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monografia

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FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

SÃO MARTINHO DE MOZELOS –

NOTAS MONOGRÁFICAS

EDIÇÃO DA JUNTA DE FREGUESIA DE MOZELOS


FICHA TÉCNICA

Título

São Martinho de Mozelos – Notas Monográficas

Autor

Francisco Barbosa da Costa

Edição

Junta de Freguesia de Mozelos

Composição gráfica

Hugo Rios e José Luís Santos

Capa

Hugo Rios

Impressão e acabamento

Rainho & Neves - Artes Gráficas, S. João de Ver

Depósito legal

429131/17

Local e Data

Mozelos (Santa Maria da Feira), setembro de 2017


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

5

APRESENTAÇÃO

Canelas de Vila Nova de Gaia – terra da minha naturalidade

e residência –, e Mozelos, fazem parte da antiga Terra de Santa

Maria e têm muitas afinidades naturais, históricas, económicas,

sociais e culturais.

Esta foi uma das razões porque aceitei, de bom grado, o desafio

de elaborar este trabalho monográfico que procura retratar

esta terra e as suas gentes. A outra razão residiu no facto de

corresponder ao convite do Padre Bernardino, pároco desta freguesia,

função que acumula com a paróquia de Sermonde, do

meu concelho, sobre a qual também elaborei uma monografia,

tal como fiz com mais 17 freguesias gaienses.

Por outro lado, considero da maior importância e significado

tudo fazer para criar ou recriar o espírito de comunidade que,

tantas vezes, se esbate, por motivos diversos.

Também, me sinto bem ao fazer, de forma gratuita, este tipo

de trabalhos, como um ato de cidadania, e que preenche, de

forma superior, o tempo livre que uma aposentação da atividade

docente me faculta.

De facto, é bom e gratificante servir, das formas possíveis, as

comunidades e as suas gentes, valores maiores de um país.

Ficaria muito gratificado que, em cada terra, haja gente que

se interesse pelo seu passado, se empenhe, no presente para que

o futuro seja mais sustentado e feliz.

Importa ter em conta, também, que só há um correto entendimento

da história nacional, se houver estudos cuidados sobre

as comunidades locais.

Esta foi também uma das razões, que, a pedido da Junta de

Freguesia, elaborei este estudo monográfico a partir de novas

fontes documentais e com uma estrutura organizativa que apresente

um retrato mais alargado da realidade natural e humana de

S. Martinho de Mozelos.


6 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

A investigação histórica é um processo dinâmico, mercê da

descoberta de novas fontes e de novas formas de abordagem do

devir histórico.

Não poderia deixar de relevar o empenhamento e mesmo

entusiasmo, que uma mão cheia de pessoas desta terra tem manifestado

pela sua participação ativa, na elaboração, na busca e

transmissão de informações orais e escritas que muito enriqueceram

este trabalho.

Entre todos, relevo a Junta de Freguesia, nomeadamente, o

seu presidente, que permanentemente, esteve comigo nesta tarefa

comum, evidenciando, assim, assumir, em pleno, as suas funções

cívicas e autárquicas, agradecimento extensivo aos outros elementos

do executivo, designadamente, o secretário e o tesoureiro.

Quero deixar, nas mãos e nos corações dos mozelenses de

nascimento e de adoção, aqui residentes ou espalhados pelo país

e pelo mundo, este instrumento propiciador da coesão comunitária

e do orgulho de pertença a esta realidade natural e humana,

que a história caldeou.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

7

MENSAGEM DO

PRESIDENTE DA

CÂMARA MUNICIPAL DE

SANTA MARIA DA FEIRA

MOZELOS, TERRA DE EMPREENDEDORES

A Monografia sobre a freguesia de Mozelos, que em boa

hora a Junta de Freguesia decidiu elaborar, é um trabalho fundamental,

porventura decisivo, para o conhecimento, o estudo e

a compreensão de uma parte importante do território de Santa

Maria da Feira.

Dou, por isso, os meus parabéns à Junta de Freguesia de Mozelos

por esta ideia e por este desafio, que assume um misto de

coragem, pela dimensão da empreitada, dedicação, à terra e às

suas gentes, e de visão estratégica, porque aposta numa obra

para o presente e o futuro das gerações vindouras, transmitindo-

-lhes o testemunho de um passado rico e valoroso.

Saúdo também a escolha do professor Barbosa da Costa, que

conheço e considero, um reconhecido historiador, cujos méritos

nesta área garantem que esta obra documental está em boas mãos.

Mozelos é conhecida como a capital da Cortiça em Portugal.

Aí está sediado o mais emblemático e bem sucedido grupo

empresarial português, o Grupo Amorim, que fez da cortiça um

produto nacional único em todo o mundo.

A família Amorim, referência mundial do setor da cortiça, é,

podemos dizê-lo, um porta estandarte das qualidades e caraterísticas

do povo de Mozelos: trabalhador, empreendedor, homens

e mulheres que têm, como sempre ouvi dizer desde a minha

infância, a freima da vida – uma expressão de um dos nossos

maiores, Miguel Torga, que significa ter ambição, quer sempre

mais, mostrar que com trabalho e perseverança podemos chegar

mais longe do que os outros.


8 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

É este espírito empreendedor e esta alma industrial que é a

matriz identitária do povo de Mozelos. Mas, este trabalhador e

empreendedor povo não se esgota nesta gesta laboriosa. Mozelos

é também uma terra de Cultura, marcada indelevelmente pela

presença e pelo trabalho da Tuna Musical Mozelense, uma pérola

no movimento associativo e cultural nacional.

Podíamos falar da riqueza do tecido associativo de Mozelos,

das performances desportivas, de uma qualidade de vida da população

que tem no Monte Coteiro o seu exemplo máximo, ou

de aí ter sido criado o Prémio Manuel Laranjeira, distinto e ilustre

médico, para distinguir personalidades que se destaquem nos

vários setores da sociedade.

Mas fico-me, para terminar, por enaltecer que aliado a este

forte cunho industrial Mozelos tem uma enorme vocação solidária

e social, de que é um dos melhores exemplos o Centro Social

de Mozelos.

Este cunho solidário está, aliás, bem enraízado nestas gentes,

pelo lastro deixado pela ação de D. Albertina Amorim, irmã de

Américo Amorim, cuja Fundação criada com o seu nome pretende

perpetuar a memória de uma senhora extraordinária, amiga

dos pobres e grande benemérita.

Emídio Sousa


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

9

MENSAGEM DO

PRESIDENTE DA

JUNTA DE FREGUESIA DE

MOZELOS

O tornar possível a realização deste livro que, de uma forma

singular, irá retratar a história de Mozelos, desde o amanhecer

dos tempos, é para mim fonte de uma enorme satisfação que faz

transbordar o meu espírito Mozelense de orgulho.

As minhas primeiras palavras de agradecimento vão para o

autor, o professor Francisco Barbosa da Costa (nome sugerido

pelo nosso Padre Bernardino) que, após uma breve conversa,

aceitou o desafio sem hesitações ou qualquer exigência e contrapartida.

O professor embarcou nesta empreitada, contagiando,

de imediato, com todo o seu entusiasmo, o elenco da Junta de

Freguesia de Mozelos, unido nesta demanda. Um obrigado muito

especial aos meus colegas de junta Manuel António Teixeira e

Manuel Bernardino da Silva Maia.

Também quero prestar os meus agradecimentos ao Dr. José

Henrique Dias Coimbra, à professora D. Deolinda de Jesus Coelho

da Silva, à D. Isaura Amorim e à professora Maria Manuela

Coimbra pelo papel imprescindível que tiveram na primeira fase

deste projeto.

A realização desta monografia pretende preencher o vazio

que se verifica na falta de informação registada sobre Mozelos.

Pretendemos percorrer as memórias da nossa vila, das mais longínquas

às mais recentes, através da organização dos textos por

temas que nos farão viajar pelos demais capítulos da nossa história.

Tornava-se imperioso não perder na passagem do tempo os

feitos das pessoas que nos fazem sentir um orgulho genuíno pelo

espírito Mozelense.

Com esta publicação, pretende-se relembrar e homenagear

os nossos antecessores que contribuíram grandiosamente para o

crescimento de Mozelos, não esquecendo que o presente se faz


10 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

com todos dando o seu melhor à nossa terra, mesmo, e principalmente,

nos tempos mais adversos.

Mozelos, ao longo da sua história, viu muitos dos seus partirem

para os vários cantos do mundo e terem sucesso no seu

percurso além-fronteiras. Mozelos, atualmente, também tem

sido o local de eleição para a constituição de novas famílias que

começam a criar cá as suas raízes. Pretendemos que os novos

residentes conheçam, assim, a nossa origem e os nossos valores.

Pretendemos, igualmente, que os descendentes dos nossos

emigrantes descubram um pouco de si e da sua origem nestas

páginas que percorrem Mozelos pela história de Portugal e da

história universal. Não esquecer que os primeiros registos da

nossa vila remontam a 922.

A todos os que se dedicaram à criação desta monografia, em

meu nome e em nome de todo o elenco da Junta de Freguesia,

um Muito Obrigado.

Bem-haja a todos os Mozelenses.

José Carlos Pinto Silva


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

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SIGLAS E ABREVIATURAS

AC – ANTES DE CRISTO

ADA – ARQUIVO DISTRITAL DE AVEIRO

ADP – ARQUIVO DISTRITAL DO PORTO

AEP – ARQUIVO EPISCOPAL DO PORTO

AF – ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

AHAR – ARQUIVO HISTÓRICO DA ASSEMBLEIA DA

REPÚBLICA

AHP – ARQUIVO HISTÓRICO DE PORTUGAL

AHMP – ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DO

PORTO

AHSCMP – ARQUIVO HISTÓRICO DA SANTA CASA DE

MISERICÓRDIA DO PORTO

AJFM – ARQUIVO DA JUNTA DE FREGUESIA DE

MOZELOS

AMSMF – ARQUIVO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA

FEIRA

APM – ARQUIVO PAROQUIAL DE MOZELOS

AUC – ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

BAV – BIBLIOTECA APOSTÓLICA VATICANA

BF – BAIO FERRADO

BUC – BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

C. – COMPRIMENTO

CA – COMISSÂO ADMINISTRATIVA

CENS – CENSUAL

CHANC. – CHANCELARIAS MEDIEVAIS

PORTUGUESAS

CMSMF – CÂMARA MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA

FEIRA

CNSMF – CARTÓRIO NOTARIAL DE SANTA MARIA DA

FEIRA

CX. – CAIXA

DESC. – DESCRIÇÃO

DC – DEPOIS DE CRISTO, TEMPO ACTUAL

PMH – DC. – PORTUGALIA MONUMENTA HISTORICA.

DIPLOMATA ET CHARTAE

DISS. – DISSERTAÇÕES


12 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

DOC. – DOCUMENTO

DMP-DR – DOCUMENTOS MEDIEVAIS

PORTUGUESES. DOCUMENTOS RÉGIOS.

DMP-DP – DOCUMENTOS MEDIEVAIS PORTUGUESES.

DOCUMENTOS PARTICULARES.

ED. – EDIÇÃO

E – ESTE

FL. – FOLHA

GAV. – GAVETA

GCA – GOVERNO CIVIL DE AVEIRO

IBID. – IBIDEM

ID. – IDEM

IGC – IGREJAS E CAPELAS

INQ. – INQUISITIONES

JFM– JUNTA DE FREGUESIA DE MOZELOS

L. – LARGURA

LV. – LIVRO

LP – LIVRO PRETO DA SÉ DE COIMBRA

LV – LEITE DE VASCONCELOS

MÇ. – MAÇO

MS – MANUSCRITO

N – NORTE

OP. CIT. – OBRA CITADA

OPÚSC. – OPÚSCULO

P – POENTE

P. – PÁGINA

PDM – PLANO DIRECTOR MUNICIPAL

PMH – PORTUGALIA MONUMENTA HISTORICA

PROC. – PROCESSO

PT. – PASTA

REV. LUS. – REVISTA LUSITANA

REV. PORT. – REVISTA PORTUGUESA

SARL – SOCIEDADE ANÓNIMA DE

RESPONSABILIDADE LIMITADA

SCRIPT. – SCRIPTORES

S – SUL

S.F – SUBSTANTIVO FEMININO

S.M – SUBSTANTIVO MASCULINO

TES. – TESOUREIRO

TOP. – TOPÓNIMO

TT – ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO

VOL. – VOLUME

W – OESTE


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

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AGRADECIMENTOS

À Junta de Freguesia de Mozelos, pelo indispensável patrocínio

à edição deste trabalho, por todo o apoio logístico disponibilizado

e pela autorização da consulta das atas das Juntas de

Paróquia e de Freguesia, e de outros documentos, para além da

entrega pessoal dos seus membros, designadamente o Dr. José

Carlos Pinto Silva, seu presidente; o Senhor Manuel António

Duarte Teixeira, seu secretário; e o Senhor Manuel Bernardino

da Silva Maia, seu tesoureiro;

Ao Pároco, Padre Bernardino Alves, pela disponibilização do

arquivo paroquial, pela autorização da utilização de imagens do

património da Igreja Paroquial de São Martinho de Mozelos, por

ter facultado elementos documentais esssenciais para a valorização

deste trabalho, pelo carinho e apoio dados a esta obra;

Às instituições da Freguesia pela disponibilização dos seus

elementos documentais e iconográficos;

Ao Dr. José Henrique Dias Coimbra, antigo Presidente da

Junta de Freguesia, pela constante dedicação manifestada na elaboração

deste trabalho;

À Senhora Professora D. Deolinda de Jesus Coelho da Silva,

pelas ricas e inúmeras informações que facultou, reveladoras de

um vasto conhecimento da terra e das suas gentes, fruto de uma

grande e frutuosa ligação a Mozelos;

À Senhora D. Isaura Amorim pela enorme disponibilidade

pessoal, pelos elementos documentais que facultou e pelo grande

amor à terra que revela;

À Fundação Albertina Ferreira de Amorim, pela disponibilização

de vários elementos gráficos e documentais, parte do seu

valioso espólio;

À Senhora Dr.ª Maria Manuela Jesus Ferreira Coimbra, pelas

recolhas que efectuou;


14 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Aos Dr. Hugo Rios e Dr. José Luís Santos, pelo competente

arranjo gráfico e pela dedicação demonstrada da presente obra;

À Dr.ª Daniela Marques Monteiro da Silva, pela colaboração

prestada;

À família Rios dos Santos, pela disponibilização de vários

elementos fotográficos.

A todos quantos facultaram fotografias e documentos pessoais

e familiares que muito enriquecem este trabalho.

Finalmente, last, but not least, agradeço às empresas que tiveram

a generosidade de contribuir materialmente para a concretização

da presente obra.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

15

PATROCÍNIOS



SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

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BRASÃO, SELO E BANDEIRA

BRASÃO – Escudo de vermelho, pinheiro arrancado de ouro,

entre sete cruzetas de prata, postas duas acantonadas em

chefe, quatro nos flancos e uma em ponta, em chefe, entre

as cruzetas, cruz da Ordem de Malta. Coroa mural de prata

de quatro torres. Listel branco com a legenda a negro, em

maiúsculas – MOZELOS – SANTA MARIA DA FEIRA.

BANDEIRA – esquartejada de amarelo e vermelha. Haste e

lança de ouro.

SELO – nos termos da Lei, com a legenda: Junta de Freguesia de

Mozelos Santa Maria da Feira



SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E LIMITES



SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

21

Foi certamente a generalização dos dízimos e

primícias que levou à necessidade

de delimitar claramente as paróquias.

De facto, não está provado que elas

tenham tido ab initio

um território claramente definido

(MATTOSO:2001:336).

A unidade administrativa freguesia de Mozelos faz parte

do Concelho e Comarca de Santa Maria da Feira, do Distrito

de Aveiro, Região Militar do Norte e incluída na Comissão de

Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte.

Segundo Pinho Leal esta freguesia está situada em terreno levemente

acidentado, bonita, rica e fértil em todos os géneros do nosso

clima (Leal: Portugal Antigo e Moderno:vol.5:554).

Tem a área de 5,04Km 2 (CAOP 2011 – Áreas das Freguesias).

Situa-se a norte do concelho de Santa Maria da Feira, a cerca

de 12,7 km da sede do concelho, a 20 Km a sul da cidade do

Porto, a 60Km a NNE de Aveiro, a 280 km a norte de Lisboa e

a cerca de 8 km do mar.

É atravessada pelo EN1, junto aos limites orientais, dali partindo

o ramal EN1-14, com destino a ocidente. Para além disso,

pode ser acedida pela A29, através do nó de Esmoriz/EN1-14,

após o qual segue na direção da A41/CREP até apanhar a EN1.

Também a A1 atravessa a freguesia junto à fronteira com S. Paio

de Oleiros e Paços de Brandão.

A freguesia é delimitada, a norte, por Nogueira da Regedoura,

pelos lugares do Casal, Vilas, Coteiro, Igreja e Goda, a este por Argoncilhe,

pelo lugar da Vergada e Ermilhe, a sul por Lourosa, pelo

lugar de Prime, e Santa Maria de Lamas, pelos lugares de Murado

e Regadas e, finalmente, a poente, por Paços de Brandão, pelo lugar

das Regadas e com Oleiros, pelo lugar de Meladas e de Vilas.

Não encontrei documentação antiga reveladora dos limites

de Mozelos com as freguesias que lhe são adjacentes, o que era

vulgar verificar-se, nos séculos XIV e XVIII. Felizmente que, na


22 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

atualidade, mais propriamente na primeira metade deste século,

a Delegação Regional do Norte do Instituto Geográfico Português,

com a ativa colaboração das Juntas de Freguesia, procedeu

ao processo de delimitação administrativa, com uma cuidada

fundamentação escrita e cartográfica, fruto de atentas negociações,

reuniões preparatórias e pré-acordos entre os técnicos do

referido instituto e as autarquias, concretizados em relatórios técnicos,

plantas de localização, memórias descritivas e atas finais.

A Junta de Freguesia de Mozelos esteve representada, nas

várias fases do processo, pelos seus presidentes José Henrique

Dias Coimbra e Jorge Manuel Ferreira Ferreira.

Limites entre Mozelos e Argoncilhe

Estas freguesias ficaram limitadas entre si com três marcos/

estacas devidamente coordenados/as geograficamente.

A linha de delimitação desenvolve-se no sentido norte e sul.

As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas no

sistema métrico.

Mozelos, Nogueira da Regedoura e Argoncilhe

Marco a colocar no lugar do Picoto na berma esquerda da

EN1 no sentido Lisboa-Porto, junto a um muro de alvenaria na

entrada para o parque de estacionamento pertencente ao restaurante

Migo.

Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Argoncilhe e

Nogueira da Regedoura.

O limite deste marco segue em linha reta para este até ao eixo

da EN1, a partir daqui segue para sul pelo eixo da EN1 até ao

marco seguinte.

Mozelos e Argoncilhe

Marco a colocar no meio da rotunda da EN1, no lugar da

Vergada.

O limite deixa este marco, segue pelo eixo da rua Central

da Vergada até ao cruzamento desta com a rua de Ramil. Aqui,

segue pelo eixo da rua de Ramil e vai até à extrema norte do

prédio urbano com o nº de polícia 1453. A partir daqui, o limite

atravessa vários prédios, passando pelas traseiras do prédio da

padaria Celeste, na direção da rua da Inacor, entra nesta rua e

segue pelo seu eixo até ao marco seguinte.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

23

Mozelos, Lourosa, Fiães e Argoncilhe

Marco a colocar no cruzamento das ruas de 1º de maio, Inacor

e avenida de Seixa, junto ao marco antigo existente num muro de

alvenaria que limita a este o prédio urbano pertencente à Manaiacar.

Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Argoncilhe,

Lourosa e Fiães.

Fim do limite das duas freguesias.

Limites entre Lourosa e Mozelos

Estas freguesias ficaram limitadas entre si com seis marcos/

estacas devidamente coordenados/as geograficamente.

A linha de delimitação desenvolve-se no sentido oeste para

este. As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas

no sistema métrico.

Lourosa, Santa Maria de Lamas e Mozelos

Marco a colocar no local denominado de Vila Verde junto a

uma pedreira.

Este marco é comum às freguesias de Santa Maria de Lamas,

Mozelos e Lourosa.

O limite deixa este marco e segue em linha reta até ao marco

seguinte.

Lourosa e Mozelos

Marco a colocar na rua da Tapadinha, na berma esquerda,

no sentido sul-norte, no local denominado de Prime.

O limite deixa este marco, segue para norte pelo eixo da referida

rua até à Ribeira da Azenha, Aqui, segue para montante através

da linha média das águas da referida ribeira até ao marco seguinte.

Marco a colocar no entroncamento da rua do Parque com a

travessa de Nossa Senhora de Fátima, na extrema sul da fábrica

Amaro F. Barros e Filhos, Lda, com o número de polícia 323.

O limite deste marco inflete para norte pelo muro da referida

fábrica e vai até ao portão principal.

Marco a colocar no final de um caminho não classificado,

no sítio denominado Sobral do Meio, no terreno pertencente a

Alfredo Leal Teixeira.


24 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

O limite deste marco segue pelo eixo do referido caminho e

vai até ao portão que se encontra no seu início. Aqui inflete para

sul, cerca de 4 metros, até a uma vedação de uma suinicultura.

A partir daqui, segue para este pela referida vedação e muro de

alvenaria, que divide os terrenos pertencentes à suinicultura com

Vilares e Tavares, Lda, até ao portão da entrada das propriedades

atrás referidas.

O limite, a partir daqui, segue pelo eixo de um caminho não

classificado que dá acesso a essas propriedades e vai até à rua do

Parque, continua pelo eixo desta até ao marco seguinte.

Marco a colocar junto a um muro de alvenaria de um prédio

que se situa na bifurcação da rua do Parque com a rua 10 de Junho.

O limite deste marco segue em linha reta, para este, até ao

início do muro que limita a sul o parque de estacionamento do

supermercado Lidl. A partir daqui, o limite segue pelo referido

muro até ao seu final, atravessa a EN1 e segue em linha reta

até ao início da curva do muro de alvenaria que limita, a sul, a

oficina Auto-ManaiaCar, seguindo o limite, a partir daqui, pelo

referido muro, até ao marco seguinte.

Mozelos, Argoncilhe, Fiães e Lourosa

Marco a colocar no cruzamento das ruas 1º de maio, Inacor

e Avenida de Seixa, junto ao marco antigo existente num muro

de alvenaria que limita, a este, o prédio urbano pertencente à

Auto-ManaiaCar.

Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Argoncilhe,

Lourosa e Fiães.

Fim do limite entre estas duas freguesias.

Limites entre Santa Maria de Lamas e Mozelos

Estas freguesias ficaram limitadas entre si com nove marcos/

estacas devidamente coordenados/as geograficamente.

A linha de delimitação desenvolve-se no sentido oeste para

este. As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas

no sistema métrico.

Santa Maria de Lamas, Paços de Brandão e Mozelos

Marco a colocar na berma da rua da Ponte Nova, na margem

direita da ribeira de Lamas, no local chamado das Regadas.

Este marco é comum às freguesias de Santa Maria de Lamas,

Paços de Brandão e Mozelos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

25

O limite deixa este marco segue pelo eixo da ribeira de Lamas

aproximadamente 22 metros. A partir daqui, o limite segue em

linha reta para nordeste até ao entroncamento com o muro de

alvenaria que limita a este o prédio nº 374 com entrada pela rua

das Regadas pertencente a José Fernando Morais. O limite segue

pelo referido muro contornando-o e vai até ao marco seguinte.

Santa Maria de Lamas e Mozelos

Marco a colocar na extrema norte do prédio com o nº de polícia

374 com entrada pela rua das Regadas pertencente a José Fernando

Morais. Este marco dista da rua das Regadas 67 metros.

O limite deixa este marco, segue para nordeste segundo uma

linha poligonal passando pelos pontos das cordenadas e vai até

ao marco seguinte.

Marco a colocar no entroncamento de muros que delimitam

a fábrica pertencente a Henrique Mendes.

O limite deixa este marco, segue para nordeste por uma vala

de esgotos até à rua da Lagoinha, aqui inflete para noroeste pelo

eixo da rua da Lagoinha e vai até ao marco seguinte.

Marco a colocar no cruzamento de muros que divide os prédios

com o nº de polícia 407 na freguesia de Santa Maria de

Lamas (rua de Lagoinha) e o nº 30 da freguesia de Mozelos (rua

Mãe de Água).

O limite deixa este marco, segue para nordeste pelo muro que

divide os prédios atrás referidos até ao entroncamento com outro

muro. Aqui inflete para este cerca de 12 metros, inflete novamente

para nordeste e segue em linha reta até ao marco seguinte.

Marco a colocar junto à extrema do prédio com o nº de polícia

253 com a entrada pela rua da Lagoinha de Trás.

O limite deixa este marco, segue para sul pela extrema do

prédio atrás referido e vai até aos anexos pelo lado norte e este e

vai até à construção (habitação) do prédio, inflete para este pelas

traseiras do prédio urbano com o nº de polícia 253 e vai até à

vedação que limita a este o referido prédio. A partir daqui, segue

para este em linha reta até à fábrica Nortecap. Aqui, inflete para

norte cerca de 10 metros e volta a infletir para este até ao lado sul

do prédio com o nº de polícia 860 da rua Padre Zé, atravessando a

rua de Santa Maria da freguesia de Santa Maria de Lamas e a rua

do Murado na freguesia de Mozelos e vai até ao marco seguinte.

Marco a colocar junto a um já existente, junto a um chafariz

com as seguintes inscrições:C.M.F.1960, a meio de um prédio

sem nº de polícia que faz esquina com a rua Docins.


26 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

O limite deixa este marco, segue para este através de um

muro de alvenaria e paredes de prédios até uma fábrica presentemente

desativada, inflete para nordeste e segue pelo limite da referida

fábrica até ao entroncamento com um muro de alvenaria

que divide o prédio com o nº de polícia 20 de rua da Serradinha,

freguesia de Santa Maria de Lamas e o nº 340 da rua da Fonte da

Serradinha, freguesia de Mozelos, atravessa a rua atrás referida e

segue por um muro de alvenaria que limita o prédio 335 de Mozelos

com a fábrica António Almeida, Cortiças, deixa o referido

muro e vai em linha reta até ao marco seguinte.

Marco a colocar, junto a um já existente, em terreno pertencente

a António Almeida, junto a um moinho em ruinas.

O limite deixa este marco segue para nordeste em linha reta

até ao ponto das coordenadas, aqui inflete ligeiramente para norte,

atravessa a rua da Azenha, segue pelo lado este das construções

do prédio pertencente à empresa de águas Indáqua e vai até

à ribeira da Azenha. Aqui, inflete para este até à rua do Outeiro,

seguindo depois para norte pelo eixo da rua do Outeiro e vai até

ao marco seguinte.

Marco a colocar na berma direita da rua do Outeiro, junto a

um muro de alvenaria que limita a oeste o prédio com o nº de

polícia 63 pertencente a Manuel Soares de Melo.

O limite deixa este marco, segue para este até a um muro de

pedra solta. A partir daqui, acompanha o referido muro de pedra

solta e no seu fim, inflete para este e segue pelo limite norte do

prédio nº 407 e vai até ao marco seguinte.

Santa Maria de Lamas, Lourosa e Mozelos

Marco a colocar no local denominado da Vila Verde junto a

uma pedreira.

Este marco é comum às freguesias de Santa Maria de Lamas,

Mozelos e Lourosa.

Fim do limite das duas freguesias.

Limites de Mozelos com Paços de Brandão

Estas freguesias ficaram delimitadas, entre si, com quatro

marcos/estacas devidamente coordenados/as geograficamente.

A linha de delimitação desenvolve-se no sentido norte e sul.

As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas no

sistema métrico


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

27

Paços de Brandão, Santa Maria de Lamas e Mozelos

Marco a colocar na berma de Rua da Ponte Nova, na margem

direita da Ribeira de Lamas, no local chamado Regadas.

Este marco é comum às freguesias de Santa Maria de Lamas,

Paços de Brandão e Mozelos.

O limite deste marco segue pela linha média das águas da

Ribeira de Lamas, para jusante, deixa a referida ribeira junto à

estrema norte da fábrica de Manuel Alves da Silva, com a rua

Regadas de Trás, segue o limite pelo eixo desta via até ao alinhamento

com a extrema sul do prédio com o número de polícia

218, onde inflete para este, seguindo pela estrema sul deste prédio

e dos prédios com os nºs de polícia 214 e 210 até encontrar

novamente a rua de Regadas de Trás, onde o limite inflete para

este pelo eixo desta via até ao próximo marco.

Paços de Brandão e Mozelos

Marco a colocar junto a um muro de alvenaria que divide os

prédios com os nº s de polícia 219, de Paços de Brandão e o nº

233, de Mozelos, da rua das Regadas de Trás.

O limite segue por muro de alvenaria, na direção noroeste, que

divide os prédios atrás referidos e continua pela estrema do prédio

com o nº de polícia 217, contornando-o pelo lado este e norte até à

linha de caminho-de-ferro no sentido noroeste, até ao canto sudoeste

da propriedade do senhor Luís Ferreira Ribeiro. Aqui, o limite

inflete para norte, contorna a referida propriedade pelo lado este e

norte até ao beco de Rio maior, infletindo para nordeste pela berma

sul do referido beco e vai até ao marco seguinte.

Marco a colocar junto a outro já existente no entroncamento

do beco de Rio maior com a rua da Fronteira.

O limite deixa este marco e segue em linha reta até ao muro

situado na berma direita, no sentido sul-norte da rua da Fronteira,

seguindo por este até ao marco seguinte, colocado na berma

oposta da referia rua.

Paços de Brandão, S. Paio de Oleiros e Mozelos

Marco a colocar, junto a outro já existente, na berma esquerda

da rua da Fronteira, no sentido sul-norte, no limite sudeste da

fábrica Soprecor.

Este marco é comum às freguesias de Paços de Brandão, Mozelos

e S. Paio de Oleiros.

Fim do limite entre estas duas freguesias.


28 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Limites entre Mozelos e Nogueira da Regedoura

Estas freguesias ficaram limitadas entre si com onze marcos/

estacas devidamente coordenados/as geograficamente.

A linha de delimitação desenvolve-se no sentido nordeste

para sudoeste. As coordenadas M e P das estacas/marcos são

apresentadas no sistema métrico.

Mozelos, Argoncilhe e Nogueira da Regedoura

Marco a colocar no lugar de Picoto, na margem esquerda da

EN1 no sentido Lisboa-Porto junto a um muro de alvenaria na

entrada para o parque de estacionamento pertencente ao restaurante

Migo.

Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Argoncilhe e

Nogueira da Regedoura.

O limite deixa este marco, segue para oeste pelo limite do

prédio urbano com o nº de polícia 387 (restaurante Migo) com

entrada principal pela EN1 inflete para sul nas traseiras do nº

31, inflete novamente para oeste e vai até a um caminho não

classificado. A partir daqui, segue pelo eixo do referido caminho

para sudoeste até ao marco seguinte.

Mozelos e Nogueira da Regedoura

Marco a colocar na berma direita, sentido norte-sul de um

caminho não classificado a cerca de 14 metros do entroncamento

com a rua Central de Goda (EN1-14), no lugar de Picoto.

O limite deixa este marco, segue para sudoeste até a um muro

de alvenaria que tem o seu início no limite noroeste do prédio

urbano com o nº de polícia 797 com entrada principal pela rua

Central de Goda.

A partir daqui, o limite segue o referido muro e vai até ao entroncamento

com outro muro de alvenaria que limita a nordeste

a fábrica Iusa Cortiças Lda., contorna a referida fábrica pela sua

extrema oeste e vai até à travessa da Estrada Romana. Aqui, segue

pelo eixo desta via e vai até ao marco seguinte.

Marco a colocar na berma direita, sentido norte-sul, da travessa

da Estrada Romana e talude inferior do IC24 no sentido

sul-norte.

O limite deixa este marco, segue em linha reta para sudoeste,

atravessa a IC-24 e vai até ao encontro de um muro de alvenaria

que limita a norte a fábrica de Cortiças Dimas e Silva, segue pelo

referido muro e vai até um caminho não classificado junto ao


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

29

cruzamento de dois muros de alvenaria. A partir daqui, o limite

segue para sul pelo eixo do referido caminho, atravessa a rua

Joaquim da Maia pela freguesia de Nogueira da Regedoura, de

Nossa Senhora dos Aparecidos, pela freguesia de Mozelos, segue

pelo eixo da rua Romana até ao marco seguinte.

Marco a colocar no entroncamento da rua Romana com a rua

da Tapada na berma direita, sentido norte-sul, das mesmas ruas.

A partir deste marco até ao ponto das coordenadas da rua da

Lavoura, não existe acordo quanto ao limite entre as duas freguesias,

pelo que se registam os pareceres das duas Juntas de Freguesia.

Parecer da Junta de Freguesia de Mozelos

O limite deixa este marco (27 de Mozelos e 13 de Nogueira

da Regedoura) segue pelo eixo da rua da Tapada, entra na rua

da Lavoura continua para sul através do seu eixo até ao ponto

das coordenadas.

Este parecer está de acordo com o registado na ata da reunião

de 21 de setembro de 2000. Esta ata foi assinada pelo Presidente

da Junta de Freguesia de Mozelos.

Parecer da Junta de Freguesia de

Nogueira da Regedoura

O limite deixa este marco (27 de Mozelos e 13 de Nogueira

da Regedoura) segue pelo eixo da rua Romana e vai até ao ponto

das coordenadas e aqui inflete para noroeste, segue em linha reta

até à rua da Lavoura ao ponto das coordenadas.

Este parecer está de acordo com o registado na ata da reunião

de 21 de setembro de 2000. Esta ata foi assinada pelo Presidente

da Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura.

Mozelos e Nogueira da Regedoura

A partir deste ponto até ao ponto das coordenadas, situado

no eixo da rua do Arco Íris, na freguesia de Mozelos e a rua da

Penha, da freguesia de Nogueira da Regedoura, já existe acordo

quanto ao limite entre as duas freguesias.

O limite deste ponto até ao marco seguinte não existe acordo

quanto o limite entre as duas freguesias, pelo que se registam os

pareceres das duas Juntas de Freguesia.

Parecer da Junta de Freguesia de Mozelos

O limite deixa este ponto, segue pelo muro de alvenaria que

limita os prédios com o nº de polícia 112 pela freguesia de Mo-


30 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

zelos e 74 pela freguesia de Nogueira da Regedoura e vai até ao

marco seguinte.

Este parecer está de acordo com o registado na ata da reunião

de 21 de setembro de 2000. Esta ata foi assinada pelo Presidente

da Junta de Freguesia de Mozelos.

Parecer da Junta de Freguesia de

Nogueira da Regedoura

O limite deixa este ponto, segue pelo eixo da rua do Arco Íris

aproximadamente 13 metros e inflete novamente para sudoeste

até ao muro de alvenaria que limita a oeste o prédio com o nº de

polícia 112. Daqui, segue para noroeste pelo referido muro até

ao marco seguinte.

Este parecer está de acordo com o registado na ata da reunião

de 27 de março de 2001. Esta ata foi assinada pelo Presidente da

Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura.

Mozelos e Nogueira da Regedoura

Marco a colocar a oeste do muro de alvenaria que limita os

prédios com o nº de polícia 74 (rua da Penha) e 112 (rua de Arco

Ìris), no lugar do Monte Coteiro.

O limite deixa este marco, segue para oeste através de um

muro de pedra solta até ao marco seguinte.

Marco a colocar no entroncamento dos muros de pedra solta

no sítio denominado Monte Coteiro.

O limite deixa este marco, segue para oeste em linha reta até

ao marco seguinte.

Marco a colocar na berma direita, sentido norte-sul, da rua

da Ronocar, junto à esquina dos muros de alvenaria que limitam

a norte e a nascente a fábrica Ronocar, no lugar do Casal, em

Mozelos.

O limite deixa este marco, segue pelo muro de alvenaria que

limita a norte a fábrica Ronocar e, no seu final, sofre uma ligeira

infleção para sudoeste e vai em linha reta até ao marco seguinte.

Marco a colocar no canto sudeste de uns anexos situados nas

traseiras do prédio com o nº de polícia 429, com entrada pela

rua da Noémia, no lugar de Pousadela.

O limite deixa este marco, segue em linha reta para sudoeste

até ao eixo da rua de Vilas na passagem superior da EN1. A

partir daqui, o limite segue pelo eixo da rua atrás referida até ao

marco seguinte.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

31

Marco a colocar no canto de um muro de alvenaria na berma

esquerda da rua de Vilas, no limite oeste do prédio com o nº de

polícia 747 da freguesia de Mozelos e o campo de futebol pela

freguesia de Nogueira da Regedoura.

O limite deixa este marco, segue para sul através do referido

muro de alvenaria, deixa o muro e continua para sul com a mesma

direção até ao marco seguinte.

Marco a colocar na berma direita, sentido este-oeste, de um

caminho não classificado, no lugar de Vilas.

O limite deixa este marco, segue para oeste em linha reta

atravessa a A1 e vai até ao cruzamento da rua de Vilas de Baixo

com um caminho não classificado que é paralelo à A.1, aqui segue

na mesma direção através do eixo da rua de Vilas de Baixo

e vai até ao marco seguinte.

Mozelos, S. Paio de Oleiros e Nogueira da Regedoura

Marco a colocar na berma esquerda, sentido sudoeste-noroeste,

da rua de Vilas de Baixo, sítio de Entre Vilas.

Este marco é comum às freguesias de Mozelos, S. Paio de

Oleiros e Nogueira da Regedoura.

Fim do limite entre estas duas freguesias.

Limites entre Nogueira da Regedoura e Mozelos

Marco a colocar no entroncamento da rua Romana com a rua

da Tapada, na berma direita, sentido norte-sul, das mesmas ruas.

O limite deixa este marco, segue pelo eixo da rua da Tapada,

entra na rua da Lavoura, continua para sul, através do eixo desta

até ao ponto das coordenadas.

A partir deste ponto até ao ponto das coordenadas, situado

na rua do Arco-Íris, da freguesia de Mozelos e a rua da Penha,

da freguesia de Nogueira da Regedoura, já existe acordo quanto

ao limite entre as duas freguesias e que, a seguir, se transcreve:

O limite deixa este ponto, segue para sul até ao entroncamento

com a rua Belo Horizonte, aqui, inflete para sudoeste através

do seu eixo e vai até ao cruzamento com a rua de Luís de Camões.

Neste cruzamento, inflete para nascente, aproximadamente

23 metros, e volta a infletir para sudoeste, entra no muro de

alvenaria que limita o prédio com o nº de polícia 876 da freguesia

de Mozelos e 844 da freguesia de Nogueira da Regedoura, segue

pelo referido muro até à rua do Arco Íris, pela freguesia de Mozelos

e rua da Penha pela freguesia de Nogueira da Regedoura.


32 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

O limite deste ponto segue pelo muro de alvenaria que limita

os prédios com nº de polícia 112 pela freguesia de Mozelos e 74 pela

freguesia de Nogueira da Regedoura e vai até ao marco seguinte.

Marco a colocar a oeste do muro de alvenaria que limita os

prédios com o nº de polícia 74 (rua da Penha) e 112 (rua do Arco

Íris, no lugar do Monte Coteiro.

Fm da descrição do limite provisório do troço em questão.

Limites entre Mozelos e S. Paio de Oleiros

Estas freguesias ficaram limitadas entre si com quatro marcos/estacas

devidamente coordenados/as geograficamente.

A linha de delimitação desenvolve-se no sentido sul para oeste.

As coordenadas M e P das estacas/marcos são apresentadas

no sistema métrico.

Mozelos, Nogueira da Regedoura e S. Paio de Oleiros

Marco a colocar na berma esquerda da rua de Vilas de Baixo,

no sítio de Entre Vilas.

Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Nogueira da

Regedoura e S. Paio de Oleiros.

O limite deixa este marco, segue para sul em linha reta entra

na rua de Entre Vilas continua para sul através do seu eixo e vai

até ao marco seguinte.

Mozelos e S. Paio de Oleiros

Marco a colocar na berma esquerda da AE1, no sentido Lisboa-Porto,

junto aos muros de alvenaria que limitam a fábrica

Dioflex, no entroncamento da rua do Fial com rua de Entre Vilas.

O limite deixa este marco, segue para sul pelo eixo da AE1

e vai até ao viaduto que atravessa esta na EN1-14. Aqui, inflete

para oeste pelo eixo da EN1-14 e vai até ao marco seguinte.

Marco a colocar na esquina dos muros de alvenaria na bifurcação

da EN1-14 que liga Esmoriz ao Picoto, com a rua da

Fronteira, no lugar de Vila Boa.

O limite deixa este marco segue pela berma esquerda da rua

da Fronteira no sentido norte-sul e vai até ao marco seguinte.

Mozelos, Paços de Brandão e S. Paio de Oleiros

Marco a colocar, junto a outro já existente, na berma esquerda

da rua da Fronteira, no sentido sul-norte, no limite sudeste da

fábrica Soprecor.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

33

Este marco é comum às freguesias de Mozelos, Paços de

Brandão e S. Paio de Oleiros.

Fim do limite entre estas duas freguesias.

A freguesia de Mozelos é constituída pelos lugares seguintes,

que persistiram ao longo dos tempos:

Casal, Coteiro, Ermilhe, Fundão, Gesto, Goda, Igreja, Meladas,

Mozelos, Murado, Outeiro do Moinho, Prime, Quebrada,

Quintã, Regadas, Rio, Seitela, Sobral, Vergada e Vilas.

Foi elevada à categoria de vila em 30 de junho de 1989, como

consta no Diário da República, 1ª Série, nº 99 de 1 de julho de

1989, tendo sido publicado como Lei nº 47/89 de 29 de agosto

do mesmo ano.

A paróquia de S. Martinho de Mozelos pertence à Vigararia

de Santa Maria da Feira, Região Pastoral Sul da Diocese do Porto.

Delimitação das Paróquias

A unidade geográfica da freguesia é, antes de mais, uma criação

católica e foi, até ao fim da monarquia, um sinónimo de paróquia.

Importa, antes de mais, conhecer as razões que subjazeram à

definição dos limites territoriais das paróquias.

A Igreja paroquial, no passado remoto, concebia-se mais como lugar

onde se reuniam pessoas do que como centro de um espaço geográfico.

Pertenciam à paróquia os fiéis que nela se baptizavam e recebiam

os sacramentos. Em certos forais do século XIII, ainda se prevê o direito

de escolher outra igreja e o que se devia fazer nesse caso.

Foi, portanto, a contribuição material exigida a todos os leigos

que impôs a necessidade de dar a esta relação uma base espacial e de

submeter à jurisdição do Pároco os que habitassem num determinado

território.

Entre as prescrições de vários sínodos, tomam assim relevo as do de

Lisboa de 1264, que impôs o dízimo aos fregueses das paróquias não

delimitadas, distinguindo entre o pagamento pela pessoa e pela terra.

A delimitação espacial deve ter-se feito primeiro nas cidades, como

aconteceu em Coimbra, já em 1139, em virtude do conflito entre a

diocese e o mosteiro de Santa Cruz.

Mas o primeiro indício que conheço da obrigação de a fazer, data, significativamente,

de 1229. Por ocasião da concordata de 1289, entre D. Dinis e os

Bispos do Reino, ainda os prelados se queixavam de que o rei e os concelhos não

os deixavam estabelecer as fronteiras paroquiais. Em resposta, o rei declara que


34 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

o podem fazer, mas, para isso, terão de avisar os fregueses com três domingos de

antecedência, e deverão proceder publicamente, com a participação direta dos

leigos que nisso estavam implicados. De facto, encontram-se, por esta época,

muitos testemunhos de divisões paroquiais. Mas, em 1331, ainda o Vigário-

-Geral de Coimbra dá instruções acerca de áreas que não estavam afectadas a

nenhuma paróquia. (…) As instâncias eclesiásticas começaram então a exigi-

-los sobre certos rendimentos que, provavelmente, não eram até ali matéria de

imposição (…) (MATTOSO:2001:336 e 337).

Houve, ao longo dos tempos, dúvidas e conflitos graves entre

os dizimadores e os paroquianos, o que levou as autoridades

eclesiásticas a procederem a esclarecimentos e a encontrarem soluções

que ficaram vertidas nalgumas constituições diocesanas,

com as do Porto, de D. Diogo de Sousa, em 1496.

Também o Concílio de Trento (1545-63) preceituou sobre o

pagamento de dízimos, cominando a pena de excomunhão aos

que os não pagassem ou impedissem o seu pagamento.

Por força do alvará de 11 de abril de 1815 do regente D.

João, ficavam isentos do pagamento dos dízimos todos quantos

rompessem charnecas e baldios incultos e os que tirassem terras

às marés em todos os rios e costas.

Até 1822, manteve-se o antigo direito escrito e consuetudinário

sobre o seu pagamento, pela sua importância como medida

de fomento agrícola.

Os dízimos constituíam um imposto pesado e vicioso porque

se aplicava ao produto bruto.

A questão da definição dos limites entre as freguesias, tem

sido ciclicamente motivo de controvérsia, um pouco por todo o

País, por causa dos direitos de arrecadação dos dízimos, antes da

sua extinção pela Revolução Liberal, por ação de Mousinho da

Silveira (1780-1849) que os extinguiu em 30 de julho de 1832.

Passou a competir ao Tesouro Público pagar ao clero uma

côngrua equivalente ao rendimento que cada um recebia com os

dízimos.

Em Mozelos, identificam-se duas formas de circunscrição diferentes,

uma de carácter religioso, a paroquial, e outra a jurisdicional,

que coexistiram, mas cujas fronteiras nem sempre coincidiram. A

base da divisão espacial estava definida pela paróquia que significava,

por razões históricas e religiosas, a comunidade que possuía uma

identidade religiosa própria (OLIVEIRA:1950:118-121).


ASPETOS NATURAIS


Paisagem natural de Mozelos


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

37

A terra de um povo já não é um simples dado da natureza,

mas uma porção de espaço afeiçoado pelas gerações,

onde se imprimiram, no decurso do tempo,

os cunhos das mais variadas influências

(RIBEIRO:1977:210).

O alargamento ou retracção da área de

determinada produção agrícola,

a persistência ou fragilidade de certas formas

de paisagem rural, ou ainda a implantação

de equipamentos industriais ou turísticos

vislumbram-se sobretudo em função

de aptidões naturais, ou de outros condicionamentos

de ocupação humana

(MEDEIROS:2005:13).

Parque do Coteiro

José Mattoso aconselha que toda a monografia regional ou local

tem de começar por caracterizar o espaço escolhido.

Na verdade, trata-se não apenas de o descrever, o que se consegue

sobretudo por meio da cartografia e da fotografia, mas também de o

analisar, para compreendermos a sua função histórica. É preciso acentuar,

pela escrita, os elementos que condicionam a história: o relevo,

a altitude, a natureza e a constituição do solo e as suas capacidades,

os cursos de água, a eventual proximidade do mar, as temperaturas

habituais, o regime de ventos e da chuva. Tudo isto condiciona, é claro,

a cobertura vegetal, as culturas praticadas, a implantação e a forma

de habitat, as atividades dos homens que aí vivem, as capacidades

produtivas do solo, as possibilidades de comunicação, a orientação dos

circuitos humanos e económicos, os contactos do território com o exterior,

os limites e a compartimentação das áreas baseadas na geografia

física (...).

A descrição e o estudo do quadro territorial na história regional e

local (...) são a apresentação de um quadro de materiais ainda informes

que, ao mesmo tempo, envolvem e limitam o homem, e lhe forne-


38 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Parque do Coteiro

cem os elementos que depois não só consome mas também transforma,

compõe e recria (...) (MATTOSO:2002:184).

É, neste contexto e com estes pressupostos, que importa caracterizar,

se bem que sumariamente, o quadro físico do espaço

onde se integra a freguesia de Mozelos.

Geograficamente, segundo Orlando Ribeiro, o Entre Douro

e Minho, prolonga-se na faixa litoral para sul do Douro, tendo

como limite a bacia do rio Vouga, que se caracteriza por ser parte

do país mais densa e povoada. Segundo Orlando Ribeiro a terra

de Santa Maria estava longe de constituir uma coerente unidade de

paisagem. Integrando-se no que Orlando Ribeiro denominou Portugal

Atlântico nela se distinguiam e distinguem duas grandes áreas espaciais

partilhadas entre si por uma linha definida pela direção das

terras de fraca altitude (200m) que paralelamente à costa, separam o

litoral das elevações do interior (ID.:69).

Geologicamente, António Pedrosa e outros caracterizam a

região a sul do Douro até Espinho, correspondendo a parte do Concelho

de Santa Maria da Feira, seria uma zona de inserção entre

o enrugamento précâmbrico e o período triássico da era secundária

mesozóico, constituída pelo predomínio de granitos e rochas do período

xisto-grauváquico, constituintes do Maciço Antigo, cuja génese ocorreu

antes do final do paleozóico (...).

Morfologicamente, predominam as fracas altitudes, não

se encontrando valores superiores a 250-270 m (PEDROSA ET

ALLI:1985:77).

Num trabalho que pretende ser uma contribuição para o estudo

do litoral Quaternário em Portugal, é afirmado que, em

toda a costa portuguesa, encontram-se formações que pertenceram,

quer ao Pliocénico Superior, quer ao Quaternário.

Amorim Girão constata que, nesta região, os centros povoados

se distribuem em máxima densidade, apertados contra a costa marítima,

sem deixarem entre si grandes espaços vazios GIRÃO:1922:98).

Situada, para norte de Vila da Feira, entre Espinho e Vila Nova

de Gaia, a freguesia de Mozelos fica nessa zona.

CONDIÇÕES GEOLÓGICAS

Mozelos apresenta uma orografia bastante acentuada com

altitudes que ultrapassam os 200 metros no Coteiro. No alto do

Coteiro, foi implantado um esteio, com candeeiro no topo, onde

se atinge, no seu limite superior, a altitude de 230 metros. E


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

39

a altitude média é superior aos cem metros. Toda a localidade

se desenvolve entre as duas pendentes dos montes Sobral e do

alto castrejo, outrora dito de Sagitela e hoje Coteiro do Monte

Murado. Este levantamento orográfico corresponde ao maciço

granítico que se formou com a abertura do Oceano Atlântico.

Nesta terra, não há serras para que tenha que nelas dar noticia

e há hum outeiro de suas qualidades. Junto a esta igreja há hum outeiro

a que chamam do Morado que fica o qual serve de apascentar

os gados cuja planície no pico deste terá de comprido duzentas braças

e de largura mais de cem tudo plano a huma altura regista este em

antigos tempos ser cerca do cujo monte ou outeiro dizem os antigos que

foi praça de mouros de cujo se descobre grande parte do mar a villa

de Aveiro e todo o rio que fica diante e a villa sera de distancia sinco

seis legoas ao castelo da vila da Feira que dista huma legoa e a serra

de Balongo, a Baltar e Chaves e Freita já nomeadas que a de Valongo

dista seis legoas o castelo de Sam Joam da Fos, junto a barra do Porto,

a Senhora da Luz de Sam Joam da Fos e outras muitas povoações e

igrejas das redondezas como o mosteiro de Grijó dos cónegos regulares

de Santo Agostinho, tem um monte nas suas redondezas que estam

manando copiozas agoas em todo o tempo e os povos se servem dellas

para seos gastos de casa, nam tem arvores alguas nem tem outro qualquer

monte arado. E nam tenho mais desta em todos os interrogatórios

da serra. (TT, Memórias Paroquiais, Fl. 1883).

Mozelos é parte integrante da Terra de Santa Maria que sempre

constituiu um pólo de atracção para todo o território entre o Douro

e o Vouga (…) Embora esta terra seja formada por três áreas que (…)

pertencem a regiões naturais distintas. A segunda área constituída por

uma faixa central entre o Douro e o Vouga, incluindo a margem sul

deste rio, forma uma unidade de paisagem a que Orlando Ribeiro

chamou de terras de média altitude da Beira Litoral.

A Terra de Santa Maria forma um território em declive para

o mar, constituído sobretudo pela faixa entre Douro e Vouga.

Associa a si estreitas faixas das áreas adjacentes. Esta zona que

dá unidade à Terra de Santa Maria acompanha a antiga estrada

romana que ligava o Porto a Coimbra, que é dominada pelo

Castelo da Feira. Situa-se exatamente a meio das duas regiões

costeiras da grande divisão geográfica no Norte Atlântico (Mattoso,

A Terra de Santa Maria:32 e 33).

A região do vale caracteriza-se geologicamente, pela existência

de duas secções diferentes, afloramentos sedimentares tipo

xisto-grauváquico e rochas eruptivas de tipo granito porfiróide,

aquerítico e granito alcalino de grão médio (ID.:1962:20-22).

Os granitos pela sua extensão têm reflexos importantes na morfologia

localizando-se numa faixa central no sentido Noroeste Sudes-

ANTT: Memórias Paroquiais: Vol.

25: N.º 252: Fls. 1882

Parque do Coteiro


40 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

te. Apresentam diferenças não só em relação à composição química

e minerológica mas também quanto à textura e idade de formação.

Apresentam granulidade média por vezes porfiróide, constituídas por

feldspatos alcalinos, quartzo, (…) biotites e moscovite, encontrando-se

profundamente meteorizados (ID.:1985:7-10).

Mozelos situa-se a cerca de oito quilómetros para este do mar.

A dividi-lo do oceano, encontra-se uma linha montanhosa paralela,

pouco marcada pela altitude e geologicamente caracterizada

por granitos (ASSUNÇÃO ET ALII:1962:7:21-22). Essa linha

apresenta-se como uma fronteira meteorológica, protegendo o

vale dos ventos marítimos.

CLIMA

Rua do Pinheiro Manso

Mozelos tem duas realidades climáticas distintas. Uma virada

a nascente para o vale outra virada a poente influenciada pela

ação marítima.

O clima insere-se na zona de clima Mediterrânico temperado

de feição Atlântica. Genericamente as características mediterrâneas,

irregularidade pluviométrica e as amplitudes térmicas estão

presentes, mas marcadas pelo agente marítimo, que influencia

profundamente o clima nesta região noroeste da Península,

acentuando os valores pluviométricos e a temperatura. Devendo

ter-se em conta, como refere Amorim Girão, que as plantas constituem

elementos valiosos para a classificação dos climas (...) constituindo

por vezes verdadeiros aparelhos registadores que podem exprimir,

em alto grau, quando são escolhidos, os efeitos cumulativos dos

diferentes climatéricos (GIRÃO:1932:6).

Os únicos dados científicos dignos de crédito são os registados

na estação meteorológica da Serra do Pilar (ASSUN-

ÇÃO:1991:39-40).

A pluviosidade é intensa e irregularmente distribuída, ao longo

de todo o ano. Os meses de outubro e novembro, e os meses

de abril e maio concentram os maiores valores pluviométricos.

Os dados de temperatura captados na estação meteorológica

da Serra do Pilar, a mais próxima desta região, regista valores

que oscilam entre um máximo no inverno de 13 graus, e no

verão de 25 graus. As temperaturas mínimas médias nestas duas

épocas rondam os 5 e os 14 graus respetivamente no inverno e

no verão (ID.:IBID.).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

41

A manutenção de uma temperatura amena sem grandes oscilações

térmicas é influenciada pela orientação dominante dos

ventos em várias épocas do ano. No verão, os ventos de noroeste:

conhecidos por nortada influem bastante na conservação de

valores atmosféricos baixos durante o estio. No inverno, os ventos

de leste e sul, conduzidos pela orientação dos vales dos rios

Inha e Arda influenciam as condições térmicas na zona.

Como ainda referem António Pedrosa e outros, segundo a

tipologia de Köppen (1923), podemos considerar o clima de Santa

Maria da Feira como CSB segundo dados estatísticos referentes ao

período de 1930-1982 que apresentam as seguintes características:

temperaturas médias sempre superiores a 3ºC e inferiores a 22ºC; o

mês mais seco recebe menos de um terço da precipitação do mês mais

húmido.

Analisando a variação da temperatura, ao longo do ano, verifica-se

que o mês mais frio é janeiro com uma temperatura média

aproximadamente de 8,7ºC, sendo a média do mês mais quente

19,68ºC que se verifica em julho, constatando-se que a amplitude

térmica anual é cerca de 11ºC. Esta fraca amplitude térmica

não é alheia à já referida proximidade do Oceano Atlântico.

A proximidade do mar é um fator que influencia o clima

desta região. Os valores de humidade permitem regular a temperatura.

A ocorrência de nevoeiros ao longo de todo o ano influi

bastante nas amplitudes térmicas. A sua incidência no verão

permite manter um certo grau de humidade favorável ao desenvolvimento

vegetal. A constituição geomorfológica da zona

onde o vale se encontra, abriga-o da influência direta do mar,

deixando-o exposto aos ventos frios de leste, que fazem com que

no inverno ocorram temperaturas negativas, permitindo a formação

de geadas nos locais mais abrigados e sombrios do vale

(SILVA:1981:110).

A própria ação do homem é influência do clima. Ao longo da

história do homem, alguns dos seus atos contribuíram para que

ocorressem transformações climáticas. O próprio clima da terra

sofreu alterações, processos de aquecimento e arrefecimento,

distribuídos por períodos de tempo que só muito recentemente

a ciência identificou.

O clima, pelas oscilações que apresenta ao longo dos tempos,

é um agente influenciador da atitude do homem face ao mundo

natural, com reflexos na atividade agrícola, essencial para a sua

sobrevivência. E como expressou Le Roy Ladurie, o clima é também

objeto da história (LADURIE:1983:11).

Rua do Pinheiro Manso


42 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

HIDROGRAFIA

ANTT: Memórias Paroquiais:

Vol. 25: N.º 252: Fls. 1882-1883

Na freguesia, existe apenas o Ribeiro de Prime um curso de

água com algum caudal. Segundo informação contida nas Memórias

Paroquiais de 1758, no meio dela (freguesia) nasce uma fonte,

donde começa um regato, chamado de Prime e é tam pequeno que,

no veram se fazem possos para beberem os gados(…) Morre na Lagoa

da freguesia de Paramos. (…) Tem alguns moinhos para moerem milho

e trigo e as mais qualidades de gram, porém, parte do veram, hé

com ágoas emprazadas. (…) Os povos uzam de suas agoas libremente,

para as culturas e serviços sem pensam nem juro algum. (…) Tera este

regato huma legoa de seu comprimento onde fenesse e desta freguesia

de Mozellos corre a freguesia de Lamas e de hi a Passos de Brandam e

dahi a Paranhos (sic) onde fenesse metendo-se na lagoa (TT: Memórias

Paroquiais: Fls. 1883 e 1884).

Em 4 de março de 1928, a CA da Junta de Freguesia informou

a Administração Geral dos Serviços Hidráulicos que, na

freguesia, havia uma nascente de água que constituía um pequeno

regato, o qual seguia pelas freguesias do poente, nas quais se

junta a outros regatos, havendo um outro regato que nascia fora

do limite desta freguesia, tendo, dentro da área desta freguesia

pelos proprietários dos campos (terrenos lavradios) que lhes ficavam

próximos, para efeitos de rega, na época seca do ano e na

margem desses ribeiros existem diversos moinhos, cujos proprietários

represam as águas para fazerem mover as respetivas mós

(AJFM.:Liv. de Atas nº 8).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

43

Rio de Prime



TOPONÍMIA


Na página anterior, reprodução do ANTT:Mosteiro de Grijó:BF:237.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

47

A toponímia abrange um campo de conhecimento

interdisciplinar, tendo como base a interpretação dos nomes

próprios dos lugares, seja de uma povoação, seja de um rio, de

uma montanha, uma gruta, uma fraga. Enquanto documento

interdisciplinar escrito pelo povo, tendo quase sempre a memória e

a oralidade como suportes de transmissão, deve ser estudada com a

perspetiva e o rigor que a vocação de cada um dos domínios requer.

Nela se projeta a história de uma comunidade, a sua economia,

a sua religião, a sua linguagem, os seus costumes. Na toponímia,

podem, por isso, obter-se elementos para o estudo de diversos

fenómenos sociais do tipo migratório ou de repovoamento, bem como

sobre instituições sociais antigas associadas à exploração da terra e

da propriedade ou sobre os domínios transcendentais que modelam os

temperamentos e os comportamentos; mas também sobre os distintos

estádios de uma língua, a sua evolução, as variantes dialetais, os

contactos com outras línguas, etc. Em síntese, através da toponímia

pode rastrear-se a mentalidade e as vivências de um povo,

avaliar a sua conceção do mundo e estabelecer um mapa

do território tendo como referente o imaginário colectivo

(PARAFITA:2006:168-169).

S. Martinho – Como se verificava em outras paragens, a

população da Terra de Santa Maria, a que Mozelos pertencia,

elegeu os seus patronos e intercessores, a que dedicou as igrejas

que ia erguendo, à medida que ia criando as suas comunidades

humanas religiosas.

Nas igrejas documentadas antes de 1200, os apóstolos Pedro,

Tiago, João e André eram os oragos mais escolhidos, dividindo,

entre si, a denominação de 31% dos templos, com natural

predomínio para o primeiro Papa (seis igrejas).

A estes, juntavam-se a Virgem Maria e o Salvador, a quem

foram atribuídos 10 templos, metade para cada uma das invocações

Os restantes patronos das igrejas deste território acentuavam

esta direção espiritual. À sua cabeça na frequência das

invocações dos templos, figuravam S. Martinho de Tours (5

templos), o santo confessor cuja devoção fora favorecida na Pe-

São Martinho de Mozelos


48 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

nínsula por um clérigo homónimo, Martinho de Braga, a partir

da segunda metade do século XII. No século XIII, o número de

igrejas dedicadas a S. Martinho decresceu de cinco para duas.

Todos estes santos protetores tinham as suas festas anuais dando

lugar à celebração de romarias, procissões e arraiais que, centrados

nos templos faziam acorrer as populações das aldeias das

respetivas freguesias. No outono e inverno, começava-se pelo dia

da festa de S. Miguel (29 de setembro), o qual coincidia, tal como

S. Martinho (11 de novembro), com épocas de pagamentos de

foros. Houve um papel pioneiro desempenhado pelas ermidas e

castros na colonização agrária da Terra de Santa Maria. Tanto

umas como outras sinalizavam a defesa das aldeias, de forma a repelir

ameaças exteriores, nomeadamente, as forças maléficas das

florestas, ou ataques de cavaleiros e bandos de malfeitores. A sua

presença apelava à pacificação e segurança sociais. Os templos

não paroquiais tinham uma presença mais intensa nas freguesias

onde se situavam as colinas que bordejavam as principais estradas

da Terra de Santa Maria, nas quais se incluíam Feira e Mozelos

ambas com dois templos (Mattoso:O Castelo e a Feira:107 a 112).

TOPÓNIMOS

BF:282

Os topónimos classificam-se de acordo com a sua natureza

em:

– Hagiotopónimos, relativo a santos;

– Agrotopónimos, relativo a aspetos agrários;

– Antropónimos, relativo a nomes próprios de pessoas;

– Biotopónimos, ou Fitotopónimos, relativos a plantas;

– Geotopónimos, relativos a aspetos geológicos;

– Hidrotopónimos, relativos a água;

– Zootopónimos, relativo a animais.

Apresentam-se as possíveis interpretações para a toponímia

antiga e moderna de Mozelos.

Topónimos antigos que subsistem e que formaram os grandes

aglomerados urbanos, as aldeias ou lugares e hoje estão integrados

em nomes de ruas. Dentro da onomástica, existem microtopónimos

associada à identificação de parcelas agrícolas ou de monte,

ribeiros, fontes e linhas de água, acidentes orográficos, etc… Enfim,

tudo tinha um nome para permitir o seu correto reconhecimento.

Vejamos os que subsistiram e os que desapareceram.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

49

Apresentam-se alguns dados sobre os principais topónimos

existentes na freguesia, bem como outras designações de ruas,

alamedas, travessas, largos e veredas.

TOPÓNIMOS PREVALECENTES

Mozelos é topónimo de estrutura latina. José Pedro Machado

considera que o topónimo Mozelos é de origem obscura.

Opinião diferente tem Almeida Fernandes (Toponímia Portuguesa:

436, 437) que afirma que tem origem em monacellos, derivado de

monacus, (monge), pequeno mosteiro, ou melhor pelo plural –ellos,

local onde existem monges, monacellos. Entretanto, corre entre a

população local, de várias gerações, que a origem de Mozelos

poderá residir no termo ancestral moa + zelos, relacionado com

atividade moageira, Aliás, há na freguesia o lugar de Mozelos,

onde havia azenhas e moinhos.

Para além de Mozelos da Feira, existem, no nosso país, a

freguesia de S. Paio de Mozelos no Minho, comarca de Valença,

concelho de Paredes do Coura a 50 Km de Braga, cujo orago é

S. Paio.

Há também a aldeia de Mozelos, na freguesia de Santa Maria

Madalena de Campo, concelho, comarca, e bispado de Viseu, a

6 Km ao norte da cidade de Viseu, na Beira Alta.

Há igualmente a povoação de Mozelos, na freguesia de Ázere,

em Arcos de Valdevez.

Há ainda a aldeia de Mozelos, na freguesia de S. Salvador do

Monte, comarca e concelho de Amarante, no distrito do Porto.

BF:283

Agras, do latino Agra. Topónimo frequente em Portugal e na

Galiza, no singular e no plural. Existe em Amarante, Arouca,

Guimarães, Lousada, Monção, Oliveira do Bairro, Ribeira

de Pena, Santa Comba Dão e Vale de Cambra. Agra, no

Minho, significa campo.

Agro, topónimo frequente no norte e na Galiza. Derivado do

substantivo masculino agro.

Aguincheiras ou Aguncheiras, topónimo existente em Vale

de Cambra, deriva de aguincha ou aguncho, isto é, raro e

estranho.


50 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Airas, topónimo existente em Vila da Feira e Tábua. Na Galiza,

existe na Corunha. É derivado da forma metatética de Arias,

ainda hoje existente em Castela. A forma Aries aparece em

959 como nome de um signatário de um documento.

Alecrim, topónimo frequente em Portugal e no Brasil, na forma

simples ou composta, deriva do substantivo masculino

alecrim.

Almeixa ou Almeissa, local destinado à secagem dos frutos,

designadamente figos, ameixas ou roupas.

Areosa, topónimo derivado do adjetivo areoso, isto é, que tem

areia. É relativamente frequente, existe na cidade do Porto,

Viana do Castelo, entre outros locais.

Areeiro, topónimo muito frequente, em Portugal e na Galiza.

Derivado do latino arenariu (lugar onde há areia).

Arnelas, topónimo existente na Feira e em Vila Nova de Gaia.

Deriva de arnela, do sustantivo masculino latino arenela, diminutivo

de arena (areia).

Avenal, topónimo derivado de avelanal (lugar onde há avelãs)

existe em Alenquer, Cadaval, Caldas da Rainha, Oliveira de

Azemeis e Condeixa.

Azenha, topónimo frequente. Do ár. as-sãniâ, nora, roda de

irrigação, o animal que faz girar essa roda. Em 998 (azenia, em

(Dipl.:110). Frequente como topónimo. A forma antiga. era

acenha; Açanha, topónimo existente em Pombal.

Barrosa, topónimo frequente. É o feminino de barroso, derivado

do adjetivo barroso em que há barro, abundante em barro,

subentende-se um substantivo terra, quinta, aldeia.

Cancela, topónimo frequente em Portugal, na Galiza e no

Brasil, derivado do substantivo feminino cancela. Aparece, já

em 1258, nas inquirições régias.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

51

Carvalha, topónimo frequente, já existente no século XII, deriva

do substantivo feminino carvalha o mesmo que carvalho ou

carvalheiro.

Casal, topónimo frequente em Portugal e na Galiza. Deriva do

substantivo masculino casal.

Cavada, topónimo usado no singular e no plural é frequente

na Galiza e no norte de Portugal. Deriva do substantivo

feminino cavada ou do adjetivo cavada.

Corredoura, topónimo deriva do substantivo feminino corredoura,

isto é, lugar de passagem. É frequente na Galiza e em

Portugal, em Arruda dos Vinhos, Lousada, Paredes do Coura,

Reguengos de Monsaraz e Viana do Castelo.

Covas, topónimo que deriva do substantivo feminino cova.

Existe no singular e no plural em forma simples ou composta,

como neste caso, em que aparece como Covas da Raposa,

com significado evidente.

Cavouco, este topónimo deriva do substantivo masculino cavouco.

No Brasil, aparece com o significado de cachoeira, em Pernambuco.

Há Cavouco dos Ventos, na Ilha Terceira, nos Açores.

Cedro, topónimo existente em Gaia, Paços de Ferreira, Vila

da Feira, Braga, Cantanhede Coimbra, Felgueiras, Peso

da Régua, Madeira, Açores, Brasil, Deriva do substantivo

masculino cedro.

Centeeiras, topónimo existente no singular em Albufeira, Arcos

de Valdevez, Évora, Lisboa e Paredes do Coura. Deriva do

feminino do plural de centeeiro (ave).

Choupelo, topónimo derivado do substantivo masculino

choupelo (tal como choupal, lugar onde existem choupos),

existe em Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira.

Corga ou Côrrega topónimo frequente em Portugal e na Galiza,

no singular e no plural. Deriva do substantivo masculino

corgo e este de côrrego.


52 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Coteiro, topónimo existente em Canelas (Gaia) e na Feira. Deriva

do substantivo masculino coteiro (montículo de terra ou

de areia).

Covinha, topónimo derivado do substantivo feminino cova,

aparece no singular e no plural. Aparece em Arcos de Valdevez,

Barcelos, Oleiros, Penafiel, Ponte de Lima, Santiago do

Cacém, Vila do Conde e na Galiza.

Erigo, trata-se de um topónimo de origem germânica e surge, já

em 1010, sob a forma do patronímico Irigiz em 1095. Existe

em Castelo de Paiva e Sever do Vouga.

Ermilhe, topónimo existente na Feira. Será, possivelmente, o

genitivo do antropónimo de origem germânica, relacionado

com Ermelo, derivado do nome germânico Ermellus.

Ermo, topónimo derivado do substantivo masculino ermo (lugar

sem pessoas e sem atividade agrícola). Existe em Fafe,

Santa Maria da Feira, Guimarães, Paredes e Penafiel. No Brasil,

existe em S. Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais,

entre outros locais.

Fonte, topónimo muito frequente, nas formas simples e composta,

singular e plural, em Portugal, na Galiza e no Brasil.

Deriva do substantivo masculino fonte, de origem latina.

Forno, topónimo frequente no centro, norte e na Galiza, em

forma simples ou composta no singular e no plural. Poderá

corresponder à existência, em tempos diversos, de fornos de

telha. Normalmente, surgem, a partir da idade moderna, mas

surgem também na época romana como aconteceu em Canelas

(Vila Nova de Gaia).

Freixial, topónimo derivado do substantivo coletivo freixial

(lugar onde existem freixos). É frequente no Algarve, mas

também aparece noutros locais. Aparece também com o diminutivo

como Feixialinho.

Fundão, topónimo existente em Arcos de Valdevez, Barcelos,

Braga, Évora, Feira, Marco de Canaveses, Ponte de Lima,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

53

Sertã, Vila Real (Fundão da Aldeia), Penafiel (Fundão de

Baixo) e Castelo Branco. É frequente na Galiza e no Brasil.

Inicialmente terá sido um adjetivo aumentativo de fundo, em

Vale Fundão (Lisboa).

Gasparinha, diminutivo feminino de Gaspar, existe em Almodôvar

e no Brasil. Aparece também na forma masculina.

Gesto, topónimo existente na Feira, Póvoa do Lanhoso, Vila

Verde e na Galiza (Corunha e Lugo). Aparece sob a forma

Geesto em 1258 (Inq.:393).

Goda, poderá ser derivado do nome comum godo, designativo

de pedra, com raiz latina cot, relativa a dureza.

Igreja, arqueotopónimo frequente em todo o País. Do substantivo

feminino Igreja. Notar que o espanhol Iglesia é muito

mais frequente na Galiza do que no resto da Espanha.

Jardim, deriva do substantivo masculino jardim e existe em

Ponte de Lima sendo frequente na Galiza.

Lenteiro, topónimo existente em Amarante, Baião e Lourinhã

é derivado do substantivo lenteiro, isto é, terreno húmido,

pântano, lameiro. Existe no plural em Mangualde e Oliveira

do Hospital.

Linhar, topónimo derivado do substantivo masculino linhar,

o mesmo que linhal, isto é, terreno onde há sementeira de

linho. Surge, já em 1120, nas inquirições régias. Existe em

Cinfães, Gouveia, Marco de Canaveses, Matosinhos, Melgaço,

Ponte de Lima e Mortágua,

Feixes de linho

Mamoa, monte de terra artificial ou pequeno monte, colina ou

promontório de terra, de figura redonda e com semelhança

de peito de mulher, com que se dividiam as terras. Era sinónimo

de arca, surgindo, por vilas e castelos antigos, por arcos

ou túmulos de muitas pedras, por marcos levantados a que

chamamos coutos e padrões.


54 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Marmoirais, este topónimo que aparece também no singular

tem a sua origem do latino memoriale (monumento, sepulcro)

significando também, nalguns casos, um túmulo sob um arco

memorial à beira de um caminho, ou até sepulturas cavadas na

rocha, muito mais antigas. Aparece em Amarante, Madalena

(Vila Nova de Gaia) como lugar de Marmoiral, Arouca,

Marco de Canaveses, Penafiel, Vila do Rei e na Galiza.

Malpica, poderá estar-se na presença de mais de um exemplo em

que uma planta poder dar o nome ao lugar onde existe. Esta

planta que existia em abundância noutros tempos tinha a particularidade

de ferir e de picar. Existe em Castelo Branco, Felgueiras,

Sertã, na Madeira, Cabo Verde e em várias regiões de

Espanha.

Meladas, topónimo possivelmente derivado do apelido Melado,

por sua vez derivado do adjetivo melado.

Moinhos, arqueotopónimo muito frequente tanto no singular

como no plural, em Portugal e na Galiza. Derivado do

substantivo masculino moinho. Aparece, já em 906, sob a

forma de Molinus ou Molino (DC.:9), em 1141 (DMP.:I:230),

em 1258 (Inq.: 595 e 674), Moinhos. em 1014 (DC.:138).

Mortório, frequente no norte e centro, nomeadamente, em Albergaria-a

Velha, Covilhã, Braga, e também no sul, em Cacém

e Montemor- o-Novo, no singular ou no plural. É derivado

do substantivo masculino mortório, isto é, terreno estéril.

Murado, segundo Almeida Fernandes, murado é derivado de

muro, em sentido evidente, ou castrejo (Almeida Fernandes:

Ob. Cit: 437).

Outeiro do Moinho, geotopónimo relacionado com o aspeto

do solo, é muito frequente, no singular e no plural, no norte e

na Galiza. Do substantivo masculino Outeiro, uma colina tipo

promontório, muito comum em quase todas as localidades do

norte e centro de Portugal onde o relevo é mais acentuado.

Em 1072, Octerio (DC-PMH: doc. 504: 11), Outeirio, em 1091

(ID.:450), Outeiru em 1146 (DMP: I:270), na região de Braga;

Auteiro, em 1169 (ID.:382). Outeiros frequente na Galiza: Corunha,

Orense; em 1154 (DMP:I:303), na região de Sintra.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

55

Pereira, topónimo derivado do substantivo feminino pereira.

É frequente em Portugal, na Galiza, Brasil. Aparece tanto no

singular como no plural Já existia em 1002, 1115 e em 1139.

Picoto, topónimo frequente no norte e na Galiza, algumas

vezes escrito erradamente como Picouto. É um geotopónimo

derivado do substantivo masculino picoto a crista de monte,

ou cimo agudo de um monte!.

Poça, topónimo derivado do substantivo feminino poça é

frequente em Portugal e na Galiza.

Presa, topónimo frequente em Portugal e na Galiza. É derivado

do substantivo feminino presa.

Prime, topónimo existente na Feira e em Viseu. Deriva de primi,

genitivo de Primo (nome de um proprietário). Nome com

origem toponímica genitiva, com origem suévica do século

VI (Fernandes: Paróquias:149, 163). Em 1099, havia um rio

chamado Primi (Dipl.:254).

Quebrada, topónimo e microtopónimo frequente em todo o

país. Deriva do substantivo feminino quebrada. Também é

frequente Quebradas.

Quintã, topónimo frequente no norte e na Galiza. Deriva do

substantivo feminino quintã (terreno de semeadura).

Regadas, frequente no norte e na Galiza. Deriva do adjetivo

regado (propriedade rústica que é regadia) Regada é frequente

também no norte e na Galiza.

Relva, topónimo derivado do substantivo feminino relva existe

no norte de Portugal e na Galiza.

Rio, topónimo muito frequente, em Portugal, na Galiza e no

Brasil, nas formas simples ou composta, Deriva do substantivo

masculino rio.


56 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Rodelo, topónimo existente em Alenquer, Cantanhede, Castelo

de Paiva, Moimenta da Beira, Montijo. Deriva do substantivo

masculino rodelo, isto é, pau redondo que os pedreiros

colocam debaixo das pedras para evitar que, ao assentarem,

se lhes partam as arestas.

Salgueiral, topónimo derivado do substantivo coletivo salgueiral

(lugar em que há salgueiros). É frequente em Portugal, mas

não no sul, e na Galiza. Já aparece no século XIII.

Sebe, topónimo existente em Guimarães, Sousel e na Galiza.

Deriva do substantivo feminino sebe.

BF:46

Seitela ou Saitela, deriva da Sagitela, designação de uma elevação

que surge, pela primeira vez, no documento da fundação

do mosteiro de Grijó, em 922. Não encontrei, em nenhum

dos dicionários toponímicos que consultei, qualquer explicação

para a origem deste topónimo. Atrevo-me, entretanto, a

admitir a hipótese de poder ter origem em sagiti, elemento de

composição que exprime a ideia de seta, objeto de utilização na

época castreja e tempos próximos. Arlindo de Sousa (Vocabulário:50)

considera que seitela poderá ser o mesmo que sertela que

deriva do substantivo feminino sertela – arte de pescar enguias.

Deriva do latino sert-> serers (entrelaçar, enlaçar, juntar, ligar,

encadear, atar, embrulhar. Revela que ir à seitela é o mesmo que ir

à pesca das enguias com o minhoqueiro. Hoje, está bom para seitelar

(Ferreira Baptista: Arquivo Distrital de Aveiro:XIV:33).

Serradinha, topónimo diminutivo de serrada (de serra) ou

cerrada, existente em Ferreira do Zêzere, Estremoz, S. Tiago

do Cacém.

Sobral, frequente em Portugal, na Galiza e no Brasil. Deriva do

substantivo masculino sobral.

Sobreiro, topónimo frequente na Galiza, existente também em

Alenquer, Amarante, Barcelos, Felgueiras, Guarda, Guimarães,

Mora, Rio Maior e Viana do Castelo. Deriva do substantivo

masculino sobreiro, aparecendo também no plural.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

57

Souto, geotopónimo de origem latina, frequente em Portugal e

na Galiza, aqui com a grafia soto. Do substantivo masculino

souto. Existem as formas antigas sauto e suas variantes e solto.

Talegre ou Talefe, lugar elevado onde se colocam marcos geodésicos,

também existe em Canelas (Vila Nova de Gaia) e no

lugar da Fogueira, freguesia de Sangalhos (Anadia).

