muito dependente, não só da vontade dos eleitos, mas
também de pressões exteriores.
Contrariando a tendência inicial da realização de reuniões
semanais, apesar de serem escassos os assuntos tratados, a partir
de 1840, passou a haver reuniões com atas, de ano a ano, ou
com intervalos mais longos, de 3 anos, voltando a períodos mais
curtos. Julgo que tal terá a ver com o dinamismo dos eleitos, dos
acontecimentos merecedores de decisão ou, mais provavelmente,
mercê de situações políticas emergentes.
SEDE DA JUNTA
No início, as sessões eram na sacristia da Igreja ou na residência
paroquial, quando o Pároco era o Presidente, a seguir em
casas alugadas e, finalmente, em sede própria.
Em 1852, as sessões realizavam-se na casa da fábrica da igreja.
Em 1871, a Junta reunia na sacristia da igreja paroquial. Em
1873, as sessões realizavam-se na residência paroquial e na sacristia
da igreja.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
415
Em 1878 passaram a reunir-se na casa dos mordomos e da Junta.
Em 1897, realizavam-se na casa da Fábrica da Igreja.
Em 1898, a Junta reuniu na casa do vogal Pais, no lugar do
Murado, sem quaisquer custos (ID:Liv. de Atas nº 3).
Em 11 de Dezembro de 1911, foi deliberado mandar proceder
ao arranjo por conta própria da armação e telhado da casa
da fábrica da igreja, face ao seu estado ruinoso, obras que importaram
em 25 mil reis (ID.:Liv. de Atas nº 5).
Por imperativo do novo Código Administrativo, as Juntas
passaram a reunir-se mensalmente.
Em 30 de abril de 1960, a Junta solicitou à Câmara a importância
de 4.500$00 de comparticipação para a futura sede da Junta.
Em 30 de junho, a Junta adjudicou a obra ao senhor Alberto
Alves da Silva pela importância de 7.400$00. Entretanto, fez-se
um peditório para as obras da casa da Junta tendo sido angariados
2.900$00. Em 31 de julho, foi dada a informação da finalização
das obras da casa da Junta, tendo sido deliberado entregar a
importância de 7.400$00 ao empreiteiro (ID.:Liv. de Atas nº 12).
Em 31 de janeiro de 1972, a Junta manifestou o desejo de passar
a sua sede para a Casa do Povo, no lugar de Gesto (ID.:IBID.).
Em julho de 1974, a Junta tinha a sua sede provisória no
Cruzeiro (ID.:IBID.).
Nos primeiros mandatos do regime democrático, a assembleia
de freguesia reunia-se nas escolas de Sobral, de Prime e da Vergada.
Em 9 de Dezembro de 1976, a Junta deliberou adquirir um
terreno com a área de 1.000 m 2 , no lugar da Igreja, em frente
à EN1-14. Dado que o seu custo orçava em 50.000$00 e a CA
tinha recursos para fazer a sua aquisição, solicitou à Câmara que
isentasse a compra do pagamento da Sisa e da obrigação de loteamento,
dado que era parte de um artigo mais vasto. Este terreno
seria destinado à construção da sede da Junta. Por razões legais
e perante a impossibilidade de resolver o problema da compra,
a CA desvinculou-se do compromisso da compra. Entretanto, a
CA adquiriu à Investife um terreno de 200 m 2 destinado à construção
da sede da Junta (ID.:IBID).
Em 30 de setembro de 1981, a Junta recebeu a quantia de
2.162.940$00, destinada à construção do edifício destinado à
sua sede. Na mesma sessão, a Junta adjudicou a obra ao empreiteiro
Joaquim Ferreira da Costa, Lda., pela importância de
3.500.000$00 (ID.:IBID.).
Entretanto, tem sido prática corrente, ao longo dos tempos,
haver reuniões extraordinárias, sempre que as condições o têm
aconselhado ou exigido.
Estrada EN1-14, com neve
416 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ASSUNTOS POLÍTICOS, MILITARES,
JUDICIAIS E POSTAIS
Afonso Costa
Desde os primeiros tempos da existência deste órgão local,
sempre foram tratadas questões relativas aos recenseamentos
eleitorais e militares e dos jurados.
Regularmente e de acordo com a legislação de cada momento,
eram elaborados os recenseamentos referidos.
Em 15 de Dezembro de 1899, gerou-se um movimento de
transferência para uma nova comarca a criar em Espinho, sede
do concelho com o mesmo nome, composta pelas freguesias que
lhe eram circunvizinhas nas quais se incluía Mozelos. Com tal
objetivo foi feita uma representação ao Governo de Sua Majestade
(ID.:Liv. de Atas nº 3).
A Junta reuniu-se extraordinariamente em 9 de outubro de
1910, sob a presidência do vogal mais antigo, em substituição do
presidente, simultaneamente pároco, para comemorar a proclamação
da República, tendo sido deliberado cumprimentar por
escrito as autoridades superiores (ID.:Liv. de Atas nº 4).
A Comissão congratulou-se com a nomeação de um oficial
do registo civil para Mozelos (ID:Liv. de Atas nº5).
Na sessão de 11 de outubro, foi exarado um voto de pesar
pela morte do sr. dr. Francisco Martins Guimarães, vogal substituto
da Junta, cidadão estimadíssimo e altamente considerado
nesta localidade pelas suas elevadas qualidades de carácter, generosidade
e ilustração (ID.:IBID.).
Foi aprovado um voto de congratulação pelo reconhecimento da
República Portuguesa pelas grandes nações (ID.: Ata de 17.09.1911).
Foi exarado na ata um voto de profundo sentimento pelo desastre
há pouco ocorrido, que ia ocasionando a perda do eminente estadista
Sr. dr. Afonso Costa, e um voto de sincera alegria pelas melhoras
que tem obtido, fazendo ardentes votos pelo seu breve restabelecimento
para engrandecimento da nossa querida Pátria.
Em 10 de fevereiro de 1917, a Comissão Administrativa do
Município da Feira solicitou que fossem entregues aos interessados
que se apresentassem com direito aos subsídios dados às
famílias dos soldados mobilizados, impressos de requerimento,
os quais, depois de devidamente preenchidos, deviam ser devolvidos
à referida comissão para efeitos de atribuição dos referidos
subsídios(ID.:Liv. de Atas nº 7).
Em 29 de Dezembro de 1918, foi exarado um voto de pesar
e de repúdio pelo infame assassinato do grande Presidente da República,
Dr. Sidónio Pais (ID.:IBID.).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
417
Em 20 de julho de 1926, foi lido um auto na sessão da Junta
em que se comunicava que, por decreto do Governo, foram dissolvidos
todos os corpos administrativos, ficando assim concluído
o mandato da Junta (ID.:IBID.).
Como é sabido, na vigência do Estado Novo, sob a férrea
política de Salazar, havia um regime com forte presença policial
de carácter político, muito para além da segurança de pessoas e
bens. A vida das pessoas e das instituições era fortemente escrutinada,
sob várias formas, o que também se fazia sentir a nível
local. No arquivo da Junta de Freguesia de Mozelos, há vários
elementos documentais que o comprovam, na pasta relativa ao
quadriénio da Junta de 1951 a 1954, volvida meia-dúzia de anos
após o fim da 2ª Grande Guerra. Neste arquivo, há outras informações
de interesse para a vida da comunidade.
Em 18 de maio de 1951, a Junta de Freguesia remeteu um
telegrama à Câmara apresentando as condolências pela perda de
um homem tão grande e tão querido da nossa querida Pátria (o Presidente
da República, Óscar Carmona),
Em 18 de outubro, a Administração Geral dos Correios, Telégrafos
e Telefones informou a Junta de que, por alvará de 14
de agosto, foi criado um posto de correio, no lugar de Prime, na
sequência de um pedido da Junta.
Em 7 de novembro de 1951, o Presidente da Câmara, o médico
Dr. Domingos Caetano de Sousa, oficiou à Junta pedindo
informação política sobre um cidadão, questionando se ele hostilizava
a situação política vigente e, em particular, se manifestava
ideias comunistas.
Em 11 de abril de 1952, o Presidente da Câmara da Vila
da Feira oficiou à Junta de Freguesia, a pedido do Comando
Distrital da Legião Portuguesa, solicitando a informação sobre
a existência de estabelecimentos, na freguesia, designadamente,
nas fábricas e oficinas, de avisadores sonoros, utilizados como
indicação de entrada e saída de pessoal, indicando a sua localização
e designação. A Junta correspondeu ao pedido informando
que a única unidade, com tais características, era pertença da
firma Nogueira e Ferreira Lda, na Vergada.
Em 28 de abril, foi solicitado à Junta pelo Presidente da Câmara
para informar se uma senhora da freguesia tinha bom porte
moral e civil para ser admitida como telefonista.
Em 17 de novembro, a Junta indicou Nestor Cândido Ferreira,
do lugar da Igreja para o cargo de ajudante do Registo Civil na
freguesia, depois de todos os professores do ensino primário da
freguesia se terem indisponibilizado para exercerem tal função.
Sidónio Pais
Marechal Óscar Carmona
418 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
RECENSEAMENTO ELEITORAL DE 1952
Insiro, neste subcapítulo, este recenseamento que permite
conhecer uma dimensão da demografia da freguesia, nos tempos
áureos do Estado Novo, com as limitações próprias impostas
pelo regime de então, nomeadamente, a exclusão de pessoas
por causa das suas ideias políticas, ou por meras suspeitas de
não serem apoiantes do regime e da Constituição de 1933, para
além de ser limitado o número de mulheres recenseadas, que só
eram incluídas pelo seu estatuto sócio- económico. De qualquer
forma, através da leitura e análise do seu conteúdo, enriquecido
pelos gráficos e quadros complementares que se apresentam,
nomeadamente, as idades, estado civil, residência e profissões
permite-se conhecer melhor a realidade da freguesia, nessa época.
Nº Nome Idade
Estado
Civil
Profissão Morada
1 Adolfo Rodrigues Soares 22 Solteiro(a) Serralheiro Seitela
2 Albano Pereira Pedrosa 29 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda
3 Albertina Moreira de Sousa Nogueira 28 Solteiro(a) Doméstica Gôda
4 Albertino Pereira da Silva 37 Casado(a) Carpinteiro Ermilhe
5 Alberto Alves de Sousa 31 Casado(a) Comerciante Gôda
6 Alberto Bastos 41 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela
7 Alberto Ferreira Coimbra 28 Casado(a) Corticeiro(a) Ermilhe
8 Alberto Leandro Amorim 28 Casado(a) Corticeiro(a) Ermilhe
9 Alberto Pereira dos Santos 32 Casado(a) Corticeiro(a) Fundão
10 Albina Rosa de Jesus 63 Viúvo(a) Proprietário(a) Ermilhe
11 Alexandre Gomes das Neves 35 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
12 Alfredo Moreira de Sousa Nogueira 26 Solteiro(a) Industrial Gôda
13 Alfredo Pinto de Almeida 40 Casado(a) Serralheiro Seitela
14 Alvaro Ferreira Mendes 42 Solteiro(a) Industrial Seitela
15 Alvaro Pereira da Silva 26 Casado(a) Corticeiro(a) Gêsto
16 Alzira Alves Ferreira 38 Solteiro(a) Proprietário(a) Coteiro
17 Amaro Fernandes de Barros 42 Casado(a) Industrial Rio
18 Amaro Ferreira Amorim 46 Casado(a) Emp. Comercial Seitela
19 Amaro Martins Ferreira da Silva 32 Casado(a) Emp. Comercial Sobral
20 Amaro Pereira de Oliveira 51 Casado(a) Industrial Murado
21 Amelia Ferreira de Amorim 70 Solteiro(a) Proprietário(a) Seitela
22 Amelia Ferreira Leite 58 Viúvo(a) Proprietário(a) Murado
23 Amaro Pereira de Barros 41 Casado(a) Corticeiro(a) Gêsto
24 Americo Coelho Relvas 49 Casado(a) Industrial Gêsto
25 Americo Pinto de Fontes 31 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela
26 Americo Soares de Carvalho 36 Casado(a) Emp. Comercial Ermilhe
27 Americo Alves de Amorim 60 Viúvo(a) Industrial Murado
28 Americo Alves Pereira 52 Casado(a) Agricultor Vilas
29 Americo Ferreira 36 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho
30 Americo Ferreira Loureiro 33 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho
31 Americo Ferreira Leite 56 Casado(a) Proprietário(a) Out. Moinho
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
419
32 Americo de Oliveira Soares 41 Casado(a) Emp. Comercial Murado
33 Americo Paulo Amorim 55 Casado(a) Industrial Murado
34 Americo Pereira Soares 43 Casado(a) Agricultor Igreja
35 Angelina Loureira 76 Solteiro(a) Doméstica Quintã
36 Angelo Alves dos Reis 31 Casado(a) Comerciante Igreja
37 Adelina Pereira da Silva 51 Viúvo(a) Doméstica Fundão
38 Ana Ferreira Soares 71 Viúvo(a) Proprietário(a) Ermilhe
39 Antonio Pereira de Barros 36 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela
40 Antonio Domingos Ferreira Ribeiro 25 Solteiro(a) Agricultor Seitela
41 Antonio Alves 66 Casado(a) Pedreiro Prime
42 Antonio Alves Ferreira de Amorim 45 Solteiro(a) Proprietário(a) Seitela
43 Antonio Alves Relvas 27 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã
44 Antonio Alves de Sousa 47 Casado(a) Industrial Igreja
45 Antonio Caetano Batista 68 Casado(a) Agricultor Ermilhe
46 Antonio Ferreira de Amorim 23 Solteiro(a) Emp. Comercial Murado
47 Antonio Ferreira Coimbra 31 Casado(a) Industrial Ermilhe
48 Antonio Ferreira Coimbra 40 Casado(a) Industrial Vergada
49 Antonio Francisco Martins 77 Viúvo(a) Proprietário(a) Gôda
50 Antonio Francisco da Silva 58 Solteiro(a) Aj. Farmácia Murado
51 Antonio Henriques 63 Casado(a) Sargento Aposentado Sobral
52 Antonio Henriques Domingues 25 Solteiro(a) Emp. Escritório Sobral
53 Antonio Moreira de Sousa Nogueira 22 Solteiro(a) Emp. Comercial Gôda
54 Antonio de Oliveira Alves 66 Viúvo(a) Industrial Murado
55 Antonio de Oliveira Maia 49 Solteiro(a) Pároco Igreja
56 Antonio de Oliveira Santos 33 Solteiro(a) Comerciante Sobral
57 Antonio Pereira de Amorim 53 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda
58 Antonio Pereira de Oliveira 29 Casado(a) Industrial Murado
59 Antonio Pinho Ferreira 35 Casado(a) Comerciante Vergada
60 Antonio Rodrigues Pereira 45 Casado(a) Serralheiro Sobral
61 Antonio dos Santos Nogueira 60 Casado(a) Estucador Ermilhe
62 Antonio Pereira da Silva 51 Casado(a) Industrial Vergada
63 Antonio Vieira de Amorim 44 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda
64 Apolinario Gomes de Oliveira 31 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
65 Armindo Caetano Batista 30 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
66 Augusto Alves Fernandes 63 Solteiro(a) Sapateiro Coteiro
67 Augusto Pinto da Silva 42 Casado(a) Cantoneiro Vergada
68 Aurora da Silva Rebelo 48 Casado(a) Professor(a) Sobral
69 Bernardino de Sousa 41 Casado(a) Lavrador Sobral
70 Bernardino Ferreira da Conceição 40 Casado(a) Corticeiro(a) Regadas
71 Bernardino Ferreira da Silva Lamas 34 Solteiro(a) Motorista Rio
72 Bernardino de Sousa 69 Casado(a) Agricultor Vilas
73 Bernardina Ferreira do Espirito Santo 61 Viúvo(a) Comerciante Murado
74 Camilo Alves de Sousa 51 Casado(a) Comerciante Prime
75 Carlos Henriques Alves dos Santos 22 Solteiro(a) Corticeiro(a) Seitela
76 Carlos Pereira da Silva 33 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho
77 Clara Ferreira da Silva 56 Viúvo(a) Proprietário(a) Prime
78 Carlos Ferreira Coimbra 30 Casado(a) Comerciante Out. Moinho
420 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
79 Carlos Francisco Martins 53 Casado(a) Industrial Igreja
80 Cesar de Oliveira Alves Prata 37 Casado(a) Corticeiro(a) Murado
81 Clara Alves 68 Viúvo(a) Proprietário(a) Prime
82 Cândido Pereira da Cruz 21 Solteiro(a) Agricultor Murado
83 Clemente dos Santos Rocha 64 Casado(a) Proprietário(a) Murado
84 David Alves de Sousa 26 Solteiro(a) Comerciante Prime
85 Delfim Ferreira da Silva 38 Casado(a) Corticeiro(a) Murado
86 Delfim Ferreira da Silva 32 Casado(a) Corticeiro(a) Murado
87 Domingos Ferreira Ribeiro 23 Solteiro(a) Lavrador Seitela
88 Domingos Alves Ribeiro 48 Casado(a) Industrial Seitela
89 Domingos Bento dos Santos 59 Casado(a) Proprietário(a) Sobral
90 Eduardo de Sousa Rios 38 Casado(a) Comerciante Igreja
91 Elisio Ferreira da Silva 55 Viúvo(a) Estucador Gôda
92 Emidio Ferreira Coimbra 45 Casado(a) Industrial Quebrada
93 Emidio Ferreira de Oliveira 25 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho
94 Eulalia da Conceição 76 Viúvo(a) Proprietário(a) Murado
95 Elvira Duarte Relvas 27 Casado(a) Doméstica Murado
96 Emilia Fernandes Coelho de Amorim 68 Solteiro(a) Proprietário(a) Quintã
97 Emilia Ferreira de Amorim 68 Viúvo(a) Proprietário(a) Seitela
98 Emilia Martins Ferreira da Silva 33 Solteiro(a) Proprietário(a) Murado
99 Emilia Soares Martins Ferreira 36 Casado(a) Proprietário(a) Quintã
100 Fausto da Costa Ribeiro 36 Casado(a) Comerciante Vergada
101 Fernando Amorim 43 Casado(a) Motorista Vergada
102 Fernando Alves Sousa 22 Solteiro(a) Corticeiro(a) Prime
103 Fernando Augusto Milheiro da Costa 27 Solteiro(a) Proprietário(a) Murado
104 Fernando Francisco Gomes da Costa 50 Casado(a) Médico Murado
105 Francelina Martins S. Guimarães 68 Viúvo(a) Proprietário(a) Quintã
106 Francisco Alves de Oliveira 71 Solteiro(a) Pedreiro Gôda
107 Francisco Assis Soares da Silva 35 Casado(a) Emp. Comercial Quebrada
108 Francisco Gomes dos Santos 44 Casado(a) Padeiro Meladas
109 Fernando Pereira da Silva 23 Solteiro(a) Corticeiro(a) Fundão
110 Fernando Dias de Castro 33 Casado(a) Agricultor Rio
111 Francisco Henriques de Oliveira 22 Solteiro(a) Corticeiro(a) Moselos
112 Francisco de Oliveira Santos 45 Casado(a) Comerciante Quintã
113 Fernando do Couto 26 Solteiro(a) Corticeiro(a) Gôda
114 Francisco Pereira de Barros 47 Casado(a) Industrial Seitela
115 Franquelim de Oliveira Alves Prata 29 Solteiro(a) Motorista Murado
116 Gloria Ferreira Coimbra 60 Viúvo(a) Proprietário(a) Vergada
117 Gracelina Milheiro da Costa 38 Solteiro(a) Professor(a) Quintã
118 Henrique da Costa Lebre 43 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho
119 Henrique Alves Ribeiro 38 Casado(a) Corticeiro(a) Coteiro
120 Henrique Ferreira Coelho 57 Casado(a) Agricultor Regadas
121 Henrique de Oliveira Santos 56 Casado(a) Carpinteiro Sobral
122 Henrique de Oliveira Santos 28 Solteiro(a) Corticeiro(a) Sobral
123 Henrique Rodrigues Pereira 47 Solteiro(a) Industrial Murado
124 Henrique Soares dos Santos Rios 70 Casado(a) Proprietário(a) Igreja
125 Ilidio de Oliveira Santos 58 Casado(a) Carpinteiro Quintã
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
421
126 Isaías Pinto Coelho da Silva 61 Casado(a) Corticeiro(a) Quebrada
127 Joaquim Adamastor Feiteira Maia 31 Casado(a) Médico Murado
128 Joaquim Alves de Amorim 49 Casado(a) Industrial Out. Moinho
129 Joaquim Alves de Amorim 31 Casado(a) Corticeiro(a) Moselos
130 Joaquim Alves Coelho 67 Viúvo(a) Agricultor Prime
131 Joaquim Alves Ferreira de Amorim 47 Solteiro(a) Proprietário(a) Seitela
132 Joaquim Alves Ferreira da Silva 67 Viúvo(a) Médico Murado
133 Joaquim Alves de Oliveira 48 Casado(a) Proprietário(a) Out. Moinho
134 Joaquim Alves Pereira 24 Solteiro(a) Corticeiro(a) Vilas
135 Joaquim Caetano Batista 49 Casado(a) Agricultor Ermilhe
136 Joaquim Alves Pereira 37 Casado(a) Agricultor Out. Moinho
137 Joaquim Coelho Relvas Meladas 51 Casado(a) Industrial Murado
138 Joaquim Coelho da Silva 47 Casado(a) Carpinteiro Gôda
139 Joaquim Bastos 24 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
140 Joaquim Moreira de Sousa Nogueira 24 Solteiro(a) Emp. Comercial Gôda
141 Joaquim Gomes (O Pedroso) 46 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
142 Joaquim Ferreira Guedes 29 Casado(a) Motorista Ermilhe
143 Joaquim de Sá Pereira 23 Solteiro(a) Corticeiro(a) Fundão
144 Joaquim Alves 25 Casado(a) Motorista Prime
145 Joaquim Alves da Silva 33 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
146 Joaquim Dias da Rocha 37 Casado(a) Corticeiro(a) Prime
147 Joaquim Domingues da Silva 48 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã
148 Joaquim Fernandes de Amorim Aranha 76 Viúvo(a) Proprietário(a) Prime
149 Joaquim Ferreira do Couto 57 Casado(a) Industrial Vergada
150 Joaquim Ferreira Coimbra 38 Casado(a) Industrial Out. Moinho
151 Joaquim Silva da Conceição 25 Solteiro(a) Corticeiro(a) Gôda
152 Joaquim Ferreira Mendes 38 Solteiro(a) Corticeiro(a) Seitela
153 Joaquim Ferreira Leite da Conceição 49 Casado(a) Proprietário(a) Ermilhe
154 Joaquim Ferreira dos Santos Nogueira 61 Casado(a) Industrial Gôda
155 Joaquim Ferreira da Silva 29 Casado(a) Estucador Gôda
156 Joaquim Francisco Alves 70 Viúvo(a) Industrial Vergada
157 Joaquim Francisco Alves Junior 38 Casado(a) Agricultor Ermilhe
158 Joaquim Jose de Oliveira Carvalho 51 Casado(a) Proprietário(a) Gôda
159 Joaquim Martins Ferreira da Silva 29 Casado(a) Industrial Igreja
160 Joaquim de Oliveira Santos 54 Casado(a) Carpinteiro Sobral
161 Joaquim de Oliveira Santos 30 Casado(a) Corticeiro(a) Moselos
162 Joaquim Pereira da Cruz 48 Casado(a) Agricultor Murado
163 Joaquim Pereira da Cruz 46 Solteiro(a) Agricultor Seitela
164 Joaquim Pereira de Oliveira 28 Solteiro(a) Corticeiro(a) Murado
165 Joaquim Pereira Santos 37 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
166 Joaquim Pereira da Silva 37 Viúvo(a) Corticeiro(a) Ermilhe
167 Joaquim Pereira da Silva 49 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda
168 Joaquim Pereira da Silva Junior 21 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda
169 Joaquim Pereira Vendas 55 Casado(a) Comerciante Seitela
170 Joaquim Pinho Ferreira 29 Casado(a) Corticeiro(a) Quebrada
171 Joaquim Pinto Coelho da Silva 28 Solteiro(a) Emp. Escritório Quebrada
172 Joaquim Pinto Coelho da Silva 40 Casado(a) Corticeiro(a) Prime
422 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
173 Joaquim Pinto de Oliveira 41 Casado(a) Lavrador Gôda
174 Joaquim Pinto de Oliveira Junior 45 Casado(a) Agricultor Gôda
175 Joaquim Pinto Tavares 22 Casado(a) Corticeiro(a) Vergada
176 Joaquim Relvas de Amorim 27 Solteiro(a) Emp. Escritório Murado
177 Joaquim Ribeiro Neves 37 Casado(a) Corticeiro(a) Fundão
178 Joaquim Rodrigues das Neves 23 Solteiro(a) 2º Gr. -
179 Joaquim Rodrigues Pereira 46 Casado(a) Serralheiro Seitela
180 Joaquim de Sousa Barros 47 Casado(a) Industrial Sobral
181 Jose Alberto Milheiro da Costa 25 Solteiro(a) Médico Murado
182 Jose Alves 51 Casado(a) Agricultor Meladas
183 Jose Alves Leite 27 Casado(a) Industrial Prime
184 Jose Alves Rodrigues 50 Casado(a) Lavrador Vergada
185 Jose Coelho Mendes 49 Casado(a) Industrial Murado
186 Jose Dias Valente 24 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
187 Jose Fernandes Amorim 40 Casado(a) Industrial Vergada
188 Jose Ferreira 24 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã
189 Jose Ferreira de Amorim 27 Solteiro(a) Industrial Murado
190 Jose Ferreira Coimbra 33 Solteiro(a) Industrial Out. Moinho
191 Jose Ferreira da Silva 43 Casado(a) Industrial Vergada
192 José Francisco Alves 37 Casado(a) Agricultor Vergada
193 Jose Gomes Rêgo 40 Casado(a) Industrial Vergada
194 Jose Henriques de Sousa Rios 22 Solteiro(a) Estudante Igreja
195 Jose Maria da Silva 50 Casado(a) Carpinteiro Quintã
196 Jose de Oliveira Soares 46 Casado(a) Corticeiro(a) Murado
197 Jose Pereira Mendes 56 Casado(a) Lavrador Moselos
198 Jose Pinho Ferreira 31 Casado(a) Industrial Rio
199 Jose Pinto de Oliveira Balona 71 Casado(a) Carpinteiro Seitela
200 Jose dos Santos 23 Solteiro(a) Serralheiro Moselos
201 Jose de Sousa 46 Casado(a) Serralheiro Gêsto
202 Jose Mendes Pereira 29 Casado(a) Lavrador Fundão
203 Jose Cardoso 31 Casado(a) Corticeiro(a) Moselos
204 Jose Ferreira da SIlva 37 Casado(a) Industrial Gôda
205 Julião Coelho Relvas 49 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela
206 Julio Alves da Silva 41 Casado(a) Comerciante Seitela
207 Leocadia Ferreira Coimbra 51 Viúvo(a) Proprietário(a) Vergada
208 Luciana Melania Gomes Moreira 73 Viúvo(a) Proprietário(a) Gêsto
209 Luiz Alves Ribeiro 41 Casado(a) Industrial Vergada
210 Luiz Ferreira da Rocha 49 Solteiro(a) Lavrador Murado
211 Luiz Gonçalves da Silva 29 Casado(a) Farmacêutico Vergada
212 Luiz Ferreira Ribeiro 22 Solteiro(a) Lavrador Seitela
213 Madalena Pereira Vendas 37 Solteiro(a) Corticeiro(a) Sobral
214 Manuel Alves Ribeiro 35 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho
215 Manuel Alves Ribeiro 71 Casado(a) Agricultor Prime
216 Manuel Coelho Pinhão 55 Casado(a) Serrador Quebrada
217 Manuel Dias de Resende 43 Casado(a) Industrial Ermilhe
218 Manuel Dias de Resende Junior 46 Casado(a) Industrial Vergada
219 Manuel Fernandes Pereira 46 Casado(a) Corticeiro(a) Prime
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
423
220 Manuel Ferreira Salgueiro 56 Casado(a) Corticeiro(a) Prime
221 Manuel Ferreira da Silva 37 Casado(a) Corticeiro(a) Prime
222 Manuel Ferreira da Silva Lamas 33 Casado(a) Motorista Vergada
223 Manuel Gomes da Costa 60 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã
224 Manuel Martins Ferreira da Silva 25 Solteiro(a) Industrial Murado
225 Manuel Pereira dos Santos 59 Solteiro(a) Proprietário(a) Gôda
226 Manuel Fernandes de Oliveira 57 Casado(a) Lavrador Murado
227 Manuel Pinto de Oliveira 28 Casado(a) Cantoneiro Gôda
228 Manuel de Sousa 39 Casado(a) Corticeiro(a) Vilas
229 Manuel Ferreira de Oliveira 33 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho
230 Maria de Oliveira Santos 55 Solteiro(a) Doméstica Quintã
231 Margarida Batista de Jesus 61 Viúvo(a) Doméstica Murado
232 Margarida de Oliveira Santos 43 Viúvo(a) Comerciante Murado
233 Maria Alves Ferreira 50 Solteiro(a) Doméstica Quintã
234 Maria Alves Nogueira 60 Viúvo(a) Proprietário(a) Rio
235 Maria Alves de Oliveira 80 Viúvo(a) Proprietário(a) Fundão
236 Maria Clara de Sousa 77 Viúvo(a) Proprietário(a) Vergada
237 Maria Coelho de Jesus 30 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã
238 Maria Ferreira Coimbra 61 Viúvo(a) Proprietário(a) Vergada
239 Maria Joaquina Ferreira de Amorim 38 Solteiro(a) Proprietário(a) Moselos
240 Maria Margarida Ferreira dos Santos 39 Solteiro(a) Proprietário(a) Murado
241 Maria Relvas Meladas 51 Viúvo(a) Proprietário(a) Murado
242 Miguel Lopes Martins Teixeira 47 Casado(a) Professor(a) Igreja
243 Nestor Candido Ferreira dos Santos 33 Casado(a) Emp. Escritório Igreja
244 Paulino Alves Cardoso 46 Casado(a) Agricultor Prime
245 Paulino de Sa Pereira 45 Casado(a) Corticeiro(a) Fundão
246 Pedro Pereira de Pinho 77 Viúvo(a) Proprietário(a) Regadas
247 Pedro Rodrigues Canastro 58 Casado(a) Agricultor Gôda
248 Ramiro Ferreira da Silva 29 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela
249 Reinaldo Pinto Pinheiro 56 Casado(a) Professor(a) Vergada
250 Ricardo Ferreira do Espirito Santo 45 Casado(a) Industrial Igreja
251 Rolando Ferreira Leite da Conceição 22 Solteiro(a) Estudante Ermilhe
252 Rufino Mendes Coelho 55 Casado(a) Lavrador Seitela
253 Salvador Ferreira do Espirito Santo 32 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho
254 Salvador de Oliveira Santos 31 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral
255 Salvador Pompeu Ferreira da Silva 66 Casado(a) Industrial Vergada
256 Silvestre Alves de Amorim 47 Casado(a) Negociante Vergada
257 Tomaz Ferreira de Amorim Gomes Pinto 33 Solteiro(a) Comerciante Seitela
258 Virgilio Pereira da Silva 34 Casado(a) Corticeiro(a) Fundão
259 Virgilio Francisco de Oliveira Estrêla 70 Casado(a) Carpinteiro Murado
260 Vitorino Dias Coelho 43 Casado(a) Industrial Murado
AJFM: Documento avulso
424 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
425
No ano de 1953, o Presidente da Comissão Concelhia da
União Nacional, agindo em conformidade com as diretivas emanadas
dos órgãos superiores deste organismo solicitou à Junta que tivesse
o maior cuidado na organização do recenseamento eleitoral, nomeadamente,
para que se alargue, quanto possível, a inscrição oficiosa dos
nacionalistas de ambos os sexos residentes na freguesia. (ID.:Pasta
relativa ao quadriénio de 1961 a 1954).
Em 23 de abril de 1953, o Presidente da Câmara da Vila da
Feira oficiou à Junta comunicando a realização de uma sessão
solene, nos Paços do Concelho, para comemorar o 25º aniversário
da entrada do Dr. Oliveira Salazar para o Governo da Nação,
em colaboração com a Comissão Concelhia da União Nacional.
Solicitava ainda que se tomassem providências para que estivesse
presente o maior número de pessoas, comungando assim na homenagem
tão justamente prestada à figura ilustre e prestigiosa de Sua
Excelência, o Presidente do Conselho.
Em 30 de agosto de 1954, o Presidente da Câmara da Vila da
Feira solicitou uma informação acerca de um cidadão que pretendia
efetuar uma viagem de turismo a vários países europeus
ocidentais, do seguinte teor:
1º – Quais os propósitos com que pretende ausentar-se do país?
2º – Qual a profissão ou modo de vida que o requerente tem tido
nos últimos anos?
3º – É grande, médio ou pequeno proprietário? Vendeu ultimamente
bens? Tem o requerente capacidade económica e meios de fortuna
que lhe permitem ir ao estrangeiro, sabendo-se como são onerosas
as viagens desta natureza? Não se tratará de iludir as regras que se
opõem à emigração neste momento?
4º- O que consta sobre a sua idoneidade política?
5º – O mais que possa esclarecer o caso e julgue dever referir.
Na hipótese que não possa esclarecer com segurança, peço-lhe que o
diga claramente. Estes pedidos repetem-se com frequência sempre nos
mesmos termos.
Dr. António de Oliveira Salazar
Em 11 de novembro de 1953, o Presidente da Comissão Concelhia
da União Nacional oficiou aos presidentes das Comissões
de Freguesia da União Nacional, das Juntas de Freguesia e Regedores,
congratulando-se com a forma entusiástica e altamente patriótica
como decorreu o ato eleitoral do passado dia 8 para a eleição de
deputados à Assembleia Nacional, vem, por este meio louvar e agradecer
o valioso contributo prestado para o bom resultado deste acto ao
mesmo tempo que felicita todos os nacionalistas do concelho (…) pelo
acentuado espírito de civismo que todos tão exuberantemente demons-
426 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Suposta bandeira da
União Nacional
traram e pelo assinalável entusiasmo com que todos se empenharam
para a obtenção da magnífica vitória da lista de deputados patrocinada
pela União Nacional.
Assim em 14 de dezembro de 1954, o Presidente da Junta enviou
à Câmara Municipal da Vila da Feira um ofício informando
o Presidente que os membros dos corpos gerentes do Grupo Columbófilo
da freguesia tinham todos bom comportamento moral,
civil e político. Eram eles, na altura, os seguintes:
Joaquim Dias da Rocha, de 40 anos, corticeiro;
José Alves Oliveira Leita, de 29 anos, industrial;
Armando José Pereira, de 34 anos, castrador;
Joaquim Oliveira Santos, de 32 anos, corticeiro;
Fernando Alves de Sousa,de 23 anos, comerciante;
Joaquim Ferreira Mendes, de 51 anos, industrial;
Joaquim Domingues da Silva, de 33 anos industrial.
Em 18 de dezembro, o Presidente da Câmara solicitou, com
urgência, uma informação sobre um estudante da freguesia, natural
de Argoncilhe, pretendendo saber se estava ou não integrado
na ordem social estabelecida na Constituição política vigente,
devendo a informação ser concreta e concludente. Estes pedidos eram
recorrentes.
Num ofício datado de 21 de dezembro, o Presidente da Junta
informava que um habitante da freguesia estava integrado dentro
da Constituição Politica vigente. (ID.:Pasta relativa ao quadriénio
de 1951 a 1954).
A Junta decidiu nomear como agente local do Recenseamento
Geral da População o senhor Benjamim Ferreira Coimbra (neto),
escrivão da Junta (ID.:Liv. de Atas nº 12).
Em 31 de dezembro de 1961, a Junta exarou, em ata, o seu testemunho
de homenagem e de exaltação a todos quantos com brio
e coragem tombaram em defesa da Pátria, em Angola, vítimas de
atos de terrorismo lá acontecidos. Lembro que no ano de 1961, se
iniciou a chamada guerra colonial, então chamada guerra do ultramar,
para onde foram mobilizados muitos milhares de jovens,
muitos dos quais por lá morreram, ficaram com profundas sequelas
físicas e mentais, guerra essa que alastrou a Moçambique
e à Guiné (ID.:IBID.).
Em 20 de junho de 1974, a Junta reuniu extraordinariamente
para analisar a situação política vivida em 25 de abril com a
queda do regime do Estado Novo, a demissão dos Presidentes da
República e do Governo, decretadas pelo Movimento das Forças
Armadas, tendo sido deliberado o seguinte:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
427
– Apoiar calorosamente as gloriosas forças armadas pelo movimento
histórico de 25 de abril;
– Apoiar a proclamação divulgada ao país pelo Presidente da
Junta de Salvação Nacional, fazendo votos pelo seu fiel cumprimento;
– Manifestar um voto de confiança ao Governo Provisório;
– Finalmente, manifestar à Câmara Municipal um voto de
verdadeira confiança e fidelidade aos destinos do concelho.
A Junta emitiu dois comunicados impressos entregues à população,
sendo o primeiro deles de congratulação pela reposição da
liberdade no país e o segundo anunciando a realização de uma
sessão pública de despedida das suas funções (ID.:IBID.).
Em 13 de novembro de 1974, a CA resolveu demitir-se das
suas funções, face a acusações de que os seus membros não reuniriam
as condições políticas exigíveis para a função. Esta situação
teve origem, como era comum na época, de acusações irresponsáveis
de indivíduos, movidos por inveja, que lançaram este odioso
labéu sobre os membros da CA, que, de facto, não foram eleitos
por voto secreto, mas escolhidos em assembleia magna da população,
como era habitual em tempos revolucionários (ID.:IBID.).
Em 30 de junho de 1989, foi dada a informação de que o processo
de elevação de Mozelos à categoria de Vila iria ser apresentado
na Assembleia da República pelos deputados Batista Cardoso
e José Mota (ID: Liv. de Atas nº14).
Lei de elevação de Mozelos
à categoria de vila
PESSOAL
Em grande parte da vida deste órgão político-administrativo,
havia a figura do secretário que correspondia à posterior designação
de escrivão, o mesmo acontecendo com a figura do tesoureiro
que não era eleito, como hoje acontece, integrado nas listas
de eleição para o referido órgão.
Em 1872, dada a incapacidade financeira da Junta em contratar
um escrivão remunerado, o presidente de então, o pároco
Padre José Alves Coelho propôs-se, para todos os efeitos legais,
oferecer-se para fazer toda a escrituração da Junta, para servir a
igreja e beneficiar os paroquianos.
Em 17 de fevereiro de 1878, foi nomeado escrivão da Junta,
Francisco José dos Espírito Santo com o vencimento de 9.000$000,
devido à pobreza da freguesia (AJFM: Liv. de Atas nº 1).
428 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 1897, foi nomeado secretário, Francisco Fernando Coelho
de Amorim, com o vencimento anual de 18.000$000 (ID.: Liv. de
Atas nº 3).
Nos finais do século XIX, os lugares de sacristão e de coveiro
eram providos por concurso, às vezes em acumulação de funções,
e os seus ordenados anuais eram ciclicamente atualizados.
Em 3 de abril de 1911, a Comissão Administrativa da Vila da
Feira solicitou à CA a indicação de uma pessoa para exercer as funções
de zelador municipal desta freguesia (ID.:Liv. de Atas nº 5).
Em 7 de agosto, foi nomeado para guarda da igreja, Francisco
de Sousa Barros (ID.:IBID.).
Em 11 de agosto de 1918, a Junta decidiu contratar um coveiro
oficial para evitar a repetição da prática indevida de toque de
sinos e enterramento de cadáveres (ID.:Liv.de Atas nº7).
Em 26 de julho de 1919, foi mandado lavrar em ata que o
ex-tesoureiro da Junta se recusara a receber os 0$50 que lhe pertenciam
pelo exercício da sua função (ID.:IBID.).
Em 19 de dezembro, foi paga ao secretário interino a quanta
de 18$00 (ID.:IBID.).
Em 31 de outubro de 1926, a CA deliberou nomear um novo
coveiro e sineiro com o dever de tocar o sino para todos os serviços
fúnebres, bem como para todos os atos religiosos (ID.:IBID.).
Em 19 de fevereiro de 1927, tomaram posse dos lugares de
escrivão e de oficial de execuções fiscais administrativas da Junta,
respetivamente, Joaquim dos Santos Rocha e António Alves
(ID.:Liv. de Atas nº 8).
Em 20 de maio de 1959, tomou posse como escrivão da Junta,
José Pereira do Couto que teve de subscrever, antecipadamente, a
declaração anti-comunista, como era obrigatório, durante a vigência
do Estado Novo, devendo receber a importância de 500$00 de
gratificação anual pelo seu serviço (ID.: Liv de Atas nº12.).
Em 5 de janeiro de 1960, a Junta nomeou Benjamim Ferreira
Coimbra para o cargo de escrivão da Junta (ID.:IBID.).
Em 30 de janeiro de 1972, a Junta nomeou César de Oliveira
Sousa como escrivão da Junta (ID.:IBID.).
A Junta deliberou em 15 de abril de 1998, contratar outro cantoneiro
com o vencimento de 84,000$00, bem como a contratar
uma secretária, a tempo inteiro, com o vencimento mensal de
70.000$00.
Em 7 de novembro de 2003, foi aberto concurso público externo
de ingresso para provimento de um lugar de auxiliar admi-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
429
nistrativo para o quadro de pessoal da Junta de Freguesia. Em 4
de março de 2004, foi dada a informação da nomeação de Sónia
Marisa Pereira Neves para o lugar.
Em 29 de abril de 2005, a funcionária da Junta Sónia Marisa
Pereira das Neves foi reclassificada, a título definitivo, com assistente
administrativa, escalão 1, índice 1999.
Ao longo dos anos, a Junta foi atualizando os seus quadros de
pessoal e os seus vencimentos.
ORÇAMENTOS E CONTAS DE GERÊNCIA
Este sub-capítulo poderá parecer uma litânica repetição de
rubricas e de verbas, nalguns casos, mas permite conhecer a evolução
verificada, neste domínio, ao longo dos anos, as competências
orçamentais da Junta da Paróquia e da Freguesia, a evolução
das verbas arrecadadas e gastas, enfim, conhecer os números
que permitem qualificar atividades.
Em 17 de fevereiro de 1872, foi apresentado o orçamento da
Junta para vigorar no ano económico futuro.
Receita
– Proveniente da extinta confraria da Senhora do Rosário
calculada em 16.500$000;
– Contribuição dos paroquianos para a cera – 22.000$000;
– Subsídio dos membros da Junta – 2.180$000;
Total – 40.680$000;
Despesa
Festa do Senhor – 15.000$000;
Cera – 22.080.000;
Outras despesas – 3.600$000;
Total – 40.680$000.
Em 2 de dezembro de 1872, foram apresentadas as seguintes
contas da Junta:
Receita:
Esmolas da Senhora do Rosário – 18.390$000;
Donativos para a cera – 25.300$000;
Total – 43.690$000.
Despesa:
Senhora do Rosário
430 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Festa da Senhora – 13.800$000;
Despesa da cera – 2.420$000;
Livros de assentos – 1.920$000;
Preparos de paramentos – 2.420$000;
Custo das andarilhas – 1.820$000;
Total – 43.690$000.
Este mapa deveria ser apresentado à Câmara Municipal.
Em 4 de maio de 1873, foi apresentado o seguinte orçamento
da Junta para 1873/4:
Receita ordinária: 38.450$000;
Receita extraordinária para despesas ordinárias –
2.050$000;
Receita extraordinária (derrama) – para despesas
necessárias – 366.600$000;
Despesa obrigatória ordinária – 40.500$000;
Despesa obrigatória extraordinária – 366.600$000.
Em 21 de dezembro de 1873, foram apresentadas as seguintes
contas de gerência de 1872 e 1873:
Receita:
Esmolas da Senhora do Rosário – 17.590$000;
Donativos para a cera – 25.150$000;
Donativos dos vogais da Junta – 2.189$000;
Total – 44.920.000.
Despesa:
Festa da Senhora – 15.000$000;
Cera para as missas, douramentos e defuntos- 23.130$000;
Livros de assentos – 1.810$000;
Aniversário – 2.750$000;
Consertos e lavagens de paramentos – 2.230$000;
Total – 44.920$000.
Orçamento para 1874/75:
Receita:
Rendimento do milho da confraria da Senhora – 235, 98 Kg
– 6$750;
Esmolas – 11.260$000;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
431
Donativos dos fregueses para a cera – 25.250$000;
Total – 43.260$000.
Despesa:
Festa da Senhora do Rosário – 13.600$000;
26 Kg de cera – 24.960$000;
Aniversário (ofício pelas pessoas que para isto concorrem) –
2.760$000;
Livros de assentos – 1.950$000;
Total – 43.260$000.
Em 25 de outubro de 1874, foram aprovadas as contas relativas
ao ano anterior do seguinte teor:
Despesa Ordinária:
Festa de Nossa Senhora do Rosário – 15.000$00;
Cera para missas e sacramentos – 25.725$000;
Aniversário – 2.750$000;
Livros para assentos – 1.850$000;
Preparos de paramentos – 2.950$000;
Despesa Extraordinária:
Obra de carpinteiro – 157.800$000;
Obra de pedreiro – 32.000$000;
Obra de trolha – 99.000$000;
Aprestos para estas obras – 3.600$000;
Fiscal das obras – 3.600$000;
Escrivão do caderno – 8.000$000;
Cobrador da derrama – 3.600$000;
Segundas obras de pedreiro – 32.300$000;
Segundas obras de trolha – 77.500.000;
Transporte – 471.930$000;
Paramentos – 38.800$000;
Aprestos necessários – 6.950$000;
Limpeza do adro – 2.155$000;
Fiscal destas obras – 3.500$000;
Escrituração e papel – 2.000$000;
Tecobagens e outros pequenos serviços – 1.210$000;
Limpeza e asseio do cemitério – 3.140$000;
Total da Despesa – 529.785$000.
432 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Rendimento:
Esmolas da Senhora – 16.930$000;
Donativo para a cera – 26.050$000;
Derrama – 313.815$000;
Dinheiro da Bula – 73.300$000;
Sepulturas – 127.450$000;
Donativos dos vogais da Junta – 14.050$000;
Total – 573.595$000.
Saldo – 43.810$000.
Em 2 de março de 1876, foram convidados os vogais da junta
anterior a darem conta à junta atual, para que se pudesse organizar
o orçamento do ano futuro. Verificou-se haver um saldo de
83.435$000, sendo 43.810$000 das contas anteriores e o restante
das vendas de terrenos do cemitério.
Em 17 de maio de 1876, foi considerado necessário haver necessidade
de tratar do orçamento.
Receita:
Saldo no ano anterior – 83.435.000;
Donativos para a cera – 16.000$000;
Produto das futuras vendas de terrenos para jazigos – 25.000$000.
Despesa:
Cera para as missas, sacramentos, ofícios e defuntos – 25.450$000;
Aniversário da extinta confraria da cera – 2.750$000;
Festa da Senhora – 14.500$000;
Livros de assentos – 1.600$000;
Despesas do cemitério que é necessário fazer para dar sepulturas
aos não católicos – 18.000$000;
Cruz paroquial de prata lavrada para servir nas festas, bem
como em todas as melhores funções – 130.000$000;
Despesas extraordinárias – 2.500$000.
Orçamento para o ano futuro de 1876/77:
Rendimento total ordinário e extraordinário – 194.800$000;
Despesa obrigatória e necessária – 194.800$000.
Em 2 de maio de 1877, foi apresentado na sessão da Junta o
seguinte orçamento para 1877/78:
Receita:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
433
Esmolas que se poderiam receber para a Confraria de Nossa
Senhora do Rosário, hoje a cargo da Junta – em dinheiro –
10.000$000; em milho – 200 litros – 6.000$000;
Donativos que fazem os paroquianos para as despesas da
cera, em consequência de um antigo costume que ficou da extinta
confraria de S. Sebastião, que era a Confraria da Cera –
25.300:000, sendo de:
Casados – 100 reis cada;
Viúvos, solteiros e maiores legitimados – 50 reis;
Total – 41.300$000.
Despesa
Festa de Nossa Senhora, com missa solene, sermão, música e
fogo – 3.000$000;
Aniversário de S. Sebastião ou um ofício e missa cantada pelos
que dão o dinheiro para a cera – 2.750$000;
Importância da cera que arde nas missas paroquiais, administração
dos sacramentos, ofícios dos defuntos e em casa de cada
pessoa que morresse até ir para a sepultura – 24.000$000;
Livros de assentos – 1.550$000;
Total – 41.300$000.
Em 17 de abril de 1878, foi aprovado o seguinte orçamento
para o ano seguinte;
Receita:
Confraria de Nossa Senhora do Rosário – 16.060$000;
Donativos para a cera – 25.935$000;
Total – 42.000$000.
Despesa:
Festa da Senhora do Rosário – 13.000$000;
Cera – 4.400$000;
Ofício de aniversário pelos irmãos – 2.750$000;
Livros de assentos – 1.500$000;
Despesas extraordinárias – $250.
Total – 42,000$000.
Em 30 de dezembro de 1878, foi aprovado o seguinte orçamento
para 1878:
Receita:
Esmolas da Senhora do Rosário – 12.000$000;
434 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Cemitério
Donativos dos paroquianos para a cera – 25.000$000;
Total – 37.000$000.
Despesa:
Livros de assentos – 1.800$000;
Cera – 22.000$000;
Aniversário pelos defuntos da Confraria da Cera – 3.000$000;
Festa da Senhora do Rosário – 9.000$000.
Despesa extraordinária – 1.200$000.
Em 24 de março de 1879, foi elaborado o seguinte orçamento:
Receita:
Esmolas da Senhora do Rosário – 17.000$00.
Despesa:
Festa da Senhora – 12.000$000;
Livros de assentos – 1.500$000;
Consertos dos telhados e mais despesas extraordinárias –
3.500$000;
Ordenado ao Regedor e seu escrivão – 9.000$000:
Total– 26.000$000.
Face à insuficiência da receita perante as despesas, a Junta
deliberou lançar uma derrama para cobrir as despesas.
Em 21 de abril de 1879, foi elaborado o seguinte orçamento
para o segundo semestre do ano corrente:
Receita ordinária:
Esmolas da Senhora do Rosário a receber pelo S. Miguel –
17.000$000.
Despesa:
Festa da Senhora – que costuma ter missa solene e sermão,
música e cera – 12.000$000;
Livros de assentos – 1.500$000;
Conserto dos telhados e mais guisamentos – 3.500$000;
Total – 17.000$000.
Em 24 de novembro de 1879, foi elaborado o seguinte orçamento:
Receita ordinária:
Esmolas da extinta Confraria da Senhora do Rosário que foi
entregue à Junta – 16.500$000;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
435
Donativos dos paroquianos para a cera, sendo 100 reis para os casados
e 50 para viúvos, solteiros e maiores legitimados – 25.000$000;
Total– 41.500$000.
Receita extraordinária:
Produto das sepulturas – 60.000$000.
Despesas ordinárias:
Cera para os diferentes atos de culto – 13.500$000;
Festa da Senhora do Rosário – 13.500$000;
Aniversário da cera – 3.250$000;
Livros de assentos – 4.300$000.
Despesas extraordinárias:
Guarda – vento da igreja – 60.000$000;
Grades do cemitério e do campanário – 84.500$000;
Capela do cemitério e conserto do portão pequeno – 48.000$000;
Conserto dos telhados – 2.500$000;
Polícia e limpeza do cemitério – 2.900$000;
Conserto dos paramentos e sua lavagem – 2.900$000;
Outras despesas extraordinárias para as referidas obras –
8.500$000.
Dado o facto da despesa ultrapassar a receita, tornava-se necessário
lançar uma derrama que ficaria na proporção de 48%
sobre as contribuições prediais e industrial da freguesia.
Em 20 de dezembro de 1880, foi elaborado o seguinte orçamento
para o ano de 1881:
Receita:
Esmola da Senhora do Rosário – 12.000$000;
Donativos dos paroquianos para a cera – 26.000$000.
Despesa ordinária:
Livros de assentos – 3.000$000;
Cera para as funções paroquiais – 20.000$000;
Aniversário pelos irmãos da cera – 3.250$000;
Festa da Senhora do Rosário – 10.000$000;
Conserto dos telhados da igreja e limpeza do cemitério –
3.500$000.
Dado que a despesa a fazer era de 45.750$000 e o rendimento de
38.000$000, faltavam 7.750$000 a Junta iria deliberar a forma de suprir
tal diferença, o que foi feito através do recurso a uma derrama.
Torra da igreja paroquial
436 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 17 de outubro de 1881, foi apresentado o seguinte orçamento
suplementar:
Receita:
Venda de terrenos no cemitério – 32.500$000.
Despesa:
Um portão de pedra para o cemitério – 1.230$000;
Conserto das pedras no pavimento da igreja – 3.160$000;
Livros de assentos – 4.000$000;
Conserto dos telhados da igreja e sacristia – 15.110$000.
Dado o facto da despesa ultrapassar a receita a Junta deliberou
lançar uma derrama.
Imagem do Mártir S. Sebastião
Em 26 de dezembro de 1881, foram apresentadas as seguintes
contas de gerência:
Receita:
Rendimento da derrama – 114.730$000;
Sepulturas vendidas – 81.100$000:
Total – 195.830$000.
Despesa:
Grade do cemitério e do campanário da torre – 98.000$000;
Guarda – vento – 28.000$000;
Capela do cemitério – 47.000$000;
Conserto do pavimento da igreja e telhados – 19.000$000;
Livros de assentos – 4.000$000;
Total – 207.000$000.
O saldo negativo de 11.170$000 foi suprido com os materiais do
coberto do cemitério que foram vendidos por 7.500$000 e pelo guarda-vento
velho que foi vendido por 5.660$000 (AJFM:Liv. Atas nº 1).
Em 16 de janeiro de 1882, foi apresentado o seguinte orçamento
para o ano de 1882:
Receita:
Esmola da Senhora do Rosário – 13.000$000;
Donativos para a cera – 26.000$000;
Sepulturas que se poderão vender – 10.000$000;
A Junta oferecia, se for necessário, 3.300$000;
Total – 52.800$000.
Despesa:
Livros de assentos – 4.000$000;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
437
Aniversário da extinta confraria da cera – 3.300$000;
Custo da cera – 26,000$000;
Cemitério – 7.500$000
Total – 52.800$000 (ID.:IBID.).
Em 15 de outubro de 1883, foi apresentado orçamento para o
ano em curso:
Receita:
Esmolas da confraria da Senhora do Rosário, então a cargo
da Junta- 13.500$000;
Donativos dos paroquianos para a cera, desde que a antiga confraria
de S. Sebastião foi entregue à Junta – (100 reis pelas casas, 50
reis pelos solteiros legitimados e maiores e viúvos) – 28.800$000;
Sepulturas que se podiam vender ou já vendidas – 20.000$000.
Total – 62.300$000.
Despesa:
Festa da Senhora (andor, missa solene, procissão e fogo) –
12.000$000;
Cera – 25.000$000;
Livros de assentos – 4.000$000;
Aniversário da confraria de S. Sebastião – 3.300$000;
Consertos do telhado da igreja – 8.500$000;
Consertos dos paramentos – 3.300$000;
Procissão que a freguesia faz, por voto, à Senhora das Neves
– 3.200$000;
Quaisquer despesas do delegado paroquial ou da escola –
3.000$000.
Total – 62.300$000.
Paramentos
Em 19 de maio de 1884, foi apresentado o seguinte orçamento:
Receita:
Esmolas da Senhora do Rosário – 13.000$000;
Donativos para a cera – 26.000$000;
Sepulturas a vender no cemitério – 15.000$000;
Produto dos baldios – 57.200$000.
Total – 111.200$000.
Despesa ordinária:
Livros de assentos – 4.000$000;
Aniversário da confraria extinta da cera – 3.300$000;
438 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Cera – 26.000$000;
Festa da Senhora do Rosário – 12.000$000;
Despesa com o cemitério, telhados da igreja, consertos dos
paramentos – 13.500$000.
Despesa extraordinária:
Reedificação do canto do adro – 15.000$000;
Tomar as juntas das pedras do pavimento da igreja e capela-
-mor com cimento de possulana e consertar as pedras deterioradas
e reformar os taburnos – 20.000$000;
Escada da estrada para o adro – 134.000$000;
Mudança da entrada e desaterro para o assento e parapeito –
44.000$000;
Para o delegado paroquial – 1.000$000.
Total – 272.800$000.
Saldo Negativo – 161.600$000.
A Junta deliberou que este saldo negativo deveria ser suprido
através do lançamento de uma derrama que nunca excederia
32% do total das contribuições.
Cemitério
Em 17 de maio, de 1885, foram apresentadas as contas relativas
aos anos de 1879 a 1883 que refletem, genericamente, o
cumprimento dos respetivos orçamentos.
Em 21 de junho, foi apresentado um novo orçamento relativo
ao ano de 1885, por não se terem concluído as obras do orçamento
do ano anterior e que atingiam o montante de 192.300$000.
Em 20 de setembro de 1885, foram apresentadas as contas
seguintes relativas ao ano transato:
Livros de assentos – 3.200$000;
Conserto de telhados, limpeza do cemitério, lavagem, consertos
de paramentos, guisamentos da sacristia- 9.625$000;
Cera para a festa da Senhora do Rosário – 10.290$000.
Saldo – 23.115$000 (AJFM: Doc. Avulso).
Em 27 de setembro de 1885, foram apresentadas as contas
seguintes:
Receita realizada
Esmolas da Senhora do Rosário – 12.000$000;
Donativos para a cera – 26.150$000;
Sepulturas vendidas – 16.470$000;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
439
Produto de baldios – 115.600$000;
Alinhamento dado pela Junta a um freguês – 3.600$000;
Total – 173.820$000.
Receita não realizada – 85.300$000.
Despesa realizada
Livros de assentos – 3.200$000;
Conserto de telhados da igreja, limpeza do cemitério, concerto
e lavagem dos paramentos, guisamentos da sacristia, –
9.625$000;
Cera para defuntos e sacramentos – 25.745$000;
Festa da Senhora do Rosário – 10.290$000;
Abono por conta da obra ao arrematante – 38.000$000.
Despesa não realizada
Ao arrematante das obras – 170.000$000.
Resumo comparativo:
Receita – 259.420$000;
Despesa -256.860$000
Saldo – 2.260$000. (ID.:Doc. Avulso).
Em 22 de fevereiro de 1886, foi presente o seguinte orçamento:
Receita:
Verba não realizada no ano anterior porque havia uma obra
suspensa – 85.300$000;
Saldo do ano anterior – 2.260$000;
Pagamento da Junta – 10.000$000;
Esmola da Senhora do Rosário – 10.430$000;
Donativos para a cera – 27.700$000;
Sepulturas vendidas no cemitério – 54,635$000.
Total – 105.025$000.
Despesa:
Aniversário da cera do ano anterior e que não foi paga ao
pároco – 3.250$000;
Livros de assentos paroquiais – 3.000$000;
Aniversário da cera – 3.250$000;
Custo da cera – 14.000$000;
Limpeza do cemitério e guisamentos da sacristia – 3.700$000;
Divisar as sepulturas do cemitério – 4.320$000;
Recondução da terra para o arraial – 1.230$000;
440 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Secretário da Junta – 11.500$000;
Requerimento e alinhamento para a escada – 700 reis cada.
Total – 44.950$000.
Caminho da Mestra Moreira
Em 2 de setembro de 1886, foi apresentado o seguinte orçamento:
Receita ordinária:
Esmolas da Senhora do Rosário – 13.000$000;
Donativos para a cera – 27.000$000;
Receita extraordinária;
Materiais da escada em construção – 85.000$000;
Derrama ou contribuição paroquial – 348.440$000;
Despesa ordinária:
Aniversário da confraria de S. Sebastião – 3.300$000:
Cera para as missas – 28.000.00$000;
Festa da Senhora do Rosário – 13.000$000;
Delegado paroquial – 3.000$000;
Limpeza do cemitério – 3.500$000;
Despesa com o secretário e secretaria da Junta – 18.000$000.
Despesa extraordinária:
Dívida ao arrematante das obras – 25.000$000;
Uma alba de linho – 5.000$000;
Mangas para as dálmáticas, três manípulos e franja de retrós
para todo o paramento – 25.000$000;
Uma sobrepeliz paroquial – 3.000$000;
Um par de galhetas de estanho – $500;
Escada da estrada para o adro – 190.640$000;
Custo da planta para a escada – 4.500$000;
Tomar as juntas do pavimento da igreja e capela – mor com
cimento de possulana e concerto das pedras deterioradas e reformar
os taburnos da igreja – 20.000$000.
Todas estas obras eram da máxima importância, como toda
a freguesia sabia.
Em 21 de fevereiro de 1887, foi apresentado o orçamento seguinte;
Receita ordinária:
Esmolas da Senhora do Rosário – 12.000$000;
Donativos para a cera – 26.800$000;
Total – 38.800$000.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
441
Despesa ordinária:
Livros de assentos – 3.500$000;
Aniversário da confraria de S. Sebastião – 3.300$000:
Cera para as missas e sacramentos – 23.900.00$000;
Festa da Senhora do Rosário – 12.000$000;
Delegado paroquial – 3.000$000;
Limpeza do cemitério – 3.500$000;
Despesa com o secretário e secretaria da Junta – 18.000$000.
Despesa extraordinária:
Fazer de novo o telhado da igreja e sacristia – 120.000$000;
Uma grade de ferro com lanças no canto da torre – 5.000$000;
Escada da estrada para o adro – 180.640$000;
Guisamentos da sacristia – 5.000$000.
Em 30 de junho de 1887, foram aprovadas as contas do mandato
anterior e que foram as seguintes;
Receita – 184.825$000.
Despesa – 153.650$000.
Saldo -31.175$000.
Em 1 de julho de 1887, foram apresentadas as contas relativas
ao ano de 1886:
Receita ordinária:
Saldo do ano anterior – 60.075$000;
Esmolas da Senhora do Rosário – 13.000$000;
Donativos para a cera – 26.750$000;
Materiais para a escada do adro – 85.000$000.
Total – 184.825$000.
Despesa ordinária:
Livros de assentos paroquiais – 3.040$000;
Aniversário da cera – 3.250$000;
Custo da cera – 22.115$000;
Festa da Senhora do Rosário – 13.000$000;
Secretário da Junta e despesas da secretaria – 18.000$000;
Dinheiro dado ao arrematante da escada por conta do preço
da mesma obra – 60.000$000;
Limpeza do cemitério – 3.680$000;
Cordas para os sinos, guisamentos da sacristia e conserto dos
telhados da igreja – 5.565$000;
Dívida ao arrematante da obra que transita para a gerência
seguinte – 25.000$000.
442 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Total – 153.650$000.
Saldo – 32.175$000.
Em 2 de março de 1888, foi apresentado o seguinte orçamento:
Receita ordinária:
Saldo resultante das últimas contas – 29.025$000;Contribuição
de 35% sobre as contribuições do Estado – 134.525$000;
Um dia de prestação de trabalho segundo o disposto no Código
Administrativo – 36.000$000;
Total – 199.550$000.
Receita extraordinária:
Pelo que se pode receber da devoção de Nossa Senhora do
Rosário – 12.000$000;
Donativo para a cera – 26.000$000;
Pelo que se pode receber com a venda de terrenos no cemitério
– 30.000$000;
Total – 267.550$000.
Despesa obrigatória:
Secretário da Junta e Regedor – 18.000$000;
Livros para o registo paroquial – 3.500$000;
Guisamentos para o pároco – 5.000$000;
Expediente da secretaria – 5.000$000;
Emolumentos do Tribunal Administrativo – 1.050$000;
Emolumentos da Administração do Concelho – 1.000$000;
Expediente do delegado paroquial e recenseamento de crianças
– 2.000$000;
Pintura de portões e grade do cemitério – 9.000$000;
Conserto de caminhos vicinais – 61.000$000;
Conserto de telhados da igreja, capela – mor e sacristia –
78.000$000;
Festividades de Nossa Senhora do Rosário – 12.000$000;
Cera – 25.000$000;
Caderno para a derrama das contribuições – 9.000$000;
Paramentos para o culto divino – 28,000$000;
Total – 267.550$000 (ID.:Liv. de Atas nº 2).
Em 21 de setembro de 1893, foi apurado o saldo de 1892, no
montante de 69.726$000 e foi feito o orçamento para 1893, com
os valores seguintes:
Receita e despesa:
95.727$000 (Doc.Avulso).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
443
Em 2 de dezembro de 1898, procedeu-se ao julgamento das
contas de 1897 e que foram as seguintes:
Julgamento das contas – 1.7445$000;
Emolumentos pelo exame do orçamento ordinário para o ano
de 1898 – 500$000;
Expediente da Junta – 1.920$000;
Ordenado do secretário da Junta – 18.000$000;
Guisamentos e despesas de culto – 3.500$000;
Livros para o registo paroquial – 3.500$000;
Gratificação do tesoureiro da Junta – 1.000$000;
Cera gasta na igreja e óbitos – 21.850$000;
Consertos de caminhos – 25.300$000.
Em 1 de dezembro de 1899, procedeu-se ao julgamento das
contas de 1898 e que foram as seguintes:
Julgamento das contas e emolumentos pelo exame do orçamento
ordinário para o ano de 1898 – 2.245$000;
Expediente da Junta – 2.110$000;
Ordenado do secretário da Junta – 18.000$000;
Guisamentos e despesas de culto – 5.000$000;
Livros para o registo paroquial – 3.500$000;
Gratificação do tesoureiro da Junta – 1.000$000;
Cera gasta na igreja e óbitos – 20.000$000;
Conserto da grade do coro e portão do cemitério dos não-católicos;
Consertos de caminhos – 8.000$000 (ID.:Liv.Atas nº 3).