Testamento, deriva do nome bíblico testamento, isto é, cada

um dos conjuntos dos livros sagrados e tem origem no nome

latino testamentum. Existe em Castelo de Paiva, Castro Daire,

Paredes, Sernancelhe e Resende.

Vergada, existente na Feira e Pedrógão Grande e Vergadas em

Águeda. Deriva do substantivo feminino vergada.

Vessada, topónimo existente em Arouca, Braga, Mangualde,

Penafiel, Póvoa do Lanhoso, Vila do Conde, Terras do Bouro

e Celorico de Basto. Deriva do latino versatu, isto é, terreno

alagadiço, drenado para rio. Aparece também, no diminutivo,

em Marco de Canaveses e Famalicão.

Vilas e Vilas de Baixo, topónimo frequente, no singular ou no

plural, na forma simples ou composta, no norte de Portugal,

na Galiza, antigos ou modernos. Em português antigo,

também designava a parte inicial ou a parte central de uma

cidade.

A TOPONÍMIA ATUAL: OS NOMES DAS RUAS

A toponímia de hoje acompanhou o predomínio dos topónimos

antigos que registamos atrás como os prevalecentes e o desenvolvimento

do urbanismo com o batismo das ruas.

A atribuição dos nomes das ruas da freguesia foi aprovada

pela Assembleia de Freguesia na sua sessão de 26 de setembro

de 1980.


58 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

TOPONÍMIA NOVA

Alameda Alfredo Henriques – Presidente da Câmara Municipal

de Santa Maria da Feira.

Avenida Albertina Ferreira Amorim – Personalidade local e

benemérita.

Rua Dr. Amorim.

Praceta António Manuel Brandão Amaral – Co-fundador do

Centro Social.

Rua Alfredo Reis da Silva – Personalidade local, co-fundador do

Centro Social e dirigente de várias associações locais.

Rua de Bernardino Coimbra – Personalidade local, presidente

da Junta de Freguesia.

Rua e Praceta Carlos Martins – Personalidade local e benemérito

industrial.

Rua e Travessa da Corticeira – Empresa fabril.

Rua da Fábrica.

Rua da Noémia – Personalidade da freguesia, benemérita.

Rua Domingos Alves Ribeiro – Personalidade local, benemérito e

impulsionador da Tuna Musical de Mozelos e incrementador

do seu edifício sede.

Rua Doutor Feiteira Maia – Personalidade local, médico.

Rua da Inacor – Empresa fabril.

Rua Dr. José Fernandes Coelho Amorim, médico.

Rua Doutor Milheiro – Personalidade local e médico da freguesia.

Rua Egas Moniz – Político, médico e investigador natural de

Avanca, prémio Nobel da Medicina.

Rua das Alminhas.

Rua do Grupo Cultural.

Rua e Travessa de Joaquim Porto – Personalidade local e presidente

da Junta de Freguesia.

Rua José dos Santos Cardoso – Soldado falecido no Ultramar.

Rua José Pinho Ferreira – Personalidade local, presidente da

Junta de Freguesia.

Rua 10 de Junho.

Rua Central da Vergada.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

59

Rua Luís de Camões – Poeta, personalidade nacional. Pensa-se

que nasceu em Lisboa em 1524 e faleceu, na mesma cidade,

em 10 de Junho de 1580; em sua honra celebra-se o dia 10

de Junho, feriado nacional, como dia de Camões e das comunidades

portuguesas. É celebrado, desde 1880, por iniciativa

do movimento republicano.

Rua e Travessa Doutor Manuel Laranjeira – Escritor nascido em

Mozelos. Foi presidente da Câmara Municipal de Espinho.

Rua Mestra Moreira – Personalidade local, ama, catequista e

professora das primeiras letras.

Rua de Nosso Senhor dos Aparecidos.

Rua e Travessa de Nossa Senhora de Fátima – Piedade católica.

Rua e Travessa do Pego – Personalidade local.

Rua e Travessa Professor Paulino Amorim – Personalidade local,

professor primário.

Rua do Pinheiro das Sete Cruzes – Em homenagem às vítimas

das Invasões Francesas.

Rua Primeiro de Maio – Com origem numa greve geral nos Estados

Unidos que conduziu às 48 horas de trabalho semanais

e divulgado por todo o mundo como Dia do Trabalhador.

Rua Professora Laura Amorim – Professora primária.

Rua Ronocar – Empresa fabril.

Rua e Travessa Sargento Henriques – Personalidade local, militar

enfermeiro.

Rua João Paulo II – Papa católico.

Rua de S. Brás – Piedade católica.

Rua de S. Jorge – Piedade católica.

Rua do Sagrado Coração de Jesus – Piedade católica.

Rua de Santa Catarina – Piedade católica.

Rua de Santa Luzia – Piedade católica.

Rua de Santa Margarida – Piedade católica.

Rua Serafim Alves Ribeiro – Personalidade local, benemérito.

Rua do Trabalhador – Em homenagem aos trabalhadores que

abriram esta artéria.

Rua de 2001.


60 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

TOPONÍMIA HISTÓRICA

Avenida do Casal

Bairro e Travessa de Nossa Senhora de Fátima

Largo do Murado

Largo de Seitela

Largo de Sobral

Rua das Agras

Rua Nova das Agras

Rua e Travessa do Agro

Rua das Aguncheiras

Rua das Airas

Rua do Alecrim

Rua do Arco Íris

Rua do Areeiro

Rua e Travessa de Arnelas

Rua e Travessa da Azenha

Rua e Travessa da Barrosa

Rua Belo Horizonte

Rua da Carvalha

Rua do Casal

Rua do Cedro

Rua e Travessa das Centieiras

Rua Central das Regadas

Rua Central da Vergada

Rua Chão de Água

Rua da Cooperativa

Rua e Travessa da Corga

Rua do Coteiro

Rua e Travessa de Ermilhe

Rua de Entre Vilas

Rua das Figueiras

Rua da Fonte

Rua da Fonte do Pego

Rua da Fonte da Serradinha


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

61

Rua da Fronteira

Rua da Lavoura

Rua e Travessa do Fundão

Rua de Gesto

Largo e Travessa do Murado

Rua e Travessa de Goda

Rua e Largo da Igreja

Rua das Leiras

Rua e Travessa das Leiras de Trás

Rua e Travessa da Mãe de Água

Rua e Travessa de Mozelos

Rua e Travessa de Mozelos de Trás

Avenida Albertina Amorim

Rua e Travessa do Outeiro do Moinho

Rua e Travessa do Pavilhão

Rua dos Patais

Rua e Travessa do Pinheiro Manso

Rua do Polivalente

Rua da Ponte Funda

Rua de Prime

Rua de Prime de Além

Rua e Travessa de Prime de Baixo

Rua e Travessa da Quebrada

Rua da Quinta da Gasparinha

Rua e Travessa da Quinta da Igreja

Rua da Quintã

Rua do Rapigo

Rua e Travessa da Relva

Rua do Ribeiro

Rua do Rio

Rua e Travessa Romana

Rua e Largo da Seitela

Rua do Senhor dos Aparecidos

Rua da Serradinha

Rua do Souto de Baixo


62 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Rua de Trás do Coteiro

Rua de Trás das Regadas

Rua e Travessa do Sobral

Rua e Travessa do Souto

Rua e Travessa do Souto de Baixo

Rua e Travessa do Talegre

Rua da Tapada

Rua de Trás

Rua e Travessa das Vessadas

Rua e Travessa de Vilas

Rua de Vilas de Baixo

Rua e Travessa de Vilas de Trás

Rua e Travessa da Zona Industrial

Travessa das Agras

Travessa da Canquelha

Vereda do Cedro

Vereda Magnólia

Placa toponímica original (em

mármore), da Rua Dr. Manuel

Laranjeira, perdendo a tinta de

contraste, onde reza: RUA Dr.

MANUEL LARANJEIRA

– Médico Escritor Jornalista,

1877-1977


DA PRÉ-HISTÓRIA ATÉ AO ANO DE 922


Na página anterior, reprodução de ADP: St.º Agostinho da Serra:

K/26/18/3-250, Fl. 3v, Mamoa de Vila Boa e Marmoirais


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

65

DA CIVILIZAÇÃO PALEOLÍTICA AO

ADVENTO DA CIVILIZAÇÃO AGRÍCOLA

O período neolítico constituiu uma verdadeira revolução

económica, a primeira da humanidade pela qual o homem superava

uma fase da economia destrutiva e adquiria uma economia

de produção com o descobrimento e o desenvolvimento de novos

géneros de vida determinados pelo aparecimento da agricultura e

da pastorícia, As novas sociedades transformam-se rapidamente,

multiplicando-se as descobertas quando a humanidade aparece

libertada da necessidade quotidiana e urgente de buscar alimento

(MOTES/SERRÃO:1979: vol. III:142).

Mapa do Homem Pré-Histórico

Dominando as zonas de altitude, os castros reativados nos

tempos da reconquista, marcavam limiares para a penetração da

floresta. Servidos por uma rede de caminhos que irradiavam em

direção aos povoados vizinhos, permitiam às populações aí residentes

a sua utilização como base de acesso às bouças e bosques

(MATTOSO:1986:vol. I:184).

A CIVILIZAÇÃO PALEOLÍTICA

Como ser vivo e predador, o homem sempre teve na procura

de alimento a principal justificação da sua existência. No

entanto, conforme foi evoluindo como espécie, foi melhorando

os meios que empregava para solucionar essa necessidade de

sobrevivência. O nomadismo era uma das suas características,

acompanhando as grandes manadas de herbívoros nas suas migrações.

E consoante o tipo de caça, os meios empregues variavam.

A grande indústria que ocuparia bastante as comunidades

desta altura era a produção de armas de sílex. O recurso àquela

fonte mineral natural, nem sempre homogeneamente abundante

pela superfície da terra, foi um dos primeiros elementos diferenciadores

e especializadores das comunidades da civilização

paleolítica. A solidariedade entre grupos deve ter proporcionado

Homem Neandertal,

Museu Arqueológico das Astúrias;

foto Paulo Costa


66 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Mapa da expansão megalítica

o estabelecimento das primeiras trocas. As pausas entre as grandes

caçadas ou até o esgotamento dos recursos naturais, como,

por exemplo, a comunidade dos concheiros de Muge, no vale

do Tejo, proporcionaram a algumas comunidades momentos

de pausas e estanciamentos, mais ou menos prolongados, em

algumas regiões, tanto da Península como da Europa. O conhecimento

que tinham de outras comunidades humanas, deve ter

proporcionado criar um código de comunicação, que hoje vemos

nas gravuras rupestres do vale do Coa e do Tejo, e mesmo em

abrigos permanentes em grutas, como em Altamira, nos montes

Cantábricos e em França em Lascaux.

A civilização do paleolítico, longe de ser sinónimo de brutalidade

e ignorância, revela um gosto estético e conhecimento, quer

do meio, como do domínio de fabrico de objetos sem paralelo

com as comunidades de hominídeos que antecederam a espécie

homo sapiens sapiens.

O ADVENTO DA CIVILIZAÇÃO AGRÍCOLA

Castro de Romariz,

anta Maria da Feira;

foto de Paulo Costa

Depois de durante mais de 30 mil anos, o homem ter convivido

com o que a natureza lhe proporcionava, estabelecendo-se

como caçador recoletor, há cerca de 10 mil anos, no próximo

oriente, algumas comunidades sedentarizaram-se e começaram a

cultivar plantas e a pastorear o gado.

Não foi um acontecimento imediato que rompeu com o modo

anterior de vida, mas foi uma ação muito lenta e muito tímida de

algumas comunidades humanas.

A caça e a recoleção, como atividade de sobrevivência, obrigava

as comunidades humanas pré-históricas a deambularem por

um território imenso, acompanhando as migrações das espécies

que caçavam. À prática da caça e recoleção não devia ser estranho

a estância mais ou menos prolongada, em certos locais onde

estabeleciam acampamentos. Às ferramentas necessárias para o

exercício da caça, juntavam-se objetos destinados ao transporte,

como cestos de vime ou de outras fibras naturais e a confeção

de vasilhas de terra auxiliadoras da vida doméstica. Duas novas

atividades artesanais surgem: a cestaria e a cerâmica, com novas

características que as diferenciaram do que produziam antes.

Agora, nota-se mais refinamento e seleção de materiais. Nesses

momentos, fazia-se um tipo de agricultura que complementava a

subsistência, proporcionada pelo meio ambiente natural do local

onde se instalavam. As ferramentas de caça adaptaram-se às ati-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

67

vidades relacionadas com o preparo da terra, sementeira, monda

e colheita. A domesticação das gramíneas introduziu novas técnicas

e ferramentas para transformar o grão em farinha. Os pilões

e o esmagamento contra uma maceira de pedra com recurso a

uma pedra oval, o moente ou pedra de rebolo, introduziram a

moagem, a mó de rebolo.

Também o acompanhamento de algumas manadas de animais

de caça, proporcionou ao homem pré-histórico um conhecimento

dos seus hábitos. Essa observação e a preocupação em

salvaguardar reservas de alimento, quando depois da última

glaciação, a fauna grossa do quaternário, sobretudo, o mamute

lanudo, se extinguiu, introduziram o elemento de gestão e caça

seletiva, de forma a preservar o alimento. Este comportamento,

ainda nos dias de hoje, se preserva nas comunidades de caçadores

nómadas da América do Norte, dos lapões da Finlândia, e em

comunidades africana e ameríndias da Amazónia. Este fenómeno

é percursor da pastorícia, prática que desponta com o advento

da agricultura e que generaliza o fim do período paleolítico. O

homem ao conservar, junto de si, algumas espécies de animais,

acompanhando as suas deambulações ou condicionando esses

trajetos, incrementa uma prática de gestão de recursos.

A pastorícia e a agricultura foram dois fenómenos que revolucionaram

o modo de vida do homem até aí. A comunidade

humana deixou de estar à mercê dos caprichos e disponibilidades

da natureza para ser ele a introduzir fatores condicionadores

dessa própria natureza. A civilização paleolítica chega ao seu fim.

Há cerca de 10 mil anos, o homem adotou um novo comportamento

e introduziu uma nova civilização. Passou a ser ele o

agente criador e disciplinador do meio. Pela agricultura, o ato

de semear e colher, condiciona a natureza; ao juntar a si e ao

seu convívio animais que caçava, no ato de domesticação, pode

controlar melhor a disponibilidade de carne para o seu consumo,

contrariando os ímpetos dos predadores seus competidores.

E como surgiram estas comunidades? Será que se desenvolveram

em simultâneo e autonomamente em diversas regiões do

mundo ou houve contactos e aculturações?

A resposta a estas questões ainda norteia as investigações dos

arqueólogos e especialistas do período paleolítico, mesolítico e

neolítico. O que se sabe, hoje, é que a civilização agrária se desenvolveu,

primeiro no próximo oriente, entre a península da

Anatólia e o crescente fértil.

Hoje, é aceite pelo resultado de estudos recentes que a civilização

agrária se disseminou pela Europa por duas rotas, através

do vale do rio Danúbio e ao longo da costa mediterrânica, tendo,

Castro de Fiães,

Santa Maria da Feira.

Caça no Neolítico


68 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Esquema gráfico da estrutura de

uma mamoa

Arq.º Dist. Porto; St.º Agostinho da

Serra, K/26/18/3-250, 3v.ª (atenção

à linha 9 Marmoirais e Mamoa

de Vila Boa

por volta do quinto milénio, alcançado a Ibéria. Outros estudos

tentam encontrar resposta à questão se essa disseminação ocorreu

por contacto e aculturação ou se, de facto, a divergências

étnicas entre as comunidades agro-pastoris na Europa e se houve

prevalência e convívio com comunidades caçadoras recolectoras.

O advento e melhoria da ciência genética trouxe um contributo

importante para ajudar a esclarecerem este assunto. Um

estudo publicado em abril de 2012, na revista Science, sobre duas

necrópoles vizinhas escavada na Suécia e contemporâneas uma

da outra, e recorrendo à genética e a técnicas forenses, foi possível

verificar que anatómica e geneticamente as duas comunidades

eram diferentes uma da outra. A diferença acentuava-se ainda

mais nos aspetos culturais. Uma comunidade era agro-pastoril e

outra de caçadores recolectores. O mais interessante e paradoxal

é que a comunidade agro-pastoril tinha traços genéticos comuns

às populações do sul da Europa e da bacia mediterrânica e do

médio oriente, enquanto a outra comunidade de caçadores-recolectores

tinha todas as características dos povos escandinavos e

nórdicos. Esta descoberta conduz o entendimento daquele período

civilizacional como característico de populações do sul da Europa

e do próximo oriente que se disseminaram pelo território

levando a sua cultura e civilização agro-pastoril que contactou

com outras comunidades perfeitamente adaptadas ao regime paleolítico

de caçador recolector. No entanto, não podemos tomar

este caso como regra, mas como uma possibilidade entre muitas

possíveis e que a ciência histórica procura respostas.

O facto é que, pelo quarto milénio, havia comunidades agro-

-pastoris estabelecidas na Península Ibérica, e concretamente no

território onde hoje se situa o concelho de Santa Maria da Feira

e a freguesia de Mozelos.

Os seus vestígios mais perenes ficaram registados nos monumentos

que ergueram para alojar os mortos. As mamoas, montes

artificiais que cobriam as cistas, dolmens ou antas, eram a

forma de louvar e celebrar os seus mortos. Em Mozelos, surge,

ainda, a memória desses monumentos e necrópoles.

Num prazo do casal de Meladas, é referido que partia com o

casal de Seitela e daí, da parte norte, com o montado da mesma

freguesia, em direção aos Marmoirais e à Mamoa da Vila Boa

(ADP:Santo Agostinho da Serra: K/15/2-12: Fl. 3v).

Assim, se prova, por via documental, que no território que

hoje constitui a freguesia de Mozelos, na zona que era a antiga

freguesia de Meladas, integrada posteriormente em Mozelos, o

homem se sedentarizou e começava a dedicar-se à agricultura e

à pastorícia e a inumar os corpos dos seus mortos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

69

Estas comunidades agro-pastoris caracterizam-se pela excelente

cerâmica decorada que deixaram e cujo rebordo deu nome

à cultura campaniforme. E estendeu-se desde a margem mediterrânica

leste da Península Ibérica, passando pela faixa atlântica e

alongando-se pela costa de França até às ilhas Britânicas. Além

da cerâmica, encontram-se vestígios de lâminas de sílex empregues

em ferramentas agrícolas e de caça e objetos de adorno

pessoal. São sítios onde não se encontram objetos metálicos, embora

temporalmente coexistiram com o advento da civilização

dos metais que despontava no próximo oriente.

A CIVILIZAÇÃO DOS METAIS:

O BRONZE E O FERRO

Se da civilização agro-pastoril nenhum vestígio material, quer

sepultamento quer local de habitat, chegou aos nossos dias e

fosse digno de relevo mencioná-lo, exceto a sua memória toponímica,

da civilização dos metais já encontramos vestígios do local

de assentamento de uma comunidade.

A cultura castreja, por desenvolver os seus povoados no cimo

dos montes fortificados, é característica da civilização dos metais.

Desde o calcolítico quando se generaliza a fundição do cobre que

aparece associado a essa cultura povoados fortificados. A civilização

da metalurgia do cobre desenvolveu-se e frutificou mais na

parte sul da Península Ibérica. Sucedeu à metalurgia do cobre,

ao longo do segundo milénio até meados do primeiro milénio

antes de Cristo, a metalurgia da liga de cobre e estanho, o bronze.

E relacionada com esta civilização surgem povos e culturas

comuns no centro da Europa e que se disseminaram até à península

ibérica. No seu encalço, mas com características culturais e

civilizacionais idênticas, os povos de cultura celta, conhecedores

da metalurgia do ferro, estabelecem-se neste canto noroeste da

península e a eles se identifica a cultura castreja.

Num documento de 1144 do Cartulário do Baio Ferrado de

Grijó, há uma expressa referência à existência do castro de Sagittela

quando foi vendida uma terra de Sernande subtus castro

Sagitella, discurrente lacuna Avil, território portucalensi por 400

módios (BF:267).

O investigador Arlindo de Sousa refere, num dos seus trabalhos,

que não encontrou quaisquer vestígios materiais nesse

local. De qualquer forma, este testemunho documental revela a

existência de uma povoação da idade dos metais, no território

que hoje integra Mozelos.

Machados de bronze

Expansão da cultura celta na

Europa


70 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Dispersão das culturas do Bronze

na Península Ibérica

Disseminação de povos, línguas

e culturas na Península Ibérica

antes da conquista cartaginesa

em 300 A.C.

Os autores romanos Plínio e Estrabão registaram quem eram

os povos que habitaram a Península e por eles sabemos quem

eram, ou como se chamava o povo que habitava esta região. Esses

povos eram os Túrdulos Velhos ou Antigos, cuja origem radica

noutro povo mais antigo que viveu na bacia do Guadalquivir, os

Tartessos, referenciados, na bíblia, como Tarschich ou Tarxis. Este

povo dominava a produção de metais, sobretudo o bronze, pois

possuía minas de cobre e estanho, além dos metais preciosos de

prata e ouro. Aos Tartessos está associada a lenda da Atlântida,

o mito do desaparecimento apocalítico de uma civilização muito

avançada, relatada por Platão.

E, segundo a história mitológica dos Tartessos, este povo estava

dividido em dois grupos, um aristocrático e outro plebeu. Aos

primeiros, estavam proibidos os trabalhos pesados, exclusivo do

segundo grupo. Os Túrdulos e os Turdetanos derivavam dos

Tartessos. E a presença dos Antigos Túrdulos em região tão setentrional

deve-se a uma expedição que empreenderam juntamente com os

célticos (…) ao longo do século VI AC. (Matoso:1990: pp. 179-180).

Este povo viveu, nesta região, tendo os principais povoados

no Monte Murado, em Pedroso (Gaia), no Murado, em Mozelos,

Romariz e no Candal (Gaia). Nesse tempo, o Douro era fronteira

com os povos do norte, os Calaicos. No povoado de Romariz,

nota-se, com evidência, a importância do controle do comércio

desempenhado por este povo, os Túrdulos (ID.:IBID.:180).

PERÍODO ROMANO

Conímbriga; foto de Paulo Costa

Em termos genéricos poderíamos definir o processo de romanização,

em primeiro lugar, como a criação de uma nova ordem territorial.

Esta nova ordem incluía: novas realidades político-administrativas,

decorrentes fundamentalmente da criação de um vasto sistema de centros

urbanos (...); um regime político administrativo que estabeleceu

uma hierarquia de relevância no seio dos diferentes centros; finalmente

um processo de complexificação social, pelo qual ascendiam, de um

modo durável, algumas famílias à condição de elites locais regionais e

supra-regionais (FABIÃO:1989:203).

Sucedeu o período romano, que deixou de si sinais, de certo

modo firmes. Em Mozelos, a estrada velha que ligava Olisipo

a Bracara por Portucale, a nascente, a estrada Vetere no sentido

de Arouca, S. Pedro do Sul e Viseu, ou mais além. Esta estrada,

embora identificada na Idade média como estrada velha, poderá

ser mais tardia. Embora não deixassem vestígios de marcos


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

71

miliários, o seu trajeto, desenho e construção comprovam a origem

romana, pelo menos comprovada com vestígios próximos,

sobretudo a estrada de Portucale a Olisipo.

É historicamente reconhecido o pragmatismo dos Romanos

e a sua fuga a esquemas abstratos procurando relacionar-se com

as instituições locais e com alguns membros das comunidades. A

presença romana, de tão profundos reflexos no espaço que hoje

é Portugal, é muito evidente em termos materiais, no espólio

arqueológico, na toponímia, na língua, na religião e na cultura.

A agricultura romana conhecia duas espécies de trigo principais:

o triticum com as variedades de trigo de inverno, de trigo

túrgido, o trigo duro (dicorum) e trigo espelta.

Trouxeram-na naturalmente para a Península Ibérica, à medida

que a conquistavam e colonizavam, colocando-se, no entanto

a hipótese de, pelo menos algumas variedades, serem já

cultivadas desde o neolítico. O território situado entre o Douro,

a norte, e o vale do Vouga, constitui uma certa unidade geográfica,

apesar da sua diversidade.

A sua fertilidade natural permitiu que nela se fixassem alguns

habitantes, que podiam, ao mesmo tempo, beneficiar também

das correntes de trocas que por aí se faziam. Aí, se fixaram antes

os Túrdulos Antigos, vindos de uma migração procedente do

sul.

Nesta região, há notícia da sua permanência, na vertente nascente

do Monte Murado (actual Senhora da Saúde, de Pedroso),

com o aparecimento de duas tesserae hospitales, dos anos 7

e 9 (DC), que demonstram que a ocupação romana não foi tão

violenta mas mais diplomática e pacífica. Os povos indígenas,

os Túrdulos Antigos aceitavam a presença e davam agasalho a

uma família romana que se estabelecia no seu povoado. O que se

verifica e comprova destes atos é que os indígenas conservaram

as suas estruturas económicas, sociais e políticas, convivendo pacificamente

com os romanos. Este convívio levou à aculturação,

primeiro, com as elites a alcançarem a cidadania romana, e que

culminou no tempo do imperador Caracala no ano de 212, na

Constitutio Antoniana, que estendeu a todos os habitantes do império

a cidadania romana.

A civilização romana tinha na organização militar o seu principal

pilar de sustentação do domínio sobre os povos indígenas.

As legiões romanas, depois de desmobilizadas, estabeleciam-se

em colónias que foram o embrião de grandes centros urbanos,

caso por exemplo de Pax Julia (Beja), Emerita Augusta (Mérida),

Bracara Augusta (Braga), Asturica Augusta (Astorga) e Conímbri-

Rede viária principal do Portugal

Romano, segundo Jorge Alarcão

Ponte romana em Chaves;

foto de Paulo Costa


72 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Povos bárbaros

ga. Entre estes centros, as vias de comunicação permitiam estreitar

os contactos económicos e políticos.

A legião romana era uma força militar profissional. Um legionário

fazia toda a sua vida junto da sua unidade. Era frequente

que, na vizinhança do acampamento, vivessem as famílias dos

legionários e se formassem centros urbanos. A força militar romana

acrescentava outras forças mercenárias que recrutava localmente

ou recorriam a povos do outro lado da fronteira. Foi o

caso no século III (DC.) dos povos bárbaros, Visigodos, Alanos,

Suevos e Vândalos, que foram recrutados como tropas auxiliares

das legiões. Se até aquela altura a dimensão dessas forças e peso

no total do exército era diminuto, que, findas as campanhas, se

desmobilizavam e se distribuíam pelas províncias do império sem

provocarem altercações, depois daquele momento, a dimensão

dessas tropas e dos séquitos que as acompanhavam passaram

a ser um problema. O império, sobretudo os imperadores, não

tinha o poder económico de outrora e a necessidade permanente

de forças para alimentar o estado quase permanente de guerra

civil que se vivia, com generais a digladiarem-se e competindo

quem seria o próximo imperador, fragilizava a força do exército

regular das legiões, face aos das tropas auxiliares, constituídas

pelos povos bárbaros de origem germânica.

Foi num momento de guerra civil que se seguiu à morte do

imperador Teodósio que, no ano de 411, os Vândalos Asdingos

e Suevos foram autorizados a instalarem-se na província da Galécia.

E, em 419, só as tropas auxiliares de Suevos e seu séquito

se estabeleceram na mesma província. A Galécia era de todas as

províncias da península a mais escassamente povoada e sempre

ameaçada pela rebeldia dos povos cântabros e ástures do norte

da província. A presença desta força, além de permitir o desenvolvimento,

servia também para suster a rebeldia dos indígenas

autóctones que desestabilizavam a produção mineira, principal

recurso da província. Os Alanos assentaram na Lusitânia e na

Cartaginense ocidental e os Vândalos Silingos estabeleceram-se

na Bética. O estabelecimento destas tropas e seus séquitos na

Lusitânia e na Bética, não deve ter sido pacífico nem agradaram

suficientemente as suas pretensões ou entraram em colisão com

as populações e autoridades hispano romanas locais, que os levaram

em 415 a pilharem a depredarem a região, que obrigou as

autoridades a chamarem as forças auxiliares visigodas lideradas

por Vália, a estabelecer a ordem. A coligação de Alanos e Vândalos

Silingos foi derrotada e as tropas visigodas regressaram à

sua província base da Aquitânia na Gália. Os Vândalos Asdingos,

estabelecidos nas terras do interior da Galécia, rebelaram-se


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

73

contra os Suevos, e liderados pelo seu rei Gunderico movimentaram-se

em direção ao sul da península. Essa movimentação não

foi pacífica. E pelo caminho, passaram por Braga onde atacaram

a cidade defendida por Suevos e seguiram para a Bética, onde se

juntaram com os restos das forças Alanas e Vândalas. E perto de

Mérida, em 422, dá-se o confronto entre estas forças bárbaras e a

aliança suevo-romana, que acabou por ser derrotada. No entanto,

os vitoriosos Vândalos pretendem alcançar a rica província

do norte de Africa e dirigem-se para lá abandonando a Península

Ibérica.

Com estas alterações a autoridade do imperador de Roma

ou de Constantinopla ainda era temida e obedecida. Mas, na

prática, as províncias desfalcadas das bem treinadas e disciplinadas

legiões, recorriam, cada vez mais, às tropas auxiliares bárbaras

para se defenderem e para zelar pela segurança de seus

bens. Neste início do século V, dois chefes romanos se destacam,

Aécio, de origem huna e Estilicão, de origem visigoda. Os Visigodos

foram de todos os povos bárbaros os mais romanizados

e adaptados à civilidade e autoridade do imperador de Roma,

sem nunca perderem a sua identidade, pois não deixavam de ser

bárbaros, isto é, não cidadãos, mas a principal força auxiliar do

exército romano. Contudo, o crescimento da sua importância

para a estabilidade do mundo romano anuncia que o momento

da viragem estaria para breve.

Divisão da Península Ibérica,

província de Hispaniae no tempo

de Octávio Augusto

Redefinição das províncias da

Península Ibérica no século III

PERÍODO GERMÂNICO

A mudança profunda que se verifica, com a passagem dos exércitos,

vândalos, alanos e suevos à Península Ibérica não resulta tanto

da sua instalação neste espaço geográfico (...) mas da dissociação do

poder militar e do poder político-administrativo, uma vez que aquele

se revela, de facto, decisivo e incontrolável perante a incapacidade

demonstrada por este.

A Península Ibérica, pela sua situação geográfica de extremo continental

e de contacto directo com o Norte de África, foi sempre palco

de certa instabilidade étnica, com sensíveis alterações de povoamento

(MATTOSO:1997:302-370).

O Reino Suevo estabeleceu-se como entidade rebelde e autónoma

face à autoridade romana em 430. A partir dessa data

converteram-se na única força militar presente na província da

Galécia, como revela a embaixada que representantes da sociedade

hispano galaico fizeram ao magíster militum Aécio na Gá-

Os povos germanicos na

Península Ibérica


74 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Guerreiro suevo

Mapa das paróquias suévicas

lia, para que organizasse uma força militar punitiva contra os

suevos. Pedido que acabou por não ter efeito pois assunto mais

grave Aécio tinha para resolver tanto na Gália como em Itália.

Essa folga permitiu que os suevos consolidassem o seu poder

e organizassem expedições de pilhagem à vizinha província da

Lusitânia, atacando cidades como Conímbriga e Aeminium, chegando

mesmo a Olisipo. Pela primeira vez na história, a região

do entre Douro e Vouga deixou de ser fronteira e passou a estar

unida no reino Suevo, com sede em Braga, que durou até ao

ano de 573, quando foi absorvida pelo reino dos Visigodos de

Toledo. No período que durou o reino suevo, o cristianismo desenvolveu-se

na região por ação de homens de fé como Idácio

de Chaves e S. Martinho de Dume. Entretanto, as elites suevas

e as elites galaico romanas miscigenaram-se, tal como os estratos

mais baixos, numa nova sociedade cristianizada.

O período que se viveu durante o século VI foi de paz nesta

região e de progresso. A base da administração civil romana

manteve-se e perdurou nas novas circunscrições episcopais que

acumularam a autoridade civil.

Contudo, enquanto o reino suevo se desenvolveu, em 470, os

visigodos começaram a expandir-se da Gália para a Hispânia, sobretudo

para a província Tarraconense, com o beneplácito do imperador

Júlio Nepos. Entretanto, os francos expandiam-se para

sul acossando as posições visigodas na Aquitânia e na Auvergne.

Entretanto, em Roma e no ano 476, os ostrogodos depõem

Rómulo Augusto como o último imperador romano do Ocidente.

Isto não significou o fim da autoridade de Roma sobre as províncias

do império. Na Hispânia, Roma ainda contava com autoridade

civil, embora a militar fosse assegurada pelas forças visigodas.

Nas províncias do sul da Gália e na Itália, os ostrogodos asseguravam

também a autoridade militar na zona. Em 484, liderados por

Eurico, os visigodos deslocam-se e instalam-se definitivamente na

Hispânia, na província da Tarraconense, ao longo dos Pirenéus.

Mas, em 507 as forças visigodas são derrotadas em batalha pelos

francos, morrendo o rei Alarico II, sendo o tesouro régio confiscado

e levado para Ravena, sob proteção dos ostrogodos. E, efetivamente

foi sob a proteção ostrogoda que os visigodos recuperaram

a sua autonomia, liderada por Amalarico, neto do rei ostrogodo

Teodorico. O que parece ser comum é que mais que bárbaros,

tanto ostrogodos como visigodos, o que fizeram foi fundir-se na

cultura romana e promover a miscigenação com os romanos, sob

a liderança goda, como restauradores da autoridade.

A identidade da região de Santa Maria perdurou na época suévica,

sob a administração do centro urbano do Portucale Castrum


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

75

Antiquum, sede episcopal (Mattoso; 1990:329). No período suévico-

-visigótico O espaço rural manteve-se aferrado à situação de marginalidade

e de certo primitivismo descrito por São Martinho de Braga em De

correctione rusticorum (…) a organização social arcaica, (…) mantinha

porém, certas divisões por classes e grupos étnicos (…) parece segura a

subsistência do habitat castrejo (…) como também perduraram muitas

das antigas vilas romanas em mãos dos seus antigos proprietários ou de

outros novos (RECUERO ASTRAY et allii: 2008: 55).

Entre 573 e 711, o reino visigodo, pelas características eletivas

da sua monarquia, viveu momentos de sobressalto. Os patrícios

hispanos romanos adquiriram mais poder e autonomia e participavam

nos partidos que se formavam quando se elegia um novo

rei, participando e diluindo a sua identidade na nova sociedade

goda. A autoridade local era exercida por caciques locais, que chamavam

a si o exercício das antigas funções civis, judiciais e fiscais.

A organização administrativa da Hispânia manteve-se a mesma

que vinha do tempo do imperador Diocleciano. As províncias

mantinham-se cinco, lideradas por um dux (Duque), a que

se acrescentava a Tingitana, no norte de África, do lado de lá do

estreito de Gibraltar. Só as fronteiras entre as províncias é que se

alteraram, devido sobretudo à extensão do reino Suévico. O Entre

Douro e Vouga pertencia à província da Galécia, que se estendia

até abaixo do Mondego, reduzindo o tamanho da Lusitânia.

E, foi por causa de um conflito de sucessão, a morte do rei

Vitiza em 710, que uma das partes, o filho Áquila, dux da Tarroconense,

solicitou por intermédio do Bispo de Sevilha Opas, seu

irmão, ao conde D. Julião governador de Ceuta, na província da

Tingitana no norte de África, o auxílio de tropas, para combater

Rodrigo, dux da Bética, que foi eleito rei. E tal como nos tempos

do império romano, a presença de novas forças militares não era

vista como inimiga mas potenciais tropas mercenárias a contratar

e a dispensar, após o serviço efetuado e a vitória alcançada.

Por este ponto de vista, o conde Julião estabelece negociações

com o váli de Marrocos, Muça Ben Nusayr, que aceita enviar

uma força expedicionária chefiada por Tariq ben Ziyad. As tropas

coligadas godo islâmicas defrontam as tropas do rei Rodrigo

nas margens do rio Guadalete, que são derrotadas e tomam

Toledo sem oposição. Em Toledo apoderou-se do tesouro régio

e impediu que Áquila fosse eleito rei e fez um pacto com Áquila

e seus filhos, Ardabastro e Olmundo, dividindo entre si as três

mil Vilae do fisco. Este pacto foi sancionado quer pelo vali de

África, quer pelo califa de Damasco. Estava aberta a porta para

o domínio muçulmano na península.


76 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

PERÍODO MUÇULMANO

Corão manuscrito da

écopa almóada

Vestígios da ocupação germânica

Moedas de Portucale

Depois da tomada de Toledo, entre 713 e 714, a rapidez com

que os muçulmanos conquistaram o reino hispânico dos visigodos

mostra a sua espantosa fragilidade e a completa descoordenação

da autoridade visigótica. Alguns autores referem que a

fraqueza militar deveu-se à feudalização do estado visigótico, que se

explica não por uma solidariedade assegurada por vínculos de

vassalidade, mas pela independência dos senhores face a Toledo

(Mattoso; 1990:321 e 337).

Os árabes chamavam à península Garb-al-andaluz, que significa

o ocidente atlântico (Mattoso:1990:363).

A conquista muçulmana é fulgurante. Aproveitando as vias

de comunicação romanas e a descoordenação sociopolítica visigótica

e aliada à boa disciplina militar e à estratégia árabe, cedo

dominaram todos os centros urbanos da península, desde o sul

à Cantábria e à Galiza no norte. Se algumas cidades se entregam

sem luta à nova autoridade, outras resistem. O que representa a

cultura muçulmana para os autóctones hispanos romanos? Provavelmente

um regresso dos valores civilizacionais do saudoso

império romano e da autoridade civil contra a bagunça dos guerreiros

godos. Nas zonas mais romanizadas do sul da península,

o que se vai verificar é, sem grande resistência, uma adesão à

nova ordem civil e civilizacional. Os centros urbanos recuperam

o dinamismo adquirido no período romano.

A civilização muçulmana absorveu e tolerou muito das liberdades

económicas e sociais da civilização romana, através do

contacto com o império bizantino no médio oriente e no norte

de África. Era bastante sofisticado e urbano, sendo por isso bem

aceite e tolerado pelos nativos hispânicos. A estabilidade que o

regime muçulmano trouxe à península estimulou o desenvolvimento

das atividades económicas, a agricultura, a mineração e

as atividades artesanais e o comércio. Sobretudo este último. As

vias de comunicação romanas são cuidadas porque são importantes

para a deslocação de bens, pessoas e serviços, além de

comunicação entre centros de decisão política e militar. A velha

estrada de Olisipo a Bracara, passando por Portucale, é exemplo

dessa importância. A velha estrada passa a ser identificada

com a ocupação muçulmana, strata maurisca, e liga dois centros

Portucale a Coimbra, a velha Aeminium que substituiu Conimbriga.

É um princípio basilar que o comércio é a atividade que

prospera em paz, em segurança e na estabilidade política, fiscal

e judicial. Outra característica desta civilização é a abundante

circulação monetária; as moedas de ouro mais importantes da


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

77

época tinham o nome dos dominadores muçulmanos; o maravedi

ou o morabitino adquirem o nome dos Almorávidas (Mattoso:

1990:385-398).

Não admira pois que a sua moeda, o morabitino, com o peso

de 4 gramas correspondendo ao preço de um bom cavalo, tivesse

persistido até aos primeiros reinados da monarquia portuguesa,

a partir de 1185/1189.