Em 7 de dezembro de 1900, foram aprovados o seguinte orçamento
e as contas seguintes:
Expediente da Junta – 2.810$000;
Gratificação ao secretário – 18.000$000;
Guisamentos e despesas de culto – 5.000$000;
Livros para o registo paroquial – 3.500$000;
Gratificação do tesoureiro da Junta – 1.000$000;
Cera gasta na igreja e óbitos – 21.000$000;
Conserto da grade do coro e portão do cemitério dos não-católicos;
Consertos de caminhos – 55.800$000 (ID.:IBID.).
Fachada sul da igreja
444 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 15 de fevereiro de 1901, foram aprovados definitivamente
os valores das contas do ano de 1900 e que foram as seguintes:
Receita – 175.017$000;
Despesa – 120.335$000;
Saldo para 1901 – 54.682$000;
Dívidas relativas a contribuições relaxadas – 8.364$000
(ID.:IBID).
Em 21 de março de 1902, a Junta aprovou as seguintes contas
relativas ao ano anterior:
Receita – 135.232$000;
Despesa – 113.465$000;
Saldo – 21.767$000 (ID.:IBID).
A Junta apresentou em 20 de março de 1903, um saldo de
18.826$000 do exercício do ano de 1902, com:
Receita – 110$900;
Despesa – 110$900 (ID.:IBID).
A Junta apresentou em 18 de março de 1904, um saldo de1-
046$000 do exercício do ano de 1903 (ID.:IBID).
Em 16 de fevereiro de 1909, foram aprovadas as seguintes
contas do ano transato:
Receita – 234.075$000;
Despesa – 85.150$000 (ID.:Liv. de Atas nº4).
Em 28 de setembro de 1909 foram aprovadas as verbas seguintes:
Reparação e conservação de caminhos paroquiais – 51$200;
Pintura das grades do cemitério, escada da igreja e grades da
mesma – 45$000;
6 sanefas, púlpito igual ao que existia – 49$000;
Reparos da casa da fábrica e arruamento do cemitério –
2$480 (ID.:IBID).
Em 16 de outubro de 1911, foi aprovado o orçamento ordinário
de receita e despesa da paróquia no montante de 1.912$000
(ID.:Liv. de Atas nº 5).
Em 5 de fevereiro de 1912, foram aprovadas as contas de gerência
do ano anterior, tendo havido uma receita de 108.815$000, onde
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
445
se incluía o saldo do ano anterior e a despesa de 64.830$000, tendo
transitado para o ano seguinte o saldo de 43.985$000 (ID.:IBID.).
Em 6 de janeiro de 1913, foram aprovadas as contas relativas
a 1912, tendo havido uma receita de 43.985$000 e uma despesa
de 30.565$000, tendo havido um saldo de 13.420$000 (ID.:IBID).
Em 31 de maio de 1914, foi aprovado orçamento da Junta com
a receita de 92$97 e a despesa de igual valor (ID.:IBID).
Apesar da divisa Escudo ser decretada em 1911, a moeda metálica
foi só entrou em circulação em 1912, enquanto o papel-
-moeda surgiu em 1913. O Escudo só entrou na Contabilidade
do Estado em 1913.
Em 7 de fevereiro de 1915, foram aprovadas as seguintes contas
relativas a 1914:
Receita:
Certidões – 1$60;
Venda de um portão-14$00;
Atestado – $05;
Subscrição – 202$00;
Relaxe de prestação de trabalho – 1$40.
Despesa:
Impressos – $10;
Livros – $90;
Trabalhos e fornecimento de carpintaria na igreja – $62;
Obras de serralharia no cemitério – 31$00;
Tesoureiro – 1$00;
Secretário – 12$00;
Obras de pedreiro na igreja e cemitério – 109$00;
Reparação de caminhos vicinais – 27$97.
Saldo positivo -54$68 (ID.:Liv de Atas nº 6).
Outro troço do caminho da
Mestra Moreira
Em 6 de fevereiro de 1916, foram aprovadas as seguintes contas
gerais relativas a 1915:
Receita:
Venda de 2 terrenos no cemitério – 36$52;
Prestação de trabalho – 36$50.
Despesa:
Pago ao secretário interino 18$00;
Pago ao tesoureiro – 1$00
Conserto de caminhos 65$00;
Lavagem e caiação dos muros do cemitério. 11$00;
446 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Limpeza do cemitério – 3$00;
Pintura de portões, grades do cemitério e adro, guarda-vento
e várias portas da igreja. 25$00.
Saldo positivo – 4$70 (ID.: IBID.).
Em 9 de dezembro de 1917, foi aprovado o pagamento das
despesas seguintes: reparação de caminhos vicinais – 35$00;
Estrado de pinho, uma secretária e cinco cadeiras – 18$00;
Oferta a indigentes da freguesia – 3$65,5 e tesoureiro – 1$00
(ID.:Liv. de Atas nº 7).
Coro da igreja
Em 31 de dezembro de 1920, fez-se um balanço no cofre da
Junta e constatou-se haver um saldo de 361$27 (ID.:IBID.).
Em 30 de dezembro de 1921, foi aprovado o balanço das contas
do ano tendo-se verificado um saldo de 340$00 (ID.:IBID.).
Em 31 de dezembro de 1922, foram aprovadas as contas do
ano, tendo havido uma receita de 935$23, incluindo o saldo do
ano anterior e uma despesa de 615$10, tendo resultado um saldo
de 320$13, quantia que voltou para o cofre da Junta (ID.:IBID.).
Em 22 de fevereiro de 1923, foram aprovadas as contas relativas
ao ano anterior tendo-se apurado que a receita foi 935$23, a
despesa de 615$10, tendo havido um saldo de 320$13 (ID.:IBID.).
Em 31 de dezembro de 1923, foram aprovadas as contas do
ano, estando toda a receita arrecadada, todas as despesas pagas,
tendo havido um saldo de 235$30 (ID.:IBID.).
Em 31 de dezembro de 1924, foi aprovado o mapa de receita e
despesa da Junta relativamente ao ao que estava a findar, tendo-se
apurado a receita de 2.460$54, incluindo o saldo do ano anterior
no montante de 35$39, na despesa obrigatória estavam incluídos
o ordenado do secretário e o expediente da secretaria, tendo
atingido o montante de 431$80, ficando um saldo de 2.028$74.
Durante a discussão destas questões foi referido o facto do país
estar a atravessar uma grave situação de crise, devido à grande
instabilidade que se vivia (ID.:IBID.).
Em 10 de dezembro de 1925, foi aprovado o orçamento para
1926 com a receita de 1.315$34 e com despesa de igual valor
(ID.:IBID.).
Em 31 de dezembro de 1925, após arrecadada toda a receita
e pagas todas as despesas, houve um saldo de 65$34 (ID.:IBID.).
Em 31 de dezembro de 1926, foram aprovadas as contas do
exercício da CA tendo havido um receita de 1.903$89, uma despesa
de 507$75, tendo havido um saldo de 586$14 onde estava
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
447
incluído o saldo 3$39 deixados pela Junta anterior. As contas de
todo o ano fora as seguintes: Receita 1.155$84, incluindo um saldo
de 65$34 relativo a 1925, a despesa de 569$70 ficando um
saldo de 586$40 (ID.:IBID.)
Em 31 de dezembro de 1927, foram aprovadas as contas do ano,
tendo sido considerado o saldo de 1926 no valor de 586$14, o produto
da prestação do trabalho no montante de 1.300$00, totalizando
o valor de 2.116$14, enquanto a despesa atingiu o montante de
1.571$35, tendo havido um saldo de 544$79 (ID.:Liv de Atas nº 8).
Em 30 de junho de 1930 foram aprovadas as contas do ano
económico de 1929/1930:
Despesas de reparação dos caminhos das Regadas – 229$00,
Sobral da Quintã – 84$00;
Ermilhe – 159$85,
da Igreja (1º lanço) – 399$00, da Quebrada – 383$60, da Igreja
(2º lanço) – 299$00;
Pagamento ao secretário – 350$00;
Capeamento das valetas – 83$00;
A receita atingiu o montante de 2.506$29 onde se incluía o
saldo do ano anterior no montante de 506$29 (ID.:IBID.).
Em 30 de junho de 1932, foram apresentados os mapas da
receita e despesa do ano de 1931/1932:
Receita:
Saldo do ano de 1930/31 – 41$24;
Cobrança de dívidas ativas do ano anterior – 115$00;
Rendimento das prestações de trabalho – 1.911$20.
Despesa:
Limpeza do cemitério – 25$00;
Reparação do caminho de Ermilhe – 693$00;
Selo branco – 150$00;
Ordenado do secretário – 350$00;
Dívidas passivas do ano anterior – 507$00;
Total – 1.725$00 (ID.:IBID,).
Calçada da rua do Pinheiro Manso
Em 30 de junho de 1933, foram apresentados os mapas da
receita e despesa do ano de 1931/1932:
Receita:
Saldo do ano de 1931/32 – 186$32;
448 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Cobrança de dívidas ativas do ano anterior – 110$00;
Rendimento das prestações de trabalho – 1.370$00;
Saldo dos serviços do cemitério – 100$00;
Total -1681$74.
Despesa:
Caição dos muros do cemitério – 100$00;
Reparação do relógio da torre – 14$55;
Limpeza do cemitério – 25$00;
Reparação de diversos caminhos – 608$75;
Ordenado do secretário – 350$00;
Total – 1.073$30.
Saldo – 608$44 (ID.:IBID.).
Muro do cemitério
Em 30 de junho de 1935, foram apresentados os mapas da
receita e despesa do ano de 1931/1932:
Receita:
Saldo do ano de 1934 –$74;
Rendimento do imposto de trabalho – 1.760$00;
Venda de terrenos do cemitério – 1.061$00;
Serviço de enterramentos – 189$80;
Total -3.011$54.
Despesa:
Caiação dos muros do cemitério – 100$00;
Enterramentos de pobres – 39$50;
Limpeza do cemitério – 25$00;
Reparação de diversos caminhos – 388$75;
Expediente da Junta – 368$80;
Total – 1.479$25.
Saldo – 532$29 (ID.:IBID.).
Em 1953, houve o seguinte movimento da Junta de Freguesia:
Receita – 10.973$90;
Despesa – 9.569$20;
Saldo – 1.404$70.
A Junta teve um saldo de 2.206$00 no ano de 1955 (ID:Liv.
de Atas nº 12).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
449
Em 31 de dezembro de 1957, foi aprovado o orçamento de
obras para 1958 com os valores seguintes:
– Complemento das obras no caminho da Quebrada até à
Igreja – 13.000$00;
– Arranjos do caminho de Prime – 7.000$00;
– Arranjo dos caminhos em Gôda e Ermilhe – 7.000$00;
Total – 27.000$00.
Em 31 de dezembro de 1960, a Junta anunciou o envio para a
Câmara do orçamento de 1961, no qual constavam as obras da
estrada de Prime, da estrada da Quebrada à Igreja, caminhos de
Gôda e de Ermilhe, caminho de Gôda a Pousadela, caminho do
Rio ao Outeiro do Moinho e diversos caminhos num total de 100
mil escudos (ID.:Liv de Atas nº 12).
Em 31 de janeiro de 1962, a Junta enviou à Câmara o orçamento
de obras a realizar durante o ano:
– Caminho de Prime à Vergada – 15,000$00;
– Caminho de Ermilhe a Gôda – 20.000$00;
– Caminho do Rio ao Murado- 15.000$00;
– Caminho das Regadas ao Murado – 15.000$00.
Nesta mesma data, foi aprovado o relatório e contas de gerência
do ano findo, tendo transitado o saldo 2.255$50 (ID.:IBID.).
Em 4 de janeiro de 1963, foi aprovada a conta de gerência
relativa ao ano findo que teve um saldo positivo de 25.000$00
(ID.:IBID.).
Em 29 de janeiro de 1967, foram aprovadas as contas de gerência
do ano findo;
Receitas – 95.410$00;
Despesas – 79.462$00;
Saldo – 15.947$80.
Em 29 de janeiro de 1968, foram aprovadas as contas de gerência
do ano findo;
Receitas – 79.491$80;
Despesas – 78.893$70;
Saldo – 1.968$00.
Em 26 de janeiro de 1969, foram aprovadas as contas de gerência
do ano findo;
450 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Receitas – 26.440$10;
Despesas – 25.343$10;
Saldo – 1.105$00.
Em 30 de dezembro de 1972, foram aprovadas as contas de
gerência do ano findo;
Receitas – 31.924$50;
Despesas – 19.572$20;
Saldo – 12.352$30.
Em 31 de dezembro de 1973, foram aprovadas as contas de
gerência do ano findo;
Receitas – 10.059 $90;
Despesas – 87.767$90;
Saldo – 20.105$00.
Em 31 de maio de 1974, foram registadas em ata as entradas
das verbas seguintes:
– Ofertas de diversos amigos de Mozelos, naturais da freguesia
e residentes em Lamas – 20.500$00;
– Ofertas de vários amigos mozelenses para placas de sinalização-
9.500$00;
– De anunciantes do suplemento do jornal O Comércio do
Porto na inauguração dos CTT – 42.500$00;
– Inscrições para o copo de água oferecido às autoridades no
dia das inaugurações – 28.500$00;
– Do Governo Civil de Aveiro para obras – 10.000$00;
– Da Câmara Municipal 15.000$00 como subsídio anual;
– Da Câmara Municipal 3.030$20 para expediente;
– Da Câmara Municipal 50.000$00 como subsídio extraordinário
para obras.
Em 26 de fevereiro de 1977, foram aprovadas as contas da
gerência do ano de 1976 que tiveram um saldo de 23.73450.
Em 31 de março de 1978, a Assembleia de Freguesia aprovou
por unanimidade o relatório de contas e e plano de atividades
por unanimidade.
Em 26 de janeiro de 1979, foram aprovados, por maioria, o
orçamento e o plano de atividades para o ano em curso com 4
votos a favor e 1 contra.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
451
Em 8 de fevereiro de 1980, a Assembleia de Freguesia aprovou,
por maioria, o plano de atividades para o ano em curso e
em 24 de abril aprovou, por maioria o relatório de contas relativo
ao ano findo.
Em 31 de dezembro de 1980, foram apresentados os seguintes
valores das contas do ano:
Movimento – 1.270.239$70;
Saldo – 242.203$90.
Em 1986, a Junta aprovou as contas do ano, com um movimento
financeiro de 8.658.965$90, tendo recebido do poder
central cerca de metade dessa verba, o que demonstrava quanto
a população da terra estava ao lado da autarquia, contribuindo
assim para o seu progresso (ALFM: Liv. de Atas nº14).
O orçamento de 1987 foi de 4.800 contos.
O orçamento relativo ao ano de 1988 foi de 5.400 contos.
O orçamento relativo ao ano de 1989 foi de 7.500 contos.
O orçamento relativo ao ano de 1990 foi de 6.902.162$00.
Em 1992, foi apresentado o seguinte orçamento:
Receitas – 9.000.000$00;
Despesas – 9.000.000$00.
Em 1993, foram apresentados os seguintes valores das contas
do ano:
Receitas – 11.760.000$00;
Despesas – 11.760.000$00.
Em 1994, foram apresentados os seguintes valores das contas
do ano:
Receitas, saldos transitados e encargos por pagar –
21.017.182$70;
Despesas – 21.017.182$70.
Em 1995, foram apresentados os seguintes valores das contas
do ano:
Receitas, saldos transitados e encargos por pagar –
30.258.605$10;
Despesas e saldos para o exercício seguinte –
30.258.605$10.
452 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
O relatório de contas do exercício do ano de 1996 apresentou
os valores seguintes:
Receitas, saldos transitados, encargos por pagar e regularizações
– 32.183.064$20;
Despesas e saldos para o exercício seguinte –
32.183.064$20.
A Junta apresentou os seguintes valores para 1997:
Receitas – 32.200.000$00;
Despesas – 32.200.000$00.
Em 15 de abril de 1998, foi aprovado o orçamento e plano
da freguesia com o valor da receita e da despesa no montante de
68.850.000$00.
Em 15 de abril de 1999, foi aprovada a conta de gerência de
1998, com os seguintes valores:
Receitas – 33.553.388$00;
Despesas – 28.341.861$00;
Saldo da gerência anterior – 5.194.232$00;
Saldo para a gerência seguinte – 14.405.759$00.
Em 7 de novembro de 1999, foi aprovado o orçamento para o
ano 2000,com a previsão de receitas e despesas no montante de
48.260.000$00.
Em 1 de Janeiro de 2002 começou a entrar em circulação.
Em 15 de abril de 2003, foi aprovada a conta de gerência relativa
a 2002, com os seguintes valores:
Receitas – 191.894,62 euros;
Despesas – 169.482,01 euros;
Saldo da gerência anterior – 24.336,20 euros;
Saldo para a gerência seguinte – 46.894,56 euros.
Em 15 de dezembro de 2003, foi aprovado o plano de atividades
para 2004 no montante de 322.750,00 euros com:
Receitas correntes – 186.463,00 euros;
Receitas de capital – 136.287,00 euros;
Despesas correntes -127.750,00 euros;
Despesas de capital – 195.000,00 euros.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
453
Em 15 de abril de 2004, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2003, com os valores seguintes:
Receitas – 276.840,71 euros;
Despesas – 218.477,62 euros
Saldo da gerência anterior – 46.894,56 euros.
Saldo para a gerência seguinte: 105.321,14 euros.
Em 15 de novembro de 2004, foi orçamentada a verba de
330.860,00 euros para o ano de 2005.
Em 11 de abril de 2005, a Junta aprovou a conta de gerência
relativa ao ano de 2003, com os valores seguintes:
Receitas – 249.555,36 euros;
Despesas – 323,986, 88 euros
Saldo – 30.892,35 euros.
Em 11 de abril de 2006, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2003, com os valores seguintes:
Receitas – 244.418,90 euros;
Despesas – 263.038,79 euros
Saldo da gerência anterior – 30.680,38 euros.
Saldo para a gerência seguinte: 12.060,49 euros.
Em 11 de abril de 2007, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2006, com os valores seguintes:
Receitas – 265.390,22 euros;
Despesas – 237.865,06 euros
Saldo da gerência anterior -12.639,63 euros.
Saldo para a gerência seguinte -39.994,20 euros.
Em 16 de abril de 2008, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2007, com os valores seguintes:
Receitas – 372.116,34 euros;
Despesas – 205.520,52 euros
Saldo da gerência anterior – 39.994,20 euros.
Saldo para a gerência seguinte -207.637,93 euros.
Em 15 de abril de 2009, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2008, com os valores seguintes:
454 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Receitas – 212.955,99 euros;
Despesas – 349.305,41 euros;
Saldo da gerência anterior – 207.637,93 euros.
Saldo para a gerência seguinte – 70.215,49 euros.
Em 15 de abril de 2010, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2009, com os valores seguintes:
Receitas – 217.006,31 euros;
Despesas – 260.513,52 euros;
Saldo da gerência anterior – 70,215,49 euros.
Saldo para a gerência seguinte -26.809,54 euros.
Em 11 de abril de 2011, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2010, com os valores seguintes:
Receitas – 249.645,33 euros;
Despesas – 246.134,93 euros;
Saldo da gerência anterior – 26.809,54 euros.
Saldo para a gerência seguinte – 30.206,37 euros.
Em 9 de abril de 2012, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2011, com os valores seguintes:
Receitas – 246.417,35 euros;
Despesas – 208.824,58 euros;
Saldo da gerência anterior – 26.809,54 euros.
Saldo para a gerência seguinte – 67.834,38 euros.
Em 15 de abril de 2013, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2012, com os valores seguintes:
Receitas – 190.815,81 euros;
Despesas – 191.301,07 euros;
Saldo da gerência anterior – 67.834,38 euros.
Saldo para a gerência seguinte – 67.354,62 euros.
Em 11 de abril de 2014, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2013, com os valores seguintes:
Receitas – 339.637,16 euros;
Despesas – 312.814,31 euros;
Saldo da gerência anterior – 67.354,62 euros.
Saldo para a gerência seguinte – 94.318,53 euros.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
455
Em 11 de abril de 2015, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2014, com os valores seguintes:
Receitas – 194.971,02 euros;
Despesas – 194.576,21 euros;
Saldo da gerência anterior – 94. 318,53 euros.
Saldo para a gerência seguinte – 94.775,83 euros.
Em 11 de abril de 2016, foi aprovada a conta de gerência relativa
ao ano de 2015, com os valores seguintes:
Receitas – 185.693,40 euros;
Despesas – 174.701,93 euros;
Saldo da gerência anterior – 94.160,41 euros.
Saldo para a gerência seguinte – 105.151,88 euros.
INVENTÁRIOS
Foi decidido remeter ao Governador Civil de Aveiro os inventários
das confrarias eretas na Paróquia (AJFM:Ata de 22.9.1836).
Em 15 de novembro de 1847, a Junta da Paróquia e o Regedor
procederam à revisão de todos os bens, trastes e alfaias de todas
as confrarias e fábrica da igreja.
Objetos pertencentes à Confraria do Santíssimo Sacramento
a cargo do seu tesoureiro:
Um cálice, um vaso de prata pequeno do sacrário, um dito de
pau, um padrão de latão com Santo Cristo, quatro lanternas de
folha-de-flandres usadas; uma lâmpada de latão, duas bandeiras
de damasco vermelho para o arco-cruzeiro com sanefa e galão
dourado, um dito de chita com sanefa e galão de lã, um turíbulo
de latão, naveta e colher, um santo sudário, um frontal de damasco
roxo com galão e franja de lã, um pálio de damasco vermelho
forrado de seda com seis varas de latão, uma umbela de oleado
usada de seda branca, duas toalhas do altar, três morteiros de
ferro e mais quatro lanternas douradas novas.
Objetos pertencentes à fábrica a cargo do mesmo tesoureiro:
Uma vestimenta de damasco verde, duas ditas brancas, duas ditas
vermelhas, uma dita de seda roxa, uma dita de seda preta, uma
dita de sebaste preta, uma capa de asperges de seda roxa, uma dita
de seda usada, um frontal de seda branco, quatro cordões de linho,
uma estola paroquial de seda roxa, uma dita de seda velha, uma
Turíbulo
456 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Arraial
dita de seda branca velha, um portal coeli de seda branca, cinco
bolsas de corporais branca, vermelha, verde, roxa e preta com os
seus competentes fios, quatro alvas com seus amitos, uma toalha de
paninho para o altar-mor. Um ritual de Paulo Quinto, dois livros de
defuntos velhos, dois missais, uma chave de prata do sacrário, uma
mesa de castanho com duas gavetas e dois armários, uma cadeira
paroquial, um vaso de estanho e umas galhetas velhas.
Objetos a cargo do Juiz de Cruz:
Uma cruz de latão com Santo Cristo, uma opa de seda vermelha
usada, duas ditas de serafina vermelha e roxa usadas, duas
mangas da cruz vermelha e preta, uma caldeirinha de latão, duas
mangas da cruz, vermelha e preta, uma caldeirinha de latão, um
sino de metal, uma campainha de metal e uma opa de seda vermelha
nova.
Objetos pertencentes à confraria de Nossa Senhora do Rosário
a cargo do seu tesoureiro:
Uma cruz de latão com Santo Cristo e sua manga, 2 lanternas
de folha-de-flandres, 2 bandeiras de damasco, uma verde e outra
branca e suas cruzes de latão do tesoureiro acompanhar a procissão,
15 opas usadas, um par de cortinas e sanefa de damasco
vermelho com galão de prata dourada, três cortinas de damasco
vermelho velhas, duas toalhas de altar, uma lâmpada de latão,
quatro castiçais de pau e cruz com crucifixo, três morteiros de
ferro e cinco opas de seda vermelha novas.
Objetos pertencentes à confraria de Santa Luzia, a cargo do
seu tesoureiro:
Um sino de metal, um véu de ombros de damasco branco
com galões de seda, uma alba de pano de linho com sua corda e
amito, duas dalmáticas de seda branca com galões de seda, duas
casulas com seus pertences um branco e um vermelho, duas peças
de cetim vermelho, duas lanternas de folha-de-flandres com
vidros, um padrão de latão, uma bandeira de lona, seis opas de
serafina usadas, sete ditas de seda, quatro brancas e três vermelhas,
mais seis ditas novas vermelhas para o pálio, quatro castiçais
e uma cruz de pau.
Objetos a cargo do tesoureiro da cera:
Duas opas de princesa em bom uso, duas ditas de seda vermelhas,
duas toalhas do altar, uma lâmpada de latão, um caixão de
guardar a cera, quatro castiçais e uma cruz de altar.
Objetos pertencentes à confraria das almas a cargo do seu
tesoureiro:
Três opas de saeta branca com murça verde em meio uso, três
ditas inúteis, uma bandeira de lona com capa de latão, quatro
castiçais e uma cruz de altar.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
457
Objetos do Mártir S. Sebastião a cargo do seu tesoureiro:
Um guião de damasco vermelho com sua pinha de pau dourada
e três opas de seda vermelha novas.
Objetos da confraria de Santo António a cargo do seu tesoureiro:
Uma bandeira de damasco branco, duas opas de seda brancas
novas.
Foram feitas revisões de inventários dos bens móveis da igreja
e a louvação dos bens pertencentes à fábrica da igreja em 5 de
março de 1858 com a indicação dos seus valores em reis, em 11 de
agosto de 1861, em 18 de maio de 1862, também com indicação
dos seus valores, em 6 de setembro de 1876, também com os seus
valores e em 16 de dezembro de 1878 (AJFM: Capítulo I, Liv. nº9).
Em 4 de novembro de 1878, a Junta decidiu nomear um tesoureiro
para os trastes das confrarias e mais objetos a cargo da
Junta, para depois os depositar em mãos seguras, tendo o Presidente
mandado avisar os empregados das confrarias para fazer o
inventário (ID.:IBID: Ata de 4.11.1878).
Como se pode constatar pela leitura dos precedentes inventários,
havia, na igreja de Mozelos as confrarias do Santíssimo
Sacramento, de Nossa Senhora do Rosário, de Santa Luzia, de
Santo António e da Cera.
IMPOSTOS E TAXAS
As Juntas de Paróquia, depois designadas Juntas de Freguesia,
tinham a faculdade de lançar derramas destinadas a melhoramentos
locais. Ao longo da história da atividade da administração
local, há copiosas referências a esse facto que são referenciadas
nos capítulos próprios.
Em 18 de outubro de 1901, a Junta deliberou que as tarifas
para o imposto da contribuição do trabalho fossem taxadas a 400
reis por ano por dia de bois e carro e a 100 reis de trabalho braçal
(ID.: Liv. de Atas nº 3).
ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS
Ao longo dos tempos, a Junta atestou, para diversos fins, designadamente,
populacionais, militares, políticos, para obtenção
de subsídios de aleitação, de pobreza, de identidade de residên-
458 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
cia, para emigração, fins judiciais, militares, hospitalares, de bom
comportamento moral, civil e político (a partir de 1927) e outros.
O primeiro pedido de atestado de pobreza ocorreu em
18.11.1878 (ID.:Liv.de Atas nº1).
Em 13 de junho de 1897, a Junta atestou o estado de pobreza
de uma freguesa, pois embora tivesse duas filhas, estas não tinham
meios de a sustentar (ID.:Liv de Atas nº 3).
Em 22 de fevereiro de 1902, foi solicitado um atestado de pobreza
e falta de meios a uma mulher para custear as despesas
no pleito e processo de investigação de paternidade em favor de
dois filhos contra a viúva de um morador da freguesia, a fim de
os habilitar como herdeiros de um indivíduo solteiro da mesma
freguesia. Dada a delicadeza do assunto, a Junta decidiu averiguar
com o cuidado devido, remetendo a sua decisão para outra
oportunidade (ID.:IBID.)
Desde o início do regime republicano, os pedidos atestados
de pobreza a vários fregueses, para variados fins passaram a ser
mais frequentes.
ASSUNTOS PATRIMONIAIS
Em 1863, a Câmara Municipal aprovou a cedência do arraial
novo da freguesia ao público (ID.::Liv. de Inventários, fol. 20).
Em 1868, foi lavrado um documento sobre o pleito suscitado
entre as freguesias de Mozelos e de Nogueira da Regedoura, relativo
à casa que fora de Joaquim Alves Casas (ID.:IBID.).
Em 2 de abril de 1876, a Junta constatou que um paroquiano,
da Quintã, tinha ocupado abusivamente um terreno no arraial da
igreja, com pedras e materiais para as obras da sua casa, ali junto,
em terra da freguesia de Nogueira da Regedoura, sem qualquer
licença da Junta, abusando dos direitos alheios, com prejuízo público.
O mesmo indivíduo já havia ocupado um baldio junto à
sua casa. Quando a Câmara Municipal o intimou a desocupá-lo,
após a feitura de uma vistoria ao local, ele não só desobedeceu,
como resistiu à Câmara com armas agressivas pondo em perigo
a vida dos camaristas e dos homens convidados pela Câmara
para desocupar o dito terreno. Desse facto, resultou um auto de
corpo de delito contra ele. Por descuido posterior, o dito freguês
ocupava agora um baldio onde despejava e que agora cultivava
e transformara em horta e pomar. Assim, a Junta providenciou
para evitar embaraços futuros, sobretudo com a necessidade de
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
459
alargamento do cemitério. O usurpador foi expressamente intimado
a desobstruir o terreno e a levantar os objetos que tinha lá
deitado junto ao adro e cemitério. Na sessão seguinte da Junta, o
dito indivíduo informou que havia pedido à Câmara que o autorizasse
a construir uma escada sobre parte do terreno público,
comprometendo-se a oferecer um pedaço de terreno em troca.
A Junta rejeitou tal pretensão, já que a construção da pretendida
escada causaria enormes prejuízos para o trânsito local e aos possíveis
acrescentos do cemitério. Assim sendo, a Junta decidiu indeferir
o pedido e dar disso conhecimento à Câmara Municipal.
Em 18 de julho de 1881, a Junta foi informada de que a Câmara
Municipal aprovara a pretensão da Junta de fazer um muro
de vedação com a altura conveniente para não ser devassado
(ID.:Liv.Atas nº1).
Em 1884, foi lavrado um documento para a vedação do arraial
antigo (ID.:Liv. de Inventários: fol. 20v).
A Junta, na qualidade de fabriqueira, aceitou o legado de 13
mil reis que foram deixados em testamento por Margarida Joaquina,
de Prime, a quando da sua morte (ID.:Liv.de Atas nº 5).
Em 19 de abril de 1956, a Junta deliberou ceder uma faixa
de terreno a Amaro Fernandes de Barros, com cerca de 200 m2,
situado no lugar do Outeiro do Moinho, confinando de poente
com a estrada de Prime, do nascente com um ramal da mesma
estrada que seguia para o Outeiro do Moinho e com o próprio e
do sul com Henrique Fernandes de Amorim e outro, cujo terreno
serviu de caminho público antes de ter sido aberta a referida
estrada e, em consequência, ficou sem a mínima utilização. Em
compensação, a Junta receberia 2.000$00, obrigando-se o comprador
a dar caminho de passagem a Henrique Fernandes de
Amorim para a sua propriedade que confinava com o terreno
cedido (ID.:Liv. de Atas nº 12).
Em 31 de dezembro de 1989, a Junta congratulou-se com o
facto do arraial ter passado para a posse da freguesia, depois de
uma luta e de um anseio de muitos anos (ID: Liv. de Atas nº14).
Um caminho de Mozelos
OBRAS PÚBLICAS,
TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES
Em 3 de fevereiro de 1879, a Junta deliberou apresentar uma
representação à Câmara para a urgente necessidade de uma
estrada da cabeça do concelho a esta freguesia. Esta questão foi
460 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Feira de Santa Catarina,
realiza-se no local do
antigo mercado do Murado.
desenvolvida na sessão extraordinária de 8 de fevereiro, tendo-se
acrescentado o seguinte:
O caminho que conduz desta freguesia, das de Nogueira da Regedoura,
Lamas e de S. João da Madeira para a Vila da Feira, cabeça da comarca
e desta como da maior parte das freguesias do concelho, especialmente as
do sul para o mercado mensal do Morado, nesta freguesia, o mais concorrido
e comercial do concelho está em péssimo estado. Por isso, os povos
sofrem ‘gravíssimos prejuízos, pela dificuldade de acudir às causas do
seu interesse na cabeça da comarca, como pela impossibilidade de concorrer
aos seus negócios no dito mercado do Morado mercado único para as
freguesias da beira-mar. Os povos não podendo ocultar o sentimento por
tantos prejuízos, em consequência de serem intransitáveis os caminhos que
tinham necessidade de percorrer, exprimiam instantes queixas, pediam
uma estrada para estes dois pontos – Vila da Feira e mercado do Morado.
Alegavam em seu direito o terem concorrido, desde há muito, com a
prestação de trabalho para as estradas de outras localidades. Entendiam
que esta queixa unânime devia ser atendida porque eram ponderosos os
motivos que a determinaram. Para o efeito tinham auscultado e ouvido
o parecer de pessoas habilitadas, e propunham o seguinte: Que se devia
abrir uma estrada partindo da estrada distrital de Ovar a Carvoeiro no
sítio do Cavaco da freguesia da Feira, atravessando a freguesia de S. João
de Ver e de Mozelos, entroncando na estrada de Esmoriz ao Picoto, no
lugar de Gesto desta freguesia. Os pontos obrigatórios do traçado deviam
ser: Mercado do Morado, em Mozelos; em Lamas, lugar do Souto, Arraial
da Igreja, Lavoura de Lamas, Valada, no sítio do forno da telha e Quinta
da Valada; em S. João de Ver ao sul da Igreja e largo de S. Bento que fica
a nascente da capela, largo da capela de Santo André e largo do lugar
de Passô ao nascente da quinta de José António da Silva Varela Falcão e
poente de Cavaleiro. A estrada deveria ter a largura de 3,5m na caixa do
empedrado, em cada berma a largura de 0,75m, em cada valeta 0,90m.
A extensão aproximada era de 9 Km pouco mais ou menos. Atendendo ao
péssimo estado dos caminhos grande parte do ano intransitáveis, as razões
que motivaram a classificação eram a necessidade urgente e a conveniência
pública de ligar as freguesias da beira-mar, isto é Mozelos, Nogueira
da Regedoura, Lamas, S. João de Ver a bastantes outras ao sul em circuito
com estes dois pontos – centros indispensáveis à vida económica e a todo
o desenvolvimento político, agrícola e comercial que são a Feira, cabeça
da comarca e Morado desta freguesia, mercado mensal de muita importância.
Mais disse o presidente que o Município da Feira não quereria ser
indiferente aos rendimentos que lhe iam destas freguesias, cujo aumento
pela estrada, no futuro, não poderia ser desatendido agora; portanto que
a Câmara deste concelho devia tomar sobre si a feitura desta estrada. E
tomando a Junta esta proposta na devida consideração, discutindo-a por
bastante tempo a aprovou unanimemente, deliberando, de seguida que
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
461
assim se escrevesse na ata desta sessão e que se tirasse cópia autêntica para
ser presente à Câmara, pedindo-lhe que informasse o competente processo
com as formalidades legais para ser levado à instância superior e ser a
pretendida estrada introduzida no plano geral das estradas municipais
(AJFM:Liv Atas nº 1).
Em 2 de junho de 1879, o presidente chamou a atenção para o
facto do arraial estar muito devassado prejudicando a realização das
procissões da igreja, bem como o o caminho que ligava à estrada do
Murado ao Picoto, o que foi acolhido pelos vogais (ID.:Liv.Atas nº1).
Em 18 de outubro de 1889, a Junta contratou a construção de
157 m2 de calçada no caminho da Quebrada para a igreja, pelo
montante de 40.000$000 (ID.:Liv. de Atas nº 2).
Em 15 de setembro de 1897, a Junta deliberou proceder a consertos
dos caminhos da Barrosa, Seitela, Prime e Ermilhe, por
ajuste particular, tendo sido encarregados alguns membros da
Junta de orientarem as obras (ID.:Livro de Atas nº 3).
462 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Rua do Murado
Em 6 de julho de 1900, a Junta deliberou chamar à atenção
da Câmara para o mau estado da estrada de ligação do lugar do
Gesto a Lamas (ID.: IBID.).
Após duas sessões em que a adjudicação das obras abaixo
mencionadas ter ficado deserta, apesar de ter aumentado duas
vezes em 5% a base de licitação, a Junta deliberou fazer as
obras por conta da Junta ou por contrato particular: reparação
de um muro à face da estrada para vedação do cemitério (base
89.775$000) e a reedificação de uma parede de suporte do adro
(base 45.675$000). Estas obras mereceram a aprovação do Governador
Civil de Aveiro (ID.:Liv.de Atas nº3).
Em 15 de agosto de 1888, a Junta deliberou que os consertos a
realizar nos caminhos da freguesia nos lugares do Murado, Fonte
do Fundo, Seitela, Mozelos e Quintã fossem realizados por conta
de Junta.
Em 21 de outubro foi a vez do conserto dos caminhos da Igreja
e de Ermilhe (ID.:IBID.).
Em 15 de dezembro de 1906, a Junta pagou ao pedreiro Manuel
Alves o seu trabalho pela administração das obras nos caminhos
os lugares do Murado, Mozelos, Igreja, Prime, Fonte
do Fundo, Vergada, Outeiro do Moinho, Sobral, Cedro e Vilas
(ID.:Liv de Atas nº 4).
Em 13 de junho de 1908, tendo a Junta tomado conhecimento
de que as freguesias de Oleiros e Paços de Brandão estavam a ser
atravessadas pela linha de caminho-de-ferro do vale do Vouga, iam
pedir ao Governo, a primeira, uma estação em Oleiros para carga
e descarga de mercadorias transportadas no mesmo caminho, no
lugar do Monte ou Valado, e junto das suas fábricas de papel, e, a
segunda, um apeadeiro de passageiros de Rio Maior, sendo muito
frequentado por muitos passageiros no tráfico do seu comércio. O
presidente da Junta considerava que a referida estação e a paragem
poderiam dar uma vantagem considerável a Mozelos. Foi ainda
considerado que tal era também vantajoso para a valorização das
propriedades, o comércio e para movimento vital desta freguesia
e de outras circunvizinhas atravessadas pela estrada distrital que
contacta com o mesmo local, onde se pedia a estação, sendo, nesta
freguesia, contínuo o movimento artístico e comercial de madeiras,
cortiça, rolhas, vinhos e cereais e outras mercadorias indispensáveis
à vida. E no que dizia respeito ao apeadeiro no lugar de
Rio Maior em Paços de Brandão a Junta concordou com a mesma
conveniência para os povos destes sítios. Assim sendo, a Junta deliberou
unir-se ao pedido das referidas freguesias (ID.:IBID).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
463
Em 5 de setembro de 1908, foi deliberado consertar os caminhos
dos lugares da Quebrada, Mozelos, Gôda, Vergada, Fonte
do Fundo e Sobral (ID.:IBID).
Em 14 de novembro, a Junta decidiu consertar os caminhos
paroquiais de maior necessidade (ID.:IBID).
Em 4 de janeiro de 1909, foi decidido solicitar à Câmara a
reparação da estrada municipal de Mozelos (ID.:IBID).
Em 5 de agosto de 1912, tendo-se constatado o péssimo
estado em que se encontrava a estrada municipal da freguesia,
que atravessava o lugar do Murado, a Junta deliberou chamar à
atenção da Câmara Municipal (ID.: Liv. de Atas nº 5).
Em 3 de novembro de 1918, a Junta solicitou à Câmara autorização
para aplicar o produto da prestação de trabalho na reparação
de caminhos da freguesia (ID.:Liv.de Atas nº 7).
Em 30 de janeiro de 1920, foram dadas por concluídas as obras
feitas nos caminhos do Sobral, Vila e Fonte do Fundo que importaram
em 35$01 e, em 13 de fevereiro, aconteceu o mesmo com os caminhos
do Rio e Quebrada que importaram em 42$95 (ID.:IBID.).
Em 14 de janeiro de 1921, foi decidido fazer por administração
direta reparações dos caminhos de Ermilhe e Gôda (ID.:IBID.).
Em 15 de novembro de 1923, foi deliberado consertar os caminhos
de Sobral e da Igreja (ID.:IBID.).
Em 8 de janeiro de 1925, foi decidido reparar os caminhos de
Souto de Pereira, Rio, Quebrada, Corga, do Murado a Meladas
e Regadas, por administração direta (ID.:IBID.).
Em 14 de fevereiro de 1926, foi deliberado reparar os caminhos
do Murado a Prime, e o de Gôda a Vergada (ID.:IBID.).
Em 9 de janeiro de 1926, apurou-se haver, na freguesia, 95
carros de bois, sendo 67 os seus proprietários, 45 bicicletas, sendo
40 os seus proprietários, havia 2 motas para igual número de
detentores, e 1 charrete (ID.:IBID.).
Em 23 de janeiro de 1926, foi deliberado reparar um caminho
na Vergada (ID.:IBID.).
Em 16 de outubro de 1927, a CA deliberou reparar alguns
caminhos da freguesia, por administração direta, sob a orientação
de alguns dos seus elementos. Nesta sessão, foi comunicada
a visita do Vice-Presidente da CA da Câmara Municipal que se
veio inteirar das necessidades existentes na rede de estradas da
freguesia (ID.:Liv de Atas nº 8).
Em 11 de maio de 1930, foi apresentada na CA uma reclamação
por várias pessoas sobre as dificuldades criadas na estrada
Fontenário do Casal
464 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Instalações originais da empresa distribuidora
de electricidade (1934)
Estrada do Picoto a Esmoriz
nacional nº 10, que ligava Porto a Lisboa e que passava a nascente
da freguesia, causadas pela refundação das suas valetas e que tornavam
impossível a entrada e saída de carros para os diversos caminhos
públicos. Foi pedida a intervenção da CA para a resolução
da questão exposta. Foi também denunciado o péssimo estado das
estradas que vinham da igreja de Lamas para Mozelos, que ligava
no lugar de Gesto e da estrada de Esmoriz ao Picoto, para além do
péssimo estado da estrada principal (ID.:Liv. de Atas nº 8).
Em 22 de junho de 1930, a CA deliberou capear as travessias
das serventias dos diversos caminhos públicos da freguesia
que dão para a estrada nacional. Deliberou também conceder um
subsídio de 100$00 para que um grupo de moradores pudesse
reparar o caminho da igreja (ID.:IBID.).
Em 23 de outubro de 1932, a CA deliberou oficiar à Câmara
Municipal solicitando a concessão de uma verba necessária para
a reparação de vários caminhos da freguesia que a ligam às suas
limítrofes, dado o seu estado lastimoso (ID.:IBID.).
Em 6 de maio de 1934, constatou-se, para efeitos de informação
a serviços do Estado, que, na freguesia, fora instalada a
rede de luz elétrica para o que foi constituída a respetiva empresa
distribuidora local e cuja instalação compreendia somente iluminação
particular dentro da freguesia ou proximidades e que,
igualmente, por iniciativa particular, havia, num estabelecimento
comercial da localidade, um telefone ligado à rede do Estado,
da sede deste concelho e, por iniciativa particular, havia, ainda,
vários telefones noutros estabelecimentos locais, ligados à rede
concessionária dos arredores da cidade do Porto (ID.:IBID.).
Em 12 de agosto de 1934, a CA, em resposta à Direção dos
Serviços de Melhoramentos Rurais, que solicitava a remessa de
um mapa discriminativo dos caminhos vicinais da freguesia
com vista à sua classificação, informou o seguinte;
Nº 1 – Da estrada nacional nº 10, no lugar da Vergada à estrada
municipal de Lamas a Mozelos, no lugar do Murado, na
extensão aproximada de 3.000 m;
Nº 2 – Da estrada nacional nº10, no lugar da Vergada, ao
caminho nº 1, que antecede na extensão aproximada de 600 m;
Nº 3 – Do ramal da estrada nacional do Picoto a Esmoriz, no
lugar da Igreja, ao caminho nº 1, acima descrito, no lugar do Rio,
com a extensão aproximada de 1000 m;
Nº 4 – Da estrada nacional nº10, no lugar da Vergada, ao ramal
da estrada nacional do Picoto a Esmoriz, no lugar de Gôda,
com a extensão aproximada de 1000 m;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
465
Nº 5 – Do ramal da estrada nacional do Picoto a Esmoriz, no lugar
da Igreja, ao lugar do Casal, limite da freguesia, seguindo para
Nogueira da Regedoura, com a extensão aproximada de 3.000 m;
Nº 6 – Do ramal da estrada nacional do Picoto a Esmoriz, no
lugar de Gesto, ao lugar do Casal, ligando ao caminho nº 5 e ao
que seguia para Nogueira da Regedoura, com a extensão aproximada
de 2.000 m;
Nº 7 – Da estrada municipal de Lamas-Mozelos, no lugar
da Lagoínha, limite desta freguesia com a de Lamas, no lugar
da Fonte do Fundo, seguindo para a freguesia de Oleiros, com a
extensão aproximada de 3.000 m;
Nº 8 – Da estrada municipal Lamas-Mozelos, no lugar do
Murado, à estrada municipal Paços de Brandão- Vila Boa de
Oleiros, no lugar de Regadas, limite desta freguesia, com a extensão
aproximada de 2.500 m.
Todos estes caminhos eram da maior utilidade pública, não só
para lugares que atravessavam como para muitos outros mais próximos
e que a estes estão ligados por caminhos de menor largura e
ainda para as freguesias vizinhas, que se serviam por quase todos
estes caminhos. Porém, uma grande parte destes caminhos estava
em péssimo estado, tornando-se, a certo ponto, intransitáveis, em
tempo chuvoso, merecendo, portanto, de algumas reparações que
as receitas da Junta não podiam suportar (ID.:Liv de Atas nº 9).
Em 15 de novembro de 1954, a Junta informou a Câmara
Municipal que o temporal registado na freguesia provocou sérios
estragos na estrada de Sobral que ficou muito danificada e a estrada
de Prime ficou sem saibro algum.
No mesmo ano, a Junta informou a Câmara que só havia
lavadouros públicos nos lugares de Vilas e de Mozelos, faltando
nos lugares da Vergada, Ermilhe, Fundão, Gôda, Igreja, Sobral,
Gesto, Seitela, Murado e Prime. Mais informou que qualquer dos
últimos lugares referidos tinha mais de 100 habitantes.
Em 23 de novembro, a Junta comunicou à Câmara que existia
uma extensão de 40 metros de berma bastante danificada na
estrada de paralelos que ligava o lugar de Murado a Lamas, não
dando escoamento às águas, motivo pelo qual as mesmas ficavam nessa
extensão depositadas, ocasionando certos transtornos e aborrecimentos
aos confrontantes (ID.:Pasta relativa ao quadriénio de 1951 a 1954).
Em 31 de dezembro de 1955, a Junta decidiu propor à Câmara
as seguintes obras:
– Reparação dos caminhos para Prime e arredores que estavam
intransitáveis com a estimativa de custos no montante de
7.000$00;
Fontenário de Ermilhe
466 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Quinta de Meladas
– Para Gôda e Ermilhe – 5.600$00;
– Para Gesto e Casal – 5.000$00.
A Junta recebeu, para ajuda das obras acima citadas, a quantia
de 3.500$00 e a Câmara contribuiu com 7.000$00.
Em 15 de dezembro de 1956, a Junta pagou a uma empresa
de construções a quantia de 21.650$00, relativa ao pagamento do
caminho do Rio à Quebrada, conforme contrato anteriormente
estabelecido.
Em 30 de setembro de 1957, a Junta informou ter recebido a
quantia de 12.000$00 para arranjo de caminhos, de acordo com
o caderno de encargos (ID.:Liv. de Atas nº 12).
Em 26 de setembro de 1958, a empresa José Ferreira Amorim
e Irmãos, do Murado, entregou à Junta a quantia de 12.000$00
proveniente do terreno tomado em consequência do alinhamento
dado para a construção do muro de vedação da sua quinta de
Meladas numa extensão de 230 metros, desde o início e à face do
ramal da estrada que vinha desembocar à estrada camarária do
Murado a Lamas (ID.:IBID.).
Em 30 de outubro, a Junta recebeu da Câmara a quantia de
12.000$00 para a reparação dos caminhos na Quebrada e em
Prime (ID.:IBID.).
Em 25 de janeiro de 1959, a Junta autorizou a mudança de
um caminho na Vergada visto terem chegado a acordo com uma
senhora que havia reclamado tal alteração (ID.:IBID.).
Em 20 de fevereiro de 1959, a Junta aprovou o pedido de uma
comparticipação do Estado para a abertura de uma estrada do
Murado à Vergada, seguindo, sempre que possível o caminho público.
Desta nova estrada haveria um ramal para o Fundão a fim,
de que este lugar ficasse também servido por uma via acessível.
Também foi pedida outra comparticipação para a construção de
um lavadouro público a construir na Quebrada. As despesas para
os projetos correriam à custa dos interessados, servindo a Junta de
intermediária no recebimento das ofertas dos particulares.
Em 20 de março de 1959, o secretário da Junta apresentou
uma proposta com vários pontos.
Num deles, considerava graves as notícias veiculadas por jornais
concelhios que apresentavam críticas acerbas ao negócio desta
autarquia e concretamente a alguns dos seus membros, reclamando
que deveriam ser tomadas medidas, previstas na lei, que todas
as resoluções deviam ser realmente tomadas em sessão da Junta,
lavrando-se a respetiva ata, devendo as ditas resoluções ser executadas
apenas depois desses procedimentos legais. Propôs também
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
467
que se deveria proceder de imediato à reparação do caminho de
Meladas, dados os antecedentes já referidos. Reclamou, igualmente,
que, dado os membros da comissão de angariação de fundos para
os melhoramentos em Prime, haverem prometido um donativo de
10.000$00, não tinha sido dado ainda aviamento ao assunto. Lembrou
também a necessidade da Junta pedir uma comparticipação
ao Estado para a construção de uma sede para a Junta (ID.:IBID.).
A Junta solicitou, em 20 de junho de 1959, a construção de
um lavadouro no lugar do Rio (ID.:IBID.).
Em 23 de julho de 1959, o novo Presidente da Câmara da
Vila da Feira, Dr. Domingos da Silva Coelho, em visita à freguesia,
certificou-se das necessidades da freguesia, tendo informado
que, no II Plano de Fomento, já estava autorizada a abertura de
uma estrada de Seitela a Nogueira da Regedoura, bem como a
abertura de uma estrada de Ermilhe à Vergada. Quanto a outras
necessidades, informou que seria dada prioridade a obras em caminhos
de lugares com mais de 100 habitantes (ID.:IBID.).
Em 23 de novembro de 1959, a Junta foi informada que fora
apurada a quantia de 4.070$00 referente aos donativos angariados
para ajuda do custo do projeto da estrada do Murado à Vergada
e, em 31 de dezembro, foi recebida a importância de 2.500$00 de
donativos para a reparação do caminho da Quebrada à Igreja
(ID.:IBID.).
Em 4 de janeiro de 1960, a Junta cessante lembrou ao novo
executivo que era necessário dar a mais rápida conclusão da estrada
de Seitela a Nogueira da Regedoura, e do extremo de Ermilhe
à Vergada, a construção de um lavadouro público, o alargamento
e arranjo do caminho de Prime, a construção de mais uma sala
de aula em Prime, a criação de um núcleo de ensino independente
dos já existentes, a colocação de uma placa indicativa de Mozelos,
no limite da freguesia com Lamas, complemento da reparação
dos caminhos da Quebrada à Igreja (3ª e última fase), com o custo
de 40.000$00, diversos caminhos em Goda com o custo de
10.000$00, caminhos da Quebrada ao Murado – 10.000$00 e a
estrada do Murado à Vergada (ID.:IBID.).
Em 29 de fevereiro de 1960, foi adjudicada a reparação da
estrada de Prime a Joaquim Ferreira da Costa, tendo a Câmara
concedido a comparticipação de 22.100$00, incluindo a importância
de 10.000$00 que fora angariada por uma comissão e que
se encontrava depositada na Câmara (ID.:IBID.).
Em 31 de março, foi anunciado que, por despacho da Câmara
Municipal, fora concedida a importância de 6.000$00 para a
reparação de vários caminhos nos lugares do Fundão, Outeiro
Fontenário do Casal
468 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Pontão no Coteiro
Bairro de Nossa Senhora de Fátima
do Moinho, Prime, Regadas e Gôda, aguardando-se apenas a
oportunidade para se fazer a reparação. Nesta mesma data, foi
acordado com o senhor Emídio Ferreira Coimbra a compra do
terreno necessário para a construção do lavadouro do lugar do
Rio, no montante de 1.000$00 (ID.:IBID.).
Em 30 de abril de 1961, foi adjudicada a obra da estrada que
ligava a estrada nacional do Picoto a Esmoriz por 2.800$00 a
Joaquim Ferreira da Costa, por não ter sido apresentada qualquer
outra alternativa (ID.:IBID.).
Em 30 de junho, foi adjudicada a obra de abertura da estrada
do Outeiro do Moinho por 1.900$00 e, em 31 de julho, a Junta
recebeu uma comissão que pretendia tratar da abertura de uma
estrada de Ermilhe a Prime, junto às escolas primárias. Prontificando-se
a comissão em assegurar o pagamento de 60% do total
da obra. A Junta decidiu aceitar a proposta. Em 31 de dezembro,
foram autorizados os pagamentos seguintes:
– 2.830$00 pela construção dos muros da estrada de Prime;
– 13.000$00 por conta da abertura da estrada de Prime;
– 900$00 para a liquidação da obra da casa da Junta (ID.:I-
BID.).
Em 31 de dezembro de 1962, foi recebida a importância de
12.000$00 para comparticipação da abertura da estrada de Ermilhe
(ID.:IBID.).
Em 28 de fevereiro de 1963, a Junta decidiu dar continuidade
às obras da estrada já aberta para o Fundão, estudar a possibilidade
de abertura de uma nova estrada que iria de Prime ao Murado,
que deveria ser muito dispendiosa, pois que os locais por
onde passaria eram muito apertados, devendo a Junta interferir
junto dos donos dos terrenos que ladeiam a referida via para a
cedência de parte deles para que assim o povo, que diariamente
utilizava o dito caminho para o trabalho, o pudesse fazer mais
comodamente. Foi também decidido fazer a inauguração da luz
pública, no lugar de Prime (ID.:IBID.).
Em 30 de abril de 1964, foi discutida a abertura de uma estrada
da Quebrada à Igreja. Para concretizar esta obra, o presidente
da Junta teve de se deslocar a Sanguedo para conseguir pessoal
para a dita obra. Foi igualmente decidido que os membros da
Junta contactassem todas as pessoas que iriam beneficiar da referida
obra para comparticiparem nos seus custos. Em reunião
posterior, foi comunicado que todos os proprietários dos terrenos
aceitaram ceder os terrenos necessários.
Em 31 de dezembro, foi solicitada a eletrificação pública da
estrada das Regadas e o arranjo do caminho da Vergada, desde
a EN1, com passagem pelas escolas primárias até à velha estrada
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
(ID.:IBID.).
Em 31 de janeiro, foi decidido pedir à Câmara a construção
de retretes públicas, no arraial e arranjo da abertura das estradas
feitas pela Junta com pavimentos a saibro (ID.:IBID.).
Em 31 de maio, foi decidido procurar um terreno na Vergada
para aí construir um lavadouro público (ID.:IBID.).
Em 31 de janeiro de 1972, a Junta apresentou à Câmara uma
relação de obras a realizar na freguesia, no montante de cerca de
1.200 contos.
Em 30 de abril de 1972, foi dada a informação de que se procedera
ao alargamento e arranjo, passando o local a apresentar-se
muito mais acolhedor. Na sessão seguinte, foram tratados vários
assuntos decorrentes naquele momento na freguesia, nomeadamente
no lugar da Igreja, onde existira a sede da Junta e o salão
paroquial, no lugar da Quintã (Cedro) o alargamento da estrada
e construção de uns muros na volta da bifurcação junto à Casa
do Povo e na estrada de Gesto a Nogueira ou de Gesto à igreja.
Em 30 de abril de 1973, foi registada em ata a realização de
várias inaugurações na freguesia, na presença do Governador Civil
de Aveiro, Dr. Vale Guimarães, e do Presidente da Câmara
Senhor Alcides Branco. Salientam-se os seguintes melhoramentos:
– Estação dos CTT, instalada num prédio pertencente ao senhor
Carlos Francisco Martins;
– Posto Médico, instalado na Casa do Povo do norte da Feira,
com sede na freguesia;
– Inauguração da própria sede da Casa do Povo;
– Vários arruamentos e beneficiações efetuadas em vários locais
da freguesia.
Na sessão seguinte, a Junta anunciou que iria insistir junto da
Câmara para que fossem concluídas as estradas do Murado às
Regadas e de Prime à EN1 (ID.:IBID).
Na ata da sessão de 2 de julho de 1974, está vertida uma situação
insólita e exemplar. A Junta eleita em 1972 tinha avançado
com a realização de obras, no contexto da totalidade do seu mandato
que terminaria em 1975. Dada a alteração política verificada
em 25 de Abril de 1974, da consequente demissão da Junta e de
promessas de apoio financeiro da Câmara, a Junta ficou sem capacidade
legal para pagar as obras que havia adjudicado. Face à
situação criada, os membros da Junta dissolvida assumiram, pessoalmente,
os pagamentos em falta, tendo o presidente, Carlos
Relvas, pago 25.000$00, Fernando Mendes assumiu o pagamento
de 5.000$00, a firma Américo Coelho Relvas, Sucs., de que
469
Parque do Coteiro
Polivvalente do Murado
Antiga Casa do Povo
470 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Obras pluviais
Parque do Coteiro
Alargamento da rua 10 de Junho
Igreja vista do
Parque do Coteiro
fazia parte o presidente da Junta, assumiu a responsabilidade de
18.200$00, tendo sido entregue à comissão administrativa o saldo
simbólico de 854$80 (ID.:IBID.).
Em 31 de julho, a CA deliberou convencer o proprietário do
terreno existente a seguir à residência paroquial necessário ao
alargamento da estrada da Quebrada, junto à estrada nacional
do Picoto a Esmoriz (ID.:IBID.).
Em 30 de setembro de 1980, a Junta congratulou-se pela inauguração
da via rodoviária denominada estrada do Sobral-Coteiro-
-Vilas, melhoramento há muito desejado, já desde 25 de Abril 1974.
Congratulou-se ainda pela instalação de várias lâmpadas de iluminação
pública espalhadas pelos lugares da freguesia (ID.:IBID.).
Na sessão de 31 de dezembro, a Junta fez o balanço das obras
realizadas durante o ano findo:
– Conclusão da estrada da Quebrada com a respetiva pavimentação
e demolição de um pequeno muro;
– Compra de 10 contentores para serem distribuídos por todas
as secções do cemitério;
– Instalação de 43 canos, no lugar do Rio, para facilitar o
escoamento das águas pluviais e outras;
– Inauguração da estrada Sobral-Coteiro-Vilas;
– Colocação de contentores para recolha de lixo nos lugares
de maior carência;
– Entrada em funcionamento do caminho do Cedro e adjacentes,
devidamente pavimentado;
– Arranjos de conservação e melhoramentos nas escolas de
Prime e de Sobral (ID.:IBID.).
Em 28 de fevereiro de 1981, a Junta congratulou-se com a
construção de um P.T. (Posto de Transformação) elétrica no lugar
de Vilas, beneficiação e pavimentação da Rampa de Seitela, pavimentação
e beneficiação das vias do lugar de Seitela ao extremo
da freguesia que confina com Nogueira, construção do lavadouro
das Regadas, vedação das escolas de Prime e beneficiações nas
escolas de Prime e Sobral, arranjo condigno do caminho de Vilas
de Baixo (ID.:IBID.).
Em 27 de setembro de 1981, a Junta decidiu questionar a Câmara
sobre o início da pavimentação da via do Fundão à Vergada
– EN1 e construção do Pré-Primário nas escolas de Prime. Caso
a Câmara não corresponda a estas questões, a Junta anunciou
que renunciaria ao mandato para que fora eleita em dezembro de
1979 (ID.:IBID.).
Em 28 de fevereiro de 1986, a Junta deliberou apresentar o
seguinte plano de obras:
– Repavimentação da rua de Ermilhe;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
471
– Arranjo da rua de Prime de Baixo em toda a volta;
– Arranjo do largo do Souto/Vergada;
. Arranjo da rua da Ponte Funda;
– Arranjo da rua dos Centieiros;
– Arranjo da rua do Casal;
– Abertura da sede da Junta, no lugar do Rio;
– Lavadouros públicos nos lugares do Souto e de Prime (ID.:
Liv. de Atas nº14).
A Junta deliberou sobre a construção 32 garagens no bairro
de Nossa Senhora de Fátima, tendo previamente a Câmara cedido
o terreno necessário para o efeito e assumido a responsabilidade
do pagamento da obra ao empreiteiro, sem prejuízo de
vir a ser reembolsada dos seus custos. A Junta decidiu convidar
alguns empreiteiros para concorrerem à obra, tendo a obra sido
adjudicada ao senhor Agostinho Amândio Nogueira, com o custo
13.162.500$00, já com IVA. Dado o montante em causa, havia a
necessidade de se proceder a uma revisão orçamental (ID.:IBID.).
Em 30 de novembro de 1995, a Junta decidiu concluir as
obras prometidas, designadamente, o pavilhão gimno-desportivo,
o alargamento do cemitério e o campo de futebol e em 31
de março de 1997, foi decidido pressionar a Câmara para que as
obras do saneamento da freguesia fossem iniciadas rapidamente.
Em 30 de julho de 1997, foi decidido entregar a empreitada
das obras de construção dos balneários do polivalente ao empreiteiro
que desse as melhores garantias, tendo a obra sido entregue
ao senhor Agostinho, de Meladas, custando as obras das
bancadas do polivalente a quantia de 2.887.500$00, que não seria
debitada à Juventude Atlética Mozelense, passando esta verba a
ser oferta da Junta. Em 10 de setembro a Junta deliberou sobre a
concessão especial de fundos para a melhoria dos parques infantis
da freguesia (ID.:IBID.).
Na sessão da Junta de Freguesia de 1998, foram abordados os
seguintes trabalhos a realizar na freguesia:
– Aquisição de terrenos no Monte Coteiro com a área total
de 75.000 m 2 ;
– Limpeza do terreno no Monte Coteiro;
– Arranjo do circuito de manutenção;
– Arranjo do passeio da rua do Cedro;
– Plantação no Monte Coteiro.
Em 1999, procedeu-se à construção do armazém e do estaleiro
da Junta.
Foram, também, rasgadas e pavimentadas as ruas da Barrrosa,
Alfredo Reis da Silva e do Alecrim.
Entrada do Parque do Coteiro,
junto ao arraial
Obras de beneficiação na EN1-14
Parque do Coteiro
472 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Casa Mortuária
Arranjo em escola
Parque do Coteiro
Alargamento da rua Vilas
Camélias no Coteiro
Em 2001, foi inaugurada a Casa Mortuária da freguesia pelo
presidente da Câmara, Alfredo Henriques, no mandato presidido
pelo Dr. José Henrique Dias Coimbra, em 1 de dezembro.
Em 15 de outubro de 2003, foram analisadas as seguintes
obras realizadas na freguesia:
– Instalação do circuito de manutenção no Coteiro, tendo sido
encanadas as águas com meias canas e construção de passeio;
– Colocação na Travessa de Vilas de Trás de 50 canos e reposição
de paralelos;
– Colocação de caleiras em cimento para águas pluviais na
rua de Prime;
Colocação de 60 canas para águas pluviais, na Travessa do
Sobral;
– Construção de 200 metros de passeio na rua da Azenha;
– Limpeza e arranjos nas escolas de Sobral, Prime e Vergada;
– Limpeza de ruas e jardins da freguesia;
– Pavimentação em tapete betuminoso nas ruas de Mozelos e
de José Santos Cardoso.
Em 15 de dezembro de 2003, foram abordados os seguintes
trabalhos a realizar na freguesia:
– Alargamento da travessa de Vilas;
– Construção de passeios na rua de Vilas;
– Arranjo do tanque de Vilas;
– Arranjo de pinheiros mansos e respetiva plantação no monte
do Coteiro.
Em 15 de janeiro de 2004, foram abordados os seguintes trabalhos
a realizar na freguesia:
– Limpeza do terreno do Coteiro;
– Arranjo do circuito de manutenção;
– Arranjo do passeio na rua do Cedro;
– Plantação no monte do Outeiro.
Em 15 de fevereiro de 2004, a Junta de Freguesia discutiu os
seguintes trabalhos a realizar na freguesia:
– Arranjo do Monte Coteiro, plantação de árvores, limpeza
de mato, preparação do terreno para semear relva;
– Reposição dos paralelos na rua de Carlos Martins;
– Limpeza das ruas da Vergada.
Em 15 de março de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Arranjo do Coteiro, plantação de plantas, colocação de meias
canas, sementeira de relva, colocação de de saibro nos caminhos;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
473
– Limpeza de parte da rua da Igreja;
– Recuo de um terreno na rua de Ermilhe.
Em 19 de abril de 2004, foram abordados os trabalhos seguintes:
– Limpeza de mato e arranjo de ruas no monte Coteiro;
– Limpeza da rua de Vilas;
– Arranjo de paralelos na rua de Vilas de Trás e colocação de
meias canas em algumas ruas;
– Colocação de piso na rua do Coteiro de Trás.
Em 17 de maio de 2004, foram abordados os trabalhos seguintes:
– Construção de passeios na rua de Santa Luzia;
– Pavimentação da travessa 10 de Junho;
– Colocação de meias canas nas ruas de Vilas e Vilas de Baixo
e estrada 1-14;
– Apoio às escolas;
– Arranjo do Monte Coteiro.
Em 15 de junho de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Construção de WC no Monte Coteiro;
– Preparação do Coteiro para a festa do 15º aniversário da
elevação de Mozelos a Vila;
– Construção de passeios na rua de Santa Luzia;
– Pavimentação do estacionamento na rua de Santa Luzia;
– Colocação de um reservatório de água no monte Coteiro.