A RECONQUISTA CRISTÃ ATÉ AO ANO DE 922

O acontecimento de reconquista tem de ser entendido como

o confronto entre duas sociedades opostas. Uma, senhorial, implantada

no norte peninsular assume a guerra como atividade

dignificante e o saque e o despojo como única forma lícita de intercâmbio,

são intrinsecamente mais agressivos que as elites urbanas do

sul. Aliás, os cronistas árabes não se cansam de insistir na frouxidão

e mesmo cobardia dos andaluzes em combate (…). A natural agressividade

das sociedades feudais, acrescida com a justificação de cruzada

e recuperação de territórios ocupados pelos invasores muçulmanos,

tornam intrinsecamente expansionistas os pequenos reinos que se vão

formando acima do Douro. Aliás, a posse efetiva das terras é, para o

sistema feudal, uma das formas cumulativas de entesouramento, em

que cada parcela retirada às mãos do inimigo vem somar-se ao pecúlio

individual inalienável. O camponês adstrito à terra, e, portanto, fazendo

parte integrante daquele património, está na dependência direta

do seu senhor e o seu pequeno mundo limita-se ao interior dos marcos

da propriedade. Na sociedade tributária do sul, não há, ao contrário,

qualquer dependência ou sequer vínculo direto dos camponeses aos

proprietários da terra. (…) Durante o califado de Córdova, todas as

operações militares são principalmente ações de apaziguamento interno

ou de retaliação, que poderemos considerar mais como formas de

defesa dinâmica do que como ações objetivas de ocupação e submissão

territorial, tipo ações punitivas (Mattoso:1990:401).

Pelo desenrolar dos acontecimentos entende-se isso. A Cantábria

e as Astúrias sempre foram um território onde nem os romanos,

nem depois os suevos e os visigodos, conseguiram impor

a sua autoridade. Era um território à margem da civilização que

tinha na guerra de pilhagem um modo de vida complementar à

sua economia de subsistência. Com a dominação islâmica, as populações,

que ali viviam, vão-se comportar da mesma maneira.

No entanto, ganham uma justificação para as suas ações, a luta

contra o infiel e a libertação das terras cristãs.

Morabitino

Pelágio, Covagonda, Astúrias;

foto de Paulo Costa


78 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Capela de Covadonga, Astúrias –

foto de Paulo Costa

Santa Maria de Naranjo,

Oviedo, Astúrias

foto de Paulo Costa

O domínio muçulmano, nas terras do norte da península, foi

de curta duração e cedo deixaram o espaço livre aos caciques

aristocratas locais da Galiza e aos cavaleiros asturianos para imporem

o seu domínio. A igreja hispânica conservou a memória

da organização eclesiástica passada e incentivou-os, conferindo-

-lhes justificação, a avançarem em direção ao rio Douro.

Os cristãos, sob o domínio muçulmano, continuaram a exercer

a sua religião e a conservar as suas igrejas e mosteiros. Só estavam

sujeitos ao pagamento de um tributo. Podiam exercer cargos

administrativos e combater nas forças militares do califa. Adotam

o árabe como língua e convertem a sua onomástica. Para os cristãos

do norte, estes cristãos são moçárabes (Mattoso: 990:419).

Na segunda metade do século IX o movimento da reconquista

cristã ultrapassa o Rio Douro. A autoridade do rei Asturo-leonês,

Afonso III, estende-se até às margens do rio Mondego

(SERRÃO:1990: 61).

Por esta altura, o rio Douro estabelece-se como fronteira entre

dois condados, o de Portucale e o de Coimbra.

Vimara Peres, em 868 havia fundado Portus cale novum, na

margem direita do rio Douro em contraponto à civitas Portus cale

antiquum.

Os reordenamentos político-territoriais não só reforçavam o papel

estratégico da Terra de Santa Maria como região de ligação entre

Coimbra e o norte do Douro, como a aproximavam, sem que nela se

deixasse de sentir a influência conimbricense, do antigo Condado Portucalense

(MATTOSO ET ALLI:1989:32).

Depois do reinado de Ramiro II, o condado de Coimbra ganha

fulgor.

Este período coincide com a reocupação muçulmana empreendida

pelas ações punitivas de Almançor (Al-Mansur, o Vitorioso,

o Prefeito do Palácio), em que esta família se alia aos

ocupantes numa lógica de sobrevivência exercendo importantes

cargos condais.

As ações punitivas de Almançor foram de tal modo marcantes,

nesta região, que o seu nome ficou registado na toponímia,

Almançor em Castelo de Paiva e Mançores em Arouca.

Também os sítios do Outeiro de Seixezelo e no Outeiro de

Murado, em Mozelos, talvez tivessem sido instalação de alguma

atalaia. Sobre a praia do Areinho em Oliveira do Douro, ficava

o facho (que ainda hoje os antigos proprietários recordam e o registo

matricial fixou) sítio onde acendiam uma fogueira de sina-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

79

lização. Na região de Arouca, sobre o rio Arda, há vestígios de algumas

construções castrenses deste período. Além das atalaias e

pequenas motas (pequenas fortalezas em madeira), completavam

o sistema de defesa estruturas mais complexas, que centralizavam

e orientavam todas as defesas complementares. Estas estruturas

eram os Castelos de Gaia (Portucalem Antiquum) e da Feira.

ASPETOS RELIGIOSOS

Ponte de Covadonga, Astúrias;

foto de Paulo Costa

Como informa o Professor Cândido dos Santos, era normal,

nesse tempo, que os senhores construíssem, nas suas terras, mosteiros

ou igrejas que ficavam a fazer parte do seu património,

podendo, à sua morte, transitar para os seus herdeiros. Eram,

portanto, bens patrimoniais.

Vivia-se um período de grande desorganização social e eclesiástica,

o que aliado à ausência dos bispos e às dificuldades do

tempo, à necessidade de repovoamento e de reedificação de igrejas

em ruínas, destruídas pelas surtidas muçulmanas, foram concedidas

facilidades pelos reis de Leão, senhores do espaço.

Estes bens ficavam partíveis para outra qualquer herança, sendo

os descendentes dos fundadores padroeiros também chamados

herdeiros ou naturais, tendo o direito de padroado sobre o mosteiro

ou igreja, direito esse transacionável (SANTOS:1985: 225-238).

Na época da Reconquista, as igrejas podiam ser:

a) Templo com função paroquial ou simples oratórios, igrejinhas

familiares ou comunitárias, que suportavam as despesas

com o sacerdote e tudo o necessário para o culto, alfaias litúrgicas

e livros;

b) Templos que se construíram, de novo, sobretudo por iniciativa

de grandes proprietários, eclesiásticos ou leigos, para

ocorrer às necessidades criadas pelo repovoamento;

c) Templos fundados para mosteiros, de que se serviam não

só as comunidades religiosas, mas também os povos vizinhos.

Todos os povoados de alguma importância deviam já possuir

a sua Igreja, com carácter paroquial, dotada de pia batismal e de

cemitério próprio.

Originariamente, tanto as paroquiais como as outras, podiam

ter ou não senhorio particular, mas, nesta época, tornou-se tão

geral a apropriação que era raro haver alguma igreja livre.

Catedral de Leão;

foto de Paulo Costa


80 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Quando os proprietários das igrejas eram sacerdotes, eles

mesmos constituíam-se ministros do culto e tinham o cuidado

de que, por sua morte, os substituíssem outros que geralmente

recebiam em herança as igrejas com as suas pertenças. Muitos

desses proprietários de igrejas, deviam ser autênticos Párocos

(OLIVEIRA:1950:105 e 140).

Para evitar que uma igreja caísse em posse de leigos, declarava-se,

às vezes, que, à falta de sacerdotes, a propriedade passasse

para um mosteiro.

Em Vila da Feira, quase todas as atuais igrejas paroquiais

foram ajustadas aos sucessivos tempos, a partir dos templos primitivos,

com algumas exceções.

Catedral de Oviedo, Astúrias


922-1200 – ASPETOS GERAIS, ECONÓMICOS,

POLÍTICOS E RELIGIOSOS


Na página anterior, reprodução de: ANTT:Mosteiro de Grijó:BF:283

Fundação do Mosteiro de Grijó (922)


Opondo-se à área das terras agricultadas (o ager), a zona das

terras altas acima dos 400 metros de altitude ocupada pela floresta:

um terreno não domesticado onde proliferavam o carvalho e o

castanheiro, ainda que hoje, em muitas áreas e nos tempos recentes,

se tenha verificado um progresso do pinheiro bravo. Para a população

medieval, a floresta, o saltus, tinha uma importância económica

considerável que ia desde a sua utilização para os pastos do

gado até recolha e consumo dos seus derivados: madeira,

frutos e raízes silvestres, animais provenientes da caça.

O segundo período começa com uma fase de recuo demográfico

e de reintensificação da ocupação das colinas de alta e média

altitude, mais aptas para a defesa contra as incursões islâmicas.

Contudo, à medida que avança a Reconquista, são repostos os contingentes

demográficos que, a partir do século X, se reimplantam

nas depressões fluviais, reativando a vida dos pequenos povoados,

os quais, progressivamente envolvidos por uma rede eclesiástica, que

tem nas igrejas paroquiais o seu elemento mais dinâmico, vão expandindo

a superfície agricultada, para o que também contribui a

implantação na zona, a partir dos séculos XI-XII, de paços e mosteiros,

na qualidade de estruturas de enquadramento geoeconómico

(MATTOSO ET ALLII:1986:199).

A Terra de Santa Maria foi-se tornando uma entidade progressivamente

mais consistente, sob a liderança dos senhores de

Marnel. A família Marnel reforça o seu poder nos seus domínios

da Terra da Feira, salientando-se a defesa da passagem do Douro.

A orientação dos caminhos que cruzam a Terra de Santa Maria

é bem a prova da intensidade das relações que nela se criaram

e lhe imprimiram uma certa unidade. Paralelamente à antiga via

romana, de direção sensivelmente norte-sul, apareceu, não muito

longe dela, outra via principal, mais a leste; e junto à costa, uma

terceira via secundária com a mesma orientação. Ficou assim

reforçada a facilidade das comunicações, mas dispersos os seus

centros. Entre eles, e em sentido transversal, multiplicaram-se

numerosas vias de ligação, cuja densidade manifesta claramente

a intensidade da circulação e a proliferação das povoações que

ela animava (ID.:1993:44-45).

Castelo de Santa Maria da Feira


84 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

D. Fernando, O Grande.

O período compreendido entre 995 e 1064, data da conquista

definitiva de Coimbra pelo rei D. Fernando Magno, a região

Portucalense e a Terra de Santa Maria oscilou a sua obediência

entre os reis cristãos do norte e o califa cordovês. Por esta altura,

os condes de Coimbra oscilavam entre estes dois poderes.

Em 1064, o rei D. Fernando Magno, que uniu em si as coroas

de Navarra, Castela e Leão, auxiliado por tropas francas,

conquista definitivamente Coimbra, afastando para sul o perigo

muçulmano, consolidando irreversivelmente a fronteira cristã.

Depois da conquista de Coimbra pelo rei Fernando Magno,

sucedeu-se um período de lutas internas entre os filhos pelo domínio

da herança. Esta contenda foi ganha por Afonso que uniu

em si as coroas de Leão, Castela e Navarra. Em 1085, conquista

Toledo a mítica cidade capital visigoda. Isso granjeia-lhe prestígio

que ultrapassou as fronteiras da Ibéria. Ao capturar Toledo,

captura a cidade metropolita e a capital do império visigodo. Diversos

senhores muçulmanos prestam-lhe tributo e homenagens,

inclusive os senhores de Aragão e Catalunha, reconhecem-no

como Imperator Totis Hispaniae. A sua ação conquistadora alcançou

a linha do Tejo, capturando Santarém e Lisboa, aliviando

a pressão sobre Coimbra. O Imperador D. Afonso VI concede

a D. Henrique de Borgonha o Condado Portucalense e o de

Coimbra, que junta num só, em dote pelo casamento com sua

filha Dona Teresa. É responsabilidade do novo conde defender o

território dos avanços islâmicos.

O século não acabaria sem nova avançada muçulmana, agora

liderada por novo fervor de Jihad, sob a batuta dos almorávidas,

provenientes do sul da Mauritânia. Avançaram primeiro

sobre Marrocos. e pretendiam disciplinar o relaxamento religioso

dos irmãos peninsulares. Lisboa e Santarém são, de novo,

ocupadas. Coimbra sofre novo assédio. O Douro está outra vez

à mercê do Islão.

Com a morte do Conde D. Henrique e consecutivamente o

falecimento do imperador D. Afonso VI, a península cristã envolve-se

num período conturbado, porque o herdeiro do imperador

é menor e filho de Urraca e Raimundo de Borgonha, conde

da Galiza. D. Teresa, viúva do conde D. Henrique, considera

que também tem direito a um quinhão da herança de seu pai.

Se o sobrinho será o herdeiro de seu pai, também seu filho pode

ser, caso o herdeiro faleça. Há todo um processo de emancipação

que culminará em 1128 com a consagração de D. Afonso Henriques

como conde de Portucale, mas cujo propósito é alçar-se rei,

facto que ocorre na década de trinta e quarenta e tem o seu corolário,

em 1143, com o tratado de Zamora, pelo qual D. Afonso


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

85

Henriques homenageia o primo imperador das Espanhas, e este

reconhece-o como rei de Portugal.

E LOCALMENTE O QUE SE PASSOU?

O ano de 922 marca o fim de um percurso de uma comunidade

de cristãos unidos por laços familiares que fundaram

e protegeram um centro de culto. A documentação chama de

mosteiro (monasterio) ou local de assistência espiritual e material

(adcisterio), constituído por um presbítero, sacerdote, e alguns

irmãos que viviam em vida santa, liderados por um abade. O

sacerdote era eleito pelos protetores da instituição, os patronos,

membros da família, que possuíam títulos de voto, as rações (ratione),

considerando-se raçoeiros.

E o que se passou de importante em 922 que teve tanto impacto

em Mozelos que condicionou a evolução da sua história?

Temos primeiro que recordar dois acontecimentos importantes

que influenciaram o que ocorreu em 922. O primeiro acontecimento

verificou-se em Roma, na sede pontifical, por iniciativa

papal, que foi a questão das investiduras e a disseminação do rito

romano, acontecimento que caracteriza a Reforma Gregoriana.

O papa Gregório VII pretendeu implementar algumas reformas

disciplinares para acabar com as intromissões dos leigos e poderosos

nos assuntos eclesiásticos. Pretendia-se que a questão das

investiduras, seja na eleição papal, seja na nomeação de bispos,

abades e sacerdotes paroquiais, fossem restritas da igreja e que

os leigos não condicionassem nem interferissem nesses assuntos.

Para começar, a igreja deixaria de estar sob patrocínio ou proteção

de qualquer senhor leigo. Esta medida implicou uma alteração

política. Os senhores locais e as comunidades que até então

tinham sido os dinamizadores e protetores da cristandade, com a

fundação e proteção de igrejas paroquiais, mosteiros e dioceses,

viram-se relegados para segundo plano pela ação reorganizativa

da igreja. Outra reforma foi a disseminação do rito romano na liturgia.

Pretendia o papado uniformizar a liturgia, acabando com

os ritos que pontuavam um pouco por toda a europa. Na península

ibérica o rito hispânico vindo do tempo do paleo-cristianismo

dos tempos suevos e visigodos, segundo a reforma de Santo

Isidoro de Sevilha, impunha-se tanto em território cristão como

no califado omíada de Córdova, onde os moçárabes o praticavam.

A introdução do rito romano criou clivagens e uma rutura

com a tradição do rito hispânico. Nos reinos cristãos do norte da

Castelo de Guimarães


86 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

BF:130

BF:182

península, com a colaboração da ordem beneditina de Cluny, a

reforma litúrgica foi-se impondo. No sul, mesmo em território já

reconquistado, o rito hispânico conservou-se arreigado aos costumes

dos moçárabes. Estas clivagens vão-se refletir na oposição

entre as dioceses de Braga e de Coimbra. A primeira adota a

nova reforma, enquanto a segunda permanece no rito costumeiro.

Mozelos, pertencendo à diocese de Coimbra, vai manter-se

fiel ao rito praticado pelos prelados da sua diocese.

Outro acontecimento contemporâneo daquela data foi a reorganização

eclesiástica do território já pacificado com a restauração

das dioceses de Braga e Coimbra, e sobretudo, mais tarde a fundação

da diocese do Porto que teve repercussões ao nível local.

O documento escrito mais antigo que possui elementos relativos

a Mozelos é o que se refere à fundação do Mosteiro de Grijó,

em 922, que se deve ao abade Guterre e ao seu irmão Ausendus,

que concederam per remedio animas nostras (para remédio das

nossas almas), um conjunto de bens e de objetos necessários ao

culto de uma comunidade de religiosos e religiosas, para fundarem

uma igreja na vila chamada de Eglesiola que ficava entre os

montes de Petroso e Sagitella. Considero que esta referência ao

mons Sagitella, constitui o documento fundador de Mozelos, já

que Sagitella, hoje Seitela, é o topónimo mais antigo do que viria

a ser a futura freguesia de Mozelos. É, pois, salvo melhor opinião,

e na ausência de outros elementos probatórios, uma espécie

de certidão de batismo desta freguesia de Mozelos (BF: 130).

Importa esclarecer que vila não tinha o significado administrativo

que hoje assume, mas tratava de uma propriedade rural com

determinadas atividades agrícolas.

Este monte de Sagitela ou castro de Sagitela, é hoje chamado

Coteiro do Murado, onde há uma família numerosa com esse

nome de Seitela.

Entre 922 e 1103, tudo se manteve inalterado. Mas, o movimento

de concentração das rações, direito religioso de padroado,

em mãos eclesiásticas vai continuar, na prossecução do objetivo

de libertar a igreja do protetorado laico.

Há um documento constante no Cartulário do Baio Ferrado

que Alexandre Herculano datou em 1009, mas que Robert Durand,

que estudou o referido cartulário, considera que deverá ser

considerado com a data de 1109, considerando que esta é a única

leitura possível desta data. Apesar da controvérsia da datação,

considero a data de 1009, como aceitável. Este documento tem o

título de Karta de Elderiz (atual lugar de Argoncilhe), onde é referido

que Ramil partia cum Vilar, Laurosa et cum Moazelus (BF:182).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

87

Em 1030, Ederonius e a sua mulher Goldregodo venderam a

Diogo Viegas e a sua mulher Maria uma herdade que se situava

subtus monte Sagitellam secus ribulo Arrugio quod discurrit ad Cerzedo

por duas peles de carneiro no valor de 50 pesos (BF:169).

Em 1075, Gonçalo Mendes vendeu a Soeiro Fromarigues várias

parcelas de terra, situadas em Grijó, bem como duas partes

dos direitos sobre o quarto da igreja de S. Salvador de Grijó,

por uma mula avaliada em 120 pesos, com a indicação de que

algumas dessas propriedades estavam localizadas subtus monte

sagitela, discurrente rivulo Cerzedo (BF: 147).

Em 1082, Recemundo Alvariz e os seus irmãos venderam ao

mesmo Soeiro e a sua mulher Elvira Nunes uma propriedade situada

em Grijó, por uma pele de carneiro no valor de 40 módios.

Esta propriedade situava-se subtus alpe Sagitella, discurrenti rivulo

Guetin (BF:151).

Em 1091, Odorio Gonçalves vendeu ao mesmo uma propriedade

situada em Outeiro, Grijó, subtus Monte Sagittela discurrente

rivulo Arrugio por dois módios de milho e uma capa negra

(BF:153).

Em 1097, foram vendidas por Paio Ansoiz e Riqiuo Zoleimar

duas propriedades existentes in vila dicta de Moazelus ex parte avorum

et parentum, subtus Saitella, discurrente strata (mourisca) ad portum

asinarum, por um soldo, uma manta de carneiro, uma vaca,

uma quarta de milho e um puçal de cera (BF:283). Surge a designação

vila dada a Mozelos que não pode ser entendida como a

que atualmente a designa por decisão da Assembleia da República.

Tratava-se, ao tempo de uma propriedade rústica, com origem romana,

que se compunha de várias parcelas de terreno. A dita strata

(maurisca) é a designação, ao tempo, da chamada estrada velha do

Porto, da qual existe um troço, que partia da Igreja, pelo lado norte,

em direção a Argoncilhe é a antiga via militar romana, estrada

mourisca, depois estrada real e, mais tarde, estrada nacional nº 1.

Como era costume na época, as propriedades vendidas eram

pagas em dinheiro e em géneros, e muitas vezes por trocas diretas.

Em 1099, Paio Ansaloniz e a sua mulher venderam a Odoris

Cide e a sua mulher, por 4 módios uma parcela de terreno situada

in villa dicta de Moazelus et in loco Primi e uma leira com 70

passos de comprimento e 6 de largura, junto ao rivulo qui venit

de Laurusela, subtus monte Saitela, duiscurrente Rivulo Primi, que

venite nobis de parte avorum e parentum nostrorum (BF:284).

Em 1109, no documento de doação ao mosteiro de Grijó

da metade de uma propriedade situada em Nogueira (da Regedoura)

e de outra em Enxomil (Arcozelo, Vila Nova de Gaia), é

BF:151

BF:153

BF:284


88 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

BF:182

BF:37

BF:84

BF:268

referido, de novo, o facto do dito mosteiro estar situado in ipso

predicto loco subtus monte Saitela, discurrente arrugio ipse ville, território

portucalensi, terra Sante Maria civitates (BF:16).

No mesmo ano, Aimia Gonçalves e os seus filhos venderam a

Soeiro Soares por 100 pesos uma terra situada em Aldriz, com a

referência de que se encontra abaixo do monte Auturelo partindo

com Lourosa e Moazelus (BF:182).

Em 1117, é a vez de Toda Soares legar os seus bens a S. Salvador

(de Grijó), cuja metade estaria à disposição do mosteiro após

a sua morte, enquanto a outra metade apenas, quando a sua mãe

falecesse, dizendo que o mosteiro est fundatus in ipsa prefata villa

Ecllesiola, subtus monte Sagitella, discurrente rivulo Liuvanes, prope

litore maris (BF:25).

Em 1134, Garcia Odoriz e a sua mulher trocaram com Nuno

Soares e a sua mulher e os cónegos do mosteiro de Grijó partes

de terras situadas in vlle Palaciolo (Paços, será Paços de Brandão?),

subtus monte Sagittela, discurrente rivulo covo (BF:206).

Em 1135, foi emitida a Karta de Saitela, na qual se diz que

Mendo Mendes e a sua mulher, Eluira Pais, deixam dois casais

e outras diversas propriedades, situadas in villa Saitela, entre outros

bens, situados em Casal, Oleiros e Sernande, com a limitação

de os cónegos não alienarem os bens legados e também

deviam assumir a responsabilidade de assegurar a subsistência

dos filhos dos doadores (BF:37).

No mesmo ano, Elvira Soares e o seu marido Odoriz e os

seus descendentes decidiram não alienar a sua propriedade situada

em Mozelos e Rio Meão, que só passarão para a posse do

mosteiro quando se estender à descendência de Elvira (BF:84).

Em 1138, Flamula Gomes legou a S. Salvador os bens que

herdara de seu pai, que se situavam entre a estrada mourisca e

o monte de Sagitella, e a portela de Sancto Martino (será S. Martinho

de Mozelos?) até Lourosela, no limite meridional de Grijó

(BF:29).

No mesmo ano, Pedro Rebolo vendeu aos cónegos de Grijó,

por 120 módios a oitava parte da sua propriedade na villa dicitur

de Saitela (à margem do documento, no século XIX, aparece escrito

Seitela), discurrente rivulo maior (BF:268).

Em 1148, foi a vez da condessa D. Elvira Peres ceder ao mosteiro

os seus bens, situados no mesmo perímetro do documento

de 1138 (BF:31).

No mesmo ano, foi a vez de Paio Godins legar as suas propriedades

em Gulpilhares (Gaia) e de Esmojães, que ficavam


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

89

subtus monte Castro Petroso et alia subtus monte Saitela, prope litus

marinum território civitatis Sancte Marie (BF: 72).

Em 1150, Soeiro Amicus vendeu a Soeiro Godestiz e a sua

mulher, por 19 bracales (peça de tecido de linho grosseiro com 7

a 8 metros de comprimento), uma herdade que tinham in villa

Moazellus prout dividit com suis terminis cum montibus e cum fontibus

(com montes e fontes) (BF.285).

Em 1152, Godinho Guterres legou a S. Salvador a sua parte

do seu direito de padroado sobre as igrejas de S. Martinho de

Anta e S. Mamede de Esmojães, bem como a 1/5 parte dos bens

que possuía em Anta, Esmojães e Paço, subtus monte Saitela, discurrente

rivulo Anta e Laguncula de Avil, prope littus maris, território

portucalensi (BF:46).

Em 1155, Tructesendo Godins e as suas irmãs venderam aos

cónegos do mosteiro de Grijó, por 3 marovidiados (moeda mourísca)

de ganado uma herdade que haviam herdado de seus avós e

de seus pais que ficava a oriente da estrada mourisca (antiga estrada

romana (futura estrada real e estrada nacional nº 1 e IC2),

e estava a ocidente de Moazellus et Sagittela ad aquilonem Luvianes

e Claviano ad affricum Laurusela (lugar pertencente a Lourosa e

que confina com o lugar de Prime) (BF:236).

Em 1157, Pedro Mendes e a sua mulher trocaram aos cónegos

de Grijó um cavalo no valor de 40 módios por uma herdade

que possuíam in villa dicta Saitella, subtus monte Saitella, discurrente

rivulo maior (BF:295).

Em 1158, foi redigida a Karta de Monazelus, na qual é noticiado

que Diogo Gonçalves e a sua mulher venderam a Pedro

Nunes, a sua mulher e aos cónegos de Grijó, por 39 morabitinos,

uma herdade sua que se situava in villa dicta de Moazelus

(ao lado aparece com escrita do século XIX – Mozellos), subtus

monte Auturelo, discurrente rivulo Torno, prope litus maris, território

portugalense, sub castello Sancte Marie (BF:237).

Em 1158, Maria Eriz vendeu aos cónegos do mosteiro de

Grijó por um bragal várias propriedades, entre as quais uma que

se situava na Vila Primi (Mozelos), que havia herdade dos seus

pais (BF:235).

No mesmo ano, foi lavrada a Karta de Moazelus, na qual é

referido que Rodrigo Godesteiz vendeu a Paio Godesteiz, por

14 módios um terço da sua herdade que in villa Moazelus, subtus

monte Saitella, discurrente rivulo maior, prope litus maris, territorio

portucalensi, civitas Sancte Marie (BF: 282).

No ano seguinte, foi redigida a Karta de Seitela na qual é

relatado que Mendus Odoriz e a sua filha venderam, aos cóne-

BF:46

BF:236

BF:295

BF:237

BF:282


90 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

BF:281

BF:43

BF:297

gos de Grijó por 10 morabitinos uma herdade que possuíam in

villa Saitella, sub ipso monte Saitela, discurrent rivulo Torno, prope

litus maris, território portucalensi in terra Sancte Maria civitatis

(BF:296).

Em 1160, foi lavrada a Karta de Moazelus, na qual é referido

que Paio e Soeiro Godesteiz venderam aos cónegos de Grijó,

pelo equivalente em ouro e gado de 50 morabitinos, as terras

que possuíam in villa de Moazellus, subtus monte Saitella, discurrente

rivulo maior, prope litus maris, territorio portucalensi, civitas

Sancte Marie (BF: 281).

Em 1163, num documento de doação ao mosteiro de Grijó

de bens da Garsia Gonsalves Neto de metade dos seus bens em

Anta, é citado, que Anta se situava em Sancte Marie civitatis (…)

subtus monte Saitela, discurrente rivulo Guetin, prope littore maris

(BF:43).

Num documento sem data, é dada conta do estado dos bens

comprados em Saitela, em que é noticiado por Petrus a existência

de uma herdade em Saitela, de um casal, da igreja de Maladas

e de Scapa (será Escapães?) (BF:297).

FUNDAÇÃO DA DIOCESE DO PORTO

Convém referir que, até 1114, a terra de Santa Maria, de

que fazia parte Mozelos, esteve sob a jurisdição da Diocese de

Coimbra, o que constituiu motivo sério de disputa entre os sucessivos

Bispos do Porto e de Coimbra. Esta questão só viria a

ser resolvida a contento dos Bispos da Diocese do Porto entre

1132 e 1137 (ID.:1951:38).

Contudo, a Diocese de Coimbra continuou a lutar pela recuperação

da terra em questão, através de sucessivos apelos aos

Papas, tendo ficado definitivamente resolvida a questão, em 12

de setembro de 1253, pelo Papa Inocêncio IV. Até finais do século

XVI, Mozelos manteve-se integrada na Terra de Santa Maria

(Vide Censual do Cabido da Sé do Porto (século XII), Almeida, História

da Igreja em Portugal, Biblioteca Apostólica Vaticana, Censual

de D. Frei Baltasar Limpo, in Santos, A Diocese e a Mitra).

Em 1114, devido ao conflito pela autoridade primacial da

Galiza, reminiscência do velho reino Suevo, entre Santiago de

Compostela e Braga, em torno das dioceses sufragâneas, foi sugerida

a restauração da Diocese do Porto, que obrigaria a um

redesenho dos limites das Dioceses de Braga e Coimbra, e que


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

91

seria sufragânea de Compostela. Com Braga, os limites entre as

duas dioceses não foram difíceis de estabelecer, mas, com Coimbra,

o assunto já seria mais complicado e conflituoso. À formação

da Diocese do Porto não foi estranho o movimento de reforma

da Igreja com a implementação do rito romano, sobre os ritos

hispânicos profundamente enraizados a sul do Douro. Também

a intervenção da ordem beneditina de Cluny na criação da nova

diocese acentua o combate contra os ritos moçárabes profundamente

enraizados a sul do Douro.

O renascimento da Diocese do Porto marca o início de uma

reconversão do mapa paroquial. Todas estas igrejas foram fundações

das comunidades locais e encontravam-se sob a tutela

de patronos leigos. E, desde os fins do século XI e inícios do

século XII, os seus patronos foram paulatinamente doando os

seus direitos a instituições eclesiásticas. Este movimento insere-

-se na reforma gregoriana da problemática das investiduras que

rompia com os hábitos dos senhores, príncipes e reis poderem

erigir Igrejas, Mosteiros e Dioceses, colocando sob a sua proteção

e autoridade essas instituições, onde recolhiam os direitos e

taxas a elas inerentes: dízimos, pé de altar e outros. A reforma

empreendida pelo papa Gregório VII visava libertar a igreja do

poder laico. O aspeto mais visível foi a própria nomeação papal

pelo imperador do Sacro Império Germânico. No entanto, essa

reforma foi mais vasta e, com o apoio da Ordem Beneditina de

Cluny, e pela sua reforma cisterciense, essa libertação do jugo

senhorial estendeu-se às igrejas paroquiais e aos mosteiros. Pretendia

o movimento reformador que só as instituições religiosas

superintendessem a gestão de outras instituições religiosas.

Em 1114, foi restaurada a diocese do Porto, destacando-se

parcelas de território a norte do Douro pertencentes à arquidiocese

de Braga, e a sul daquele rio, pertencentes à diocese de

Coimbra. Se com Braga o processo foi pacífico, com Coimbra

nem tanto, obrigando a que no penúltimo dia desse ano, se fizesse

uma concórdia entre os dois bispos, com o de Coimbra a dar à

neófita o que quisesse (ADP: Censual do Cabido da Sé do Porto: Fl.

2; e AUC: Livro Preto: doc. 628). Deste documento existem dois

documentos, um transcrito no cartulário de Coimbra, o Livro

Preto e outro no Censual.

A diocese do Porto foi beneficiada por Coimbra dos direitos

eclesiásticos e património que aquela havia adquirido antes de

1114. No entanto, tal como havia acontecido antes com a diocese

de Coimbra, a nova diocese do Porto continuará a reforçar a sua

presença e autoridade sobre a região.

Apocalipse do Lorvão

- Medição do Templo:

TT: Lovão: C. F. 90: fol. 146


92 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

BF:139

Além das pressões senhoriais laicas, também outros senhores

se insinuavam no sentido de se apropriarem do direito jurisdicional

sobre as populações daquele território. A mais importante

era a exercida pela diocese, tanto pelo Cabido como pela Mitra.

Mas não nos podemos esquecer que o rei tinha um importante

património em Grijó e que nunca prescindirá dele, servindo

de contrabalanço aos poderes senhoriais em jogo, o reguengo de

Santa Cruz. Este conflito estalará mais tarde como veremos.

Em 1133, Elvira Nunes, legou ao mosteiro de S. Salvador

as suas propriedade de Nogueira (da Regedoura), com os seus

limites novos e antigos, situados subtus monte Saitela, discurrente

ipso arrugio ipsarum villarum, território portucalense, terra civitate

Sancte Marie (BF:12).

Com este movimento de doações, nos fins do século XII, os

patronos eclesiásticos eram a Diocese do Porto, herdeira da parte

de Coimbra.

No século XII, em ano indeterminado, é revelado o estado

das terras vendidas por Nuno Soares, de S. Salvador, a Tructesendo

Diaz e a sua mulher Ximena Pais, entre as quais se encontrava

uma herdade no lugar de Goda, de Mozelos (BF:139).

Os raçoeiros como patronos tinham o benefício de direitos.

A reserva de rendas, a imposição de hospedagens e a cobrança

de subsídios convertiam-se, algumas vezes, em exploração que

reduzia à miséria igrejas e mosteiros. Para reconhecimento da

sua regalia, os chamados herdeiros ou naturais das igrejas e mosteiros

julgavam-se no direito de lá se aposentarem, com criados,

cães, cavalgaduras e até mulheres da má vida, e reclamavam

numerosas pensões, com vários nomes, por diversos títulos. Os

direitos eram o jantar, chamado colecta, colheita, parada, comedoria,

procuração, ou talvez outros nomes, e também visitação

porque era a visita que servia de pretexto para a cobrança do direito

(OLIVEIRA:1950:139,140-142 e 146). Esse direito passou

a ser disputado também pelos concelhos e o próprio Rei foi-se

apoderando dele nas freguesias que não tinham padroeiros senhoriais

ou monásticos (MATTOSO:2001:325-330).

Em março de 1261, D. Afonso III publicou o primeiro diploma

em que se reprimiam os abusos dos padroeiros particulares.

Segundo Gama Barros, o intuito deste diploma ficou baldado.

Onze anos depois, já D. Afonso III promulgava um novo

estatuto suscitando penas mais severas e o cumprimento da anterior,

e isentava temporariamente as igrejas e mosteiros de pousadias

e comedorias dos padroeiros, em atenção à pobreza das corporações,

quitando-lhes também os direitos da coroa. Em 1281,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

93

D. Dinis isenta, por dois anos, os Mosteiros e Igrejas do Bispado

do Porto, considerando a sua pobreza, de darem aposentadoria e

comedoria aos seus naturais.

Estas medidas iam no sentido de separar da alçada dos grandes

senhores, seus patronos, as Igrejas e Mosteiros que aqueles

possuíam como património próprio, cumprindo um dos aspetos

da reforma gregoriana, conhecida por questão das investiduras e

que pressuponha uma emancipação e independência dessas instituições.

A Cidade de Deus devia estar acima da cidade dos homens

e não subjugada àquela. Esta luta teria no século seguinte

o seu desfecho.

Todas as igrejas paroquiais estavam canonicamente sujeitas

à jurisdição episcopal, pelo direito de visitação que se estendia

a todos os mosteiros e igrejas da sua Diocese, pelo qual podiam

fiscalizar o cumprimento dos preceitos religiosos e disciplinares.

Neste século, as igrejas da diocese do Porto estavam divididas

em nove terras: Santa Maria, Maia, Refojos, Aguiar (de Sousa),

Penafiel, Meinedo (Lousada), Gouveia (Amarante), Bem-Viver

(Marco de Canaveses), Baião e Penaguião (Régua).

D. Afonso III



DE 1200 A 1496


Na página anterior, reprodução:

ADP:Livro das Campainhas do Mosteiro de Grijó


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

97

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

No século XIII, consolidou-se a reforma gregoriana e o rito

romano generalizou-se suplantando os ritos hispânicos e as tradições

moçárabes. Por outro lado, havia sinais reveladores de um

ambiente propício a desvios doutrinais, sobretudo, disciplinares

que se agravaram no século seguinte. Na sequência deste clima,

foi publicada uma lei contra a vadiagem, que constituía um grave

problema da época, pelo desenraizamento e a mobilidade dos

homens, sendo terreno propício à divulgação, mais alargada e

rápida, das ideias perigosas.

Houve, igualmente, no reinado de D. Afonso II (1211) uma

medida tendente à confiscação dos bens dos hereges (AZEVE-

DO:2000:142-146).

Pensa-se que permaneceram, na Idade Média, práticas e crenças

mágicas, oriundas da época pré-histórica, e que foram perdurando

apesar de sofrerem algumas mutações e compromissos com a Igreja

oficial. Este conhecimento é-nos transmitido, por via indireta,

dado estarmos perante estratos subterrâneos das crenças colectivas.

Não se tratava somente de uma religiosidade não coincidente

com a oficial, por parte dos leigos, mas também assumida por

alguns clérigos. Tal torna-se mais evidente pela análise das prescrições

dos sínodos portugueses, realizados neste século acerca

da forma de administração do batismo.

Crenças pouco ortodoxas não eram exclusivo das camadas

mais simples da população, sendo igualmente conhecidas notícias

da sua aceitação por parte dos meios mais imbuídos da cultura intelectual

e da devoção e respeito pelas prescrições da Igreja oficial.

D. Afonso II

ROL DAS FREGUESIAS DA FEIRA DO SÉCULO XIII

(entre 1238 e 1245)

Sanctus Martinus de Dragonzeli (Argoncilhe)

Monasterio de Canedo (Canedo)

Ecclesia de que vocatur Duas Ecclesias (pertence hoje à freguesia

de Romariz)


98 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ecclesia de Scapaos (Escapães)

Ecclesia de Espargo

Ecclesia de Feira. (Feira)

Ecclesia de Fornos (Fornos)

Ecclesia de Guisande

Ecclesia de Juiam (Gião)

Ecclesia de Lamas (Lamas)

Ecclesia de Lobom (Lobão)

Ecclesia de Lauredo (Louredo)

Ecclesia de Lourosa. Habet inde quartam et octavam quarte.

(Lourosa)

Ecclesia de Milheirós de Poiares

Ecclesia de Moazelos (Mozelos)

Ecclesia de Nogeira (Nogueira da Regedoura)

Ecclesia de Oleiros (Oleiros)

Ecclesia de Palatio (Paços de Brandão)

Ecclesia de Rivo Mediano (Rio Meão)

Ecclesia de Romariz (Romariz)

Ecclesia de S. Feliz (Sanfins)

Ecclesia de Sanguedo (Sanguedo)

Ecclesia de Seitela (devia corresponder a Meladas que

pertence hoje a Mozelos)

Ecclesia de Veer (S. João de Ver)

Ecclesia de Sancto Georgio (S. Jorge)

Ecclesia de Sauto (Souto)

Ecclesia de Villa Maiori (Vila Maior)

Igreja de S. Martinho de Mozelos

Todas estas igrejas faziam parte do rol da Terra de Santa

Maria e estavam, fora do padroado com exceção das igrejas de

Lourosa e da Feira.

Não integram esta relação as igrejas de Arrifana, Fiães, Mosteirô,

Pigeiros, Travanca e Vale (Oliveira: Ovar na Idade Média:

233e 234).

DE HEREDITATIBUS ORDINUM IN

TERRA DE SANCTA MARIA

RELAÇÃO DE DIREITOS HERDADOS OU

CENSORIAS NA TERRA DE SANTA MARIA

Apresenta-se agora a listagem do Arcediago da Terra de Santa

Maria, relativa ao pagamento de censorias, onde se integrava

Mozelos e Meladas.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

99

As censorias eram os direitos, rendas e pensões que as

catedrais deviam receber, anualmente, das Igrejas e Mosteiros

do Bispado. Também eram denominadas jantares, colheitas,

visitações, procurações ou paradas, além das terças pontificais

que, nos dízimos das Igrejas Paroquiais, lhes pertenciam.

As censorias têm a sua origem etimológica nos censores

ou censitores romanos. Entretanto, já desde o tempo de Carlos

Magno, que fez dar os dízimos às Igrejas, para que o povo ficasse

inteiramente livre de todos os mais encargos para com elas, quer

da fábrica, quer do sustento dos pobres e da manutenção dos

ministros eclesiásticos. Assim, se começou a escrever nos livros

censuais, lançando-se neles todas as censorias e forragens que as

Igrejas deviam pagar aos Bispos e seus clérigos e cabidos. Destes

censuais restam ainda alguns como este do Cabido da Sé do

Porto ou incluídos noutros que são, atualmente, denominados

tombos. Quer uns quer outros não são mais que os títulos das

referidas censorias (VITERBO:1965:II VOL. 89).

Apresento a listagem do Arcediago da Terra de Santa Maria,

relativa ao pagamento de censorias, onde se integrava Mozelos:

Missal dominical do século XV,

in Iluminura de Portugal, pág. 326

CENSORIAS

ECCLESIAE

(FREGUESIAS)

CENSORIAS

S. Martinho de

Argoncilhe

(Argoncilhe)

Santi Petri de Arrifana

(Arrifana)

Monasterio Sancti de

Petri Canedo

(Canedo)

Santae Mariae de

Duabus Ecclesijs

(Duas Igrejas- hoje

lugar da fregesia de

Romariz))

Santi Martini de

Scapaens

(Escapães)

Santi Iacobi de Sparago

(Espargo)

Não aparece qualquer referência na edição

impressa do censual, pois pertencia ao isento do

Mosteiro de Grijó

De cera unam libram, de mortuarijs LIIIJ solidos

(soldos) uel duos morabitinos ueteres, de tritico

duos quartarios, de auena vj quartarios, de millio

unum modium (Cens.:554).

XX bracalia, de cera duas libras, de censsu XX

morabitinos ueteres quy ffaciunt CC LXX libras

ert sunt capituli pro ad gloriam (ID:542).

De mortuarijs XV solidos, de avena duos

quartarios, de milio duos quartarios (ID.:IBID.)

De cera unam libram, de mortuarijs XL, de

tritico duos quartarios, de auena duos quartarios,

de millio duos quartários, de vino duos puçaes

(ID.:548).

De cera mediam libram, de mortuarijs XX libras

solidos, de tritico unum quartarium (ID.:549).


100 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Santi Nicolai de Feira

(S. Nicolau)

Sanctae Mariae de

Feaaens

(Fiães)

Sancti Andree de

Ujiam

(Gião)

Santi Mametis de

Guisande

(Guisande)

Santae Mariae de

Lamas

(Lamas)

Santi Iacobi de

Lobom

(Lobão)

Louredo

Santi Iacobi de

Lourosa (Lourosa)

Santi Micaelis de

Milheiroos (Milheirós

de Poiares)

Santae Marinae de

Mosteirô (Mosteirô)

De cera unam libram, de mortuarijs quinque

libras, de tritico unum modium, de auena unum

modium, de millio unum modium, de vino unum

modim, de censsu CCC libras (ID.:548).

De cera media libra, de mortuarijs xxx solidos, de

tritico duos quartarios, de auena seix quartarios,

de millio quinque quartarios, de vino duos puçaes

(ID.:543).

De cera mediam libram, de mortuarijs XI solidos,

de tritico unum quartarium, de auena unum

modium de milio três quartários (ID.:554).

De cera unam libram, de mortuarijs XI solidos,

de tritico unum quartarium, de auena vj

quartários, de milio unum modium, de vino,

unum puçalem_ Panem et vinum huius ecclesi est

pro ffabrica ecclesae cathedralis (ID:545).

De cera mediam libram, de mortuarijs XL

solidos, de tritico unum modium, de auena unum

modium, de millio unum modium. Panem et

vinum istius ecclesia est pro ffabrica (ID:550).

De cera unam libram, de mortuarijs tres libras,

de tritico unum quartarium, de auena septem

quartários, de milio unum modium (ID:545).

Não aparece qualquer referência na edição

impressa do censual.

De cera unam libram, de mortuarijs tres libras,

de tritico tres quartarios, de avena tres modios, de

milio novem quartarios, de vino unum modium

(ID.:550).

De cera mediam libram, de mortuarijs quator

libras e mediam, de tritico unum quartarium, de

auena unum modium de millio unum modium

(ID:545).

De cera mediam libram, de mortuarijs xx solidos,

de tritico. unum quartarium, de auena duos

quartarios, de millio unum. quartarium, de vino

unum modium (ID.).

Capela de Meladas

Santae Mariae

Maladas

(Meladas – atual-mente

integrada na freguesia

de Mozelos)

De cera mediam libram, de mortuarijs XX

sólidos, de tritico unum quartarium (ID: 552).

BF:297

Santi Martini de

Mozelos (Mozelos)

Santi S. Xpistofori de

Nucaria (Nogueira da

Regedoura)

De cera mediam libram, de mortuarijs XXX

solidos, de tritico duos quartarios, de auena

duos quartarios, de millio duos quartários,

de vino três puçaes (ID.:552).

De cera mediam libram, de mortuarijs XX

solidos, de tritico tres quartarios, de auena duos

quartarios, de vino unum puçal (ID.:553).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

101

Santi Pelagio de

Oleyros de (Oleiros)

Santi Cipriani de

Palaciolo de Bndô

(Paços de Brandão)

Santae Mariae de

Pegeiros

(Pegeiros)

Santi Iacobi de Rivulo

Mediano

(Rio Meão)

Santi Isidori de

Romariz

(Romariz)

Santi Felicis da Feira

(Sanfins)

Sante Eulalie de

Sangeedo

(Sanguedo)

S. Iohanis de Veer (S.

João de Ver)

Santi Georgij

(S. Jorge)

Santi Michaelis de

Souto

(Souto)

Santi Mametis de

Travanqua (Travanca)

Sanctae Mariae de Vale

(Vale)

S. Mametis de Vila

Maior

Vila Maior)

De cera mediam libram, de mortuorijs L sólidos,

de tritico duos quartarios, de avena duos

quartários, de millio duos quartários, de vino

duos puçaes – vinis istius pro ffabrica (ID:552).

De cera unam libram, de mortuarijs LIIIJ solidos

(soldos) uel duos morabitinos ueteres, de tritico

duos quartarios, de auena VJ quartarios, de millio

unum modium (ID:550).

De cera mediam libram, de mortuarijs XXVIJ

solidos, de tritico unum quartarium, de avena

duos quartários, de milio duos quatrtarios, de

vino unum puçale (ID.545).

De cera mediam libram, de mortuarijs tria

bracalia vel unum morabitino, de tritico duos

quartarios, de auena duos quartarios, de millio

duos quartarios (ID.:555).

De cera mediam libram, de mortuarijs quator

libras, de tritico unum quartarium, de auena

septem quartários, de milio septem quartarios

(ID.:555).

De cera mediam libram, de mortuarijs XX

sólidos, de tritico duos quartários, de avena duos

quartários, de millio duos quartários (ID:548).

De cera mediam libram, de mortuarijs XI solidos,

de tritico unum quartarium, de auena unum

modium, de millio unum modium (ID.:555).

Esta freguesia tinha um dos celeiros da diocese

e nele eram armazenados todas as censorias do

arcediagado da Feira, nomeadamente, trigo (25

moios e 11 quairas), aveia (47 moios e 2 quairas)

milho (45 moios e 10 quairas) e vinho (13 moios)

(ID.:550 a 552).

De cera mediam libram, de mortuarijs XXX

solidos, de tritico unum quartarium, de auena

três quartários et sextarium, de millio três

quartários et sextarius (ID.:554).

De cera mediam libram, de mortuarijs tres libras,

de tritico duos quartarios (ID. 548).

De cera unam libram, de tritico unum

qu.artarium, de auena duos quartarios, de milio

unum quartarium (ID:548).

De cera unam libram, de mortuarijs tres libras,

de tritico unum quartarium, de auena setem

quartarios, de milio unum quinque quartarios

(ID.: 544).

De cera unam libram, de mortuarijs XV sólidos,

de tritico duos quartarios, de avena quinque

quartarios de de milio unum modio (ID.: 556).

Bíblia do século XII,

in Iluminura em Portugal, pág. 143


102 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Para melhor compreensão dos dados inscritos no quadro

devem ser consultados no glossário os termos censo, censual,

moio, mortuárias, puçal, quarteiro e soldo.

Estas censorias eram direitos religiosos pagos em géneros, cera,

mortuárias, trigo, aveia, milho-miúdo e vinho, que seriam depositadas

no celeiro portucalense, por ordem do Bispo D. Vicente.

Sobre esta época, há mais a seguinte informação:

In fregesia de Moazelas habet Ecclesiola V casales et tota ipsa

ecclesia et Ospital habet ibi J casal (na freguesia de Mozelos, o

mosteiro de Grijó tem cinco casais e toda a sua igreja a Ordem

Militar do Hospital ou de Malta tinha um) (Oliveira:Ob.Cit:227).

Bíblia de Alcobaça

- Tábuas de Concordância,

in Iluminura em Portugal, pág. 45

Livro das Horas (século XV),

in Iluminura de Portugal, pág. 372

ASPETOS RELIGIOSOS ENTRE 1300 E 1496

No século XIV, multiplicaram-se os exemplos de correntes

heterodoxas em Portugal, tendo-se intensificado o reforço da

legislação civil e canónica, quer através da redação de tratados

de apologética, quer da nomeação de inquisidores.

A cristandade sofreu, neste século, as alterações climáticas, o

flagelo da fome, da peste e da guerra, foi assolada por uma revolta

anti-senhorial e anti-clerical, que atacava a excessiva riqueza e a

vida dissoluta das hierarquias, enquanto proclamava a igualdade

de todos os homens perante Deus. Na verdade, os camponeses

eram maltratados pelos senhores, no mundo rural, enquanto que

o proletariado urbano estava sujeito ao desemprego e à miséria.

O modo de provimento das paróquias é uma das características

dos regimes por que elas passaram, sob o aspeto senhorial.

Ao contrato livremente ajustado entre o clérigo e o senhor da

Igreja Própria, devia suceder a nomeação do Bispo Diocesano.

Geralmente, a instituição dos Párocos era feita pelos próprios

Bispos, mediante apresentação dos padroeiros. Os Bispos só

podiam prover livremente as Igrejas do seu padroado. Quanto

às outras, tinham de sujeitar-se à escolha dos padroeiros ou à

eleição regulada por costumes locais. Quando os padroeiros eram

o povo, segundo Alberto Sampaio, a apresentação fazia-se em

verdadeira eleição democrática. Alguns Párocos tinham o direito

de apresentação, em freguesias que haviam sido desmembradas

da sua, chamavam-se paróquias sufragâneas. Havia paróquias,

cujo provimento pertencia à Santa Sé. Em algumas, alternavam

os padroeiros, conforme os meses em que se desse a vaga.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

103

Quando o padroeiro não fazia a apresentação em tempo conveniente

ou havia divergência entre os copatronos, o provimento

era feito pelo Bispo que também tinha competência para julgar

as questões do padroado. Com a multiplicidade dos padroeiros

e com tão variada tutela, era natural que o provimento das paróquias

estivesse na origem de graves conflitos, durante o tempo

em que existiu o regime de padroado. Questionavam-se os padroeiros

entre si e todos questionavam com o Bispo.

O exercício de padroado concretizava-se num conjunto de

privilégios inerentes ao ius praesentandi (capacidade reconhecida

aos patronos para indicarem o clérigo que dirigiria a igreja) e ao

ius fruendi (congregava as regalias da comedoria, aposentadoria,

cavalaria e casamento). Era esta a lei e o costume a todos quantos

tivessem fundado Igreja Própria ou herdassem o padroado

dos seus antepassados.

Por bula, dada em Avinhão, a 23 de maio de 1320, o Papa

João XXII concedeu, por três anos, a D. Dinis, a décima parte

das rendas eclesiásticas do Reino, com exceção das pertencentes

à Ordem do Hospital, para subsídio da guerra contra os Mouros.

Por isso, fez a avaliação dos rendimentos de todas as igrejas

e mosteiros, ficando assim elaborado o primeiro catálogo das

freguesias de todo o País, distribuídas por Dioceses (OLIVEIRA:

1967:237).

Das freguesias que hoje constituem o Concelho de Santa Maria

da Feira, há as seguintes informações quanto aos pagamentos

eclesiais:

In Iluminura de Portugal, pág. 128

CATÁLOGO DAS IGREJAS DA FEIRA EM 1320

Ecclesiam de Sancti Martini de Argoncilhi Monasterio Ecclesiole

(Argoncilhe)

Ecclesiam de Duabus Ecclesijs ad quindecim libras (Duas Igrejas –

pertence hoje à igreja de Romariz)

Eclesias de Canedo (Canedo) e de Sancto Vincentio (de Louredo?)

(S. Vicente de Louredo) anexe decanatui.

Capelania de Canedo ad quindecim libras

Ecclesiam de Scapaães ad sexaginta libras (Escapães)

Ecclesiam de Sancti Jacobi de Sparago triginta libras (Espargo)

Ecclesiam de Feira ad octoginta libras (Feira)


104 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Missal de Lorvão (século XV); in

Illuminura de Portugal: pág. 306

Ecclesiam de Fornos ad sexaginta libras (Fornos)

Ecclesiam de Guisandi ad sexdecim libras (Guisande)

Ecclesiam de Juyam ad quinquaginta e quinque libras (Gião)

Ecclesiam de Lamis ad quinqaginta libras (Lamas)

Ecclesiam de Lobom ad centum libras (Lobão)

Ecclesia de Lourosa ad sexaginta libras (Lourosa)

Ecclesiam de Maladas ad decem libras (Maladas, hoje

integrada na Igreja de Mozelos)

Ecclesiam de Milheiros e de Guayati ad centum viginti libras (Milheirós

de Poiares)

Ecclesiam de Moozelos ad viginti et quinque libras

Ecclesiam de Nogueira da Regedoira ad triginta libras (Nogueira da

Regedoura)

Ecclesiam de Oleiros ad quadraginta libras (Oleiros)

Ecclesiam de Paacoo de Brandom ad triginta et quinque libras (Paços

de Brandão)

Ecclesiam de Peieiros ad quadraginta libras (Pigeiros)

Ecclesiam de Maceeda et Rio Meyam Hospitalis (Rio Meão)

Ecclesiam de Romariz ad nonaginta libras (Romariz)

Ecclesiam de Sancti Felicis ad quadraginta libras (Sanfins)

Ecclesiam de Sangueedo ad quadraginta quinque libras (Sanguedo)

Ecclesiam Sancti Johannis de Veer ad septuaginta libras (S. João de Ver)

Ecclesiam de Sanct Georgi ad quadraginta libras (S. Jorge)

Ecclesiam de Souto ad septuaginta libras (Souto)

Ecclesiam de Sancte Marie de Valle ad quadraginta libras (Vale)

Ecclesiam de Villa maiori ad triginta quinque libras (Vila Maior)

(BN:Reservados:179:Colecção Pombalina).

O século XV é marcado pelo movimento da reforma católica

pré-tridentina que permitiu fazer remontar, à segunda metade

do século, o início de uma análise que mergulha das raízes da

nova orientação espiritual, devocional e pastoral que envolveu

Dioceses, camadas elitistas e populares, congregações e ordens

religiosas, clausuras femininas, conventos e mosteiros masculinos

e também o clero secular (MARQUES:2000: II: 9-10).

Summa de Theologia/

São Tomás d’Aquino:

in Iluminura de Portugal: pág. 285


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

105

ASPETOS POLÍTICO-ECONÓMICOS

Será no século XIII que se assiste, motivado por

um significativo surto demográfico, a um definitivo

estabelecimento das características de

paisagem agrária medieval, a qual passa pelo

desbravamento da floresta, conduzido a partir dos castros e

incitado pela construção de ermidas, e pela adoção de

novas técnicas que permitam assegurar a máxima

rentabilização das explorações agrícolas das terras aluviais,

reservando-se para o nível médio de altitude,

a implantação da zona de habitat, que, por sua vez,

tem na criação de gado uma

atividade económica complementar

(MATTOSO:1986:199).

O acontecimento da Lide do Porto foi marcante para a

destituição do rei D. Sancho II, embora as tropas fiéis ao rei

tenham saído vitoriosas desse confronto. No entanto, outros

poderes e influências, sobretudo diplomáticas se exerciam junto

do papado para destituir o rei, já há algum tempo excomungado.

E seriam estas que imporiam o seu candidato, o irmão do rei, o

conde de Bologne Sur Mer, D. Afonso.

As Inquirições Gerais de 1220 e 1258, as quais, tendo como

objetivo o estabelecimento de um cadastro da propriedade régia

na região senhorial do reino, na qual se circunscreve o espaço em

estudo, também fornecem dados respeitantes ao padroado das

igrejas, propriedade das terras e direitos pagos pelos camponeses

aos senhores.

Cultivando preferencialmente as terras aluviais divididas

em leiras, a população estabelecida nas zonas de média altitude

também utiliza, para a agricultura, os terrenos próximos das suas

habitações, ou seja, os que se localizam nas encostas dos montes.

Aproveitando a abundância de água subterrânea, através de

fontes e poços para a realização de regas frequentes, conseguem

então, em conjunto com a utilização dos detritos provenientes

das casas e dos excrementos humanos e animais, os quais

proporcionam a formação de estrume natural, enriquecer o solo

e anular, em parte, as carências produtivas evidenciadas pelas

terras resultantes da decomposição das rochas graníticas.

É assim que nas áreas de habitação se cultivam produtos leguminosos,

os quais necessitam não só de abundância em água e

estrume, como de uma constante presença humana que vigie as

D. Sancho II


106 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

D. Dinis

diversas etapas do seu crescimento. Produzidos nas cortinhas e

nas hortas, podem, em certos casos, exceder as necessidades alimentares

dos seus produtores, orientando-se os seus excedentes

para os mercados vilãos e citadinos.

De acordo com o seu razoável dinamismo demográfico

e com os imperativos decorrentes da sua principal atividade

económica, a agricultura conseguiu combinar diversas formas

de ocupação do solo, de forma a reservar quase exclusivamente

as depressões fluviais para o cultivo cerealífero e a aproveitar os

recursos da floresta, tentando estabelecer um certo equilíbrio e

complementaridade à cultura cerealífera. Equilíbrio conseguido

pelo desenvolvimento de novas tecnologias de moagem, pela

construção e manutenção de uma complexa rede de caminhos

que, permitindo de forma indireta uma máxima rentabilização

das terras mais férteis, evitasse a respetiva ocupação para habitat

e a utilização agrícola de campos a maior altitude, os quais poriam

em causa a existência do espaço florestal (ID.:IBID.:199).

Segundo José Mattoso, é a partir do Porto episcopal e senhorial

que se começa a construir, a propósito da exploração económica dos

rendimentos das igrejas e paróquias, uma memória patrimonial global

da Terra de Santa Maria (ID.:1989:38).

Esta Terra, que chegou até à margem esquerda do Rio Douro

e que foi recuando para sul, era conhecida, desde o tempo da

Reconquista como muito úbere e produtora de cereais.

Aliás, no Censual do Cabido da Sé do Porto, como se pode

verificar pela análise às censorias das freguesias que hoje fazem

parte do Concelho de Santa Maria da Feira, apresentadas no capítulo

dos aspetos religiosos deste século, refere, como formas de

pagamento, o milho, o trigo e o centeio, com predomínio deste

(65 moios, no total da Diocese), milho (59) e trigo (38) (MAR-

QUES:1968:71).

Em 1288, D. Dinis mandou proceder a inquirições procurando

saber quais eram os bens da coroa e quais os que tinham

sido ocupados por nobres e religiosos. Esta ação só foi possível

porque havia terminado há pouco, no reinado de seu pai, a conquista

definitiva do Reino.

Foram realizadas inquirições régias no julgado da Feira.

Na parrochia Sancte Marie de Maladas (Santa Maria de Meladas,

hoje extinta por ter ocorrido uma peste que dizimou quase toda

a sua população foi integrada na paróquia de Mozelos), foram

testemunhas da inquirição, então realizada, Salvador Johanes, e

Stevam Dominguez e Martin Steves, fregueses de Santa Maria

que, sob juramento, quando inquiridos, disserom que nom há hi


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

107

onrra nenhua que e que en todo entra o mordomo, o que quer dizer

que não havia, lá, terras de fidalgos, havendo assim livre acesso

ao mordomo do Rei.

Relativamente a Mozelos, há a referência seguinte;

De parrochia Sancti Martini de Moeçelos

Domingos Steves, jurado e perguntado disse en esta freguesia há

casa de cavaleyro ou de dona que defenda per onrra disse que há hi

duas quintãas de Dona Sancha no lugar que chamam Moaçelos e disse

que as viu sempre onrradas (fol. 7v.º) e disse que viu sempre delo lugar

de las pedras a suso dito nunca hi viu entrar mordomo e pero tragemno

per onrra pero entra hi o porteyro e peytam ende a voz e a coomha

e o homezio mays nom entra ala o mordomo e tragem-nos per onrra e

disse que jazem hi en esta onrra três casaes de moesteiro e das donnas

quatro casaes e en todos entra o mordomo e tragem-nos per onrra pero

disse que ouviu dizer que soyam hi entrar o mordomo e tirou-o ende

Don Pero Martinz Çaffarom que era homem poderosso assi como o el

ovoi e disse que en todo o al da freegessia entra o mordomo d’el Rey

disse que nom que o el soubesse perguntado se esta onrra foy feita por

el Rey que nom o el soubesse perguntado de que tempo disse que o nom

sabia senom que ouvira dizer que o foy do tempo de don Pero Martinz,

Duram Gonçalves de Moeçelos

Don Giraldo de Moeçelos

Setevam dicto Lavandeyra

Pero Paez da Feyra

Todos jurados e perguntados disserom en todo como Domingos

Steves de suso dicto (TT:Livro 4 das Inquirições: Fls. 4 vº-14,

transcrito em Mattoso: O Castelo e a Feira: 192, 198 e 199).

Importa esclarecer, quanto à linguagem, que estamos perante

um documento redigido no português nascente, já que foi com

D. Dinis que se iniciou a escrita em português.

A situação em Mozelos era diferente de Meladas pois havia

terras honradas, isto é, pertencentes a fidalgos e ao mosteiro de

Grijó, que tinham um estatuto diferente das que eram pertença

régia.

Para melhor compreensão do documento, aconselho a

consultar no glossário (no final do livro) os termos seguintes:

honra, mordomo, peita, quintana ou quintã e voz e coima.

Em 1290, foram proferidas sentenças das inquirições régias

de 1288 com o seguinte teor:

Item freguesia de Santa Maria (sic) de Mozelos há hy duas

quintãas de Sancho Periz donae dizem as testemunhas que as virom

Castelo da Feira, gravura de 1841


108 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Actividade Agrícola no século XIII,

Biblioteca do Mosteiro do Escorial,

Espanha

sempre honrrradas des as pedras e suso com quatro casaaes seus e três

de moesteiros em esta guisa que nom entra hy mordomo mais entra hy

o porteyro e penhora polla voz e polla coima e pelo omezio. E em todo

o al da freguesia entra o mordomo. Esteem como estaam e entre hy o

mordomo nos logares hu entra (TT: Livro de Inquirições da Beira

e Além Douro: Fls. 13vº-18, Publicado por J. da Cunha Saraiva

Inquirições de D. Dinis na Beira, Arquivo Histórico de Portugal:

Vol. II (1935):115-122).

Até à época dos Descobrimentos, Portugal esteve clara e nitidamente

voltado para a terra. Lugar-comum este, que alguns têm procurado

rebater com base em certos fatores, mais aparentes que significativos,

mas que, cada vez mais, se nos afigura corresponder à real

situação económica portuguesa. (…) Dizer-se que Portugal, durante

a Idade Média esteve virado para a terra, não é exatamente o mesmo

que afirmar uma monarquia agrária para os séculos XII, XIII, XIV

e XV. (…)

A Idade Média Portuguesa, no seu aspecto cerealífero, é uma época

que luta desesperadamente pela autossuficiência e que não se resigna

a depender do comércio externo para subsistir. (…) (MARQUES:

1968:14-15).

Este século foi abalado por várias crises, terramotos, guerras

e pestes, entre outras. Assim, em 1355, Portugal foi abalado por

um terramoto e como o mais seco que os homens viram. A este

cenário catastrófico está associado um fenómeno de alterações

climáticas.

Já em 1354, a colheita havia sido fraca o que constituiu o

início de uma crise que perdurou nos anos seguintes e em 1364,

assistiu-se a uma escassez de mantimentos por rarefação de mãode-obra,

agravada nos dois anos seguintes.

Em 1371, explode uma nova crise, desta vez motivada pelas

aventuras bélicas de D. Fernando. No ano seguinte, ocorreram

graves inundações em todo o Reino, chegando a realizarse

procissões e clamores a pedir a intervenção divina para a

suspensão da chuva. O ano de 1375 foi de seca. No período de

1384/87, as perturbações ocorridas durante o interregno fizeram

desbastar as searas. Em 1391 e em 1394, faltou o pão no Reino.

O carácter compósito das distintas parcelas do casal prestava-se

também à possibilidade da sua permanente recomposição.

Mais ou menos extensos, os casais podiam desmembrar-se ou

aglutinar-se, no todo ou em parte, ou expandir-se, sobretudo à

custa da anexação de terras retiradas do ager, respondendo assim,

e conforme a maior ou menor rentabilidade dos terrenos em

que se implantam, às necessidades decorrentes da sucessão dos


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

109

variados ritmos demográficos medievais. Por vezes, a eles se associam,

sem contudo serem sua parte integrante, os campos e as

quebradas, localizados nas franjas das zonas mais intensamente

agricultadas e que, constituindo terrenos de menos fertilidade,

resultavam das pressões demográficas ocorridas no século XIII

e XV-XVI.

Se, em certos casos, a família que ocupa e detém a respetiva

propriedade, tratando-se assim de uma propriedade vilã, na

maioria das vezes, os casais são pertença das instituições eclesiásticas,

dos nobres ou do rei, tornando-se então elementos de um

mais ou menos amplo património fundiário que se encontrava

bastante disperso (MATTOSO ET ALLI:1986:199).

Houve um acentuado decréscimo da exploração direta ao

longo dos últimos séculos da Idade Média.

Neste século, os campos de trigo, de milho ou de cevada nem

sempre obedeciam a um sistema monocultural. Assim, há vários

exemplos de trigais ou vinhas com olivais, de herdades com pão

e vinho, de pomares entremeados de trigo, campos abertos e

devassos ou rodeados de cercas. Os processos culturais da terra

não diferiram muito, ao longo dos séculos. Assim, a seguir à sementeira,

seguia-se, no tempo próprio, a ceifa e a debulha, feita

com malho ou mangual ou, simplesmente, com os pés. A debulha

estava pronta por Santa Maria de agosto.

Naturalmente que a gestão destas vastas terras não era fácil,

pela sua própria natureza e dimensão, agravada por calamidades,

pestes e guerras. A mais grave de todas elas foi a grande peste de

1348, sucedida de outras de menor dimensão que, como afirma

Luís Carlos Amaral, abalaram de forma vigorosa toda a estrutura

social tendo, como primeira manifestação, a queda demográfica

(AMARAL: 1987:36).

É possível, sem grande margem para erro, caracterizar alguns

aspetos das atividades desenvolvidas na Freguesia, nesta época,

a partir de informações contidas em documentos relativos a

freguesias vizinhas e também por comparação com a situação

vivida nos séculos posteriores.

É o que faremos, seguindo de perto o trabalho realizado por

José Mattoso e outros (MATTOSO ET ALLI:1989: 69 a 113).

A cultura cerealífera tinha uma significativa dimensão, com

particular realce para a aveia e o milho. Este era aliás o mais

fortemente tributado pelos senhorios, razão por que aparece

mais documentado que a aveia. O terceiro cereal mais cultivado

era o trigo, com a vantagem da sua mais fácil comercialização,

quer através dos senhores, quer através dos camponeses. Em

Actividade Agrícolo no século XIII,

Biblioteca do Mosteiro do Escorial,

Espanha


110 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Quotidiano do século XIII,

Biblioteca do Mosteiro do Escorial,

Espanha

menor escala na região, dadas as características do solo e porque

este cereal é pouco exigente em matéria de solos e clima, e era,

ao lado do milho, o cereal mais utilizado no consumo próprio

das aldeias. Também a cevada era cultivada, em reduzida escala,

e servia não só para a panificação, como para a alimentação do

gado.

Isto reflete-se na importância económica dos moinhos. O

moinho de água e a azenha representam o sistema axial da

indústria da moagem, em toda a Idade Média. A sua introdução

deveu-se à sua difusão, em todo o espaço colonizado pelos

romanos, já conhecidos desde o século I (AC). Aos árabes, devese

a introdução da azenha na Península Ibérica, remontando a

referência mais antiga a1087.

Estes moinhos de água e azenhas eram, normalmente, instalados

nas margens dos cursos de água, empregando-se a força da

corrente para a moagem. Só mais tarde, surgiram os moinhos de

vento, mais propriamente, desde os finais do século XII. Havia

moinhos especializados na produção de farinha de trigo, as mós

alveiras, e de farinhas de segunda, as mós segundeiras.

Relativamente ao direito de propriedade, os moinhos de

diferentes tipos eram considerados propriedade rústica ou

urbana, podendo ser objeto de foro, prazo, renda, doação ou

escambo. Cabia aos senhores da terra a iniciativa da construção

destes meios de transformação e também a sua exploração. O

proprietário/senhor de cada moinho cobrava uma determinada

importância sobre todo o pão que moía, calculada, de acordo com

a quantidade de farinha produzida. O explorador do moinho ou

de cada roda cobrava, a quem fosse lá moer o cereal, a maquia,

uma medida retirada por cada alqueire de cereal moído. O termo

ainda hoje subsiste.

As culturas do linho e da vinha tinham também expressão

significativa. Aliás, a importância dada à cultura do linho originou

a confeção de tecidos como o bragal e o merendal, também

compensadores para a economia dos camponeses. Normalmente,

o cultivo da vinha aparecia associado aos campos de cereais,

apoiados nas chamadas árvores de vinho que davam suporte ao

seu desenvolvimento.

A olivicultura era também uma atividade importante, devidamente

assinalada na designação toponímica das freguesias vizinhas

de Olival e Oliveira do Douro, em Vila Nova de Gaia e

em Olivães, em Santa Maria da Feira.

As macieiras e pereiras eram também cultivadas porque resistiam

pouco a climas quentes e também elas deram nome a fregue-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

111

sias e povoados. Havia, também nogueiras, figueiras, loureiros,

castanheiros, estes importantes pela qualidade da sua madeira e

pela importância alimentar da castanha, até ao aparecimento da

batata na Europa, após as Descobertas.

No que respeita à horticultura, coexistiam as hortas, cortinhas

que necessitavam de uma abundante mão-de-obra e cuidados

de rega e adubagem, pelo que se situavam junto das habitações

rurais. Nas cortinhas, cultivavam-se alhos, cebolas, berças, isto é,

couves e ervilhas. As hortas e outras parcelas, como as várzeas,

se fossem estrumadas, aumentavam a sua produção. Os estrumes

utilizados eram os detritos humanos ou de natureza animal,

havendo documentação que identifica a existência de gado.

Quanto à criação animal, havia, em todas as aldeias, galinhas,

frangões, capões, e ovos, que serviam de tributo pago ou devido

aos camponeses. A criação de gado complementava o cultivo dos

cereais. São referenciados, em documentos vários, equinos e bovinos,

com os quais se negociava a terra. Os bois, vacas e bezerros

serviam também para comprar terras, antes do século XIII.

No início do século XII, um boi valia 10 vezes menos que um cavalo.

Todavia, era um bom investimento vender uma propriedade

para adquirir bois, dada a utilidade deste gado no amanho da

terra. Há várias notícias, também, sobre o gado ovino e caprino

que tinham um baixo preço o que levava a repetidas queixas dos

camponeses. Na verdade, um carneiro ou uma ovelha valia catorze

vezes menos que um boi e seis vezes mais que uma galinha,

enquanto as cabras valiam um pouco menos, pois eram mais

abundantes que os carneiros. Normalmente, a produção deste

gado situava-se na zona das terras altas. Como é sabido, uma das

razões da sua relativa importância situava-se no fabrico do queijo

e da manteiga, tendo esta um significativo valor económico. O

gado suíno tinha também bastante importância. Segundo a lei da

almotaçaria de 1253, um porco de 3 anos equivalia ao preço de 4

carneiros. Naturalmente que tal resultava da múltipla utilização

da sua carne, sob a forma de presunto, a gordura consumida na

época, a pele e as vísceras para o fabrico de enchidos.

Quanto à floresta, refira-se que os juncos eram utilizados

para forrar o chão de terra batida das habitações e para as cobrir,

sendo conhecidos muitos documentos, de épocas posteriores, que

nos falam de casas colmadas. A madeira era o principal produto

extraído dos bosques, dos quais também se aproveitavam

pastagens e matos.

A pesca era abundante também nos diferentes rios e ribeiros,

com grande variedade de peixes de água doce, pescados e

consumidos pelos camponeses. Nos sítios onde o rio se espraiava

As grandes linhas do comércio

interno de cereais, in Marques,

Introdução..., pág. 148


112 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ou nas zonas de areia onde se aprisionava, foram instaladas

muitas pesqueiras, abundantemente, documentadas.

O terceiro período inicia-se com um novo recuo demográfico,

ainda que não muito significativo, para depois se atingir, nos séculos

XV-XVI, a mais elevada densidade populacional registada para a

época a que nos reportamos, a qual motiva a tentativa de um novo

reordenamento agrário. Uma crescente desflorestação, de forma a

permitir situar nas superfícies mais elevadas os núcleos habitacionais,

e uma tentativa maltusiana para reservar as planícies fluviais para

a agricultura, o que é contrariado a sul através da ocupação para

habitat de parte das terras aluviais (...) Tensão entre paisagem agrária

e paisagem de influência urbana, que se reflectirá no recrudescer dos

conflitos entre camponeses e senhores, motivados pelo pôr em causa,

por parte daqueles, da propriedade e titularidade histórica das terras

de lavoura. Assunto que, por sua vez, nos remete para a necessidade de

um exame histórico sobre os protagonistas sociais desta paisagem: os

camponeses e os senhores (MATTOSO: 1986: 20).

Do século XIV, há informações relativas a Mozelos e a

Meladas, contidas no chamado Livro das Campainhas (códice

da segunda metade do século XIV, do Mosteiro de S. Salvador

de Grijó, que tinham várias propriedades nestas duas freguesias.

Este códice contém um tombo muito antigo de todas as rendas

e foros, de pão, trigo, milho, centeio e vinho, de geiras (dias de

trabalho que os arrendatários deviam prestar no mosteiro e de

outras coisas pertencentes ao dito mosteiro).

Mozelos e Meladas pertenciam ao mandamento de Silvalde e

nele são referidas as propriedades seguintes, bem como as suas

rendas e jeiras.

Aldeia de Seitella

ADP: Livro das Campainhas do

Mosteiro de Grijó

Casais que traziam Cordeiro e que pagava 15 libras e teria de

fornecer jeiras de três homens e onde morava Antonio (?) que

pagava 4,5 libras e fornecia jeiras de três homens e ainda o lugar

onde morava Domingos dos Bois que pagava 4 libras e jeiras de

3 homens.

Segue-se a ermida de Maladas e o padroado do Mosteiro de

Grijó, e dava ao dito mosteiro uma fogaça de alqueires (sic),

meio de trigo, 2 capões e uma cabaça de vinho.

O casal do dito lugar que era trazido por Pedro que eram

dois casais pequenos e davam por ambos 5 libras e jeiras de 3

homens.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

113

Johane da Pipa que trazia dois casais em um e dava por eles

15 libras em dinheiro e jeiras de 3 homens. Somava 1,5 alqueire

de trigo, 42 libras, jeiras de 15 homens, 2 capões e 1 cabaça de

vinho.

Aldeia de Prime

Antoninho Dominguez que pagava 5 libras e jeiras de 5 homens.

Moozellos

Joham Dominguez que trazia dois casais em um e dava de

trigo pela medida do eirado 10 quairas, que eram pela medida

nova 8 quairas e jeiras de 3 homens.

Dois casais em um que trazia Domingos Pirez e dava 7 libras

e jeiras de 3 homens.

A igreja de Moozellos que era padroado do mosteiro e dava

de colheita ao prior 6 libras.

Soma 8 quairas, 18 libras e jeiras de 11 homens. (Alarcão e

Amaral: Livro das Campainhas: 28 e 29).

Agricultura medieval

Em 1366, o Prior do Mosteiro de Grijó, D. Afonso Esteves,

que logo que chegou ao mosteiro, em 20 de julho de 1363,

iniciou de imediato a sua ação elaborou um tombo de todas as

propriedades, mandou redigir dois tombos com as terras, rendas

com os seus padroados que este mosteiro tinha no tempo do seu

priorado e cujo conteúdo é muito próximo do contido no Livro

das Campainhas.

Seitella

Cordeiro traz um casal e tem carta e conteúdo que paga trigo

e foros e paga ao prior D. Afonso por todo por ano 15 libras e

teria de fornecer jeiras de três homens.

Este casal é foreiro ao mordomo-mor com 3 alqueires de

trigo pela medida velha, 9 alqueires de cevada e 1 galinha ao

reguengo, 3 alqueires de pão de vodo e dava ao paço de Mozelos

2 alqueires e 3 jeiras por ano.


114 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Cultura de cereais – trigo

Outro casal onde tinha morado António estava ermo e pagou

nesse ano 6 quairas de trigo pela medida nova. Este casal dava ao

paço de Mozelos 2 alqueires de trigo, 2 de cevada, 1 galinha e 3

jeiras de testamento. E dava ainda ao reguengo 3 alqueires de pão.

Item o casal em que morava Domingos dos Bois, trazia-o por

5 anos, sendo este o terceiro, dando em cada um 3 libras.

A Igreja de Maladas é toda em solido do mosteiro e anexa

da Igreja de Mozelos e havia de dar anualmente uma fogaça de

serviço, 2 capões e 1 cabaça de vinho.

Idem o casal que era trazido por Pedro Esteves (e outro

em que morou Antanhio, que obteve por carta para si e para

Senhorinha Martins, sua mulher e para um filho, devendo dar

em suas vidas 7 libras e o filho dar 8. Foi feito pelo Prior D.

Domingos, em 1361. A renda era de 50 libras e 3 jeiras.

Idem dava de testamento, no paço de Mozelos, 1 quaira de

trigo, 1 de cevada, 3 jeiras, 2 galinhas, de vodo meio alqueire de

pão a El-Rei 3 quairas e 1 alqueire de cevada e 2 capões.

Idem Johane da Pipa que trazia dois casais e tinha carta que

foi feita pelo Prior D. Domingos que foi feita em 1361 devendo

pagar 16 libras, e deste as dar ao Prior Afonso amor 2 libras por

3 anos, sendo este o 3º ano. E o filho que era o “pessoeiro”, tinha

o nome de Gonçalo Dominguez e devia dar 17 libras e 3 jeiras.

Estes casais eram foreiros aos mordomos, a El-Rei, ao paço,

ao vodo, assim como o casal onde morava Cordeiro.

Idem Mozelos

Capela de Meladas

Antonio Dominguez trazia 1 casal por 5 anos, sendo este o

terceiro que pagava 5 libras e jeiras de 5 homens.