Em 15 de julho de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Limpeza do jardim do Picoto;
– Limpeza das ruas da Vergada;
– Limpeza e arranjo das ruas da urbanização da Quintã.
Em 16 de agosto de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Colocação de paralelos na rua das Centieiras e Coteiro.
Em 15 de setembro de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Arranjo de escolas;
– Colocação de tapete betuminoso nas seguintes ruas: Fonte
da Serradinha, Prime, parte da rua dos Patais, Centieiras, Sagrado
Coração de Jesus, Agro e Travessa de Nossa Senhora de Fátima.
Largo do Murado
Pormenor da
Av. Albertina Ferreira Amorim
Arraial de Mozelos
Sanitários do largo do Murado
474 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Saneamento na
rua José Santos Cardoso
Pavimentação na rua de Mozelos
– Arranjo do Bairro da Corticeira Amorim, colocação de condutas
de saneamento, águas pluviais e arranjo de passeios.
Em 15 de outubro de 2004, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Arranjo do fontanário do Fundão e limpeza de várias ruas.
Em 15 de novembro de 2004, foi anunciada, pela Junta de
Freguesia, a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Continuação da construção do muro no Coteiro;
– Contratação de uma empresa para fazer a limpeza ao Coteiro;
– Limpeza do Parque do Murado, das ruas de Vilas de Baixo,
da Ponte Funda;
– Arranjo do jardim na EB1 do Sobral.
Em 15 de dezembro de 2004, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Arranjo dos passeios na Alameda junto ao Centro Social;
– Calcetamento da Travessa de Mozelos;
– Continuação da construção do muro do Coteiro e plantação
de sobreiros;
– Limpeza da urbanização da Gasparinha e arranjo de um muro.
Em 17 de janeiro de 2005, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Obras na escola EB1 da Vergada;
– Continuação da pavimentação da rua de Mozelos;
– Arranjo dos passeios na rua do Grupo Cultural;
– Demolição de casa e alargamento da rua de Inacor.
Em 15 de fevereiro de 2005, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Continuação do arranjo da rua do Coteiro;
– Colocação de saneamento e águas pluviais na rua de Mozelos;
– Colocação de saneamento e águas pluviais na rua do Trabalhador
e pavimentação em tapete;
– Limpeza de fontanários.
Em 15 de março de 2005, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,
a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:
– Colocação de árvores no Coteiro e limpeza;
– Continuação da colocação de saneamento e águas pluviais
na rua de Mozelos;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
475
– Plantação de árvores na zona envolvente ao Bairro de Nossa
Senhora de Fátima.
Em 15 de abril de 2005, foram abordados os trabalhos seguintes:
– Colocação de rede de águas pluviais no Coteiro;
– Sementeira de 10.000 m2 de relva no Coteiro;
– Colocação de saneamento e de rede de águas pluviais na
rua da Quintã;
– Construção de um muro e pavimentação de passeios na rua
de Inacor.
Em 16 de maio de 2005, for aprovado o seguinte:
– Abertura de concurso para a construção do parque das merendas
do Coteiro.
Em 29 de julho, a obra do parque das merendas foi adjudicada
à empresa SCN no montante de 24.616,24 euros sem IVA.
Em 24 de abril de 2013, foram apresentadas as seguintes prioridades
para obras na freguesia:
– Pavilhão do gimnodesportivo na zona desportiva junto à
escola do Murado;
– Requalificação da alameda Alfredo Henriques;
– Rua do Pego, situação do esgoto a céu aberto e movimentação
de terras com possível desvio do caudal do rio;
– Intervenção urgente na rua de Carlos Martins com levantamento
do piso e recolocação das águas pluviais;
– Escola de Sobral;
– Possibilidade da mudança da Junta de Freguesia;
– Arranjo imediato dos jardins e rega, pavimentação e formas
de financiamento para a parte restante da obra, com cedência de
materiais, no arraial;
– Estudo para obras de mudança dos sanitários do arraial
Parque do Coteiro
ASSUNTOS SOCIAIS
Em 1 de novembro de 1879, compareceu na sessão da Junta,
António do Couto Nogueira, sobrinho do falecido António Rios,
que deixou em testamento 120.000$000 para serem repartidos por
todos os pobres da freguesia, devendo os cegos e os entrevados receber
o dobro dos restantes, sendo distribuído o dinheiro com as indicações
do pároco Padre José Alves Coelho (ID.:Liv. de Atas nº 1).
476 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
António Alves de Amorim
Em 5 de junho de 1882, a Junta constituiu uma comissão de
beneficência junto da escola da freguesia e que era constituída
por António Alves de Amorim, José Fernandes de Amorim Aranha,
António Ferreira Leite da Conceição, Serafim António de
Oliveira e as senhoras Isabel Carneiro Geraldes, Bernardina Ribeiro
Tavares e Lourença de Sousa Nogueira.
Em 16 de agosto de 1885, foi constituída a seguinte comissão
de beneficência:
Presidente: Abade da freguesia;
Vogais: António Ferreira Leite da Conceição, António Pinto
Tavares, António Couto Nogueira, António Fernando de Amorim,
António Soares Alves e Paulino José Coelho.
Em 15 de fevereiro de 1889, a Junta deliberou passar um atestado
para obtenção de subsídio de aleitação para uma criança
com deficiência mental e estava internada no hospital de Rilhafoles
(ID.:Liv. de Atas nº 2).
A Junta deliberou constituir uma comissão para angariação de
donativos para as vítimas do terramoto acontecido no Ribatejo, de
que faziam parte o pároco, o presidente da Junta e o Regedor, para
além de vários fregueses, nomeadamente, José Ferreira Regal, Benjamim
Ferreira Coimbra, António do Couto Nogueira e Manuel
José Paulo e que recolheram 53$440 (ID.:Livro de Atas nº 4).
Em 26 de junho de 1911, a Junta emitiu um atestado de pobreza
a um freguês para que um seu filho fosse admitido a exame
de instrução primária do 2º grau, sem o pagamento da respetiva
propina (ID.: Liv. de Atas n. 5).
A Administração do concelho deu instruções para a elaboração
de um cadastro rigoroso dos indigentes no concelho, com
o seu nome, idade, estado e morada de indivíduos de ambos os
sexos (Id.:Liv. de Atas nº 6).
Em 20 de agosto de 1916, a Administração do Concelho da
Feira entregou à Junta a quantia de 7$12 para ser distribuída pelos
indigentes desta freguesia (ID.:Liv. de Atas nº 7).
Em 16 de setembro de 1917, foi lido um ofício do Juiz de Direito
da comarca em que confessava a remessa de um plano de assistência
paroquial e lamentava o silêncio da Junta e fazia justas considerações
sobre a mendicidade. A Junta certificou-se da falta de entrega
do aludido plano e decidiu pedir uma cópia do mesmo (ID.:IBID).
Em 5 de dezembro de 1919, foi recebida da Comissão de Assistência
a quantia de 3$65 para distribuir pelos pobres da freguesia
(ID.:IBID.).
Em 8 de março de 1923, a Comissão de Beneficência recebeu
um subsídio de 6$75,5 para ser distribuído pelos pobres da freguesia
(ID.:IBID.).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
477
A CA manifestou o seu desagrado pela exigência, feita legalmente,
de obrigar a que todos os atestados de indigência e de
pobreza, passados pela Junta, deveriam ser confirmados pelo administrador
do concelho, o que cria um vexame para as juntas
(ID.:Liv. de Atas nº 8).
Em 13 de abril de 1954, a Câmara da Feira solicitou à Junta
que informasse se um cidadão do lugar da Quintã, que pretendia
ser internado no Hospital de Santo António, do Porto, tinha
bens ou rendimentos suficientes para custear as despesas com o
internamento ou se tinha pessoas de família que pudessem ser
responsabilizadas pelas referidas despesas. Este é um retrato significativo
das condições sanitárias e sócio-económicas do País
durante o Estado Novo, onde era evidente a ausência de apoios
sociais, que só poderia ser sanada pela emissão de atestados de
pobreza (ID.:Pasta relativa ao quadriénio de 1951 a 1954).
Nos finais do Estado Novo, foi construído o bairro social
Nossa Senhora de Fátima.
Em 28 de fevereiro de 1986, a Junta decidiu dar todo o apoio
monetário possível ao Centro de Apoio Social de Mozelos, tendo
concedido a importância correspondente a 25% das despesas da
inauguração das suas instalações, em 25 de julho de 1991 (ID.:
Liv. de Atas nº14).
Em 20 de abril de 1998, a Junta informou que o balcão da
Segurança Social iria permanecer na freguesia.
No virar do século, foi edificado um bairro social na travessa
de Ermilhe.
Na primeira década deste século, foi construído um bairro
habitacional a custos controlados destinado a famílias jovens.
Bairro Nossa Senhora de Fátima
Bairro de Ermilhe
Habitação a custos controlados,
nas Centieiras
ASSUNTOS ECONÓMICOS
Em 7 de setembro de 1888, procedeu-se à organização do
mapa ou rol da prestação de trabalho com o seguinte resultado:
inscrição de 55 contribuintes de casas e 232 de pessoal na importância
de 45.200$000 (ID.:Liv. de Atas nº 2).
A Junta aprovou em 2 de julho de 1897 a organização do rol
de prestação de trabalho. Estas decisões eram tomadas frequentemente
(ID.:Liv. de Atas nº3).
Em 31 de outubro de 1908, o Administrador do Concelho solicitou
à Junta informações sobre a estatística dos seguintes cereais:
milho, centeio e trigo, colhidos na freguesia (ID.:Liv. de Atas nº 4).
478 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em 16 de agosto de 1910, foi repetido o pedido, desta vez,
relativo a trigo, centeio, cevada, aveia e batata (ID.:IBID.).
Em 27 de março de 1911, a Comissão deliberou estabelecer o
descanso semanal desde o meio-dia de domingo ao meio-dia de segunda-
feira, por razões de caráter económico (ID.:Liv. de Atas nº 5).
Em 24 de junho de 1914, A Câmara Municipal de Aveiro solicitou
que a Junta apresentasse os melhores exemplares de gado
bovino, cavalar, lanígero no mercado anual de gados criado por
esta Câmara e que se realizaria em julho (ID.: IBID.).
O Administrador do Concelho solicitou que a Junta informasse
as produções de trigo, centeio, cevada, aveia e batatas na
freguesia (ID.: Liv.de Atas nº 6).
Em 8 de julho de 1917, foi lida uma comunicação do Administrador
do Concelho solicitando a informação sobre o consumo
semanal nesta paróquia de vários géneros. Assistiram a esta sessão
muitos paroquianos, o que se compreendia, por se estar a viver em
plena primeira grande guerra, que provocou uma dramática escassez
de bens, designadamente, alimentares (ID.: Liv. de Atas nº 7).
Em 17 de novembro de 1918, a Junta solicitou à Câmara que
abastecesse a freguesia dos géneros alimentares mais necessários
como milho, arroz e açúcar (ID.:IBID.).
Em 6 de outubro de 1918, a Comissão da Junta Paroquial
elaborou um documento em que identifica as profissões ligadas
ao trabalho da terra, designadamente, jornaleiros e possuidores
de carros de bois, discriminados por lugares:
Igreja
Donos de carros: António Monteiro dos Santos, António Alves
de Amorim, Camila Soares Alves (com uma nota ao lado,
informando ser jornaleira em Prime) e José Lopes da Silva;
Jornaleiros: Henrique Soares dos Santos Rios, Manuel de Oliveira
Gomes, Joaquim de Oliveira Rocha (nota ao lado designando
carro).
Carros de bois
Gôda
Donos de carros: António de Sá Pereira, José Ferreira, Pedro
Rodrigues Canastro e Serafim Pereira dos Santos;
Jornaleiros: António Francisco Martins, Júlia Sousa Nogueira,
Maria Carvalho, Margarida Oliveira dos Santos, Bernardo Oliveira
dos Santos, José Francisco Nogueira, Bernardino Alves de Oliveira,
Quintino Pereira do Couto, Albano Coelho da Silva, Joaquim de
Sousa Nogueira, Clara Francisca das Neves, Quintino Domingues
da Silva, Maria Ferreira de Barros (Maia) e Francisco da Moça.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
479
Ermilhe
Donos de carros: José Gomes, Manuel Fernandes de Amorim,
António Caetano Baptista e Rosa Soares Leandro;
Jornaleiros: Bernardina dos Santos e António de Freitas.
Vergada
Donos de carros: Bernardo de Sá Pereira, Joaquim Soares Alves,
Bernardino Ferreira Coimbra, António Pereira dos Santos,
Joaquim, caseiro de António Ferreira (Angélica), Maria Ferreira
Regal Coimbra, José Francisco Alves, José de Castro e Maria
Fernandes da Silva (do Rei);
Jornaleiros: Joaquim de Sousa, Joaquina (Patrícia), Bernardina
Ribeiro, José Ferreira da Rocha, Laurinda Soares da Mota,
Manuel Coelho dos Santos (Pregueiro), José Alves de Sousa, Manuel
Joaquim Ferreira Dias, Ana Maria de Jesus, José Ferreira
Regal, Henrique Pinto de Carvalho, Adriano Pereira dos Santos,
Joaquina Pereira da Silva, Manuel Pereira da Silva, Francisco de
Oliveira Pinto, Augusto da Costa Ribeiro, Ana Pereira da Silva,
Francisco Pereira da Silva, Anselmo Francisco Leandro, Margarida
Pereira dos Santos, Augusto Coelho da Costa, Maria Ribeiro,
Ana Ribeiro, António Coelho dos Santos, Margarida Vitória,
Rufino Alves Ribeiro, Deolinda Pereira de Jesus, Maria Pereira
de Jesus, Maria Coelho da Conceição, Rosa Pereira da Silva, António
Pereira, Ana Ferreira da Silva, Maria Soares Alves, Clara
Maria do Carmo, Henrique da Fina e Henrique Pereira da Silva.
José Francisco Alves
Fundão
Donos de carros: Manuel Fernandes de Amorim Aranha;
Jornaleiros: António Pereira da Silva, Rosa Alves Castanheira
e Maria Ferreira.
Bernardino Ferreira Coimbra
Outeiro do Moinho
Donos de carros: Benjamim Ferreira Coimbra e Manuel Alves
Pereira;
Jornaleiros: Américo Ferreira Leite, José Pereira da Silva;
Donos de carros: Joaquim Ferreira de Resende Margarida de
S. João e Eduardo Rodrigues da Silva.
Rio
Donos de carros: Joaquim Alves, Quintino Ferreira da Silva
Lamas, José Pinto de Barros, Joaquim Ferreira Rios e Joaquim
Cardoso;
Américo Ferreira Leite
480 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Jornaleiros: José Alves e Américo Pereira da Silva.
Prime
Donos de carros: Henrique de Oliveira Leite, Francisco Ferreira
Coelho, Joaquim Fernandes de Amorim Aranha, Manuel
Pinto dos Santos, Francisco de Sousa e Camila Soares Alves;
Jornaleiros: Joaquim Alves Coelho, Manuel Alves, António
Alves, Manuel Gomes, Francisco de Paiva, Henrique Pereira dos
Santos, António Pereira dos Santos, Clara da Silva, Maria Casimira
e Ana Alves Laranjeira.
Quebrada
Jornaleiros: Domingos Alves Castanheira, Miguel Ferreira
Rios, Vitorino, genro de Francisco da Moça, Maria, viúva de
Joaquim Pereira da Silva e Joaquim Ferreira.
Mozelos
Donos de carros: Alfredo Ferreira de Barros, José Pinto de
Fontes, António Leite de Resende, José dos Santos, Francisco
Henrique Espinheira;
Jornaleiros: Margarida Ferreira dos Santos, Ana Maria Pereira
e Maria dos Santos (a do Camilo).
Carros de bois
Murado
Donos de carros: Manuel Ferreira Salgueiro, Domingos dos
Santos Ferreira, Mariana Ferreira, Domingos José Pinto, José
Francisco Alves e Manuel Ferreira Coelho.
Jornaleiros: Virgílio Francisco Estrela, Adolfo Rodrigues Pereira,
António Mendes, António Pereira de Pinho, Dr. Joaquim
Alves Ferreira da Silva, Henrique Pereira da Silva (o Sobela), Maria
Belinha, Ermelinda de Pinho, Manuel José Paulo, José Ferreira
Gomes, Joaquim Godinho de Aguiar, Bernardino Dias Milheiro,
Joaquim Mendes, António Francisco Soares, José Coelho
Alves Meladas, Joaquim de Oliveira Alves, Serafim dos Santos
Nogueira, Clemente dos Santos Rocha, Manuel Godinho dos
Santos, José Feiteira Maia, Ana Pereira de Amorim, Bernardino
Ferreira da Silva e Amaro Ferreira de Amorim.
Regadas
Donos de carros: Joaquim Martins, Joaquim Pinto de Almeida,
Pedro Pereira de Pinho e Alberto de Oliveira Belinha;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
481
Jornaleiros: António Ferreira da Silva e Manuel Pereira de
Oliveira (o Prudência).
Seitela
Donos de carros: Bento Coelho, Pedro Pereira Mendes, José
Pereira da Cruz, José Alves Ferreira de Amorim e Henrique Ferreira
Coelho;
Jornaleiros: Pedro Alves da Silva, Ana Maria de Jesus, José
Pinto de Oliveira Balonha, Angelina Pereira de Pinho, António
Ferreira, António do Oliveira Lameiro, Clemente Mendes, António
Pinto de Fontes, Manuel Pereira da Silva, Manuel dos Santos
Couto e Elisa Ferreira da Silva.
Vilas
Donos de carros: Bernardino de Sousa e António de Oliveira
Mendes (o Respeito);
Jornaleiros: Ermelinda de Jesus, Gaspar Domingues Almeida,
Clara Baptista, João Ferreira do Espírito Santo e António dos Santos.
Casal
Donos de carros: Manuel de Oliveira Lameira, Joaquim Pinto de
Oliveira, Ana Ricardo Alves da Silva e Joaquim Domingues Maia.
Gesto
Donos de carros: Luís Coelho da Rocha e António de Oliveira
Carvalho;
Jornaleiros: Tomás Gomes de Oliveira e Tomásia Ferreira.
Sobral
Jornaleiros: António Rosária, Amândio Alves Pereira das Neves,
Domingos Rodrigues de Oliveira, Joaquim Domingues de
Oliveira Júnior, Joaquim Pereira Vendas, Joaquim Ferreira Coelho,
Padre Celestino Pinto Ferreira, António Lopes da Silva, Ana
de Jesus, António Pereira Vendas, Narciso Alves Fernandes, José
de Barros, Rufino Gomes Ribeiro, António Pereira de Amorim,
Avelino de Oliveira, António Alves Ferreira, David Oliveira Santos,
Joaquim Pereira Vendas (Neto), David de Oliveira Lameiro e
Felisberto Ferreira Mendes.
Coteiro
Jornaleiros: Joaquim Ferreira da Silva, Vicente Pereira Vendas,
Maria de Sousa Nogueira e Francisco Alves Fernandes.
482 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Quintã
Donos de carros: Joaquim Pinto Tavares, António Mendes
de Oliveira, Ana Francisca Coelho, Maria de Jesus Alves Soares,
Manuel da Silva Carvalho, Margarida Martins Guimarães, José
Francisco Martins, Manuel Alves dos Santos, Antóniolo Henrique
da Silva, Eugénio Pereira Vendas, António Ribeiro da Silva,
José de Oliveira dos Santos, Angelina Loureiro, Bernardino de
Oliveira Santos, Maria Ferreira da Silva, Margarida Coelho, Angelina
Pereira de Pionho, Ana Coelho Ferreira, Manuel da Silva
Carvalho, Ana Ferreira Coelho, Ana Soares Alves, António Pereira
Mendes (o Respeito) e António Pereira das Neves.
Este documento levanta-me duas dúvidas dado que aparecem
nos elencos supraindicados, um licenciado e um padre, como jornaleiros,
o que me leva a questionar o verdadeiro significado da
designação jornaleiro, que me parece incompatível para o licenciado
e para o eclesiástico (ID.: Documento avulso da Junta Paroquial
de 6 de outubro de 1918).
Em 14 de junho de 1919, o Presidente apresentou a seguinte
proposta:
Atendendo à grande falta de subsistências que desde há muito
se tinha feito sentir nesta região, propunha que se constituísse
o celeiro paroquial desta freguesia, a fim de se atenuar o mais
possível a fome que atingiu todas as classes sociais. A Junta estabeleceu
o seguinte regulamento:
Artº 1º- É criado na freguesia um celeiro paroquial;
Artº 2º – O celeiro paroquial de Mozelos é um organismo
da Comissão da Junta da Paróquia destinado a prover o restabelecimento
da freguesia em géneros de primeira necessidade,
ampliando a Delegação dos Abastecimentos do Norte, na organização,
armazenamento e distribuição dos cereais panificáveis
nacionais ou exóticos dos produtos deles extraídos e de quaisquer
outras que as Juntas de Paróquia julguem necessário assegurar
para a manutenção dos seus paroquianos;
Artº 3º – O celeiro paroquial será administrado por uma direção
composta pelo Presidente da Junta, de um membro eleito
da Junta e pelo tesoureiro da Junta;
Artº 4º – A direção será responsável solidária e individualmente
com todos os seus bens na administração do mesmo;
Artº 5 – A direção nomeia os empregados que forem necessários
para o seu funcionamento;
Artº 6º -Não poderá fazer parte da direção nenhum empregado,
nenhum negociante ou industrial cujo negócio ou indústria
seja idêntico ao fim comercial a que o mesmo celeiro se destina;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
483
Artº 7º – A direção para fazer parte nas despesas do celeiro cobrará
1% sobre os géneros que adquirir para o abastecimento local;
Artº 8º – A direção para instalação e funcionamento do celeiro
pode mobilizar armazéns particulares, mediante o pagamento
da respetiva renda;
Artº 9º – As compras são feitas diretamente pelo celeiro e os
pagamentos serão imediatos, o mesmo se observando nas vendas;
Artº 10º – o celeiro paroquial será sujeito à fiscalização do
Delegado Geral de Abastecimentos do Norte (ID.:IBID.).
Em 29 de março de 1931, constatou-se a existência de uma
crise de trabalho na região, no país e no mundo, reflexo da crise
de 1929, com origem nos Estados Unidos da América (ID.:Liv.
de Atas nº 8).
Em 28 de fevereiro de 1932, a CA obteve o aval da Câmara
Municipal para contrair um empréstimo de 50 contos para transformar
o seu mercado instalado num terreno disforme e impraticável
para que tenha as condições devidas para o exercício da
sua função (ID.:IBID.).
Em 1995, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Escola da Vergada (magusto)– 65.000$00;
Escola de Sobral – 50.000$00;
Escola de Prime – 50.000$00;
Cerci de Lamas – 15.000$00;
Subsídio para visitas de estudo – 10.00$00.
Em 1996, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Escola e Jardim de Infância da Vergada (magusto)– 55.000$00;
Escola e Jardim de Infância de Sobral – 60.000$00;
Escola e Jardim de Infância de Prime – 60.000$00;
Cerci de Lamas – 20.000$00;
Subsídio para visitas de estudo – 10.00$00.
Em 1997, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Escolas da Vergada – 90.000$00;
Escolas de Prime – 85.000$00;
Escola de Sobral – 85.000$00;
Pré-Primária de Prime – 15.000$00;
Pré-Primária de Sobral – 15.000$00.
Em 1999, foram atribuídos os seguintes subsídios:
Escolas da Vergada – 60.000$00;
Escolas de Prime – 60.000$00;
Pré-Primária de Prime – 20.000$00;
484 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Pré-Primária de Sobral – 25.000$00.
Em 2000, foram atribuídos os seguintes subsídios:
Escolas da Vergada – 60.000$00;
Escolas de Prime – 60.000$00;
Escolas de Sobral – 70.000$00;
Pré-Primária de Prime – 20.000$00;
Pré-Primária de Sobral – 25.000$00.
Em 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009,
2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015, foram atribuídos os seguintes
subsídios:
Escolas da Vergada – 350 euros;
Escolas de Prime – 350 euros;
Escolas de Sobral – 400 euros;
Pré-Primária de Prime – 150 euros;
Pré-Primária de Sobral – 150 euros.
COLETIVIDADES E ATIVIDADES
CULTURAIS E DESPORTIVAS
Em 12 de maio de 1977, a Tuna Musical de Mozelos pediu
à Junta um terreno de cerca de 1.000 m2 para construir a sua
sede, tendo sido entregues 50 contos à Junta para pagar o terreno
(ID.:Liv. de Atas nº12).
Em 17 de fevereiro de 1978, o Grupo de Trabalhadores e
Amigos de Mozelos entregou à Junta a quantia de 12.152$00 resultante
de um saldo de uma angariação de fundos para melhoramentos
(ID.:IBID.).
Em 30 de setembro de 1989, a Junta decidiu atribuir um subsídio
de 20.000$00 aos Bombeiros Voluntários de Lourosa como
ajuda para responder aos incêndios no verão e à Sociedade Columbófila
da Vergada o subsídio de 10.000$00 (ID.: Liv. de Atas nº14).
Em 30 de abril de 1992, a Junta decidiu ceder o espaço da
cave da sua sede à Juventude Atlética Mozelense, secção de atletismo,
para guardar os seus troféus (ID.:IBID.).
Em 20 de abril de 1994, a Junta deliberou conceder um subsídio
de 20.000$00 a uma Comissão Sindical para organizar a
celebração do 25 de abril, na freguesia (ID.:IBID.).
Em 1995, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo
de jogos) – 260.000$00
Tuna Musical Mozelense – 100.000$00;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
485
Centro de Dinamização Cultural – 145.000$00;
Juventude Atlética Mozelense – 120.000$00;
Dragões de Mozelos -60.000$00;
Columbófila de Mozelos -30.000$00;
Columbófila de Ermilhe – 30.000$00;
Subsídio a Grupo de Jovens Mozelenses para participar
num torneio de futebol a França – 50.000$00.
Em 1996, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo
de jogos) – 220.000$00;
Tuna Musical Mozelense – 100.000$00;
Centro de Dinamização Cultural – 120.000$00;
Juventude Atlética Mozelense – 160.000$00;
Dragões de Mozelos -60.000$00;
Columbófila de Mozelos -60.000$00;
Columbófila de Ermilhe – 45.000$00;
Grupo de Pesca da Feira – 15.000$00.
Em 1997, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo
de jogos) – 280.000$00;
Tuna de Mozelos – 100.000$00;
Centro de Dinamização Cultural de Mozelos – 250.000$00;
Juventude Atlética Mozelense – 150.000$00;
Dragões de Mozelos – 40.000$00;
Columbófila de Mozelos -40.000$00;
Columbófila de Ermilhe – 50.000$00;
Legião da Boa Vontade/Porto – 15.000$00;
Clube de Caçadores da Feira – 20.000$00;
Salão Paroquial – 200$000$00;
Bombeiros de Lourosa – 50.000$00.
Em 1999, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo
de jogos) – 100.000$00;
Tuna Musical Mozelense – 200.000$00;
Centro de Dinamização Cultural de Mozelos – 200.000$00;
Juventude Atlética Mozelense – 100.000$00;
Dragões de Mozelos – 60.000$00;
Columbófila de Mozelos – 40.000$00;
Columbófila de Ermilhe – 40.000$00;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
– 30.000$00;
486 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Associação Desportiva Cultural e Recreativa des Portugais
Nogent Sur Seine – 50.000$00.
Em 2000, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo
de jogos) – 100.000$00;
Tuna Musical Mozelense – 200.000$00;
Centro de Dinamização Cultural de Mozelos – 200.000$00;
Juventude Atlética Mozelense – 100.000$00;
Dragões de Mozelos – 60.000$00;
Columbófila de Mozelos – 40.000$00;
Columbófila de Ermilhe – 40.000$00;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
– 40.000$00;
Comissão de Festas da Vergada – 50.000$00.
Em 2001 e 2002, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios
seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 250 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Columbófila de Ermilhe – 250 euros;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
– 500 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros.
Em 2003, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Columbófila de Ermilhe – 250 euros;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
– 500 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Apoio à Volta a Portugal em bicicleta e Volta a Portugal
do Futuro – 183,86 euros;
Apoio a atletas na ida a Santiago de Compostela – 300 euros;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
487
Volta às Terras de Santa Maria – 200 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Apoio ao Futebol Clube de Mozelos (relâmpago) 1000 euros.
Em 2004, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Columbófila de Ermilhe – 250 euros;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
– 500 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Apoio à Volta a Portugal em bicicleta e Volta a Portugal
do Futuro – 245,14 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Apoio ao Futebol Clube de Mozelos (prova de natação)
200 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;
Dadores de Sangue – 190 euros.
Em 2005, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Columbófila de Ermilhe – 250 euros;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
– 500 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros.
Em 2006, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense (25 anos) – 1000 euros;
Dragões de Mozelenses – 500 euros;
488 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Columbófila de Ermilhe – 250 euros;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
– 250 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;
Grupo Coral de Mozelos – concerto de Natal – 150 euros;
Em 2007 e 2008, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios
seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Columbófila de Ermilhe – 250 euros;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
(25 anos) – 1000 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;
Em 2009, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos (25º aniversário)
– 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Columbófila de Ermilhe – 250 euros;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
(25 anos) – 1000 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;
Tuna Musical Mozelense (ajuda para obras) – 5000 euros.
Em 2010, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
489
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada
(25 anos) – 1000 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;
Em 2011, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros.
Em 2012, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros.
Em 2013 e 2014, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios
seguintes:
Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;
Em 2015, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:
Tuna Musical Mozelense – 5000 euros;
490 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;
Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;
Dragões de Mozelos – 500 euros;
Columbófila de Mozelos – 250 euros;
Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;
Conferência Vicentina – 150 euros;
Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;
Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros.
Actividades culturais em 2016 e 2017
Semana Cultural e Exposição de Cortiça – 2016 e 2017.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
491
492 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Evolução das obras do
Pavilhão Desportivo da freguesia
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
493
ASSUNTOS SANITÁRIOS
Em 6 de fevereiro de 1911, o Administrador do Concelho
solicitou à Comissão Administrativa a abrir uma subscrição para
auxiliar a criação de um asilo para órfãos das vítimas da cólera
na Madeira (ID.:Liv. Atas nº5).
Em 28 de abril de 1978, a Assembleia de Freguesia aprovou a
proposta da Junta para a colocação de contentores de recolha de
lixo, nos seguintes locais:
– Escolas de Prime e de Sobral;
– Cemitério;
– Lugar do Fundão, no local do antigo poço;
– No lugar de Sobral, no largo do mesmo;
– No lugar de Prime, junto à casa de Armando Capador;
– No lugar de Ermilhe, no largo abaixo da Louceira;
– No lugar das Regadas, junto à fonte;
– No lugar de Gôda, junto às Alminhas;
– No lugar de Vilas, junto ao lavadouro.
Em 20 de abril de 1998, foram aprovadas as seguintes taxas
para as classes de cada canídeo:
– Licenças de categoria A – 600$00;
– Licenças de categoria B – 1.200$00;
– Licenças de categoria C – 1.800$00;
– Chapas – 300$00;
– 2ªs vias – 300$00.
Na sessão de 15 de setembro de 1998, a Junta decidiu construir
uma cisterna no adro da igreja para colmatar os problemas
existentes da falta de água no cemitério. Iria ser levada à
aprovação da Assembleia de Freguesia de uma taxa para obras
de construção e arranjo de jazigos, no sentido de que tal receita
contribuía para manter em bom estado o cemitério. O valor da
taxa seria de 6.000$00.
Em 29 de abril de 2014, foi aprovada uma moção de protesto e
de repúdio pela forma como a Unidade de Saúde Familiar de Santa
Maria de Lamas/Paços de Brandão tinha vindo a atuar, por uma
forma considerada reprovável, enviando convites personalizados
aos utentes do Centro de Saúde de Mozelos, no sentido de os aliciar
a mudarem-se para a Dita USF, pelo facto de um médico da Unidade
de Saúde de Mozelos ter iniciado o seu processo de reforma.
Um dos ecopontos da freguesia
Centro de saúde
494 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Fontenário do Casal
Em 15 de abril de 2002, a Junta aprovou e levou à aprovação
da Assembleia de Freguesia a delegação de competências da Câmara
Municipal para a Junta, nomeadamente no que se referia a:
– Limpeza de toda a rede viária, incluindo conservação e limpeza
de valetas e bermas, com exceção das ENs;
– Conservação, calcetamento e reposição de pavimentos em
toda a rede viária, incluindo arruamentos e passeios, com exceção,
não só das ENs, mas também das vias municipais que
fiquem expressamente à responsabilidade da Câmara, conforme
lista de elaborar;
– Gestão, conservação e manutenção de jardins, praças e todos
os outros espaços ajardinados de interesse coletivo;
– Tratamento e ajardinamento dos recreios das escolas EB1 e
do ensino pré-escolar;
Limpeza e manutenção de fontanários, incluindo o controlo
da qualidade da água, devendo ser dado conhecimento à população
do resultado das análises efetuadas;
– Cobrança das receitas devidas por taxas de ocupação de
espaços públicos;
– Proposta de medidas reguladoras do trânsito e colocação
de sinais;
– Colocação de placas toponímicas, numeração policial dos
edifícios e proposta de denominação de ruas.
Ficava a Câmara Municipal autorizada a estabelecer equitativamente
os meios financeiros, técnicos e humanos a transferir,
em função das competências delegadas assumidas por cada freguesia,
bem como atualizá-los sempre que isso se justifique.
Esta delegação de competências teve como base os dados seguintes:
EQUIPAMENTO
Freguesia
Km
Total
Km
Nacion.
Km
Municip.
Km
Fregue.
Semanas
Valor
Contos
Equip.
Semanas
Subsidio
Contos
Argoncilhe 67,510 0 11,030 56,480 6,407 3620,153 3.620
Arrifana 47,428 0 9,147 38,281 4,343 2453,667 2.453
Caldas S. Jorge 31,980 4,060 4,290 23,630 2,681 1514,593 2 384
Canedo 126,204 6,650 14,950 104,604 11,867 6704,719 6.704
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
495
Escapães 31,425 2,600 8,200 20,625 2,34 1321,984 2 192
Espargo 22,491 0 6,211 16,280 1,847 1043,486 1.043
Fiães 62,950 3,300 8,000 51,650 5,859 3310,569 4 1.050
Fornos 25,030 2,530 4,268 18,232 2,068 1168,602 2 38
Gião 24,705 2,000 4,350 18,355 2,082 1176,486 1.176
Guisande 22,051 0,810 5,960 15,281 1,734 979,454 979
Lobão 46,909 5,800 4,130 36,979 4,195 2370,213 3 675
Louredo 24,375 2,600 5,150 16,625 1,886 1065,599 1.065
Lourosa 58,220 3,000 9,350 45,870 5,204 2940,093 4 680
M. Poiares 30,774 0 9,700 21,074 2,391 1350,763 2 223
Mosteirô 27,317 0 3,950 23,367 2,651 1497,736 1.497
Mozelos 47,031 6,543 8,990 31,498 3,573 2018,902 2.018
N. Regedoura 34,050 0 8,200 25,850 2,933 1656,887 1.656
P. Brandão 35,615 0 6,250 29,365 3,331 1882,185 1.882
Pigeiros 23,000 0 5,800 17,200 1,951 1102,455 1.102
Rio Meão 40,595 3,000 8,000 29,595 3,357 1896,927 3 201
Romariz 62,924 0 11,500 51,424 5,834 3296,083 4 1.036
Sanfins 13,350 2,300 4,300 6,750 0,766 432,6494 432
Sanguedo 33,285 0 8,000 25,285 2,868 1620,672 2 490
St.ª M.ª Feira 55,032 1,450 5,829 47,753 5,417 3060,786 a)
St.ª M.ª Lamas 32,035 0 7,585 24,450 2,774 1567,152 1.567
S. João de Vêr 78,543 8,173 11,387 58,983 6,691 3780,586 6 390
S. Miguel Souto 51,730 3,410 11,370 36,950 4,192 2368,355 2.368
S. Paio Oleiros 34,150 2,500 6,840 24,810 2,815 1590,227 1.590
Travanca 32,799 0 6,290 26,509 3,007 1699,126 1.699
Vale 37,220 2,100 8,400 26,720 3,031 1712,65 2 582
Vila Maior 25,431 1,040 7,600 16,791 1,905 1076,239 1.076
TOTAL: 1286,159 63,866 235,027 987,266 112,000 63.280 36 39.868
(20.340) (39.868)
a) Falta definir os arruamentos da responsabilidade da Junta
60.208
* Consideramos cada semana com o valor de 565 contos.
* Os dias feriados serão compensados com subsídio de 113 contos/dia.
ASSUNTOS DIVERSOS
Em 5 de novembro de 1889, a Junta verberou a atitude de alguns
indivíduos que tocaram os sinos de forma incessante no dia
1 do referido mês o que prejudicou o funcionamento da sessão da
Junta (ID.: Liv.de Atas nº 2).
496 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Benjamim Ferreira
Coimbra (1882-1951)
Em 10 de janeiro de 1915, a Junta exarou um voto de bem
fundas condolências pelas vidas que se apagaram, pelas feridas que se
abriram e pelos aprisionamentos que se efectuaram quando da luta com
os alemães, em Angola, bem como outro de veemente anelo por que o
nosso valoroso exército refaça quanto antes essa possessão ultramarina
e Portugal dos reveses ultimamente sofridos (ID.: Liv. de Atas nº6).
A Junta decidiu que a chegada ao Rio de Janeiro dos aviadores
Gago Coutinho e Sacadura Cabral fosse festejada na freguesia
com o repique dos sinos e alguns foguetes em homenagem a
estes heróicos portugueses (ID.:Liv. de Atas nº 7).
Em 21 de março de 1915, a Junta congratulou-se com o facto
do ilustre clínico, residente no lugar do Murado, dr, Joaquim Alves
Ferreira da Silva, ter sido investido como Administrador do
Concelho da Feira (ID.:IBID.).
Em 14 de fevereiro de 1926, o vogal da Junta Benjamim Ferreira
Coimbra apresentou o seguinte protesto:
Os membros desta Junta verdadeiros representantes do sufrágio eleitoral
(…) protestam energicamente contra todos os processos ilícitos e
condenáveis com que se tem pretendido validar uma eleição feita à porta
fechada em casa de Maximino Martins Guimarães, vereador da Cãmara
deste concelho, e morador nesta freguesia, pretendendo, por esta forma,
que com os falsos cidadãos eleitos nessa secreta assembleia, desunir a
gerência dos negócios desta Junta, o que, por nenhuma forma, representa
a vontade dos seus habitantes e legalmente protestam pela forma como
estes mesmos senhores se apossaram desta casa das sessões, invadindo-a
por meio de arrombamento da sua porta principal. Foi proposto que se
procedesse judicialmente contra oas seus autores (ID.:IBID.).
Em 7 de janeiro de 1953, o Presidente da Câmara convidou
os membros da Junta a assistirem às festas do concelho (fogaceiras,
que se realizavam na vila no dia 20 do corrente mês, à missa
que teria lugar na igreja matriz, pelas 10 horas, e a incorporarem-
-se na procissão que se realizaria às 14,30 horas. A concentração
para a procissão seria feita nos claustros do edifício do tribunal.
Convidava ainda que o presidente da Junta e outro membro a
segurarem as borlas do estandarte religioso da freguesia, que
também se deveria incorporar na procissão (ID.:Pasta relativa ao
quadriénio de 1951 a 1954).
Em 31 de janeiro de 1990, a Junta decidiu atribuir ao presidente
a subvenção mensal de 15.000$00, para fazer face às sucessivas despesas
que tinha no exercício das funções (ID.: Liv. de Atas nº14).
Em 15 de novembro de 2002, a Junta exarou em ata a gratidão
da autarquia à Senhora D. Albertina Ferreira Amorim pela
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
497
doação feita a favor da Vila, depois de aceitar a metade indivisa
de um prédio rústico sito no lugar de Vilas, tendo sido erigido
uma memória de agradecimento em outubro de 2007
CERIMÓNIAS PÚBLICAS
Em 1837, os membros da Junta prestavam juramento sobre os
Santos Evangelhos para que bem fielmente cumprão os deveres e emcargos
que a Lej lhes impoim e sendo assim (…) prometerão cumprir
e guardar e logos lhers fes entrega de todos os documentos existentes
em cartório, a saber, três livros, hum de tomar contas ao Regedor da
Parochia, do rendimento e despesa da mesma (…) outro de resisto dos
Inventários e este das delivrações da junta.
Em 2 de janeiro de 1876, os eleitos para a Junta da Paróquia,
deviam ser fiéis ao Reino, obedientes à Carta Constitucional e Leis
do Reino. Nos anos oitenta do mesmo século, foi acrescentada ao
juramento, a fidelidade ao Ato Adicional (ID.:Livro de Atas nº1).
Em 20 de junho de 1911, o Administrador do Concelho da Feira
oficiou a Junta para que se fizessem repiques de sinos na igreja e
nas capelas como sinal de regozijo público pelo reconhecimento da
República pelas Cortes Constituintes (ID.: Liv. de Atas nº 5).
Em 2 de outubro de 1911, a Junta recebeu um ofício da Comissão
Municipal da Feira para que na freguesia se promovessem
demonstrações festivas no dia 5 de outubro para solenizar o primeiro
aniversário da República (ID.:IBID).
Em 29 de junho de 1980, foi exarado um voto de congratulação
pela inauguração do monumento ao insigne mozelense, Dr.
Manuel Laranjeira, médico-escritor e jornalista insigne. Nascido
na Vergada (ID.: Liv. de Atas nº 12).
Em 1992, foram inaugurados o Centro de Saúde e a Alameda
Alfredo Henriques, na presença do Presidente da Câmara da
Feira, senhor Alfredo Henriques, cuja designação foi aprovada
por unanimidade pela Junta em 31 de outubro, pois apesar de ser
de partido político diferente dos membros da Junta tinha colaborado
na efetivação da referida alameda, bem como nas obras do
arraial e outra de interesse local (ID.: Liv. de Atas nº14).
Em 2001, realizou-se a inugaração e bênção da Capela Mortuária.
Em 15 de março de 2002, a Junta decidiu oferecer uma salva
de prata à Senhora D. Maria Amorim pela celebração do centenário
do seu nascimento.
Manuel Laranjeira
Alfredo Henriques,
presidente da Câmara Miunicipal
de Santa Maria da Feira
498 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
TENTATIVA DE CRIAÇÃO DA
FREGUESIA DA VERGADA
Em 24 de maio de 1969, foi apreciada a eventual criação de
uma freguesia, no lugar da Vergada. Depois de ponderados todos
os factos inerentes ao caso, a Junta deliberou não concordar com
tal criação por entender que tal prejudicaria muitíssimo a freguesia,
que já era pequena e sem grandes fontes de receita para as suas
necessidades. Esta circunstância já se verificava, na altura, pois,
como era sabido, que o pároco não vivia desafogadamente, precisamente,
pela carência de rendimentos da freguesia. Além do mais,
a Junta entendia que a hora que Portugal atravessava não era propícia
a desuniões de povos ou a cedência de quaisquer parcelas de terreno. De
resto, não podiam os habitantes do lugar da Vergada lamentarem-se da
falta de apoio ou iniciativa da Junta de Freguesia. Estes factos podem,
facilmente, ser comprovados através dos melhoramentos que se tinham
realizado, nomeadamente, no que respeitava a vias de comunicação,
assistência, etc. pelo que lhes parecia que, só, por mero capricho, pretendiam
ascender a freguesia, pretensão patrocinada, aliás, por uma
minoria da sua população. Nestas condições, esta Junta não estava de
acordo com a criação de tal freguesia, por se julgar suficientemente esclarecedor
o seu ponto de vista (ID.: Liv. de Atas nº 12).
Em 27 de abril de 1980, a Junta aprovou a elaboração de um
comunicado a respeito da criação da freguesia da Vergada, na
sequência da apresentação de um projeto de lei pela ASDI, na
Assembleia da República, o decreto episcopal a que se juntou
um mapa que se dizia ser a delimitação da área da nova freguesia,
(exatamente à que estava expressa no decreto episcopal).
Opondo-se e repudiando, veementemente, a dita criação, com os
argumentos de que se tratava de usurpação abusiva e descarada
à multisecular freguesia de Mozelos, que seria subtraída dos seus
lugares de Ermilhe, Picoto e Vergada, e alguns lugares de Argoncilhe,
o que também iria criar conflitos entre as duas freguesias.
Considerava-se que Mozelos tinha a população de 3.533 habitantes
(censo de 1970). Se fosse por diante a iniciativa, Mozelos
ficaria reduzida a cerca de 2.500 habitantes, enquanto que a
pretendida nova freguesia ficaria com uma população superior
a 4.000 habitantes. Considerando que a Junta de Freguesia era
o legítimo representante do povo da freguesia, eleita democraticamente,
em 1979, repudiava e protestava pelo uso e abuso do
nome de Vergada. O documento afirmava também que não tinham
sido consultados os órgãos autárquicos da freguesia e, só
por isso, a referida iniciativa legislativa ou qualquer outra de semelhante
teor não tinha qualquer viabilidade e só o teria se os
referidos órgãos dessem parecer positivo.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
499
Considerava ainda que a matriz de Mozelos se situa geometricamente
no centro da freguesia, distando cerca de 2 mil metros
da Vergada, 1.500 do Picoto e 800 de Ermilhe, não havendo por
isso, também nesse aspeto, razão justificativa de desmembramento
da freguesia.
Considerava, finalmente, que as populações dos lugares em
causa eram pacíficas, ordeiras e trabalhadoras, não podendo estar
à mercê deste tipo de aventureirismos.
O documento, datado de 9 de maio, terminava afirmando
que a freguesia de Mozelos continuaria a manter os seus marcos
ancestrais e continuaria a ser a ser a multisecular freguesia una e
indivisível. (texto impresso, colado à folha da ata da sessão de 27 de
abril de 1980).
Na sessão da Assembleia de Freguesia de 14 de março de
1980, foi debatido, por alguns deputados e por cidadãos presentes
na assembleia, a questão do projeto de lei relativo à criação da
freguesia da Vergada.
Para além destas tomadas de posição da autarquia, importa
elencar um conjunto de factos, apresentados cronologicamente,
que poderão ajudar a esclarecer a situação que levou ao encerramento
da igreja paroquial de Mozelos, por um período de dois
anos (09 de setembro de 1972 a 09 de setembro de 1974).
Mas vamos aos factos esclarecendo que a Vergada é um lugar
da freguesia de Mozelos, sendo comum que parte da população
dos lugares de Ordonhe e Ramil da freguesia de Argoncilhe se
dizer pertencente à Vergada.
A Igreja de Cristo Rei da Vergada situa-se no lugar de Ordonhe,
freguesia de Argoncilhe.
A luta da população de Ordonhe pela autonomia religiosa
já vinha desde o início do século XX com o pensamento numa
futura freguesia da Vergada.
INÍCIO DO SÉC XX – Construção da Capela de Nosso Senhor
dos Febres, edificada no local onde antes existiu uma cascata
sanjoanina, no lugar de Ordonhe, freguesia de Argoncilhe.
1934 – Ordenação na Capela de Nosso Senhor dos Febres do Pe.
Álvaro Soares da Silva, natural de Argoncilhe, acérrimo defensor,
desde então, de uma paróquia sedeada, à volta da capela.
1935 – Nesta data, surge o facto designado como a Senhora da
Azenha, no lugar de Ordonhe, freguesia de Argoncilhe, havendo
relatos orais e escritos, na imprensa da época que falam
no aparecimento e revelações de Nossa Senhora a Guilhermina
Pereira Pedrosa, recoletora do leite dos lavradores da região.
500 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Terão ocorrido vários milagres por intermediação de Guilhermina
junto de Nossa Senhora, entre os quais, o de uma paralítica
de alcunha Parruca que, começou a caminhar.
Dada a credulidade das pessoas, de perto e de longe, passou
a ser local de peregrinação, tendo sido ereta uma pequena
capela conhecida como a capela da Senhora da Azenha ou
Santa da Parruca.
28 de maio de 1948 – Foram aprovados os estatutos da Liga
de Melhoramentos dos lugares de Ordonhe, Ramil, Vergada
e Ermilhe das freguesias de Argoncilhe e Mozelos. Esta
Liga foi constituída com o objetivo imediato de refazer o piso
da estrada real, na Vergada-zona de confinamento entre as
freguesias de Mozelos e Argoncilhe, que se encontrava extremamente
degradado e votado ao abandono, desde que se
construíra o novo troço da Estrada Nacional na Vergada, no
início da década de 1940. A repavimentação foi feita, numa
primeira fase, em macadame e posteriormente com paralelos.
Subjacente à criação da Liga de Melhoramentos da Vergada,
estava a ideia da constituição da Paróquia e Freguesia da
Vergada com subtração daqueles lugares de Ordonhe, Ramil,
Vergada e Ermilhe, às freguesias de Argoncilhe e Mozelos.
1951 a 1969 – Houve várias e infrutíferas tentativas, junto do
Episcopado do Porto, por parte do Padre. Álvaro Soares da
Silva, do Pároco de Argoncilhe Padre Jose de Fontes Baptista
e da Liga de Melhoramentos da Vergada no sentido da criação
da Paróquia da Vergada.
1969 – Projeto da Igreja da Vergada e início da construção
em 1970 -Com a aprovação do Bispo do Porto, D. António
Ferreira Gomes, foi construída a Igreja de Cristo Rei da
Vergada, no local, onde antes existira a Capela do Senhor dos
Febres. Parte dos recursos para a construção da Igreja proveio
de donativos, angariação de donativos dos membros da Liga
de Melhoramentos da Vergada e de receitas das promessas à
Senhora da Azenha.
10 de julho de 1970 – Carta subscrita pelo Pároco de Mozelos,
Padre António de Oliveira Maia, e dirigida a Dom António
Ferreira Gomes, Venerando Bispo da Diocese do Porto, pela
qual é remetida uma exposição, de 18 de junho de 1970, assinada
por mais de duzentas pessoas e empresas representativas
da freguesia de Mozelos, na sua maioria dos lugares da Vergada
e de Ermilhe, tendo como primeiros subscritores o Pároco,
o Presidente da Junta de Freguesia, José Ferreira Coimbra e o
Regedor, Américo Cardoso, exposição essa onde se manifesta
a preocupação pela ideia da formação de uma freguesia a de-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
501
nominar-se Vergada, que abrangeria aquele lugar da Vergada
e o lugar de Ermilhe da freguesia de Mozelos e os lugares de
Ordonhe e de Ramil da freguesia de Argoncilhe, ideia que os
subscritores não poderiam aceitar e que estava subjacente no
projeto de criação da paróquia da Vergada. Nessa exposição,
pedia-se uma audiência na qual o pároco seria o representante
dos expositores. Essa audiência foi realizada e foram os subscritores
tranquilizados com a informação de que as ordens do
Senhor Bispo visavam apenas transformar a Capela da Vergada
em Igreja e aí estabelecer a sede de uma Zona de Culto.
7 de agosto de 1972 – Decreto Episcopal de Dom António
Ferreira Gomes, Bispo do Porto que constitui a Paróquia Experimental
da Vergada.
Ao Revº. Padre Álvaro Soares da Silva e fiéis católicos dos lugares
de Ordonhe e Ramil (Paróquia de Argoncilhe) Vergada e Ermilhe
(Paróquia de Mozelos) e a quem mais possa interessar, havemos por
bem conceder aos fiéis católicos dos quatro lugares mencionados, autonomia
paroquial facultativa em forma de paróquia experimental.
15 de agosto de 1972 – Início do culto religioso na Igreja da
Paróquia experimental da Vergada.
9 de setembro de 1972 – Encerramento da Igreja de Mozelos.
O povo encerrou a igreja, cerca das 5 horas de ontem e ao repique
dos sinos, foram afixados na porta principal da igreja de Mozelos
(Feira) três cartazes onde se lia – encerrada pelo povo de Mozelos,
por deliberação tomada a 09 de setembro de 1972, pela assembleia
geral do povo de Mozelos até à revogação do decreto episcopal
que instituiu a paróquia experimental da Vergada (Jornal de Notícias,
10-9-1972).
12 de outubro de 1972 – Carta enviada ao Bispo do Porto
D. António Ferreira Gomes, assinada por 11 Mozelenses,
católicos, com o pedido de uma audiência com vista a um
desanuviamento da tensão decorrente do encerramento da
Igreja Matriz pois não desejam que este estado de coisas se dilate
e atinja uma situação trágica, irreversível e indesejável para todos.
Subscritores da carta: Joaquim Adamastor Feiteira Maia,
Noémia Ribeiro Monteiro Rodrigues Oliveira, Pedro Rodrigues
de Oliveira, Fernando Sousa Santos, Joaquim Nogueira,
Laura Amorim Moreira de Sousa Nogueira, José Henrique
Soares, José Ferreira Coimbra, Orlanda Ferreira Coimbra,
Carlos Francisco Martins e Arminda Martins.
25 de outubro de 1972 – Ofício emanado do Prelado da Diocese
do Porto, comunicando:
502 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Nunca recusou nem recusará ouvir quem quer que seja sobre quaisquer
assuntos de comum e recíproco interesse e competência. No
entanto, tendo em conta a quantidade de equívocos, de misturas
de interesses e de intervenções incompetentes que se têm processado,
estabelecendo condições mínimas para o diálogo, ou seja:
– A violação e encerramento da Igreja de Mozelos é um facto ímpio
e absurdo, que nada tem a ver com as decisões eclesiásticas tomadas
na forma do direito e dentro da competência episcopal.
– A abertura da Igreja de Mozelos não é negociável, nem tem que
ser tratada com o Bispo.
– Não se diga que foi o Povo da Freguesia que fechou a Igreja pois
nós, nesta Diocese, ainda fazemos aos cristãos de Mozelos a justiça
de pensar que eles não executam as suas decisões pela calada da
noite, à hora dos gatunos e salteadores ou das feras!...
– Quem fechou a Igreja que a abra e basta comunicá-lo ao sacristão,
sineiro ou outro guarda.
– O Revº. Pároco (de Mozelos) não poderá retomar a prática do
culto nesse templo sem licença desta Cúria que deverá julgar se
houve ou não violação canónica ou outra causa de interdito.
– Pode esta diocese pacientar, até que o bom senso retome seu lugar
já que toda a estupidez acaba por nausear e vomitar-se a si mesma
(omnis stultitia laborat fastidio sui).
– A comissão não deverá compôr-se de mais de três pessoas residentes
em Mozelos, católicos de fé e prática religiosa, não coniventes no
encerramento da igreja, que reconheçam e acatem a autoridade do
Bispo Diocesano, do Pároco pro tempore e da Comissão de Fábrica.
28 de outubro de 1972 – Carta dirigida ao Bispo do Porto
e entregue em mão, no Paço, em 14 de dezembro de 1972 e
subscrita por Fernando Sousa Santos, funcionário bancário,
José Ferreira Coimbra, industrial e António Cruz, lavrador.
Respeitosamente, em nome do povo da Paróquia e Freguesia de
Mozelos – una e indivisível e respondendo ao ofício de 25 de
outubro de 1972:
– Em 1970, a Freguesia apercebeu-se de que movimentos tendentes
à sua desintegração territorial e espiritual e, por isso,
fez chegar uma exposição, a que se refere a carta do Pároco de
Mozelos de 10 de julho de 1970, manifestando o seu descontentamento
e discordância.
– Tal exposição não mereceu resposta por escrito do Paço,
mas foi dito pessoalmente ao Pároco de Mozelos que a Vergada
seria apenas uma zona de culto.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
503
– Esses movimentos de desintegração já vinham de há longa
data.
– Face ao decreto episcopal que criou a Paróquia Experimental
da Vergada, o povo em desespero e indignação encerrou
o seu templo sagrado.
– Desde o encerramento, têm os Mozelenses reunido ordeiramente
mas ansiosamente à espera de notícias.
– O acto de encerramento da Igreja não constituiu um facto
ímpio e absurdo.
– O acto de encerramento da Igreja processou-se pela calada
da noite, com o intuito de evitar distúrbios com uma minoria
de indivíduos discordantes.
9 de setembro de 1974 – Reabertura da Igreja de Mozelos.
– Quem a fechou reabriu-a, pela calada da noite.
– Pela manhã desse dia tocaram os sinos a rebate e o povo
acorreu à Igreja. No interior do templo, houve alguns distúrbios,
entre apoiantes e opositores à reabertura da mesma.
1 de novembro de 1974 – Celebração da primeira missa após
a reabertura.
1979 – Projecto de criação da freguesia da Vergada no concelho
da Feira.
– Proposta apresentada pelos Deputados da ASDI (Agrupamento
Social Democrata Independente).
1987 – Projecto de Lei nº. 109/V do PRD – criação da freguesia
da Vergada.
Este projecto de Lei foi amplamente discutido pelas Assembleias
das freguesias de Mozelos e Argoncilhe e Assembleia Municipal
de Santa Maria da Feira, tendo sido rejeitado por todas elas.
NOTA FINAL
Este encerramento terá tido algumas causas remotas, algumas
mais próximas e outras imediatas que não podem justificar
o ato do encerramento ao culto da matriz, casa-mãe dos cristãos
da comunidade, que aí foram batizados, aí aprenderam, pela catequese,
os princípio da fé, lá se uniram, pelos laços sagrados do
matrimónio, e por onde os seus restos mortais passaram antes de
serem depositados no campo santo.
504 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Terá havido, por parte de quem direta ou indiretamente se envolveu
no seu encerramento, alguma insensatez, esquecendo que
a igreja pertence à comunidade religiosa e deve manter-se sempre
disponível a todos quantos queiram prestar culto a Deus, agradecer-Lhe
a graça da vida, da saúde e da harmonia consigo mesmo e
com os outros. Assim sendo, não se pode aceitar, de bom grado, o
que foi consumado num dia triste para a história da comunidade.
Sabendo embora que a cúria diocesana poderá ter considerado
como desejável, ao tempo, a criação de uma paróquia experimental,
à semelhança de outras em vários locais da diocese,
poderá não ter feito o estudo pastoral e sociológico indispensável
para avaliar se tal decisão seria a mais ajustada à realidade temporal
e local. Por outro lado, importaria ter tido em conta a hipótese,
muito provável, como veio a verificar-se, de poder ser um
primeiro passo para a intenção da criação de uma nova realidade
administrativa que subtrairia à freguesia de Mozelos de uma parte
não negligenciável do seu território.
PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO
Uma família de Mozelos
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
507
FEIRAS, FESTAS E ROMARIAS
Em Mozelos, não havia propriamente romarias que são vetustas
manifestações pagãs, convertidas em religiosidade católica-romana
mas, sobretudo, densas de humanidade. Constituíam
a oportunidade de confraternização entre as várias gerações e
eram, de forma especial, a oportunidade dos jovens iniciarem o
processo de namoro e de o continuar até ao casamento.
Um programa comum de caráter religioso incluía missa solene
com um pregador afamado e uma procissão onde se incluíam
vários andores, cruzes, lanternas, pálio e desfile de fieis com ex-
-votos de cera nas mãos pedindo cura para os seus males ou para
agradecer graças recebidas.
Nos arraiais, havia vendedores de brinquedos, frutos diversos,
doces como o da Teixeira, regueifas doces e azedas, tremoços,
azeitonas, barracas de comes e bebes, quermesses dirigidas
por senhoras voluntárias cujas receitas se destinavam a fins diversos,
designadamente para os pobres.
Normalmente iniciavam-se alguns meses antes com a recolha
de fundos para as despesas diversas, designadamente, ornamentação
do arraial e do interior dos templos, contratação das bandas
de música, para acompanhar as procissões e fazer concertos
nos coretos instalados nos arraiais, de conjuntos e de cantores
para a animação das tardes e noites dos dias de festa, lançamento
de fogo, de estouro para ir anunciando a festa, para ser lançado,
durante o desfile das procissões e no seu recolher, normalmente
com uma descarga ruidosa que marcava a importância da festa e
para abrir e encerrar as festas, fogo preso para animar sobretudo
as crianças e o fogo de artifício lançado quase no fim da noite do
dia principal da festa iluminando a noite com a beleza feérica de
efeitos pirotécnicos, criados por pirotécnicos afamados.
As festas principais que se realizavam em Mozelos eram as
seguintes:
Em 3 de fevereiro, ou no domingo a seguir, realizava-se a festa
de S. Brás, no lugar de Sobral.
Em 13 de junho, tinha lugar a festa de Santo António, no
arraial e coincidia com a comunhão solene das crianças, que des-
No fim da romaria...
Açafate
508 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Comunhão
Nossa senhora das Neves
filavam do cruzeiro para a igreja. Esta festa da comunhão solene tinha
a intervenção de um padre especializado que explicava cada
momento com rigor e piedade, que eram intervalados ou acompanhados
por cânticos apropriados entoados por um coro e um
harmónio. Em determinado momento, intervinham normalmente
duas crianças para fazer a consagração a Nossa Senhora ou para
ler o que chamavam o discurso, ou o perdão perante o olhar
embevecido dos pais e padrinhos das crianças escolhidas para tal
função. No fim da missa e da procissão, lá iam os pais e/ou os
padrinhos comprar o desejado brinquedo para os comungantes.
Em julho, festa do Coração de Maria que tinha um caráter essencialmente
religioso, com uma preparação prévia de cerca de uma
semana de pregações diárias especialmente dirigidas aos crentes.
Por altura da festa de Nossa Senhora das Neves, era efetuada
uma procissão em sua homenagem, que ia de Mozelos ao Picoto,
encontrando-se com a procissão da mesma, vinda de Argoncilhe.
11 de novembro, festa em honra de S. Martinho, padroeiro
da freguesia, também no arraial, era uma grande festa que também
já não se realiza.
Festa em honra de Santa Luzia, em 13 de Dezembro, também
no arraial. Era uma grande festa que deixou de realizar-se. Em
2016, foi reativada, com maior simplicidade. Era a festa onde havia
promessas das pessoas com problemas de visão, já que Santa
Luzia é a padroeira das doenças dos olhos.
Embora não se enquadrando na classificação de festas com
cerimónias religiosas com a missa, sermão e procissão, mais a dimensão
profana do arraial, houve, noutros tempos outros eventos
comunitários dignos de registo, como as consoadas e os cortejos.
Consoadas
As chamadas consoadas do Menino, na altura do Natal, destinavam-se
à angariação de fundos, destinados às necessidades
da igreja, mas igualmente para recolha de bens para distribuir
pelos mais necessitados da comunidade.
Havia um planeamento prévio da sua realização, com os diferentes
lugares para recolha de valores em dinheiro e de tabuleiros
e cestos, primorosamente apresentados, com várias ofertas,
desde refeições confecionadas com o melhor que cada oferente
tinha, bolos, frutos e outros mimos que eram depois leiloados,
junto à igreja, havendo, normalmente, animados despiques pela
sua aquisição. Os lugares procuravam que o seu cortejo fosse o
mais vistoso e o mais rendoso, numa saudável emulação de que
beneficiariam os destinatários das ofertas.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
509
Cortejos
A par das consoadas, havia os cortejos de oferendas com objetivos
semelhantes, moldados pelo espírito de caridade, de arte e
de bairrismo. Apresentavam criativos enfeites, animadas canções,
danças, músicas e algumas picardias que conduziram a um bairrismo
exacerbado que culminavam, mais vezes do que convinha,
em ataques e insultos pessoais que conduziram à sua extinção.
Feira de Santa Catarina
Para além destas festas, há a feira de Santa Catarina ou dos
diospiros, em 25 de novembro, realizada anualmente no parque
do Murado e que era, noutros tempos uma grande feira de gado
e de produtos agrícolas. Na atualidade, ainda se realiza, sem a
expressão de outros tempos.
Cortejo
ORAÇÕES
As populações rurais tinham e ainda mantêm uma vivência
religiosa muito característica, onde se complementam as fórmulas
e orações transmitidas pela Igreja com outras por elas criadas
e a que não é estranha alguma tentação da procura do mágico.
Feira de Santa Catarina
As palavras rituais do fabrico do pão
S. Mamede te levede
S. Vicente te acrescente
S. João te faça pão
O Senhor te acrescente como o fole da semente.
Orações da Manhã
Ao levantar
Bendita seja a luz do dia,
Bendito seja quem a cria
Bendito seja Deus e a Virgem Maria.
Oração ao Anjo da Guarda, anjo nomeado
a cada pessoa que nasce:
Anjo da Guarda,
Minha companhia,
510 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Guarda a minha alma,
De noite e de dia.
À saída de casa
Anjo Bento, paz na guia
O Senhor e a Senhora vão e venham
Na vossa companhia.
Ao entrar na Igreja
Água benta, te recebo,
Pecados ficai aqui,
Que vou ver a Jesus Cristo,
Que ainda hoje O não vi.
São Vicente
Outra
À entrada na Igreja faz-se com outra oração, molhando previamente
os dedos da mão direita na água benta da pia e benzendo a face
em cruz, enquanto se reza:
Esta água benta tomo
Com tenção de me salvar...
Tantos são os meus pecados.
Deus mos queira perdoar...
Deus te salve casa santa,
Onde Deus tem a morada,
Onde está o cálix bento
Mais a hóstia consagrada!
Aqui nesta igreja entro
E nela quero entrar
Água benta quero tomar...
Pecados ficai aqui
Que eu vou ver Jesus
Há já muito que o não vi...
Vou-lhe pedir o que sente
Esta minha alma doente,
Carregada de pecados,
Há muito não confessados,
Nem a padre, nem a bispo,
Nem a outro cardeal;
Beijarei a santa pedra
Que a minha alma se não perca;
Beijarei a santa cruz
Que a minha tenha luz
Para sempre, amen, Jesus!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
511
No início da missa
Santa Helena toca à missa,
O Senhor a vai dizer,
Os anjos a vão cantar,
Bendita seja a hora
Em que esta alma vem rezar...