Este casal era foreiro à Lavandeira da Cadinha, e dava 2

alqueires de trigo, 2 de cevada, 1 galinha de testamento 3 jeiras

por ano e 3 alqueires de pão de vodo pela medida velha.

2 casais no Souto, ante o paço de Mozelos que eram ermos

pagando por eles Joham Dominguez 12 quairas de trigo e dali a

5 anos pagaria 7 libras e jeiras de 3 homens.

Estes casais pagavam de foro, cada um ao paço de Mozelos 2

alqueires de trigo, 2 de cevada, 1 galinha, 3 jeiras e do chamado

de pão de vodo.

Dois casais que trazia Domingos Perez em que morou Gonçalo

Estevez era trazido por 10 anos, devendo dar anualmente 9 libras

e 3 jeiras.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

115

Estes casais pagavam ao paço da Lavandeira, cada um 2 alqueires

de trigo, 2 de cevada, 1 galinha, 3 jeiras por ano e 3

alqueires de pão de vodo.

A igreja de Mozelos que era todo em solido do mosteiro e

dava a colheita ao prior (ADP: Mosteiro de Grijó: ms.91).

Verificamos, pela análise deste documento, a existência de

casais ermos o que acontecia devido aos efeitos da peste negra

que reduziu dramaticamente a população do país e da região. Não

se conhece contudo a amplidão verdadeira do despovoamento

provocado na região, pelas constantes epidemias do século XIV

(Amaral: S. Salvador: 28).

Por outro lado, dá-se conta da existência de direitos sobre

algumas propriedades referidas no documento por parte de

fidalgos do chamado paço de Mozelos.

No mês de maio de 1428, o Mosteiro de Grijó fez um prazo a

Diego Gonçalves de uma propriedade no lugar de Prime, na qual

deveria fazer todas as benfeitorias e todas as coisas que pudesse

fazer para que o casal passe a valer mais, devendo pagar de renda

7 libras em moeda antiga (ADP: Mosteiro de Grijó: Liv. 0036).

Até ao século XV, foi aumentando a área de cultivo e de

pastos, na região. No entanto, verificaram-se situações graves no

abastecimento resultantes de vários fatores.

Nos últimos dois séculos da Idade Média, houve grandes

alterações na exploração tradicional da terra, por parte dos

senhores. Um dos aspetos mais visíveis residiu na diminuição

das terras em regime de exploração direta. De facto, seguindo

a tendência do resto da Península Ibérica e mesmo da Europa,

os grandes senhores religiosos e laicos foram gradualmente

substituindo a administração direta dos seus domínios pelo

estabelecimento de contratos com os camponeses. A queda

demográfica, tendo como consequências imediatas a diminuição

da mão-de-obra e o aumento dos salários, exigiu que os senhores

tomassem medidas para manter o nível dos seus rendimentos

(AMARAL: 1994: 63).

Assim, logo no início do século, as colheitas foram escassas,

tendo em 1412/1414 havido uma crise geral em toda a Europa.

Por esse motivo, havia poucos mantimentos, nesta região, não

podendo os pobres comprar o pão, tão elevado era o seu preço.

Face a tal situação, o Bispo do Porto foi obrigado a pôr à venda

metade do pão que pretendia enviar para Lisboa. Mesmo assim,

tornou-se necessário importar trigo da Bretanha, da Inglaterra e

de outros países.

Cultura de cereais – trigo


116 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 1418, o inverno foi muito rigoroso, tendo-se perdido as

sementeiras de pão e de legumes. A crise regressou entre 1422 e

1427, tendo terminado com as colheitas deste último ano. Uma

crise geral na Europa regressa entre 1436 e 1441, o que fez subir

desmesuradamente o preço dos cereais.

Entre 1452 e 1455, voltaram os problemas resultantes de

invernos rigorosos e de colheitas fracas, o que voltou a verificarse

entre 1459 e 1461, 1467 e 1468, 1472, 1473, 1475, 1478, 1484,

1488, 1490 e 1491. Conclui-se que, dos meados do século XIV

aos finais do século XV, houve 21 crises de subsistência, não só

nos grandes centros populacionais, mas também na província.

A irregularidade das condições climatéricas foi a principal

responsável pelo deficit crónico do País em cereais de consumo,

aliado a solos pobres, resultando em baixa produtividade agrícola.

ADP: 247961

SÉCULO XVI

Entre os fins do século XVI e a primeira metade do século

XVII, houve a chamada peste grande (1569), perderam-se as

colheitas entre Douro, Minho e Trás-os-Montes (1574), houve

grandes fomes (1575), houve grandes esterilidades (1578), peste

em todo o Reino (1600) e falta de pão (1671) (Amorim: O Mosteiro

de Grijó: 39 e 40).

Com uma população subalimentada, o assalto das pestes e

outras epidemias, agravados pelas guerras, fizeram diminuir o

número de braços e condicionaram também a situação. Tudo

isto é o que os historiadores economicistas falam da generalizada

contração económica da Europa.

O ano de 1496, próximo da viragem do século, marcou o

país e Mozelos. No país havia sucedido ao Rei D. João II, o

Príncipe Perfeito, o seu cunhado, mestre da Ordem de Cristo

e duque de Beja, D. Manuel, que ficaria cognominado de o

Venturoso e com ele abria-se um novo período de prosperidade

assente no comércio com as Índias, depois de Vasco da Gama ter

desembarcado em Calecute em 1498.

FORAL DA VILA DA FEIRA EM 1514

Foral de Vila da Feira em 1514

O rei D. Manuel I emitiu carta de foral à Vila da Feira, em

1514, facto este que não tem qualquer relação com o nascimento

do concelho que já tinha uma existência mais remota, mas teve


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

117

muito a ver com o desenrolar da vida quotidiana do mesmo concelho

e na Terra de Santa Maria, durante os séculos XVI, XVII, XVIII e

parte do XIX

No advento do liberalismo em 1820, tornou-se obsoleta a

continuidade da vigência dos forais e, em 1832, o pacote legislativo de

Mouzinho da Silveira exigiu a sua abolição (Ribeiro da Silva:Foral

da Vila da Feira:9).

Neste foral, surge a seguinte referência a Mozelos:

O casal de Afonso Gonçalves, que traz João Anes, dá de trigo dois

alqueires e quarta e em dinheiro vinte e sete reais. E paga para Grijó

duzentos e sessenta reais. O que costumava trazer Gonçalo Anes, trá-lo

Sebastião Afonso, dá de trigo dois alqueires e quarta e dinheiro vinte

e sete reais. O casal de Pousadela, que trouxe Heitor Ferreira, que ora

traz Afonso Anes dá trigo dois alqueires e quarta (Fl. 25), de milho

três quartas e três galinhas. E paga mais este Afonso Anes, por outro

casal, três galinhas, João do fundo da Vila, de trigo três quartas que

ora traz e paga João Dias (ID.:25).

Nos finais do século XVI, o mosteiro de Grijó celebrou os

seguintes prazos de 3 vidas em Mozelos:

Em 1523, a Gaspar Fernandes e a sua mulher Janebra Gomes

da Quinta da Fonte, que pertencia à capela dos cónegos, com

a renda de 900 reis em dinheiro, duas galinhas, de lutuosa o

mesmo e domínio de quinto;

Em 1527, a Gonçalo Anes e a sua mulher Madalina Pires de 2

casais da Seitela com a renda de 25 alqueires de trigo, 1 galinha,

5 geiras, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1528, a João Soares e a sua mulher Justa Pereira do casal

de Seitela com a renda de 22 alqueires de trigo, 2 galinhas, 6

geiras, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1532, a Beatriz Fernandes, a Alda, do casal de Seitela

com a renda de 1 alqueire de trigo, 3 alqueires de milho, centeio

11 alqueires, 2 geiras, 2 galinhas, 25 reis em dinheiro, 1,5 capão,

de lutuosa 150 reis e domínio de quinto;

Em 1545, a Madalena António, filha de Bastião António de

1/3 do casal de Vilas com a renda de 1 alqueire de trigo, 5 alqueires

de centeio, 3 alqueires de cevada, 1 galinha, o mesmo de

lutuosa e domínio de quinto;

Em 1547, a Gonçalo Afonso e a sua mulher Maria Pirez de 2/3

do Casal de Vilas com a renda de 2 alqueire de trigo, 12 alqueires

de centeio, 6 de cevada, 2 galinhas, o mesmo de lutuosa;

Em 1552, a Pedro Anes, a sua mulher Margarida Pirez e a

um filho que viessem a ter de um terço do casal em Ermilhe com

ADP: Santo Agostinho da

Serra:K/15/2-15


118 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ID.: IBID.

a renda de 7 alqueires de trigo, 2 galinhas, 12 ovos, o mesmo de

lutuosa de domínio de quinto;

No mesmo ano, Gonçalo Lopes comprou a Mercules Varela

o casal de Prime e que pagaria de renda na 1ª vida 6 alqueires de

trigo e 1 galinha na 2ª e 3ª vida 8 alqueires de trigo e 1 galinha,

lutuosa 1 arrátel de cera e domínio de quarenta;

Em 1557, a Baltasar Vasques e a sua mulher Beatriz Godinha,

do casal do Souto com a renda de 28 alqueires de trigo, 2 galinhas,

de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1563, a Dona Helena, mulher de D. Rodrigo de Crasto,

do casal de Maladas com a renda de 400 reis em dinheiro, de

lutuosa o mesmo e domínio de quinto. Os passais pertenciam

ao Mosteiro da Serra. Belchior, filho de Pantalião Pires celebrou

prazo da outra metade;

Em 1565, a Cristóvão Fernandes e a sua mulher Maria da

Cunha do casal da Seitela com a renda de 1 alqueire de trigo, 12

alqueires de centeio, 3 alqueires de milho, 2 galinhas, 2 geiras, 1

frangão, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1566, a Gonçalo Alves e a sua mulher Madalena Anes do

casal de Prime que comprara à mulher de Gonçalo Lopes com a

renda de 9,5 alqueires de trigo, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e

domínio de quinto;

Em 1568, a Belchior Gomes e a sua mulher Ana Pinta da

Quinta da Fonte, que pertencia à capela dos cónegos, com a

renda que pagará a 1ª vida em dinheiro 1000 reis, a 2ªe a 3ª vida

em dinheiro 1.200 reis, duas galinhas, de lutuosa o mesmo e

domínio de quinto;

No mesmo ano, Isabel Pirez, filha de Domingos Pirez do

casal de Seitela com a renda de 3 alqueires de centeio, 50 reis em

dinheiro, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1579, a António Fernandes e a sua mulher Maria Pires de

metade de casal de Seitela com a renda de 1 alqueire de trigo, 4,5

alqueires de centeio, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de

quinto. Foi feito prazo a Belchior, filho de Bastião Pirez da outra

metade deste casal da Seitela com a renda de 1 alqueire de trigo,

4 alqueires de centeio, 4 alqueires de milho, 1 galinha, o mesmo

de lutuosa e domínio de quinto;

Em 1581, a João Pirez e sua mulher Maria Pirez de todo o

prazo da Seitela com a renda de 1 alqueire de trigo, 12 alqueires

de centeio, 2 galinhas, 2 geiras de homem, o mesmo de lutuosa

e domínio de quinto;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

119

Em 1585, a Frutuoso Luís e a sua filha Catarina Luís do

quarto do casal de Seitela e mais terras com a renda de 8 alqueires

e quarta de trigo, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto. A 3ª

vida era Domingos Dias, de Oleiros.

No mesmo ano, Pedro Gonçalves e a sua mulher Maria Pirez

de ¾ do casal de Seitela com a renda de 8 alqueires e quarta de

trigo, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto. Sucedeu em 3ª

vida a Madalena Gonçalves;

Em 1588, a Baltasar Pinto e a sua mulher Maria Machada,

da Quinta da Fonte com a renda de 2,5 alqueires de trigo, 2

alqueires de centeio, 2 alqueires de milho, 3 galinhas, de lutuosa

o mesmo e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Domingos Simões e a sua mulher Maria

Álvares de metade de um terço do casal de Ermilhe com a

renda de 3 alqueires e 1 selamim de trigo, 1 galinha, o mesmo

de lutuosa de domínio de quinto e outro prazo a Maria Simoa,

sua irmã da outra metade do mesmo terço com a renda de 3

alqueires e 1 selamim de trigo, 1 galinha, o mesmo de lutuosa e

domínio de quinto;

No mesmo ano, a Pedro Anes e sua mulher Margarida

Fernandes do casal de Prime com a renda de alqueires e 1

selamim de trigo, 1 alqueire de centeio, 1 alqueire de cevada, 1

galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Polónia Pirez, mulher que foi de Francisco

Annes o casal do Carpinteiro, em Prime, com a renda de 5,5

alqueires de trigo, uma galinha, de lutuosa o mesmo e domínio

de quinto, quando se extinguiu a 3ª vida do prazo anterior que

era Maria Fernandes, ao pé das Aldas no Porto;

No mesmo ano, a Jorge Fernandes Coelho e a sua mulher Joana

Fernandes, moradores em Lourosela, foi emprazado a metade da

Quebrada das Eiras com a renda de 0,5 alqueire de trigo, uma

galinha, 12 ovos, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

No mesmo ano, Jorge Pirez, o Velho, e sua mulher Isabel

Lopes da outra metade da Quebrada das Eiras com a renda de

0,5 alqueire de trigo, uma galinha, 12 ovos, de lutuosa o mesmo

e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Guiomar Gonçalves, filha que foi de

Catarina Pirez, de uma casa e leira chamada das Pedras do

Entrudo, na aldeia de Prime com a renda de 1/4 alqueire de

trigo, uma galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Gaspar Álvares e a sua mulher Maria

Gonçalves da sua casa palhaça e leira do Senteiro com a renda

ID.: IBID.


120 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ID.: IBID.

de meio alqueire de trigo, uma galinha, de lutuosa o mesmo e

domínio de quinto;

No mesmo ano, a Simão Ribeiro e a sua mulher Margarida

Coelha de umas terras do casal de Prime pagava 1 alqueire de

pão meado e 12 ovos;

No mesmo ano, a João Pirez e a sua mulher Maria Pirez de ¼

de casal de Seitela que comprou a Pero Gonçalves com a renda

de 3 alqueires e 1 raso de trigo, 1 galinha, o mesmo de lutuosa e

domínio de quinto;

No mesmo ano, a Osaia e a sua irmã da metade do casal em

Prime, que se chamava da Quintã ou do Carpinteiro a cada uma

da sua parte e pelos maridos com quem casarem, filho ou filha

que vierem a ter com a renda de 5,5 alqueires de trigo e duas

galinhas;

Em 1589, a Cristóvão Pirez e a sua mulher Margarida Pirez

de 3/4 de um terço de um casal em Ermilhe com a renda de 3

alqueires de trigo, 1 galinha, 12 ovos, o mesmo de lutuosa e de

domínio de quinto.

No mesmo ano, a Maria, filha que foi de Joane Annes, e

a Catarina Fernandes de um terço do casal de Ermilhe com a

renda de 6 alqueires e quarta de trigo, 1 galinha, o mesmo de

lutuosa e de domínio de quinto;

Em 1591, a Rui Gomes e a sua mulher de 2/3 do casal de

Vilas com a renda de 2 alqueires de trigo, 35 reis em dinheiro, 10

alqueires de centeio, 4 alqueires de cevada, 1 galinha, o mesmo

de lutuosa e domínio de quinto. João Brás e sua mulher Catarina

Gonçalves fez um prazo de 1/3 deste casal e outras terras que

comprara a Pero Gonçalves com a renda de 1 alqueire e 1 selamim

de trigo, 157 reis em dinheiro, 5 alqueires de centeio, 2 de cevada

e das ditas terras ou duas leiras 1,5 alqueire de milho, 5/4 de

cevada, 1 galinha, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;

Em 1597, a João Álvares e a sua mulher de metade do casal

de Prime com a renda de 5 alqueires de trigo, 2 galinhas, de

lutuosa o mesmo e domínio de quinto (ADP: Santo Agostinho da

Serra: K/15/12 – 26: Fls. 181 a 205).

Nos finais do século XVI, havia em S. Martinho de Mozelos,

1 quebrada, 1 quinta e 6 casais, na aldeia de Ermilhe, 1/3 de

casal, na aldeia de Prime, o casal de Prime, o casal da quinta

do Carpinteiro e a quebrada das Eiras, no lugar de Mozelos, a

quinta da Fonte, na aldeia do Souto, 1 casal, na aldeia de Seitela,

2 casais e no lugar de Vilas outro casal (ID: S.M. Mosteiro de

Grijó nº 109: Fls. 261 a 266).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

121

No século XVI, o Mosteiro de Santo Agostinho da Serra

tinha uma propriedade emprazada a Maria de Jesus, em 3ª vida,

no casal de Seitela pela qual pagava de renda anual 1 alqueire e

1 selamim de trigo, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;

Outra a Sebastiana Maria, 2ª vida, nos passais da igreja pagava

de renda anual 800 reis em dinheiro, 7 galinhas, cobrando ao

rendeiro 15 alqueires de terçado, o mesmo de lutuosa e domínio

de quinto;

Outra na quinta de Meladas a Pedro Henquel, 2ª vida 550

reis em dinheiro, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto

(ID.:Santo Agostinho da Serra:K/15/2-15, Fl.25v).

Neste mesmo século, a freguesia de Mozelos pagava de renda

à Mesa Capitular da Sé do Porto 2 búzios e dois terços de trigo, 4

búzios de centeio, 2 búzios e dois terços de milho e de vinho 15,5

reis, enquanto Maladas pagava 1 búzio de trigo, 1 búzio de centeio

e 1 búzio de milho (ID.:Cabido:K/13/1/3 – 8: Fls.279 e 279v).

Em 20 de junho de1577, a freguesia de Mozelos e Maladas

pagavam as mesmas de renda à Mesa Capitular da Sé do Porto

que eram depositadas no celeiro de S. João de Ver, onde eram

pagas todas as rendas da terra de Santa Maria (ID.:IBID.:K/13/1/3

–9:Fls.440v e e 441).

Igreja do Mosteiro de Grijó



ASPETOS ECONÓMICOS, SOCIAIS E

ADMINISTRATIVOS AO LONGO DOS

SÉCULOS XVII E XVIII


Na página anterior, reprodução de TT: Casa do Infantado,

Tombo Casa da Feira, Fl.577 (ano de 1705).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

125

Portugal é caracterizado pela persistência de sérias dificuldades

de abastecimento em produtos alimentares de origem agrícola,

sobretudo de cereais, e, dentre eles o trigo, base da alimentação de

massa, e pelo estrangulamento das indústrias, ao mesmo tempo,

sob pano de fundo da contração do Império Ultramarino

(CASTRO: 1984: vol. 5: 198).

Segundo o Professor Aurélio de Oliveira, a renda agrícola,

durante o Antigo Regime e grande parte do século XIX, era

constituída, na sua esmagadora maioria, não pelos proventos advindos

das explorações diretas, mas essencialmente provenientes

das explorações indiretas, por direitos e encargos dominiais, que

ultrapassavam a natureza das formas de exploração da terra, a

posse de outros bens mobiliários ou imobiliários e até de alguns

meios de produção (OLIVEIRA:1979:3).

A difícil situação que se viveu, em Portugal, nos fins do século XVIII

e princípios do século XIX, foi um desses períodos dramáticos, em que

por toda a parte se sente o aflorar destes fenómenos, surgindo inclusive

numerosas situações de conflitos, revoltas e confrontos sociais. A gravidade

variou de lugar para lugar, e circunstancialismos específicos, em

cada caso, tornaram tais confrontos ora mais ora menos violentos.

Os campos e o mundo rural vivem, de um modo ou de outro, enredados

em crises sucessivas e constantes. O quadro e o lugar da crise do

antigo tipo é, por excelência, o campo (OLIVEIRA:1980:54).

Ombreira de casa mozelense com a

inscrição: 1691 (Murado)

Em 20 de junho de 1602, foi elaborada uma lembrança sobre

certos casais do Mosteiro de Grijó, que eram trazidos por Cristóvão

de Crasto, escrivão de Vila Nova de Gaia. O casal de Seitela

pertencia à Igreja de Mozelos, sem qualquer título do mosteiro.

Gaspar Gomes, que fora criado do mosteiro e lhe fizeram demanda

Inácio Gomes um nome do mosteiro, e correndo a demanda


126 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Centeio

de concertação, dando-lhe Inácio Gomes alguma coisa de concerto,

Inácio Gomes entrou na posse do dito casal, a qual obteve

durante alguns anos, sem título algum e depois da sua petição,

o mosteiro deu-o a António de Crasto, filho dele Inácio Gomes

para a renda do seu património para tomar ordens, deviam os

padres do mosteiro obter licença do papa para dar a fazenda ao

mosteiro em título de património. Agora, em dúvida, depois fez a

petição o dito António de Crasto para poder vender o dito casal

a uma Inês Henrique, do Porto, por 50 mil reis e teve despacho

do mosteiro para o vender com paga do domínio e fez a petição

em que pedia que o casal fosse de nomeação sem que a dita Inês

fosse a 1ª vida, nomeasse a 2ª e esta nomeasse a 3ª e ficasse o

casal livre e desembargado ao mosteiro e com esta condição não

teve esta venda efeito, ficando Inácio Gomes e seu filho na posse

deste casal, o vendeu a Cristóvão de Crasto, por 30 mil reis

e indo ao mosteiro com a carta de venda para se lhe dar o seu

consentimento e licença, o mosteiro dissimulou pelo que ele o

obrigou na forma da lei, que dentro de 30 dias ou lhe desse licença

ou o tomasse para si ao que o dito Cristóvão houvesse posse

do dito casal em o qual estava a 20 de junho de 1602. Não tinha

prazo nem título algum do mosteiro e fazia esta lembrança para

que não deixassem perder este casal, pois era seu e era fazenda

que os pais defuntos lhe deixaram para remédio das suas almas.

Neste mês de janeiro, D. Gaspar e D. Lourenço, priores do

mosteiro, fizeram esta lembrança sobre o casal de Seitela e deveriam

dar informação ao papa da venda, do caseiro que nele

estava e acharam um tal Pero Frutuoso e sua mulher Maria Pirez

que pagavam de renda anual a Cristóvão de Crasto 24 alqueires

de trigo e 2 galinhas e por uma água que o dito Cristóvão comprou

e meteu no dito casal lhe pagavam mais 1 alqueire de trigo,

1 alqueire de milho, 18 alqueires de centeio à igreja de Vilar do

Paraiso e a quinta de Mozelos que era de Domingos Homem, do

Porto pagaria 1,5 alqueire de trigo, 1,5 de cevada, 3 capões e 1

galinha.

Junto a este casal estava 1 assento de casas e 1 pomar que

eram de Margarida Fernandes e pertenciam a este casal de Seitela

de que pagavam uma cabaneira que nele estava, 4 alqueires de

milho, 1 de centeio ao dito Cristóvão de Crasto.

As terras e assento do dito casal partiam do nascente para o

Monte Murado, no norte com terras do mosteiro de Grijó, de

travessa com o mosteiro de Pedroso e do sul com a estrada que

vinha de Ovar para o Porto.

E uma mulher muito velha que ali encontraram lhe dissera

que este casal fora dado por um abade daquela igreja, pai de


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

127

Inácio Gomes que renunciara ao mosteiro, a Janebra Gomes,

sua irmã, e depois de um Gaspar Gomes, seu marido, de quem

houve Gaspar Gomes, seu filho que a este fizera Inácio Gomes

em nome do mosteiro e dele houve por concerto dando-lhe alguma

coisa, E assim se foi alheando e com o passar do tempo

prescrevera não permitia e não houve remédio se não perdê-lo

(ADP: Mosteiro de Grijó: K/15/2-11:Fls. 17 a 18).

Nos séculos XVII e XVIII, o mosteiro de Grijó celebrou os

seguintes prazos de 3 vidas em Mozelos:

Em 1603, a Frutuoso António e a sua mulher Maria Coelha

da outra metade do casal de Prime com a renda de 5 alqueires de

trigo, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1608, a Maria Machada, mulher de Baltasar Pinto, de

toda a quinta com a renda de 1.666 reis em dinheiro, 3 galinhas,

de lutuosa o mesmo e domínio de quinto. Os lavradores que traziam

esta quinta para Maria Machada e lutuosa e domínio para o

mosteiro são os seguintes a quem também se fez um prazo: Gonçalo

Jorge e sua mulher Isabel Antónia e Domingos Gonçalves e

sua mulher Maria Domingas;

Em 1638, a Francisco de França e a sua mulher com quem

casar e filho ou filha que vierem a ter da metade da Quebrada

das Eiras com a renda de 0,5 alqueire de trigo, meia galinha, 1

frangão o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;

Em 1644, a Domingos Afonso, solteiro de 1/3 do casal de

Seitela para ele e para a mulher com quem casar e para o filho

que vier a ter com a renda de 3,5 alqueires de centeio, 50 reis em

dinheiro, 1 galinha, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;

No mesmo ano, a António Carvalho a leira da Sebe do terço

do casal de Seitela com a renda de 0,5 alqueire de centeio, o mesmo

de lutuosa e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Domingos Roiz do campo do Ribeiro do

casal de Seitela nas vidas do prazo com a renda de 0,5 alqueire

de centeio o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;

Em 1647, a Francisco Vieira de Sequeira e a sua mulher Isabel

Godinha, do casal do Souto com a renda de 28 alqueires de

trigo, 3 galinhas e o mesmo de lutuosa;

Em 1652, a António Coelho e a sua mulher Maria João do

casal de Vilas com a renda de 0,5 alqueire e 1 selamim de trigo,

2 alqueires e quarta de centeio, 1 alqueire de cevada, 90 reis em

dinheiro, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;

No mesmo ano, a António Gomes, já defunto do casal de Vilas

com a renda de 1 alqueire e 1 selamim de trigo, 5 alqueires e


128 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

quarta de centeio, 2 alqueires de cevada, 17 reis em dinheiro, o

mesmo de lutuosa e domínio de quinto, a António Carvalho e a

sua mulher Maria Dias com a renda de 1 alqueire menos 1,5 selamim

de trigo, 3,5 alqueires e 1 selamim de centeio, 2 alqueires de

cevada e 17 reis em dinheiro, a Maria Gomes, filho ou filha que

vier a ter com a renda de uma quarta de trigo, 1 alqueire de centeio

e 1 frangão, A Domingos Jorge e a sua mulher Isabel Ferreira

com a renda de meio alqueire de centeio e 6 ovos, a Gaspar António

e a seu genro João Dias pela renda de uma quarta de trigo,

1 alqueire de centeio, 1 galinha, 1 frangão o mesmo de lutuosa e

domínio de quinto;

Em 1658, a João Fernandes, solteiro, cabeça no prazo de 1/3

do casal de Vilas, com indicação à margem, de que este casal

era de Seitela com a renda de 2 alqueires de trigo, 9 alqueires de

centeio, uma quarta de cevada, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo

e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Manuel Pacheco, escrivão do crime, no

Porto, como 1ª vida deste prazo, seu filho José Pacheco com 2ª

vida e 3ª vida a mulher com quem casar com a renda de 750 reis,

2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Sebastião Godinho e a sua mulher Isabel

de Carvalhal, 1ª e 2ª vida com a renda de 6 alqueires e quarta, 2

galinhas, 0,5 alqueire de cevada, de lutuosa o mesmo e domínio

de quinto;

Em 1660, a Jorge Coelho e a sua mulher Maria Fernandes,

1ª e 2ª vida e a 3ª vida o filho da sua 1ª mulher com a renda de

0,5 alqueire de trigo, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio

de quinto;

Em 1663, a João Fernandes e a sua mulher Isabel Gonçalves,

do lugar de Ermilhe, a José Gonçalves e a sua mulher Isabel

Lopes, do Sobral, a Filipe Fernandes e a sua mulher Maria Fernandes,

da Quintã, todos 1ª e 2ª vida, no casal de Ermilhe com

a renda de 7 alqueires de trigo menos, 5 selamim, 1 galinha, de

lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1666, a Maria Jorge, viúva que ficou de Bernardo Álvares,

a Bento Álvares e a sua mulher Isabel Álvares, a Domingos Jorge

e a sua mulher Maria Álvares, todos 1ª e 2ª vida no meio casal

de Prime com a renda de 5 alqueires e quarta de trigo, 1 alqueire

de cevada, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1669, a Domingos Francisco e a sua mulher Catarina

Jorge, 1ª e 2ª vida com 1/3 do casal, sito no lugar do Casal e cabeças

dele com a renda de 0,5 alqueires de trigo, 4,5 alqueires de


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

129

centeio, 2 alqueires de milho, uma quarta de cevada, 2 galinhas,

1 frangão, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1672, a João Francisco e a sua mulher Maria Domingues,

1ª e 2ª vidas, cabeças da metade do casal de Prime com a renda

de 6 alqueires de trigo, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio

de quinto;

No mesmo ano, a Filipe Fernandes e a sua mulher Mariana

Fernandes, 1ª e 2ª vidas do casal de Prime e Quintã com a renda

de 11 alqueires de trigo, 3 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio

de quinto;

No mesmo ano, a João, órfão solteiro e já defunto tinha-lhe

sido feito prazo de 1/3 do casal de Vilas em foi 1ª vida e cabeça,

com a renda de 1 alqueire e 1 selamim de trigo, 5 alqueires de

centeio, 2,5 alqueires de cevada, 1 galinha, 20 reis em dinheiro,

de lutuosa o mesmo e domínio de quinto. A este João, órfão sucedeu

sua tia Isabel Antónia em 2ª vida, filha de António Gomes

e casada com João Domingues, moradores em Anta, lugar de Ermogães,

em 3ª vida sucederá um filho ou filha que vierem a ter;

Em 1660, a João Coelho e a sua mulher 1ª e 2ª vidas e cabeças

na metade do casal Meião e das leiras com a renda de meio

alqueire de trigo, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de

quinto;

Em 1669, a Domingos Francisco e a sua mulher Catarina

Jorge, 1ª e 2ª vidas de 1/3 do casal de Mozelos com a renda de 1

alqueire de trigo, 4,5 alqueires de centeio, 2 alqueires de milho,

1 quarta de cevada, 2 galinhas, 1 frango, de lutuosa o mesmo e

domínio de quinto;

Em 1672, a Pedro Ferreira e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas do

casal de Prime com a renda de 2 alqueires e quarta de trigo, 1

alqueire de centeio, 1 alqueire de meado, 1 alqueire de milho, 1

alqueire de cevada, oito ovos, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e

domínio de quinto;

Em 1673, a João António, 1ª vida, de 1/3 do casal de Vilas

com a renda de 1 alqueire e 1 selamim de trigo, 5 alqueires de

centeio, 2 alqueires de cevada, 1 galinha, 20 reis, de lutuosa o

mesmo e domínio de quinto;

Em 1679, a Domingos João e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas e

mais quinhoeiros de ¾ do casal de Seitela com a renda de 21 alqueires

e 3/4 de trigo, 1 galinha, de lutuosa o mesmo e domínio

de quinto;


130 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

No mesmo ano, a António Álvares e a sua mulher, 1ª e 2ª

vidas de 1/3 do casal de Ermilhe com a renda de 7 alqueires de

trigo, 2 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1680, a Domingos António e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas e

3ª vida do filho ou filha que vierem a ter de ¼ do casal de Seitela

com a renda de 8 alqueires e quarta de trigo, de lutuosa o mesmo

e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Tomé Gomes e sua mulher Ana João, filho

ou filha que vierem a ter de parte do casal de Seitela com a renda

de 1 alqueire de trigo, 10 alqueires de centeio, 2 alqueires de milho,

meio alqueire de pão meado, 1 alqueire de cevada, 2 capões,

2 geiras, 1 dúzia de palha painça, 35 reis em dinheiro, o mesmo

de lutuosa e domínio de quinto;

Em 1683, a Manuel Gomes e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas e

3ª vida o filho ou filha que vierem a ter de 2/3 do casal de Vilas

com a renda de 1 alqueire de trigo, 10 alqueires de centeio, 2

alqueires de milho, meio alqueire de meado, 1 alqueire de cevada,

2 capões, 2 dúzias de ovos, 2 geiras de homem, de lutuosa o

mesmo e domínio de quinto;

Em 1690, a José Pacheco Pereira, a António Coelho e a sua

mulher Maria Francisca, a António André e a sua mulher Ana

Coelha e cada um deles 1ª, e 2ª vidas, cabeças do prazo de Mozelos

com a renda de 22 alqueires de trigo, 30 alqueires de cevada,

12 alqueires de centeio, 11 alqueires de milho, 7 geiras de

homem, 10 reis, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1693, a Domingos Álvares e a sua mulher, 1ª e 2ª vida

do casal de Ermilhe com a renda de ¾ de centeio, 2 galinhas, 1

frangão, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1708, a Manuel João e a sua mulher Maria de Carvalho,

1ª e 2ª vidas e ao filho ou filha que vierem a ter como 3ª vida de

1/3 do casal de Mozelos com a renda de 2 alqueires de trigo, 9

alqueires de centeio, 1 quarta de cevada, 2 galinhas, 1 frango, de

lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1712, a Cosme da Conceição e a sua mulher, 1ª e 2ª vidas

de 1/3 do casal de Ermilhe com a renda de 6 alqueires e quarta

de trigo, 2 galinhas, 1 frango, de lutuosa o mesmo e domínio de

quinto;

Em 1718, a Maria, solteira e o marido com quem vier a casar

como 1ª e 2ª vidas de 1/3 do casal de Ermilhe que fora emprazado

a António Álvares e a sua mulher com a renda de 7,5 alqueires

de trigo, 2 galinhas, 1 frango, 24 ovos, de lutuosa o mesmo e

domínio de quinto;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

131

No mesmo ano, a Manuel Francisco e a sua mulher Antónia

de Sousa, 1ª e 2ª vidas do campo do Cantil e da Corga, em Seitela

com a renda de 1 alqueire de centeio, de lutuosa o mesmo e

domínio de quinto;

Em 1719, a Inácio Gomes e a sua mulher Domingas de Barros,

1ª e 2ª vidas em meio casal no lugar de Vilas com a renda

de 1,5 alqueires de trigo, 6 alqueires de centeio, 2 alqueires de

cevada, 1 galinha, 2 frangos, 30 reis em dinheiro, de lutuosa o

mesmo e domínio de quinto;

Em 1721, a Albano Fernandes e a sua mulher Iria Álvares, 1ª

e 2ª vidas em 1/3 do casal de Mozelos com a renda de 4 alqueires

centeio, 1 galinha, 59 reis, de lutuosa o mesmo e domínio de

quinto;

Em 1724, a Jorge Pereira e a sua mulher Francisca Antónia,

1ª e 2ª vidas de ¼ do casal de Seitela com a renda de 6 alqueires

e quarta, o mesmo de lutuosa e domínio de quinto;

Em 1726, a Manuel Carvalho e a sua mulher Cecília João, 1ª

e 2ª vidas num assento de casas e um campo sito em Gesto pela

renda de 1 frango, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

No mesmo ano, a João Rodrigues Camarinha e a sua mulher,

1ª e 2ª vidas num assento de casas, campo e pomar, sito em

Gesto com a renda de 50 reis em dinheiro, de lutuosa o mesmo

e domínio de quinto;

No mesmo ano, a Mateus Fernandes e a sua mulher, 1ª e 2ª

vidas, numas testadas em Mozelos com a renda de 3 frangos, de

lutuosa o mesmo e domínio de quinto;

Em 1725, a Francisco Vieira e à mulher com quem casar, 1ª e

2ª vidas do meio casal do Souto com a renda de 28 alqueires de

trigo, 3 galinhas, de lutuosa o mesmo e domínio de quinto (ADP:

Santo Agostinho da Serra: K/18/3-72: Fls. 261 a 273).

O Mosteiro de Santo Agostinho da Serra começou a ser construído

em 1538, por D. João III, tendo sido chamado inicialmente

Salvador de Grijó desde 1542, altura em que nele entraram

por transferência, por bula do papa Paulo III, os cónegos de

Grijó. A partir de 1566, com regresso, também por bulas apostólicas,

dos mesmos cónegos de Grijó ao seu antigo mosteiro, ficou

a existir separado, intitulando-se então do Salvador do Porto e,

por último, de Santo Agostinho da Serra, desde 1599. Permaneceu

povoado por cónegos regrantes de Santo Agostinho, até

1822, tendo-o abandonado os seus religiosos por volta do dia 10

de julho desse ano. Passou, desde então, para a posse do Estado.

Mosteiro de

Santo Agostinho da Serra,

Vila Nova de Gaia.


132 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Cláustro do Mosteiro de Grijó

Por sua vez, o Mosteiro de Grijó foi fundado pelo clérigo

Gueterre e por seu irmão Ausindo, pelo ano de 922, e povoaram-no

os cónegos regulares de Santo Agostinho. No ano de

1542, transferiram-se os seus religiosos para o mosteiro novo

da Serra, mas não se adaptando à mudança viriam a regressar,

por volta de 1566, ao seu antigo convento. Extinto com outros

conventos da mesma ordem pelo papa Clemente XIV, em 1770,

e passando, em 1744, por venda, a propriedade particular, foi,

algum tempo depois, no ano de 1792, repovoado pelos cónegos

de Santa Cruz de Coimbra. No verão de 1833, foi abandonado

pelos seus religiosos tendo passado para a posse do Estado.

É feita esta explicação porque há um número significativo de

documentos relacionados com a história remota e mais recente

de Mozelos que fazem parte do espólio dos mosteiros de Grijó

existentes na Torre do Tombo, no Arquivo da Universidade de

Coimbra e no Arquivo Distrital do Porto.

O Mosteiro de Grijó era igualmente possuidor de várias terras

em Mozelos das quais celebrava também prazos de vidas:

Em 9 de maio de 1618, o Mosteiro de Santo Agostinho da

Serra celebrou um prazo de vidas com João Pires, do lugar do

Casal e com Domingos Francisco, das Regadas, ambos em Mozelos,

à porta do mosteiro estando o prior, cónegos conciliários e

religiosos ordenados por todo o convento, tendo sido chamados

a cabido de campa tangida.

Possuíam este casal por compra que fizeram a Constantino

de Crasto, de Vila Nova do Porto, hoje Vila Nova de Gaia, com

a autoridade do mosteiro, seu direito senhorio, tendo sido feito

aos referidos caseiros o juramento dos Santos Evangelhos, em

que puseram as mãos.

A renda, foro e pensão anual era de meio alqueire e outro tanto

de lutuosa por cada vida. O prazo tinha a seguinte composição:

-Casas principais, aidos, palheiros, currais todos derribados

com eira e cortinhas, tinham de comprido de norte a sul 25 braças,

de largo 14 partindo de todas as partes com terras do Mosteiro

de Grijó levavam de semeadura 1,5 alqueire de pão;

– Outras casas contra o poente com o seu cerrado tinham de

comprido, de norte a sul, 30 braças e de largo 8, confrontando

de todas as partes com terras do Mosteiro levava de semeadura

1 alqueire de pão;

– Campo lavradio tinha de comprido do norte ao sul 48 braças,

de largo 30 braças do nascente ao poente 60 braças confrontando

a norte com terras do Mosteiro da Serra e das mais partes

com o Mosteiro de Grijó, levava de semeadura 8 alqueires de pão;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

133

– Leira da Pereira com o comprimento do nascente ao poente

de 44 braças, de largo 15, confrontando de norte com caminho

público, de poente com terras do mesmo casal e das mais partes

com terras do mosteiro de Grijó, levava de semeadura 4 alqueires

de pão;

– Leira da Fonte, tinha de comprido 20 braças de norte a sul

de largo 19, confrontava, de poente, com terras do mesmo casal

e das mais partes com terras do Mosteiro de Grijó levava de semeadura

2 alqueires de pão;

– Campo do Reguengo, com uma terra vintaneira, tinha de

comprido 80 braças e de largo 57, confrontava de todas as partes

com o Mosteiro de Grijó e levava de semeadura 30 alqueires de

pão;

– Ribeirinha, terra vintaneira, com 57 braças de nascente a

poente, de largo 35, confronta a sul com terra de Diogo Homem

Carneiro e das mais partes com terras do Mosteiro de Grijó e

levava de semeadura 3 alqueires de pão;

– Campo da Côrrega tinha de norte a sul 40 braças e de largo

8, confrontava com terras do Mosteiro de Grijó levava de semeadura

2 alqueires de pão;

– Ribeirinho tinha de comprimento, de norte a sul, 9 braças,

de largo 4, confrontava com terra de Diogo Homem Carneiro

e com terras do Mosteiro de Grijó, levava de semeadura uma

quarta de pão;

– Choupelo do Rego e a Devesinha da Parceria, com o comprimento

de 30 braças, de largo 12, confrontava com terras do

Mosteiro de Grijó, com o mesmo casal, com montado e caminho

público, levava de semeadura 2,5 alqueires de pão;

– Cortinha de Baixo, tinha de comprido 31 braças de largo

10, confrontava de todas as partes com terras do casal e do Mosteiro

de Grijó levava de semeadura 1,5 alqueires de pão;

– Choupelo da Vinha tinha de comprido 17 braças, de largo

15, confrontava de todas as partes com terras do Mosteiro de

Grijó, tinha toda a água necessária para as hortas, uso da casa,

e eira, um dia por semana e mais um dia e noite que houve pela

compra, levava de semeadura 1,5 alqueires de pão;

– Campo do Agro, com o comprimento de 100 braças de

largo 16, confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó

e com terras do casal, levava de semeadura 10 alqueires de pão;

– Mato da Barrosa, terra vintaneira, com o comprimento de

15 braças, de largo 12, confrontava de todas as partes com o


134 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Mosteiro de Grijó e com terras do casal levava de semeadura 2

alqueires de pão;

– Leira de Baixo dos Chãos do Caniço com o comprimento

de 35 braças, de largo 12, confrontava de todas a as partes com

o Mosteiro de Grijó e com terras do casal levava de semeadura

2 alqueires de pão;

– Outra leira, no mesmo lugar, com o comprimento de 24

braças, de largo 15 confrontava de todas as partes com o Mosteiro

de Grijó e com terras do casal levava de semeadura 2 alqueires

de pão;

Ribeirinho com o comprimento de 24 braças, de largo 15,

confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e com

terras do casal, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Monte da Vessada com o monte da Riba da Ribeira, com

o comprimento de 60 braças, largo 16, confrontava de todas as

partes com o Mosteiro de Grijó e com terras do casal, levava de

semeadura 6 alqueires de pão;

Freixalinho, tinha de comprido 20 braças, de largo 8 braças

confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e com

terras do casal, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Leira do Salgueiral, terra vintaneira, tinha de comprido 50

varas, de largo 6, confrontava de todas as partes com o Mosteiro

de Grijó e com terras do casal, levava de semeadura 3 rasos de

pão;

– Leira da Areosa, com o comprimento de 120 braças, de

largura 5 terra vintaneira confrontava de todas as partes com o

Mosteiro de Grijó e com terras do casal levava de semeadura 4

alqueires de pão;

– Leira do Forno, terra vintaneira, com 207 braças e 8 de

largo confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e

com terras do casal levava de semeadura 8 alqueires de pão;

– Um cômoro abaixo com o comprimento de 20 varas e 2 de

largura confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó

e com terras do casal levava de semeadura 1 alqueire de pão;

– Duas leiras de lavoura com 87 braças de comprido e 7 de

largo confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e

com terras do casal levava de semeadura 3 alqueires de pão;

– Leira do Sobreiro, tendo de comprido 35 braças e 3 de

largo, confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó

e com terras do casal levava de semeadura 4 alqueires de pão;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

135

– Chão dos Sabudos, com 42 braças de comprido e 12 de

largo, confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e

com terras do casal, levando 4 alqueires de semeadura;

– Leira do Testamento, com 29 varas de comprido e 15 de

largo, confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó

e com terras do casal, levava de semeadura 2 alqueires de pão;

– Uma devesinha, terra vintaneira e um pedaço de monte

confrontava de todas as partes com o Mosteiro de Grijó e com

terras do casal e levava de semeadura 4 alqueires de pão (ADP,

Santo Agostinho da Serra:K18/4-8: Fls. 51v a 55, K/26/8/5-200,

Fls.105v a 112, K/15/2-12: Fls. 1 a 5).

Em 7 de Dezembro de 1625, o Mosteiro de Santo Agostinho

da Serra celebrou um prazo do casal de Meladas de três vidas,

pela renda, foro e pensão de 450 reis e outro tanto de cada vida

de lutuosa, a Manuel de Aguiar Godinho e a sua mulher Brízida

Godinha Ferreira, 1ªe 2ª vidas, e a um filho ou filha que viessem

a ter, 3ª vida, celebrado à porta do mosteiro estando os cónegos

chamados a capítulo de campa tangida.

O casal tinha a seguinte composição:

– Uma casa que era o assento do dito casal, uma casa meio

telhada e meio palhaça, com 10 braças, casa para servir de currais

e palheiros árvores de fruto ao redor, 1 bico de pomar com

uma cortinha que estava defronte da porta da ermida de Nossa

Senhora de Meladas e levava de semeadura 10 alqueires de pão;

– Outra cortinha abaixo desta que vinha entestar com a dita

ermida e levava de semeadura 10 alqueires de pão;

– Outra cortinha da banda de Aguião que estava pegada a

outro campo, junto de um combro desta cortinha, que levava de

semeadura 6 alqueires de pão;

– Outro campo pegado ao combro e uma cortinha para a

banda de baixo e levava de semeadura 3 alqueires de pão;

– Um monte chamado a Lavoura de Baixo, terra vintaneira,

para a banda do sul e levava de semeadura 30 alqueires de pão;

– Outra terra, chamada a Lavoura de Cima contra o norte,

terra vintaneira que levava de semeadura 25 alqueires de pão;

As Lavouras de Baixo que tinham dentro de si 2 pedaços de

devesa de castanho e um deles para a parte do nascente tinha de

comprido 18 braças e de largo 3, o outro pedaço teria outro tanto

como a de cima e levava de semeadura 3 alqueires de pão;

– Mais um pedaço de campo que estava entre as devesas que

levava de semeadura 2 alqueires de pão.


136 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Todo este casal estava cercado de valos ao redor e partia do

nascente com terras do mosteiro com o casal de Seitela e daí, da

parte norte, com o montado da mesma freguesia, em direção

aos Marmoirais e à Mamoa da Vila Boa, da banda do poente

com a Correga, da Correga para a banda sul direito à Cavada

da Regada e daí pelo caminho ia para moinho de Rio Maior,

acima até chegar à devesa e ao dito casal de Seitela que era do

mesmo mosteiro. Tudo ficava dentro destas confrontações sem

partir com terra algum.a

O casal deveria pagar de renda, foro e pensão anual 450 reis

em boa moeda de prata da corrente no Reino, paga em dia de

S. Miguel de setembro, às custas e riscos dos caseiros. A primeira

renda foi paga em 1625. O casal foi emprazado com todas

as suas casas, currais, palheiros, quinteiros, anteportas, campos,

leiras, devesas, montes, águas, árvores de fruto e sem ele, rotos

e por romper, entradas, saídas e serventias. Os caseiros não

podiam dar nem doar, trocar e escambar e obrigar o casal nem

nenhuma parte dele e havendo de vender o uso dele sem licença

e autoridade do mosteiro. Não deviam consentir que nas terras,

testadas ou montes dele vivessem ou fizessem casa cabaneiro ou

cabaneira, homem ou mulher de mau viver e lhes faziam este

prazo contanto que não fosse em prejuízo do mosteiro ou de

terceiros e os caseiros pagariam mais os foros, direitos a que este

casal estivesse obrigado com pena de perderem o direito ao seu

emprazamento. Chegando ao dia dos Santos de qualquer ano

sem pagarem a dita renda e que ficando de fora da apegação

qualquer coisa pequena que fosse a perderiam e que chegando o

dito dia dos Santos sem pagarem a dita renda pagariam, por dia,

200 reis (ADP: Santo Agostinho da Serra: K/26/18/3 – 250: Fls.3

a 4v) e K/72/8/5 – 260: Fls. 74 a 77).

Em 19 de janeiro de 1642, o Mosteiro de Santo Agostinho da

Serra celebrou um prazo com João Francisco, casado, com sua

mulher Maria Domingas Gomes, e outros, moradores no lugar

de Prime de metade do casal da quinta das Meladas, tendo sido

feita a respetiva apegação (ID.:IBID.:Fls. 70v a72).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

137

CASA DO INFANTADO

Criada pelo rei D. João IV em 1654-1655, a chamada Casa

do Infantado era um conjunto de bens materiais, propriedades e

rendimentos, vasto património senhorial, em sua maioria confiscados

aos apoiantes de Espanha durante o período da Restauração

da Independência. Foi extinta em 1834.

Propriedade do segundo filho do Rei de Portugal (o príncipe

que não era o herdeiro da Coroa), tal Infante possuiria assim o

título de Senhor da Casa do Infantado ou simplesmente Senhor do

Infantado. A medida visava assegurar o mantimento dos filhos segundos,

para que vivessem no Reino, e tivessem as suas casas próprias.

Procurava-se sobretudo garantir as condições de uma larga

descendência para perpetuar e dilatar o mais que pudesse o sangue

e família real. Tudo leva a crer que D. João IV estaria já seguro da

incapacidade do seu sucessor (depois Afonso VI de Portugal) para

o exercício da realeza. A base da doação foi a cidade de Beja, com o

título ducal, que pertencera ao rei D. Manuel I de Portugal. Como

esse rendimento não bastava, juntou-se-lhe o senhorio da casa de

Vila Real e de Caminha, confiscado em 1641. A doação abrangia

as vilas, lugares, castelos, padroados, terras, foros, direitos e tributos

da segunda casa, o que garantia o título de duque de Vila Real

para o filho primogénito do Infante D. Pedro. A Casa continuou

a receber novas doações da coroa: a quinta de Queluz e suas pertenças;

os palácios e casas dos Corte-Real em Lisboa, que haviam

pertencido ao 2º marquês de Castelo Rodrigo; a vila de Serpa e

seu termo com seus celeiros e os de Moura; as rendas da Ordem

Militar de Cristo de que o infante se via nomeado comendador; as

lezírias da Golegã, Borba, Mouchões e Silveira, perto do rio Tejo,

junto de São Libório, termo de Santarém; e as saboarias do Porto

e das vilas e lugares de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes.

Outras mercês foram acrescentadas depois de subir ao poder Afonso

VI, como a concessão a D. Pedro de obter anualmente 1000

quintais de pau-brasil sem pagamento de direitos; e a compra que

o mesmo efetuou a sua irmã, D. Catarina de Bragança, da cidade

de Lamego e do paul de Magos.

Assim, não era apenas a extensão dominial que definia a

Casa do Infantado, mas o conjunto dos seus rendimentos numa

vasta zona urbana e rural desde Trás-os-Montes ao Baixo Alentejo.

A sua principal riqueza era agrícola, mas beneficiava também

de interesses marítimos (Caminha, Aveiro) e ribeirinhos. Assim,

depois da Casa de Bragança a do Infantado foi a mais abastada

do Reino como domínio senhorial. (Wikipedia, a 2 de maio de

2017, às 14:54).

Brasão de Armas do

Primeiro Infante.

O Palácio Nacional de Queluz

fez parte das propriedades da

Casa do Infantado.


138 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 3 de março de 1705, a Casa do Infantado celebrou um

contrato de emprazamento de vários casais de várias freguesias

da Vila da Feira, entre as quais estava Mozelos:

Casal de Seitela

Este casal está referido no foral da Vila da Feira (Fls. 25), e

de que era cabeça Manuel Francisco e sua mulher, Maria Gomes

e de que eram também possuidores João da Costa, viúvo, e outros

e pagava de foro de 2 alqueires e quarta de cereal, 28 reis

em dinheiro, pagando ainda ao Mosteiro de Grijó, seu direito

senhorio, 260 reis. O casal compunha-se de:

– Casa em que viviam Domingos Francisco e o padre André

Alves, Manuel Francisco, João da Costa e Mateus Fernandes e

tinha currais, aidos com as suas cortinhas e um pedaço de devesa

de mato, tudo estava tapado sobre si com muro e media em

redondo por não ter outra medição tinha 425 varas, levava de

semeadura 30 alqueires de centeio, partia de nascente com João

Alves, Inácio Gomes, Domingos Coelho e Francisco Cardoso,

do poente com caminho de serventia dos casais, do norte com

monte maninho e do sul com terras do casal de Vilas de que

eram possuidor Mateus Fernandes;

– Tapado chamado da Cavada Velha com matos, pinhais,

campos e árvores, tudo tapado sobre si, medido em redondo

tinha 2.580 varas, levava de semeadura 150 alqueires de centeio,

partia de nascente com caminho que era serventia dos casais,

de poente com a leira do casal e vessada que possuía Mateus

Fernandes, do norte com terra da freguesia de Nogueira da Regedoura

e do sul com terras do mesmo casal;

– Leira do Sebe, de que era possuidor João da Costa, tinha

de comprido do norte ao sul, pelo meio, 216 varas, de largo 29,

levava de semeadura 4 alqueires de centeio, tinha um pedaço

de mato pela parte do sul, partia de nascente com a leira de Mateus

Fernandes, do poente com Manuel, solteiro, do norte com

o caminho que ia para o forno e do sul com pinhal de Mateus

Fernandes;

– Leira das Huxas de Baixo, que possuía o Padre André Alves,

tinha de comprido 81 varas e de largo 10 varas, levava de

semeadura 1 alqueire de centeio, partia de nascente com Mateus

Fernandes e outros, do norte com terras do mesmo casal e do sul

com o caminho que ia para a Cancela da Corredoura;

– Outra das Leiras de Riba que possuía João da Costa, tinha

de comprido do norte ao sul 45 varas e de largo 18, levava de


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

139

semeadura 1 alqueire de centeio, partia de nascente com Mateus

Fernandes, do poente com pinhal, do norte com caminho que ia

da Carreira da Boca da Lavoura para Arioza e do sul com Inácio

Gomes e António Cardoso;

– Outra leira das Huxas, que era possuída por Mateus Fernandes,

tinha de comprido, do norte ao sul, 30 varas e de largo

6, levava de semeadura ¼ de centeio, partia de nascente com o

dito, do poente com António Cardoso, do norte com a leira de

acima confrontada e do sul com a Carreira que vinha da Presa

do Carvalho;

– O Chão do Sobreiro que estava todo tapado sobre si, tinha

de comprido do norte ao sul, pelo meio, 79 varas e de largo,

pelo meio, 55 varas, levava de semeadura 6 alqueires de centeio,

partia de nascente, poente e norte com Mateus Fernandes, do sul

com caminho que vem da Boca da Lavoura e vai para as Vessadas

da Ariosa;

– O Monte das Covas tinha de comprido do nascente ao

poente, pelo meio, 137,5 varas e de largo 27,5 varas. Levava de

semeadura 2,5 alqueires de centeio. Partia do poente com terra

do mesmo casal e das mais partes com monte maninho;

– Monte da Propriedade tinha de comprido do norte ao sul,

pelo meio, 120 varas e de largo 115, levava de semeadura 6 alqueires

de centeio, partia de poente com terras do mesmo casal

e das mais partes com o monte maninho.

Casal de Vilas

Este casal está referido no foral da Feira (Fls 25). Foi feito o

seu emprazamento em 4 de março de 1705 tinha vários caseiros,

pagava de foro 2 alqueires e ¼ de trigo e 28 reis em dinheiro,

tinha título de prazo que fora feito pelo Mosteiro de Grijó, seu

direito senhorio, do qual era foreira a Casa da Feira e dele pagavam

anualmente 2 alqueires e ¼ de trigo e 28 reis em dinheiro.

Era composto por:

– Campo da Vinha que estava tapado sobre si medido em redondo

tinha 275 varas, levava de semeadura 4 alqueires de centeio,

partia de nascente com Monte dos Casais do Murado, do

poente com o caminho da Fonte de Vila, do norte com caminho

das Vessadas e do sul com António Francisco de Seitela e outros;

– Monte da Propriedade do Murado que media em redondo

455 varas, levava de semeadura 10 alqueires de centeio, partia

de nascente com Montado do Murado, do poente com o cami-


140 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

nho da Fonte do Carvalho, do norte com Manuel Francisco e

Domingos Francisco e do sul com o monte maninho;

– Cortinha do Brito que tinha umas casas térreas pelo sul e

outras térreas com seus aidos, tinha de comprido do norte ao sul

pelo nascente desde o cunhal das casas térreas até ao cunhal das

outras térreas, pelo nascente, 105 varas e de largo, pelo meio, 35,

levava de semeadura 2,5 alqueires de centeio, partia de nascente

com o caminho da Aldeia de Vilas, do poente com Domingos

Carvalho e Maria Antónia, do norte com a Cancela da Aldeia de

Vilas e do sul com a Carreira da Barrosa;

– Agros, cortinhas e montes do Salgueirão que pertenciam

a todos os caseiros tinham de comprido, de nascente a poente,

pela banda do sul, pegando no cunhal do curral de Francisco

Cardoso, indo o redor dos combros e divisões direito ao poente

ao monte maninho, tinha 630 varas e de largo do sul ao norte

pelo poente 108 varas e do poente ao nascente pelo norte vindo

direito até à Cortinha de Além e dali indo vadeando, ficando

de dentro desta medição até ao caminho da Fonte o redor do

Outão da Casa de João Domingues tem 592 varas, levava de

semeadura 50 alqueires de centeio, partia do nascente com o

caminho da Fonte e do poente com monte maninho e do norte

com Mateus Fernandes e terras do mesmo casal e do sul com

Mateus Fernandes;

– A Ribeira da Ponte do Fundo tinha de comprimento do

nascente ao poente, pelo meio, 65 varas e de largo, pelo meio,

27,5 varas, levava de semeadura 3 alqueires de centeio, partia

de nascente e norte com Mateus Fernandes e com o Ribeiro da

Ponte e do poente e sul com monte maninho;

– Cortinha de Além do Choupelo tinha de comprido do nascente

ao poente 165 varas e de largo do norte ao sul 137,5 varas,

levava de semeadura 8 alqueires de centeio, partia do nascente ao

poente com o monte do mesmo casal e do poente com o caminho

que ia para a cancela da Corredoura e do norte com caminho que

ia para a Corredoura e do sul com terras do mesmo casal;

– Campo da Relva com um pinhal da parte do nascente estando

tudo tapado sobre si e medido tudo em redondo, tinha

de roda 330 varas, levava de semeadura 3 alqueires de centeio,

partia do nascente com monte do mesmo casal e do poente com

Mateus Fernandes, do norte com Domingos Francisco, do casal

e do sul com o caminho da Lavoura;

– Leira das Huxas tinha de comprido de norte ao sul 20

varas e de largo 10 varas, levava de semeadura 9 alqueires de

centeio, partia do nascente com Mateus Fernandes e do poente


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

141

com pinhal de António Francisco, do norte com João da Costa e

do sul com terras do mesmo casal;

– Outra leira das Huxas tinha de comprido de norte ao sul

pelo meio 105 varas e de largo pelo meio 10, levava de semeadura

1,5 alqueire de centeio, partia do nascente com pinhal, do

poente com Mateus Fernandes, do norte com o caminho que ia

para as Vessadas e do sul com a Corredoura;

– Corredoura que era de mato e campo tinha de comprido

do nascente ao poente 440 varas e de largo pelo poente 96 e pelo

poente 86 varas, levava de semeadura 10 alqueires de centeio,

partia do nascente com António Francisco, do poente com monte

maninho e Oleiros, do norte com Mateus Fernandes e do sul

com Jorge Fernandes;

– Monte de Eirigo tinha de comprido do norte ao sul 289

varas de largo 220, levava de semeadura 20 alqueires de centeio,

partia do nascente com lavoura de António Francisco, do poente

com o montado de Nogueira da Regedoura, do norte com Campo

da Mouta e do sul com montado de Oleiros;

– Monte do Forno e campo dos Ribeiros tinha de comprido

do norte ao sul 165 varas de largo pelo sul 110 varas, pelo norte

12, levava de semeadura 5 alqueires de centeio, partia de nascente

com Mateus Fernandes, do poente com monte de Oleiros,

do norte com o mesmo casal e do sul com Francisco Cardoso e

Maria Carvalho;

– Leira da Sebe tinha de comprido do norte ao sul 224 varas

de largo 5 varas, levava de semeadura 6 alqueires de centeio,

partia do nascente com Nicolau Francisco, do norte com carreira

que ia para o forno e do sul com Mateus Fernandes, de Seitela;

– Campo do Barril com um pedaço de monte tinha de comprido

do nascente ao norte 64 varas, de largo, pegando do pé de

um carvalho grosso que estava no meio da terra lavradia até ao

caminho do Forno 40 varas, levava tudo de semeadura 2,5 alqueires

de centeio, partia do nascente com Domingos Francisco,

do poente e sul com caminho do Forno e do norte com Domingos

Francisco, dos Barris;

– Leira da Pereira, sita na Lavoura da Vila, com o comprimento

do norte ao sul pelo meio 135 varas e de largo 15 varas,

levava de semeadura 1 alqueire de centeio, partia de nascente e

poente com Mateus Fernandes, do norte com caminho que ia

para o forno e do sul com Nicolau Francisco;

– Campo da Corga tinha de comprido do nascente ao poente

pelo meio 74 varas, de largo pelo poente 52 varas e pelo

nascente 6 varas, levava de semeadura 2,5 alqueires de centeio,


142 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

partia do nascente ao norte com o caminho da Seitela, do sul

com campo de Maria Antónia, viúva e do poente com Domingos

João, da Quintã;

– Leira do Pereira que estava tapada sobre si tinha de comprido

do nascente ao poente 75 varas e de largo pelo meio 32,

levava de semeadura 3 alqueires de centeio, partia do nascente

com a estrada que vinha de Ovar, do poente com o caminho do

Reguengo, do norte com Jorge Fernandes e do sul com devesa;

– Fonte do Velho tinha de comprido do norte ao sul pelo

meio 211 varas, de largo 8,5 varas, levava de semeadura 2 alqueires

de centeio, partia do nascente com o caminho da Fonte

do Velho, do poente com Maria Antónia, do norte com o caminho

do Reguengo e do sul com estrada que vai para Rio Maior;

– Leira na Cortinha de Sinta que tinha de comprido do norte

ao sul pelo meio 92 varas e de largo pelo meio 19, levava de

semeadura 3 alqueires de centeio, partia de nascente com João

Fernandes, do norte com João Francisco e do sul com Caminho

da Cruz;

– Outra leira, no mesmo sítio, que tinha de comprido do norte

ao sul 92 varas, de largo 19, levava de semeadura 2,5 alqueires

de centeio, partia do nascente e norte com João Francisco, do

poente com Manuel Pinto, do sul com a Carreira da Cruz;

– Campo do Maçarico que tinha de comprimento do norte

ao sul 168 varas, de largo 22 varas, levava de semeadura 6 alqueires

de centeio, partia do nascente com António Alves, do

poente com terras de Francisco Pereira, do norte com a Carreira

Velha e do sul com o caminho do Cabouco;

– Campo das Relvas tapado sobre si tinha de comprido do

norte ao sul 55 varas, de largo do nascente ao poente 45, levava

de semeadura 3 alqueires de centeio, partia do nascente com Pedro

Ferreira, do poente com caminho do Avenal, do norte com

caminho da Lavoura e do poente com Pedro Ferreira;

– Leira da Cancela com umas casas que tinha de comprido

do norte ao sul pelo meio 100 varas, de largo 13 varas, levava de

semeadura 2 alqueires de centeio, partia do nascente com Jerónimo

Fernandes, do poente com caminho dos Salgueiros, do norte

com António Domingues e do sul com a Carreira da Lavoura;

– Ribeira de Usins que estava de devesa e ribeira que tinha

de comprido de nascente ao poente 75 varas, de largo 55, levava

de semeadura 4 alqueires de centeio, partia de nascente com

Jorge Fernandes, do poente com João Coelho, de Lourosa, e do

norte e do sul com António André;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

143

– Os campos chamados do Ermo que estavam tapados com

valos e sebes e medido tudo junto tinham de comprido do nascente

ao poente 117 varas, de largo do norte ao sul 46 varas,

levava de semeadura 7 alqueires de centeio, partia do nascente e

norte com Manuel António, de poente com o rio de Prime e do

sul com Jorge Fernandes;

Casal de Grijó

Estava no lugar de Prime e pagava de foro 2 alqueires e ¼ e

2 galinhas;

Casal do Penedo

– Devesa do Rapigo com um pinhal e mato, toda tapada sobre

si, tudo medido em redondo tinha 280 varas, levava de semeadura

16 alqueires de centeio, partia do nascente com Reguengo

do Fundão, do poente com o campo do Marujal, do norte com

terras de Grijó e do sul com Pedro Ferreira e outros;

– Campo do Lenteiro com casas térreas e estava tapado sobre

si, media em redondo 220 varas, levava de semeadura 3 alqueires

de centeio, partia de nascente com João Azevedo, do poente

com Carreira do Rio, do norte com monte maninho e do sul

com João Francisco;

– Outra leira do Lenteiro que tinha de comprido do norte ao

sul 55 varas, de largo 6 varas, levava de semeadura 1 alqueire

de centeio, partia do nascente e poente com João de Azevedo, do

norte com monte maninho e do sul com Manuel Pinto;

– Cortinha da Porta, que tinha umas casas térreas, estava

tapada sobre si, medida em redondo tinha 385 varas, levava de

semeadura 10 alqueires de centeio, partia de nascente com a Carreira

que ia ao Rio, do poente com o rio de Prime, do norte com

Manuel Fernandes e do sul com Rafael Alves;

– Assento de Prime com casas térreas, cortinhas, devesas de

castanho, pinhais e matos com seus pousados, estando tudo tapado

sobre si com combros e valos e medido em redondo tinha

830 varas e passava pelo meio ao pé dos campos de devesa do

Rio da Fonte, levava de semeadura 50 alqueires de centeio, partia

do nascente com a Carreira do Avenal e Salgueiro, do poente

com Domingos Gonçalves e outras, terras foreiras, religiosas de

S. Bento da Cidade do Porto e do norte com a carreira do Ermo

e do sul com monte do mesmo casal:


144 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Leira de Malpica, que tinha de comprido do norte ao sul

110 varas, de largo pelo meio 20 varas, levava de semeadura 2

alqueires de centeio, partia do nascente e sul com a Carreira da

Malpica, do poente com terras de Grijó e do norte com Manuel

António;

– Serrado do Cavouco com terras lavradias e pinhais estando

tudo tapado sobre si indo em redondo, começando a mediçãoda

Cancela do Cavouco indo pelo norte, voltando pelo nascente

e vindo em redor do Rio a fechar na mesma Cancela donde

começou, tinha 778 varas, levava de semeadura 12 alqueires de

centeio, partia de nascente com monte de Baltasar Pereira, do

poente com a Carreira de Malpique, do norte com Domingos

Gonçalves e do sul com rio de Lourosela;

– Matos de Gunxeira com devesas de castanho e matos, tudo

estava tapado sobre si com combros e paredes e medido em redondo

tinha 990 varas, levava de semeadura 50 alqueires de centeio,

partia do nascente com a Carreira Velha e as Gunxeiras de

Lourosela, do poente com Matias Alves e outros, do norte com

terras do mesmo casal e do sul com monte maninho;

– Devesa do Ermo que tinha de comprido do norte ao sul

77,5 varas, de largo 18 varas, levava de semeadura 1 alqueire de

centeio, partia do nascente e sul com o Rio do Ermo e do norte e

poente com João Azevedo (TT:Casa do Infantado: Fls.57 a 594).

Em 5 de maio de 1712, o Mosteiro de Grijó celebrou um

prazo de vidas do casal de Ermilhe com Cosme da Conceição e

com sua mulher Maria do Espírito Santo, 1ª e 2ª vidas e o filho

ou filha que vierem a ter como 3ª vida. Tinha a seguinte composição:

– Assento de casas, quinteiros, palheiros e 2 choupelos levava

de semeadura 3 alqueires de cereal;

– Campos com seu mato, entrando nas Fontainhas levava de

semeadura 8 alqueires de cereal;

– Duas leiras de monte, chamadas as Covas levava de semeadura

8 alqueires de cereal;

Quinhão, nos Sabudos da Marinha, mais a Ribeira de Ermilhe

levava de semeadura 10 alqueires de cereal;

– Cortinha com o seu mato levava de semeadura 7 alqueires

de cereal;

– Devesa da Fonte com o seu choupelo levava de semeadura

2 alqueires de cereal;

– Campo da Centieira, que era monte, levava de semeadura

10 alqueires de cereal;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

145

– Três leiras na Lavoura do Campo Verde levava de semeadura

10 alqueires de cereal;

– Devesa no Campo de Prime levava de semeadura 1 alqueire

de cereal.

Este prazo tinha a renda, foro e pensão anual de 6 alqueires

de trigo, meio alqueire de cevada, o mesmo de lutuosa e domínio

de quinto (ADP: Mosteiro de Grijó: K/18/4 – 8).

Em 14 de janeiro de 1720, celebrou um prazo de três vidas, do

casal de Prime, com Armando Alves com a mulher com quem se

casasse como 2ª e 3ª vidas e com o filho que viessem a ter como

3ª vida e mais comedores. O casal tinha a seguinte composição:

– Aposento de casas, eira, quinteiros, horta e palheiro que

levava de semeadura 1 alqueire de centeio;

– Campo do Ermo que levava de semeadura 3 alqueires de

centeio;

– Choupelo do Avenal que levava de semeadura 2 alqueires

de centeio;

– Leira da Cancela que levava de semeadura 2 alqueires de

centeio;

– Leira da Malpica que levava de semeadura 6 alqueires de

centeio;

-Leira de lavoura, chamada a Cortinha de Riba que levava de

semeadura 1 alqueire de centeio;

– Metade da Cortinha da Figueira, também chamada Cortinha

da Cruz ou do Lenteiro que levava de semeadura 3,5 alqueire

de centeio.

O casal pagava de renda anual 5 alqueires e quarta de trigo,

1 alqueire de cevada, de lutuosa outro tanto da renda anual e

domínio de quinto (ADP: Mosteiro de Grijó: K/18/4- 9: Fls.199v

a 200).

Em 30 de junho de 1721, o Mosteiro de Grijó celebrou um

prazo de vidas do casal de Seitela a Manuel Pereira e a sua mulher

Cecília Francisca, 1ª e 2ª vidas, e que tinha a composição

seguinte:

– Aposento de casas, eira, quinteiro e pousio levava de semeadura

6 alqueires de cereal;

-Cortinha das Eiras e Devesa da Leirinha com vinhas levava

de semeadura 10 alqueires de cereal;

– Campo do Bacelo levava de semeadura 2 alqueires de cereal;


146 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Leira de lavradio e mato e Campo Chão do Freixal levava

de semeadura 10 alqueires de cereal;

– Outra leira do Freixal levava de semeadura 1 alqueire de

cereal;

– Uma leira de mato, no Monte de Fora da Fonte do Velho

levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Outra leira no Freixal levava de semeadura 6 alqueires de

cereal;

– Monte e campo do Chãozinho levava de semeadura 6 alqueires

de cereal;

– Pinhal dos Chãos levava de semeadura 3 alqueires de cereal;

–Uma leira no monte da Lavoura, chamada leira do Salgueiral,

levava de semeadura 1,5 alqueires de cereal;

–Uma leira na Cancela da Corredoura levava de semeadura

6 alqueires de cereal;

– Uma leira no monte da Areosa levava de semeadura 6 alqueires

de cereal;

Uma leira de mato levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Pinhal do Forno e da Côrrega levava de semeadura 2,5

alqueires de cereal;

– Leira do Pereira levava de semeadura 4 alqueires de cereal;

– Vessada de Baixo levava de semeadura 6 alqueires de cereal;

– Leira do Chão de Baixo, levava de semeadura 4 alqueires

de cereal;

– Leira do Chão do Sobreiro levava de semeadura 1 alqueire

de cereal.

Este prazo pagava de renda 11,5 alqueires de trigo, o mesmo

de lutuosa e domínio de quinto (ID.:IBID.: K/18/4-8: Fls. 138

a 145).

Em 8 de maio de 1724, o Mosteiro de Grijó celebrou um prazo

de 3 vidas de metade do casal de Prime com Brízida, solteira,

1ª vida, o homem com que viesse a casar, 2ª vida, e o filho que

viesse a ter, 3ª vida.

O meio casal compunha-se de:

– Ribeira e Devesa do Moinho, levava de semeadura 8 alqueires

de cereal;

– Leirinha do Ermo, levava de semeadura 5 alqueires de cereal;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

147

– Leira do Cancelo, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Leira da Relva, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Leira do Cavouco, levava de semeadura 1 alqueire de cereal;

– Leira da Malpica, levava de semeadura 3,5 alqueires de

cereal;

– Uma leirinha de monte, 3/4 a mato, levava de semeadura

2 alqueires de cereal;

– Leira da Cortinha de Cima, levava de semeadura 6 alqueires

de cereal.

A renda, pensão e foro anual era de 6 alqueires de trigo, o

mesmo de lutuosa e domínio de quinto (ID.:IBID.: K/18/4-10:

Fls. 215 a 219).

Em 5 de agosto de 1724, o Mosteiro de Santo Agostinho da

Serra celebrou um prazo ao Padre José Palmer Xavier, da cidade

do Porto, da Quinta das Meladas que medida em redondo tinha

1117 braças, sempre à roda da parede, indo da parte do nascente

para o poente onde estavam os marcos que partiam com Lamas

e Paços e donde estavam no cano da quinta da parte de fora moradores

de Paços, distante 17 passos da capela.

Dentro da medição, estava a capela da invocação de Nossa

Senhora de Agosto, casas sobradadas de pedra, palheiros, cortes,

pomares, terras lavradias, pinhais, devesas de castanho e seus

currais, moradias para os caseiros tudo dentro da quinta e dentro

da medição que foi feita sempre à roda.

Tinha mais, da parte de fora da quinta, o campo dos Carvalhos

que estava tapado e em redor da parede, havia muitas árvores

de castanheiros, carvalhos, sobreiros, uma nogueira e muitos

pinheiros e levava de semeadura 170 alqueires de centeio. Estas

terras eram foreiras ao Mosteiro de Grijó. Partilhavam com outras

terras águas, serventias e coisas semelhantes.

Pagavam os direitos segundo os forais e os costumes antigos

e pagavam de renda 550 reis e 5,5 tostões, pelo S. Miguel de setembro,

em dinheiro de contado, de lutuosa a renda de um ano

e domínio de quinto ID.: Santo Agostinho da Serra: K/26/18/4 –

255: Fls. 197 a 202).

Em 25 de setembro de 1724, o Mosteiro de S. Salvador de

Grijó emitiu um alvará de prazo e aforamento sobre um campo

então chamado do Cantil e agora denominado da Corga, no

lugar de Seitela e que então se achava sem título e por isso foi

agora emprazado de novo com a renda e pensão anual de um

alqueire de centeio, a Manuel Francisco e a sua mulher António

de Sousa, do lugar da Quintã da freguesia de Mozelos. O campo

Porta da casa da Quintã

Carvalho secular na

Quinta de Meladas


148 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Curral antigo adaptado

tinha de comprido de norte a sul 30 braças e de largo 6,5 braças

da parte do sul e 22,5 braças pela parte do norte, confrontando

com a Carreira da Barrosa e pelo poente com terras do Mosteiro

da Serra e prazo da Barrosa (ID.:, Mosteiro de Grijó, Lv. 82 –

K/18/3: Fls. 102 a 103v).

Em 7 de janeiro de 1725, o Mosteiro de Santo Agostinho da

Serra celebrou um contrato de emprazamento em três vidas de

um quarto de casal, sito em Seitela a Jorge Pereira, a sua mulher

e aos mais comedores que tinha a seguinte composição:

– Aposento de casas, aidos, quinteiro, eira, pomar, horta e

cortinhas e levava de semeadura 2 alqueires de centeio;

– Leira de Devesinha levava de semeadura ¾ de centeio;

– Leira da Possa na Cortinha de Baixo levava de semeadura

1 alqueire e 1/4 de centeio;

– Campo de Baixo levava de semeadura 6 alqueires de centeio;

– Campo do Lameiro levava de semeadura 7 alqueires de

centeio;

– Chão do Sobreiro levava de semeadura 1,5 alqueire de

centeio;

– Leira da Pereira levava de semeadura 6 alqueires de centeio;

– Leira da Vessada levava de semeadura 2 alqueires de centeio;

– Leira do Forno levava de semeadura 3 alqueires de centeio;

– Duas casas com seus quinteiros, um curral, um campo junto,

chamado a Lavourinha levava de semeadura 1,5 alqueires de

centeio;

– Leira da Pereira, em Gesto levava de semeadura 3/4 de

centeio;

– Outra leira da Pereira, ali pegado levava de semeadura 5

alqueires de centeio. Levava de semeadura 2 alqueires de centeio

(ID.: Santo Agostinho da Serra: K/18/4-11: Fls. 80v a 87v).

Em 10 de fevereiro de 1727, o Mosteiro de Grijó celebrou um

prazo de vidas de propriedades sitas em Mozelos a Domingos

dos Santos, morador em Vila Nova de Gaia que a deu a seu filho

Domingos Pereira dos Santos.

Pagava de renda, foro e pensão anual meio alqueire e 1 selamim

de trigo, 3/4 de frango, o mesmo de lutuosa e domínio

de quinto.

Era constituído pelo Monte de Erigo com a sua côrrega. Tinha

de comprido do norte a sul pela parte do nascente medido


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

149

pela Lavoura de Vilas 95 braças, cada uma delas com 10 palmos.

A medição principiou de um marquinho que estava ao pé da

parede da Lavoura de Vilas até outro marco que fica a norte.

Na cabeça do sul, estava outro marco. Do nascente ao poente

principiava e acabava a medição até outro marco que estava na

côrrega, da parte sul ao marco que fazia a divisão que estava

na côrrega, tinha 120 braças, medida de largo tinha 9 braças

e principiando a medir a côrrega da parte do sul, onde fazia a

divisão com o monte de Oleiros, conforme a demarcação tinha

155 braças, sempre cordeando os marcos até fechar no valo da

Lavoura ao pé do primeiro marquinho tinha 30 braças da parte

do nascente com a Lavoura de Vilas e do poente e norte com o

montado que levava de semeadura 30 alqueires de centeio.

Tinha outra correguinha para a parte do poente que levava

de semeadura 2 alqueires de centeio (ID.: Mosteiro de Grijó:K/18/4

-12).

Em 28 de maio de 1731, o Mosteiro de Grijó celebrou um

prazo de 3 vidas do casal de Prime com João Alves e sua mulher

Brites de Assunção, (1ª e 2ª vidas) e era composto por:

– Choupelo das Agras, com a semeadura de 5,5 alqueires de

cereal;

– Cortinha de Atães, com a semeadura de 6 alqueires de cereal;

– Cortinha com uma casa com 2 figueiras e outras árvores de

fruto, com a semeadura de 4,5 alqueires de cereal;

– Campo de Avenal, lavradio, com a semeadura de 5,5 alqueires

de cereal;

– Monte do Outeiro com um moinho, com um monte com

uns moinhos, pinhal, um pedaço de corga, hortas e lameiros com

a semeadura de 3 alqueires e quarta de cereal;

– Campo lavradio, no sítio do Rapigo, que tinha pegado um

lameiro, que havia sido uma corga, com a semeadura de meio

alqueire de cereal;

– Campo da Cavadinha de terra lavradia, com um aposento

de casas e pomar, com a semeadura de meio alqueire de cereal;

– Leira da Goda, com a semeadura de 4 alqueires de cereal.