Vinde, vinde cavaleiro honrado
Com as armas de Cristo armado,
Com o leite da Virgem borrifado...
Benza a ti, benza a mim,
Bendita seja a hora em que aqui vim!
Confissão
Senhor, hoje é o primeiro dia da minha vida,
Para a morte vou caminhando e a minha hora se vai chegando.
Ó meu divino Senhor ajudai-me a confessar
Para que eu possa chegar diante da vossa divina presença.
Vós estais preso e eu estou solta, nessa cruz crucificado,
Por via dos meus pecados meu coração se abrasa.
No fogo do vosso amor eu quero – me confessar,
Dai – me a vossa absolvição e eu faço o ato da contrição.
Orações da Noite
Meu Deus, Pai, Filho e Espírito Santo
Eu Vos adoro como Criador, meu Redentor e Santificador
Agradeço-Vos humildemente
Todos os benefícios que me concedeste, neste dia.
Ofereço-Vos o meu sono e todos os momentos.
Peço-Vos que me conserveis sem pecado.
Para isso eu me acolho ao Vosso Santíssimo Nome
E me ponho sob o manto de minha Mãe Maria Santíssima
Os Vossos Santos Augustos me assistam e me guardem.
Amen. Pai-Nosso, Ave-Maria.
Oração da noite
Altíssimo Senhor da minha alma,
Pai Amorosíssimo do meu coração,
As minhas cruzes e os meus pecados sabeis quantos eles são.
Nesta vida dai-me a graça e na outra a Salvação.
Adorei o Senhor morto e preso.
Perdoaste a vossa morte que foi tão cruel e tão forte,
Perdoa também os meus pecados, os esquecidos e os lembrados,
Aos pés do meu confessor não os posso dar a confessar.
Por isso os confesso a vós Senhor que sois o rei da verdade.
Por esta alma, tem misericórdia e piedade.
Com Deus me deito, com Deus me levanto,
512 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Com a graça de Deus e o Divino Espírito Santo,
A Virgem Nossa Senhora nos cubra com o seu Divino Manto.
Se eu bem cobertinha for não terei pena nem temor,
Nem coisa que tal for,
Se eu adormecer acordai-me,
Se eu morrer aliviai-me. Pela vossa misericórdia. Amen.
Oração para dormir sem pesadelos
Diz a tradição que, este tem um pé torto e a mão furada e que, com esta,
tapa a boca das pessoas e não as deixa mexer, nem falar, enquanto
prevalecerem sob o seu domínio. Para frustrar a sua entrada reza-se
esta oração:
Com Deus me deito,
Com Deus me levanto,
Com a graça de Deus
E do Divino Espírito Santo...
Se eu dormir, acordai-me
Se eu morrer, alumiai-me
Com as três tochas
Da Santíssima Trindade.
Eu quando saio de casa,
Faço o sinal da Cruz
Para arrenegar o diabo
Santo Nome de Jesus.
Vai-te! Arreda, satanás
P’ra que tu não me tentes
Eu trago aqui comigo
Arruda de cinco dentes.
Padre-Nosso pequenino
Sete anjinhos vão comigo,
Sete livros a rezar,
Sete candeias a alumiar...
O Senhor é meu padrinho,
A Senhora é minha madrinha
Que me fez a cruz na testa,
P’ra que o demónio não me impeça
Nem de noite, nem de dia,
Nem ao pino do meidia.
Já os galos cantam, cantam,
Já os reis se alevantam...
Com a sua capinha posta
Perguntando aos meninos
Se sabiam a oração,
A oração dos pelegrinos...
Quando Deus era menino
Três Marias viu estar
Todas três no seu altar...
Tata, tata Madalena...
Estão aqui as cinco chagas
Que a todos hão-de salvar...
Salva a mim e salva a ti,
Não salve aquele judeu
Que matou o menino Deus
Ao pé da bela cruz,
Para sempre, ámen, Jesus.
Contra a Trovoada
Nossa Senhora da Conceição,
Pela Sua sagrada boca disse:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
513
Quem por Ela chamasse 150 vezes
No dia da má morte
Não morreria de perigos,
E de trabalhos o livraria
E à hora da sua morte lhe apareceria.
Quando troveja, é costume pôr num caco umas perninhas de alecrim e
oliveira – benzidas em Domingo de Ramos – em cima de brasas para
fazer fumo.
Este, até onde chegar, afasta todo o perigo. Quando relampeja, em
vezes repetidas, exclamam:
S. Jerónimo, Santa Bárbara Virgem!
Rezam, então, a Magnificat e, a cada trovão, invocam a Santa oração
seguinte:
Santa Bárbara se vestiu,
Se vestiu e se calçou,
Seu cajadinho pegou,
Pelo caminho andou,
Jesus Cristo a encontrou
E logo lhe perguntou:
– Bárbara virgem, onde vais?
– Senhor! Vou abrandar a trovoada
Que no céu anda armada...
– Vai, Bárbara, vai...
Deita-a para o monte maninho,
Onde não haja pão, nem vinho,
Nem cante galinha, nem galo,
Nem haja bafinho de menino!
Pedido de Graças
Estando tudo sossegado e fixando uma estrela, dirigem-se à Senhora
das Necessidades. Se a graça que solicitam for deferida há-de revelarse
por um sinal que pode ser um cão a ladrar, um galo a cantar ou um
homem a assobiar. E dizem assim:
Nossa Senhora das Necessidades,
Que estais à chuva e ao vento,
Diz este pensamento (pede-se a graça que se pretende)
Se concederes esta graça
Dai-me um sinal...
Quando se perdem objectos, invocam Santo António e rezam o responso:
514 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Bendito e louvado seja
Santo António, sol brilhante,
Que em Lisboa, França e Itália
Deu a luz mais rutilante...
Ó beato Santo António
Que ao monte Sinai subiste
Teu breviário perdeste
Muito triste...
Uma voz do Céu ouviste:
– António! Volta atrás
Teu santo breviário acharás,
Em cima dele
Jesus Cristo vivo encontrarás
E três coisas pedirás:
– O vivo, guardado;
O perdido, achado;
E o esquecido, lembrado!
À Virgem – Oração das Excelências
Repete-se por 12 vezes, alterando apenas o primeira verso (duas
excelências, quatro excelências, etc.). Uma excelência deu o Senhor à
Senhora da Graça:
Ó Ave-Maria!
Ó cheia de Graça!
Ó cheia de Graça,
Ó de graça cheia...
Quando o mar abranda
O Sol arrodeia!
Se ele arrodeia
Deixai-o arrodear...
Nasce na Serra
E põe-se no mar!
Põe-se no mar
Com grande valor:
São as cinco chagas
De Nosso Senhor!
Oração do Nascimento
Esta oração de nascimento é um autêntico conto de Natal, tradicional
e popular. Nela se alude à lenda, corrente entre o povo, da mula que
foi amaldiçoada, ficando para sempre estéril. Diz-se que, no presépio,
enquanto o boi bafejava o Menino Deus, a mula – com malícia –
só comia e resmungava. Por isso, conta-se que a Nossa Senhora lhe
deitou maldição, dizendo:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
515
A ventura de ser mãe
Nunca tu a gozarás...
Eis o texto da oração referida
Já lá vai S. José abaixo
E mais a Virgem Maria,
Tanto caminham de noite,
Como caminham de dia.
S. José foi buscar lume
Pois que minga lhe fazia...
E quando voltou com lume
Já o menino nascia.
Não podia dar à luz
Nem em cama de cortinas,
Nem em casa de palácio,
Só na pobre manjedoura
Onde o boi bento comia.
Quando a Senhora teve o menino
A burra arrelinchou...
– Maldição, te boto, mula,
P’ra que não paras coisa alguma...
Mas, quer paras, quer não,
Nela não tenhas ventura.
Perguntou o Padre Eterno a
S. José:
Como ficou lá a Maria?
A Maria ficou boa...
Sua cama está bem feita
Os seus lençóis bem lavados,
Com seu menino nos braços
Que assim lhe parecia bem!
E ela ficou dizendo:
Filho meu que te farei?
Não tenho cama nem berço,
Nos braços te criarei...
E o Menino Deus respondeu:
Minha mãe olhe pró Céu...
Nos braços daquela cruz
Está lá a cama e berço
Para o Menino Jesus!
Oração da Morte
Nesta oração o Senhor verbera o comportamento da alma penada,
Nossa Senhora lança a sua touca na balança levando-a para o Céu:
Numa noite triste e escura
Dum rigoroso inverno,
Morreu uma criatura
Sem receber sacramentos...
Tinha culpas e pecados
E grandes arrependimentos...
Chegou à porta do Céu e
disse:
Meu Senhor Jesus Cristo
Aqui visitar vos venho,
Sou uma ovelha perdida
Do vosso rebanho venho...
E o senhor lhe respondeu:
Escuta, escuta, alma gulosa,
Que eu sempre te escutei...
Tive-te no outro mundo
E não me deste proveito...
Lá te deixei os jejuns,
Sempre te achei a comer...
Lá te deixei os cilícios,
Nunca os pusestes em teu corpo...
Vinham-te os pobres à porta
Nunca lhes davas esmola!
Aprendestes a soberba,
Soberba não vai ao céu...
Onde esperas ir penar?
Às profundezas do Inferno!
516 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Veio a Senhora e disse:
Ó meu filho tão amado,
Ó meu filho tão querido!
Pelo leite sugaste
Na noite do bem imenso...
Filho! Salva-me esta alma,
Filho! Que se vai perdendo!
S. Miguel! Pesai as almas,
Ponde os pezinhos correntes!
Os pecados eram tantos
Que a balança ia ao chão!
Nossa Senhora chegou,
Sua touquinha tirou,
Na balança a botou...
Pela graça de Maria.
São os pezinhos correntes,
Vai a alminha para o Céu...
Devotos e criaturas
Rezai o vosso Rosário,
Não tragais pelo chão,
Que a Virgem é piedosa
E de nós tem compaixão!
Quem esta oração disser
Três anos, de dia a dia...
Quatro almas tiraria
Das penas do Purgatório:
A primeira, será a sua,
A segunda, de sua mãe,
A terceira de seu pai
E a quarta de quem quiser.
Amen.
Ao passar no cemitério
Eu vos salvo, irmãos meus,
Vós fostes como eu,
Eu hei-de ser como vós.
Pedi ao Senhor por mim,
Que eu peço ao Senhor por vós.
Padre-Nosso, Ave-Maria
Dai-lhes o eterno descanso.
Oração dos Belos Santos
Esta oração alude à paixão do Senhor e às Marias que o seguem:
Belos Santos, Belos Santos,
Três dias antes da Páscoa,
A um por um os chamava,
A três por três os juntava.
Nosso Senhor quando os viu
Todos juntos, disse assim:
Discípulos meus, qual de vós
Amanhã morre por mim?
Viraram-se uns para os outros
E nenhum lhe disse nada...
Só S. João, seu primo,
Pregador do monte brada:
Por vós, meu Deus, morro eu
Mas hoje não... amanhã...
Pois sim! É boa, João,
A tua grande intenção
Mas a tua morte, não!
Sexta-feira, ao quarto dia,
Jesus Cristo caminhava
C’oa Cruz às costas se via
Que a madeira bem pesava...
E com a corda ao pescoço
Por onde Judas pegava
Cada vez que ele puxava
Jesus Cristo ajoelhava...
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
517
Quando ao Calvário chegou
Três Marias encontrou,
Todas três de além mar!
Uma era a Virgem pura,
Outra a Santa Madalena,
Outra Marta, sua irmã,
Que era a que tinha mais pena...
Uma limpa os santos pés,
Outra as santíssimas mãos,
Outra o sangue aparava
Que o bom Jesus derramava.
Este sangue que aqui cai,
Cai num cálice sagrado...
Quem neste cálix pegar
Será bem aventurado,
Neste mundo será rei
E no outro coroado...
Quem esta oração disser
Nas sextas-feiras do ano
Tira cem almas de pena
E a sua de grão pecado.
Quem sabe, não a diz,
Quem a ouve, não a aprende,
Mas no Dia do Juízo
Verá como se arrepende!
Oração do Anjo Custódio
Esta oração destina-se a afastar as tentações ao sair de casa. Trata-se
de um diálogo entre o Anjo Custódio e o Demónio. Quem a disser não
se pode enganar pois, se tal acontecer, terá de voltar ao princípio.
O Anjo mau diz:
– Custódio, amigo!
– Custódio, sim, amigo, não!
– Queres-te salvar?
– Sim, senhor, quero.
– Dize-me o primeiro.
– É o padre
– Custódio, amigo!
– Custódio, sim; mas amigo não.
– Queres-te salvar?
– Sim, senhor, quero.
– Diz-me lá as duas.
– As duas são as duas tábuas de Moisés
– E o primeiro é o padre.
Etc.
– Dize-me as três?
R. – As três... são os três profetas
Etc.
– Dize-me lá as quatro.
– As quatro são os quatro patriarcas.
Etc.
– Dize-me lá as cinco.
– As cinco são as cinco chagas.
– Dize-me lá as seis.
– As seis... são os seis círios bentos.
518 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Anjos
Etc.
– Dize-me lá as sete.
– As sete são os sete salmos.
Etc.
– Dize-me lá as oito.
– As oito... são os oito corpos santos.
Etc.
– Dize-me as nove.
– As nove são os nove coros dos anjos.
Etc.
– Dize-me as dez.
– As dez são os dez mandamentos.
Etc.
– Dize-me as onze.
– As onze são as onze mil virgens.
Etc.
– Dize-me as doze.
Doze restes tem o Sol
E doze restes tem a Lua.
Arrebenta para aí diabo
Que esta alma não é tua.
Quando se diz esta oração, rebenta um diabo no inferno.
Oração de Santa Cruz
A reza de Santa Cruz, segundo a crença popular, tem o condão de livrar
das tentações do Demónio no momento da morte a quem o disser,
em família e com piedade, na noite de 3 de maio:
Tem-te ó alma firme e forte
que hás-de passar pela hora da morte;
O campo de Josafat passarás
E tu, minha alma, lhe dirás;
Vai-te e arreda, satanás,
Tu comigo não tens nada, nem terás,
Que eu, em dia de Santa Cruz,
Mil vezes disse:
– Jesus!
E, contando por um terço, proferem o nome de Jesus mil vezes.
Para afugentar as bruxas
Contista, contista,
S. Pedro e S. Paulo
Nesta casa assista...
Bruxas e feiticeiras,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
519
E as vozes curandeiras
Não possam entrar comigo,
Nem com a minha família,
Sem primeiro contar
As estrelas do céu
E as areias do mar!
Oração da Quaresma
Mulher cheia de pesar, mulher cheia de tristura,
Dizei-me
e pela minha ventura, pois sois a mãe doçura,
Pelo homem que buscais, adiante não vades mais.
Pelo sangue desta rua, vos darão certos sinais:
Os malvados dos judeus O fizeram levar a Cruz.
Ela era tão pesada que nem sete a levavam,
Cada passada que dava, cada passada caía e ajoelhava
Cada pancada que Lhe davam logo se levantava.
Ó meu Deus, que dor tão forte, dor do meu coração,
Tamanha atribulação sem Vos eu poder valer.
Quem disser esta oração, todos os dias da Quaresma,
Receberá uma graça do Senhor.
Quem a sabe não a diz, quem a ouve não a aprende.
Lá no dia do Juízo saberá o bem que perde.
Uma família
Encomendação das Almas
Tratava-se de uma forma sufragar as almas do Purgatório, no dia 2
de novembro, dia dos fiéis defuntos, caída em desuso em meados do
século XX.
Era costume, noutros tempos, encomendar as almas de noite.
Iam as pessoas, à meia-noite, ao cemitério, com uma campainha, começando
a tocar, dizendo:
Almas, acompanhai-me!
Iam, depois, por todas as ruas a tocar uma campainha,
pedindo Padre-Nossos e Ave-Marias pelas almas.
Baseava-se este costume na lenda que referia que certo
indivíduo saía de casa, de madrugada, levando consigo uma
campainha e um bordão.
Dirigia-se à Igreja da freguesia e, ao chegar, batia à porta com
o bordão e solicitava:
Almas boas, acompanhai-me...
Almas más, desamparai-me!
Depois, fazendo-se acompanhar pelas almas boas que tinham
ali junto da igreja os seus corpos sepultados, em descanso, dirigiase
aos pontos mais altos do lugar e, daí, fazia apelo aos vivos
para a encomendação, numa toada chorosa e cheia de piedade:
520 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Alerta, pecadores, alerta!
Que a vida é curta
E a morte é certa!
Um Padre Nosso e uma Ave Maria
Pelas almas do Purgatório!
Será pelo divino amor de Deus!
Tocava a campainha para que todos ouvissem aquele grito a
lembrar os mortos, rezando orações.
Nesse momento, todos faziam as suas rezas de encomendação
pelas almas do Purgatório e, o encomendador, após dar volta à
freguesia, regressava à Igreja para deixar as almas que o tinham
acompanhado e pelas quais fizera e pedira o sufrágio.
Em dada altura, passaram a adulterar a encomendação,
fazendo-a com a mira de donativos. Esta prática ainda existia há
algumas décadas.
Em Dia de Finados, organizavam ranchos que batiam às
portas daqueles a quem tinham falecido pessoas da família e
faziam a encomendação, rezando Padres Nossos e Ave Marias
para obterem dádivas de dinheiro ou géneros, com esta cantilena:
Hoje é dia de fiéis defuntos,
Aqui estamos
Todos juntos
A pedir e a rezar:
Deus vos ponha em bom lugar!
Ou
A esmolinha pode dar!
Se não lhes dessem nada lavravam o seu protesto, fazendo uma quase
assuada:
Alminhas na Vergada
Esta casa é tão alta
É forrada a papelão...
Os senhores que cá moram
Não nos dão nem um tostão!
Ou
Esta casa cheira a breu,
Aqui mora algum judeu...
Esta casa cheira a unto,
Aqui mora algum defunto.
Há tempos, era costume encomendar as almas de noite. Ia uma pessoa á
meia-noite ao cemitério com uma campainha e começava a tocar, dizendo:
Almas, acompanhai-me!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
521
ATIVIDADES AGRÍCOLAS
Mozelos é uma freguesia ainda com marcas rurais que se foram
perdendo nas últimas décadas, tendo-se alterado a paisagem, mas
é natural que as suas expressões culturais reflitam essa realidade.
Antes de referir aspetos vivenciais ainda próximos do nosso
tempo, trarei à lembrança alguns costumes que foram prática
corrente, durante anos.
Cada chefe de família, casado ou viúvo, devia pagar, pelo S.
Miguel de setembro, um alqueire de milho grosso da terra limpo
e seco, pela medida antiga da Feira.
Os solteiros que viviam à sua conta pagavam meio alqueire.
Os que eram obrigados ao pagamento da côngrua, deviam
satisfazer as suas coletas com as contribuições do Estado.
Os chefes de família eram obrigados a reunirem-se na residência
quando o pároco para resolver qualquer problema da
igreja ou devoção especial os convidava a dar o seu parecer.
Socorrendo-me de recolhas feitas, por pessoas idosas da freguesia,
apresento os aspetos mais significativos de vivências passadas
e que ainda hoje perduram nalgumas franjas da população
e no subconsciente coletivo.
Mozelos foi, durante séculos, uma freguesia eminentemente
rural, com grande atividade agrícola e moageira. A produtividade
das terras permitiu que Mozelos deixasse de ter uma economia
de subsistência, passando a escoar vários produtos agrícolas
e derivados da pecuária, designadamente, milho, legumes, vinho
e carne de bovino.
Repetidas vezes, é noticiada a mudança das casas agrícolas
que agricultavam para outras, na altura do S. Miguel. Convém
lembrar que os arrendamentos agrícolas decorriam de S. Miguel
a S. Miguel, com o concomitante pagamento das rendas nas suas
variadas formas.
Durante longos anos e sem modificações de vulto, a atividade
agrícola desenvolvia-se, praticamente sempre, da mesma forma.
Quando os adubos eram, ainda, um domínio da ficção química,
os campos eram enriquecidos com o estrume obtido nos
aidos do gado, a partir de matos e de fetos que se iam buscar aos
pinhais que, conjuntamente com os dejetos dos animais, constituía
um riquíssimo adubo orgânico que era retirado para os
carros com um gadanho e um forcado e colocado nos campos a
formar uma pilha.
522 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Antes de se lavrar com um arado ou com uma charrua, o
estrume era espalhado sobre a terra. Feita a lavra, a terra era gredada
para alisar e compor, a que se seguia a sementeira do milho
e do feijão com um semeador e dizia-se a seguinte oração:
Na hora de Deus te semeio. Que Deus te ponha a virtude e a nós
a saúde.
Posto isto e quando o milho começava a crescer, era mondado
e arrendado para tirar plantas e ervas daninhas.
Volvidas algumas semanas e quando o milho e o feijão apresentava
determinada altura era preciso regá-lo e, para isso, importava
encorar a água na presa ou no regueirão, fazer as tornas
para preparar para a rega.
Sementeira
Importa lembrar que a questão do usufruto das águas para as
regas assumia a maior importância, dada a sua preciosidade, e,
por isso, o direito às águas de rega fazia parte das escrituras dos
terrenos, onde se informavam os tempos e as durações das regas,
e quando não eram respeitadas as regras escritas ou consuetudinárias,
ocorriam graves disputas que chegavam a agressões e
mesmo a mortes.
A rega surgia sem escolher horas, porque era um bem escasso
e as necessidades múltiplas, e, madrugada alta, lá iam as
pessoas, alimentar carinhosamente de água a terra sedenta para
que esta lhes desse pão, fazendo-se os necessários talhadouros
para a encaminhar para onde fosse necessária. Entretanto, era
semeado, entre a seara, o azevém para quando, cortado o milho,
o gado tivesse pasto para se alimentar.
E depois era preciso cortar as bandeiras, regar uma, duas, as
vezes necessárias, e esperar que o milho amadurecesse. Contudo
antes de este ser colhido, o feijão era arrancado e posto a secar
na eira para ser debulhado. E vinha o dia da colheita, arrancando
as espigas do caule que, passado algum tempo, era cortado
pelo pé, ficando só os estrepes e posto em moreias, para ser, mais
tarde, dado a comer ao gado, depois de devidamente cortado
pelo serrote. Ainda se semeava o restibo depois de colhido o milho
na época própria.
Charrua
E a debulha de milho dava origem à verdadeira festa do pão
e à alegria que era a desfolhada ou escapelada, indo as espigas
para o espigueiro ou canastro. No início da primavera, era feita a
malho do cereal, na eira com manguais ou moais.
Havia ainda outras atividades como a vindima de uvas para
vinho verde ou americano, que ia servindo para as necessidades
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
523
da casa e para dessedentar algum visitante, acompanhando um
saboroso naco de presunto, que havia sempre no fumeiro, e da
magnífica broa de milho.
E vinha depois o ciclo da apanha da erva, fizesse sol ou chuva
ou nevasse, lá indo grandes e pequenos cortar à foicinha o
alimento do gado que lhe dava trabalho, crias e leite.
Era costume, que continuou nos tempos seguintes, dar-se a
merenda, a meio da manhã ou da tarde, desde a segunda-feira
da Pascoela até ao dia de Nossa Senhora de Fontes, no início de
setembro. As merendas, como outras atividades agrícolas, eram
motivo para o exercício do canto, como se pode avaliar pelas
composições seguintes:
Lá p’ra cima, lá p’ra cima,
Lá p’ra cima, lá p’ró canto.
O nosso patrão é rico
Ó resto dá vinho branco.
Já lá vai o sol abaixo,
Já lá vai minha alegria.
Tristeza para o patrão,
Está-se a acabar o dia.
Ramada
Mas quando chegava o dia de Nossa Senhora de Fontes, cantava-se,
amargamente:
Minha Senhora de Fontes,
Não vos torno a rezar.
Que me roubastes duas horas
Do meu corpo descansar.
Por aqui se deduz, que não era só a merenda mas o apetecido
descanso que ela proporcionava.
VOCABULÁRIO PRÓPRIO DA AGRICULTURA
Abagar ou avagar – diminuir a chuva;
Acartar ou acarretar – transportar;
Aguilhão – vara com bico para ativar bois e vacas;
524 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Sementeira
Namoro bucólico
Apor o gado – por-lhe a canga ou o jugo e pegá-lo ao gado;
Aido – curral do gado;
Aí, ou – expressão para espicaçar o gado;
Ancinho ou enxinho – rapadouro de folhas;
Anda ei – termo usado para fazer andar o gado;
Apojar – juntar o vitelo ou o cabrito à mãe para lhe provocar
melhor saída do leite;
Astrar o aido – fazer a cama ao gado;
Azevém – erva que se semeava para servir de alimento ao gado;
Bandeira – haste que era uma espécie de flor do milho;
Basculho – pequeno molho de trapos, usado na rega para
distribuir e regular a água e que significava também vassoura
ou mulher alcoviteira;
Boieira – vaca que anda no cio ou saída;
Broa – pão de mistura de milho e centeio;
Casola – rima de achas postas de determinada forma;
Empanadas – tábuas que se colocavam à volta do carro de bois
para lhe fazer carroçaria;
Encorar (ancorar) – juntar a água por meio de tapamento, quando
o curso de água era escasso;
Erguedor – instrumento utilizado para limpar o milho;
Estrepe – porção do caule do milho que ficava agarrado à terra,
depois de cortado;
Estrema – linha que dividia as propriedades;
Feito (feto) – planta silvestre que servia para as tratar os aidos e
capoeiras;
Forcado – instrumento utilizado para levantar e espalhar o estrume;
Foucinha – pequena foice para segar erva;
Fueiro – pau que se colocava nuns buracos do carro de bois;
Grade – alfaia utilizada para alisar e compor a terra;
Melanciga – melancia;
Moal ou mangual – peça utilizada na debulha do milho;
Moliço – caruma do pinheiro;
Moreia – rima de forma cónica como se dispõem as canas
cortadas do milho;
Ouxe – termo usado para incitar o gado a beber;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
525
Sarrote (serrote) – alfaia para cortar a palha ou o mato;
Restibo – milho semeado depois de colhido o outro;
Russo – chamamento do porco;
Talhadouro – corte que se faz num rego de água para desviar
para outro lado quando se anda a regar.
Tarara – aparelho que servia para tirar as pavanas do cereal;
Trinchete – fouce pequena para cortar madeira.
Espigueiro ou Canastro
UTENSÍLIOS E ALFAIAS AGRÍCOLAS
Gadanha: Cabo comprido (de salgueiro, por exemplo) e uma
lâmina de aço para segar erva;
Foucinha: Meia-lua de ferro com cabo de pau para segar erva;
Corda: Para amarrar os molhos da erva;
Inchinho (Ancinho): Cabo comprido de madeira e uma travessa
de madeira com 8 ou 10 dentes também de madeira para
amanhar (estender e limpar) os cereais (milho já debulhado),
feijão, cevada, aveia e centeio) ― na eira;
Moal (Mangual): Cabo de madeira (geralmente de castanho)
com uma correia de couro na extremidade que segura outro
cabo de madeira, mais curto, o qual, impulsionado, malha o
cereal (milho, aveia, feijão, etc.;
Para além dos utensílios já descritos, outros existem dos quais
mencionaremos apenas os nomes: forquilha, fouce de galho,
fouce de meia-lua, machado, alvião, etc.;
Charrua: Instrumento de ferro, com duas avecas e limpadores,
com gancho próprio onde se dependurava o sebeiro que continha
óleo queimado, para untar as partes que se movimentavam;
Arado: Instrumento construído em madeira, com uma lâmina de
ferro especial e duas avecas em madeira, destinadas a abrir a
terra para os lados;
Grade: Instrumento de madeira rectangular, equipado com
navalhas em madeira ou ferro, destinado a alisar a terra (de
dentes e de costas);
Semeador: Este instrumento de trabalho manual, em tempos
remotos, construído em madeira, foi mais tarde substituído
Alfaias agrícolas
Semeadores
526 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
por outros, em ferro de chapa, e destinava-se às sementeiras
de diversos cereais.
CULTURA E TRATAMENTO DO LINHO
Feixes de linho
Linho em flor, seco
Também se cultivava em Mozelos, como em toda a região, há
algumas décadas ainda, o linho que era muito utilizado para fazer
o bragal das moças casadoiras e para fazer as toalhas dos altares.
– Semeava-se como quem semeava erva e estava na terra
durante três meses;
– Arrancava-se e rapava-se num regato ou ribeiro para lhe
retirar a cabecinha que continha a semente;
– Colocava-se numa madriga (ou madria), onde ficava oito
dias de molho;
– Tirava-se e espalhava num pinhal para secar;
– Quando estivesse seco, apanhava-se e moía-se no engenho
de madeira, onde saía em pasta;
– Estrigava-se (desfazia-se a pasta) à mão e depois espadelava-se
num cortiço até saírem os tumentos (parte mais grossa do linho);
– Sedava-se no sedeiro, donde saía a estopa, separando-se do
linho que ficava na mão;
– Fiava-se com a roca e o fuso;
– Dobava-se no sarilho em meadas;
– Cozia-se em água quente com cinza dentro de uma dorna,
deitando-se água durante três horas. Deitava-se a cinza num lenço
para não ir a ferrugem para as meadas. Repetia-se este trabalho
três vezes seguidas;
– Tirava-se o linho da dorna indo ao ribeiro para o lavar;
– Vinha do ribeiro e deitava-se a secar nas canas;
– Depois de seco, dobava-se na parábola para ser finalmente
tecido no tear.
Segadas
Faziam-se segadas de azevém, centeio, etc..
Chamavam-se umas quantas pessoas que iam segar o azevém,
a aveia e o centeio e depois faziam-se as cachopas. A erva
era amarrada com cordas ou com a própria erva, para ficar di-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
527
reita para quando chovesse estar bem amarrada para a semente
não se estragar, pois iria servir para enxergões (colchões de palha)
que se faziam à noite e ao Domingo, cantando as pessoas
durante o trabalho
Os cantadores ao desafio tiravam as quadras por improviso.
Escapeladas ou Desfolhadas
As desfolhadas eram e são feitas nas eiras ou nos alpendres, à
noite, depois da ceia, à volta de um monte de espigas, à luz do luar,
ou do gasómetro, tirando-se o folhelho às espigas e, depois disso,
eram lançadas em gigas e recolhidas no espigueiro ou na casa da
eira. Constituíam uma forma de trabalho solidário entre os lavradores,
já que se ajudavam uns aos outros nesta e noutras tarefas,
quando havia maior volume de trabalho.
Nelas, aparecia uma figura típica – o serandeiro, um indivíduo
embuçado (talvez namoros dalgumas raparigas que se encontrem
na esfolhada falando com voz disfarçada), que, trajando
um varino, um manteiro e usando um varapau (marmeleiro) vinha
assustar as moças e dizer algumas graçolas mais atrevidas.
Quando alguém tinha a felicidade de encontrar um milho-rei,
era-lhe permitido percorrer o círculo e dar um xi-coração.
No fim de cada desfolhada, organizava-se uma festa em que
todos cantavam e dançavam.
O chamamento para esta actividade, era feito tocando um
corno de boi ou um búzio. Todos conheciam o sinal e quem
queria, aparecia.
Depois de cortado o milho separam-se as espigas das canas
e vão para a eira a fim de se lhe tirar o folhelho chamando-se a
isto, em Mozelos, uma desfolhada, e em outras localidades, uma
descamisada.
Canta-se em coro à desgarrada, ouvem-se ditos picarescos,
contam-se histórias, murmura-se, namora-se, enfim, reina a alegria,
pouca e expansiva, própria da gente do campo.
Terminada a desfolhada, arrumavam-se com ancinhos de
pau o folhelho para os lados da eira, tocava-se viola, e dançava-
-se por largo tempo.
Era uso, quando da última esfolhada dum lavrador, dar vinho
e castanhas cozidas às pessoas que lá foram ajudá-lo Chamam-se
a estas esfolhadas do resto ou do magusto.
Magusto
Trabalho na eira
528 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Canções de Desfolhadas
Havia várias canções sem acompanhamento instrumental,
que eram entoadas antes e durante as desfolhadas.
No alto daquela serra
No alto daquela serra
Está lá um grande repolho…
O ladrão que o vai regar
É mesmo cego de um olho!
Noite escura, noite escura,
Andar não posso com ela…
Tu bem podes, Maria,
Pôr teus olhos à janela!
Serandeiro da desfolhada
Descobre-te, põe-te alerta…
Quero saber a quem amo
Com a cara descoberta!
O meu anel
Eu perdi o meu anel
Entre as folhas do serpão…
Trás, trás… no telhado
Olha o meu anel
Entre as folhas do serpão!
Não se me dá do anel
Dá-se-me do que dirão!
Trás, trás… no telhado
Olha o meu anel
Entre as folhas do serpão!
Ora vai tu…
CORO
Ora vai tu, Ora vai tu,
Ora vai, vai…
Tu bem queres
E eu não posso
Ai! Ai!
Esta moda do vai tu
Quem na havia de inventar?
– Foram os presos da cadeia,
Estão à sombra e têm vagar!
CORO
Ao cantar dos pintassilgos
E os melros a assobiar…
Triste de quem não gosta
Das praias da beira- mar…
CORO
Ó luar, tu és luar,
És mais luar do que eu queria…
Aí vem o meu amor
Com toda a galanteria!
CORO
Ó maganão, maganão,
Ó maganão, maganão…
Um abraço pode ser
Beijinhos não nos chincas não!
CORO
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
529
Estrela do Mar
CORO
Sozinha sem guia
Onde irei parar
Dirigi meus passos
Ó estrela do mar.
Ó estrela do mar
Ó estrela da guia
Dirigi meus passos
Ó Virgem Maria.
CORO
Ó estrela do mar
Ó estrela da luz
Dirigi meus passos
Ó mãe de Jesus.
CORO
O Luar
Ó luar, tu és claro,
És mais luar do qu’eu qu’ria… (Bis)
Aí vem o meu amor
Com toda a galanteria (Bis)
Atirei com pedras d’oiro
Ao convento de Grijó…
Os frades fugiram todos
E o convento ficou só!
CORO
Aí vem o luar,
Aí vem o luar,
Aí vem o luar,
Por entre os pinhais…
Adeus meu amor,
Adeus meu amor,
Adeus meu amor,
Para nunca mais!
Aí vem o luar,
Aí vem o luar,
Aí vem o luar,
Por entre os pinhais…
Assubi (sic) ao limoeiro
E abaixo dele caí…
O limoeiro é a morte,
Ai de mim, que já morri!
CORO
Canta o pisco no salgueiro
Canta a cigarra no verão…
Canta o lavrador no campo
Só não canta o meu irmão!
CORO
Aí vem o luar (três vezes)
Atrás dos pinhais.
Adeus meu amor (três vezes)
Para nunca mais.
Eras bom rapaz
Ganhavas dinheiro.
Só tens o defeito
De seres gaboneiro. (três vezes)
Ganhavas dinheiro
No jogo da bola.
Convento de Grijó
530 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Cavalo que bebe o vinho
(Cantiga de final de trabalho, cantada entre o campo e a casa do
lavrador)
Cavalo que bebe o vinho,
Também bebe a aguardente, ai, ai, ai. (Bis)
CORO
Viva o vira, viva o vira,
Viva o vira, vira amor.
Diabo leve o cavalo,
Já não há quem o sustente, ai, ai, ai. (Bis)
CORO
O cavalo morreu ontem,
O dono no mesmo dia, ai, ai, ai. (Bis)
CORO
Panela de ferro de três pernas
O cavalo deixou pena,
O dono deixa alegria, ai, ai, ai. (Bis)
CORO
Ai desfolhadas
As desfolhadas na aldeia, ai
Em qualquer casa se faz.
Fazem virar a aldeia
Ao mais sincero rapaz.
CORO
Ai desfolhadas, lindas desfolhadas
Vinde raparigas todas lavadas.
Saiam de casa preparem-se bem
Que os namorados lá estão também.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
531
Ai desfolhadas, lindas desfolhadas,
Vinde raparigas todas lavadas.
Saiam de casa preparem-se bem
Que os namorados lá estão também.
Já se acabaram as espigas,
Ai já não há que desfolhar.
Rapazes e raparigas
Vamos p’ra eira dançar. (Bis)
Cantiga da eira
Pelo mar abaixo
Vai uma panela…
Ó do rum, tum, tum
Vamos atrás dela!
Deixei o limão correndo
E à tua porta parou…
Quando o limão te quer bem
Que fará quem to botou!
Eira
A saia da Carolina
Tem dois tomados da frente
Ai, sim, Carolina, ó i ó ai
Ai, sim, Carolina, ó ai meu bem.
Os tomados da Carolina
Fazem inveja a toda a gente!
Ai, sim, Carolina, ó i ó ai
Ai, sim, Carolina, ó ai meu bem.
Pelo mar abaixo
Vai uma maceira (ou gamela)
Ai, sim, Carolina, ó i ó ai
Ai, sim, Carolina, ó ai meu bem.
Cantigas de chamamento
Aí vem o luar por entre os pinhais
Adeus meu amor para nunca mais
Eras bom rapaz ganhavas dinheiro
Só tens o defeito de ser gaboneiro.
532 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ó ramo ó lindo ramo ó ramo da oliveira
O meu amor é mais lindo ora que anda na brincadeira
Que anda na brincadeira que anda na lealdade
O meu amor é mais lindo ora que anda na mocidade.
Cantigas de roda
Ai ó Laura querida Laura ai já não passo à tua porta
Já rasguei as tuas cartas o teu retrato já não me importa
Ai já rasguei as tuas cartas ai nos mais altos pinheirais
Ó Laura querida Laura digo-te adeus para nunca mais.
Olha a carroça do gás que falta nos faz devido à cheia
Andavas pela cidade à claridade à luz da candeia
Só tu és o meu rapaz quando é que lá vais quando lá irás
Arranja quem tenha amores que eu amores não tenho nem os sei amar.
O chapéu do Antoninho só custou quatro vinténs
Ainda mal era estreado já lhe dava os parabéns
Bater palmas palmas palmas ó meu amor dá cá a mão
Dá-me cá estes teus braços amor do meu coração.
A geração de cantadores ao desafio está em decadência, e não
é fácil improvisar momentaneamente.
Hoje os tempos são outros, as solicitações necessariamente
serão diferentes, as mentalidades alteraram-se, mas ainda hoje
quando uma desfolhada do resto se realiza, procura-se recordar
velhos tempos e os cantadores são solicitados, por todo o lado,
mas continuam com a mesma virtude que os evidenciou, cantando
por prazer e nunca por dinheiro.
A MATANÇA DO PORCO
Depois de cevados, os porcos são mortos, na época própria, para
serem acondicionados em salgadeiras, preparo de enchidos, etc.
São comprados porcos pequenos para a engorda, mas estes
devem entrar no curral, às arrecuas, e depois de esfregados com
alhos por causa da má olhadura. Mas, se por qualquer circunstância
não medrarem bem, deve um homem urinar-lhes no lombo.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
533
Matam-se os porcos, no quarto crescente da lua. Dizem que a
carne cresce na panela; e se forem mortos, no quarto minguante,
a carne não cresce.
A matança ocupa no mínimo quatro homens.
Um vai ao aido amarrar, com uma corda, a perna do porco.
O matador, à saída do aido, aguarda o animal para lhe fazer a
laçada, enquanto os outros dois, agarrados às orelhas, arrastam
o porco para ser amarrado à cabeçalha do carro de bois e ao
fueiro da traseira.
Depois de morto, o animal é chamuscado com mato ou moliço
e raspado e lavado com um pedaço de telha.
Em seguida já lavado, o porco é parcialmente aberto, na traseira
e na frente, para ser metido o chambaril (pau ligeiramente
curvo que firmava nos nervos das pernas do porco), a fim de ser
dependurado no gancho.
Começa-se então por tirar o fato (tripas, fígado, língua, colada,
bofes e coração), que as mulheres vão lavar ao rio.
Coloca-se uma cana entre as costelas, para que a carne fique
a secar até ao dia seguinte, em que o porco vai ser desmanchado.
Havia também a tradição dos mandados, isto é, presentes aos
amigos e a quem se devia favores.
Um bocado de lombo, de febras, de sangue e de fígado cozido,
é oferta muito apreciada.
Importa referir a figura típica do capador, que na época própria,
percorria os caminhos das aldeias, anunciando com uma
gaita própria, a sua presença, para consumar a sua actividade.
Muitas vezes, o capador acumulava tais funções com a implantação
do arganel no focinho do porco, guarda-soleiro, consertando
louças e guarda-chuvas e afiando tesouras e navalhas.
Boa parte deles era de origem galega que se acoitavam em
espaços de casas, das terras por onde passavam.
CICLO DO VINHO
O vinho verde, também chamado vinho da terra e o americano
que se alastrou nos últimos anos por todo o lado e quase não
existiam campos que não tivessem a sua ramada circundando o
terreno.
Existem nesta região dois tipos de cultura.
534 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Espremedor
A ramada de esteios e barrotes de madeira e mais recentemente
em ferro e arames onde as videiras são amarradas em
posição horizontal.
A de enforcado, ou seja, videiras abraçadas a árvores, especialmente
choupos.
Esta variante vai sendo substituída porque as uvas à sombra
da folhagem apresentam qualidade inferior.
O ciclo do vinho começa em janeiro/fevereiro com a poda,
aguardando-se rebentar das vides março/abril, que é uma época
bastante delicada para a produção.
Se nevar nesta época os rebentos são queimados e a colheita
será menor.
Contudo a época mais sensível para o vinho americano é em
junho quando os cachos estão a limpar.
Se houver nevoeiro pelo S. João a vindima será pobre.
Aguarda-se até à vindima, tarefa deveras trabalhosa, porque
é feita por processos artesanais, absorve muita mão-de-obra.
Nesta época a aldeia transforma-se com o vaivém das escadas
das gigas e dos canistréis (ou caniços).
E estes depois de cheios são despejados em gigas e destas
para o lagar ou dornas, usadas se a quantidade é pequena, onde,
já noite, serão pisadas.
As uvas são esmagadas por homens, que descalços e em calções
andam duas horas a dar ao pé até as uvas ficarem completamente
esmagadas, estando a operação completa quando a
grainha ficar à superfície.
Volvidos dois dias, tira-se o vinho para os pipos, saindo o
bagaço para o alambique para se extrair a aguardente a que se
chama bagaço.
O vinho não deve ser feito, quando a lua der volta, porque
ferve todos os meses.
TRAJES
Os seus trajes representativos: eram: Noivos remediados, Ir à
missa, Domingar, lavrador e lavradeira ricos, campo, festa, feira,romaria,
moleiro e padeira. Ainda não vai longe o tempo em que
as raparigas daqui usavam uns trajes característicos que foram
desaparecendo com a moda.
Em dias de festa, usavam vestir muitas saias e com bastante
roda, um paleio, punham um chapéuzinho de palha enfeitado
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
535
com uvas e folhagem artificiais e preso por um elástico à farta
trança de cabelo, ou então o típico chapéu de maçanetas com um
lenço de seda por cima.
As que tinham posses, usavam dois ou três pares de brincos
grandes, cordões grossos de argolas, com enormes corações, cruzes
e medalhões. com imagens da Paixão de Cristo e de Nossa
Senhora.
Algumas iam para as festas carregadas de ouro que até pareciam
uma montra de ourives. O seu peito era um verdadeiro
tabuleiro de ouro. Ora isso desapareceu. Mais tarde, usavam
poucas saias e quase sem roda (como as senhoras), blusas justinhas,
pois andam tão arrochadas nos seus corpetes que parece
usarem espartilho. Os grossos cordões e as argolas deram lugar
a cordões finos e a broches. Os chapéus de palha e de maçanetas
também passaram de moda, ficando apenas o lenço, que o trazem
sobre os ombros e atado à frente com um nó nas pontas, ou
estas presas por um broche de ouro.
Havia, também, linhares e espadeladas, que foram caindo em
desuso, mercê da redução do cultivo do linho.
Noivos
Homem: Fato de seborreco preto, camisa de linho branco,
laço em seborreco preto, sapatos e chapéus, pretos.
Mulher: Saia e blusa de veludo preto, lenço de cambraia fina,
meias brancas rendadas e chinelas pretas. Como adereço, o ramo
de noiva e a sombrinha.
Festa
Nas mulheres: Saia de seda comprida e rodada, chambre
branco de algodão e paletó de veludo lavrado ou de fazenda
de lã preta. Em tempo mais quente, em vez de paletó usava-se
uma blusa de seda. Chapéu de alamares ou chapéu de pluma,
lenço de seda, meia branca lavrada e chinela preta. (Há também
a variante do traje de missa de mulher rica: semelhante ao traje
de festa, mas nele a mulher usa capa preta sobre os ombros, que
acompanha a saia quase até baixo e lenço de seda ou de cambraia
fina amarrado por baixo do queixo).
Nos homens: Calça preta de fazenda, bota preta de elástico,
camisa branca de linho, colete preto com costas lisas ou axadrezadas
e chapéu preto.
536 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Traje de ir à missa (só para mulheres pobres)
Saia comprida de fazenda , blusa de algodão, chinela com
ou sem meias, um lenço de algodão ou de cochiné pela cabeça e
amarrado sob o queixo e uma saia preta de fazenda, pelos ombros
(a substituir a capa, que não podia comprar).
Romeira
Saia de justão, avental de popelina, blusa de pano cru, lenço
de cachené com folhos, pelas costas, cabeça coberta com lenço e
chinelas nos pés ou descalça . Como adereço, a condessa (cesto
em verga para a merenda), com toalha de linho bordado.
Romeiro
Traje de trabalho, com colete e camisa de riscado, lenço rapeleiro
ou tabaqueiro ao pescoço. Na cabeça, chapéu de palha
ou de algodão, ou boné. Nos pés, botas. Às costas, um corno ou
uma cabaça para levar a boa pinga.
Trabalho
Nas mulheres: Saiote de baeta, blusa de chita, faixa vermelha,
lenço de chita ou cachené, chapéu de palha pelas costas e socos
ou tamancos. Como adereços, a foice ou foicinha e o ancinho.
Nos homens: Calças em burel ou cotim, camisa de riscado,
lenço rapeleiro (tabaqueiro), corda à cinta, chapéu de palha ou
boné de cotim, botas nos pés.
Varino
Capa preta, em flanela de lã (ou baeta), com capuz. Para agasalhar
do frio e no inverno e para os serões e nas escapeladas e
até para vigiar a porta da namorada. Ao homem que usava tal
trajo chamavam-lhe o embuçado ou serandeiro e usava um varapau
de marmeleiro, para o que desse e viesse.
Palhoça
Capa de palha de junco para abrigar, da chuva e do frio, o
trabalha do campo. Usava-se com ou sem capuz.
Leiteira e Lavadeira
Saia de chita ou de algodão, avental do mesmo tecido, blusa
de chita e algibeira de pano. Faixa preta à cinta. Na cabeça, ro-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
537
dilha e lenço de cochiné, caído. Canado e medidas (quartilho e
meio quartilho) de folha. Nos pés, chinelos.
Casal de Padeiros
Homem: Calças, camisa e avental em linho branco, touca na
cabeça de pano e nos pés, umas soletas de madeira com uma tira
em cabedal. Como adereço, pá de levar a massa ao forno.
Mulher: Saia e blusa de chita, avental de linho, na cabeça um
lenço de chita amarrado ao queixo, e chapéu de homem, (usado
e enfarinhado). Nos pés, socas de madeira e cabedal, xaile preto
pelas costas (para abrigar do frio). Como adereços, uma pequena
masseira e colher de madeira para amassar a farinha.
Podador
Traje de trabalho, com camisa de riscado e uma jaleca do mesmo
tecido e chancas. Na cabeça, boné ou chapéu de cotim. À cinta,
um cinto de couro onde eram engatadas a tesoura e o trinchete.
Moleiro
Traje de trabalho, calça de cotim, camisa de riscado e camisola
de lã de ovelha no inverno. Nos pés, soletas. Na cabeça, boné
ou carapuça.
Crianças
Rapaz: Camisa de riscado, calças com alças e boné de cotim
e botas ou botins pés. Como adereços, o arco e a gancheta e a
sacola em serapilheira.
Rapariga: Vestido de chita, sacola em serapilheira, meias brancas
e socas nos pés.
Como adereços para as brincadeiras, a boneca de trapos.
INSTRUMENTOS MUSICAIS
As pessoas utilizavam com o acompanhamento, instrumentos
de corda, a saber: violas ramaldeiras, cavaquinhos, bandolim, violão
e violino, além dos tradicionais bombos, ferrinhos e reque-reque.
538 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
A tocata que acompanhava as festas compunha-se, normalmente,
de: acordeão, pífaro artesanal feito de cana, viola braguesa;
viola, violão, bombo, reque-reque, cavaquinhos e ferrinhos.
O reque-reque, o pífaro, os ferrinhos e o bombo são instrumentos
produtores de som utilizados há muitos anos atrás e atualmente
usados para marcar a cadência das danças que os dançarinos
exibem.
Ferrinhos
Os ferrinhos são instrumentos de vibração, muito utilizados
pelos grupos de folclore, são construídos por uma barra de aço
em forma triangular, não unida nas pontas e suspensos num fio
de guita para que a vibração seja livre quando percutido com
uma barra do mesmo metal.
Reque-reque
O reque-reque é um idiofone fricativo a que a maioria dos
etnógrafos portugueses atribui origem áfrico-congolesa, defendendo
que teria sido difundido na Europa a partir dos nossos
descobrimentos marítimos.
Pode ser construído a partir de madeira ou de uma cana, em
que se cavam pequenos rasgos formando uma superfície dentada.
Nalguns casos, surgem nos grupos folclóricos instrumentos
desta natureza, representando figuras humanas ou de animais
em forma burlesca.
Flauta
A flauta é um instrumento individual e de passatempo que
os homens do campo, especialmente os pastores, tocavam nas
horas de solidão, junto dos rebanhos. Num passado não muito
distante, era utilizada, partilhando com outros instrumentos, a
animação dos bailes e festas populares.
Cavaquinho
O cavaquinho é um pequeno violão de quatro cordas que se
afinam, geralmente, em sol, dó e mi. É um instrumento que tem
bastante interesse na marcação de ritmos no tom adequado, utilizando-se
muito em várias regiões do nosso País, sendo, todavia,
o fulcro da sua acção na Ilha da Madeira, onde tem também a
designação de machete ou rapão.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
539
Viola
A viola, instrumento encordoado com seis ordens de cordas
duplas, surgiu mais tarde com seis cordas metálicas simples, para
se conservarem mais tempo afinadas. Com estas novas características,
foi introduzida em Portugal na primeira década do século
vinte, de acordo com Mário Sampaio Ribeiro.
Era um instrumento relativamente frequente na animação de
bailes e desgarradas. Não tanto como a gaita de beiços, concerteza,
nem sequer posteriormente como a concertina. Mas mesmo
assim indubitavelmente usual.
A viola braguesa ou viola de arame
Esta viola designa-se de braguesa devido à grande popularidade
que sempre teve no distrito de Braga. É pois uma viola caracteristicamente
portuguesa, montada com cinco ou seis pares
de cordas, todas elas de aço ou de arame. O seu uso encontra-se
muito espalhado nos Açores, na Madeira, no Brasil e nas ex-colónias
portuguesas.
CANTARES E DANÇAS
CANTARES
Rosinha do Cruzeiro
Ó Rosinha do Cruzeiro
Que fizeste à longa trança
Que trazias lá na aldeia?
Vieste para a cidade
Perdida pela vaidade
Cortaste-a, ficaste feia!
Eras linda e sedutora
Como uma rosa em botão
Que tinha no meu canteiro…
Tão linda que o senhor morgado
Por ti ‘stava apaixonado
Ó Rosinha do Cruzeiro!
Pedido de um soldado que parte
Adeus, ó Micas, lá vou eu p’ra guerra
A Pátria a defender no batalhão…
Não te esqueças de quem chora por ti,
Não dês a nenhum outro o coração!
540 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
As Ceifeiras
Nós somos lindas ceifeiras
Pomos na eira o trigo loiro…
Vamos ceifar as espigas
Ó raparigas, nosso tesouro…
CORO
Ó de ceifa, ceifou,
Ó de torna a ceifar…
Ó do baila, bailou,
Cada qual com seu par!
Bendita seja a seara
Que nos manda o nosso
pão…
Meninos pobres e ricos
Farinha de extrema unção!
CORO
O Sr. José Coelho
Ó Senhor José Coelho
Seus porcos andam na eira…
Eu armei esta mentira
Em acção de brincadeira!
Ó Marianinha, ó minha menina,
Seus porcos andam na eira…
Eu armei esta mentira
Para ir p´ra brincadeira!
Lá no Tempo de Criança
Ela:
Lá no tempo de criança
Já tu eras meu amigo…
Eu fugia à minha mãe
Para ir brincar contigo…
Não há nada desejado
Que não seja aborrecido!
Ele:
Lá no tempo de criança
Havia gostos sem maldade…
Brincava, agora não brinco,
Porque não tenho vontade…
Já quis, agora não quero,
Estou na minha liberdade!
DANÇAS
Rusga ao Senhor da Pedra e outras Rusgas
As rusgas a caminho da romaria ao Senhor da Pedra, cantavam os
seus versos, fazendo o seu pezinho de dança no arraial.
(Canção base da romaria que se realiza anualmente, desde tempos
imemoriais nos terreiros arenosos das praias de Miramar junto à capelinha
do Senhor da Pedra, no dia da Santíssima Trindade).
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
541
Este tipo de manifestação sacro-profana não se circunscreve a
Santa Maria da Feira, havendo mesmo notícias da existência de
rusgas vindas do interior norte e centro do país.
Naturalmente, que Mozelos não escapa a tal atração, como
foi escrito pelo escritor Manuel Laranjeira:
Fui com minha mãe de meu irmão, os pequenos, a Augusta, a
outra gente da casa, à romaria do Senhor da Pedra. Íamos com a
despreocupação íntima de quem vai merendar ao ar livre.
Que olhos odientos e negros essa gente nos lançava. Olhos de ódio
e de espanto! Comprendi e a Augusta compreendeu também. Rimo-
-nos da nossa desvergonha e sobretudo da virtude indignada dessa
gente. À Augusta disse-lhe eu a meia-voz: Tantos jantares estragados
no estômago dessa gente por nossa causa! Ela, no mesmo tom, sorrindo:
– A inveja é mais indigesta do que os marmelos crus (Laranjeira,
Manuel: 1ª Agenda: Diário Íntimo: 15 de junho de 1908, citado
por Silva: Manuel Laranjeira (1877-1912) – Vivências e Imagens
de uma época: 304).
Orlando Silva faz também as seguintes considerações:
A romaria do Senhor da Pedra, que se realiza no domingo depois
do Espírito Santo, junto à praia, em Gulpilhares, Vila Nova de
Gaia, era, ao tempo de Manuel Laranjeira, uma das mais alegres e
concorridas de quantas tinham lugar nos subúrbios do Porto. Dessa
cidade, das freguesias gaienses, do concelho de Espinho, do da Feira,
afluíam ao local logo ao alvorecer, ranchos de romeiros de todas as
condições sociais. Manhãzinha, cumpriam-se as promessas; depois,
comia-se, bebia-se e folgava-se no areal ou à sombra acolhedora das
copas dos pinheiros até o sol ser comido de mansinho por aquele mar
que carinhosamente ia lambendo as fraldas do rochedo onde se ergue a
singular e singela ermida (Silva: OP.CIT.:305).
Nestas rusgas, muitas vezes, feita a pé, os romeiros, cantavam
e dançavam, trazendo à cabeças das mulheres as condensas com
os merendeiros que eram consumidos, nos arraiais.
Quando os romeiros estão no arraial, armam roda, ficando
do lado de dentro as raparigas e os rapazes do lado de fora, sempre
a girar.
A meio de cada estrofe, que um dos solistas canta, a roda gira
ao contrário. Acabada a quadra, bailam para um lado e para o
outro, isolados.
Quando, em tempos passados, as rusgas seguiam na estrada,
faziam a dança em marcha e, a espaços, paravam para armar a
roda, entoando sempre as estrofes a seguir transcritas.
542 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
A canção está muito difundida até Coimbra, norte e terra de
Lafões.
Enquanto decorre o baile, os solistas (rapaz e rapariga) cantam
bisando de dois em dois.
Ele
Fostes ao Senhor da Pedra
Minha rica Mariquinhas
Nem por isso me trouxestes
Um ramo de camarinhas...
Ela
Hei-de ir ao Senhor da Pedra.
P’ra colher as camarinhas.
Mas o meu amor é de lá
Já mas tem apanhadinhas.
Ele
Hei-de ir ao Senhor da Pedra
Inda que leve um mês
Só p’ra ver os milagres
Que o Senhor da Pedra fez.
Ela
Hei-de ir ao Senhor da Pedra
Que o meu irmão já lá foi...
Hei-de ir atrás da capela
Ver a pegada do boi.
Ele
Meu rico Senhor da Pedra
No caminho pedras tem...
Se num fosse um milagre
Já lá num ia ninguém...
Ela
Meu rico Senhor da Pedra
Meu rico Senhor sejais...
Todo o ano me esqueceis
Só no dia me lembrais.
Ele
Hei-de ir ao Senhor da Pedra
De penedo em penedo
Quando o mar se alevanta
Té as camarinhas têm medo
Ela
Meu rico Senhor da Pedra
Este ano lá hei-de ir
Ou casada ou solteira
Ou mocinha de servir.
Ele
Meu rico Senhor da Pedra
Meu rico Senhor da Areia.
Eu queria entrar lá dentro
Mas a capela está cheia.
Ela
Meu rico Senhor da Pedra
Que dais a quem Vos vem ver?
– Terreno p´ra passear
E água fresca p´ra beber
As pessoas de Mozelos também tinham por costume ir em
rusga à Senhora da Saúde, nos Carvalhos (Gaia), entoando várias
estrofes como as que, a seguir, se apresentam:
Ó Senhora da Saúde,
Dai saúde à minha gente,
Que me ficou, lá, em casa,
Uma sã, outra doente.
Ó Senhora da Saúde,
Vós, no alto, e eu, na cova;
Descei, cá abaixo, e vinde
Comigo p’ra Vila Nova!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
543
Ó Senhora da Saúde,
Que dais a quem vos for ver?
Aguinha da minha fonte
A quem a quiser beber.
Ó Senhora da Saúde,
A vossa toalha cheira:
Cheira a cravos, cheira a rosas,
Cheira a flores de laranjeira!
Ó Senhora da Saúde,
Este ano lá hei-de ir,
Ou solteira, ou casada,
Muito me hei-de divertir!
Ó Senhora da Saúde,
Lá do alto do Murado,
Mandai p’ra cá o moleiro,
Que eu ando a pão emprestado!
Ó Senhora da Saúde,
Deixai o meu Manuel
Vir das terras do Brasil,
Num barquinho de papel!
Ó Senhora da Saúde,
A romaria está a acabar…
Senhora, dai-me saúde,
Para o ano cá voltar!
A Senhora da Saúde
Tem varandas para o mar…
Não deixeis o meu amor
Naquelas águas ficar.
A Senhora da Saúde
Tem vinte e quatro janelas:
Quem me dera ser o sol
Para entrar por uma delas!
A Senhora da Saúde
Só ela pode brilhar:
Tem a sua capelinha
Levantada, à beira-mar.
A Senhora da Saúde,
Veio, cá, abaixo, à Costeira,
Com as mangas arregaçadas
Parece uma lavradeira.
Nossa Senhora da Saúde,
Carvalhos, Vila Nova de Gaia
Ó Senhora da Saúde,
Dai saúde ao meu irmão,
Que ele está p’ra dizer missa;
Dai-lhe o cálice para a mão!
Ó Senhora da Saúde,
Minha mãe, minha madrinha,
Eu já fui à vossa casa,
Agora, vós vindes à minha!
(Sousa: Cancioneiro Entre Douro e Mondego: 300 a 303)
A romaria de S. Domingos da Serra era também destino dos
romeiros, com os mesmos propósitos e fins das romarias ao Senhor
da Pedra e à Senhora da Saúde:
Ó S. Domingos da Serra,
Que estais na vossa capela,
Deitai-me por água-benta
As lágrimas de uma donzela.
Ó S. Domingos da Serra,
O caminho pedras tem;
Se não fora por milagre,
Já cá não vinha ninguém (ID.:IBID.:307 e 308).
São Domingos da Serra,
Castelo de Paiva
544 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Também a romaria de S. Cosme e da Senhora do Rosário, em
Gondomar, a última do ano na região, era também um destino
obrigatório das gentes das terras da Feira.
Ó milagroso S. Cosme
Eu sobre a água vou…
Deixai-me tornar a ver
Uma mãe que me criou.
Eu hei-de ir para o S. Cosme,
Hei-de passar a Buinha…
A minha saia amarela
Já não tem a cor que tinha (ID:IBID.:307).
São Cosme e São Damião,
Gondomar
Ó Senhora do Rosário
Ó milagrosa santinha,
Eu sou a vossa afilhada,
E vós a minha madrinha (ID.:IBID.: 299).
Não corteis a oliveira
Nem lhe boteis o machado,
Que alumia o dia e a noite,
A Senhora do Rosário (ID.:IBID.: 59).
S. Cosme e S. Damião, os santos irmãos médicos, também
serviram de inspiração ao seguinte provérbio:
S. Cosme e S. Mião tiram quantos males hão.
Siga a Rusga
ELE
Siga a rusga, siga a rusga,
Hoje tenho a liberdade
De cantar ao desafio
A mais a minha comadre...
CORO
Vira comadre
Cá pró meu lado...
Hoje temos que falar
Do dia do batizado!
ELA
Ó compadre, se quiser
Já pode perder a ideia...
Já tratei o casamento
Co’o Manel da nossa aldeia...
CORO
ELE
O Manel da tua aldeia!
Num sabe o que se passa
No dia do baptizado,
Daquela grande desgraça...
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
545
CORO
ELA
Lá por me dares um abraço
Num me estás no pensamento...
Ficou por fora da roupa
E foi levado no vento...
CORO
Estas é que são as saias...
Estas claças, estas é que são...
Era frequente o sistema do rapaz e rapariga, solistas, cantarem
como se fora ao desafio, enquanto a roda de pares girava ao
compasso de uma cantiga.
Havia uma em que as raparigas saíam da roda e iam ao meio
mostrar as saias, que apanhavam à mão, à medida que repetiam:
Estas é que são as saias...
Quando voltavam para junto dos rapazes, seus pares,
avançavam estes que, puxando as calças até meio da perna
direita, levantando esta ligeiramente, cantavam:
Estas calças é que são...
No regresso aos seus lugares dançavam em rodopio com as
raparigas e, todas em coro, completavam:
São cantadas e bailadas
Amor do meu coração!
A seguir, bisavam, trocando de par.
Esta roda teve voga nos arraiais do Senhor da Pedra pequenino,
onde muitos se juntavam com os seus merendeiros para ver
passar os carros dos romeiros e as rusgas que vinham a pé, com
seus tambores, violas e pandeiretas, a cantar estrofes alusivas ao
Senhor de Miramar.
A Cana Verde
(Dança aculturada pelo povo, a partir de danças nos salões nobres,
vistas pelos criados)
546 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Se tu visses o que eu vi,
No buraco da parede,
O sardão a mai-la bicha
A dançar a cana verde…
Ó minha caninha verde,
Verde cana de encanar…
Já morreram as velhas todas,
Já não há quem talhe o ar…
Ó minha caninha verde,
Ó minha verde caninha…
De mim não fazes farelo,
Mas podes fazer farinha.
Eu pintei a cana verde,
Eu pintei a verde cana...
Eu pintei a cana verde
No travesseiro da cama!
Ó minha caninha verde,
Ó minha verde caninha...
Para amar e querer bem
Num há terra como a minha!
A moda da cana verde
É uma moda bonita...
Agora é que estou p’ra ver
Quem é que arrebenta a fita!
Cana Verde Vareira
A cana verde vareira (Bis)
Arrebentou ao nascer (Bis)
Assim arrebente os olhos
A quem não me pode ver.
A cana verde vareira (Bis)
Verde cana de encanar (Bis)
Morreram as velhas todas
Já não há quem talhe o ar.
A cana verde vareira (Bis)
Verde cana, ó i ó ai (Bis)
Sou filha de uma viúva
Bem nova fiquei sem pai.
A cana verde vareira (Bis)
Também tem a sua dor (Bis)
Eu também terei a minha
Seja ela qual for…
A cana verde vareira (Bis)
Anda ao redor do navio (Bis)
Eu bem quero mas não posso
Sustentar, amor, teu brio!
A cana verde vareira (Bis)
‘Stá enterrada na areia (Bis)
Quem a for desenterrar
Tem cem anos de cadeia!
A cana verde vareira (Bis)
Navega e não vai ao fundo (Bis)
Indas (sic) que queira, não posso
Tapar as bocas do mundo
A cana verde vareira (Bis)
Anda como um caracol!...(Bis)
Os homens são o vento,
As mulheres são como o sol!
A cana verde vareira
Arrebentou ao nascer...
Assim arrebente os olhos
De quem me num puder ver!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
547
Cana Real das Canas
(Dança de roda, cantada e dançada em romarias e festas)
Ó cana real das canas,
Quem te mandou aqui vir
Ai se t’eu agora matasse
Quem te havia de acudir
CORO
És tão bonita, és tão corada
És tão bonita, ó minha amada
Ó cana real das canas,
Ó cana real de Gaia… (Bis)
Ai fui eu quem assentou praça.
Na barra da tua saia. (Bis)
CORO
Ó cana real das canas,
Ó cana real do Porto… (Bis)
Ai fui eu quem assentou praça.
Na barra do teu saioto (Bis)
CORO
Ó cana real das canas,
Ó cana real do Carvalhido… (Bis)
Ai! Adormeço e acordo
Contigo no meu sentido!
CORO
Ó cana real das canas,
Ó meu anjinho do céu… (Bis)
Fui eu que assentei praça
Nas fitas do teu chapéu!
CORO
Ó cana real das canas,
Ó cana real caninha… (Bis)
Ó Mariquinhas moleira
Dá-me da tua farinha!
CORO
E eu vou-te picá-la azinha
Se prometeres a ser minha!
A Velha
(Dança de roda com cantiga algo matreira, usada em finais de trabalho)
Ai, uma velha muito velha.
Mais velha que o meu chapéu.
Eu falei-lhe em casamento.
Ela ergueu as mãos pró céu.
CORO
Ai agora é que meu maneio.
É que meu maneio,
é que meu maneio.
Nos braços do meu amor.
Eu caio sem arreceio.
Ai eu caio sem arreceio.
Eu caio sem grande dor.
Agora é que meu maneio.
Nos braços do meu amor.
Ai eu namorei uma velha
Mais velha que o meu gaibão.
Eu pedi-lhe em casamento.
Ela disse-me que não.
CORO
Ai eu casei-me com uma velha.
Por causa da filharada
Fui filho da pouca sorte
Deu-me dez de uma assentada.
CORO
548 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Tirana
(Dança palaciana, dos salões nobres e aculturada pelo povo)
A Tirana morreu ontem
E enterrou-se na lareira...
Deixou uma mão de fora,
Para ajudar a cozinheira.
A Tirana morreu, ontem,
E enterrou-se na privada…
Ficou c’uma mão de fora,
Para cheirar a pitada…
A Tirana morreu, ontem,
Deus a leve ao paraíso…
Deixou-me uma saia velha…
Não posso chorar com riso!
À volta, Tirana, à volta,
À volta, Tirana, eu vou…
Vou dar a vida a quem ma deu,
Dar morte a quem me matou…
Tirana, olé, Tirana,
Tirana, olé, olé…
Casar c’um homem, sem dote,
É remar contra a maré.
Tirana, olé, Tirana,
Tirana, viste-lo ir
Por aquela barra fora,
Não lhe fostes acudir.
A Tirana morreu, ontem,
Foi-se enterrar na cadeia;
Disseram os presos todos
Nunca vi mulher tão feia.
Tirana, minha Tirana,
Tirana do arvoredo…
O meu pai foi degredado,
Eu vou cumprir o degredo.
Você, Senhora Tirana,
Diz que não come nem bebe…
Ela, serradinha, ao meio,
Não há carro que a leve.
Bonita ó Linda
(Dança de origem nobre, vista pelos criados, e trazida para o seio do
povo, que a aculturou)
Eu hei-de te amar, amar
Sim bonita ó linda.
Eu hei-de te amar, amar
Eu hei-de te amar querer
Sim Bonita – ó – Linda
Sem teu pai nem mãe saber.
Eu hei-de te amar, amar
Sim bonita ó linda
Hei-de amar a cerejeira
Hei-de te tirar de casa.
Sim bonita ó linda.
Nem mãe que a tua mãe não queira.
Nem que tua mãe não queira
Sim bonita ó linda
E o teu pai diga que não
Queira eu ou queiras tu
Sim bonita ó linda.
Está o poder na nossa mão.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
549
Vira
Ó moças virai, virai,
As costas ao Carvalhido…
Eu também viro as minhas
Ao largo de Santo Ovídio! (sic)
Ó moças virai, virai,
Que o nosso vira me alegra…
Se não fosse o vosso vira
Eu não vinha a esta terra!
Meninas dançai o vira
Até os sapatos romper…
Que o sapateiro é pobre
Ajudai-o a viver…
Ó moças virai, virai,
Que eu gosto de ver virar…
Se não fosse o vosso vira
Não vinha a este lugar.
Quando eu era pequenina
Usava fitas e laços…
Agora, que sou casada,
Trago meus filhos nos braços!
Vira Valseado
(Dança de roda. Era uma prova de resistência que só terminava quando
ficava apenas um par a dançar)
ELE
Ai rapazes, dançai o vira. (Bis)
Ai o vira tem liberdade. (Bis)
Alargai-vos no terreiro.
Dançai o vira à vontade. (Bis)
ELA
Ai rapazes, vamos embora. (Bis)
Ai que está meia-noite andada. (Bis)
Ai vamos ver se aproveitamos.
Ai o sono da madrugada. (Bis)
ELE
Ai aí vai a derradeira. (Bis)
Ai aí vai para acabar. (Bis)
Dançai todas raparigas.
O vira vai terminar. (Bis)
Vira da Meia volta
Ai, ó moças vamos ao vira,
Ai que o nosso vira me alegra
Ai se não fosse o vosso vira
Ai se não fosse desta terra.
Ai ó moças, virai, virai
Ai que gosto de ver virar
Ai as moças da minha terra
Ai com chinelas a saltar.
Ai ó moças, vamos ao vira
Ai até o chinelo romper
Ai o sapateiro é pobre
Ai, ajudai-o a viver.
Ai ó moças virai, virai
Ao no meio deste terreiro
Ai o vira da nossa terra
Ai que alegra o mundo inteiro.
550 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Virai, virai, raparigas,
Virai enquanto é dia;
Se não fosse o vosso vira, ´
Eu nunca mais cá viria.
O Velho
(Dança de roda, em esforço, demonstrando força e elegância, dançada
nas festas dos lavradores)
Olha o velho, olha o velho
Olha o velho como foge
Eu fui dar com o velho morto
Atrás da porta da loje.
CORO
Olha o velho digo, digo.
Olha o velho trás cá o velho.
Olha o velho digo, digo.
Olha o diabo do velho.
Que queria casar comigo.
Olha o velho pequenino.
Olha o velho trás cá o velho.
Olha o velho pequenino.
Anda cá ó meu velhinho.
Tornamos a ser meninos.
CORO
Olha o velho, olha o velho
Olha o velho está a suar
A velha abriu a janela
P’ró velhote tomar ar.
Malhão
(Dança em linha ou coluna usada a caminho de festas e romarias)
Ó malhão, triste malhão,
Ó malhão, triste, coitado,
Por causa de ti, malhão,
Ando roto, esfarrapado.
Ó malhão, malhão.
Ó malhão do Porto
Se matar, matei,
Se morrer, estou morto.
Ó malhão, malhão,
Que vida é a tua!...
Comer e dormir,
Passear na rua.
Ó malhão, malhão,
Ó malhão de Aveiro,
Foste dar o feno,
Estava eu primeiro.
Ó malhão, triste malhão,
Ó malhão, triste, coitado,
Por causa de ti, malhão,
Anda o mundo enganado.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
551
Regadinho
(cantiga de trabalho)
Água leva o regadinho (Bis)
Água leva e vai regar
Todos dizem que te deixe (Bis)
Mas eu nun posso deixar! (Bis)
Água leva o regadinho (Bis)
P’ra regar a pionia
Todos dizem que te deixe (Bis)
Mas eu nun deixo, Maria! (Bis)
Cum pena peguei na pena (Bis)
Cum pena escrevi um esse…
Mandei cum pena dezer (Bis)
Ao um amor que viesse! (Bis)
Água leva o regadinho (Bis)
Vai regar e vai regar…
Enquanto rega e num rega (Bis)
Meu amor vai descansar! (Bis)
Ai quem me dera que te visse (Bis) Água leva o regadinho (Bis)
Trinta dias cada mês…
Vai regar o alecrim…
Na semana sete dias (Bis) Enquanto rega e num rega (Bis)
E, a cada dia, uma vez! (Bis) Vira-te p’ra mim, Joaquim! (Bis)
Água leva o regadinho (Bis)
Vai regar o que está murcho…
O milho ao lavrador (Bis)
Que seca pelo caruncho! (Bis)
Pastorinha
(Dança de roda, cantada e dançada nas eiras após as desfolhadas)
ELE
Donde vens ó pastorinha.
Com o cestinho no braço. (Bis)
ELA
Venho de ver meu amor.
Que está preso no palácio. (Bis)
CORO
ELE
Donde vens ó pastorinha.
Tão cedo de madrugada. (Bis)
ELA
Venho de apagar o fogo
Naquela serra queimada. (Bis)
CORO
CORO
Pastorinha, anda a mais eu.
Ora se tu comigo queres vir. (Bis)
Comes aonde eu comer,
Dormes aonde eu dormir. (Bis)
552 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Vira de Roda
ELA
A cantar ganhei dinheiro (Bis)
A cantar se me acabou
A cantar ganhei dinheiro.
E a cantar se me acabou
Dinheiro mal ganhado
Água deu água levou. (Bis)
ELE
Moro à beira do rio (Bis)
Minha vida é caçar peixe
Eu quero deixar o mundo
Antes que o mundo me deixe.
(Bis)
ELA
Minha mãe case-me cedo (Bis)
Enquanto sou rapariga
Minha mãe, case-me cedo.
Enquanto sou rapariga
Que o milho sachado tarde
Não dá palha nem espiga
ELE
Debaixo desta ramada (Bis)
Não chove nem cai orvalho (Bis)
Menina que Hades ser minha
Não me dês tanto trabalho.
(Bis)
Vira de Cruz
(Cantiga e dança de resistência, de formação em cruz, com elevada
expressão cultural)
ELE
Ó moças, dançai o vira. (Bis)
Rapazes, virai, virai. (Bis)
O vira é muito lindo.
Tudo abana e nada cai.
CORO
Ai tudo abana e nada cai. (Bis)
ELE
Ó minha pombinha branca. (Bis)
Empresta-me o teu vestido. (Bis)
Ainda que seja de penas.
Eu em penas também vivo.
CORO
Ai eu em penas também vivo. (Bis)
ELA
Ó cantador não vás hoje. (Bis)
Que amanhã também é dia. (Bis)
Eu hoje quero cantar.
Com a tua companhia.
ELA
Rapazes, virai, virai. (Bis)
Batei o pé nesta eira. (Bis)
Não há dinheiro que pague.
A mocidade solteira.
CORO
Ai com a tua companhia. (Bis)
CORO
Ai à mocidade solteira. (Bis)
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
553
Furta Furta
O pai do ladrão
Mais a mãe da ladra
Foram ao meu jardim
Num me deixaram nada!
CORO
Ora furta, furta,
Meu verde limão...
Rapaz, furta a moça
Tens ocasião...
Se a num furtares
Lambão ficarás!
Ficarás lambão,
Lambão já estás!
CORO
O pai do ladrão
Diz que sim há-de ir
Se não for este ano
Vai p’ró ano que há-de vir.
CORO
O pai do ladrão
Era lavrador
Vendeu um arado
Comprou um tambor.
CORO
O Pai do ladrão
É muito bom homem
Quando vai à missa
Se há-de rezar come.
Farracatinho
De onde vens, p’ra onde vais, ó de Geraldina
Vou a casa do meu parente.
Sou filha das tristes águas, ó de Geraldina
Neta das águas correntes.
CORO
Meia volta, te darei eu (Bis)
Ou darei ou não
Outra meia, se mais não der
Ó farracatinho, ó farracatão,
Batei palmas e palminhas
Lá no meu peixinho, lá no meu peixão
Lá no meu farracatinho
Lá no meu farracatão
Viva o nosso pai João. (Bis)
De vens, p’ra onde vais, ó de Geraldina
Vou buscar-te uma flor
Vou ali ao meu jardim, ó de Geraldina
A casa do meu amor.
554 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
CORO
De onde vens, p’ra onde vais, ó de Geraldina
Como é que tens passado
Eu tenho passado bem, ó de Geraldina
Muito bem, muito obrigado.
CORO
As Calças do Meu Amor
As calças do meu amor
Custaram quatro vinténs
Inda não foram estreadas
Já lhe davam parabéns.
CORO
Batei palmas (Bis)
Ó meu amor dá cá a mão
Dá-me cá esses teus braços
Que eu dou-te o meu
.coração
Fui à fonte beber água
E a água era fresquinha
Foi naquela linda fonte
Que arranjei esta menina.
CORO
A noite estava tão bela
E era tão lindo o luar
Dei abraços e beijinhos
Com carinho até fartar.
CORO
Rosinha
(Entrava nas desfolhadas)
Ó Rosinha,
Rosinha do meio,
Vem comigo
Regar o centeio...
Regar o centeio,
Regar a cevada,
Ó Rosinha
Minha namorada...
Minha namorada
O teu amor sou eu...
Não me vou embora
Sem um beijo teu!
Senhora Ana
Ó Senhora Ana, ó Senhora Maria,
Às quatro é noite, às cinco é de dia
Ó Senhora Ana do cais da Ribeira
Você não quer não falta quem queira.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
555
Ó Senhora Ana, Ó Senhora Aninhas
Afaste o seu galo das minhas galinhas
Ó Senhora Ana do cais da Ribeira
Você não quer não falta quem queira.
Ó Senhora Ana, o seu galo deu
Uma picadela na crista do meu
Ó Senhora Ana do cais da Ribeira
Você não quer não falta quem queira.
Cais da Ribeira
Ó Senhora Ana, não corte, não corte
A raiz ao lírio que lhe causa a morte
Ó Senhora Ana do cais da Ribeira
Você não quer não falta quem queira.
A Rabela
(É outro vira em que os pares vão bailando durante o solo do cantado.
No fim da cantiga, dão a volta, sempre a mudar de par, até cada qual
encontrar o seu)
Minha mãe era rabela,
Eu com ela me criei...
Vamos dançar a rabela
Que eu outra moda não sei!
A minha mãe era rabela
E o meu pai é rabelão;
Eu também sou rabelinho,
Que tão bela geração!
Minha mãe era rabela
Eu sou uma rabelinha
Minha mãe vende da grande
Eu vendo da pequenina.
Ó senhor rei do barco
Olhe lá sua barquinha
Olhe lá sua esparrela
Que não embarre na minha.
Ó rabela, Ó rabelinha
Meu amor do coração
Andas a mostrar as pernas
A quantos rabelos hão.
O Verdegar
A moda do verdegar
É uma moda bem bonita
Todas as modas se acabam
Só a do verdegar fica.
Ó verdegar, verdegar,
Ó verdegar, verdeguei
Por causa do verdegar
Meu pai minha mãe deixei.
556 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ó verdegar, verdegar,
Ó verdegar, passarinho,
Quem quiser o verdegar
Tem de ir buscá-lo ao ninho.
A moda do verdegar
É bonita sim, é, é
Moda de andar à redonda
E o resto bater o pé.
Ó verdegar, verdegar,
Ó verdegar, verdeguita!
Todas as modas se acabam,
Só a do verdegar fica.
O Aveiro
(Ao iniciar o baile os rapazes e as raparigas alinham em duas filas,
de frente uns para os outros)
Ria de Aveiro
Ó Aveiro, ó Aveiro,
Ó Aveiro mariola
Trago o Aveiro pintado
Nas cordas de uma viola.
Ó Aveiro, ó Aveiro,
Ó Aveiro pequenino...
Trago o Aveiro pintado
Nas cordas de um cavaquinho.
Aveiro por ser Aveiro,
Por ter marinhas de sal,
És a terra mais bonita
Deste nosso Portugal!
Ó Aveiro, ó Aveiro,
Ó Aveiro, manganão
Trago o Aveiro pintado
Nas cordas de um violão.
Ó Aveiro, ó Aveiro,
Ó Aveiro do demónio...
Trago o Aveiro pintado
No tampo do meu harmónio!
Ó Aveiro, ó Aveiro,
Ó Aveiro mariola...
Trago o Aveiro pintado
Nas costas de uma viola!
Vira Velho
(Armam-se duas filas de rapazes e raparigas. No princípio eles ficam a peneirar
junto delas, durante a cantiga, respeitando a marcação. Terminada
cada quadra os rapazes recuam e trespassam, voltando à primeira forma)
Ó moças, virai, virai...
Que o vosso vira me alegra...
Se não fosse o vosso vira
Eu não vinha a esta terra!
Ó moças, virai, virai,
Té os sapatos romper...
Que o sapateiro é pobre,
Ajudai-o a viver!
Ó moças, virai, virai,
Que aí vem a viração...
Aí vem o comboio novo
A chegar à estação!
Ó moças, virai, virai,
Guardai o que vosso é...
As que num cantam, nem dançam,
Também lhes escorrega o pé!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
557
Ó moças virai, virai,
Dai as voltas ao redor...
Se eu quiser dezer bem sei
Quem é que dança melhor!
Ó moças virai, virai,
Virai que eu também virei...
Por causa do vosso vira
Meu pai, minha mãe deixei!
Ó moças virai, virai,
Que eu gosto de ver virar...
Se num fosse o vosso vira
Eu num vinha aqui cantar!
Chapéu de Palha
Aqui nesta roda não entra canalha (Bis)
Só entra o peneira de chapéu de palha. (Bis)
CORO
Ó de rouba e rouba e torna a roubar (Bis)
Rouba a melhor moça que na roda andar (Bis)
Já cá vai roubada, já cá vai na mão (Bis)
Já cá vai metida no meu coração. (Bis)
Foi mais um peneira que aqui entrou (Bis)
Deixai-o bailar qu’inda não bailou. (Bis)
CORO
Ó meu peneirento tiveste azar (Bis)
Julgavas-te esperto, ficaste sem par. (Bis)
A Ilda
(Canção de roda para romaria)
Ó Ilda que foste ao baile
Foste dançar uma valsa
P’ra lá foste calçadinha
P’ra cá vieste descalça
CORO
Ó Ilda que te enliaste
No mais alto arcipeste
Eu também me enliaria
Ó Ilda tu não quiseste
CORO
Vai, vai, meu amor, vai, vai...
Vem, vem, meu amor, vem, vem...
Eu só a ti quero amar
Ó Ilda e a mais ninguém!
CORO
Ó Ilda que me fugiste
P’ró meio deste silvestre...
Eu chamo por ti Ó Ilda,
Mas tu não me apareces
558 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Alargai-vos Raparigas
Todos davam as mãos e faziam movimentos de vaivém até
àquele que ficava no meio.
Em coro, com rima encadeada e repetindo de dois em dois
versos, cantavam assim:
CORO
Alargai-vos, raparigas,
Que o terreiro é estreito...
Quero dar duas voltinhas,
Quero dá-las ao meu jeito...
Quero dá-las ao meu jeito,
Ao meu jeito quero dar
Alargai-vos, raparigas,
Se vos podeis alargar.
Ó Senhora da Saúde
O que tens para nos dar
Uma fonte p’ra beber
Um terreiro p’ra dançar.
CORO
Canta o pisco no salgueiro
Canta a cigarra no campo
Cantigas ao meu amor
Para mim são um encanto.
CORO
Quem me dera ser a hera
Pela parede a subir
Eu iria ter contigo
Ao teu quarto de dormir.
A Ciranda
(Dança de roda conhecida em vários cancioneiros regionais. A dança
é um tanto arrastada, sem vivacidade. Quando entram no refrão os
pares obedecem às expressões que os obrigam a fazer as meias voltas, a
volta inteira e a troca de par)
Ciranda, minha Ciranda,
Vamos nós a cirandar…
Vamos dar a meia volta,
Volta e meia vamos dar.
Ó Ciranda, ó Cirandinha,
Eu hei-de ir ao teu serão...
Fiar duas maçarocas
Do mais fino algodão...
CORO
Ó Ciranda, ó Cirandinha,
Vamos nós a serandar...
Vamos dar a meia volta,
Outra meia, vamos dar...
Vamos dar a volta inteira,
Passa à frente e troca o par!
Ó Ciranda, Ó Cirandinha
Que andas sempre a cirandar
É depois da meia-noite
Que anda a Ciranda ao luar.
CORO
Ó Ciranda, ó Cirandinha,
Aperta o teu coletinho...
Coração que é de nós dois
Deve andar conchegadinho!
CORO
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
559
A Canoa
A Canoa foi à pesca
E toda a gente se admirou
Por ser a primeira vez
Uma baleia ela pescou.
CORO
Ah! Ah! Ó minha canoa
Bota a rede ao mar
Que a maré está boa...
Canoa anda lá longe
Anda lá longe a navegar
No céu anda uma estrela
Anda noite e dia p’ra acompanhar.
CORO
DANÇAS E CANÇÕES INFANTIS
Há ainda algumas décadas dançavam-se nos recreios das
escolas as danças que se apresentam.
Senhora D. Anica
Senhora D. Anica,
Venha abaixo do seu jardim.
Venha ver as lavadeiras
A fazer assim, assim.
Senhora D. Anica,
Venha abaixo do seu jardim.
Venha ver as bordadeiras
A fazer assim assim.
Senhora D. Anica,
Venha abaixo do seu jardim.
Venha ver os sapateiros
A fazer assim assim.
Senhora D. Anica,
Venha abaixo do seu jardim.
Venha ver as brunideiras
A fazer assim assim.
Senhora D. Anica,
Venha abaixo do seu jardim.
Venha ver as costureiras
A fazer assim assim.
560 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Os Caçadores
Ora dizem mal, ora dizem mal dos caçadores,
Só por matarem., só por matarem os pardais.
Ai os teus olhos, os teus olhos, meu amor
Ainda matam, inda matam muito mais.
Ora ponha aqui, ora ponha aqui o seu pezinho,
Ora ponha aqui, ora ponha aqui ao pé do meu
E ao tirar, ao tirar o seu pezinho
Ai um abraço, ao um abraço lhe dou eu.
Júlia
Ó Júlia, Ó Júlia, Ó Júlia
Que é, que é. (Bis)
Se quiseres dançar, ó Júlia
Tens de pôr aqui o pé. (Bis)
Tens de pôr aqui o pé
Tens de pô-lo aqui no chão.
Se queres dançar, ó Júlia
Tens de dar-me a tua mão.
(Bis)
Ó Júlia, ó Júlia, ó Júlia (Bis)
Já vou, já vou, já vou!
Se queres dançar, ó Júlia
Anda cá que eu aqui estou. (Bis)
O Cuco da Floresta
Estava na floresta,
O cuco a cantar
Por trás de uma giesta
Nós fomos escutar.
Cucu, cucu, cucu, cucu, cucu.
A noite estava fria,
E não tinha luar,
Ouvimos lá ao longe
O lobo a uivar.
Au, au, au, au.
Marianita
Os olhos da Marianita
São verdes cor de limão. (Bis)
Ai sim, Marianita, ai sim
Ai não, Marianita, ai não.(Bis)
Os olhos da Marianita
São negros cor de carvão. (Bis)
Ai sim, Marianita, ai sim
Ai não, Marianita, ai não.(Bis)
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
561
Ora, Bate, Bate
Ora, bate, bate, já canta a rolinha
Ora, bate, bate, no ninho sozinha.
Ora, bate, bate, já canta a rolinha
Ru, ru, ru, ru, no ninho sozinha.
Ora, bate, bate, já canta o cuquinho
Ora, bate, bate, no alto raminho
Ora, bate, bate, já canta o cuquinho
Cu, cu, cu,cu no alto raminho.
Ora, bate, bate, já canta a poupinha
Ora, bate, bate, no ninho sozinha.
Ora, bate, bate, já canta a poupinha
Poupai, poupai que eu sou pobrezinha.
Ora, bate, bate, já canta o grilinho
Ora, bate, bate, no seu buraquinho
Ora, bate, bate, já canta o grilinho
Gri, gri, gri, gri, gri, no seu buraquinho.
Ó Rosa Arredonda a Saia
Ó Rosa arredonda a saia
Ó Rosa arredonda-a bem
Ó Rosa arredonda a saia
Olha roda que ela tem.
Olha roda que ela tem.
Olha roda que ela tinha.
Ó Rosa arredonda a saia
Que fique bem redondinha.
O Barquinho Ligeiro
Um barquinho ligeiro andava
Ligeirinho, andava no mar.
A nuvem passou, o mar se agitou
O vento a soprar e o barco a virar.
Vem as ondas baloiça o barquinho
E o barquinho faz tchape no mar.
562 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Giroflé
Dispunham-se dois grupos de rapazes e raparigas em duas
linhas afastadas alguns passos e frente a frente.
Um dos grupos avançava para o outro (todos de braço dado)
e a solista cantava em toada alegre:
Eu fui ao jardim celeste...
Os outros, recuando acrescentavam em coro:
Giroflé, flé, flá...
A seguir, avançava o outro grupo, cantando assim a solista:
O que foste lá fazer?
E, em coro, os outros, à medida que retrocediam para o seu
lugar, cantavam o estribilho:
Giroflé, flé, flá...
Avançava de novo o primeiro grupo e, a solista, esclarecia:
Fui buscar uma rosa branca...
E, o coro, do mesmo jeito, respondia:
Giroflé, flé, flá...
Voltava à carga o outro grupo perguntando:
P’ra quem é essa rosa branca?!
E, recuando, os outros em coro entravam com o refrão:
Giroflé, flé, flá...
Voltava o outro grupo com a sua solista para responder:
É para a menina Dulce (ou para o menino F...)
A outra fila finalizava, então:
É do que ela gosta mais... (ou ele)
Com o coro
Giroflé, flé, flá...
Aquela ou aquele a quem foi dedicado o brinde era envolvido por
todos, que faziam roda, e andando à volta de mão dadas cantavam:
Vai de roda em toda a roda,
Vai de roda em solidão...
Ora, Aperta, Amor, Aperta
Enquanto todos bailavam, uma delas cantava, bisando os
dois últimos versos:
O meu amor e o teu
Andam ambos na ribeira
O meu anda à erva-doce
O teu à erva-cidreira.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
563
O baile suspendia os passos, cantando todos em coro, bisando
de 2 em 2:
Ora aperta, amor, aperta...
Aperta a minha centura...
Este laço de bem-querer
Só tem fim na sepultura...
Quando diziam ora aperta colocavam os braços nas costas
(ou na cinta) do respectivo par, puxando-o levemente.
Quando falavam da cintura mudavam de posição, entrelaçando
os braços com o par.
Ao chegar ao terceiro verso dançavam aos pares e, ao bisar,
modificavam a posição das mãos e até a própria dança.
A solista entrava com outra quadra, bisando também os últimos
versos:
O anel que tu me deste
Era de vidro e quebrou...
Assim dure a tua vida
O que o anel me durou!
Os pares voltavam, em coro, ao estribilho:
Ora aperta, amor, aperta...
A solista ainda tinha outras cantigas:
O meu amor ontem à noite
Pela vida me jurou
Que se vai deitar ao mar
Eu atrás dele não vou.
Ai que linda moça aquela
Que naquela casa mora
Sem me dares um beijinho
Não me vou daqui embora.
Ó lampião da esquina
Alumeia cá pra baixo...
Que eu perdi o meu amor
E, às escuras, não num acho!
Rua abaixo, rua acima,
Toda a gente me quer bem...
Só a mãe do meu amor
Não sei que raiva me tem...
O meu amor eras tu
Se não te fosses gabar...
Pelo boca perde o peixe,
Quem te a ti mandou falar?!
Atirei o limão verde
À menina da varanda...
O limão caiu lá dentro
A menina já cá anda...
Noutra roda de pares ficava um lá dentro.
Então, enquanto giravam em roda, a solista contava e repetia
o Fora o noivo:
Fora o noivo… (três vezes).
Que estará a fazer lá dentro?
Os outros, em coro, respondiam e também bisavam:
564 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Está a fazer a cama,
Está a fazer o ninho,
Pró dia do casamento!
O do meio, apontando os que queriam pô-lo fora, decidia assim:
Não te quero, (três vezes)
Não te quero a ti, não!
Em coro, todos bisavam e, depois, o do meio apontando
uma, levava-a consigo em baile e contava:
Quero só a ti, (Bis)
Amor do meu coração!
Os pares à medida que dançavam, repetiam em coro a
pequena estrofe.
No final, entrava outro para a berlinda e a roda prosseguia.
Está um Lenço...
Os rapazes e raparigas, colocando um no meio com um lencinho
na mão, bailavam em volta, enquanto a solista erguia a voz:
No alto daquela serra (Bis)
Está lá um lenço... (Bis)
De mil cores!... (Bis)
E, os outros, em coro fechavam:
Vai dizendo: Viva! Viva! (Bis)
Morra... morra...
Quem não tem amores! (Bis)
O do meio escolhia uma para seu par e intimava:
Ajoelha-te aos meus pés e reza... (Bis)
Ela ajoelhava e, os da roda, sempre a girar, lamentavam:
Nem assim... nem assim
Tens compaixão! (Bis)
Mas, o do meio, retorquia:
Levanta-te e vem dançar (Bis)
Enquanto os da roda, em coro, rematavam:
Amor do meu coração! (Bis)
A fechar, os pares dançavam na roda.
Ó de Rouba, Rouba
Os pares juntavam-se em roda, deixando um no meio, à medida
que a solista cantava, bisando de dois em dois:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
565
Ó de furta, furta
Do verde-limão,
Rapaz, rouba a moça,
Tens ocasião…
Já cá vai roubada,
Já cá vai na mão,
Já cá vai metida
No meu coração.
Ó de rouba, rouba,
E torna a roubar;
Rapaz, deixa a moça,
Vai pró teu lugar.
É mais um peneira
Que na roda entrou...
Deixai-o bailar
Qu’ inda num bailou...
Os outros, em coro, acrescentavam repetindo os últimos dois
versos:
Ó de rouba, rouba,
E torna a roubar...
Rouba a melhor moça
Que na roda andar...
O do meio, em obediência ao determinado, roubava a que
lhe agradasse e cantava, bisando os últimos versos:
Já cá vai roubada,
Já cá vai na mão...
Já cá vai metida
No meu coração!
O coro, nesta altura, “increpava-o”:
Rapaz deixa a moça,
Vai pró teu lugar...
Que ela não te ama
Nem te quer amar...
Também bisavam os dois versos finais e, depois, todos os pares
dançavam em roda.
Vamos Seguindo Avante...
Ao terminar a quadra do desafio, os pares davam o braço,
seguindo sempre em volta, com as raparigas do lado de dentro.
E, com música própria, os rapazes cantavam em coro:
Vamos seguindo avante
Rapazes da nossa aldeia...(Bis)
Depois, as raparigas, iam ao meio da roda mostrar as saias
interiores e completar a canção:
Mostrando as nossas rendas
E a nossa fina meia... (Bis)
Passavam ao meio os rapazes e, por seu turno, cantavam:
E nós os nossos calções
E o nosso pé delicado... (Bis)
566 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
E, as raparigas, tomando os seus pares dançavam em conjunto,
rematando todos:
E o nosso corpo bem-feito
Pelas damas invejado... (Bis)
No bisado mudavam sempre de par.
Delaidinha
(dança de raparigas)
Já lá vai a Delaidinha,
Já lá vai p´rá sepultura...
A quem deixaria ela
O cestinho da costura?!
Já lá vai a Delaidinha,
Já lá vai no seu caixão...
A quem deixaria ela
O seu lencinho de mão?!
O seu lencinho de mão
Deixou-o a uma prima minha...
P’ra que lhe reze por alma
Uma só Salve-Rainha...
Condessa de Aragão
(Roda de raparigas que se agarravam à saia de uma que ficava no meio)
Fora da roda estava um rapaz que, dirigindo-se à do meio,
solicitava:
Ó condessa, ó condessinha,
Ó condessa de Aragão...
Venho pedir-te uma filha
Das mais lindas que elas são!
O coro bisava a estrofe e a condessa, seguidamente, recusava:
Minha filha não te dou
Nem por ouro, nem por prata,
Nem por sangue da lagarta,
Que a criar tanto custou!
Insistia o de fora:
Oh! Que tão alegre vinha,
Tão triste me vim achar...
Pedi a filha à condessa,
Condessa não ma quis dar!
A do meio, com pena, reconsiderava:
Volta atrás, ó cavalheiro...
Se tu fores homem de bem
Minha filha te darei
E a souberes estimar bem!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
567
Então, ele, faz promessa solene:
Estimo bem, como bem,
Sentada numa almofada...
Enfiando contas de ouro,
Salta cá, minha esposada!
Neste ponto levava uma rapariga consigo e girava em volta
da roda.
Depois fazia outro pedido, a partir da estrofe inicial, e tudo
continuava até levar as outras.
Anda e Roda
Ficava no meio uma rapariga e uma da roda entrava assim,
dirigindo-se à da berlinda:
A menina que está no meio
Está na idade,
Está na idade de se casar...
Bisados os dois últimos versos a roda girava e respondia em
coro fazendo também bis na última parte:
E anda a roda,
Desanda a roda,
Escolha o par,
Escolha o par
Que lhe agradar!
Quando diziam e anda a roda a dança seguia no mesmo sentido
mas, ao cantar desanda a roda, voltavam para o lado contrário.
A do meio, quando a roda parava, apontava uma e cantava,
bisando o final:
Eu não te quero,
Tu não me serves...
Só a ti, só a ti
Que hei-de amar...
Quando dizia só a ti roubava o que tinha apontado e todos
bailavam em pares.
Se era um rapaz que estava no meio escolhia para o baile uma
rapariga.
Estas preferências davam muitas vezes a nota de estima e
de afecto entre os que participavam na roda e até se iniciavam
namoros por este modo.
Quando cantavam só a ti o rapaz colocava a mão direita na
anca da rapariga e, quando bisavam, a mão do rapaz apertava a
mão da rapariga à altura do ombro, abraçando o par pelas costas
com a outra mão.
568 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Mata, Tira, Lira, Lira
Organizavam-se duas rodas concêntricas de raparigas. As de
fora cantavam:
A nossa roda é tão linda,
Mata a tira, lira, lira...
As da outra roda acrescentavam:
A nossa mais linda é,
Mata a tira, lira, lira...
Voltavam as primeiras à carga:
Qual delas quereis vós?
Mata a tira, lira, lira...
As do outro grupo escolhiam:
A menina F... (diziam o nome)
Mata tira, lira, lira, lira...
Continuavam as outras:
Que lhe dareis vós?
Mata a tira, lira, lira...
E seguia a resposta das seguintes:
Damos-lhe uma boneca (ou uma flor)
Mata tira, lira, lira...
Se fosse de aceitar a oferta, a escolhia ia para o meio e as
outras do seu grupo aderiam:
É do que ela gosta mais!
Mata a tira, lira, lira...
Se a prenda fosse fraca e não a quisessem aceitar, a rapariga
falada não ia para o meio e, o coro, reprovava:
É disso que ela não gosta!
Mata a tira, lira, lira...
Para o meio da roda iam passando as de fora, até que, as
da roda exterior, passavam a ser as circundantes, continuando a
dança desde o principio.
Machadinha
A machadinha ficava no meio e saía da roda quando a canção
o determinava.
A do meio cantava uma quadra.
As outras mandavam escolher par. Ela fazia a escolha do
rapaz e, então, dançavam em conjunto e aos pares, bisando de 2
em 2 versos.
Dizia o coro:
Ah! Ah! Ah!
Minha machadinha,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
569
Quem te pôs a mão
Sabendo que és minha?
Sabendo que és minha,
Também eu sou tua,
Salta machadinha
Pró meio da rua...
A machadinha retorquia:
No meio da rua
Não hei-de eu ficar...
Eu hei-de ir à roda
Escolher meu par...
Os do coro consentiam:
Escolha o par
Que lhe agradar...
Um ramo de violetas
P’rá acompanhar...
Viuvinha
Fazendo roda cantavam em coro, dirigindo-se à viúva e bisando
os dois primeiro e os três últimos versos:
Olha a triste viuvinha,
Ela ali vem a chorar...
Juro que não hás-de achar,
Que não hás-de achar
Com quem casar...
Ela, então, perguntava a um da roda:
Queres casar comigo?
Ele respondia: – Não...
O coro, a seguir, repetindo os dois primeiros e os três últimos
versos, chasqueava assim:
Já levastes um cabaço,
Dois ou três hás-de levar...
Juro que não hás-de achar,
Que não hás-de achar
Com quem casar...
A viuvinha dirigindo-se a outro, inquiria de novo:
Queres casar comigo?
Ele respondia: – Não...
O coro voltava ao vexame:
Já levastes dois cabaços,
Três ou quatro hás-de levar...
Juro que não hás-de achar,
Que não hás-de achar
Com quem casar...
570 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
A viuvinha teimava com outro:
Queres casar comigo?
Aqui, encontrava adesão:
Quero...
Rejubilando com o facto cantava, bisando:
Graças a Deus que arranjei
Noivo para me casar...
O coro continuava a divertir-se, cantando e repetindo:
Nem a noiva tem que vestir,
Nem o noivo que calçar...
À medida que iam cantando, dando as mãos em roda, giravam
sempre em volta da viuvinha, que estava no meio.
Quando a viuvinha encontrava o par dançava com ele e os
outros pares do mesmo modo.
Havia variantes, como em quase todas as rodas.
Vestido Branco
Vestidinho branco
A todas fica bem...
Só à menina F...
Olaré!
A mais que a ninguém!
A mais que a ninguém,
Quer por dentro, quer por fora,
Só o menino F...
Olaré!
É que a namora...
É que a namora,
É que a namorou...
Ao sair da igreja
Olaré!
A mão lhe apertou...
A mão lhe apertou
Muito bem apertadinha...
Ao sair da igreja
Olaré!
Estava casadinha...
O bisado fazia-se de dois em dois.
Jardineiras Floreiras
Jardineiras, floreiras,
Vocês que andais a vender?
Vendo cravos, vendo rosas,
Raminhos de bem-querer...
Tenho aqui muito dinheiro
Dentro da minha algibeira,
Mas não é para você
Que eu sou muito regateira!
Indo por aqui abaixo
Em busca dos meus amores
Encontrei uma floreira
Carregadinha de flores...
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
571
A roda girava enquanto todos cantavam em coro a primeira
quadra, repetindo cada verso. Então, paravam para cantar em
conjunto a segunda quadra, batendo com as mãos nas algibeiras
durante os dois primeiros versos. No terceiro verso levantavam
o braço direito, fechando a mão, com excepção do indicador que
dava o sinal de Não.
Colocavam as mãos nas ancas, ao mesmo tempo que se meneavam
quando entravam no último verso.
Iam depois cantando outras estrofes no mesmo sistema, bailando
sempre.
O Vestido
Com o vestido de... formavam uma roda, pronunciando no
primeiro verso o nome da que ficava no meio. Bisando de dois
em dois versos, cantavam:
O vestido da F...
Custou-lhe quatro vinténs...
Inda não era estreado
Já lhe davam parabéns...
Batei palmas, palmas, palmas,
Ó meu amor dá cá a mão...
Meu amor dá-me os teus braços
Que eu dou-te o meu coração...
Quando diziam – batei palmas – batiam as palmas três vezes
e apertavam a mão quando a cantiga ordenava.
No fim da segunda quadra davam os braços e dançavam aos
pares.
Zumba
A barra da minha saia
Foi você quem ma queimou...
Co’a ponta do cigarro
Quando comigo bailou...
Bisavam de dois em dois versos.
E tinha este refrão repetido:
Zumba, zumba, zumba, olé!
Zumba na barra da saia, ó Zé!
Mascotes Cavalinhos
Era uma roda de pares No fim do segundo e quarto verso
diziam tche, tche, tche, pondo as mãos na cinta:
O meu amor nun está cá
Foi prá ilha da Madeira...
Tche, tche, tche!...
572 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Lá por ele cá nun estar
Brinco da mesma maneira...
Tche, tche, tche!...
Havia depois uma espécie de diálogo em que se juntava o
tche, tche, tche a seguir a cada verso:
A senhora que deseja?
– Um molhinho de carqueja!
A senhora que cobiça?
– Um molhinho de chamiça!
E terminava com este estribilho:
Ó mascotes...
Ó mascotes, cavalinhos...
Tremeliques, canivetes...
Ao saltar,
Ao saltar a carrasquinha
Tem cautela nun te espetes!
Carrasquinha
Era despique entre rapazes e raparigas:
Ai a moda da carrasquinha
Todos gostam de a dançar (Bis)
Viva toda a freguesia (Bis)
E o povo deste lugar
CORO
Carrasquinha sacode a saia (Bis)
Ó Manel alevanta o braço
Já que não me dás um beijo (Bis)
Olaré dá-me se quer um abraço
Ai coitadinho de quem tem
Ai dois amores na mesma rua
Passo por um diz olá (Bis)
Olaré e outro logo amua
ELAS:
A moda da carrasquinha
É uma moda excelente...
Bota o joelho ao chão
Dá vivas a toda a gente...
CORO
Carrasquinha sacode a saia,
Carrasquinha alevanta o braço...
Já que num me dás um beijo, Olaré!
Dá-me sequer um abraço!
ELAS:
Fostes dizer ó meu pai
Que eu que morri por ti...
Eu morrer por ti nun morro
Mas querer-te bem, isso sim!
CORO
ELES:
Chamais-me rapaz pequeno
E é coisa que nun me zanga...
O galo, por ser pequeno,
Salta acima e gala a franga!
Os pares andam em roda pela direita nos primeiros versos e
depois voltam pela esquerda.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
573
Quando falam no joelho ao chão dobram ligeiramente os joelhos
e no verso seguinte fingem dar vivas.
Na segunda quadra vão cumprindo a mímica assinalada, sacudindo
as saias e levantando os braços, fingindo beijar e dando
depois um leve abraço no par.
Ó que Lindo Par eu Levo
Ó que lindo par eu levo
Aqui á minha direita...
Ó que linda rosa branca
Que tão belo cheiro deita!
Cravo Branco à janela
É sinal de casamento
Menina recolha o cravo
Que o casar inda tem tempo
Ó luar da meia-noite
Que alumias cá p’ra baixo
Eu queria o meu amor
E às escuras não o acho
Meu amor era padeiro
Traz a cara enfarinhada
Se os beijos sabem a pão
Não quero comer mais nada
Ó luar tu és tão lindo
É tão linda a tua cor
Que alumias toda a noite
O quarto do meu amor
Que lindo botão de rosa
Aquela roseira tem...
Debaixo ninguém lhe chega,
Lá acima nun vai ninguém!
Ó minha mãe quem é aquele
Que pegou em mim na rua?
Ó ladrão deixa a menina
Que ela é minha e nun é tua!
Canastrinha
Atirei co’a laranja ao ar,
Coa laranja ao ar...
Caiu na areia!
À vista dos meus olhos
Quem tem juízo vareia!
Menina que vai andando
Cum a sua canastrinha...
Amostre-me a sua fruta
Se ela é boa e madurinha!
Minha fruta é muito boa
P’ra quem a quiser comprar
É laranjinha escolhida
De casa particular...
Ao escolher a laranja,
Escolha também limão,
Para tirar uma nódoa
Que eu trago no coração!
Que eu trago no coração
Uma laranja partida,
Para dar ao meu amor
Que anda de beiça caída...
Que anda de beiça caída,
Que anda de nariz torcido...
Para dar ao meu amor
Quando for o meu marido...
574 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Pezinho
(Era outra roda onde conforme ordenava a primeira estrofe colocavam à
frente o pé direito e mudavam depois e, ao abraçarem-se, davam volta)
Ponha aqui o sei pezinho
Ponha aqui ao pé do meu...
Ao tirar o seu pezinho
Um abraço lhe dou eu...
Meu amor não morras hoje
Que amanhã também é dia...
Eu também hei-de morrer,
Vou na tua companhia...
Ponha aqui o seu pezinho,
Ponha aqui, se quer pôr...
Se não quer pôr, não ponha,
Nun lhe peço por favor!
Primavera
Eu hei-de dizer à Lua
Quando estiver à janela,
Que não dê na minha rua
Porque eu brilho mais do que ela!
E o coro assinalava:
A primavera tem lindas flores,
Como ela não as há iguais...
A primavera vai e volta sempre
A Mocidade vai, não volta mais!
E a solista entrava de novo:
Não sei que mal fiz ao Sol
Que não dá na minha rua...
Hei-de vestir-me de preto
Que de branco anda a Lua!
E o coro repetia a sua estrofe.
JANEIRAS E REIS
Nas noites da passagem do ano e dos reis, era costume organizarem-se
grupos de tocadores e cantadores que percorriam as
ruas das povoações desejando bom ano aos moradores das casas,
sobretudo os mais abastadas, já que pretendiam deles chouriças,
bolos da época e outras iguarias.
Hoje esta atividade é desenvolvida pelos grupos etnográficos
em busca de dinheiro para as suas atividades.
Ontem como hoje entoam estas e outras cantigas.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
575
JANEIRAS
As janeiras não se cantam,
Nem aos reis, nem aos fidalgos;
Cantamos a vós, senhores,
Por ser ano melhorado.
Lá na noite do Natal,
Noite de grande alegria,
Caminhava São José
E mais a Virgem Maria;
Caminhavam para Belém,
Para lá chegar com dia.
Quando a Belém chegaram,
Já meia-noite seria.
S. José foi buscar lume,
Só ficou a Virgem Maria;
Quando São José chegou,
Já a Virgem tinha parido.
Pariu numa pobre porta,
Que nem uns paninhos tinha!
Deitou as mãos à cabeça,
Rasgou um véu que trazia.
Fê-lo em quatro pedaços
O Menino Deus cobria!
Desceu um anjo do Céu,
Que paninhos lhe trazia.
Uns eram bordados de ouro
Outros de cambraia fina.
Voltou o anjo ao Céu
Cantando Ave Maria Lá no
Céu lhe perguntaram,
Como ficou a Maria.
A Maria ficou boa
Só a noite muito fria.
Olhai lá para o Alto Céu,
Lá vereis uma cruz,
Com travesseiro e cama,
Para o Menino Jesus.
O Menino está no berço,
Embala-o S. José,
Os anjos lhe estão cantando
Gloria tibi Domine!
Embala, José! Embala
Com a mão nanja com o pé
Esse menino que embalas,
É Jesus de Nazaré!
Vamos ver a barca nova,
Que fizeram os pastores,
Nossa Senhora vai dentro
Os anjos são remadores.
Ó meu Menino Jesus,
Amar-vos é um regalo:
Nascestes à meia-noite
Ao primeiro cantar do galo!
BOAS FESTAS
Refrão
As Janeiras não se cantam,
Nem a Reis nem a criados,
Mas nós vimo-las cantar,
Por ser anos melhorados!
Estais a dormir, deveis acordar,
São as boas festas que vimos dar.
Estais acordados, vinde cá ver,
Abri a vossa porta p’ra nos receber!
Refrão
Viva o senhor desta casa,
À sua porta chegamos,
Vimos dar as boas festas,
No costume dos mais anos!
Refrão
Os três Reis do Oriente,
Toda a noite caminharam,
Em busca do Deus menino,
Que só em Belém acharam!
576 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Refrão
Vinde cá ver,
E ouvir também,
O que temos p’ra dizer,
Não é segredo p’ra ninguém,
Uma estrela no céu,
A anunciar o amor,
O menino que nasceu,
Acreditem por favor!
Refrão
Louvados sejam os Reis,
Que por montes e vales,
Enganaram, vós sabeis,
O Rei Herodes.
Seguindo por tal caminho,
No regresso às suas terras,
Protegendo assim o menino,
Da maldade das feras!
OS REIS
Ó da casa nobre gente!
Escutai e ouvireis:
Da parte do Oriente
São chegados os três Reis!
São chegados os três Reis
Da parte do Oriente,
Adorar o Deus menino,
Alto Deus omnipotente!
Antes das culpas de Adão,
Rezavam as profecias,
Que havia de vir ao mundo
O verdadeiro Messias.
Chegando aquele tempo,
Que era determinado,
Nasceu a mulher, flor
Daquele jardim sagrado.
Naquela noite ditosa
Que ao mundo deu alegria,
Nasceu o verbo divino,
Das entranhas de Maria.
Entrou e saiu por ela,
Como o sol pela vidraça;
Pariu e ficou donzela
Maria, cheia de graça!
Logo mandou o Padre Eterno
Com poder omnipotente,
A inspirar nos corações
Dos três Reis do Oriente.
Eles que já esperavam,
Por aquele grande amor,
Em ver que era nascido
O monarca superior,
Como humildes vassalos
Se deitaram ao caminho.
Chegaram à corte de Herodes,
Perguntaram de repente
Aonde era nascido
O monarca omnipotente.
Tem Herodes no seu peito
Uns desejos bem diferentes;
Desembainhou seu cutelo
No sangue dos inocentes.
Herodes como malvado,
Como perverso maligno,
Aos santos Reis ensinou
Ás avessas o caminho.
Deus que estava no Céu
Vendo tão grande desatino,
Mandou a estrela da guia,
Que lhe ensinasse o caminho.
Guiados pela estrela
Foram ter logo a Belém,
Adorar o Deus menino,
Que nasceu por nosso bem.
A estrela se poisou
Em cima duma cabana,
Aonde todos adoraram
A Jesus, neto de Ana
A cabana era pequena,
Não cabiam todos três;
Adoraram o Messias,
Cada um por sua vez.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
577
Os três reis lhe ofereceram
Ouro, mirra e incenso,
Não lhe ofereceram mais nada,
Porque era o Deus imenso.
Entrai, pastores, entrai!
Por esse portal sagrado
Lá vereis estar Deus menino
Numas palhinhas deitado;
Entrai, pastores, entrai!
E vinde ver e vereis
Em pobres palhas deitado
O soberano Rei dos Reis!
Tão pobrezinho nasceste
Meu adorado Jesus!
O pago que recebeste,
Foi pregado numa cruz!
Bem pregado numa cruz!
Bem puderas, meu Jesus,
Nascer em leito de ouro fino,
Mas para dares o exemplo,
Nasceste tão pobrezinho!
Glória seja dada ao Padre,
E a Deus filho também!
Glória ao Espírito Santo,
Para todo sempre. Amen!
CANÇÃO DE NATAL
Vimos dar as boas festas
À família desta casa (Bis)
Cantando com alegria
E o coração em brasa. (Bis)
Do Natal ao ano novo
Reina a paz e harmonia (Bis)
Eu peço a Deus para todos
Um Natal dia a dia. (Bis)
Às crianças que no mundo
Vivem sem sol no escuro (Bis)
Queremos que toda a gente
Tenha esperança no futuro. (Bis)
Abrem-nos a vossa porta
Vinde connosco cantar (Bis)
Vamos todos dar as mãos
Que ano novo vai chegar. (Bis)
Nesta quadra tão festiva
A todos vimos saudar (Bis)
Se Deus quiser para o ano
Nos havemos de encontrar. (Bis)
VIVA LÁ, SENHOR DA CASA
Viva lá sr. José
Ai à sua porta nos tem (Bis)
Ai venha abrir sua janela (Bis)
P’ra ver se a festa vai bem.
Viva lá sr. José
E a sua esposa querida (Bis)
Ai Deus lhe dê muita saúde (Bis)
Ai e muitos anos de vida.
Ai adeus ó sr José
Ai até ao ano que vem (Bis)
Ai Deus lhe dê muita saúde (Bis)
Pró ano novo começar.
Nascimento de Jesus
Foram os pastores,
E os Reis também,
Os anunciadores
Do Jesus de Belém.
578 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Estrela de Belém,
Que ilumina o céu
E a terra também.
Indica que nasceu.
Jesus de Maria,
Ao lado de José,
Enchendo de alegria
Os homens de boa fé!
Nasceu um menino,
Para o mundo mudar,
Ainda era pequenino
E já fazia pasmar.
Pelo que conseguia,
A todos ensinar,
Na vida do dia a dia,
Aos homens educar!
Os três Reis foram guiados,
Por uma estrela de guia,
Em busca do Deus menino,
Filho da Virgem Maria!
Os três Reis foram levados,
Por uma estrela brilhante,
Numa noite serenosa,
E um hino triunfante!
Lá no céu está uma estrela,
Formada de pedraria,
Anuncia o Deus menino,
Filho da Virgem Maria!
TRADIÇÕES DO CASAMENTO
Como é sabido, quer o casamento, quer o namoro e o noivado
que o precedem, têm regras e tradições a que os povos andam
intensamente apegados, por vezes, até de modo supersticioso.
Por outro lado, toda essa matéria anda envolvida em aspetos
aliciantes que convirá de algum modo sistematizar, seja no lirismo
das cantigas que os abarcam, seja nos ditos sapientes que lhes
respeitam, nos usos populares que os dominam ou até mesmo
nas crenças mágicas que os determinam.
Os usos e costumes desta região não são privativos e antes se
estendem a todo o norte do país, com pequenas variantes.
Os casamentos falados ou tratados foram poucos, em Santa
Maria da Feira, pois regra geral eram fixados através da solicitação
de terceira pessoa, muitas vezes o pai ou pais do noivo, mediante
um formal pedido que conduz ao noivado, como ainda hoje é lei.
Estes pedidos, porém, só se formulavam (e mesmo agora
também assim sucede) após um período mais ou menos longo
de preparação – o conhecido namoro.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
579
O NAMORO
Era nos terreiros e nos arraiais das romarias que se iniciava
o derriço.
As raparigas sentavam-se em lugar previamente fixado, às
vezes no adro da igreja, aguardando em fila que algum rapaz as
cortejasse.
Dizia-se em linguagem popular que a rapariga se punha em
praça...
O pretendente que passava dirigia galanteios aquela que mais
o impressionava, fazendo-o com um dito espirituoso ou uma expressão
graciosa ou mesmo uma quadra insinuante.
A moça em praça, já preparada para o despique, retorquia
em tom de aceitação ou de afastamento. Ainda hoje, nalguns
sítios durante a romaria, as raparigas manifestam os seus sentimentos
por meio de uma varinha.
Quando uma rapariga, vinha de um festa sem namorado,
dizia-se que vinha a arrastar a pescada e até a pequenada usava
dizer, em ar de galhofa: arrasta, arrasta!
Em tempos idos, aqueles e aquelas que passavam no arraial
pela primeira vez para o derriço iam desembarbar-se, como então
se designava a peripécia.
Os rapazes e as raparigas não podiam namorar com liberdade.
Há um dia no ano para iniciar os amores sem reparo: é o dia
de S. Tiago.
Chamam a essa peripécia, do iniciar o namoro, largar a caganita...
Nalguns lugares, quando o rapaz inicia a conquista da rapariga,
começando a persegui-la, diz-se que lhe arrasta a asa.
Os conversados mantinham diálogos ingénuos que não afectavam
o crédito da rapariga. Esta não perdia com tais conversas
inocentes, que não passavam de simples passatempo, e não representavam
compromisso para nenhum deles.
Terminada a justa de ambos se despediam e voltavam a repetir
o derriço com outras e com outros.
No fim do arraial era costume o rapaz acompanhar até à sua
residência a última rapariga com a qual estivesse derriçado. Se
alguma regressasse a casa sem conversado estava sujeita a galhofa,
dizendo-se que vinha a arrastar!
580 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Se o rapaz voltasse a casa da rapariga para a ver e prosseguir
na conversa encetada (em geral aos domingos e dias santos) principiava,
então, um namoro a sério.
Mas, enquanto o namoro não entrasse num capítulo de compromisso,
ambos falavam de pé, muitas vezes até às escondidas.
Quando o rapaz entrava de namorar em ambiente de confiança
a sentar-se numa cadeira, sentando-se também ela noutra.
Durante o namoro, trocavam prendas, fotografias com dedicatórias
e cartas amorosas que faziam o enlevo de um e outro.
Porém, caso não continuasse o namoro, restituíam-se os objectos
trocados e a correspondência.
Era crença, que ainda hoje se mantém, que os namorados
não podiam fazer troca ou dar lenços brancos por tal facto ser de
mau presságio, significando apartação, como também era mau e
dava infelicidade oferecer objectos que picassem (alfinetes, tesouras,
canivetes, etc.
A rapariga solteira não podia assobiar, fosse onde fosse, pois
não casaria virgem se violasse a prescrição.
Não deviam varrer-se os pés de rapaz solteiro pois, fazendo-
-o, varria-se-lhe o casamento.
Quando uma rapariga solteira ia lavar e molhava demais o
avental na frente prediziam logo:
Deixa estar!
Hás-de casar com homem bêbado!
As solteiras, quando viam um cuco, interrogavam-no deste
modo:
Ó cuco da beira-mar!
Quantos anos me dás para eu casar?
Contar-se-iam nesta sorte do cuco as vezes que ele cantava
que correspondiam aos anos em falta para a inquiridora ser levada
ao himeneu...
Quando a rapariga solteira trabalhava nos seus lavores e se
picava no dedo mínimo, o facto anunciava casamento.
Na noite de S. João, as raparigas solteiras, pela meia-noite,
lançavam num copo de água a clara de um ovo de galinha preta,
fazendo esta solicitação:
S. João de Deus amado,
S. Pedro de Deus querido,
Mostrai a minha sorte
Neste copinho de vidro!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
581
Colocavam depois o copo ao relento e, antes do nascer do
sol, iam verificar os desenhos apresentados pela clara espalhados
na água do copo para fazer a sua interpretação.
Nos arabescos formados estava definido o ofício do rapaz com
quem havia de casar e até o número de filhos que dariam ao mundo.
NOIVADO
Em dado momento, quando planeavam o casamento, fazia-se
o pedido da mão que, em regra, era feito pelos pais do noivo ou
mesmo por outra pessoa de respeitabilidade.
No dia do pedido, o noivo oferecia à noiva o anel de noivado,
que era já uma promessa de núpcias.
Havia festa em casa da noiva e quem fazia o pedido, em geral,
servia mais tarde como testemunha e padrinho do acto.
Porém, nem sempre se cumpria todo o formalismo, sobretudo
em relação às pessoas de nível económico mais modesto.
Os namorados, após o pedido, ficam vinculados a um compromisso
e iniciam os preparativos para a grande cerimónia.
As raparigas casadoiras desde longe contraíram a crença de
que, para conquistar felicidade, teriam de adquirir uma colcha
com moedas de pequeno valor.
Utilizaram primeiro as moedas de 5 réis até que passaram
pelas moedas de 1 centavo e foram até às de 5, 10 e 20 centavos,
no tempo presente.
O noivo passa a ter entrada em casa da noiva e esta começa a
executar o seu enxoval, fazendo por si própria paninhos diversos
para enfeitar móveis, toalhas de mesa e lençóis bordados, com monogramas
constituídos pelas iniciais do primeiro nome de cada um.
Marcada a data do casamento, com mais ou menos distância,
faziam ou mandavam fazer participações e convites aos parentes
e amigos, nas proximidades do acto.
Os convites, quando se tratava de pessoas mais distintas,
eram feitos pelos próprios pais dos noivos.
Antes do casamento faziam-se e ainda se fazem na igreja os
pregões (proclamas), a que chamam banhos, depois do pároco
da freguesia instruir o respectivo processo.
Claro que não vamos falar aqui dos casos especiais em que
há dispensa de proclamas ou daqueles que se fazem nas freguesias
da naturalidade dos nubentes.
582 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Um brinde aos noivos
(óleo de Carlos Reis)
No dia em que se procedia à leitura dos segundos pregões
a família da noiva, em tempos idos, ia a casa dos pais do noivo
para as apresentações.
Então, a noiva ou uma amiga desta levava um cesto (açafate
de pé de chícara) com regueifa, queijo, vinho do Porto e outras
prendas para oferecer aos familiares do noivo.
Era conhecido por dia das rabanadas por a noiva levar um
prato destas iguarias para todos saborearem e demonstrar assim
as suas possibilidades culinárias.
Fazia-se uma boda de noivado que os pais do noivo ofereciam
em sua casa.
Actualmente, essa prática caiu em desuso.
Entre as crenças populares existe uma que proíbe aos noivos
figurar como padrinhos de crianças recém-nascidas pois, se o
fizerem, o casamento desfaz-se em breve e não se realiza.
Quando estava previsto um casamento de viúvo, já maduro,
com rapariga nova os rapazes da terra, munidos dos mais variados
utensílios, iam à porta do noivo durante várias noites fazer-
-lhe assuada barulhenta cantando estribilhos, entre outros este:
Olha o velho, quer casar,
Pegue nas contas e vá rezar...
Este costume deu lugar por vezes a conflitos sérios mas, apesar
disso, ainda hoje funciona e também se aplica ao casamento
dos velhos.
É de mau augúrio (dá infelicidade) que os noivos oiçam na
igreja os proclamas do seu casamento, entendendo-se nalguns
lugares que nem os familiares deverão ouvi-los.
Durante o noivado, na vizinhança do acto solene, os convidados
e amigos oferecem prendas aos noivos que, no dia da
boda, são expostas em lugar próprio.
E tudo isto acontece, apesar da cantiga popular que recomenda:
Solteirinha, não te cases,
Goza-te da boa vida...
Que eu bem sei de uma casada
Que chora de arrependida!
E daquele ditado que aconselha:
Antes que cases,
Vê o que fazes...
E diziam também:
Casa com uma mulher
E não com a cara que ela tiver!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
583
SERÕES FIADEIROS
Namorava-se à noite, fazendo-se serão, tecendo lã e fiando a
lã e o linho
Os rapazes namoravam as raparigas, enquanto elas trabalhavam
nos teares em casa. Namorava-se por motes.
Rapaz
Muito boa tarde menina
Agora aqui cheguei
Com vontade de mijar
Ainda hoje não mijei.
Rapariga
Se ainda não mijou
Não tenho nada com isso
Vire-se lá para a parede
Faça esse serviço.
Cantavam à janela e quando as mães não deixavam as raparigas
vir ter com os rapazes diziam:
Já que não vens à janela, dá um sinal de luz, para eles saberem
que elas estavam a ouvir, diziam:
Celestinha a tua mãe
Pensa que sou um macaco
Para vir aqui trupar
À janela do teu quarto.
Como acontece em todos os tempos, havia amores proibidos,
com os resultados conhecidos.
Ela
As graças do meu patrão
Dão-me vontade de rir
Não se ponha com chalaças
Que a senhora pode ouvir.
Ele
A senhora está a dormir
Não ouve o que a gente diz
Faz-me o serviço bem feito
Que eu te hei-de fazer feliz
Lá no dia dos meus anos
Vais comigo a Paris.
Ela
Tenho feito tantas viagens
Ainda não fui ao estrangeiro
Para viagem tamanha
Patrão não tenho dinheiro
Tenho três vinténs de prata
No fundo do mealheiro.
Ele
Esses três, ó Deolinda
Que tu tens em teu poder
Quando há-de ser a hora
Que tu mos deixas ir ver
Que eu tenho dinheiro e coragem
Para to acabar de encher.
584 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ela
A senhora também tem
Um mealheiro usado
Eu vi-lho um destes dias
Estava todo escangalhado
Com o peso do dinheiro
Que o Senhor lhe tem deitado.
Ele
Já está para fazer dois anos
Que eu não falo com a senhora
Dá-me um beijo, ó Deolinda,
Dessa boca encantadora.
Ela
A senhora é minha amiga
Não lhe faço essa desfeita
Beijos de um homem casado
O que é que se lhe aproveita.
Ele
Diz-me quanto te devo
Para ser tão perseguido
Sujeitar-me a mulheres
Será bastante castigo.
Ela
Você não dizia isso
Quando me enganar queria
Só quero que me faça
O quanto me prometia.
Ele
O quanto te prometi
É coisa que pode ser
Prometi-te casamento
E amar-te até morrer.
Ela
Prometeu-me casamento
Comigo tem de casar
Se não casar comigo
Eu trato de me queixar.
Ele
Queixa-te quando quiseres
Dar-me-ás pouco cuidado
Mas olha que se puderes
Encobre mais um bocado.
Ela
Você manda-me encobrir
Desde que não pode ser
O povo fala de mim
E a barriga está a crescer
Quando o meu pai souber
Onde me irei esconder?
Ele
Um bom pai encobre um filho
Uma mãe tudo escurece
Não és a primeira filha
A quem isso acontece.
Ela
Não é um pai como o meu
Um homem caprichoso
Formado por bons amigos
Eu antes quero morrer
Do que isso lhe ir aos ouvidos.
Ele
Vai para a cama e dormes
No teu leito sossegado
Terás pai para dar ao filho.
O CASAMENTO
O cortejo, noutros tempos, fazia-se a pé, com ritual próprio.
Poucos casamentos se faziam de carruagem mas, hoje, até
nos mais modestos, existe a preocupação de fazer figurar muitos
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
585
automóveis pois, pelo número destes, é que se fixa a sua maior
ou menor valia.
O préstito entrava pela porta principal e não pelas laterais,
como actualmente se faz.
Durante o acto canónico, o pároco realiza a cerimónia religiosa
unindo as mãos dos noivos com a sua estola e fazendo
troca das alianças, que são levadas numa salva de prata por uma
criança vestida de branco.
O anel do casamento (ou aliança, como é vulgarmente conhecido)
tem idade anterior a Cristo. É símbolo de união dos
esposos, significando amor recíproco.
Esse anel era de ouro, de bordos arredondados, por vezes
repartido em duas metades que encaixam uma na outra, tendo
no interior o nome do nubente e a data do casamento.
A aliança usa-se no dedo anelar da mão esquerda, como faziam
os romanos, por entenderem que neste dedo existia uma
veia ligada ao coração.
Se um deles ficar viúvo, passará a usar no mesmo dedo a
aliança (com o seu nome) que o consorte trazia.
Se completam 25 anos de casados, passam a usar sobre a
aliança um anel de prata em comemoração de tais bodas.
Muitas vezes, o Pároco faz aos noivos uma prédica para lhes
lembrar os seus deveres, lavrando depois na sacristia o respectivo
assento, sendo as despesas pagas pelos padrinhos.
No final, depois de dado o nó, forma-se de novo o cortejo
para o regresso à casa da noiva, onde quase sempre se realiza a
boda.
À saída da igreja os amigos e curiosos lançam sobre os nubentes
confeitos, arroz e missanga, que as crianças disputam em
grandes combates, lançando-se entre os convidados e originando
cenas alegres e de riso.
O regresso, quando possível, era feito por caminho diferente
do utilizado para a ida (para não voltar atrás, desfazendo o que
está feito).
Hoje, já se usam lançar papelinhos às cores como fazem noutros
atos, o que representa uma adulteração das costumeiras tradicionais.
O arroz e os confeitos auguravam abundância e progenitura
numerosa.
O costume de lançar arroz devia resultar de uma tradição
oriental para pressagiar uma despensa fartamente fornecida.
586 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Nalgumas freguesias do concelho, há já muitos anos faziam homenagens
aos noivos mais ricos adornando as ruas com arcos de
madeira, que cobriam com papéis coloridos e flores, pendurando
neles lenços de seda, cordões, brincos, fios de ouro e outros adornos.
Junto dos arcos, colocavam 2 cadeiras e uma mesa, cobrindo
esta com uma toalha branca e, aí, em 2 salvas de prata, dispunham
doces numa e, noutra, dois cálices, um de vinho e outro
de água, ficando uma terceira salva vazia.
Para cumprir e dar satisfação àqueles que promoviam a homenagem
(que há muito tempo já não se faz) os recém-casados
passavam sob o arco e iam sentar-se à mesa, comendo doces. Se
o não fizessem conquistavam a antipatia geral.
O noivo dava depois à noiva o copinho de vinho, que ela
bebia, tomando ele o da água e deixava uma moeda de 500 reis.
Os convivas, por sua vez, para ajudarem às despesas da homenagem,
lançavam dinheiro na salva vazia, à medida que passavam.
O cortejo prosseguia depois até à casa dos pais da noiva,
onde se realizava a boda do casamento.
A certa altura, sem o anunciarem e de certo modo às escondidas,
aproveitando a distracção dos convidados, os noivos com
mais posses saíam em viagem de núpcias, para a chamada lua de
mel (diz-se que uma antiga tradição inglesa determinava que os
noivos tomassem uma bebida feita com mel, bebendo-a até que
a lua desaparecesse no céu).
Actualmente, ainda se cumprem estas pragmáticas.
Para dar felicidade, é bom para a noiva que ela, no seu dia
grande, leve vestida uma peça de roupa usada e leve escondida
em qualquer bolso uma cabeça de arruda com 5 dentes.
Mas é de mau agouro que o enxoval dos noivos tenha cores
azuis ou a noiva se apresente com vestidos pretos. Em certos
lugares, porém, entendem que a noiva que vai para o casamento
deve levar vestida uma peça azul, usança que se julga ter origem
num costume de Israel onde as noivas usavam uma faixa azul na
borda da saia, para significar pureza, amor e fidelidade.
O povo crê que o casamento será feliz se, no dia da boda,
estiver a chover mas, em certas freguesias, a felicidade só advém
se chover depois de ter feito sol.
As crenças supersticiosas do povo entendem que não se pode
casar em certos dias da semana, que são aziagos (terças, quartas
e sextas-feiras), nem em certos meses (Agosto e novembro), nem
em anos bissextos.
Lá diz o povo: à terça não cases a filha, nem urdas a teia.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
587
O dia mais próprio para o casamento é o sábado, dia de Nossa
Senhora.
As roupas da noiva e seus adornos estão sujeitos também a
certas prescrições tradicionais.
A noiva veste-se de branco, com um pequeno véu sobre o
rosto, levando na cabeça um diadema de flor de laranjeira, preso
no cabelo, símbolo de pureza e virgindade, costume que se diz
remontar ao tempo dos mouros.
A noiva, se não está virgem, não pode levar a flor de laranjeira,
pois de contrário engana a Deus. E também não deve
deixar no altar o ramo de flores que costumam oferecer a Nossa
Senhora.
Na boda, as raparigas e os rapazes solteiros, colocam-se debaixo
do véu a comer bolo de noiva, para casarem, bolo que é
partido pelos noivos e por ela oferecido.
Mas, os noivos arranjados na boda, não são felizes.
A noiva não deve fazer a cama para a noite de núpcias.
Entende o povo que quem casa, quer casa e, por isso, os recém-
-casados devem ter casa própria.
Entre marido e mulher não metas a colher é ditado que serve
para mostrar que ninguém deve intrometer-se nos seus problemas
– entre casados, ninguém se meta.
Durante a cerimónia do casamento, acendem-se duas velas
no altar. A vela que estiver mais frouxa prevê que morre primeiro
o nubente desse lado.
Muito mais poderia dizer-se mas, num trabalho de síntese,
não será de bom conselho alongar a digressão.
Que ao menos os subsídios que aí ficam, a exprimir velhas
usanças casamenteiras, possam de algum modo servir para prestigiar
a família portuguesa no conjunto das suas milenárias tradições,
como um búzio ressonante a assinalar às gerações a voz
profunda da raça e o mistério da sua perpetuidade pelos séculos
além. (Carlos Valle: Tradições do Casamento e Superstições do
Povo...: págs. 5 a 14).
ENTERROS
Era costume quase geral, a família dos defuntos mandar, para
o adro da Igreja, vinho e pão e outros alimentos, para ser dis-
588 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
tribuído pelos participantes no enterro o que tinha o nome de
hospedagem.
Sucedia, muitas vezes, que as libações eram tão abundantes
que o vinho, subindo à cabeça de alguns, os levava a beberem à
saúde do morto!
Outros enchiam os bolsos e lenços de pão, queijo e figos para
levarem para casa. Em casa da família também havia regabofe,
comendo e bebendo todos os que lá ficavam.
Usava-se ainda, no início do século XX, colocar, aos pés das
sepulturas, uma tigela de água benta e uns raminhos de alecrim,
pois acreditavam que os mortos tinham deles necessidade.
LENGAS – LENGAS E DITOS INFANTIS
Lagarto pintado, quem te pintou?
Foi uma velha que aqui passou
No tempo da eira,
Ó que poeira.
Puxa lagarto por esta orelha.
Pim, pam, pum, cada bola mata um.
Da galinha p´ró peru, que se livra és tu.
Sola sapato, rei capitão.
Foi ao mar buscar sardinha
Para o filho do juiz
Que está preso pelo nariz.
Rei capitão, soldado ladrão
Menina bonita do meu coração.
Tão baladão, cabeça de cão,
Orelhas de gato não não têm coração.
Marcha, soldado, cabeça de papel
Se não marchas direito, vais direito p’ró quartel.
Tenho cinco reis
Tenho um alguidar,
Tenho um macaquinho
De pernas p’ró ar.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
589
Quando me levanto
Tiro-lhe o boné.
Aperto-lhe a mão
Olarilolé!
A chover e a dar sol na cama do rouxinol
A fazer a comidinha p’ró dia de Natal.
Tenho um rato dentro de um saco
Não sei que lhe diga, não sei que lhe faço
Dou-lhe um pau, diz-me que é mau.
Dou-lhe um osso, diz que é grosso,
Dou-lhe um chouriço, isso isso.
Uma meia, meia feita
Outra meia p’ra fazer.
Diga, lá, minha menina
Quantas meias vem a ser.
Fernandinho foi ao vinho
Partiu um copo no caminho.
Ai do copo, ai do vinho,
Ai do rabo do Fernandinho.
Réu, réu, vai ao ceú,
Vai buscar o meu chapéu.
Se está novo, traz-mo cá.
Se está velho, deixa-o lá.
Num ninho de mafagafos
Há sete mafagafinhos.
Quando a mafagafa sai
Ficam os mafagafos sozinhos.
A criada lá de cima é feita de papelão
Quando vai fazer as camas diz assim p’ró patrão:
– Sete e sete são catorze, com mais sete são vinte e um.
Tenho sete namorados e não gosto de nenhum.
Caracol, caracol, põe os corninhos ao sol.
Gri, gri gri, anda à porta que eu já te vi.
Vais à festa com a mão na testa.
590 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Fui a cavalo num burro morto.
Quem vai ao ar, perde o seu lugar.
Quem vai ao vento, perde o assento.
Quem foi ao vento perde o seu assento
Quem dá e torna a tirar
Vai ter às portas do mar.
Ao inferno vai parar.
Eu te enguiço à porta do carriço,
Para que não cresça mais do que isso.
Era uma vez um macaco
Com as pernas de farrapo
Os olhinhos de cortês,
Queres que te conte outra vez?
Quem pela hera passou
E a hera não cortou
Do seu amor não se lembrou.
Desormenta-te, pé
Que está o lobo atrás da Sé,
Ele quer-te comer
E tu não podes correr.
Ana Rabana,
Tem um filhinho debaixo da cama
Não quer que bula, não quer que lhe toque,
Tem um filhinho como um batoque.
Chico, mandico.
Quim Quim, cabeça de pudim.
Ó Teresa, põe a mesa, que amanhã é de certeza.
Ó João parte o pão com a faca de sabão.
Acusa Pilatos vai ao monte come ratos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
591
Ó Maria, fia, fia, bebe três ovos por dia.
Ó Maria Cotovia, fecha a porta, como de dia.
Que lá vai o bicho mau
Que te vai ao bacalhau.
RIMAS
Rei capitão
Soldado ladrão
Menina bonita
Do meu coração.
Senhor guarda venha cá…á
Venha ver o que isto é…é
O barulho foi aqui…o
O neto bateu na avó…ó
Deu um pontapé no cu…u
A… E… I… O… U
Olh’ó rato
Pica no sapato
Arre burrinho,
P’ra casa do padrinho,
Levar o azeite,
Trazer o vinhinho
ou
Arre burrinho,
P’ra S. Martinho
Carregadinho
De pão e vinho!
Tão-balalão,
Cabeça de cão,
Orelha de gato
Não tem coração.
Andar, andar
C’um pezinho no ar
Para da terra chegar ao ar.
Remexidas, remexidas
Co rabo do nosso cão,
Tiradinhas, tiradinhas
Co rabo do nosso gato.
592 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Tate bitate,
Nariz de macaca.
Debaixo da pipa
Está uma pita,
A pipa pinga
A pita pia.
Tambalarão,
Cabeça de cão
Cabeça de gato,
Não tem coração
Tambalarão
Eles lá vão.
Este quer pão
Este diz que não há.
Este diz: vamos roubá-lo!
Este diz- Alto lá!
Este: Amanhã Deus dará!
Pinto,
Jogar o pinto
Vend’a a vaca
A trint’é cinco
Cá para lá
Pux’à sua
Orelhinha
Muito bem
Puxadinha.
Alerta, alerta
Que a morte é certa
Alerta, Alerta
Que a morte é certa.
Padre-Nosso
Rilha o osso
Rilha-o tu.
Que eu já não posso.
Ave-Maria
Tigela vazia
Se mais me desses,
Mais comia
Mais botava p’rá enxovia.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
593
Pelo sinal
Da santa carracha
Vinho maduro
Na minha borracha.
BRINCANDO COM OS NÚMEROS
Doze corredoze
Vinte e quatro com catorze
Dezasseis com vinte e um
Faz um cento menos um.
Una, duna, tena, catena,
Romana cinzena
Bico de pé,
Catrapés faz dez.
Ou
Una, duna,
Trena, carrena
Vala não vala,
Tica, latica,
Lareca,
São dez.
Ou
Una, duna, tena, catena,
Cigala, migala,
Gavim, gavião,
Conta bem
Que são dez.
Três vezes nove- vinte e sete
Quem matou foi o valete.
Um dois em berberim,
Três, quatro em latim,
Ó rapaz que jogo faz?
Faz jogo do pavão;
Conta bem que são vinte.
– Cinco e cinco?
– Dez.
Vai ao diabo
594 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Que te corre
Aos pontapés.
Ou
Cinco e cinco?
– Dez.
Vai ao diabo
Que te corre
Aos pontapés.
– Cinco e cinco?
– São dez.
O teu pai tem quatro pés.
– Dez e dez?
– Vinte.
– Vai ao diabo que te pinte!
– Vinte e vinte?
– São quarenta.
– O teu pai é burro e a tua mãe jumenta.
CANTILENAS
Toque, toque
Vamos a S. Roque
Ver as meninas
Que trazem capote.
Sermão de S. Coelho
Com o seu barrete vermelho,
Com uma espada de cortiça
Para matar a carriça;
A carriça deu um berro
Toda a gente se espantou.
Só uma velha ficou,
Dentro de um sapato.
Sape gato! Sape gato!
Uma velha tinha um gato
Debaixo da cama o tinha
Quanto mais o gato miava,
O pinto piava,
O porco grunhia,
E a velha dizia:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
595
– Mil raivas vos persigam,
Que não vos possa aturar!
TRAVA-LÍNGUAS
Ó menina deste casal,
Diga-me se mora aqui
O Padre Pedro Pires Pisco Pascoal,
Não sei qual é esse Padre Pedro Pires Pisco Pascioal,
Porque aqui nestes casais
Há três Pedros Pires Piscos Pascoais
Pardal pardo, porque palras?
– Eu palro e palrarei,
Porque sou o pardal pardo
Palrador d’el –rei.
Minhoto, minhoto,
Que levas no goto?
– Sardinha assada quem te assou?
– Quem te assou?
– Maria Rou-rou
Comeu um bolo
Não se fartou;
Comeu uma broa
Arrebentou.
Pico, pico, Celorico,
Quem te deu tamanho bico?
Foi o padre da batelha
A jogar a sobrancelha
De redondo em redondo,
Como a pulga na balança,
Dá um pincho,
Pôe-se em França.
Carácácá
Carácácá, põe-te na pá,
Faz-me um bolinho e traz-mo cá,
Que eu estou manquinho,
Não posso ir lá
596 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Quem te mancou?
Foi a pedra
Que é da pedra?
Está no mato.
Que é do mato?
O lume queimou.
Que é do lume?
A água apagou.
Que é a água?
Os bois beberam.
Que é dos bois?
Foram semear trigo.
Que é do trigo?
As galinhas comeram.
Que é das galinhas?
Foram pôr ovos.
Que é dos ovos?
O Padre bebeu.
Que é do Padre?
Foi rezar Missa.
Que é da Missa?
Já acabou.
Que é do povo?
Já passou.
JOGOS INFANTIS
Os jogos tradicionais infantis existem em todo o país e em
todo o mundo com variantes diversas mas com uma base comum.
Há diversos tipos:
Jogos de azar ou de salão: O ladrão amachucado, as cantarinhas,
cavalinhos a correr, vai um barquinho carregadinho, as
cordinhas da viola, quente e frio, rapa, serinho, reis e rainhas,
jogo dos casamentos, jogo da raposa, os dedos, o Manel Ceguinho,
Serobico, jogo do Senhor Abade, batizado da boneca,
sol sapato, prendinhas do Senhor Abade, io-io, luminho, dá-me
lume, pombinha branca e quem compra o meu ganso
Jogos físicos e de competição: Cabra, jogo das pedrinhas, tréculas,
capoeira, roca, estátuas, aldem, jogo dos disparates, pisca,
João manquinho, mia gato, cinco cantinhos, quem vai ao ar,
perde o lugar, pocinhas, a ursa, poço, Ó tu que estás no meio,
estrangela, caracol, jogo da pedra, tração à corda, corrida de sacos,
corrida dos pés atados, corrida em três pernas, descanso,
carvalhinha seca, andas, bate-e-fica, o lencinho, mamã dá licen-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
597
ça, queimada, sardinha, o jogo das nações, bate-marra, a bandeira,
bola atrás, colher com a batata, caçadinhas, o gato atrás
do rato, esconde esconde, quiqueriqui, cabra-cega, carneirinhos,
o 31 alerta, cântaros, passarinhos a voar, raposa que horas são,
saltar à corda. Coquinha, o lobo e o cordeiro, potinhos, carolo,
bogalhinho, chilro, bicho, bichinho, cagalhufa, lá vai aço, jogo
do pau caído, pilha, fitinhas, o céu, tric-tric, sapatos, rodopio,
cadeirinhas, linha, curro, babona, zona, jogo das covas, Maria
fica, cavalitas, farinha farelo, rou-rou, castelo, cordinha de carro,
pai velho, vestidinho branco, o paizinho faz tudo, corda quebrada,
jogo dos três, jogo dos casamentos, gavião, o nabé, tração à
corda, estrada nova, o azeiteiro, jogo do prego, cântaro, lançar
uma estrela, barril, subida ao mastro, farinha, choca, noiva, traquinote,
fito, malha, bilharda e brincando com a bola.
Jogos com música – Jardim da Celeste, aquela menina, carrasquinha,
machadinha, condessa, mata tira, olha a borboleta,
animais domésticos, trinta amigos, dança do pezinho, atirei o
pau ao gato, pulga maldita, tim-tim saramacaquita, um e dois
e três e jardineiras floreiras.
A seguir, vão ser descritos alguns jogos que eram praticados
nos recreios das escolas primárias de Mozelos:
Pincha – Joga-se com botões ou caricas. Com os dedos polegar e
indicador fazem-se lançar os botões ou as caricas com o pião
atirado com força sobre eles para obter o mesmo resultado.
Macaca – este jogo feminino é disputado apenas com uma patela
de pedra que se arranja no local que deve ser de terra batida.
A jogadora que atira a patela tem de dar uma volta completa
(de ida e volta) num desenho feito no chão com retângulos de
vários tamanhos. Quando se percorrerem todas as casas se obterá
um liso e interditará uma casa com um sinal. Ganha quem
conseguir mais lisos. É jogada com saltos ao pé coxinho.
Bom barqueiro – Duas crianças fazem de barqueiros ficando ligadas
com os braços ao nível dos ombros e escolhem um nome
para cada um por exemplo, rosa/cravo. As outras crianças fazem-se
duas filas passando pelo meio dos barqueiros, cantando:
Barqueiro, barqueiro
Deixai-nos passar
Temos filhos pequeninos
P’ra acabar de criar.
Passarás, passarás
Mas algum deixarás
Se não for o da frente
Há-de ser o de trás,
Trás, trás, trás.
Barra – Primeiramente são constituídas duas equipas com igual
numero de jogadores. Risca-se a barra no chão. Vai um ele-
598 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
mento ao limite da barra e chama um concorrente. Este ao
ouvir o seu nome, corre imediatamente para agarrar o adversário
que o chamou. Se o adversário o agarrar, fica logo prisioneiro.
Aliás, não é preciso agarrar, basta tocar numa das mãos.
Este jogo só termina quando todos os elementos na situação de
presos, ou seja, uma das equipas poderia ter alguns concorrentes
em prova, o jogo só poderá terminar quando efetivamente
já não houver mais jogadores em prova. Ganha a equipa que
destroçar a outra.
Escondidinhas – Um dos jogadores conta conforme o número
combinado com os olhos tapados, enquanto os outros se
escondem. Vêm bater num local pré-estabelecido sem serem
apanhados. Se o forem saem.
Anelzinho – Um anel enfiado num fio vai passando de mão
em mão, escondido por baixo das mãos que agarram o fio
formando roda com as crianças sentadas no chão. A criança
que está no meio tem de adivinhar onde o anel fica parado no
fim da cantilena-
Lencinho – As crianças ficam em roda sentados. Uma fica no
meio outra por fora tendo o lenço e vai dizendo:
– o lencinho vai na mão ele vai cair ao chão.
Onde ficar terá de ser apanhado antes que a criança, que está
dentro da roda, o vá buscar.
Trinca-cevada ou eixo – Uma criança forma arco com as mãos
no chão e cada uma saltará por cima sem a fazer cair. Se tal
acontecer, será desclassificada.
Arco – Joga-se com um arco de ferro rolando por meio de uma
gancheta de arame. Ganha quem mantiver mais tempo o arco
a rolar sem tombar.
Pica-pau –Usam-se dois paus bem afiados a espetar com força no
chão. Ganha o que ao espetar deita o outro ao chão.
Pião – há dois tipos (de bico e de lança) que se jogam com o auxílio
de uma faniqueira que deve ser enrolada ao pião e atirado
ao chão de terra batida. e depois aparado na mão e depois
atirado sobre caricas ou sameiras.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
599
LENDAS
CONCHA DO MONTE DO COTEIRO
Diz a lenda que andava na boca das vareiras de Espinho que
o mar havia de vir ao Monte Coteiro buscar uma concha que por
lá deixara. Esta lenda terá como base o facto possível de o mar
ter andado por estas paragens mesmo as mais elevadas. Aliás, há
notícias da existências de objetos de origem marítima que foram
encontrados no Monte Evereste. Neste contexto, não se pode
ignorar que a ria de Aveiro é o resultado do recuo do mar, com a
formação de cordões litorais que, a partir de determinada altura
formaram esta laguna. Assim sendo, com as alterações climáticas
que se foram sucedendo na terra, é muito provável que o mar
se tenha espraiado pelo espaço que hoje constitui Mozelos e a
região envolvente. Assim se entende a crença das vareiras de
Espinho quando afirmam que o mar virá procurar a sua concha
deixada no Coteiro.
MONTE DO COTEIRO
Conta esta lenda que, neste sítio, uma princesa moura, de
nome Aziza, à revelia da família apaixonou-se por um soldado
romano, chamado Taio. Dada a discórdia familiar, construíram
aqui um palácio subterrâneo e viveram felizes para sempre. Diz
a lenda que, em noites de luar, houve quem visse a princesa e o
seu amado guerreiro a passearem de mãos dadas por este sítio.
AS DUAS PIPAS (ARCAS)
O Coteiro, pela sua dominância sobre a região, associada ao caráter
da sua vegetação e orografia é também fonte de outra lenda.
600 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Diz esta lenda que no monte foram enterradas duas arcas,
uma de ouro e outra com peste. Com receio de serem abertas,
designadamente a da peste, nunca ninguém teve a coragem de
as abrir, pois não estavam identificadas e poderia muito bem ser
aberta a da peste com todo o cortejo de desgraças que traria (Recolha
dos alunos do 3º ano da professora Paula Santos).
GASTRONOMIA
Antiga cozinha da casa-sede da
Fundação Albertina Ferreira
Amorim
Durante séculos, praticava-se uma economia de subsistência,
isto é, consumia-se o que a terra dava. As refeições eram pobres,
imperando a sopa feita de hortaliças, batata, adubada pela gordura
dos porcos com o adubo, a banha e o unto. O chamado conduto
era à base de batatas e couves, com peixe que ia aparecendo por
lá, designadamente, o carapau, a sardinha, as picas, os verdinhos
e a faneca, o bacalhau e alguma carne de porco, sobretudo ao domingo
e em dias de festa. Aliás, era prova de boa economia que a
carne do porco morto pela Senhora da Conceição durasse o ano
inteiro. Os outros tipos de carne consumidos era a galinha criada
em casa que em vida dava os ovos e, após a sua morte era consumida
pelas mulheres paridas ou em dias de festa. A carne de vaca
era presença pouco frequente nas casas de Mozelos. Para além da
batata, comia-se arroz e massa que se comprava nas vendas (lojas)
da freguesia os nas feiras das redondezas. A fruta tinha origem
nas árvores existentes nos quintais, não havendo o costume de
as comprar nas vendas ou feiras, exceto as bananas para dias de
festa ou para talhar o augariço de alguma criança mais debiqueira.
Não havia qualquer prato típico exclusivamente de Mozelos.
Comia-se broa de milho cozida em casa, sêmea de trigo comprada
na venda, regueifa azeda que era dada como folar às crianças
na Páscoa pelos seus padrinhos.
Os pratos mais comuns eram os seguintes: batatas com pencas
e bacalhau regadas com estrugido (azeite fervido com cebola
e, no Natal com cominhos) de cujas sobras se fazia o farrapo
velho nos dias seguintes e muitas de outras formas de cozinhados
com bacalhau à espanhola, frito, cozido com grão-de-bico,
assado no forno, assado na brasa;
Frango assado no forno, antigamente só nos dias de festa,
frango de cabidela com ervilhas, arroz de cabidela com sangue;
Carne de vaca assada ou estufada, em bifes com ou sem cebolada
ou integrada no cozido à portuguesa;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
601
Lombo ou perna de porco assada, rojões no dia da matança,
no domingo seguinte e em dias de festa, fêveras fritas, no dia
da matança, iscas de fígado fritas com batatas cozidas, papas de
sarrabulho;
Cozido com hortaliças variadas, cabeça e unha de porco, carne
de vaca (nispo), enchidos com chouriço, salpicão, morcela, farinheira,
barriga entremeada de porco e galinha ou galo cozido;
Arrozes diversos, sozinhos a acompanhar carnes cozinhadas
de várias formas, arroz de feijão, de bacalhau frito e de carne;
Massa estufada com carne ou com bacalhau;
Peixes diversos, cozidos, fritos, assados na brasa ou no forno,
como sardinha, carapau, sardinha, faneca, pescada, etc.
As sobremesas eram praticamente inexistentes, como hoje
acontece, consumidas quase em todas as refeições, mas apenas
no Natal, Páscoa e dias de festa: rabanadas, aletria, leite creme
(Natal), regueifa doce e pão de ló (Páscoa), fogaça e raivas (biscoitos
secos) feitos em Mozelos, marmelada e geleia caseira, feitas
com os marmelos do quintal, malápios assados das árvores
deste tipo de maçãs existentes nas ribeiras, maçãs ou pêras cozidas
ou assadas, castanha cozida ou assada, durante o outono e
inverno, no Natal e também oferecidas nas desfolhadas do resto,
vinho tinto verde quente com canela na consoada.
Para terminar, refira-se a ementa das bodas dos casamentos
feitas em casa: sopa seca com água do cozido com fatias de pão
de milho previamente tostadas e levada ao forno para se tornar
menos líquida e mais grossa, cozido à portuguesa, lombo assado
e cabidela de frango. Na sobremesa, eram apresentados os doces
tradicionais da região (com base no trabalho realizado pelos alunos
da professora Paula Santos).
COZEDURA DO PÃO
A saborosa broa de milho a que se junta uma parte de centeio
(mistura ou mastura) ainda hoje se faz na região e, naturalmente,
em Mozelos, para gáudio de quem a saboreia e como manutenção
de um caro costume das suas gentes.
Era, normalmente, ao sábado, que a mãe de família da casa
agrícola cozia o pão ou industriava as suas filhas, sobretudo as
casadoiras,e que se destinava, normalmente, para toda a semana
seguinte.
602 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Masseira
Tal orientação decorria das necessidades da época em que o
próprio pão era escasso e constituía, em muitas casas, o quase exclusivo
alimento, aliado a uma tigela de aguadilha (caldo quase
só com água e couve) que, nas casas mais fartas, levava unto ou
adubo (toucinho gordo) de porco e algumas batatas.
Era, normalmente, ao sábado depois da cozedura que a família
se reunia à volta da mesa e do prato comum de descomunais
dimensões e com desenhos curiosos, como um galo ou um
bacalhau, a comer a chamada batelada ou caldeirada e que era
constituída por bacalhau, batata, pencas ou couves galegas com
azeite com alhos, cebola picada e depois estrugida e coberta com
cominhos.
Era também durante a cozedura do pão que se talha o augariço
que vem descrito em local próprio.
A talhe de foice, lembro, que ao lado da mesa da cozinha,
havia a lareira com bancos próprios, onde se juntava a família, à
sua volta para passar o reduzido serão, conversando, rezando o
terço, contando e ouvindo histórias, onde os pais davam conselhos
e reprimendas onde, em suma, se dava a chamada educação
da lareira, como lembrou o Dr. Coimbra, antigo presidente da
Junta, numa reunião alargada de colaboradores deste trabalho,
na fundação da família Amorim.
Debrucemo-nos, agora, sobre as diferentes fases da cozedura
do pão:
1- Peneira-se a farinha na masseira com uma peneira fina
para separar o farelo;
2- Faz-se uma covinha na farinha e deita-se nela uma mão
cheia de sal por alqueire;
3- Deita-se água a ferver para desenfarinhar e vai-se mexendo
com um rapadouro;
4- Deixa-se arrefecer e deita-se o crescente ou isco e a mistura
(farinha de centeio);
5- Amassa-se dando seis voltas à masseira até a massa ficar
dura, depois junta-se a um canto cobrindo-a de farinha
seca e fazendo o sinal da cruz (três vezes) e dizendo ao
mesmo tempo: O Senhor te acrescente e te ponha em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo- e coloca-se um pano
por cima;
6- Acende-se o forno surrascando-o com um pau até as ucheiras
do forno ficarem vermelhas;
7- Quando a massa estiver a rachar, está lêveda, isto é, pronta
a ir para o forno;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
603
8- Varre-se, então, o forno, tira-se a lenha toda, ficando só
umas brasas à entrada do forno;
9- Colocam-se bolos chatos a cozer com a cor, que é um pauzinho
de brasa a arder, à entrada do forno para ele não
descair Tiram-se os bolos e fazem-se umas broas, depois
de se tender o pão, onde previamente se deitou farinha
seca para não pegar;
10- Começam-se a colocar as broas com a pá de pau pelo
fundo e um pouco separadas para não ficarem casadas,
cobertas de farinha seca;
11- Fecha-se o forno, invocando, de novo, a Trindade Santíssima
e dizendo: – Deus te acrescente fora do forno, tu a
cresceres e nós a comermos por esse mundo todo. Amen. E coloca-se
barro ou bosta de boi, à volta da porta do forno
para que não perca calor;
12- Deixa-se, entretanto, um pouco de massa, ao canto da
masseira, e que servia de crescente para a cozedura seguinte,
fazendo-se sobre ele o sinal da cruz
13- Quando as broas são grandes ficam no forno de um dia
para o outro, mas se forem pequenas, retiram-se passado
meia ou um quarto de hora;
14- Ao abrir-se o forno diz-se: Benza-te Deus;
15- As broas são tiradas do forno com a pá de ferro.
VOCABULÁRIO PRÓPRIO
Alhar – lugar próximo ou debaixo do forno e junto à lareira e
onde se guarda a lenha;
Bolo – pequeno pão de forma arredondada e baixa a que, algumas
vezes, se acrescentava, na massa crua, sardinhas por
cima ou toucinho de porco.
Crescente ou isco – pedaço de massa crua de pão que se guarda
para a cozedura seguinte.
Descair – perder calor.
Gamela – espécie de alguidar de madeira.
Masseira – móvel em forma de tronco de pirâmide onde se
amassa o pão.
Rapadouro – pequeno instrumento de madeira que serve para
rapar a massa da masseira.
604 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Surrascar – mexer as brasas com o surrascadouro.
Rodo – pequeno instrumento de madeira utilizada para trazer as
brasas para a frente do forno.
Tender ou padejar o pão – consiste em deitá-lo na gamela e fazê-
-lo saltar para ele ficar redondo.
Ucheiras – pedras que ficam dos lados da entrada do forno.
Aqui fica a descrição sumária da forma e do ritual. Já que
de um ritual se tratava, a cozedura do pão, noutros tempos, em
muitas das casas das freguesias rurais.
Não me admiro, contudo, que possa ter havido outros processos,
na mesma terra ou nas terras vizinhas.
De uma forma ou de outra, é a autêntica festa do pão, que,
depois de sujeito a vicissitudes várias, saciaria as ávidas bocas.
Desejo que os que têm por dever providenciar para que haja
pão para as bocas o façam com celeridade e justiça e que não estraguemos,
nem esbanjemos, como se verifica, de forma inequívoca,
o que os caixotes do lixo e as lixeiras demonstram. Se alguém
tem o pão em tão má conta, medite na conceção, gestação
e parto a que o pão está sujeito e que foi criado para alimentar
os homens e não para servir de estrume a quaisquer plantas que
nascem espontaneamente.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
605
SAUDAÇÕES TRADICIONAIS E OUTROS DITOS
– Quando falavam dos que já tinham partido para a outra
vida acrescentavam:
Que Deus lhe perdoe!
Que Deus tenha a sua alma em descanso!
– Quando alguém dá conta da sua idade, os outros fazem
este voto:
Por muitos anos e bons!
Aquele a quem a saudação é dirigida agradece com este delicado
desejo:
E vossemecê que os conte!
– Ao ser atendidos no pedido de um favor, dizem:
Seja polas almas!
– O pobre a quem se dá esmola faz o seu agradecimento
deste jeito:
Seja por alma de quem lá tem!
Ou
Nosso Senhor lhe acrescente o que fica!
O que dava a esmola respondia:
E a vossemecê lhe aceite as passadas!
– Quando se referem a qualquer doença e apontam o interlocutor
em determinado ponto do corpo, quebram assim o enguiço:
Salvo seja!
– Quando alguém partia para outra terra ia a casa dos amigos
fazer a despedida e eles faziam este voto:
Que faça bô viagem
E encontre todos os seus bem!
Ou
Que Deus o acompanhe!
– As crianças, quando encontravam os padrinhos, tios e outros
parentes, pediam:
606 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Deite-me (ou dê-me) a sua bença!
Os grandes, dando satisfação, acrescentavam:
Deus te abençoe e te fade bem!
– Quando alguém espirra faziam este voto:
Deus o salve!
Ainda hoje é frequente ouvir este dito:
Viva!
– Quando não dão esmola a quem a pede dão estas desculpas
ou evasivas:
Não pode ser!
Vá com Deus!
Deus o ajude!
Deus o favoreça!
– Se fazem referência a certos animais considerados menos
limpos ou coisas com menos dignidade (por exemplo, o porco
ou o burro) solicitam:
Com sua licença!
– Quando alguém pergunta com curiosidade:
Que levas aí?
Responde o interpelado:
São línguas de preguntador!
– Quando estão a comer ou a beber e chega alguém, fazem-
-lhe esta oferta:
É servido?
O outro, agradecido, responde:
Obrigado!
Que lhe preste!
Que lhe faça bom proveito.
– Se alguém aceita corresponder à solicitação de beber, fazem
um cumprimento amável.
O outro retribui assim:
E, a si, que lhe preste também!
– O que entrava numa casa que não era a sua saudava neste
tom:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
E, os outros, completavam:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
607
Para sempre seja louvado!
Estas saudações são imbuídas de sentimento religioso, já pouco
se usam nos nossos dias.
Outrora, eram obrigatórias estas expressões:
Deus te salve!
Deus o acompanhe!
Vá com Deus!
Vá com Nossa Senhora!
– Se uma pessoa anda adoentada, perguntam-lhe:
Como vai essa saúde?
E o convalescente responde:
Assim, assim, vamos andando...
Ou
Assim, assim, tem-te não caias...
– Se bate alguém à porta perguntam de dentro:
Quem é?
Responde, o de fora:
– Um seu criado...
Ou
Alguém é!
– Para condenar os mandriões com elegância excitam-nos
neste jeito:
Um carrega, outro tem mão,
E outro olha se vai bem!
– Quando uma pessoa a quem se deu uma ordem, em vez de
a cumprir, encarrega outrem da execução, repreendem-na com
uma ironia cheia de graça, que é quase uma legenda:
O meu criado tem um criado,
O criado do meu criado um criado tem...
E o criado do criado do meu criado
Um criado quer também!
– Se alguém transmite a outrem a execução daquilo que lhe
pertencia fazer, utilizam esta poética censura:
Ó Zé...
Diz ó Zé
Que diga ao Zé
608 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Que venha ao Zé
Sim, Zé?
– O povo das aldeias costuma aludir às pessoas de mais idade
designando-as por tio, referindo-as deste modo: a ti Ana, o ti
Francisco, o ti Joaquim, etc. (Vale, Carlos, Revista de Etnografia,
vol IV, Tomo 2, págs. 411, 432)
USOS E TRADIÇÕES
Ainda hoje, prevalecem, entre nós muitos usos, tradições,
práticas e crendices que devem ter a sua raiz no viver dos povos
que nos precederam, neste espaço, cujos costumes permaneceram
na região e se foram transmitindo de geração em geração e
que ainda se mantêm no nosso tempo.
Em momentos decisivos da sua vida, com o pensamento em
poderes ocultos, os homens deixam-se absorver por certos cultos
pagãos e por práticas com base mágica que não são mais do que
remotas sobrevivências de fórmulas religiosas de outros tempos.
Quando pela superstição se evocam os espíritos ou se esconjuram
ou se manifesta o seu poder de comunicação, estamos em
face de uma outra forma designada por revelada.
Nas superstições há, além dos presságios, os vaticínios e até a
cura de males por meio de ritos mágicos.
Há verdades científicas actuais que foram conquistadas à custa
e através do exame atento de certas superstições.
É que por vezes existe nelas a experiência de centenas de
anos a dar autoridade a certas práticas com eficiência nos seus
elementos componentes.
Pode dizer-se, porém, que o povo encontra na magia e no maravilhoso
das palavras, das orações ou das fórmulas um motivo
de convicção ou de atracção.
Em certos meios, como se sabe, a própria mulher de virtude
conserva ainda o seu prestígio, mercê desse fundo supersticioso
e primitivo dos povos, que acreditam nas suas fantásticas adivinhações
e curas extraordinárias.
E os povos vão admitindo que as mulheres de virtude não só
curam certas enfermidades mas até arrancam espíritos malfazejos
do corpo das pessoas embruxadas ou endemoninhadas, conseguindo
mesmo juntar ou afastar os amorosos com as bênçãos
das suas ervas ímpares.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
609
Chegam a crer que elas se inspiram num poder oculto de tal
forma que à sua intervenção se deve o bom êxito dos partos ou
dos negócios, habilitadas ou credenciadas com as orações dos
seus breviários milagreiros ou com as cruzes das suas águas bentas
e talhações.
Assim, continuam apegados à fantasmagoria, à lenda e à superstição,
que é como quem diz a tudo quanto envolve preconceito
e fatalismo.
Nas suas tendências supersticiosas o povo acredita em tudo a
que se atribua cunho sobrenatural.
– Aquele que tem dentes raros é mentiroso, o que também
sucede com aquele que tem pintas brancas nas unhas.
– As mentiras ditas são tantas como as pintas brancas.
– Também dizem que as pintas brancas com certo desenho
são gostos.
– Quando se passa por maus caminhos e se ouve qualquer
ruído estranho é da tradição que não se deve olhar para trás pelo
lado esquerdo mas só pelo lado direito para não apanhar na cara,
como consta entre as pessoas de mais idade.
– Muita gente tem, por hábito, benzer-se, quando passa por
uma encruzilhada de caminho, principalmente à hora das trindades,
por causa das coisas ruins que costumam encontrar-se nelas.
– À passagem de certos caminhos têm muitas vezes o hábito
de deitar a fralda da camisa de fora, para que as bruxas não empeçam
neles.
CRENDICES E AGOUROS
Relativos ao tempo e aos astros
Quando perguntam:
– Que horas são?
O solicitado responde com uma expressão zombeteira:
– Tantas como ontem a esta hora!
Ou
– Metade e outras tantas!
Ou ainda
610 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Imagem da Virgem Maria,
também Nossa Senhora das Candeias
ou Nossa Senhora da Luz
– Faltam dez reis para meio tostão!
Quando no dia da Senhora das Candeias (2 de fevereiro) está
bom tempo, é sinal de muita invernia durante o ano.
Para fazer louvor à sorte o povo esclarece na sua sabedoria:
– Sem ela o mais ilustrado
Não dá um passo em frente...
Com ela um burro chapado
Embasbaca toda a gente!
Quando um relógio não regulava bem caçoavam assim:
– Anda pelos candeeiros da ponte!
É que os candeeiros da ponte estavam muitas vezes apagados
por deficiência de vária ordem.
– Quando chove e está sol, está o diabo a bater na mulher.
– Quando as aves se coçam e catam com o bico é sinal de
chuva.
– O tempo ao meio-dia ou carrega ou alivia.
– O arco-íris ou arco de Nossa Senhora vem ao mar ou aos
rios beber a água para as nuvens.
– Quando troveja é sinal que andam carros a rodar no céu.
– Quando abundam as chuvas, de repente, nas têmporas de
setembro é sinal de falta de água nesse ano.
Para seriar as semanas, desde a Quarta-feira de Cinzas até à
Páscoa, empregava-se esta expressão, contando pelos dedos:
– Ana, Magana,
Rebeca, Susana,
Lázaro, Ramos.
Na Páscoa estamos!
A cada palavra corresponde um domingo
O povo admite, em certos lugares, que os 12 primeiros dias
de janeiro dão os tipos de tempo dos 12 meses do ano.
Cada um desses dias dará a fisionomia do mês correspondente.
São os chamados dias arremedantes.
Também se entende que esse barómetro está no dia de Santa
Luzia e nos seguintes:
Assim, será o dia 13 de dezembro a ditar o tempo para o mês
de janeiro; o dia 14, para o de fevereiro; o dia 15, para março,
o dia 16, para abril; o dia 17, para maio; o dia 18, para junho e,
assim, sucessivamente, até ao dia 24.
Em vez de fazerem a indicação dos meses do ano relacionam-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
611
-nos com os santos: o mês ele S. João (junho), o mês de Santiago
(julho), o mês do S. Miguel (setembro), o mês dos Santos (novembro),
o mês do Natal (dezembro), o mês dos Reis (janeiro).
Se vêem uma estrela cadente recomendam:
– Deus te guie...
Consta entre o povo que, chovendo em dia de Páscoa, o ano
será de poucas nozes. Quando aparece um amolador de tesouras
e navalhas a tocar a sua gaita inconfundível logo se augura:
– Temos chuva!
Quando se forma o arco-íris dizem os rapazes em chacota:
– Arco-da-velha
Não bebas daí...
Que velhas e velhos
Mijaram aí!
Quando chove e faz Sol ao mesmo tempo dizem que as bruxas
estão a pentear-se e corre dito:
– Sol e chuva...
– Casamento de viúva!
Ou
– Sol e a chover
– As bruxas a torcer
Se o dia é de Sol e começa a chover, os rapazes, fazendo troça,
cantam assim:
– Senhora de Campanhã
– Dá-nos Sol e chuva não!
Ou
– Solvai, Solvem,
Beber água a Santarém...
Está lá uma menina
Que vende ovos a vintém!
Ao contar os dias da semana, dizem esta cantilena:
– Segunda-feira fui à feira,
Terça-feira fui à feira,
Quarta-feira fui à feira,
Quinta-feira fui à feira,
Sexta-feira fui à feira,
Sábado fui à terra,
Encontrei um burro morto...
As castanhas que largar
São pró primeiro que falar...
Santiago Maior
612 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Fora eu que sou juiz
Como pernas de perdiz...
Fora eu que sou capitão
Como perna de leitão!
Quanto ao domingo, dia destinado à distinção e ao recreio,
celebram-no deste jeito:
– Amanhã é domingo
Do pé do cachimbo...
Por isso, toca -lhe a gaita
E repenica o sino...
O sino é de ouro
Repenica o touro...
O louro é bravo,
Subiu ó tilhado...
Quebrou uma telha
Fez grande pecado!
Relativos à religião
Ao entrar numa igreja pela primeira vez devem pedir-se três
coisas: uma delas será satisfeita...
Quando uma pessoa casada vai à Igreja, deve pôr água benta
à entrada, se puser à saída fica viúva, em breve.
O padre quando acabar de rezar a missa, deve fechar o missal,
porque, se o não fizer, as bruxas, que se encontrarem na
igreja, não podem de lá sair sem que ele o venha fechar.
No dia de Santo António deve apanhar-se um raminho da
erva-pinheira e pendurar-se em casa. Se reverdecer é sinal de
fortuna.
É pecado fiar em Quinta-feira Santa. Quem fiar nesse dia fia
as cordas do Senhor.
O alecrim, apanhado do chão, depois da passagem do viático,
tem a propriedade de ficar benzido e ser utilizado para se
deitar ao lume, em ocasião de trovoadas, evitando os perigos que
deles possam advir.
O mesmo se dá com os ramos benzidos, em Domingo de
Ramos.
É pecado pescar no dia de S. Pedro, pois ele foi pescador.
É ponto de fé que o ar ruim não tem cura quando ataca as
crianças na eira, depois das Trindades.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
613
Nos baptizados devem os padrinhos ter a maior atenção na
recitação do Credo, pronunciando todas as palavras.
Não o fazendo o neófito fica sem credo e, por isso, ficará
medroso, sujeito a ter de noite visões de coisas ruins e será tardo
na fala.
S. Cristóvão protege os automobilistas quanto a desastres e o
comum dos homens quanto a mortes repentinas.
Para tanto, é preciso ir ver o santo.
Vinha daí o costume de expor a sua imagem à porta da igreja,
donde resultava este dito:
Vê S. Cristóvão
Certo de que nesse dia,
Ele te guia...
Relativos à morte
Há pessoas que, ao deitar-se, pedem para acordar vivas:
– Nosso Senhor nos amanheça
Com sete buracos na cabeça!
É frequente ver pessoas – quando assistem a enterramentos –
lançar na cova dos defuntos torrões de terra persuadidas de que
assim afastam de si más visões, para que não apareça o espírito
do finado em deambulações noturnas.
Em tempos antigos deitavam dinheiro no caixão do falecido
na convicção de que ele precisaria de pagar a travessia no postigo
de Santiago de Compostela.
Diz-se que o destino das pessoas e as suas condições económicas
dependem da data e da hora do nascimento, que ficam na
dependência e sob a influência dos planetas dominantes.
Acredita-se mesmo que as pessoas hão-de morrer à mesma
hora em que nasceram.
Quando morre alguém, não se deve apagar as luzes que estiveram
a alumiar o morto, até que o corpo chegue à Igreja.
Quando uma pessoa ao morrer, fica com os olhos abertos, é
sinal que está a chamar alguém de família.
Quando alguém está a morrer, vem sempre um mocho bater
com as asas na janela do quarto.
S. Cristóvão
Capela do Repouso
614 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
As almas dos mortos andam pela rua à meia-noite em procissão
com luzes acesas.
Se alguém por desgraça vai ter com aquela procissão e lhe
pede lume, morre infalivelmente.
Quando uma pessoa morre, é bom queimar-se-lhe a cama,
para não voltar a este mundo.
Há quem deite confeitos e missangas no caixão dos anjinhos.
Quando se lembra uma alma do outro mundo, deve rezar-se
um Padre-Nosso.
Relativos a relações entre as pessoas
Ainda existe a crença de que se pode mentir, mesmo jurando
ou dando a palavra de honra, desde que se levante um pé, é a
chamada jura de pé no ar!
Para firmar um contrato verbal, deitavam cuspo na mão e,
sobre ele, colocavam um pêlo que arrancavam de qualquer parte
do corpo.
A seguir batiam o cuspo de forma a fazer saltar o pêlo.
Se mais tarde algum deles quisesse desfazer o ajuste teria de
apresentar o minúsculo pêlo, o que se tornava impraticável.
Ao cumprimentar pessoas não podem cruzar-se as mãos mas,
se tal acontecer, há que fazer este esconjuro:
– Cruzes, canhoto!
Se aparecem as orelhas quentes a alguém o facto significa que
estão a dizer bem da pessoa (se for a direita) ou a dizer mal (se
for a esquerda), mas se existir formigueiro na parte superior da
orelha essa transmissão é produzida por homem, e por mulher
se for na inferior.
As pessoas com orelhas grandes e descaídas foram predestinadas
para receber benefícios da fortuna.
Se a tesoura cair ao chão e ficar espetada, quando costura, o
facto quer dizer que vai receber visita: se a parte que se espetou
for a mais fina será de homem, e será de mulher se for a outra.
Para fazer sair uma visita que se demora colocam uma vassoura
atrás da porta (de rabo para baixo) e o remédio será imediato:
a pessoa não sossega enquanto não for embora.
Se uma pessoa beber pelo mesmo copo que outra já bebeu
fica a saber-lhe os segredos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
615
À mesma mesa não é bom duas pessoas beberem vinho ao
mesmo tempo: uma delas beberá sangue e morrerá em breve.
Quando alguém vai na tentação de fazer ou imitar o que o
outro já fez, dizem:
– É fam como tu dam!
Se alguém pergunta:
– E depois?
O increpado, a fazer rima, dá troco assim:
– Vacas, não são bois!
Quando em discussão, alguém quer manifestar o seu estado
de saturação diz:
– Sabes que mais? Arroz com pardais!
É mau duas pessoas lavarem-se na mesma água, ou limparem-se
à mesma toalha, porque se o fizerem andam à bulha.
Relativos aos homens
Dizem que o homem deve ter três gostos na vida: o primeiro,
no dia do casamento; o segundo, daí a pouco, quando matar um
cevado; o terceiro, daí a um ano, quando lhe morrer a mulher...
Também se insinua que todo o homem que for tido como
muito fino tem uma parte de fino, duas de tolo e três de burro.
Quando alguém mete uma mentira muito descabelada logo
lhe dizem:
– Cruz de pau, cruz defeito...
Quem mentir, vai pró inferno.
Quando um homem forte é ameaçado, responde assim em
ar de zombaria: há duas coisas de que não morro – de medo e
de parto...
Quando duas pessoas em diálogo pronunciam descuidadamente
a mesma palavra dizem: deixa estar que havemos de ser
compadres.
Há um conselho para obter longevidade, mofando com as
situações:
– Quem quiser morrer de velho
É casar tarde,
Enviuvar cedo,
Fugir do salgado e do azedo!
616 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
São Bartolomeu
O homem que tenha no peito os pelos em cruz está protegido
contra feitiços e coisas ruins.
O banho tomado em dia de S. Bartolomeu vale por vinte e
quatro.
Deve tomar-se um número ímpar de mergulhos. Se for par
faz mal.
Não devem cortar-se as unhas à noite por ser prática nociva
e contribuir para fazer perder fortuna.
É mau agouro estarem sentadas 13 pessoas à mesa. Ou morre
a mais nova ou a mais velha ou o dono da casa.
Em certos lugares existe o hábito de designar os anos das
pessoas mais velhas por carros, como se fossem carros de milho.
O carro de milho corresponde a 40 alqueires. Assim, quem
tiver 40 anos, diz-se que tem um carro de idade. O que tiver 80
anos tem dois carros de idade.
Relativos a mulheres
Para uma mulher ter felicidade diz-se que é bom usar uma
liga azul e outra cor-de-rosa.
Se uma mulher vê cair uma pestana do olho direito de homem
pode receber um gosto se a recolher e guardar no seio.
As mulheres grávidas não devem trazer chaves à cinta pois,
se o fizerem, o filho pode nascer com um lábio rachado.
Também não devem cheirar rosas ou mesmo outras flores
nos primeiros três meses de gravidez pois, fazendo-o, a criança
aparecerá depois com uma mancha no corpo parecida com essa
flor.
Se a mulher grávida tomar contacto com um baço de porco
e, com as mãos sujas dele, vier a colocá-las em qualquer parte do
corpo, o filho nascerá com um baço desenhado na pele.
A mulher grávida não pode ser madrinha de baptizado pois,
se o for, a criança morrerá.
A mulher, quando está para lhe nascer um filho, pretende
saber com antecedência qual o sexo a fim de lhe fazer ou mandar
executar as roupas pois, se for menina, terão a cor rosa e, se
for rapaz, a cor será azul, forrando-se o berço com as mesmas
tonalidades.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
617
Quando uma mulher está grávida não deve passar por baixo
de cordas, porque é crença nascer a criança com cordas (cordão
umbilical) enrolado ao pescoço.
Uma mulher grávida não deve trazer, à cinta, chaves que
tenham o pé oco e fendido, porque as crianças nascem com o
lábio superior fendido.
Quando uma mulher dá à luz, quem assiste ao parto deve
enganá-la no sexo do recém-nascido, para que ela se livre. Chamam
livrar-se à expulsão das secundinas ou parias.
Depois que uma mulher se livra, depois de expelir as parias,
devem ser enterradas pelo marido, atrás duma porta.
Duas mulheres, que estejam a amamentar os filhos, não podem
beber a seguir do mesmo copo, porque a segunda, dizem,
bebe o leite da primeira, secando-o, portanto.
Ora, para que tal não suceda, deve a primeira que bebe dar
o copo a uma terceira pessoa que não esteja no caso delas, ou,
então, entornar uma pequena porção de líquido antes de dar o
copo à segunda.
Quando uma mulher estiver a dar de mamar não deve beber
com a criança ao peito, porque pode dar a esta ataques de gota.
Uma mulher que tenha filhos, e que amamente, deve ter cuidado
em não deixar os gatos comerem os seus restos de comida
porque, de contrário, seca-lhe o leite.
Para desvendar o sexo de uma criança em gestação o povo
usa uma prática supersticiosa utilizando uma peneira, onde coloca
uma tesoura aberta no rebordo.
Suspendem depois a peneira, colocando na parte interior do
fundo um carrinho de linhas e um vintém.
Na tesoura dependuram um terço ficando a cruz caída sobre
a peneira.
Dos lados da peneira colocam-se 2 pessoas e cada uma delas
segurará com o indicador da mão direita um aro da tesoura.
Marcam depois a posição do rapaz ou rapariga, num ou noutro
lado e perguntam:
– Peneira de Deus e de todo o mundo
Fala a verdade
Pelas 3 pessoas da Santíssima Trindade!
A peneira voltar-se-á sozinha para um dos lados, assinalando
o sexo.
A prática repete-se 3 vezes.
Esta superstição da peneira também é utilizada para outras
adivinhações, por exemplo, para saber do êxito de um namoro.
618 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Crê-se que, se uma criança for apadrinhada por mulher pejada,
pouco tempo terá de vida.
Entendem as crenças populares que a mulher que sofreu
abortos e os pretende evitar necessita passar debaixo de um pálio
na altura da saída de uma procissão. E há ainda quem o faça.
Para curar o fluxo deve a mulher doente obter a alba de um
padre que serviu na missa nova. Para tanto, terá de trazê-la vestida
por um período de 8 dias chapada ou ajustada à pele, sob as
outras roupas que usa.
Quando pretendem conhecer o sexo de uma criança que está
para nascer utilizam vários processos.
Assim, quando a mulher grávida estiver distraída, solicitam
de surpresa:
– O que é que tem nas mãos?
ou
– Ora mostre as mãos?
Se ela apresentar as mãos com as palmas para cima o neófito
será rapariga; se as apresentar de costas será rapaz.
Também usam pendurar um anel num fio pedindo à grávida
que estenda uma das mãos com a palma voltada para cima.
Com o anel suspenso no fio ao lado da mão a pessoa vai realizando
várias operações para cima e para baixo, cada vez mais
lentamente, até que consiga estabilizar o anel.
Nesta altura suspendem-no sobre a palma da mão, sem nela
tocar.
Se o anel realizar movimentos circulares a cegonha trará uma
rapariga; se o anel produzir movimentos como os do pêndulo de
um relógio teremos ao contrário um rapaz.
O processo tem sido controlado e os nascimentos mostraram-se
coincidentes com os presságios do anel, ao que nos afirmaram.
Quando uma mulher grávida deseja alguma coisa que não
pode comer, a criança nasce de boca aberta.
Quando uma mulher anda grávida, para se saber o sexo da
criança deita-se no lume uma folha de oliveira. Se a folha estala
é menino; se ficar a arder é menina.
Quando uma mulher anda grávida, não deve trazer nada no
seio, porque saem os filhos malhados.
É mau uma grávida ser madrinha de uma criança, porque
esta sai muda ou idiota.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
619
A mulher grávida que plantou ou semeou, não pode dar à luz
sem arrancar a planta que plantou ou semeou.
As mulheres que criam devem trazer com elas alguma coisa
de azeviche por causa das dadas dos peitos.
A mulher, para o ser verdadeiramente, deve ter predicados:
em casa, dona de casa; na rua, senhora; na cama, carinhosa.
Uma rapariga não quis perdoar a um rapaz, que a infamou; a
alma dele vai três dias a fio a pedir-lhe que lhe perdoasse e como
ela teimou que não, a rapariga ao outro dia apareceu morta e
negra como um carvão.
O melhor caldo para as paridas é o de galinha preta.
Relativos a doenças e achaques
Para debelar os soluços metem susto à pessoa ou dão-lhe a
beber 9 goles de vinho ou de água, sem respirar, tapando-lhe
também os ouvidos com as mãos.
Ao beber-se água de alguma poça ou ribeiro, deve dizer-se
três vezes e à laia de benzedura: aguinha barrenta, não faças mal
à minha barriguinha.
Um ramo de sabugueiro, posto à cinta e seguro pelo cós das
saias, tem a propriedade de fazer bem à eripsela.
Para evitar infeção, quando se ferem num pé com prego ou
tacha, espetam esta ou aquela numa cebola.
Não devemos apontar as estrelas ou contá-las com os dedos:
faz nascer cravos nas mãos.
As picadelas nos dedos têm esta significação curiosa: no polegar
é gosto; no indicador é desgosto; no médio carta; no anelar,-
convite; e no mínimo casamento.
Quando duas pessoas bebem água ao mesmo tempo, adoece
uma delas.
Quando alguém está a morrer, não é bom fazer a cama de
lavado, porque morre mais depressa.
Quando se tem muita febre deve apanhar-se uma lagartixa
e dependurá-la ao pescoço dentro de um saquinho. Quando o
animal morrer acaba a febre.
Quando alguém está a expirar, é preciso abrir-se a janela do
quarto onde ele está.
620 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
É bom trazer uma batata no bolso por causa do reumatismo.
Quando a mãe e a criança que amamenta bebem ao mesmo
tempo, esta fica doente.
Ao beber água não se deve ter lume na mão, pois pode perder-se
o juízo.
Com feridas abertas, oferece perigo entrar numa igreja.
Para imunizar contra o mau-olhado as mães têm por costume
colocar figas de azeviche e outros amuletos no pescoço dos filhos
em fios de ouro e prata.
Se viam um senhor empertigado e pretensioso atiravam-lhe
com esta:
– Senhor doutor da mula ruça
Tire o chapéu e ponha a carapuça!
Corre entre o povo que as velas de cera benzidas tem virtudes
extraordinárias, tal qual em tempos idos as tivera a corda do enforcado
que era utilizada na cura da papeira. Por ocasião das trovoadas
essas velas benzidas dispõem de influência decisiva como
sucede com o alecrim e oliveira benzidos em Domingo de Ramos.
Ainda hoje, as pessoas do povo, nas suas promessas aos santos,
têm fé nas figuras de cera e nas velas que oferecem, por vezes
do tamanho das pessoas que obteve deferimento na prece.
Este costume tem uma tradição longínqua que pode fazer-se
remontar ao tempo de gregos e romanos que – na antiguidade
– ofereciam aos seus ídolos figuras de madeira representando
órgãos do corpo humano.
Quando alguém espirra os circunstantes fazem este voto:
– Deus te salve!
Diz a tradição que em tempos recuados se morria de uma
doença desconhecida cujos sintomas se apercebiam através
duma série de espirros.
Actualmente, é muito frequente – em face do espirro – fazer
uma saudação simples: viva!
E há também quem diga:
– Dominus tecum- O Senhor seja contigo.
Com as crianças usa-se uma outra expressão:
– Deus te crie e te jade bem!
O mesmo é dito quando a criança boceja, abrindo muito a
boca, em jeito de quem tem sono.
Para curar dores de dentes espetam um prego na parede e
rezam o Padre–Nosso.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
621
Para a cura dos cravos (ver rugas) que aparecem nas mãos
ou noutras partes do corpo, mas especialmente nos dedos, as
mulheres do povo fazem promessas ao S. Bartolomeu. Os cravos
nascem ao apontar as estrelas e ao contá-las.
Crê-se que são felizes as pessoas que tiverem sinais em qualquer
parte do corpo que não possam ver directamente (por exemplo,
nas costas, no pescoço. na parte traseira das nádegas, etc.).
Relativos a profissões e actividades económicas
Os pedreiros, quando terminam uma obra, costumam colocar
no alto da construção um ramo de oliveira, um rabo de
bacalhau e uma batata para lembrar o patrão a “milhadura” ou
beberete.
Os lavradores antes de tirarem o leite às vacas, deitam no
canado uma pequena porção de água para que o leite, quando
seja fervido, se cair ao lume, não estanque a vaca.
Para engarrafar o vinho, em janeiro ou fevereiro, diz-se que é
preciso fazê-lo em dia de sol claro para que não turve.
Depois da vindima, deixam os pobres apanhar o chamado
rebusco, os cachos mais pequenos e escondidos que ficaram nas
vides após a colheita (gaipos).
O mesmo sucede noutras regiões com a apanha da azeitona.
É princípio que vem do Deuteronómio (Lei 21) que ordenava:
Depois de vindimares a vinha não apanharás os cachos que
ficarem esquecidos que serão para o estranho, para o órfão e
para a viúva.
Não se deve dobar ao domingo, porque quem o fizer, tem de
desdobar eternamente no outro mundo.
Relativos a crianças
Se uma criança abria a boca num bocejo atalhavam logo para
afastar coisa ruim:
– Benza-te Deus!
Noutros pontos diziam assim:
622 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Benza aqui Deus tudo...
O da casa respondia:
– Benza-te Deus também!
Ou, então, diziam:
– Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
O outro completava:
-Para sempre seja louvado
No céu e na terra...
E Nossa Mãe Maria Santíssima
Seja bendita!
As mães, punham nos joelhos os filhos pequenos, e saltando
com eles, diziam:
– Arre burrinho
P’ra casa do padrinho,
Buscar o azeitinho
Mais o vinagrinho...
Arre burrinho
P’ra casa do abade,
Buscar o azeite
Mais o vinagre...
Quando as crianças, à noite, brincarem com lume estão sujeitas
a urinar depois na cama.
Quando as crianças choram de noite colocam-lhe debaixo do
travesseiro uma tesoura aberta, para as livrar das bruxas.
Para distrair as crianças que se iniciam em alimentação diferente
do leite da mãe e para as convidar a comer dizem:
– Põe aqui galinha o ovo
– Que o menino papa-o todo!
Os rapazes, quando comem laranjas, e não querendo cheirar
a elas, terão de fazer no chão uma cova, lançando aí o seu bafo,
deitando depois terra na cova para que o cheiro fique enterrado.
Para fazer a testa às crianças, deve pôr-se-lhes todos os dias,
enquanto são pequenas, na cabeça, alho esmagado.
Não é bom balouçar o berço de uma criança, quando está lá
dentro, porque fica brava.
Não se deve permitir a duas crianças pequenas, que ainda
não falam, que se beijem, porque não fala uma sem falar a outra.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
623
Para uma criança andar cedo, deve ser posta, ao toque das
Avé-Marias, ao canto de uma porta.
É muito bom as crianças irem vestidas de anjinhos, nas procissões,
porque as livra de perigos e lhes proporciona a felicidade.
Quando um gato urina no fato de uma criança, é bom sinal,
porque é sinal de felicidade.
Para as crianças perderem o medo, é bom fazê-las dar um
beijo numa preta.
Quando uma criança, ao morrer, fica com os olhos meios
abertos, morre atrás dela a pessoa mais querida.
Quando uma criança não chora quando é baptizada, não
chega aos doze anos.
Admite-se que, se um rapaz for rapar a panela onde se cozinharam
papas, impede com essa conduta que a barba lhe cresça.
Deve dar-se aos recém-nascidos a água em que são lavados
(água de cu lavado) para que fiquem mansos.
Também para que uma criança seja mansa, deve-se pô-la em
cima de um altar da Igreja e dar-se-lhe três pancadas.
É bom desmamar as crianças em Sexta-Feira Santa, porque
as livra da tísica.
Deve guardar-se a embida das crianças, porque se os ratos
a descobrem tornam-se elas ladras. Também se deve queimar
quando cair, para que não fuja de casa, ou deitar-se ao lume e
defumar-se-lhe com o fumo as mãos, dizendo-lhe para que seja
feliz e habilidosa.
Quando a criança vem da Igreja, após o baptismo, deve colocar-se
sobre ela o casaco do padrinho, para que seja mansa.
É bom que as crianças chorem durante o baptismo, porque
caso contrário morrem antes de um ano.
No regresso da sacristia, a criança deve tornar a sair por onde
entrou para não fechar a porta com as costas, isto é, para voltar
à casa de Deus.
É bom pôr cebola nas gengivas das crianças, para lhes nascerem
os dentes.
A criança que nasce de sete meses, tem uma cruz no céu da
boca tendo o dom de adivinhar.
Costumam chamar-se custódios aos recém-nascidos, enquanto
não são baptizados e também não os deixam às escuras, de
noite, porque não é bom.
Quando uma criança está sentada ou deitada no chão e alguém
passa por cima dela fica enguiçada e não cresce mais; para
624 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
que se desenguice, é preciso que a mesma pessoa que passou por
cima dela passe segunda vez, em sentido contrário.
As crianças nascem sempre quando a maré enche.
Sonhar com crianças é sinal de novidades, boas se forem rapazes
e más se forem raparigas.
Secar o enxoval mijado de uma criança, ao sol, faz secar a
criança.
Não é bom pôr uma criança pequena diante de um espelho,
porque retarda a fala.
Se cai um dente de leite a uma criança, esta, apanhando-o vai
atrás do forno e atira-o por cima da cabeça, fazendo este voto:
– Dente fora. E outro melhor na cova!
É preciso usar esta prática para nascer outro dente em boas
condições.
Se as crianças fazem queixa aconselham num gracejo:
– Tens fome? Come um home!
Ou
– Tens sede? Bebe uma parede!
Ou
– Tens frio? Mete-te no rio. E cobre-te com o capote do tio!
Ou
– Embrulha-te na capa do tio e deita-te ao rio!
Quando passa um enterro não é bom deixar uma criança a
dormir: pode nunca mais acordar!
As crianças que comerem castanhas com a pele que existe debaixo
da casca (conhecida por camisa) criam piolhos na cabeça.
As crianças que comerem maçãs verdes estão sujeitas a sofrer
mal de maleitas (bexigas).
Essas maleitas podem ser bravas ou brandas (também chamadas
loucas).
Trata-se afinal de uma forma supersticiosa de defender a maturidade
do fruto.
Quando uma criança manifesta cobiça por qualquer coisa jogam-lhe
esta:
– Maria Nabiça. tudo o que vê ... tudo cobiça!
Para ensinar às crianças que não devem coçar os olhos com
as mãos dizem-lhes: os olhos só se devem coçar com os cotovelos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
625
Relativos à residência e à alimentação
Quem faz uma casa de novo, morre cedo.
Ninho feito, pega morta.
Casa de esquina, morte ou ruína.
Quando o lume estala ou assobia, estão a falar mal da pessoa
que o acendeu.
Quando alguém se muda de novo para uma casa, deve levar
uma moeda de prata, para nunca lhe faltar o dinheiro.
Quando uma casa fica com a porta aberta de noite sem saber,
é sinal de felicidade.
Quando a candeia espirra, ou o lume estala, é sinal de presente
em casa.
Quando estalam vidros numa casa, é sinal de desgosto.
É mau morar numa casa de três esquinas.
De costas para uma janela, deverá atirar-se o dente de alho
para trás, após trincadela.
À noite, antes de despejarem para o quintal a água de lavar
os pés, têm por hábito dizer: Guarda lá finados que, aí, vai água
de pés lavados.
De noite, não deve varrer-se a casa para fora, porque se varre
a fortuna.
Há muita gente que tem o hábito de, quando pela manhã
abre uma porta exterior, não ficar de frente com a abertura e,
antes de saírem, dizem: Deus de diante e paz na guia; acreditam
que pode o primeiro ser mau ar e embarrar na pessoa, produzindo-lhe
doenças ou deformações físicas.
Assobiar de noite, dentro de casa, dizem que chamam pelo
diabo.
Os tapetes não se sacodem durante a noite (ou mesmo outras
peças) pois corresponde a deitar fora a fortuna.
As camas nos quartos devem ser colocadas de forma que os
pés não fiquem voltados para a rua, pois tal posição é sinal de
morte.
É preciso ter as gavetas dos móveis fechados porque:
– Gaveta aberta... É sepultura aberta!
Quando vestem um fato novo rapam uma côdea de pão de
milho que depois colocam num dos bolsos do fato para que não
sofra mau-olhado.
626 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Quando se vai a uma casa, não é bom arrumar-se a cadeira
em que se esteve sentado, porque não se volta lá mais.
Costumam, no dia 1 de janeiro, estrear roupa nova por correr
tradição que, tal prática, concorre para estrear roupa todo o ano.
Não se deve cozer pão em Sexta-Feira Santa, nem mesmo
antes de aparecer a aleluia.
Vestir uma peça de roupa interior do avesso, sem dar por
isso, vaticina prenda a receber.
Sobre as camas não devem pousar-se chapéus: dá barulho.
O mesmo sucederá deixando bancos, cadeiras, ou calçado
voltados ao contrário.
No Domingo de Ramos não se deve comer sopa de hortaliça:
quem o fizer comerá lagartos todo o ano.
Nesse dia preparam caldo de castanhas piladas, o que ainda
é respeitado por muitos.
Prevalece a crença de que, nesse Domingo, não podem comer
couves, nem mesmo ir à horta, porque violando a prescrição
enchem-se de piolhos.
Quem entornar sal terá de chorar uma lágrima por cada grão
caído. Para evitar ou dominar a desgraça há que lançar para trás
das costas uns grãos, por cima do ombro esquerdo, onde está
sentado o diabo, segundo as crenças populares.
Ainda há poucos anos utilizava-se também a chamada pedra
da era para cativar a mulher que seria presa de amor pelo
homem que a usasse. Era uma das práticas que a Ordenação
Manuelina condenava, a que se reporta a Teófilo Braga numa
crónica que publicou na revista À Volta do Mundo.
A marmelada deve preparar-se durante a lua nova para crescer.
Se for fabricada em quarto minguante acaba por mingar .
A existência de flores nos quartos de dormir prejudica a vida
animal com o seu aroma.
Assim, ao deitarem-se, retiram dos quartos todas as flores.
Quem comer focinho de porco quebra a louça.
No domínio das superstições o sal é um elemento cheio de
prestígio. É substância com grande poder na conservação dos
alimentos, dada a sua contextura sagrada, por vir do mar, tendo
na sua essência atributos de eternidade.
Não se deve deixar na mesa ou em qualquer outro local pão
trincado (ou ferrado, como também dizem) quando se acaba de
comer.
Se cair ao chão um bocado de pão deve apanhar-se e beijar-se.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
627
O pão é sagrado. O beijo purifica e faz desaparecer todo o
dano ou todo o mal que o pão tenha sofrido.
Quem deita fora o lixo à noite deita fora a fortuna.
Relativos a animais
Quando levam animais à feira e conseguem vendê-los tiram-
-lhes as cordas de condução para evitar que se perca a fortuna
do vendedor.
Para levar à feira uma junta de bois fazem-se acompanhar de
uma pernada de oliveira para que a venda se realize em condições
favoráveis.
É mau enterrar fôlego vivo, pois quem o fizer anda tudo para
trás.
Quando uma vaca tem criação põem-lhe uma fita vermelha
no cachaço para neutralizar o mau-olhado e dizem que é bom ter
em casa uma galinha preta para livrar desse mal.
Para afastar, ou repelir coisa ruim, o melhor remédio é rezar
o credo em cruz (persignando-se enquanto se faz a recitação) ou
atirar sal ao lume.
Para imunizar contra os feitiços e servir como talismã de felicidade
usam-se ferraduras de cavalo, especialmente da pata esquerda,
para que traga boas novas!
Quando entram abelhas em casa é sinal de visitas.
Se uma borboleta se revoluteia à volta de uma pessoa entendem
os vaticínios que isso anuncia carta que chega.
Quando aparece uma aranha pequena a passarinhar na roupa
augura dinheiro a receber.
Quando uma pulga salta na palma da mão, é sinal de presente.
Se os sapos cantam de noite é indício de bom tempo.
Entende-se que são afortunadas as casas onde as andorinhas fazem
ninho, pelo que respeitam muito tais aves e não lhes destroem
os ninhos, mesmo depois de emigrarem, para que elas voltem.
Matar um gato é azarento: a vida anda sete anos para trás...
A galinha riça (de penas crespas) tem a propriedade de ser
hemostática, aplicando-se para hemorragias uterinas. Mas para a
sua virtude ser completa, deve arrancar-se-lhe, em vida uma asa.
Quando uma galinha canta como um galo (sinal de mau
agouro), tem que se vender e gastar o dinheiro em calçado, para
frustrar o enguiço.
628 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Santa Clara
Quem pede emprestada uma galinha choca para tirar ovos
tem de entregar depois como recompensa um casal de frangos
para evitar o mau êxito da ninhada, costume este que vai até à
Galiza.
É mau ter pombos em casa.
Se cantar um galo às dez horas da noite o facto anuncia morte
na vizinhança.
Entornar tinta preta é sinal de agouro e luto próximo.
Quando o mocho pia por cima de uma casa augura morte
certa nela pois que seu pio é agoirento.
Dizem que o Diabo pode tomar a figura de qualquer animal
mas que, normalmente, se apresenta com pés de cabra.
Se uma pega passa por cima de uma casa cantando, previnem-se
com este clamor:
– Santa Clara bendita te dê fala
– Para que tu nos tragas boa novas!
É de mau augúrio ter pombas e deixar de as ter, a casa andará
para trás...
Alguém que queira mal à pessoa que deixou o pão trincado
pode ordenar uma feitiçaria, colocando o pão na boca de um
sapo, cosendo-a depois, indo seguidamente depositá-lo ao pé do
rodízio de um moinho.
A pessoa adoece e morre no dia em que morre o sapo.
O povo atribui aos sapos faculdades feiticeiras que só existem
na sua imaginação supersticiosa.
Entretanto, dentre os sortilégios de feitiços que envolvem esses
bicharocos tão antipáticos crê-se que podem ser utilizados
como elemento de vingança, cosendo-lhe a boca e os olhos. O
sapo assim preparado lança-se, então, na casa da pessoa. Ora,
o bicho, de boca cosida, não pode comer e acaba por morrer,
mirrado.
Também a pessoa que for objecto da malquerença será atingida
para definhar até à morte.
Quando se vê um sapo, é preciso cuspir três vezes para não
acontecer mal.
Até na última Ceia de Cristo um apóstolo, embora convivente,
13° participante no divino repasto, veio a ser um traidor pois,
como é sabido, vendeu Jesus por 30 dinheiros, ao cantar do galo.
E o galo tem muito interesse nos domínios da etnografia tendo
em atenção o seu papel relevante nas orações tradicionais, nas
lendas, nas superstições e em tantas outras crenças populares.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
629
Quando o galo canta ao sol-posto, é sinal de morte.
Quando um galo canta antes da meia-noite, é sinal de navio
na barra, ou alguma rapariga fugida de casa.
O galo preto afugenta as coisas ruins.
Quando um galo canta quatro vezes antes da meia-noite, é
sinal de morte.
Quando querem saber se uma galinha vai ou não pôr ovo seguram-na
pelas asas e introduzem o dedo mínimo em busca dele.
Se encontrarem a casca nas proximidades quer dizer que fará
a postura. Chamam à operação olhar a galinha.
Quando se mata uma galinha ou qualquer outra ave doméstica,
se ela tem grandes convulsões, com dificuldade em morrer,
é porque alguém tem pena dela.
O melhor caldo para as mulheres paridas é o da galinha preta.
Não é bom deitar galinhas quando troveja, porque gorlam os
ovos.
É bom pôr um ferro sobre a ave que choca ovos, para que
não gorlem.
Quem tiver galinhas, deve espreitá-las em Quinta-feira da Ascensão
(Senhora da Hora), para se ver as que põem ovos entre o
meio-dia e a uma hora. Esses ovos devem ser guardados, porque
servem para a cura de várias doenças.
As galinhas pretas que põem ovos de duas gemas, têm fins
curativos.
Quando estiver um cão a uivar, tira-se o chinelo do pé esquerdo,
dá-se três pancadas com ele, no chão, e pousa-se com a
sola voltada para cima.
Os gatos e cães que nascem da primeira ninhada quase sempre
ficam danados.
Por isso, para evitar tais perigos, afogam-se ao nascer.
Quando um gato se lava é sinal de visitas; quando lambe as
unhas, é sinal de dinheiro.
Casa onde haja um gato preto, não entram espíritos maus.
Não é bom matar um gato em casa, porque desanda a sorte.
Quando um mocho vem piar a um telhado, à meia-noite, é
sinal de morte.
Quando as vacas berram, é sinal de casamento.
Quando um cão urina à porta ou na roupa de alguém é sinal
de dinheiro.
630 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Quando um cão entra em casa, é bom sinal; pelo contrário,
se entra uma cadela, é agoiro.
Quando um cão esgaravata no chão ou à porta, é sinal de
abertura de sepultura.
Casa em que as andorinhas façam ninho é casa abençoada,
sendo pecado matá-las.
É também pecado matar lavandiscas, porque lavaram os pés
de Jesus quando estava crucificado.
As casas onde se criam muitas baratas são afortunadas. Por
isso, não devem exterminar-se.
O morcego, quando entra numa casa, traz infelicidade.
As borboletas pretas dão sinal de más notícias.
Mas é de bom sinal um grilo a cantar na cozinha.
Quando uma mosca varejeira zumbe numa casa o facto
anuncia visita de bom augúrio.
As aranhas são consideradas veículos de sorte e, por isso,
não se devem matar. Matar uma aranha leva ao desencadear de
calamidades.
Na sua fuga para o Egipto a família santa de Nazaré acoitou-
-se numa caverna para fugir à perseguição.
Uma aranha – e daí lhe advém o seu prestígio – logo construiu à
entrada uma grande teia e uma pomba veio nela depositar um ovo.
Os soldados de Herodes, ao passarem no local, vendo a teia,
logo formaram a convicção de que por ali não tinha passado
ninguém havia muito tempo, pelo que continuaram no seu caminho,
deixando para trás a Sagrada Família.
Um cão a uivar é sinal de mau agouro, anuncia morte.
Para ele emudecer e evitar qualquer desgraça é preciso pôr
um chinelo de sola para cima.
Para que as formigas não exterminem os pássaros ainda implumes
há que chamar-lhe sapinhos e aos ovos no choco pedrinhas.
Diz-se que o pavão tem três coisas que o distinguem: a beleza
de um anjo; hábitos de ladrão e o canto do tranglomango.
É mau ter pombas e depois ver-se livre delas, porque anda a
casa para trás.
Quando um bode espirra é sinal de bom tempo.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
631
Relativos ao diabo
Depois do dia 24 de agosto (S. Bartolomeu) não é bom comer
amoras por constar que, nesse dia, o Diabo anda à solta e
tem o costume de passar nos silvados para envenenar as amoras
com os seus dejetos.
Para o afastar, ou repelir coisa ruim, o melhor remédio é rezar
o credo em cruz
(persignando-se enquanto se faz a recitação) ou atirar sal ao
lume.
E, se o diabo aparece, a melhor forma das pessoas o afastarem
é lançar sal em cruz ou rezar o Credo em voz alta.
Para tanto, vão às encruzilhadas procurar o diabo para este
lhes transmitir os seus dons.
E a invocação resulta em êxito, segundo elas, dado que o
mafarrico acorre a prestar-lhes auxílio quando o evocam.
Daí atribuírem-lhe a capacidade para imobilizar os maus espíritos,
frustrando ou tolhendo a sua ação malévola ou intervindo
para causar malefício às pessoas através da execução de certas
práticas ou, então, para as influenciar em determinado sentido
ou até para obter fantásticas curas.
Quem se vê a um espelho à noite com uma luz na mão, vê
dentro do espelho o diabo.
É muito mau, quando se vai por uma estrada à noite, voltar-
-se para trás, porque fica o diabo a fazer cruzes nas costas.
Quem fala só fala com o diabo.
Brincar com a sombra da própria pessoa na parede, é muito
mau, porque se brinca com o diabo.
Quem anda para trás faz o caminho ao diabo.
Na caldeira do Inferno o Diabo não pode ver o alecrim, por
isso é que a gente se defuma com ele.
Relativos a bruxas e maus-olhados
Uma mãe, em hora aberta (meio-dia) rogou uma praga a um
filho. Imediatamente armou-se um redemoinho e o filho desapareceu.
A mãe, muito aflita, por não saber do filho, tratou de o procurar
e seguiu por uma estrada chorando muito. Vai ós pois ó depois,
encontrou no caminho uns almocreves, que lhe perguntaram o
632 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
que ela tinha e o motivo por que chorava. A mãe contou o que
lhe tinha acontecido. Os almocreves em vista do que ela contou
disseram-lhe que quando passavam na ponte da Aliviada sentiram
uma criança a chorar muito, em baixo, junto ao rio, e que tinham
perguntado à criança o que ela tinha, ao que a mesma respondeu:
Foi a minha mãe que ao meio-dia me rogou uma praga dizendo
que os diabos me levassem, e eles imediatamente me levaram pelos ares
até aqui, e por isso estou em poder do Diabo, e só poderei sair daqui
vindo o meu padrinho e a minha madrinha a buscarem-me.
Em vista disto, a mãe foi convidar os padrinhos para que
fossem buscar o filho, que estava na ponte da Aliviada em poder
do Diabo.
Chegaram os padrinhos à dita ponte e, como não vissem ninguém,
começaram a chamar o afilhado. Imediatamente no fundo
do rio se ouviu um grande barulho e logo em seguida uma voz,
que parecia do outro mundo, dizer:
– Que querem daqui?
O padrinho respondeu: Queremos um afilhado nosso que
aqui está, e então em nome do Senhor eu te requeiro que mo
entregues já.
Como queres que to entregue? – Perguntou a mesma voz,
que era o diabo-feiticeiro e sentinela daquela prisão.
Queres que vá como veio, ou como está? Quero como ele
veio – respondeu o padrinho.
Tornou-se a ouvir grande barulho e muitas vozes de rapazes
a chorar, e logo no mesmo instante apareceu em cima da ponte
o rapaz ao lado dos padrinhos. As vozes que choravam eram de
outros rapazes que ninguém ia buscar. Fizeram muitas perguntas
ao rapaz, como ele ali estava, o que fazia e o que comia.
Eu – respondeu ele – estava ali carregado de ferros; carne comia
quanta queria, mas pão era só as migalhas que cresciam das
mesas dos que se levantavam sem dar graças a Deus. Penteava os
diabos inferiores e deitava lenha na fogueira que queimava aqueles
que depois de um certo tempo ninguém os ia buscar. Adregou
(aconteceu) – disse o rapaz – pedirem que queriam que eu visse
como tinha ido, porque se pedissem para vir como estava, encontravam-me
agora coberto de ferros e de pêlo e com cornos.
A crença de que a coisa má, que aparece à hora do meio-dia
se manifesta sob a forma de um redemoinho.
À hora do meio-dia encontram pelas estradas, nas encruzilhadas,
etc., umas coisas más, que se chamam rosemunhos (redemoinhos).
O rosemunho é como uma poeirada; leva paus, pedras e se
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
633
apanha uma pessoa no meio leva-a também pelos ares, mas se as
pessoas trouxerem umas contas na algibeira e as atirar à tal coisa
má ou demónio, não lhes acontece mal nenhum.
Ainda existe outra tradição:
Uma mulher foi a uma fazenda e viu um galo; correu atrás
dele e como o apanhasse trouxe-o para casa. Quando ao meio-
-dia a mulher foi jantar com o marido e principiaram a rezar, o
galo desapareceu.
Se o dia não corre bem a qualquer homem ele põe a fralda
da camisa por fora das calças para afastar as bruxas. Para livrar
de mau-olhado há que trincar de manhã, em jejum, um dente de
alho com casca.
Ao abrir a boca, usam fazer-se cruzes, corno quem se persigna,
para não entrarem maus ares.
Quando à noite lavam os pés, para que não entre coisa ruim,
diz-se:
– Fugi malvados... Aí vai água de pés lavados!
Partir vidros é sinal de acidente desagradável, e quebrar espelhos
é presságio da morte.
É bom trincar um alho em jejum por causa do mau-olhado.
Quando se vê uma preta é mau agoiro; se for um preto é sinal
de gosto; se vêm ambos, é gosto certo.
Não é bom cruzar facas e deixar sapatos com sola voltada
para cima anuncia barulho.
Os guarda-chuvas não devem ter-se em casa abertos pois os
espíritos maus podem esconder-se debaixo deles.
Se na roupa branca aparecem pequenos cortes, que dizem ser
feitos pelas bruxas, não se remendam, pode coser-se a vida da
pessoa e morrer desse mal.
Quando se constrói uma casa deve deixar-se qualquer coisa
por acabar para evitar o enguiço e não é bom que seja de esquina
porque:
– Casa de esquina. Ou morte ou ruína!
Ao examinar um objecto de metal que se apresenta com aspecto
rico, contestam a sua qualidade e mofam dele:
– Isso é de ouro
Do rabo do touro...
Isso é de prata
Do rabo da gata!
O povo acredita que as bruxas, entre as onze horas e a meia-
-noite, entram nas casas
634 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Penetrando pelo buraco das fechaduras – para sugar o sangue
às crianças.
Para realizar as suas deambulações as bruxas besuntam-se
com unguento do diabo transformando-se em animais (ou aves).
Quando alguém consegue fazer sangue no bicho pode vir a
conhecer a pessoa, a exemplo do que sucedia com a crença do
lobisomem.
Para frustrar os bruxedos e evitar os enguiços dizem as mulheres
do povo que as parteiras devem envolver as crianças recém-nascidas
numa peça de roupa que tivesse sido usada pelo pai.
As bruxas ou mulheres de virtude, conforme as tomam, vivem
na convicção de que dispõem de superioridade de forma a
colher efeitos benfazejos ou malignos pelo seu poder de dominação
dos espíritos.
Gil Vicente, no Auto das Fadas, apresenta uma feiticeira com
os seus instrumentos de fortuna e magia para dizer:
– Ando nas encruzilhadas
Às horas que as benjadadas
Dormem sono repousado
E eu estou com um enforcado
Papeando-lhe à orelha.
Quando na presença do diabo as bruxas armam roda e dançam
à volta dele (a sanzala) é depois disso que vão correr fado e
fazer diabruras.
Se deambulam nesse seu destino não podem as bruxas pronunciar
o nome de Jesus.
Fazendo-o, as outras, logo anunciam:
– Falaste no ailarú?
Pois então vamos nós e ficas tu!
É costume dos povos rurais pregar ferraduras nos espigueiros
com as pontas voltadas para cima para que a sorte não se
afaste e até para frustrar a influência das bruxas no ambiente dos
canastros, como também lhes chamam.
Entende-se que a ferradura constitui um símbolo sagrado por
ser de ferro e ter forma de lua nova.
É usada como amuleto, com grande poder contra os feitiços.
Diz-se que as bruxas perdem todo o poderio que o diabo lhes
outorga logo após o cantar do galo, canto que mata a escuridão,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
635
para implantar o reinado da claridade e da luz que dimana do
bater das suas asas.
No poema D. Branca diz Garrett:
– E o galo preto anuncia a hora fatal a encantamentos.
Entre as suas expressões usa-se para exprimir que, no acontecer
disto ou daquilo, as coisas teriam um curso diferente.
No campo das superstições o galo preto tem até um certo
prestígio, talvez resultante da sua raridade.
Nos cruzamentos dos caminhos, onde as bruxas à meia-noite
se encontram e estabelecem diálogo com o mafarrico, não devem
as pessoas transitar a essa hora pois, nas encruzilhadas, dominam
coisas ruins e muitos perigos.
O povo acredita que as bruxas, entre as onze horas e a meia-
-noite, entram nas casas penetrando pelo buraco das fechaduras
– para sugar o sangue às crianças.
Para realizar as suas deambulações as bruxas besuntam-se
com unguento do diabo transformando-se em animais (ou aves).
Quando alguém consegue fazer sangue no bicho pode vir a
conhecer a pessoa, a exemplo do que sucedia com a crença do
lobisomem.
Para frustrar os bruxedos e evitar os enguiços dizem as mulheres
do povo que as parteiras devem envolver as crianças recém-nascidas
numa peça de roupa que tivesse sido usada pelo pai.
As bruxas ou mulheres de virtude, conforme as tomam, vivem
na convicção de que dispõem de superioridade ede forma
a colher efeitos benfazejos ou malignos pelo seu poder de dominação
dos espíritos.
Relativos a aspetos diversos
Era tradicional, ao fazer uma contagem, utilizar os dez dedos
das mãos e os dos pés, tomados como unidades.
Para conhecer o amor utilizavam uma flor chamada malmequer.
Os amuletos andam em pulseiras ou em voltas penduradas
no pescoço.
636 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
SUPERSTIÇÕES, DEFUMADOUROS,
ESCONJUROS E ARREMEDOS
Além dos vaticínios, agouros e esconjuros existem inúmeras
prescrições mágicas para a cura de males, devendo algumas remontar
a civilizações milenárias.
Há pessoas que o povo considera dotadas com o poder de se
entenderem com os espíritos, não só para em transe os evocar,
mas também para em prática exorcista os esconjurar, com actos
rituais de quase bruxaria.
O povo, na sua crendice ingénua, em face de fenómenos que
excedem o seu conhecimento e superiores à sua mentalidade,
admite tais práticas, dominado por uma imaginação doentia ou
excitado por um instinto de medo e conservação.
Nesta região, as superstições estão largamente difundidas, especialmente
nos meios rurais.
DEFUMADOUROS
São Silvestre
Na região, as mulheres do povo realizavam, com frequência,
defumadouros para afastar os espíritos maus e os enguiços.
Utilizam um prato de ferro com 7 ranquinhos de alecrim, arruda
e oliveira, a que por vezes adicionam incenso, lançando-lhe lume.
Com o prato na mão direita percorrem a casa, de canto a
canto, em cruz, num voto repetido imparmente:
Assim como Nossa Senhora
Defumou seu amado Filho
Para bem cheirar...
Eu defumo esta casa (ou esta pessoa)
Para todo o mal dela retirar!
Por vezes fazem, no final, um oferecimento em verso muito
vulgar nas talhações:
Em louvor de S. Pedro,
De S. Pedro e S. Silvestre...
Quanto eu faço lhe preste,
Nosso Senhor e Nossa Senhora
Sejam divino Mestre! (PN-AM)
Para frustrar a inveja ou para conseguir felicidade, realizam defumadouros
reunindo raminhos de alecrim, 3 pontas de piassaba,
arruda, incenso em pó e sal grosso, a que deitam fogo, num prato.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
637
Com a vasilha a fumegar percorrem os cantos da casa, fazendo
cruzes, ao mesmo tempo que proferem as expressões já
enunciadas, com pequenas variantes.
Quando tudo se apagar, embrulham as cinzas numas calças
velhas de homem e atiram o todo a um rio, que vá directamente
para o mar.
Com os mesmos elementos e com o mesmo ritual defumam
também as pessoas. Estas, têm de atravessar a cruz o prato onde
se faz arder o alecrim, em número de vezes ímpar, sendo também
pernão o número de vezes para a oração.
ESCONJUROS
– Para esconjurar os espíritos maus, praticam uma espécie de
exorcismo à noite, percorrendo os quatro cantos da casa, com
esta objurgatória:
Tista, contista,
Três vezes contista,
S. Pedro e S. Paulo,
S. João Baptista...
Pelo poder de Deus
E Nossa Senhora
Nesta casa assista...
Coca, três vezes coca,
Nunca o diabo
Tenha nada á nossa porta...
Credo... Credo... Credo...
Abrenúncio!
– Para conjurar pessoa inimiga, dada à murmuração, na mesma
freguesia, atiram-lhe esta imprecação:
Côca, barrôca,
Estribo no pé
E freio na boca...
Três para a esquerda
E três para a direita...
Para o sujeito
Ou para a sujeita...
Pão na manga
E pão na cesta...
Toma burro
Leva esta!...
638 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
– Quando uma pessoa é atingida pelo mau olhado que outra
lhe lançou, o quebrando, deitam num recipiente 9 pedras de sal
virgem numa pequena porção de água e, molhando aí o dedo
indicador direito, fazem cruzes na cabeça do quebrantado, à medida
que vão dizendo:
Assim como este sal
Foi criado no mar sagrado,
Que ele seja servido
Tirar este quebrando ou mau-olhado
De morto ou de vivo
Ou demónio excomungado!
– Quando cosem uma peça de roupa que uma tenha vestida,
para evitar que lhe sobrevenha a morte, esclarecem à medida
que passam a linha:
Não coso vivo, nem morto,
Mas aquilo que está roto!
– É muito grave derramar azeite e, então, quando sucede – para
vencer o agouro – fazem cruzes com sal e expressam três vezes:
Boto sal em cruz,
Santo nome de Jesus!
– O encontro inesperado com um corcunda traz agouro, pelo
que – para afastar o mal – fazem figas (entrecuzando o dedo polegar
com o médio indicador), esconjurando:
Pão na mão,
Pão na cesta...
Arre burro
Leva esta!
– Para proteger as crianças do sol, a fim de não serem queimadas
durante o verão, põem-lhe ao pescoço no dia 1 de março,
antes do amanhecer, uma fita vermelha, dizendo:
Ó sol de março
Julgavas
Que me enganavas
Com a tua madrugada...
Mas fui eu que te enganei
Com a minha fitinha ao pescoço
Para tu não me crestares!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
639
– Para obter a fortuna, escondem num bolso três bolinhas
de coca (as folhas desta planta têm a substância que narcotiza os
peixes) e suplicam todos os dias:
Cóquinha, coca aqui...
Assim como atrais os peixes do mar
Assim atraias a fortuna a mim...
Ouro, prata, papel
E tudo quanto eu possa granjear
À minha casa venha parar...
Pelo poder de Deus
E do Santíssimo Sacramento do altar!
AGOUROS
– Se um quadro cair da parede onde estava pendurado o facto
é de muito mau augúrio, sobretudo tratando-se da imagem de
uma pessoa viva (fotografia, por ex.).
A pessoa nele representada será vítima de trambolhão mais
extenso que o quadro e morrerá, ou poderá acontecer – como
também se diz – morrer outra pessoa da mesma casa.
– Não é bom cruzar talheres.
O facto corresponde a fazer invocação dos horrores relativos
ao acto infamante de crucificar o justo. Ora, a cruz, constitui um
símbolo de unidade.
Por isso, aquele que cruzar talheres ficará sob a influência da
infelicidade. E diz-se que o cruzar facas faz quebrar a amizade.
– Representa coisa muito grave partir um espelho: mata-se
uma parte da alma, pois que os espelhos contêm por reflexão a
imagem das pessoas.
Crê-se que este agouro teve origem numa superstição minhota
do tempo de D. João I quando era proibido olhar os espelhos.
A Ordenação chamada Manuelina estabelecia penas para
aqueles que procurassem imagens nas superfícies dos cristais,
dos espelhos, das espadas ou até das águas límpidas.
– Olhar os espelhos é uma crença medieval que, ao que se
supõe, teve suas raízes nos países orientais.
Nas lendas árabes também aparece o espelho e, num estudo
de Lutero, vamos encontrar igualmente o espelho para ler acontecimentos
futuros.
Espelho
640 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Amuletos
Corre também na tradição que as crianças enquanto não podem
exprimir-se não devem aproximar-se de espelhos para evitar
que lhes tarde a fala.
Daí a crença de que é agoirento partir um espelho por ser
uma mensagem ou sinal de desgraça.
– Não é de bom augúrio colocar dinheiro sobre a mesa de
jantar, sobretudo no momento em que se come.
Constitui um enguiço para a fortuna.
– Há em certos lugares a crença de que é de bom agoiro fazer
o lançamento da postura de ovos por um bêbado.
Diz o povo que, então, saem os ovos todos, isto é, não fica
nenhum grolado.
– O corvo, apesar de ser um dos atributos de S. Vicente, é
tomado pelo povo como ave agoirenta.
– Quando, de noite, se percorrem os caminhos não deve assobiar-se.
É de mau augúrio.
Corresponde a chamar pelo diabo.
– O espirro, no momento de calçar os sapatos, é também de
mau augúrio.
Para conjurar esse perigo deve a pessoa meter-se na cama.
– É mau passar entre duas pessoas que falam. Corresponde a
roubar-lhes a sorte e a tirar-lhes a graça.
– Derramar azeite nas mesas é um sinal de desgraça, enquanto
que o entornar vinho significa alegria.
– Dar um lenço de prenda conduz a separação. Para evitá-lo
é preciso dar qualquer coisa em troca.
– Durante as festas populares de junho, especialmente no S.
João, os romeiros adquirem alhos-porros que levam para casa.
Este alho terá de ser conservado inteiro.
Tem o condão de proteger a família contra desgraças.
– Quando alguém rogar praga a outrem – durante a missa,
entre a hóstia e o cálix – a praga cai-lhe em cima e a pessoa sofrerá
danos.
– Não é bom passar por baixo de uma escada.
Quem o fizer expõe-se a ficar enguiçado.
Só poderá libertar-se do enguiço voltando a passar em sentido
contrário.
As escadas, na crença popular, são de ruins presságios para
quem passar debaixo delas.
Diz-se que, na crucifixação, conforme pode ver-se das ima-
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
641
gens existentes em pinturas antigas, havia uma escada encostada
ao braço superior da cruz que os algozes utilizaram para levar a
cabo o martírio.
Por isso, como corria na tradição, no caso do condenado à
força, quando subia a escada para o suplício, o seu espírito deixava
o corpo tão bruscamente que não conseguia encontrar refúgio
para se fixar.
Assim, ficava junto da forca aquela alma perdida, a pairar
no espaço para dar perseguição a quem passasse por baixo da
escada (objecto com maldição).
– É de mau agouro encontrar um preto, quando se está em
jejum.
O mesmo, se dirá quando se urina sobre fogo ou se cospe no
lume.
– No período post-partum deve também a mulher ter cuidado
com o seu leite.
Este seca-lhe se cair sobre lume. (Vale, Carlos: Revista de Etnografia:
vol. 25: fols. 166 a 183).
CURA DE MALES – TALHAÇÕES
Nos domínios da medicina mágica popular, encontram-se
inúmeros ensalmos com valor etnológico apreciável.
Pode dizer-se que os ensalmos variam de lugar para lugar,
embora tenham uma raiz comum.
ABERTO
Para curar este mal, a mãe dos gémeos passa sobre o doente
deitado, mas vai apegada a um pau.
AFOGUEAMENTO DE FERIDAS
Trata-se de inflamações com mau aspeto, a que chamam
Fogo, usando-se o ensalmo seguinte:
Sempre verde e bem-aventurado,
Nascestes no mundo sem ser semeado,
642 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Da chuva foste regado,
Do vento forte abanado,
Três folhas tens encruzado,
Tira-me o Fogo deste revelado!
Nossa Senhora da Conceição
Para a talhação, utilizam 9 ranquinhos de sabugueiro (sempre
verde), de três folhas cada, com azeite, que vão passando
sobre a lesão.
Após a invocação, diz-se:
Sempre verde, encruzado,
Foste nascido sem ser semeado,
Da chuva regado,
Do sol aquentado,
E do vento abanado...
Talho este fogo
Que neste corpo foi dado pelo poder de Deus...
E a Senhora da Conceição
Ponha a sua divina mão
Que a dela vale
E a minha não! Amen.
E acrescentam:
Aqui passou Santa Cecília
Com seu filho e sua filha
Perguntando ao Senhor
Como este mal se atalharia.
E o Senhor lhe respondeu:
Sempre verde e água fria! Amen.
Noutros locais, o ensalmo e o ritual apresentam diferenças
profundas:
Sempre verde, bem-aventurado,
Pela chuva foste regado,
E do vento abanado
Tira este fogo
A este revelado...
Santa Cecília
Três filhas tinha,
Uma na fonte,
Outra no rio,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
643
Outra no fogo que ardia...
Perguntou a Nossa Senhora o que faria.
E Nossa Senhora respondeu:
Bota-se saliva da boca
No sabugueiro, três vezes,
Que, pelo poder de Deus, logo sararia!
O doente cospe três vezes no sabugueiro e talha-se durante
três dias, três vezes em cada dia. Lançam depois os raminhos de
sabugueiro em rio que não costume secar, para que também não
seque. Há muitas variantes.
AFTAS OU ÁFRICAS
Antes de começar a talhar as aftas, a pessoa que talha e a que
é talhada têm que se benzer.
Tem que se talhar durante três dias seguidos e se não passar
aos três vai-se até aos sete.
Talha-se tantas vezes quantas as necessárias, com a condição
de ser sempre em número ímpar de dias.
A pessoa que talha e a que está a ser talhada tem de olhar
para a estrela da manhã, ou para a estrela da noite.
A oração é dita a olhar para a estrela, enquanto que a pessoa
que talha, com a faca na mão, faz cruz sobre a boca da outra pessoa:
Jesus nome de Jesus (três vezes)
Estrelinha da banda de além
Sarai as aftas que a minha boquinha tem!
Ou
Que a boquinha deste menino tem. (conforme a pessoa em
questão).
As pequenas úlceras nas mucosas da boca das crianças, são
debeladas numa objurgação com água em frente que, a correr, se
corta com uma faca na mão:
Assim como a água sagrada bate aqui
Assim minha afta tu fiques aí...
Ou
Estrelinha da banda de além
Tira-me estas Áfricas
Que a minha boquinha tem!
644 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ou
Luzinhas da banda de Além
Tirai as áfricas que a minha boca tem! (PN – AM)
O AR MAU
O povo crê muito que certas doenças, principalmente das
crianças, são produzidas por ar mau, isto é, ar em que havia
algum maléfico ou tinha estado algum espírito maléfico. Para
livrar a criança do ar mau há muitas práticas e fórmulas. Conhecemos
três.
1 – Faz-se um bolo de pão e dá-se à criança que tem o ar mau
e o que a criança não comer deita-se a um cão e numa noite de
luar a criança deve dizer:
Luar, luar
Dá-me a minha cor,
Dou-te o teu ar.
2 – Leva-se simplesmente a criança à rua numa noite de luar
e a mãe dela diz:
Luar, luar
Toma o teu andar;
Deixa o meu filho
Que o quero criar.
3 – Vai-se à fonte por um caminho e vem-se por outro com a
criança nos braços; ao afastar-se da fonte diz-se:
Eu o céu vejo,
Eu estrelas vejo,
Eu terra vejo,
Eu ar vejo,
O mal que esta criança tem
Pela minha mão despejo.
E deita-se para trás das costas uma mão cheia de água, sem
olhar para trás.
AZAGUE OU AZAGRE
Renegava-se à beira de um riacho, molhando um raminho
de 3 folhas na água, de cada vez, fazendo com ele cruzes na cara
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
645
do doente e lançando depois as três folhas na corrente, com este
poético entremeio:
Azague foi ao monte...
Nunca comia, nem bebia,
Quem talhava era Deus
E a Virgem Maria
Com a folhinha de gesta
Que pela água corria...
AZIA
A pessoa que tem azia debruça-se sobre uma pedra pia, dizendo
a que talha:
Jesus e nome de Jesus! (três vezes)
Sai-te daqui, bruto!
Sai-te daqui, trela! Sai-te daqui, burro! (ou burra conforme
for homem ou mulher) de cima da pedra. (PN – AM)
Ao talhar a azia a pessoa tem que se pôr em cima de uma
pedra, descalça, dizendo três vezes.
Eu te talho azia
Sai-te burra, desta pedra fria.
BERTOEJA
Talha-se a irritação da pele que produz muita comichão, dizendo
as mulheres que o corpo fica com a aspereza de uma cortiça.
Para o tratamento utilizam uma pia de porcos, com a prévia
invocação, passando o doente sobre ela três vezes e dizendo:
Assim como o porco e porca comem aqui
Assim bretoeja tu fiques aí!
Fazem no final o oferecimento já enunciado, mais ou menos
idêntico.
O BICHO
Talha-se com um tição de lareira a arder, andando com ele
à volta sobre o ponto onde passou o bicho, com este esconjuro:
646 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Ordenha ou mungição
Bicho, bichão,
Cobra ou cobrão,
Aranha, ou aranhão,
Sapo ou sapão,
Sai-te daqui... senão
Queimo-te com este tição!
Tu p’ra diante não irás
P’ra trás tornarás (aqui param e andam com o tição para trás)
Pelo poder de Deus
E da Virgem Maria
Aqui secarás!
O Fogo tem sempre na medicina popular um papel relevante.
Na mitologia das gentes é coisa sagrada, que purifica.
Dizem as crenças populares que não se deve cuspir no fogo:
quem o fizer sofrerá grave acidente.
Também não deve urinar-se sobre lume: aquele que o faça
ficará doente da bexiga.
Quando se ordenha uma vaca não deve deixar-se cair o leite
sobre lume: – secar-lhe-á a secreção.
Esconjuram também com um tição a arder, durante três dias,
dizendo:
Bicho, bichal,
Sapo, sapal,
Sai-te daqui
Que anda fogo em brasa
Por cima de ti!
Também se diz:
Bicho, bichão,
Sapo, sapão,
Aranha, aranhão,
Bicho de toda a nação,
Bicho que comeis e bebeis
E graças não dais
Esmirrado sejais!
Noutros lugares usam um carvão e erva e decidem assim, em
execução tripla:
Bicho, bichão,
Aranha, aranhão,
Bicho de toda a nação,
Sejas seco, esmirrado,
Como este carvão.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
647
BICHOCO
Bicho, bichoco
Eu te talho
Com funcho, água e sal
Do Monte Pedral...
P’ra que nun cresças,
Nem engordeças
E juntes os pés com a cabeça!
BICHO-FERRÃO
Trata-se esta inflamação intestinal das crianças, desta maneira:
Não quero o meu menino
Doente do bicho ferrez...
Quero-o são e salvo
Como Nosso Senhor o fez! (PN – AM)
Durante a talhação a criança passa sob um arco construído
com ervas que duas pessoas seguram.
CIÁTICA
O doente segura na mão direita uma vela de cera, benzida, e,
depois de invocação tripla, usam esta oração anfigúrica:
Desconjuro-te, Rosa! (duas vezes)
Pelo poder da Virgem Maria
Senhora Nossa...
E do seu bendito filho, Jesus Cristo,
Desconjuro-te, Rosa! (duas vezes)
Pelo poder dos anjos e dos Serafins.
E pelos merecimentos dos apóstolos...
Desconjuro-te, Rosa! (duas vezes)
Pela cruz de Jesus Cristo
Que saias deste corpo
Assim como saíste do sangue e da água
Para os filhos de Israel...
Bem-aventurados
Aqueles que usam os caminhos do Senhor
Que, por meio desta oração,
648 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Seja tirada esta Rosa...
Desconjuro-te, Rosa!
Pelas ondas do mar,
Pelo que se contém nos livros e missais,
Pelas 4 colunas da Igreja Santa
Pela sagrada água do rio Jordão
Que não tenhas poder de estar nesta criatura...
Pelos vivos merecimentos
Da Virgem Maria, Senhora Nossa,
Em virtude de N. S. Jesus Cristo
Que viveis e reineis
Por todos os séculos dos séculos. Amen. (PN – AM)
COSTAS ABERTAS
Esta talhação exige a participação de uma mulher que tivesse
tido um par de gémeos. Ela terá de passar três vezes sobre o
doente, que se deita no chão.
Em seguimento do rito, a mãe dos gémeos põe o seu pé direito
no ponto aberto e pergunta:
Porque é que abriste?
O padecente contesta:
E tu... porque é que pariste?
E ela determina:
Assim como eu sarei da minha paridura
Assim tu sares da tua abertura!
Passa depois sobre as costas doentes para o lado contrário e
repete o feito três vezes, fazendo no final o já conhecido ofertório,
comum a todas as talhações.
DADA
Esta inflamação dos seios das mulheres ou úbere das vacas
cura-se, com um raminho de sabugueiro (sempre verde) que embebem
numa mistura de 3 pingas de azeite e 3 pingas de água
dispostas numa vasilha.
Talham depois em número ímpar:
Dada me deu
Dada me daria...
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
649
Sare-me Deus
E a Virgem Maria!
Também se utiliza um pente e uma porção de água quente,
molhando o pente no líquido e passando em cruz sobre a dada,
à medida que esconjuram:
Quando Nosso Senhor pelo mundo andou
Ao bom homem pediu deitada
Má mulher lhe fez a cama
Sobre vide, sobre lama,
Sara peito abaixa mama!
DORES DE DENTES
O formulário caseiro do povo arranjou também um processo
para se defender das dores de dentes, com o auxílio de um terço e de
uma reza que, com a prévia invocação, declamam durante 9 vezes:
Estava S. Clemente
Entre as pedras do Algarve...
Passou Nossa Senhora e disse:
Que fazes aí, Clemente?
– Senhora, estou muito mal
E muito doente
Dos meus queixos,
Do meu dente...
-Pois tu nun sabes, Clemente,
Que Nosso Senhor Jesus Cristo
Andou nove meses no meu ventre?
Pois vai e talha...
Se for imor que espalhe;
Se for dor que passe;
Se for bicho que morras
ECTRÍCIA, TRÍZIA OU TRIZ
Para a talhar pegam num chifre de carneiro, fazendo cruzes,
durante 3 vezes, com este dito:
Eu te talho triz branca,
Triz negra, triz parda,
Triz amarela...
650 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Em louvor de S. Bernardo
E de S. Bernardino e S. Luís
Que são os verdadeiros Mestres
De talhar esta triz!
ECZEMA
S. Bernardo de Claraval
Para a sua cura importa arranjar água de uma fonte que nunca
tenha secado.
Durante 9 dias seguidos, uma vez em cada dia, renegam o
mal com penas de galinha viva, que embebem na água, a que
adicionaram sal:
Herpes! Lavras aqui em terra lavrada!
Vou talhar com nove penas de galinha viva
Pedrinhas de sal
E pingas de água de fonte especial!
Para que Deus e Nossa Senhora
Te venha curar este mal...
Assim, tudo que eu faço preste
Que tu fiques são e salvo
Como na hora em que foste nado
Aos pés de tua mãe lançado,
Nascido e baptizado...
Pela sagrada morte e paixão
Que Jesus Cristo seja médico e cirurgião!
ERIPSELA OU ZIPLA
Utilizam-se 7 perninhas de carqueja, 7 pingas de azeite e outras
tantas de água, tudo disposto num pequeno prato.
A que talha toma uma haste de urze, molhando-a no azeite e
água que procura misturar, benzendo em cruz a cara do doente e
recitando o ensalmo apropriado, que a seguir se indica.
Na borda do prato vão juntando os raminhos do esparto do
monte utilizados e, no final, com os sete juntos, repetem a reza,
queimando tudo em seguida
A talhação faz-se durante três dias seguidos e o rito inicia-se
com a seguinte invocação:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
651
– Jesus, nome de Jesus! (três vezes)
O ensalmo é assim concebido:
Pedro Paulo foi a Roma
Jesus Cristo encontrou
E ele lhe perguntou:
Pedro Paulo o que vai lá?
Senhor, morre muita gente
Com a zipla e pela má.
Pedro Paulo torna lá
Corta e talha
Com água da fonte
Azeite de lima
E esparto do monte
Também se acrescenta este esconjuro pastoril:
Rosa vai p’rá fonte
Rosa vai p’ró monte,
Rosa vai p’ró mar...
Deixa o corpo de F...
Que não tem nada p’ra te dar!
No final fazem um oferecimento que é taxativo em todos os talhes
mas que apresenta pequenas diferenças, conforme os lugares.
Também se usam, em vez de 7, 9 perninhas de carqueja (a
que chamam queiroz ou queiroga), sendo 9 também as gotas de
água e de azeite.
A invocação inicial é esta:
Jesus, santo nome de Jesus!
Onde se nomeia o Santo nome de Jesus
Mal nenhum ficará.
O ofertório final é neste jeito:
Pelo poder de Deus
E da Virgem Maria
E São Silvestre...
Tudo o que eu faço preste
E Nosso Senhor Jesus Cristo
Seja o verdadeiro Mestre!
O esconjuro alude directamente ao nome da doença:
Pedro Paulo foi a Roma
Jesus Cristo encontrou
E este lhe perguntou:
Pedro Paulo que vai lá?
Senhor: Muita zipla e ziplão...
Pedro Paulo torna lá
E a talharás
Com queirós do monte,
652 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Azeite de oliva,
E água da fonte...
Zipla vai pró monte,
Zipla vai pró mar...
Deixa o corpo de F...
Dormir e descansar!
Em alguns locais, há três espécies de Zipla: Zipla Rosa, Zipla
Mal do Monte e Zipla da Fístula. Esta última talha-se assim:
Zipla ziplão
Seca sejas tu
E a carne não!
Pelo poder de Deus
E do Santíssimo Sacramento
Te saia todo o tormento!
Esta zipla pode ser macho ou fêmea e, conforme o sexo, terá
de ser talhada respectivamente por homem ou mulher.
A talhação faz-se com 9 carvões apagados, com azeite e água,
três vezes seguidas e pelo mesmo número de dias.
ESCONJURO DA INCHAÇÃO
Para o fazer, vai-se para junto de um regato ou de um ribeiro,
cujas águas corram directamente para um rio.
A que talha tem na mão uma rosa e, depois da invocação,
talha assim:
Abrasar! Abrasar!
Pró mar, pró mar!
Ar com roto ao seu lugar!
Assim como o sol vem do nascente
E se mete no poente
E Deus vai adiante;
Como a água vem do mar
E torna pró mar...
Assim, torne, torne
A inchação desta criatura
Para o seu lugar!
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
653
FARFOLA
Chama-se farfola às aftas que nascem às crianças de leite:
para talhar pousa-se a criança atacada por cima da pia dos porcos
e diz-se:
Farfola, vai-te daqui,
Que porcos e porcas
Comem aqui.
Púcaro com asa
FIO TORCIDO (DISTENSÃO OU PEQUENA ENTORSE)
Serve-se de um alguidar com água a ferver, colocando nela
um púcaro novo de barro com o fundo para cima, com o testo
por cima, e sobre ele dispõem uma tesoura, carrinho de linhas,
uma agulha, um pente e um dedal.
O padecente assenta o calcanhar torcido no púcaro e, a talhadeira,
entra a coser o pé, munida da agulha e da linha, não
podendo dar nós nas pontas da linha, mete o dedal no dedo com
se fosse coser, que vai passando sob ele.
O paciente coloca a mão ou o pé sobre o púcaro.
Feita a invocação já conhecida a costureira pergunta ao do pé
quebrado:
– Eu que coso?
Ele responde:
– Carne cobrada...
Ela decreta:
– Fio destroço!
E dizem as entendidas que a receita não falha!
FOGO
Com nove folhas de sabugueiro, com três folíolos cada uma
e com água, benze-se o doente. Eis a reza:
Sempre verde bem-aventurado,
Que no jardim do Senhor
Foste achado sem ser disposto nem semeado,
Pelas ondas do mar, regado, pelo vento abaixado,
654 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Do sol santo arraiado, tira-me este fogo afogueado.
Assim como o mar não há-de merecer água
Assim como o fogo não há-de merecer fogo,
Assim como o Vosso Senhor Jesus Cristo
Não há-de merecer outro maior que si,
Pelo poder de Deus e da Virgem Maria, não lavre este fogo
aqui. (PN – AM).
FOGO LOURO
Para talhar o fogo louro, toma-se esparto de um archote queimado
e palhas de alhos, também queimados, e cortam-se miudamente
com uma tesoura dizendo:
Eu te corto a cabeça, (duas vezes)
Eu te corto o corpo,
Eu te corto o rabo,
Eu te corto todo.
Depois deita-se isso sobre o pescoço do doente dizendo:
Eu o Tejo e o Douro
E o Minho passei;
Fogo louro
Talhei.
IMPINGENS
Deita-se sal na boca e com a saliva assim salgada vai-se pressionando
a impingem dizendo ao mesmo tempo:
Jesus e nome de Jesus! (três vezes)
Impingem rabija sai-te daqui!
Assim como eu hoje já comi e bebi
(Estando em jejum) tu medres aqui.
(E tendo já comido, diz:)
Assim como ainda não comi nem bebi...etc. (PN – AM)
INFLAMAÇÃO DOS SEIOS DA MULHER
O Senhor pediu pousada,
Bom homem lhe deu pousada,
E má mulher lhe fez a cama,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
655
Numa grade sobre a lama.
Sara peito, sara mama.
IMOR
Faz-se a talhação sobre a cara do doente, em cruz, com um
terço, usando um ensalmo parecido com o da zipla:
Quando Nosso Senhor pelo mundo andou
Por Clemente mártir perguntou
E ele onde estava lhe falou:
Senhor! Estou aqui muito doente,
Mal da cara,
Mal dos queixos,
Mal dos dentes...
Clemente! Vem cá e talha:
Se for cieta, seca;
Se é dor de dentes, passa;
Se é imor espalha!
São Clemente
ÍNGUA (ENGORGITAMENTO GANGLIONAR)
O próprio doente não precisa de intervenção das enfermeiras
da virtude.
Molham-se três dedos em saliva, fazendo cruzes sobre a íngua.
O inguado volta-se para uma estrela (ou para outra luz, quando
não se vêem estrelas) e diz três vezes:
Estrelinha, bonitinha,
A minha íngua diz que seques tu...
E eu digo: que seque ela
E que reluzas tu!
Noutros locais, embora diferente, é muito semelhante a crença:
Estrelinha bendita!
Eu tenho uma íngua...
Ela diz que seques tu
Eu digo: que seque ela
E que medres tu!
O formulário popular obriga à invocação e ao oferecimento
final.
656 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
LOMBRIGAS
Em nome de Deus, Amen,
Jesus, Maria, José,
E à virtude do santo Inofre,
Que te livre... das bichas
Que te comem o coração
Pela misericórdia divina
Se convertam em água.
Amen, Jesus, Maria, José.
MAL DO MONTE
É talhado por forma parecida à já indicada, molhando durante
o rito os ranquinhos de queirós na mistura de azeite e água.
Põe-se depois a vasilha junto da lareira para que tudo seque
com o calor e assim seque também o mal (não podem fazer-se
arder os raminhos).
OUGAMENTO, OUGUICE OU AUGARIÇO
Quando a criança aparece com o rosto pálido e não tem apetite
padece de ougamento, atribuindo-se o facto ao desejo de ter
querido comer qualquer coisa que lhe foi recusada (dizem que
está tolhida).
Para desougar a criança colocam na sua frente uma peneira
voltada para o luar e suplicam-lhe a graça de permitir que ela
cresça e se alimente:
Lua ou luar
Toma o teu caminho
E o teu andar...
Deixa o meu menino
Comer e medrar!
Nalguns locais, o ougado fica nos braços de uma mulher em
frente do forno de cozer pão, fazendo ela menção de a colocar
na pá forneira, que outra mulher segura à entrada. Esta mulher
inquire:
Eu que talho?
Ao que tem a criança replica:
Talho o ar,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
657
O ougamento
E o tolhimento!
E, a primeira, faz o milagre:
Meto tudo pelo forno dentro!
Executa isto três vezes, fazendo entrar a pá no forno de cada
vez, para sentenciar:
Fique a ... (diz o nome do ougado)
Sã e geirada
Como aos pés de sua mãe
Foi lançada...
Da massa que está a cozer fazem, então, um bolinho de broa
com 5 buracos (realizados com os 5 dedos da mão direita) e em
cada buraco deitam uma gota de azeite).
O ougado come, depois de cozido, metade do bolo e a outra
metade é comida por um animal (um cão ou um carneiro, o que
estiver mais ao alcance).
A criança ougada tem de comer o bolo todo atrás de uma
porta, além de um rabo-de-bacalhau cozido ou assado na brasa,
dando os restos a um cão preto. Há zonas em que usam 7 rabinhos
de bacalhau, em vez de um.
PÔR GALINHAS NO CHOCO
O povo chama também deitar galinhas. Põem-se debaixo da
palha do ninho um utensílio de aço, para preservar do efeito das
trovoadas, afim de os ovos saírem todos. Como a choquice dura 3
semanas quando deitam a galinha fazem-no em data tal que o nascer
dos pintos coincida com boa lua, para que a ninhada tenha força
para abrir as cascas, dado a lua ser símbolo de criação e fertilidade.
Quando colocam a galinha no choco fazem cruzes e pedem:
Em lavor de S. Silvestre
Tudo galinhas e um só galador!
Interessam mais as frangas por causa dos ovos.
Às vezes, as galinhas põem ovos-moles e comem-nos. Então,
para frustrar a partida desvantajosa as tratadoras põem-lhe uma
mão nas patas e outra nas asas e dizem, batendo com a galinha
nas tábuas do galinheiro:
Jesus, nome de Jesus! (3 vezes):
Não andes a pôr vento
E a dar co’o rabo no tapamento!
658 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
QUEBRANTO OU MÁ OLHADURA
Deitam-se nove pedras de sal virgem em água em que se molha
o dedo indicador e fazendo cruzes na testa da criança diz-se:
Jesus e nome de Jesus! (três vezes)
Assim como este sal foi criado no mar sagrado
Que ele seja servido tirar este quebranto ou mau-olhado
De morto ou de vivo ou de demónio excomungado. (PN – AM)
QUEIMADURAS E ESCALDADURAS
Santa Iria
Três filhas tinha;
Uma urdia,
Outra tecia,
Outra em fogo
Ardente vivia.
Encontrou Nossa Senhora,
E ela lhe disse que talharia,
Que lhe cuspisse e talhasse
Três vezes ao dia.
O SOL
Para talhar, usam uma toalha ou guardanapo de olhos dobrado
em 2 ou em 4, que põem sobre um copo, meio de água.
Apertando bem aquela peça para que o líquido não saia viram o
copo com o fundo para o ar, em cima da cabeça do assoalhado.
Usa-se a prescrição entre as 11 e as 12 horas, com sol bem
descoberto, para ferver a água, que se evapora do copo. Durante
três dias, uma vez por dia, a ensalmista atalha assim:
Quando Deus pelo mundo andou
Sol e sombra encontrou
E lhe perguntou
Com que talharia?
Com uma toalha de olhos
E um copo de água fria...
Padre-Nosso e Ave-Maria!
Noutros locais diz-se:
Assim como água saiu do copo
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
659
Sai-te daqui!
Terçol ou Tresogo
A pessoa que talha esta doença dos olhos, anela com os dedos
polegar e indicador que encosta ao olho direito, por onde
espreita em direcção ao olho de um animal (um cão ou um gato,
por exemplo), dizendo:
Tresogo vai práquel olho,
Ou pró esquerdo ou pró direito,
Ou práquel que tiver melhor jeito!
No fim, o ofertório costumado.
TESORELHO, TISORELHO OU TRAZORELHO
A mágica popular dispõe também de uma fórmula para cura
da doença que se reconhece pelo inchaço anormal do pescoço.
Para talhar usam uma canga de bois, de preferência ainda
aquentada pelo cachaço dos ruminantes, para alcançar melhor
êxito, que se coloca no pescoço do doente, esconjurando por 3
vezes com a mão aberta, fazendo cruzes:
Assim como boi e vaca cangam aqui
Assim tesorelho tu fiques aí!
O oferecimento é sempre o mesmo.
Há lugares em que dizem simplesmente:
Tisorelho vai-te daqui
Que bois e vacas cangam aqui!
A canga deve ter servido a bois e vacas, como se diz na estrofe.
A canga apoia-se no pescoço doente só em parte, ficando a
outra numa mesa, cadeira ou outro móvel, dizendo:
Tesorelho bravo
Sai-te daqui...
Vacas e bois cangaram aqui...
Assim como isto é verdade
Assim tu seques aí!
Canga ou jugo
TORPEZIA OU TOLHIMENTO
Esta doença que se define com a acumulação de serosidades
no abdómen, cura-se por este processo:
Eu te talho torpezia e tolhimento
660 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Eu te mando para dentro...
Não queiras aumentar
Mas antes esvaziar...
Recolhe ao teu lugar
P’ra esta criatura poder sarar! (PN – AM)
UNHEIRO
Na talhação desta doença da vista, utilizam um copo de água
com 9 grãos de trigo:
Unheiro tem-te em ti
Como Nosso Senhor teve em si...
Unheiro tem-te no Horto
Como Nosso Senhor Jesus Cristo esteve morto...
Assim como o mar não tem cabo
E o sapo não tem rabo
Borbulhas e borbulhões
Secarão como os carvões!
ZIPLA ROSA
A Zipla Rosa extingue-se com esta modalidade:
Ó Rosa dolorosa!
Tu és a Rosa dolorosa
Que chupas a carne
E secas o sangue...
Deus te dê lume
Com que te abrande
E derreta como o sal na água
E, pondo a mão te acalme!
Põem a mão sobre o mal, talhando três vezes, durante três
dias, com água e sal. As invocações e ofertórios são sempre no
mesmo estilo.
ARREMEDOS
Corre também um arremedo chocarreiro às talhações que
tem certa nota de curiosidade:
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
661
Três palhas, alhas,
Três maravalhas
Três pitos meus,
Três outros teus,
Três de S. Mateus,
Três do meu cão,
Três do meu irmão,
E vai-te embora
Que estás são...
E, em louvor de Santa Eufêmia,
Se mal estás
Pior te venha...
Tantos diabos
Levem a quem nos levou,
Como sem eles ficou...
OUTROS COSTUMES
DIA DE ENGANOS
No dia 1 de abril, conhecido por dia dos enganos, penduravam-se
rabos de papel nas costas das pessoas que passavam nas
ruas, sem elas o notarem.
E chegavam ao ponto de pregar no chão moedas com curso
legal para gozar o espectáculo de apanhar em falso os distraídos.
Havia quem deixasse de trabalhar nesse dia para se dar inteirinho
à tarefa de explorar o descuido alheio pelas formas mais
diversas.
Quando avisavam:
Apanhe o lenço que lhe caiu...
Havia sempre quem caísse no logro!
Santa Eufêmia
SÁBADO DE ALELUIA
Quando a Ressurreição era celebrada neste dia, não eram poucas
as pessoas que iam às igrejas buscar vasilhas de água benta.
Alguma dela tinha aplicação de cunho estritamente religioso, o que
não acontecia, noutros casos, cujo destino, era a prática de bruxaria.
662 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
QUEIMA DO JUDAS
Na vigília pascal e por ocasião de S. Pedro constroem bonecos
de palha e pano, representando personagens conhecidas
caídas em desgraça.
A certa hora, com gáudio dos circunstantes, queimam o Judas
e deitam foguetes.
COMPASSO
A prática de calcorrear caminhos e ruas das terras cristãs, no
anúncio festivo da Ressurreição e que estava já quase a desaparecer,
reduzida que estava ao norte e a uma reduzida parte do
centro do país, por falta de clero, vem sendo revitalizada com
grupos de leigos responsáveis e empenhados nas estruturas paroquiais.
Normalmente, o compasso é constituído por um presidente,
um portador da cruz, outro a anunciar com uma campainha o
anúncio pascal, um com água benta e outra a receber as ofertas
em dinheiro e géneros que os fiéis oferecem (folar) e a quem cabia
a oferta de amêndoas às crianças.
Todas as famílias primavam em receber bem o compasso oferecendo
o típico pão-de-ló da época, vinho fino e outras iguarias.
Há ainda resquícios dum costume antigo das pessoas da mesma
família se juntarem em todas as casas pertencentes aos seus
membros, numa comovedora manifestação de amor fraterno.
Costumava-se lançar foguetes à passagem do compasso.
Normalmente, esta manifestação festiva culminava com a celebração
da missa na igreja paroquial, onde se juntavam todas
as cruzes.
MAIAS
É costume no dia 30 de abril à noite colocarem ramos floridos
de giestas, a que chamam maias em todas as portas e janelas,
É costume herdado com certeza dos romanos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
663
Segundo Pinho Leal as festas das maias em algumas localidades
do Algarve eram feitas de modo seguinte: escolhia-se uma
rapaziada de 10 a 12 anos das mais doutas do sítio. Enfeitava-se
com um vestido branco, jóias, fitas e flores e colocava-se em centro
florido, construído numa sala ao vez da rua. Era a maia.
Em frente da casa onde ela estava havia num mastro coberto
de manta e flores, em roda do qual se dançava todo dia, ao som
de qualquer instrumento, às vezes até mesmo de uma filarmónica,
mais ou menos horripilante e era dia de divertimento e alegria.
Esta festa tinha lugar no dia 1º de maio de cada ano.
Em Mozelos, não se colocavam as maias às portas em substituição
dessa festa pois não consta que a houvesse por cá, mas
sim para comemorarem um facto da vida de Cristo. É essa a
razão que, em Mozelos, motivava essa prática, ou a tentativa de
o diabo, ou as bruxas, não entrarem nas casas.
LOBISOMEM OU TARDO
A superstição do lobisomem teve curso nesta região.
Quando uma mulher tivesse sucessivamente sete filhos do
mesmo sexo, o mais novo deles teria de correr fado, em deambulação
nocturna, feito animal, revolvendo-se no lugar onde repousava
o primeiro animal que encontrasse.
Ao anoitecer transformava-se, por exemplo, em lobo ou cão
para só voltar à figura humana quando viesse o dia.
Mas, quem o encontrasse no seu giro e o ferisse, fazendo
sangue, obtinha logo a forma de homem.
Havia por isso quem andasse atrás dos fadistas, depois da
meia-noite, para lhes quebrar o encanto!
A um homem que andava transformado em burro, um camponês
cortou-lhe o rabo com uma fouce. Imediatamente, voltou
à sua forma primitiva de homem, mas com um dedo mendinho
a menos.
O risco que se corre para desencantar o lobisomem é grande
e todo o cuidado é pouco nesta operação. É preciso que no momento
de se ferir, o sangue não salpique a pessoa, senão passa
para ela o fadário.
Por isso, em vez da foice que tem cabo curto torna-se preferível
uma vara comprida com um bico na ponta, e ainda assim
664 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
apenas se dá a picada e deve largar-se logo e fugir para longe.
O outro meio de desencantar o lobisomem consiste em tirar-
-se-lhe o fato e deitá-lo num forno aceso. Apenas isto acontece o
lobisomem vem atormentado por dores horríveis procurar tirar
o fato. Muitos não resistem à operação e morrem, mas se resistem
estão salvos e acaba-se-lhe o fado.
Segundo a tradição quando o lobisomem sai de noite, tem de
correr pontes e 7 rios, entre as 11 e a meia noite.
Entre o nosso povo não se sabe o motivo por que um indivíduo
qualquer se transforma em lobisomem. É uma desgraça que
pode ferir a pessoa, é um destino fatal que não se pode evitar
(fadário de fado, fatum), e que torna quem dele é vitima mais
digno de comiseração do que de ódio. No entanto, uma circunstância
há em que a transformação parece ser o castigo de um
delito reprovado pela consciência popular. Assim, segundo uma
tradição, os lobisomens são provenientes do ilícito coito carnal
do padrinho com a afilhada ou da madrinha com o afilhado.
Ora é bem sabida a repugnância que a Idade Média sentia por
estas uniões que reputava incestuosas. Mas esta particularidade
que por ora ainda não achámos reproduzida nos outros povos,
é uma exceção. A lei geral é a licantropia tanto pode afectar o
inocente como o culpado, ignorando-se absolutamente o porquê
deste facto. Em compensação e como é diversamente explicado
é mesmo muito complexo.
Assim, que o aparecimento de uma bruxa, principalmente
quando pronuncia certas palavras, pode fazer gerar espontaneamente
um lobisomem. Também se diz que quando uma mãe tem
sete filhas a fio, sem intervalo de nenhum filho varão, a última
delas é bruxa. Ora exactamente um facto análogo é apontado
como a origem mais comum do lobisomem.
Quando um pai tem sete filhos a fio o último é o lobisomem,
para se evitar esta desgraça devem dois dos irmãos servir um
de padrinho e outro de madrinha, pondo-se ao recém-nascido o
nome de Eva se é fêmea e o de Adão se é varão. Segundo outras
versões, o nome que serve de talismã é Bento para os meninos e
Jerónima para as meninas.
E diziam pessoas de idade que a prescrição fora respeitada,
pois existiam pessoas com tais nomes, por mera imposição de tal
regra.
Efectivamente os lobisomens reconhecem-se, mesmo quando
estão no estado natural, pela sua magreza, pela cor amarela característica,
e pela tristeza que sempre os acompanha. Também,
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
665
segundo alguns, os lobisomens, quando andam desencantados,
distinguem-se dos outros homens em terem as orelhas mais compridas,
ventas arrebitadas e os cabelos da cova do ladrão de uma
cor parda com laivos escuros.
À meia-noite ou ainda, entre as onze horas e a meia-noite,
é que os lobisomens das quintas para sextas-feiras, ou segundo
outras versões, das terças para as quartas e das quintas para as
sextas, vão aos espojadouros para mudarem de figura.
DESENTERRO DAS MERENDAS
Celebrado na segunda feira, após o Domingo de Pascoela.
Este dia representava, para os trabalhadores rurais, a passagem
do horário de inverno para a hora de verão, sendo costume os
patrões darem esta tarde de descanso. O período era de festa e
cada família trazia a sua merenda para partilhar com todos.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
667
EM COMPLEMENTO...
Henrique Rodrigues Ferreira, nasceu em Mozelos, em 1921. Era
filho de José Ferreira Coelho e de Margarida Rodrigues de Oliveira.
Conhecido pela alcunha de Passarinho, exerceu a actividade de
sapateiro durante a sua vida. Paralelamente, dedicava-se à feitura de
versos ao sabor da sua inspiração, a partir da observação de realidades
pessoais e paisagísticas. Pertencia a uma família remediada que empobreceu
por tentar salvar um membro da família que tuberculizou.
A sua alcunha deve-se ao facto de se ter dedicado à música tocando
violino na Tuna Musical Mozelense. Ao mesmo tempo, cantava
nas festas religiosas do Natal e da Páscoa, tendo-se evidenciado
pelo timbre único da sua voz que rapidamente foi aproveitado pelo
povo, como sempre acontece, para o designar como o Passarinho.
Usava, como era natural com o seu nível de escolaridade (4.ª
classe do ensino primário), uma linguagem simples mas certeira e
assertiva, com muitos laivos de ironia e de crítica mordaz. Ficou,
por isso, na memória dos seus contemporâneos que, ainda hoje,
recordam com saudade as suas qualidades e a sua capacidade interventiva
na vida da sociedade ao seu jeito. É, naturalmente, venerado
pelos seus familiares que o recordam com muita saudade.
Henrique Rodrigues Ferreira,
o Passarinho
POEMA DE
HENRIQUE RODRIGUES FERREIRA
(PASSARINHO)
MOZELOS SEMPRE MOZELOS
1
Mozelos, aldeia linda
Que eu não encontrei ainda
Com quem te hei-de comparar
Por isso de quando em vez
Por seres linda como és
Outros te querem roubar.
668 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
2
São esses ratos manhosos
Traiçoeiros e teimosos
Espreitando os seus desejos
Com burlices ou enganos
São piores que os ciganos
Olhai para a cara dos gajos.
3
Ninguém se há-de render
Pr’a esses diabos ver
Que temos força e coragem
Pois Deus nos há-de salvar
Dos mãos nos irá livrar
Dessa falsa gatunagem
4
Mozelos, sempre Mozelos
Fará dores de cotovelos
A quem o quer retalhar
Mas que abram a boca até trás
Como às vezes os cães faz (sic)
Sem nada poder tragar.
5
Pois essas bocas famintas
Que vão apertando os cintos
Que nada conseguirão
Mas se não estão contentes
Que apertem bem os seus dentes
Numa bola de alcatrão.
6
Mozelos há-de vencer
E onde se irão esconder
Essas caras sem vergonha
Dou-lhes um conselho de amigo
Que há no inferno abrigo
Por essa peste enfadonha.
7
E tudo isto p’ra quê
Pois Mozelos tudo vê
Que é um roubo sem pés nem jeito
Por quem traz as mãos erguidas
Que faz rezas infinjidas
E tanto bate no peito.
8
Mas Mozelos está acordado
P’ra que não seja roubado
O seu lugar da Vergada
Por isso é que sofremos
Porque ainda hoje temos
A nossa igreja fechada.
9
Nessa vaidosa Vergada
Há tanta gente atrasada
Que não quer compreender
Quem lá for que veja bem
Eles nem capela têm
E freguesia quer ser.
10
Coitadinhos nem sabeis
Que a Mozelos pertenceis
P’ra que sonhais paixões mil
Se não gostais de Mozelos
Retirai como os camelos
Ide p’ra Ordonhe Argoncilhe.
11
E por falar na Vergada
Que está sendo cobiçada
Neste Mozelos querido
Temos o nosso Murado
Já por vezes assaltado
Mas nada têm conseguido.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
669
12
Terra de grande beleza
De virtudes e riqueza
Oh! Tão contente me sinto
Que a toda a hora e momento
Trago no meu pensamento
Este Mozelos distinto.
13
A bandeira de Mozelos
Sem derrotas nem apelos
Merece-nos todo o carinho
A cor dela é azul, vermelho
Tem ao centro como espelho
A cruz de Gago Coutinho.
14
Mozelos cheia de encantos
Com seus largos e recantos
E carreirinhos que sobem
Para o Alto do Coteiro
Quem lá for vê o mundo inteiro
Serra e mar dali descobrem.
15
Nesse Coteiro afamado
Reza a história do passado
Que o mar ali já chegou
Mas que um dia há-de voltar
Porque lá quer ir buscar
A concha que lá deixou.
16
Mas o Coteiro tem mais
Duas pipas desiguais
Uma de peste, outra de ouro
Mas que lá estão bem fechadas
Profundamente enterradas
Noutros tempos pelos mouros.
17
Oh! Nossa querida Tuna
Tu vales uma fortuna
Orgulho dos Mozelenses
Com a tua bandeira azul
Desde o norte até ao sul
Onde chegas sempre vences.
18
O Pinheiro das Sete Cruzes
Nas alminhas ardem luzes
Pela alma de sete padres
No Picoto condenados
E naquele pinheiro enforcados
Pelos franceses cobardes.
19
Mozelos já pelo visto
Tem sofrido tudo isto
É um escravo de invasões
Que não nos sai da memória
Mozelos tens uma história
De tantas recordações.
20
Mas quem conhece Mozelos
Com ribeiras e bacelos
Quintas de pão, fruto e vinho
Nas fábricas tudo se move
Trabalha o rico e o pobre
Neste Mozelos inteirinho.
21
Também temos avenidas
Direitinhas e compridas
E mais uma a principal
P’ra nos dar mais honra e graça
Por Mozelos também passa
A estrada nacional.
670 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
22
Em Mozelos nasce um rio
Que vai correndo com brio
À sombra dos amieiros
Onde vão os passarinhos
Criar os ilhós nos ninhos
A cantar dias inteiros.
23
Há uma fonte no Casal
A água mais leve e cristal
Que os médicos têm aprovado
Nasce na rocha do monte
A água da nossa fonte
Tanta gente tem curado.
24
Mozelos os teus doutores,
Padres, freiras, professores
Aqui os viste nascer
Tem escolas e correios
Casa do Povo e recreios
E maia ainda hás-de ter.
25
Também não esquecerá
Pelo nome que nos dá
A Columbófila que temos
Com pombos das melhores raças
Ganhando prémios e taças
Nos concursos que fazemos.
27
Com merendeiros nos sacos
Iam para a festa dos Arcos
Homens, mulheres e crianças
Com violas afinadas
Tudo dançou em Meladas
Na quinta dos Vanzeleres.
28
Hoje Mozelos deseja
Que se abra a sua igreja
Que tanto dá que falar
Por culpa de certos maus
Mais brutos do que calhaus
Que não têm Pátria nem lar.
29
Amai a Deus por bondade
Dai esmolas sem vaidade
Que só assim vos salvais
Não esquecendo o dever
Quem Mozelos defender
Salva a igreja e tudo o mais.
30
Neste trintário de versos
Creio eu que estejam certos
Eu irei finalizar
Mas volto a dizer ainda
Mozelos aldeia linda
Ninguém te há-de roubar.
26
E a Santa Catarina
Agora mais pequenina
Mas lá tem continuado
Por antigas tradições
Vendiam-se lá porcalhões
Nessa feira do Murado.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
671
MOZELOS ASSIM NASCEU
Sim?! Esta riquíssima e simpática freguesia ou aldeia de
Mozelos do concelho da Vila da Feira, assim nasceu pelo poder
da natureza de Deus no cimo das altitudes do globo terrestre
como um astro radiante a brilhar claramente descobrindo mares
e mares ao largo do universo através do seu bem erguido e tão
vistoso, elegante, famoso, e histórico Coteiro e outros mais lugares
mozelenses que se emparceiraram a este, onde as suas vistas
também marcam presença admirável.
E porque assim é, Mozelos pode dignamente orgulhar-se como
sendo a mais linda aldeia das aldeias portuguesas. Mozelos pode
usufruir o prazer de ser senhor de um rio que nasce e corre no regaço
das suas terras cujo nome se chama Rio de Prime, que tanta
beleza e graciosidade nos oferece. Mozelos pode ainda dar-se ao
brio de ser possuidor de um mapa geográfico em estradas, que são
indubitavelmente da maior validade no mundo português.
E já que Mozelos assim nasceu, um recheio de inegáveis virtudes
e que se tem visto por vezes obrigado a dar réplicas a teimosas
seitas de ratazanas que invejavelmente tentam aniquilar esta
belíssima freguesia como em resumo nas folhas deste caderno
darei o seu conteúdo, incluindo casos diversos nos seguintes versos
escritos nas cores da Bandeira Vitoriosa de um Mozelos que
assim nasceu, sempre perseguido mas nunca por nunca vencido.
Sim, legalmente ou licitamente Nunca!
Pelo que vejo e o que sei
deste Mozelos eterno
em versos o rimarei
nas folhas deste caderno
Sim, sem obscuridade
nos comentários diversos
rimarei toda a verdade
numa mão cheia de versos
672 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Deus criou a natureza
com variados modelos
mas nenhum mostra a beleza
como a que mostra Mozelos
Quem te vê Mozelos lindo
vê um presépio dourado
de ombro em ombro subindo
até o coteiro aprumado
Vê lugar após lugar
nas suas cores caprichosas
tipicamente a formar
um paraíso de rosas
E quem te vê mais de além
depois das verdes campinas
por certo admira, e bem
as tuas altas colinas
Nas mesmas altas colinas
a ramagem dos arbustos
luze como serpentinas
À semelhança dos lustros.
E nos seus vivos luzires
do bosque e das monstras quintas
há o parecer do arco-íris
nas sete cores distintas
O arco-íris é o sinal
que não mais ocorrerá
o dilúvio global
afirma o Deus Jeová
(vejam na Bíblia Sagrada Génesis 9:12-17)
Mozelos todo ele oferece
seu torrão tão descoberto
como o sol quando aparece
lá do céu azul desperto
Das quatro partes do solo
Mozelos é avistado
desde o menino do colo
ao velho encapado
Mozelos assim nasceu
nas mais altas altitudes
das terras do Deus do céu
cheio de encanto e virtudes
Nasceu no cimo dos montes
a descobrir montanhedos
a ao largo dos horizontes
descobre mares e rochedos
Mozelos, tão lindo és
e tão alto é o teu local
que quase beijas os pés
do Cristo celestial
É tão giro e tão risonho
este Mozelos velhinho
é um mar de rosas que eu sonho
a noite e o dia inteirinho
Num apanhado profundo
é Mozelos realmente
o mais bonito do mundo
na obra do Deus vivente
Todo Mozelos é um gozo
um sanatório afirmado
pelo sol quente amoroso
e pelo ar ventilado
O sanatório é o Coteiro
a Vergada e o Sobral
Ermilhe também lhe é parceiro
como é Vilas e o Casal
Gôda, Quintã e a Igreja
e o resto dos lugarejos
também os bafeja
com o amor dos seus beijos
Também na margem do rio
se sacia o pitoresco
do arvoredo sombrio
e o cheiro sadio e fresco
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
673
Desde o Coteiro ao regato
se analise francamente
Mozelos sempre foi grato
na saúde a toda a gente
O gabar-se é uma tendência
da boca do gaboneiro
mas é desgraça e ofensa
ao Santo Deus Verdadeiro
Mas neste caso eu persisto,
Sem nada de gabações
Mozelos é tudo isto
livremente de paixões
Na vida da humanidade
a todos cabe o dever
viver da sinceridade
e com a mesma morrer
Um dia pensei sozinho
e em meu juízo perfeito
passei a rezar baixinho
sete quadras neste jeito
Mozelos, aldeia infinda
rainha das fortalezas
Deus te formou a mais linda
das aldeias portuguesas
Deus te fez ao seu agrado
no formato que é só teu
com a luz do sol dourado
e o lindo azul do céu
É a luz do sol da igualdade
teu nome veio a nascer
ao sabor da dignidade
p´ra não mais se corromper
Mozelos nome imortal
nome infindo e gracioso
nascido o historial
Dum passado glorioso
Mozelos tu és na vida
um berço de passarinhos,
uma janela florida
cheia de amor e carinhos
Deixai que eu diga o que sinto
Mozelos assim nasceu
neste amoroso recinto
mas que é seu somente seu
Vamos dar conhecimento
da exata localidade
dum Mozelos cem por cento
firme na legalidade
Esta freguesia inteira
dum povo culto e ordeiro
é do concelho da Feira
e do distrito de Aveiro
Mas que no seu original
Mozelos é pertencente
ao norte de Portugal
onde se encontra presente
E agora por outra norma
vejamos neste momento
como é que Mozelos forma
na largura e comprimento
Mozelos seu comprimento
tem as extremas marcadas
no Picôto forma um tento
a terminar em Meladas
Pelo lado do nascente
as normas são igualadas
alinha propiciamente
desde a Vergada às Regadas
E na largura total
Mozelos é iniciado
no começo do Casal
até ao fim do Murado
674 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Seu comprimento ultrapassa
quatro mil metros ou p´ra cima
a largura é mais escassa
mas também se aproxima.
Quanto aos metros totalmente
que Mozelos soma em si
eu confesso francamente
que não sei, nunca os medi.
Ó homem se tu inspiras
viver para a eternidade
não jures pelas mentiras
mas jura e fala a verdade
O jurar é uma doutrina
da língua do aldrabão
que fala e termina
sem que lhes preste audição
Passemos por instantinhos
a nomear de bom grado
por quantos e quais vizinhos
Mozelos é rodeado
Mozelos com quem partilha
séculos, anos, meses, dias
não é com nenhuma Vila
mas sim com seis freguesias
Comecemos por Oleiros
como o primeiro vizinho
depois Nogueira e os terceiros,
Argoncilhe em São Martinho.
Em quarto, temos Lourosa
outro amistoso aldeão;
quinto, a Lamas cobiçosa;
sexto, é Paços de Brandão
Mozelos fica no meio
como um rei entronizado
sem que acuse receio
de vir a ser derrubado
Mozelos assim nasceu
como um deus altruísta
muito senhor do que é seu
mostrando o que tem à vista.
passemos a reavivar
a extrema da freguesia
com seus marcos a firmar
Mozelos dia p’ra dia
Comecemos a fronteira
legalmente bem correta
frente à estrada de Nogueira
que dá a Espinho direita
Demos-lhe então o começo
desde o Picôto em diante
mas sem que cause tropeço
à vizinhança entestante
Prossegue a extrema à vergada
p’la antiga estrada real
e mais noutra velha estrada
encontra um marco frontal
Sim, no cimo da Vergada
lá está o marco a discernir
expondo a forma indicada
para a fronteira seguir
Sem invecilo (sic) nem raia
vai a extrema pouco a pouco
ter ao rio da Biscaia
e ao prezeirão do (cabouco)
O rio também comanda
na divisão das fronteiras
mas na ponte torce à banda
e aponta p’ra as (aguncheiras)
No alto das (aguncheiras)
outro marcote que alinha
no partilhar das fronteiras
p’ra os moinhos da Serradinha
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
675
Aqui há mais um marcão
ordeiramente alinhado
a dar a indicação
da extrema do Murado
Também ali no Murado
vê-se um marco em pedra rasa
seguramente cravado
na parede duma casa
Na Corga há outro marcão
p’ra dar o conhecimento
aos que por qualquer razão
desconhece o alinhamento
E da Corga até a Regadas
lá outro marco aparece
com o símbolo das cruzadas
onde há séculos permanece
Com o símbolo das Cruzadas
hão mais dois que faz partilhas
um na extrema de Meladas
outro no fundo de Vilas
E agora há um ponto a focar
dum marco que teve vida
mas que acabou por findar
hoje é uma pedra abatida
Em 1977
a poente do Casal
entre março e o Abrilete
foi-se o marco frontal
Nasceu da expropriação
dos rasgos da auto-estrada
mas deixou viva a opção
como lembrança gravada.
Será perda ou prejuízo
o marco saber?
P’ra o homem em bom juízo
Mozelos mais tem a haver
Ó quanta aldeia é encontrada
pelo universo além
a sonhar numa auto-estrada
e as mais que Mozelos tem
Mozelos tem confirmado
que a sua geografia
muito se tem alindado
nas ruas da freguesia
E a extrema vai proseguindo
pelo norte do Coteiro
aos zigue-zagues subindo
por enfadonho carreiro
Mais outro marco é contado
à entrada do cemitério
mas que foi esmiuçado
pelos carros sem critério
Foram carroças de gado
que quando ali ao passar
nunca tomaram cuidado
deste marco respeitar
Pena é o haver sinais
deste marco corrompido
e ninguém se lembrar mais
de o fazer renascido
Vamos a parte final
da fronteira com apreço
até chegar ao local
onde lhe dei começo
Pelas traseiras de Gôda
e do Picoto igualmente
demos a fronteira toda
concluída exatamente
O Picoto é o local
em que eu dei a iniciativa
duma extrema geral
legal e confirmativa.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
677
GLOSSÁRIO
Abade Comendatário – O que tem qualquer benefício eclesiástico
ou regular, para comenda ou para comedoria.
Aforamento – Concessões de bens que ficavam, mediante pagamento
de um censo, perpetuamente vinculados ao concessionário
que obtinha também o direito por vezes condicionado
de os transacionar.
Agras – Terras enxutas onde, alternadamente, se semeavam os
cerais de inverno (trigo, centeio e cevada), ou cereais de verão
(milho alvo e painço).
Aguião – Termo antigo, caído em desuso para designar o norte.
É também usado para designar o vento norte.
Água vertente – As águas que descem dos montes, quando chove
muito.
Alifafe – Termo de origem árabe que significa peça de vestuário
que cobre todo o corpo, ou coberta de cama.
Almoinha – Horta ou pomar ou prédio urbano apto para frutas,
hortaliças, linho e milho.
Almotacé – Termo de origem árabe que significa inspetor de pesos
e medidas no mercado que gozava de imunidade tendo
como proveito frutos, carnes, pescados, etc. que se vendiam a
retalho nos mercados e pelos vendedores ambulantes.
Almoxarife – Agente fiscal que tinha a seu cargo a cobrança de
certas rendas.
Almude – Termo de origem árabe que era uma antiga medida
de capacidade para sólidos e líquidos, o mesmo que rasa e
medida, segundo os prazos antigos e modernos.
Alódio – Propriedade plena, livre de direitos e deveres senhoriais.
Alveiro – Seixo branco com que se demarcavam muitas propriedades,
sendo comum em documentos do Mosteiro de Grijó.
Ano de Cristo – Nos nossos documentos antigos aparece a era de
César que é 38 anos mais antiga do que a de Cristo. D. João I
678 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
pela Lei de 22 de agosto de 1422 determinou que a contagem
dos anos se fizesse pela era de Cristo.
Aposentadoria – Direito que se costumava dar aos senhores das
terras e suas comitivas quando jornadeavam.
Arrendamento – Forma de locação ou de exploração da terra
alheia por homens livres que, entre nós se desenvolveu a partir
do século XIII.
Baldios – Terreno que está na propriedade comum particular de
todos os moradores ou vizinhos dum determinado lugar, aldeia
ou região. Terrenos de propriedade comum particular
de todos os vizinhos. É uma propriedade comum não personalizada.
Eram os logradouros do povo, terreno inculto
que, não pertencendo a ninguém, é usado pelos moradores
vizinhos. Aí conduziam os seus gados a pastar, especialmente
durante a rebentação vegetal da primavera. Nele cortavam
tojo para fazer as camas do gado, garantindo o estrume de
origem orgânica. Das árvores colhiam algum combustível
para as suas lareiras.
Bestigo (ou pellitaria) – Toda a qualidade de peles.
Bragal – Pano de linho grosso, atravessado com muitos cordões.
Na Idade Média são sete varas de pano com o mesmo nome.
No século XI e XII, surge como moeda corrente.
Cabaneiro – Homem braçal que vivia do seu trabalho e maneio.
Era comum em ambos os sexos.
Cabido – Conjunto dos Cónegos de uma Catedral ou Colegiada.
Também designava os capítulos ou dietas dos religiosos,
mendicantes ou monacais e nos quais se congregavam os prelados
ou cabeças dos mosteiros. Era também o conjunto das
deliberações que os prelados locais tomavam com os indivíduos
das suas comunidades.
Caira ou Quaira – Medida de sólidos que faz três quartas de pão
de medida ou alqueires.
Carreira – Ida, jornada, caminho, viagem, que o enfiteuta do
passado pagava como pensão anual ao senhorio, indo a pé,
com a sua besta, ou carro, ou obrigação que tinham certos
locatários de, gratuitamente, fazerem transportes com os seus
próprios animais de carga.
Casal – Unidade de exploração familiar, compreendendo geralmente
uma casa de habitação, um jardim, um certo número
de parcelas agricultadas e direitos de propriedade.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
679
Casaria – Conjunto de construção própria de uma exploração
agrícola – celeiro lagar, adega, curral, capoeira.
Castelo – Diminutivo de castro que aparece, várias vezes, sob a
forma de Crastelo, cristelo, etc.. Trata-se de uma fortificação
isolada.
Cavalaria e o casamento – Constavam de prestações devidas aos
fidalgos naturais quando armavam um filho cavaleiro ou casavam
uma filha. Estes direitos transmitiam-se por herança.
Ceitil – Moeda de cobre mandada lavrar por D. João I e valia a
sexta parte de um real.
Censo, Censuria ou Censoria – Direito, renda e pensão, que as
Catedrais deviam, receber, anualmente, das igrejas e mosteiros
do Bispado. Também se chamavam jantares, colheitas,
visitações. Era um encargo para com o fisco.
Censual – Inventario das propriedades mandado fazer pelo bispo
em que se descreviam a situação, limites, estado de conservação,
rendimentos, etc.
Coima – Satisfação, multa ou pena que se leva pela injustiça,
injuria ou afronta cometida.
Colheita ou Comedoria – Certo, foro e pensão que os vassalos
pagavam ao príncipe ou senhorio quando este vinha á terra
uma vez por ano, fazer justiça. A comedoria e aposentadoria
significavam a possibilidade dos patronos, que tinham o direito
de indicação do clérigo que dirigia a igreja ou os mosteiros,
de comer e hospedar-se, nos edifícios das igrejas ou dos
mosteiros.
Confraria – No conceito medieval de sentido lato, era uma associação
voluntária em que se agrupavam os irmãos para um
auxílio mútuo, tanto no material como no espiritual.
Convento – Comunidade religiosa que vivia sob o mesmo teto.
Cortinha – Parte de terra ou campo, repartido em courelas ou
leiras mais compridas do que largas, mas divididas sobre si
com pau de sebes ou tapumes junto às habitações.
Coudel – Comandante, derivado de capitão.
Coutaria – Contribuição em dinheiro paga pelos coutos.
Couto – Certa porção de terra demarcada por autoridade do
príncipe com certas isenções e privilégios. Também designa
o distrito de uma jurisdição particular de que o príncipe fazia
mercê a certo senhorio. Além de coutos de fidalgos e senhores,
igrejas e mosteiros, havia coutos do reino.
680 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Dádiva – O mesmo que jantar, colheita constituindo um tributo
ou pensão anual que se fazia cobrar sempre.
Daganha – Terra emprazada ou tomada dos montes maninhos e
reduzidas a cultura, estando antes desaproveitadas incultas e
bravias.
Devassar – Tornar pública e sem privilégios propriedades apropriadas
indevidamente por senhores.
Devesa – Mato ou monte que era coutado ou onde se permitiu a
caça ou o corte de lenhas, mas pagando tributo.
Dinheiro – Era um ceitil; 6 ceitis um real; 11 ceitis um soldo.
Direitura – Contribuição sobre os pequenos proventos da cultura,
como os do pomar, da horta, dos animais domésticos, mas
com a especialidade sobre a fruição da casa onde o cultivador
se abrigava a si e aos seus gados.
Dízimo Eclesiástico – Pagamento dos frutos, resultante de uma
velha tradição das Igrejas.
Domínio – Direito exercido pelo senhorio (dono do prédio) quando
o arrenda.
Emprazamento – Todo e qualquer contrato que implicava o recebimento
por parte do Senhor de prémio ou renda anual
fazendo-se a transferência do domínio directo no cultivador.
Enfiteuse – Contrato que se faz através da transferência do proprietário
de qualquer prédio do domínio útil para outra pessoa,
obrigando-se esta a pagar anualmente certa pensão determinada,
chamada foro.
Entrada – Limitada pensão que se pagava de alguns casais, encargos
e rendas onde entravam outros senhorios. Era também
um pedaço de terra.
Epidemia – Também chamada peste, pestilência, contágio ou maligna
era moléstia grave que afligiam sobretudo os homens
da Idade Média.
Ermar – Despovoar reduzir a mato, tornar em sólidos ou não
cultivar um casal, fazenda, herdade ou lugar que se verificava
nos séculos XII, XIII, XIV e XV.
Espádua – Entrecosto de porco e podia ser de 7 a 12 costas ou
costelas.
Fazer amor e prestança – Emprestar ou fazer presente e mercê.
Finta – Contribuição municipal lançada quando as rendas do
concelho não bastavam para suprir determinadas despesas
que por vezes a colectividade se via obrigada a fazer.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
681
Fisco – Pensão de cereal, vários serviços e prestações devidos pelos
foreiros à Igreja. Consistia também num dia de trabalho.
Fogaça – Qualidade de pão, fabricado na Idade Média que se cozia
a farinha rapidamente numa cova aquecida, constituindo
uma modalidade de encargos.
Foral – Ou Couto de Foral era um diploma concedido pelo Rei
ou um senhor laico ou eclesiástico a determinada terra, contendo,
normas disciplinadoras das relações dos seus habitantes
entre si e destes com as entidades outorgantes.
Foreiro – Adjetivo qualificativo de um prédio rural ou o nome do
detentor de respetivo domínio útil.
Foro – obrigação medieval do foreiro dar ao senhorio um pouco
de tudo quanto o prazo rendesse, designadamente, alqueires
de pão, almudes de vinho, galinhas, ovos, leitões, palha, leite,
etc.
Foro de carne – Era constituído por cabrito, meio carneiro espádua,
dois capões, cinco galinhas e dez ovos (mandamento do
Couto de Grijó).
Gado de vento – Gado perdido, sem dono ou sem pastor.
Ganhadia – Dízima pessoal, resultantes do trabalho manual ou
pessoal de cada um.
Geira ou Corveia – Faina agrícola que os servos da gleba e os
colonos livres eram obrigados a prestar ao senhor para o cultivo
da terra que ele próprio explorava.
Herdade – Da palavra medieval hereditas, em sentido lato, a herança,
os bens de raiz e em sentido estrito, os bens moveis.
Honra – Terra imune pertencente a um nobre, resultante da condição
pessoal nobiliárquica que convertia, em privilegiado,
certo território.
Jantar – Certa contribuição de mantimentos e forragens que as
cidades, vilas, mosteiros, cabidos e ordens militares deviam
aprontar para os gastos do rei e de toda a comitiva dos seus.
Jugada – Direito que os reis de antigamente ordenaram lhes fosse
pago nas terras em que especialmente para si reservaram
quando deram os forais a essas terras.
Julgado – Sinónimo de concelho, terra ou terras que tinha um juiz
como jurisdição mais ou menos ampla.
Laudémio – Pensão paga ao senhorio, direito de qualquer prédio
aforado quando o foreiro aliena todo ou parte do prazo, por
título oneroso.
682 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Leira – Parte de terra explorada de forma aberta.
Leites – Dádiva de leite ou produtos afins.
Leitura Nova -Coleção de 62 códices, constituído por cópias de
documentos mandados trasladar, de livros da chancelaria e
de gavetas, durante o reinado de D. Manuel I e de D. João III.
Lutuosa – Certa peça ou pensão que se pagava por morte de alguma
pessoa que por direito ou costume, se deve e se pagava
entre o luto e o funeral.
Maladia – Serviço não gratuito e pendente de vontade e primor
do colono, devido como o de um escravo a seu senhor, com
obrigação deste o defender, amparar e manter.
Mamoa – Monte de terra artificial ou pequeno monte, colina ou
promontório de terra, de figura redonda e com semelhança
de peito de mulher, com que se dividiam as terras. Era sinónimo
de arca, surgindo, por vilas e castelos antigos, por arcos
ou túmulos de muitas pedras, por marcos levantados a que
chamamos coutos e padrões.
Mamposteiro – Indivíduo oficialmente autorizado a pedir esmolas
para diferentes obras pias.
Mandamento – Território separado, jurisdição, honra, couto com
seu particular magistrado.
Maninhos – Eram terrenos incultos de propriedade particular.
Uns e outros eram diferentes dos bens do concelho. Nos fins
do século XVIII, começou a generalizar-se a ideia de dividir
os baldios. Foi uma iniciativa que, na prática, ficou frustrada.
Os terrenos eram divididos, mas os agricultores pobres vendiam-nos
aos mais abastados. A lei de 23 de junho de 1776
veio acelerar o processo de privatização desses terrenos.
Maquia – Do árabe (vasilha para medição) constituía uma percentagem
cobrada, pelo proprietário de um moinho sobre
todo o pão que era moído, sendo assim a remuneração do
trabalho do moleiro.
Maravedi – Moeda de origem muçulmana dos princípios ou mesmo
antes da monarquia portuguesa.
Meado – Pão feito de metade de trigo e metade de centeio.
Meirinho – Juiz real, executor das sentenças.
Módio – Ou alqueire de pão, era sinónimo de soldo, o preço
regular de um alqueire de pão. Era também medida agrária
tendo cento e vinte pés de comprido, e outro tanto de largo,
levando um alqueire de pão de semeadura.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
683
Moio – Medida de pão ou de vinho que constava de 64 alqueires,
nalguns documentos, de 56, pela medida antiga, de 16 alqueires,
pela medida corrente, pela medida de Coimbra, 44,5
alqueires e o moio de vinho tinha 32 almudes.
Montado – Tributo sobre as pastagens.
Morabitino – Moeda de ouro muçulmana, cunhada pelos Almorávidas,
com um peso de 4 gramas, imitado pelos reis portugueses
a partir de 1185/1188.
Mordomo – Agente encarregado de superintender na arrecadação
dos direitos do rei, presidindo no distrito a essa operação.
Mortuárias – Bens destinados à quota pro anima, quer fossem
legados pelo defunto, quer tivessem essa aplicação por força
da Lei, quando o defunto falecia sem dispor dos seus bens ou
mesmo contra a vontade deste.
Mostea – Carrada ou feixe de palha.
Ovença – Oficina destinada para os particulares usos de casa,
significava também arrecadação ou cobrança das rendas da
corda.
Noa – Hora Canónica do ofício divino.
Padroeiro – Indivíduo eclesiástico ou leigo (incluía o próprio Rei)
que usufruía do direito de padroado, que consistia na hospedagem
gratuita (comedoria e aposentadoria) de cavalaria
(para acorrer ás despesas quando armava um filho cavaleiro)
de casamento (de filhas) de resgates de cativeiro, de certas
contribuições em géneros e em dinheiro, retirados das rendas
e ainda de apresentação (apresentar ao superior eclesiástico,
o presbítero que devia ocupar o cargo vago do Pároco ou
Abade).
Pão – Na Idade Média (como ainda hoje nalgumas regiões do
País), considerava-se como pão qualquer cereal panificável.
Nas inquirições e nos forais, quando se refere a palavra pão,
deve entender-se como cereais e não pão cozido.
Pão de segunda ou, simplesmente, segunda – Era o pão feito de milho,
de centeio, de cevada ou aveia.
Passal – Recinto fechado ou terra hortada, junto das Igrejas Paroquiais
que servia para hortas, pomares e logradouros aos
Párocos e ministros do templo.
Pedida – Contribuição em dinheiro paga pelos foreiros geralmente
em soldos equivalentes a uma ou duas galinhas. Prestação
de uma pequena soma, variável entre 16 dinheiros e 5 soldos
e 4 dinheiros.
684 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Peita – Quantia paga por cada contribuinte para a situação de
determinados impostos como pedida e fintas ou de multa
aplicada ao fisco.
Peixota – Pescada, ou genericamente, peixe do rio ou do mar.
Pescado – Peixes dos rios ou do mar.
Pitança – Prato, além da ração ordinária, chamado também antepasto,
prato do meio. E também a oficina do pitanceiro que
recebe as rendas do convento para as distribuir, a todos os
indivíduos da Ordem.
Pitanceiro – O que recebe as rendas do convento para as distribuir,
segundo os costumes da ordem, a todos os indivíduos
dela.
Prestumeiro – O último, o derradeiro, o que fica para o fim. Este
termo era muito usado desde o século XIII ao século XVI.
Primícia – Renda cobrada pela Igreja sobre a produção cerealífera
bruta, sendo proporcional à produção.
Puçal – Era uma antiquíssima medida de vinho, referenciada
desde o século X, era equivalente a 5 almudes.
Quarteiro – Pagamento feito pelo arrendatário, ou caseiro que
vivia e trabalhava em terras de que não tinha o direito senhorio.
Quebrada – Propriedade rústica de pequena importância que recebia
o nome da sua situação, alcantilados e cortados por
vales, mais ou menos profundos.
Quintana ou quintã – Parte de um domínio explorado diretamente
pelo senhor, a maioria das vezes, com mão – de – obra
assalariada.
Ração – A porção dada a cada um para o seu sustento e um da
vida de uma comunidade.
Raso – Medida que levava ¾ de alqueire corrente menos meio
selamim.
Regalengo ou Reguengo – Tudo o que fazia parte do património
real, nomeadamente, terras, prédios, moinhos, fornos, prensas,
marinhas de sal, pesqueiras, etc.
Renda – Pagamento de umas tantas medidas de cereal ou tantas
libras que podiam variar de ano para ano ou podiam ser alternadas.
Algumas vezes e por razões que se prendiam com
maus anos agrícolas ou por qualquer outra razão adversa o
direito senhorio podia fazer amor de alguma quantia, isto é,
poderia perdoar a renda ou porção de foros.
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
685
Sanjoaneira ou Sanjuaneira – Renda, foro, pensão que se pagava
pelo S. João Baptista.
Seareiro – O que faz a lavoura com bois alheios, pagava só a
quarta parte do jugado.
Serviço – Donativo, obséquio ou presente.
Sessega – Assento, lugar ou solo em que designava casa, um moinho,
um lagar, etc.
Sínodo – reunião plenária de bispos.
Soldo – Moeda que deve o seu nome, a sua bondade e solidez e
podia ser de ouro, prata e cobre e valia onze centos.
Talha – Contribuição, colecta que se lança por cabeça e na qual
todos são cotados, segundo os seus haveres.
Terça e Quinto – Eram a terça e quinta parte da herança a benefício
das almas dos pios testadores.
Terra devassa – Terra não coutada que não goza de imunidade e
por isso está sujeita ao rei.
Terrádigo, Porção ou Raçam (ração) – Todo o direito real, particularmente
as jugadas.
Tostão – Moeda de ouro e prata de origem francesa valendo a de
ouro 1200 reis.
Várzea – Terra húmida, situada na margem de um rio.
Venda – Laudémio que se pagava da fazenda aforada que se vendia.
Vendaval – Termo usado para designar as confrontações de terras
ou de propriedades para denotar o sul. Utilizado também
para caraterizar o vento que sopra do mar e da parte sul.
Vessada – Campo, lameiro, prado que se lavra e cultiva e cuja
grandeza corresponde a uma geira de terra.
Vida – Sustento, comida, refeição que era direito do Rei, senhores
das terras, mordomos e feitores.
Vintaneiro – Campo, terra ou monte que se lavrava só de vinte
em vinte anos. Também, Juiz de vintena, cuja função era julgar
os delitos e contendas entre os moradores da aldeia.
Vintém – Moeda de prata que valia 20 reis.
Visita – Pensão que se impunha, em alguns prazos, e consistia em
algum presente, mimo ou coisa comestível.
Vizinho – O que era admitido a ter bens e herdades no termo de
alguma vila, concelho ou cidade.
686 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Vodo ou Voto de Santiago – Consistia geralmente em alguns alqueires
de cereal e só raros moradores estavam isentos dele.
Voz e Coima – Multa criminal, já assinalada em documentos do
século IX, exigida por autoridade régia e pertencente ao fisco,
designava o ato de gritar por socorro, por parte da vítima. O
imposto correspondente ao delito praticado pelo criminoso.
Extraídos de:
– Dicionário da História de Portugal
– Elucidário de Viterbo.
– Le Cartulaire Baio Ferrado
– Tombo do Prior D. Afonso Esteves – Introdução de Jorge Alarcão
BIBLIOGRAFIA
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
689
FONTES MANUSCRITAS
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO
BAV, Collect. 179, 117
Cartulário do Baio Ferrado
Casa do Infantado: Fls.57 a 594
Forais Antigos, mç. 8, nº 1
Inquirições de D. Dinis, 1.4
Inq. D. Dinis: lv. 4, Fls. 1-4v
Livro 4 das Inquirições: Fls. 4 vº-14
Livro de Inquirições da Beira e Além Douro, Fls. 13vº-18
Livro Preto de Grijó
Memórias Paroquiais de 1758, vol. 25, nº 252, Fls. 1881-1884)
ARQUIVO HISTÓRICO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Lista dos Clérigos da Diocese do Porto 1820
ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Livro Preto: doc. 628
Cruz, Marcos da, Crónica do Mosteiro de Grijó:135 e 136
ARQUIVO EPISCOPAL DO PORTO (AEP)
Autos de Património 01/001/003/004/005/006 /008 /009
Autos de Bênção de capelas – Vila da Feira – III, mçs 32 e 129
Resposta aos Inquéritos de 1821
Inquirições a genere
ARQUIVO DISTRITAL DO PORTO
Cabido
K/13/1/3 – 8: Fls.279 e 279v
K/13/1/3 –9 :Fls.440v e 441
690 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
K/13/1/3-21-002/0499)
K/26/1/1:cx.4 – 32, Fls.90v a 94
Censual do Cabido da Sé do Porto: fl. 2
Convento de S. Salvador de Grijó
– Alvarás de emprazamento de propriedades de Mozelos de 1717 a
1802;
– Prazos em Mozelos de 1419 a 1439;
– Prazos em Mozelos de 1513 a 1522;
– Prazos em Mozelos de 1665 a 1670;
– Prazos em Mozelos de 1670 a 1678;
– Prazos em Mozelos de 1678 a 1683;
– Prazos em Mozelos de 1683 a 1685;
– Prazos em Mozelos de 1685 a 1689;
– Prazos em Mozelos de 1689 a 1692;
– Prazos em Mozelos de 1692 a 1694;
– Prazos em Mozelos de 1708 a 1711;
– Prazos em Mozelos de 1711 a 1713;
– Prazos em Mozelos de 1713 a 1722;
– Prazos em Mozelos de 1719 a 1724;
– Prazos em Mozelos de 1724 a 1726;
– Prazos em Mozelos de 1727 a 1730;
– Prazos em Mozelos de 1730 a 1732;
– Prazos em Mozelos de 1732 a 1735;
– Prazos em Mozelos de 1734 a 1736;
– Prazos em Mozelos de 1736 a 1737;
– Prazos em Mozelos de 1739 a 1745;
– Prazos em Mozelos de 1748 a 1749;
– Prazos em Mozelos de 1762 a 1764;
– Prazos em Mozelos de 1775 a 1776;
– Prazos em Mozelos de 1796;
– Prazos em Mozelos de 1814 a 1816;
– Prazos em Mozelos de 1817;
– Prazos em Mozelos de 1817 e 1818.
Convento de Santo Agostinho da Serra
– Vila Nova de Gaia
– Apegações de propriedades do mosteiro de 1601 a 1618;
– Apegações de propriedades do mosteiro de 1608 a 1648;
– Prazos em Mozelos de 1530 a 1760;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
691
– Prazos em Mozelos de 1618 a 1760;
– Prazos em Mozelos de 1683 a 1762;
– Prazos em Mozelos de 1718 a 1725;
– Prazos em Mozelos de 1744 a 1746;
– Prazos em Mozelos de 1764.
Mosteiro de Grijó
K/15/2-11:Fls. 17 a 18;
K/18/4-8: Fls. 138 a 145;
K/18/4- 9: Fls.199v a 200;
K/18/4-10: Fls. 215 a 219;
K/18/4 -12: Fls. 232 a 241;
K/18/4-13: Fls. 319 a 324;
K/18/4-13: Fls. 326 a 330, Fls. 331v a 332v;
K/18/4-17: Fls.166 a 168;
K/18/4-46:Fls. 232 a 241;
K/18/3-78: Fls. 88v a 92;
K/18/4- 62:Fls.101v a 107v;
K/18/4-64: Fls. 21 a 27v, Fls. 28 a 33v: Fls. 34 a 56v e Fls. 57 a 65v;
K/18/3- 82:Fls.102 a 103v;
K/18/4- 85:Fls.98v a 106.
Fundo Notarial
PO. 5º, 1ª SR: liv.6: Fls. 76v a 79.
PO 5º: liv. 22: fol.177.
Santo Agostinho da Serra
K18/4-8: Fls. 51v a 55;
K/18/4-11: Fls. 80v a 87v;
K/15/2-12: Fls. 4v e 5;
K/18/4-14: Fls. 88 a 94 e Fls.183 a 186v;
K/15/2-15, fl.71v;
K/15/12 – 26: Fls. 181 a 205;
K/18/3-72: Fls. 261 a 273;
K/26/8/5-200, Fls.105v a 112;
K/26/18/3 – 250: Fls.3 a 4v;
K/26/18/4 – 255: Fls. 197 a 202;
K/72/8/5 – 260 Fls. 74 a 77;
K /18/4-14.
692 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
ARQUIVO DISTRITAL DE AVEIRO
Livros de Registos Paroquiais de S. Martinho de Mozelos – Livros
Mistos de Batizados, Crismados, Casamentos e Óbitos
ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DO PORTO
Códice 94
ARQUIVO DA JUNTA DE FREGUESIA DE MOZELOS
Cópia da ata da sessão da Câmara Municipal da Feira de 30 de abril de
1879 cedendo à Junta a administração do cemitério da freguesia;
Cópia da escritura de compra do terreno para o alargamento do
cemitério a José António Rios em 1892;
Cópia do contrato realizado perante a Câmara Municipal relativo à
cedência do arraial novo de Mozelos ao público em 1863;
Documento avulso da Junta Paroquial de 6 de outubro de 1918);
Documentos sobre o pleito para vedação do arraial antigo em 1884;
Documentos sobre o pleito suscitado entre as freguesias de Mozelos –
Nogueira relativo a casa que Foi de Joaquim Alves Casas;
Documento relativo à obra da escadaria da estrada para o adro em
1886;
Atas da Assembleia de Freguesia:
Livro de 1977 a 1981;
Livro de 1987 a 1998;
Livro de 1998 a 2002;
2005 a 2016 – Atas em registo informático.
Atas da Junta de Freguesia:
Livro nº 1 – Atas de 1836 a 1883;
Livro nº 2 – Atas de 1884 a 1889;
Livro nº 3 – Atas desde 1897 a 1906;
Livro nº 4 – Atas desde 1906 a 1910;
Livro nº 5 – Atas desde 1910 a 1914;
Livro nº 6 – Atas desde 1914 a 1916;
Livro nº 7 – Atas desde 1916 a 1927;
Livro nº 8 – Atas desde 1927 a 1934;
Livro nº 9 – Atas desde 1934 a 1936;
Livro nº 10 – Atas desde 1936 a 1937;
Livro nº 11 – Atas desde 1938 a 1955 (Está desaparecido);
Livro nº 12 – Atas desde 1955 a 1981;
Livro nº 13 – Atas desde 1982 a 1985 (Está desaparecido);
Livro nº 14 – Atas desde 1986 a 1997;
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
693
Atas de 1998 a 2003;
Livro de Atas de 2003 a 2005;
2016 – Atas em registo informático;
Livro de Atas das sessões da Comissão de recenseamento escolar
desde 1911;
Livro de Inventários a partir de 1836;
Processo concernente ao alargamento do cemitério paroquial de Mozelos
em 1891;
Processo para a bênção do cemitério novo em 1894;
Processo pelo qual a Câmara Municipal da Feira autoriza a Junta da
Paróquia a vender terrenos no cemitério antigo com determinadas
aplicações do produto em 1871;
Uma pasta contendo diversos documentos sem valor real na atualidade
mas que podem servir de orientação à Junta em diferentes hipóteses;
Uma pasta contendo maços de papéis com diversos apontamentos
agrupados por anos;
Uma pasta contendo papéis sobre contas, orçamentos e róis de contribuições;
Uma pasta contendo uma coleção de ofícios recebidos em diferentes
épocas;
Um título de compra de uma leira de terreno para ampliação do cemitério
novo a António Monteiro dos Santos em 1896.
ARQUIVO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA
Livro dos Arrolamentos dos Bens das Igrejas – liv.116;
Liv. 7- D 50: Fls. 142 a 151v;
Prazos da Câmara: Lv. 200: doc. 9;
Provisão sem cota de 1787;
Terras Foreiras – Reconhecimento à Câmara Municipal da Vila da
Feira – 14 de julho de 1796.
ARQUIVO PAROQUIAL DE
S. MARTINHO DE MOZELOS
Livros de Registos Paroquiais desde 1910;
Livros Mistos de Batizados, Crismados, Casamentos e Óbitos.
DIOCESE DO PORTO
Departamento dos Bens Culturais da Igreja, Inventário do
património Imóvel e Móvel da Igreja de S. Martinho de Mozelos,
Porto, 2015.
694 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
FONTES IMPRESSAS E BIBLIOGRAFIA
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de Portugal: Distrito de Aveiro-Zona Norte, Lisboa, 1981.
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RPH 4 (1949) 22, reimpresso em Estúdios sobre las instituciones
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Almanak Eccesiástico do Bispado do Porto para 1907, Porto, 1906.
ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, vols.1 e
IV, Porto/Porto-Lisboa, Portucalense Editora/Livraria Civilização-Editora,
1967 e 1971 (nova edição preparada e dirigida
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ALMEIDA, José Gaspar de, Índice – Roteiro dos chamados Livros
dos originais (coleção de pergaminhos) do cartório do Cabido da Sé
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ALMEIDA, José Gaspar de, Inventário do Cartório do Cabido da Sé
do Porto e dos Cartórios Anexos, Publicação do Arquivo Distrital
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AMARAL, Luís Carlos, S. Salvador de Grijó na segunda metade do
século XIV – Estudo de Gestão Agrária, (dissertação de mestrado),
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AMORIM, Inês, Descrição da Comarca da Feira – 1801 – Separata
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AMORIM, Inês, Mosteiro de Grijó – Senhorio e Propriedade: 1560-
1720 (Formação, Estrutura e Exploração do seu Domínio), Porto,
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AZEVEDO, Carlos Moreira (Direção de) História Religiosa de
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SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
695
AZEVEDO, Carlos Moreira e RODRIGUES, Abílio de Sousa, A
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696 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
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SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
707
ÍNDICE
Apresentação 5
Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira 7
Presidente da Junta de Freguesia de Mozelos 9
Siglas d Abreviaturas 11
Agradecimentos 13
Patrocínios 15
BRASÃO, SELO E BANDEIRA 17
SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E LIMITES 19
Limites entre Mozelos e Argoncilhe 22
Mozelos, Nogueira da Regedoura e Argoncilhe 22
Mozelos e Argoncilhe 22
Mozelos, Lourosa, Fiães e Argoncilhe 23
Limites entre Lourosa e Mozelos 23
Lourosa, Santa Maria de Lamas e Mozelos 23
Lourosa e Mozelos 23
Mozelos, Argoncilhe, Fiães e Lourosa 24
Limites entre Santa Maria de Lamas e Mozelos 24
Santa Maria de Lamas, Paços de Brandão e Mozelos 24
Santa Maria de Lamas e Mozelos 25
Santa Maria de Lamas, Lourosa e Mozelos 26
Limites de Mozelos com Paços de Brandão 26
Paços de Brandão, Santa Maria de Lamas e Mozelos 27
Paços de Brandão e Mozelos 27
Paços de Brandão, S. Paio de Oleiros e Mozelos 27
Limites entre Mozelos e Nogueira da Regedoura 28
Mozelos, Argoncilhe e Nogueira da Regedoura 28
Mozelos e Nogueira da Regedoura 28
Parecer da Junta de Freguesia de Mozelos 29
Parecer da Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura 29
Mozelos e Nogueira da Regedoura 29
Parecer da Junta de Freguesia de Mozelos 29
Parecer da Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura 30
Mozelos e Nogueira da Regedoura 30
Mozelos, S. Paio de Oleiros e Nogueira da Regedoura 31
Limites entre Nogueira da Regedoura e Mozelos 31
Limites entre Mozelos e S. Paio de Oleiros 32
708 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Mozelos, Nogueira da Regedoura e S. Paio de Oleiros 32
Mozelos e S. Paio de Oleiros 32
Mozelos, Paços de Brandão e S. Paio de Oleiros 32
Delimitação das Paróquias 33
ASPECTOS NATURAIS 35
Condições Geológicas 38
Clima 40
Hidrografia 42
TOPONÍMIA 45
Topónimos 48
Topónimos Prevalecentes 49
A Toponímia Actual: os Nomes das Ruas 57
Toponímia Nova 58
Toponímia Histórica 60
DA PRÉ-HISTÓRIA ATÉ AO ANO DE 922 63
Da Civilização Paleolítica ao Advento da
Civilização Agrícola 65
A Civilização Paleolítica 65
O Advento da Civilização Agrícola 66
A Civilização dos Metais: o Bronze e o Ferro 69
Período Romano 70
Período Germânico 73
Período Muçulmano 76
A Reconquista Cristã Até ao Ano de 922 77
Aspectos Religiosos 79
922-1200 – ASPETOS GERAIS, ECONÓMICOS,
POLÍTICOS E RELIGIOSOS 81
E Localmente o Que Se Passou? 85
Fundação da Diocese do Porto 90
DE 1200 A 1496 95
Evolução Histórica 97
Rol das Freguesias da Feira do Século XIII
(Entre 1238 e 1245) 97
De Hereditatibus Ordinum In Terra de Sancta Maria –
Relação de Direitos Herdados ou Censorias na
Terra de Santa Maria 98
Censorias 99
Aspetos Religiosos Entre 1300 e 1496 102
Catálogo das Igrejas da Feira Em 1320 103
Aspectos Político-Económicos 105
Aldeia de Seitella 112
Aldeia de Prime 113
Moozellos 113
Seitella 113
Idem Mozelos 114
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
709
Século XVI 116
Foral da Vila da Feira Em 1514 116
ASPECTOS ECONÓMICOS, SOCIAIS,
ADMINISTRATIVOS AO LONGO DOS
SÉCULOS XVII E XVIII 123
Casa do Infantado 137
Casal de Seitela 138
Casal de Vilas 139
Casal de Grijó 143
Casal do Penedo 143
Vilas 154
Seitela 155
Ermilhe 156
Souto 156
Prime 156
As Construções Que Compõem a Propriedade 165
Atividade Moageira e a Panificação 167
Preço dos Cereais Na 1.ª Metade do Século Xvii (Em Reis) 167
Aspectos do Quotidiano, Casar e Morrer 169
Dotes de Casamento 169
Desamortização de Baldios 169
Aspetos Religiosos 172
Visitações Censos e Bragais 177
Caraterização Religiosa da Feira
No Século XVII e Seguintes 177
Contribuição Para a Guerra Contra os Turcos 183
Memórias Paroquiais de 1758 186
Aspectos Judiciais e Administrativos 190
Votos de Santiago 192
4º Caminho de Santiago da Comarca da Feira- 1706 193
MOZELOS CONTEMPORÂNEO DAS
INVASÕES FRANCESAS ATÉ À ATUALIDADE 195
Aspectos Económicos, Século XIX 197
Desamortização de Baldios 204
Aspectos Políticos, Século XIX 206
Derrama Municipal 207
Aspetos Políticos 215
Aspectos Religiosos do Século XIX 227
Aspetos Educativos e Culturais do Século XIX 246
Aspectos Postais e Sanitários 247
Aspetos Políticos, Económicos e Sociais 248
Aspetos Sanitários 250
A Emigração Mozelense 251
Aspetos Religiosos 251
Freguesia de Mozelos (S. Martinho) 253
Aspetos Educativos 259
Atividades Sociais 262
710 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Século XXi 263
Empresas de Mozelos – Santa Maria da Feira 263
Actividades Agrícolas 281
ACTIVIDADE RELIGIOSA E PÁROCOS 283
A Origem das Paróquias e Freguesias 285
Agrupamento Eclesiástico das Freguesias da Vila da Feira
(Do Século XII Até à Atualidade) 288
Párocos de S. Martinho de Mozelos 292
Alguns Padres Naturais da Freguesia 297
Património Religioso 299
Igreja Paroquial 299
Capela do Pinheiro das Sete Cruzes 308
Capelas Privadas 311
Capela da Quinta das Meladas 311
Capela da Imaculada Conceição ou S. Brás 314
Capela de S. José de Mozelos 314
Alminhas 314
Alminhas do Senhor Aparecido 314
Outras Alminhas 315
Cruzeiro 315
Residência Paroquial 315
Salão Paroquial/Centro Paroquial 316
Património Móvel 319
Confraria do Santíssimo Sacramento 319
Objetos Pertencentes à Fábrica a Cargo do
Tesoureiro do Sacramento 320
Objetos Que Se Acham a Cargo do Juiz da Cruz 320
Objetos Pertencentes à Confraria de Nossa Senhora
do Rosário e a Cargo do Seu Tesoureiro 320
Objetos Pertencentes à Confraria de Santa Luzia e
que Se Acham a Cargo do Seu Tesoureiro 321
Objetos Pertencentes ao Mártir S. Sebastião e a
Cargo do Tesoureiro de Cera 322
Objetos Pertencentes à Confraria das Almas e a
Cargo do Seu Tesoureiro 322
Auto de Arrolamento 323
PATRIMÓNIO CIVIL 327
Quintas e Casas Históricas 329
Quinta das Meladas 329
Casas Construídas com a Herança do Brasileiro 329
Casa de Bernardino Alves Ferreira, Seitela 329
Casa dos Camelos, Vergada 330
Casa de José Ferreira Coimbra, Vergadas 330
Casa de Maria Ferreira Coimbra (do Regal), Vergada 330
Casa-palacete de Domingo do Rei, Vergada 330
Casa de Ana Ferreira Coelho, Meladas 331
Casa de Salvador Coelho da Silva Neves, Vergada 331
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
711
Casa da Paneca, Vergada 331
Casa da Família do Dr. Ferreira da Silva 331
Casas do Largo do Murado 332
Casa da Família do Dr. Feiteira Maia 332
Casa da Família Rios dos Santos 332
Casa de Henrique Martins 332
Casa de Habitação do Dr. Feiteira Maia 332
Casa do Dr. Fernando Milheiro 333
Casa de Américo Paulo Amorim 333
Casa de Bernardina Pinto Tavares 333
Casa da Quintã 333
Casa de Maximino Martins 334
Casa de João Espírito-Santo 334
PATRIMÓNIO INSTITUCIONAL –
ASSOCIATIVISMO CIVIL E
RELIGIOSO EM MOZELOS 335
Associativismo Civil e Regilioso em Mozelos 337
Igreja Hoje e Aqui 337
Conferência de S. Vicente de Paulo de Mozelos 340
Tuna Musical Mozelense 341
Juventude Atlética Mozelense 343
GDCM – Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos 344
Grupo Columbófilo de Mozelos 346
Grupo Cultural e Recreativo de Bombos Os Vale Tudo 346
Dragões de Mozelos 347
Futebol Club de Mozelos 348
Centro de Apoio Social de Mozelos 348
Associação Desportiva Estrelas das Regadas 349
Centro Comunitário Espaço Aberto
Pelo Prazer de Viver (ATL) 349
Conjunto Típico Os Filhos do Luar 350
Fundação Albertina Amorim 350
Figuras Notáveis de Mozelos 351
Albertina Ferreira de Amorim 351
Alfredo Reis da Silva 352
Américo Ferreira Amorim 352
Américo Paulo Amorim 353
Alferes Amorim Aranha 353
António Alves Ferreira (O Brasileiro) 353
António Barros Júnior (Ripolim) 354
António Fernando Ferreira da Silva 354
Sargento António Henriques 354
António Pinto 354
Carlos Relvas Meladas 355
Catafula 355
Catarina Sofia Malta da Silva 356
Os Coimbra na Administração Local 356
712 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Bernardino Ferreira Coimbra 356
Benjamim Ferreira Coimbra 357
Emídio Ferreira Coimbra 357
José Ferreira Coimbra 357
José Henrique Dias Coimbra 357
António Eusébio Coimbra Amorim 357
Deolinda de Jesus Coelho da Silva 357
Estela Adelaide Fernandes 358
Francisco de Assis Soares da Silva 358
Francisco Fernandes Coelho D’Amorim 359
Guilhermina de Jesus Moreira (Mestra Moreira) 359
Dr. Joaquim Adamastor Feiteira Maia 360
Joaquim Costa 360
Joaquim Ferreira Coimbra 361
Joaquim Pinto Coelho 361
Joaquina Martins 361
Alferes José Coelho 362
Dr. José Fernandes Coelho D’Amorim 362
Major José Pereira da Silva 362
José Pinho Ferreira 362
José dos Santos Cardoso 363
Professora D. Laura Borges 364
Manuel Ferreira Ribeiro 364
Manuel Francisco Pereira dos Santos 365
Dr. Manuel Laranjeira 365
Maria Alves Fernandes 366
Professor Paulino Fernandes Coelho D’Amorim 366
Rosa de Oliveira Fradilha 366
Rosalinda Silva 366
Ruben Diogo da Silva Neves 367
Silvestre Oliveira Santos 367
Vitorino Dias Coelho 367
Cemitério 369
ASPECTOS DEMOGRÁFICOS 377
ADMINISTRAÇÃO LOCAL 391
Elencos das Assembleias de Freguesia 409
Principais Assuntos Tratados Nas Atas da Junta 413
Horários e Periodicidade e Locais das Reuniões 413
Sede da Junta 414
Assuntos Políticos, Militares, Judiciais e Postais 416
Recenseamento Eleitoral de 1952 418
Pessoal 427
Orçamentos e Contas de Gerência 429
Inventários 455
Impostos e Taxas 457
Assuntos Administrativos 457
Assuntos Patrimoniais 458
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
713
Obras Públicas, Transportes e Comunicações 459
Assuntos Sociais 475
Assuntos Económicos 477
Igreja 478
Goda 478
Ermilhe 479
Vergada 479
Fundão 479
Outeiro do Moinho 479
Rio 479
Prime 480
Quebrada 480
Mozelos 480
Murado 480
Regadas 480
Seitela 481
Vilas 481
Casal 481
Gesto 481
Sobral 481
Coteiro 481
Quintã 482
Coletividades e Atividades Culturais e Desportivas 484
Actividades Culturais em 2016 e 2017 490
Evolução das Obras do Pavilhão Desportivo da Freguesia 492
Assuntos Sanitários 493
Delegação de Competências 494
Assuntos Diversos 495
Cerimónias Públicas 497
Tentativa de Criação da Freguesia da Vergada 498
Nota Final 503
PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO 505
Feiras, Festas e Romarias 507
Consoadas 508
Cortejos 509
Feira de Santa Catarina 509
Orações 509
As Palavras Rituais do Fabrico do Pão 509
Orações da Manhã 509
Ao Levantar 509
Oração ao Anjo da Guarda,
Anjo Nomeado a cada pessoa que nasce 509
À Saída de Casa 510
Ao Entrar Na Igreja 510
Outra 510
No Início da Missa 511
Confissão 511
714 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Orações da Noite 511
Oração da Noite 511
Oração Para Dormir Sem Pesadelos 512
Padre-Nosso Pequenino 512
Contra a Trovoada 512
Pedido de Graças 513
À Virgem – Oração das Excelências 514
Oração do Nascimento 514
Oração da Morte 515
Ao Passar No Cemitério 516
Oração dos Belos Santos 516
Oração do Anjo Custódio 517
Oração de Santa Cruz 518
Para Afugentar as Bruxas 518
Oração da Quaresma 519
Encomendação das Almas 519
Actividades Agrícolas 521
Vocabulário Próprio da Agricultura 523
Utensílios e Alfaias Agrícolas 525
Cultura e Tratamento do Linho 526
Segadas 526
Escapeladas ou Desfolhadas 527
Canções de Desfolhadas 528
No Alto Daquela Serra 528
O Meu Anel 528
Ora Vai Tu… 528
Estrela do Mar 529
O Luar 529
Cavalo Que Bebe o Vinho 530
As Desfolhadas 530
Cantiga da Eira 531
A Saia da Carolina 531
Cantigas de Chamamento 531
Cantigas de Roda 532
A Matança do Porco 532
Ciclo do Vinho 533
Trajes 534
Noivos 535
Festa 535
Traje de ir à Missa 536
Romeira 536
Romeiro 536
Trabalho 536
Varino 536
Palhoça 536
Leiteira e Lavadeira 536
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
715
Casal de Padeiros 537
Podador 537
Moleiro 537
Crianças 537
Instrumentos Musicais 537
Ferrinhos 538
Reque-Reque 538
Flauta 538
Cavaquinho 538
Viola 539
A Viola Braguesa ou Viola de Arame 539
Cantares e Danças 539
Cantares 539
Rosinha do Cruzeiro 539
Pedido de Um Soldado Que Parte 539
As Ceifeiras 540
O Senhor José Coelho 540
Lá no Tempo de Criança 540
Danças 540
Rusga ao Senhor da Pedra e outras Rusgas 540
Siga a Rusga 544
Estas É Que São as Saias...
Estas Calças Estas É Que São... 545
A Cana Verde 545
Cana Verde Vareira 546
Cana Real das Canas 547
A Velha 547
Tirana 548
Bonita Ó Linda 548
Vira 549
Vira Valseado 549
Vira da Meia Volta 549
O Velho 550
Malhão 550
Regadinho 551
Pastorinha 551
Vira de Roda 552
Vira de Cruz 552
Furta Furta 553
Farracatinho 553
As Calças do Meu Amor 554
Rosinha 554
Senhora Ana 554
A Rabela 555
Verdegar 555
O Aveiro 556
716 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Vira Velho 556
Chapéu de Palha 557
A Ilda 557
Alargai-vos Raparigas 558
A Ciranda 558
A Canoa 559
Danças e Canções Infantis 559
Senhora D. Anica 559
Os Caçadores 560
Júlia 560
O Cuco da Floresta 560
Marianita 560
Ora, Bate, Bate 561
Ó Rosa Arredonda a Saia 561
O Barquinho Ligeiro 561
Giroflé 562
Ora Aperta, Amor, Aperta... 562
Está Um Lenço... 564
Ó de Rouba, Rouba 564
Vamos Seguindo Avante 565
Delaidinha 566
Condessa de Aragão 566
Anda e Roda 567
Mata, Tira, Lira, Lira 568
Machadinha 568
Viuvinha 569
Vestido Branco 570
Jardineiras Floreiras 570
O Vestido 571
Zumba 571
Mascotes Cavalinhos 571
Carrasquinha 572
Ó Que Lindo Par Eu Levo 573
Canastrinha 573
Pezinho 574
Primavera 574
Janeiras e Reis 574
Janeiras 575
Boas Festas 575
Os Reis 576
Canção de Natal 577
Viva lá, Senhor da Casa 577
Tradições do Casamento 578
O Namoro 579
Noivado 581
Serões Fiadeiros 583
SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS
717
O Casamento 584
Enterros 587
Lengas – Lengas e Ditos Infantis 588
Rimas 591
Brincando com os Números 593
Cantilenas 594
Trava-Línguas 595
Carácácá 595
Jogos Infantis 596
Lendas 599
Concha do Monte do Coteiro 599
Monte do Coteiro 599
As Duas Arcas 599
Gastronomia 600
Cozedura do Pão 601
Vocabulário Próprio 603
Saudações Tradicionais e Outros Ditos 605
Usos e Tradições 608
Crendices e Agouros 609
Relativos ao Tempo e aos Astros 609
Relativos à Religião 612
Relativos à Morte 613
Relativos a Relações Entre as Pessoas 614
Relativos aos Homens 615
Relativos a Mulheres 616
Relativos a Doenças e Achaques 619
Relativos a Profissões e Atividades Económicas 621
Relativos a Crianças 621
Relativos à Residência e à Alimentação 625
Relativos a Animais 627
Relativos ao Diabo 631
Relativos a Bruxas e Maus-Olhados 631
Relativos a Aspetos Diversos 635
Superstições, Defumadouros, Esconjuros e Arremedos 636
Defumadouros 636
Esconjuros 637
Agouros 639
Cura de Males – Talhações 641
Aberto 641
Afogueamento de Feridas 641
Aftas ou Áfricas 643
O Ar Mau 644
Azague ou Azagre 644
Azia 645
Bertoeja 645
O Bicho 645
Bichoco 647
718 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA
Bicho-Ferrão 647
Ciática 647
Costas Abertas 648
Dada 648
Dores de Dentes 649
Ectrícia, Trízia, ou Triz 649
Eczema 650
Eripsela ou Zipla 650
Esconjuro da Inchação 652
Farfola 653
Fio Torcido (Distensão ou Pequena Entorse) 653
Fogo 653
Fogo Louro 654
Impingens 654
Inflamação dos Seios da Mulher 654
Imor 655
Íngua (Engorgitamento Ganglionar) 655
Lombrigas 656
Mal do Monte 656
Ougamento, Ouguice ou Augariço 656
Pôr Galinhas no Choco 657
Quebranto ou Má Olhadura 658
Queimadura e Escaldaduras 658
O Sol 658
Tesorelho, Tisorelho ou Trazorelho 659
Torpezia ou Tolhimento 659
Unheiro 660
Zipla Rosa 660
Arremedos 660
Outros Costumes 661
Dia de Enganos 661
Sábado de Aleluia 661
Queima do Judas 662
Compasso 662
Maias 662
Lobisomem ou Tardo 663
Desenterro das Merendas 665
Em Complemento... 667
Poema de Henrique Rodrigues Ferreira (Passarinho) 667
Mozelos Sempre Mozelos 667
Mozelos Assim Nasceu 671
Glossário 677
BIBLIOGRAFIA 687
Fontes Manuscritas 689
Fontes Impressas e Bibliografia 694
Fontes Eletrónicas 706