O casal pagava de renda anual pelo S. Miguel de setembro, 3

alqueires e quarta de centeio, 1 alqueire de milho, 1 alqueire de

pão meado, 1 alqueire de cevada, 2 galinhas, 12 ovos, o mesmo

de lutuosa e domínio de quinto (ID.:Mosteiro de Grijó: K/18/4-13:

Fls. 319 a 324).

Figueira


150 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Aido antigo adaptado

Em 5 de junho de 1731, o mosteiro de Grijó celebrou um prazo

de meio casal de Ermilhe, a José, solteiro, 1ª vida, e à mulher

com quem casar, 2ª vida. Tinha a seguinte composição:

– Aposento de casas, currais, aidos, quinteiro, palheiros, hortas,

pomar e terra lavradia, com a semeadura de 2 alqueires de

cereal;

– Cortinha pegada aos aposentos, com a semeadura de 4

alqueires de cereal;

– Leira da Covinha, com a semeadura de 4 alqueires de cereal;

– Monte da Devesa do Gestal, com a semeadura de 3 alqueires

de cereal;

– Ribeira Nova com as suas uveiras, com a semeadura de 2,5

alqueires de cereal;

– Linhar, com a semeadura de 3 alqueires de cereal;

– Leira da Lavoura, com a semeadura de 4 alqueires de cereal;

– Campo verde com um pinhal, com a semeadura de 10 alqueires

de cereal.

Este meio casal pagava de renda, foro e pensão anual 7 alqueires

de trigo menos 1 selamim e uma galinha (ID.:IBID.:

K/18/4-13: Fls. 326 a 330).

Em 19 de abril de 1733, o Mosteiro de Santo Agostinho da

Serra celebrou um prazo de vidas do Casal de Gesto com Domingos

da Silva e sua mulher Ana da Silva que tinha a seguinte

composição:

– Aposento de casas, aidos, palheiros e eira;

– Campo do Chão com uma leira levava de semeadura 1

alqueire de centeio;

– Leira da Presa levava de semeadura 2 alqueires de centeio;

– Outra leira levava de semeadura 2 alqueires de centeio;

– Ribeira das Cavadas levava de semeadura 1 alqueire de

centeio;

– Relva do Regadio levava de semeadura 1 alqueire de centeio;

– Devesas Velhas levava de semeadura 2 alqueires de centeio;

Gesto do Forno, terra vintaneira, levava de semeadura 1,5

alqueire de centeio;

– Cavada Velha, terra vintaneira, levava de semeadura 3 alqueires

de centeio;

– Monte das Covas levava de semeadura 1,5 alqueire de centeio;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

151

– Devesa da Cortinha levava de semeadura 1 selamim de

centeio;

– Choupelo de Baixo levava de semeadura 0,5 alqueire de

centeio;

– Leira da Cortinha de Baixo levava de semeadura 1,5 alqueire

de centeio.

Este prazo pagava de renda anual 2 alqueires de milho, 2

de centeio, 4,5 de trigo, uma quarta de cevada, 2 galinhas e 1

frango, de lutuosa a renda de um ano e domínio de quinto (ID.:

Santo Agostinho da Serra: K/18/4-14: Fls. 88 a 94).

Em 19 de abril de 1733, o Mosteiro da Serra celebrou um prazo

de três vidas de um terço do casal, sito no lugar do Casal, a

Domingos da Silva e a sua mulher Ana da Silva, 1ª e 2ªvidas, e a

mais possuidores. O terço do casal tinha a seguinte constituição:

– Casas, aidos e palheiros;

– Uma leira no campo do Chouso, com a semeadura de meio

alqueire de pão;

– Outra leira no mesmo lugar com a semedadura de 6 alqueires

de pão;

– Leira da Presa com a semeadura de 1,5 alqueire de pão;

– Ribeira das Cavadas com a semeadura de 1 alqueire e 3

quartas de pão;

-Relvado de regadio e umas devesas velhas com a semeadura

de 2 alqueires de pão;

– No Gestal do Forno que era mato com a semeadura de 1,5

alqueire de pão;

– No monte da Cavada Velha, uma terra vintaneira com a

semeadura de 3 alqueires de pão;

– Fora de monte, 4 leiras com a semeadura de 3 quartas de pão;

– Devesa da Cortinha com a semeadura de 1 alqueire de pão.

Pagava de renda, foro e pensão meio alqueire de trigo, uma

quarta de cevada, 2 alqueires de milho, 2 galinhas,1 frango, outro

tanto de lutuosa por cada vida e domínio de quinto (ID.:

IBID.:Fls. 88 a 94).

Em 6 de outubro de 1735, o Mosteiro da Serra celebrou um

prazo de vidas de umas leiras de terra, em Prime com António

da Costa e com sua mulher Maria Francisca, 1ª e 2ª vidas, e a

um filho ou filha que viessem a ter, e a mais possuidores, com

todas as suas testadas, entradas e saídas e serventias novas e

antigas, águas de regar e tudo o mais que era costume pela ren-

Casa da Quintã


152 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Rio de Prime

da, foro e pensão anual, paga em dia de S. Miguel de setembro

de 3 quartas de centeio, duas galinhas, um frango, o mesmo de

lutuosa que a renda anual por cada uma das vidas e domínio de

quinto (ID.:IBID.:K /18/4-14: Fls.183 a 186v).

Em 17 de maio de 1745, o Mosteiro de Santo Agostinho da

Serra celebrou um prazo de três vidas a vários casais do Casal

de Seitela, a Pantalião Pereira e a sua mulher Ana Francisca, 1ª

e 2ªvidas, pela renda de 1 alqueire e 1 selamim de trigo, lutuosa

de um ano de renda e domínio de quinto.

O casal constava de um assento de casas térreas, telhadas e

colmadas com seus currais, quinteiros, aidos, palheiros, pomares

de árvores de fruto e sem fruto, algumas latadas, duas cortinhas

chamadas de Seitela.

Como todos os prazos da época os diferentes elementos a

eles pertencentes eram medidos em varas, pelas diferentes confrontações,

sendo também indicados os seus confrontantes. Contudo,

em algumas unidades, com características peculiares, as

medições eram feitas em redondo.

No fim de cada breve descrição das parcelas, é indicada a sua

semeadura, isto é a quantidade de alqueires que lá se poderiam

semear. Neste prazo como na generalidade dos outros da época,

o cereal lançado à terra era o centeio.

Este conjunto fundiário tinha direito em cada semana 1 dia

de água de rega da presa do Monte de Vilas e, além disso, tinha

a água que vinha do rego e do qual podia tirar todos os dias para

as cebolas, hortas e serviço de casa, Todo o assento levava de

semeadura 12 alqueires de centeio.

Para além deste assento, a apegação feita constou das seguintes

unidades:

– Cortinha de Baixo, Cortinha de Riba, com uma casa, Cortinha

das Abelhas, que era terra lavradia e tinha umas casas velhas,

videiras, árvores de fruto e sem fruto e levava de semeadura

5 alqueires de centeio;

– Campo do Rego da Lavoura que levava de semeadura 1

alqueire de centeio;

– Campos do Testamento de Cima e do Testamento de Baixo,

terras lavradias com seus carvalhos e uma testada de devesas

e levava de semeadura 6 alqueires de centeio;

– Chão do Sobreiro, lavradio, levava de semeadura 1,5 alqueire

de centeio;

– Leira da Cabeça na Lavoura de Seitela, a mato e pinhal e

levava de semeadura 8 alqueires de centeio;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

153

– Outra leira de mato, no mesmo sítio que levava de semeadura

7 alqueires de centeio;

– Leira da Pereira da Lavoura, que era de monte e levava de

semeadura 2 alqueires de centeio;

– Leira de Além, terra lavradia, e levava de semeadura 1,5

alqueire de centeio;

– Leira da Testada da Valada do Forno levava de semeadura

5 alqueires de centeio;

– Leira do Pinhal do Forno com pinheiros e monte levava de

semeadura 2 alqueires de centeio;

– Pedaço de pinhal e mato chamado a Costa do Forno levava

de semeadura 1 alqueire de centeio;

– Leira da Cancela da Torre que era devesa com uma testada

de mato levava de semeadura 10 alqueires de centeio;

– Pinhal do Freixal e devesa do Freixal, terra lavradia levava

de semeadura 15 alqueires de centeio;

– Leira do Salgueiral a mato levava de semeadura 5 alqueires

de centeio;

– Campo das Covas da Raposa, terra lavradia, levava de semeadura

8 alqueires de centeio;

– Vessada de Entre os Montes levava de semeadura 3 alqueires

de centeio;

– Vessadinha de mato e devesa levava de semeadura 3 alqueires

de centeio;

– Leirinha de Baixo, terra lavradia levava de semeadura 1,5

alqueire de centeio;

– Ribeirinha de Riba, terra lavradia levava de semeadura 4

alqueires de centeio;

– Campo do Chão, terra lavradia levava de semeadura 8

alqueires de centeio;

– Corguinha, terra lavradia levava de semeadura 0,5 alqueire

de centeio;

– Campo da Corga com pinheiros e devesas de castanho levava

de semeadura 25 alqueires de centeio;

– Chão da Cova, devesa de castanho e mato levava de semeadura

2 alqueires de centeio;

– Leira da Pereira, terra lavradia levava de semeadura 5 alqueires

de centeio;

Parque do Coteiro


154 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Campo Chão, terra lavradia com casas, eira, pomar, cortava

com terra lavradia, devesa de castanho, pinhal, mato, latada com

árvores de fruto levava de semeadura 12 alqueires de centeio;

– Campo do Jardim, terra lavradia com suas casas, pomares,

latadas e árvores de vinho levava de semeadura 1,5 alqueire de

centeio;

– Monte da Propriedade contava de casas, eira, mato e pinhal,

árvores de fruto levava de semeadura 4 alqueires de centeio.

Este monte era chamado no prazo anterior Monte de Sabudo

da Propriedade;

– Um aposento junto do assento de casas que constava de

casas, currais e quinteiros, levava de semeadura 0,5 alqueire de

centeio;

– Outra leira lavradia levava de semeadura 1,5 alqueire de

centeio;

– Campo da Vessada do Forno que era de devesa levava de

semeadura 5 alqueires de centeio (ID.:IBID.: K/15/12 – 26: Fls.

181 a 205).

Em 1750, o Mosteiro de Grijó recebia os seguintes foros de

prazos que tinha na freguesia de Mozelos:

Vilas

Gabriel Pereira e sua mulher Maria Alves pagavam de renda

5 selamins de trigo, 2 alqueires e 2 selamins de centeio, 2 selamins

de cevada, 100 reis em dinheiro, o mesmo de lutuosa e

domínio de 5-1;

José Gomes de Sá e sua mulher Isabel Maria Fernandes, do

lugar do Casal no prazo que emprazaram a Venceslau Pires de

Carvalho pagavam de renda meio alqueire de trigo, 4,5 alqueires

de centeio, 2 alqueires de milho, ¼ de cevada, 2 galinhas, 1

frango, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1;

José Gomes de Sá em parte do Casal de Seitela, prazo renovado

a Maria de Jesus, solteira com a renda de 1 alqueire de trigo,

10 de centeio, 2 de milho, ¾ de meado, 1 de cevada, 2 capões,

2 geiras, palha 4 feixes, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1;

Manuel do Couto, da Portela de Nogueira, viúvo de Ana

Fernandes num casal pagava de renda 1 alqueire e 2 selamins de

trigo, 4 alqueires e 2 selamins de centeio, 2 selamins de cevada,

1 galinha, 1 frango e 30 reis em dinheiro;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

155

Manuel Carvalho no mesmo e com renda de ¼ de trigo, 1

alqueire de centeio e 1 frango;

Inácia Maria no mesmo com a renda de ½ alqueire de centeio,

10 ovos, o mesmo de lutuosa e domínio de 5- 1;

José Francisco de Sá e sua mulher Isabel Francisca num terço

de casal em que António Alves Fardilha fora 3ª vida com a renda

de 1 alqueire de trigo, 2,5 alqueires de cevada, 4,5 de centeio, 1 galinha,

20 reis em dinheiro, o mesmo de lutuosa e domínio de 5 -1;

António Guedes da Rocha num terço do casal sito no Casal

em que Isabel, filha de Albano Fernandes fora 3ª vida com a

renda de 4,5 alqueires, 1 galinha, 50 reis em dinheiro, o mesmo

de lutuosa e domínio de 5-1;

Celestino Alves da Costa, da Igreja, de Oleiros e sua mulher

Luisa Alves com a renda de 1 selamim de trigo, 6 selamins de

centeio, 1 frango, tudo pago em dinheiro e domínio de 5-1;

Manuel Carvalho, de Gesto, nos aposentos de casas com sua

terra com a renda de 1 frango, o mesmo de lutuosa e domínio

de 5-1;

José de Sousa e sua mulher Joana de Sousa em 1/3 do Casal

em que Manuel João fora 3ª vida com a renda de 2 alqueires de

trigo, 9 de centeio, ¼ de cevada, 2 galinhas, 1 frango, o mesmo

de lutuosa e domínio de 5-1.

Casa da Quintã, edifício primitivo

Seitela

Marcelino Ferreira, solteiro e mulher com quem vier a casar

no prazo que fora de Domingos Pereira com a renda de 11 selamins

de trigo, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1:

João Rodrigues e sua mulher Maria Teresa de Oliveira com

metade de 3 partes do casal da Barrosa com a renda de 10 alqueires

e 2 selamins de trigo, 1 galinha, meio frango, o mesmo

de lutuosa e domínio de 5-1;

Maria Pereira, solteira, 1ª vida em ¼ de casal em que seu pai

fora 3ª vida com a renda de 8 alqueires de trigo, 1 frango, 50 reis

em dinheiro, o mesmo de lutuosa e domínio de 5 -1;

João da Costa Silva, viúvo e seu filho José da Costa e sua

mulher Gertrudes Inácia Linhares 1ª, 2ª e 3ªvidas numa devesa

na Barrosa com a renda de 1 alqueire de centeio, o mesmo de

lutuosa e domínio de 5-1;


156 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ermilhe

João Alves de Araújo, 2ª vida em 1/3 do casal que fora do

Padre Manuel da Conceição com a renda de 6,5 alqueires de

trigo, meio alqueire de cevada, 2 galinhas, 1 frango, o mesmo de

lutuosa e domínio de 5-1;

Maria, solteira, filha de Catarina Fernandes, 1ª vida e o marido

com quem casar como 2ª vida em 1/3 do casal emprazado

a João de Castro e sua mulher com a renda de 7,5 alqueires de

trigo, 2 galinhas, 1 frango, 24 ovos, o mesmo de lutuosa e domínio

de 5-1;

Manuel Dias Monteiro, de Vila Nova de Gaia em 1/3 do

casal de Ermilhe, que comprou a Manuel Alves, 3ª vida com a

renda de 8 alqueires de trigo, 2 galinhas, o mesmo de lutuosa e

domínio de 5-1;

José Coelho e sua mulher Rosa Maria, 1ª e 2ª vidas, moradores

no Outeiro do Moinho, no seu prazo de terras de Prime, com

a renda de ¾ de centeio, 2 galinhas 1 frango, tudo em dinheiro,

o mesmo de lutuosa e domínio de 5 -1.

Medidas de cereal

Souto

Maria Angélica de Vasconcelos, 1ª vida em ½ casal do Souto

de que fora 3ª vida Eusébio Pereira com a renda de 28 alqueires

de trigo, 3 galinhas, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1.

Prime

João Alves de Amorim e sua mulher Maria Francisca, 1ª e 2ª

vidas do casal de Prime Quintão com a renda de 11 alqueires de

trigo, 3 galinhas, o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1;

José Alves Jorge e sua mulher Ana Maria de Jesus, 1ª e 2ªvidas

em meio casal de Prime em que Maria Coelha fora 3ª vida

com a renda de 5 alqueires de trigo, 1 alqueire de cevada, 2 galinhas,

o mesmo de lutuosa e domínio de 5-1;

António Fernandes, 2ª vida em metade do casal de Prime

com a renda de 6 alqueires de trigo, 1 galinha, o mesmo de lutuosa

e domínio de 5-1;

Dr. Manuel da Assunção Portugal Calhorda, 1ª vida em meio

casal de Prime com a renda de 2 alqueires e 6 selamins de trigo,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

157

3 alqueires de meado, 1 de cevada, 2 galinhas, 12 ovos, o mesmo

de lutuosa e domínio de 5-1 (ID.:1º Livro de foros do Mosteiro de

Grijó.:Liv.78-K/18/3, Fls. 88v a 92).

Em 29 de outubro de 1775, o Real Mosteiro de Mafra celebrou

um prazo do casal sito na Quintã e em Prime, a João Alves

Amorim, a sua mulher Antónia Maria Francisca e a seus consortes.

Tinha a seguinte composição;

– Aposento de casas sobradadas e terreiras, quinteiros, currais,

eira, cortinhas da Porta de Cima, de Baixo, terras das Devesa

de Baixo e de Cima que eram lavradias e levavam de semeadura18

alqueires de cereal;

– Leira da Cancela, em Prime, que era lavradia e era atravessada

por uma estrada que dividia o lavradio do mato, levava de

semeadura 5 alqueires de cereal;

– Campo de Ermilhe, a lavradio e a mato, levava de semeadura

36 alqueires de cereal;

– Monte do Rapigo com pinheiros e mato, levava de semeadura

1,5 alqueires de cereal;

– Leira do Rodelo, a lavradio, em que havia aposentos de

casas térreas, levava de semeadura 5/4 de cereal;

– Leira de mato, na tapada da Carreira Velha, levava de semeadura

5/4 alqueires de cereal;

– Outra leira no mesmo local, levava de semeadura 5/4 alqueires

de cereal;

Este prazo pagava de foro e pensão anual ao Mosteiro de

Grijó, seu direito senhorio, 1 alqueire de trigo, 3 galinhas, outro

tanto de lutuosa por cada vida e domínio de quinto (ID.: IBI-

D.:K/18/4 – 38: Fls. 44 a 52).

Em 8 de Dezembro do mesmo ano, o mesmo mosteiro celebrou

um prazo de vidas do casal do Souto a Maria Angélica de

Vasconcelos, solteira, cabeça de casal do dito prazo e com os seus

consortes. O casal tinha a seguinte composição:

– Dois aposentos de casas, uma de sobrado com o seu quinteiro,

currais, ramadas, pomar de laranjeiras e de fruta, cortinha,

Cortinha de Baixo, Devesa de pinheiros, Devesa Nova e Devesa

das Portas, levava de semeadura 40 alqueires de cereal;

– Nesta medição, havia um pedaço de terra, chamado a

Leirinha;

– Cortinha da Pedra, lavradia com árvores de vinho, levava

de semeadura 7 alqueires de cereal;


158 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Mato do Lenteiro, levava de semeadura 1 alqueire de cereal;

– Rodelinho, lavradio, levava de semeadura 2 alqueires de

cereal;

– Ribeira do Mortório (terra estéril), levava de semeadura 3

alqueires de cereal.

Este casal pagava de renda anual 28 alqueires de trigo limpo,

seco e bom de receber e outro tanto de lutuosa e domínio de quinto

(ID.:IBID::K/18/4 – 38: Fls. 200 a 208).

Em 26 de julho de 1796, o Mosteiro de Grijó celebrou um

prazo de três vidas de três pessoas compridas e acabadas com Celestino

Alves da Costa e com sua mulher Luísa Alves Pereira, do

lugar da Igreja, freguesia de Oleiros como 1ª e 2ª vidas e, como

3ª vida, um filho ou filha que viessem a ter, de uma propriedade

sita no lugar de Vilas, em Mozelos e que fora de Domingos Pereira

dos Santos. Era uma tapada chamada de Erigo, pertencente

ao prazo e era terra de mato e pinhal mais um pedaço de corga,

tudo tapado em volta sobre si, com um valo que tinha principiado

a medir de sul para norte, pelo lado do nascente por fora

da parede e valo por onde confrontava com a Lavoura de Vilas,

tinha principiado a medir donde estava um marquinho da parte

do sul até chegar aonde foi uma chave, medindo pelo comprido,

fazendo várias voltas conforme as fazia o dito caminho e valo

98 braças e ¾, dali virando para poente pela parte do norte por

onde se dividia por uma parede, valo e regueira, confrontava

com as leiras de mato de Erigo deste caseiro de José Carvalho,

do Choupelo e as três terras de outros prazos de Grijó até chegar

ao tapado poente que ficava até norte 120 braças e daí vinha a

outro entre poente e sul pela cabeça do poente por onde se dividia

por uma tapagem de ripado, confrontando com a Corga de

Ramos, terra foreira da Câmara da Feira, tinha 10 braças e dali

tornando a virar entre sul e nascente pelo lado dentre poente e

sul por onde divide por parede e confrontava com o pinhal da

tapada, tinha até onde fazia uma volta curva, que era onde acabava

a dita tapada 100 braças e continuando daí para diante com

a dita medição pelo lado do poente, por onde dividia por valo,

parede e regueira, confrontava com o monte de Oleiros e tinha

até chegar à cabeça do sul 63 braças e daí tornando a virar para

nascente pela cabeça do sul, por onde se dividia por parede e

regueira confrontando com a leira da Corredoura, terra de outro

prazo de Grijó tinha até chegar aonde estava outro marquinho

que era donde principiara a medição, 36,5 braças e levava toda

esta terra de semeadura 30 alqueires de centeio. O caminho que

ficava pela parte do nascente desta leira era parte dele pertencente

a este prazo. As braças desta medição eram de 10 palmos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

159

Pagava de renda, foro e pensão anual, pelo S. Miguel de setembro,

um selamim de trigo, seis selamins de centeio e um frango,

o mesmo de lutuosa e domínio de quinto (ADP:Mosteiro de

Grijó:K/18/4-64: Fls. 21 a 27 v).

Em 23 de Dezembro do mesmo ano, o Mosteiro de Grijó celebrou

um prazo de emprazamento com José Coelho e sua mulher

Rosa Maria, do lugar de Prime, em Mozelos, como 1ª e 2ª vida,

e um filho ou filha que viessem a ter como 3ª vida, de uma leira

e do seu aposento, sitos no mesmo lugar, e que haviam sido de

António da Costa e de sua mulher Maria Francisca, em 1735.

A propriedade tinha a seguinte constituição:

– Aposentos de casas térreas com seus aidos, palheiros, quinteiros,

eira com uma cortinha pegada para a parte do sul, com

um pedaço de mato na cabeça do sul, confrontava com a cortinha

de Riba, terra de Grijó, com 50 braças pelo lado poente,

por onde se dividia por uma parede, confrontando com mato da

lavoura, tinha 55 braças da cabeça do norte por onde se dividia

por valo e confrontava com caminho público que ia da Vergada

para o Murado e tinha 28 varas, na cabeça do sul por onde se

dividia por uma parede e confrontava com o mato das Pedras fazendo

as suas voltas de modo de chaves 30 braças. Levava de semeadura

6 alqueires de centeio. Pagava de pensão, renda e foro

anual, 3 quartas de centeio, 2 galinhas e 1 frango ao mosteiro

que era direito senhorio, pagos em dia de S. Miguel de setembro

(ID.:IBID.: Fls. 28 a 33v).

No mesmo dia, o mesmo mosteiro fez um prazo de meio casal

de Villas, de Mozelos a Manuel do Couto e a sua mulher Ana

Fernandes, da Portela, freguesia de Nogueira da Regedoura, com

1ª e 2ª vidas, com a constituição seguinte:

– Campo da Corredoura tapado em volta sobre os valos, terra

lavradia com um pedaço de mato pela parte do nascente que

tinha de comprido do nascente ao poente pelo lado norte, por

onde se dividia por marcos, nele confrontava com o campo da

Corredoura de Luísa de Sousa, terra de Grijó e tinha 67 braças

pelo lado sul, por onde se dividia por um valo, confrontava com

um campo de mato de um vizinho, tinha 42 braças de largo, pelo

nascente por onde se dividia por valo, confrontando com o campo

da Corredoura de Dentro, principiando ao medir do norte

até uma chave 17 braças, mais se dividiu pelo nascente por um

valo até outra chave tinha 15 varas, confrontando com terra de

Grijó, por onde se dividia por um valo e regueira, confrontando

com as leiras da Areosa de vários possuidores, tendo 19 braças.

Levava de semeadura 8 alqueires de centeio;


160 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Campo da Corredoura, terra lavradia, confrontava com

com terrras do mesmo caseiro e de outro prazo de Grijó, com o

caminho que ia para as lavouras e outras partes e com o monte

da Areosa. Levava de semeadura 1,5 alqueire de centeio;

– Uma casa de esborralhada com a sua anteporta, terra pegada

lavradia e um bocadinho de terra de horta e richam que

confrontava com o caminho do lugar, com a cortinha da Quintã,

terra de outro prazo, com terra da leira do Orfo. Levava de semeadura

um selamim de centeio;

– Outro pedacinho de terra lavradia que confrontava com

o caminho por um valo que ia para os campos dos Agros e dos

Castanheiros e outros mais campos, a norte confrontava com a

Cortinha de Dentro, pelo poente, por onde se dividia por valos,

confrontava com o campo das Figueiras. Levava de semeadura

uma quarta;

– Um aposento de casas térreas, já velhas, com seus palheiros,

aidos, quinteiro, ramada, eira, árvores de fruto e de vinho

com a sua cortinha pegada, por onde se divide por uma parede,

confrontando com caminho de serventia do lugar, com o campo

do Lameiro, com o caminho de serventia para os campos dos

Agros e dos Castanheiros e com outros aposentos. Levava de

semeadura 3,5 alqueires de centeio;

– Outro aposento de casas térreas com o seu portal fronho

com seus aidos, palheiro, quinteiro com a sua anteporta fora do

dito portal fronho, confrontava com o caminho que ia para as

Lavouras e para os campos dos Agros e outros mais campos,

com a cortinha da Porta, com o caminho público do lugar e com

a horta da Cortinha da Porta. Levava de semeadura uma quarta

de centeio;

– Um coradouro ali pegado mais ao norte, por onde se dividia

por marcos, confrontando com uma horta, com o caminho

que ia para as Lavouras;

– Uma casa com a sua anteporta, confrontava com a horta

do coradouro, com o caminho que ia para Seitela ou de Vilas e

com o caminho que ia para as Lavouras. Levava de semeadura

um selamim de centeio;

– Horta do Coradouro confrontava com outra horta de Vilas,

com a casa e outra atrás referida, confrontava com caminho

que ia para a fonte de Vilas, com o camimho que ia para as Lavouras.

Levava de semeadura meio selamim;

– Cortinha da Vinha com a sua leira para a parte do norte,

dividida por marcos confrontando com terra da cortinha da Vinha,

com terra de outro prazo de Grijó, com a cortinha de Seitela,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

161

foreira de Grijó por onde se divide por um valo e por um combro e

com terra de um prazo da Serra. Levava de semeadura 2 alqueires;

– Campo da Relva de Dentro, terra lavradia com um pedaço

de mato para a parte do nascente e uma leira, confrontava com

caminho que ia para a Lavoura e outros mais campos, com a leira

da Presinha, com o mato da Relvinha. Levava de semeadura

6 alqueires de centeio:

– Um assento de casas com os seus aidos, quinteiros, ramadas,

árvores de fruto e de vinho, com suas cortinhas pegadas, chamadas

do Choupelo, confrontava com o caminho do lugar e com o

caminho que ia para Vilas. Levava de semeadura 3 alqueires;

– Leira do Campo Novo, terra de mato e pinhal confronta

com outra leira de mato, com o caminho que ia para as Lavouras

e para outras partes e com o campo da Cortinha de Além. Levava

de semeadura 2 alqueires de centeio;

– Cortinha de Além confrontava com caminho de serventia

e que ia para outras cortinhas, com as cortinhas de Vilas, com

a leira do Campo Novo, dividida por marcos, com a Devesa do

Agro da Poça. Levava de semeadura um alqueire de centeio;

– Leira do Castanheiro ali pegada, dividida por marcos e

combro de pedras, confrontava com a leira acima referida, com

outra leira, terra de Grijó e com uma devesa, com terra da Serra,

com outra leira dos Castanheiros. Levava de semeadura um

alqueire de centeio;

– Campo do Agro, terra lavradia, confrontava com o campo

do Castanheiro, com o campo do Freixial e com outra devesa.

Levava de semeadura 3 alqueires de centeio;

– Outro campo do Agro, terra lavradia, confrontava com o

campo da Agra, com o campo do Freixial e com uma devesa.

Levava de semeadura um alqueire de centeio;

– Devesa Grande do Agro, confrontava com o campo da

Devesa do Agro e com outras devesas. Levava de semeadura 4

alqueires;

– Devesa e campo de Erigo, confrontava com as leiras de

mato e pinhal, com um monte e com outro campo de Erigo.

Levava de semeadura 3 alqueires;

– Leira de mato e pinhal de Erigo, confrontava com o campo

da Devesa, com mato e pinhal, com outra leira de mato. Levava

de semeadura um alqueire de centeio;

– Leira do Monte do Outeiro do Barril, confrontava com

outra leira de mato e com a leira do Orfo. Levava de semeadura

um alqueire de cereal;


162 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Leira de mato da Cabeceira das Leiras, confrontava com

outras leiras. Levava de semeadura meio alqueire de centeio;

– Uma leirinha, terra lavradia, confrontava com um campo e

levava de semeadura um alqueire de centeio;

– Campo da Pereira, terra lavradia com um bocado de mato,

confrontava com a cortinha da Porta e uns aposentos, com uma

devesa de mato, com a estrada pública que ia para o Murado e

com o mato de uma cortinha. Levava de semeadura dois alqueires

de centeio;

– Campo e devesa da Corguinha, confrontava com devesa e

levava de semeadura quatro alqueires de centeio;

– Leira de mato que chamada a Fonte do Velho que estava

dentro da quinta do caseiro, levava de semeadura meio alqueire

de cereal.

Pagavam de renda, pensão e foro anual, pago em S. Miguel

de setembro, 1,5 alqueire de trigo, 6 alqueires de centeio e um

selamim, 2 alqueires de cevada, uma galinha, dois frangos, 30

reis em dinheiro tudo bom de receber, outro tanto de lutuosa, por

cada uma das três vidas e de laudémio a quinta parte do prazo

(ID.:IBID.: Fls. 34 a 56v).

Em 23 de Dezembro do mesmo ano, o Mosteiro de Grijó

celebrou um prazo de vidas de um meio casal sito no lugar de

Prime com José Alves Jorge e com sua mulher Ana Maria como

1ª e 2ª vidas de um meio casal, sito no lugar de Prime, em Mozelos,

sendo a 3ª o filho ou filha que viessem a ter, com João

Francisco Caetano dos Reis e sua mulher Joana Maria Caetana,

do lugar do Sobral, com Manuel Alves e sua mulher Maria

Gomes, do lugar do Outeiro, José António e sua mulher Maria

da Conceição, Manuel Coelho e sua mulher Joana Alves, José

Ferreira e sua mulher Custódia Francisca, do lugar da Vergada,

Manuel Pereira dos Santos e sua mulher Maria Pereira, do lugar

de Prime e Mário Fernandes e sua mulher Quitéria do Couto,

moradores no lugar do Outeiro do Moinho, todos de Mozelos.

O meio casal tinha a seguinte constituição:

– Aposentos de casas térreas, aidos, palheiros, quinteiro com

portal fronho com a sua eira e um bocadinho de terra lavradia

para a parte norte, confrontava com caminho público e levava

de semeadura 1 alqueire de centeio, tinha água de rega da presa

das Cavadinhas e era possuído pelos cabeças José Alves Jorge e

sua mulher;

– Campo do Ermo, terra lavradia, dividido por um combro,

confrontando com uma cortinha da Porta, de Manuel Alves Larangeira,

terra de Arouca, com o rio de água que vinha da Corga


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

163

de Prime e ia para a azenha do Murado, com a ribeira de Mozelos.

Levava de semeadura 7 alqueires de centeio;

– Choupelo do Avenal, terra de devesa e castanho para a parte

do sul e para a parte do norte era lavradio, confrontava com uma

terra foreira, com terra de outro prazo de Grijó e com o rio de

água que ia para Lourosela. Levava de semeadura 2 alqueires de

centeio;

– A leira da Cancela, terra lavradia, dividida por combro e

valo, confrontava com terra de outro prazo de Grijó, com caminho

público que ia para o Cabouco e outras mais partes. Levava

de semeadura 6 alqueires de centeio, também tinha água da presa

das Cavadinhas;

– Leira do Rodelo, terra lavradia, confrontava com o Rodelo

de Cima, dividida por combro, com a Carreira da Cruz, com

uma ponta ou canto da leira da Cancela. Levava de semeadura 1

alqueire de centeio. Também tinha água da mesma presa;

– Leira de lavoura, chamada a Cortinha de Riba, terra lavradia,

dividida por marcos, confrontava com a leira da Lavoura de

Cima, com terra de outro prazo de Grijó e com a Carreira da

Cruz. Levava de semeadura 3,5 alqueires de ceral;

– Cortinha das Figueiras, também chamada do Lentieiro, dividida

por combro, confrontava com a cortinha de Riba, terra

foreira de Arouca, com terras dos caseiros, com o campo do

Lenteiro, com a Carreira da Cruz e tinha água da presa das Cavadinhas.

Levava de semeadura 3 alqueires de centeio;

– Leira da Malpica, terra lavradia, com um pedacinho de

mato na cabeça do norte, fora da parede que tapava este campo e

outro pedaço de mato com carvalhos na cabeça do sul, dividida

por marcos, confrontava com a leira de João Alves Amorim, da

Quintã, terra de Grijó, com outra leira, onde se dividia por marcos,

com caminho que ia para Prime e para o Pereiro, com a Carreira

do Cabouco. Levava de semeadura 6 alqueires de centeio.

Pagavam de renda, foro e pensão anual ao Mosteiro de Grijó

direito senhorio, por dia de S. Miguel de setembro 5 alqueires e

uma quarta de trigo, 1 alqueire de cevada e 2 galinhas tudo bom

de receber, posto no dito mosteiro (ID.:IBID.: Fls.57 a 65v).

Nos séculos XVII e XVIII, em que a batata é praticamente

desconhecida na alimentação, os gastos em grão eram, por conseguinte,

muito grandes. O cereal era fulcral na alimentação da

população rural.

A técnica de cultivo da terra baseia-se no hábito, segundo o costume

dos vizinhos. Dividem-se as parcelas em folhas, a técnica do afo-


164 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

lhamento em que uma das folhas permanecia num ano em pousio,

enquanto a outra era semeada. O afolhamento era bienal quando

alternavam o cultivo entre pousio e sementeira, ano sim, ano não.

Trienal, o campo era dividido em três folhas, em que uma permanecia

em pousio, dois anos, enquanto as restantes era semeadas de

culturas que diminuíam de exigência. O afolhamento aplicava-se

aos terrenos de cereais, em que o trigo era o cereal mais exigente,

enquanto o milho-miúdo ou o centeio eram os cereais mais pobres.

Esta técnica de cultivo aparece como uma obrigação imposta pelos

senhorios aos foreiros nesta região, e estavam plasmados nos contratos

de prazo (ADP:Fundo Notarial: PO. 5º, 1ª SR: Liv.6: Fls. 76v a79).

O agricultor vivia constantemente no limiar mínimo das necessidades

alimentares. A permanência dos gastos em sementes

e dízimos que encontramos para o século XVIII, denunciando

a constância destes gastos, mostra também que os rendimentos

que atribuímos para o cálculo 6-7 por semente é razoável o que

confirma o nível de rendimento por semente muito bom para o

século XVII. O trigo, em parte, regista uma evolução paralela

com o cereal de segunda.

Uma maior rentabilidade verifica-se com o milho grosso.

Este cereal faz a sua aparição subtilmente durante a segunda metade

deste século para se tornar preponderante no século seguinte

(COSTA: 1996/2006: 35-37).

Os domínios ou laudémios, eram a percentagem cobrada

sobre vendas e trocas de terras ou sobre todo o contrato em que

aja de dar ou tornar dinheiro ainda que seja por via de entrada ou

satisfação de serviços e boas obras. O laudémio, tal como a lutuosa,

era uma imposição com longa vigência, sobre a terra e a produção,

pois podia atingir uma percentagem que chegava a metade

do preço de venda. Os foreiros estavam obrigados a pagarem a

lutuosa ao senhorio nos 30 dias subsequentes ao falecimento da

derradeira vida.

Só por si, o laudémio constituía um pesado obstáculo à mobilidade

da terra e, ao mesmo tempo, um pesado direito que colocava

nas mãos do senhorio um poderoso meio de controlo, para não

dizer chantagem pelo direito de opção que lhe era inerente. As

lutuosas eram um tributo que era pago ao senhorio sempre que

falecia uma das vidas do contrato. Quantos mais óbitos, maior o

volume de lutuosas recolhidas, isto partindo da hipótese de que a

lutuosa não admite endividamentos, pois deve ser paga de imediato

e mesmo que os doridos não sejam possuidores de mais bens.

Importa considerar que, no que respeita aos moinhos e azenhas,

se deve tomar em consideração que estes arrendamentos

estavam diretamente ligados ao consumo das farinhas, logo à


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

165

população. Segundo Cardoso da Costa, na segunda vida, a terra

valeria já só 2/3 do valor real; durante a terceira vida, o seu

valor ficaria já reduzido só a um terço. O preço venal das terras

foreiras estava, por conseguinte, fortemente condicionado por

este fator. Idênticas observações poderão ser feitas para os arrendamentos

das azenhas e moinhos. Estas subidas das rendas, precedidas

normalmente de subida de preços, têm consequências

económicas e sociais importantes, mas discordantes e contraditórias,

conforme os diferentes estratos da população e as diferentes

categorias dos possuidores das rendas e dos detentores de terras.

Havia (...) os encargos dominiais, alguns deles muito pesados:

cito apenas dois; as obradas e as primícias, que podiam atingir de 1 a

6-7 alqueires de pão, por casal, e normalmente os Votos de Santiago,

que nunca desciam a menos de 1 alqueire por jugada, casal ou fogo,

ultrapassando também frequentemente essa cota. Devem descontar-

-se ainda os encargos da exploração e gastos salariais, o empate de

capital nos gados, alfaias agrícolas e compra de sementes (COSTA:

1983: 16).

AS CONSTRUÇÕES QUE

COMPÕEM A PROPRIEDADE

Temos que distinguir inicialmente três tipos de construções: a

primeira, destinada a habitação dos foreiros; a segunda, para guarda

dos animais; e as terceiras, de apoio às atividades agrícolas.

A primeira compunha-se pelas casas de morada, normalmente,

de reduzidas dimensões com, uma ou duas divisões. A cozinha

era a divisão mais ampla. Nela se fazia toda a vida doméstica

e servia de quarto de dormir, local de confeção e de refeição,

sala de estar. Só nas casas dos mais afortunados havia separação,

com divisões destinadas a quarto de dormir e a sala de visitas.

A tipologia da habitação rural permaneceu até aos nossos dias e

ainda em algumas se pode distinguir esta velha divisão funcional

A cércea destas habitações não ultrapassava os dois pisos e,

geralmente era mais comum a casa térrea. Nas de dois pisos, casa

de sobrado ou casa torre, a habitação humana fazia-se no segundo

piso, enquanto o piso inferior destinava-se ao armazenamento

de produtos agrícolas ou ao resguardo dos animais.

O rossio ou terreiro coberto com telheiros que servia para guardar

alfaias, palha e lenha. A casa agrícola não estava separada de

outras construções. Normalmente, a casa de habitação situava-se

Casa de caseiro,

numa casa no Murado


166 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Entrada em casa antiga

Espigueiro

Casa da eira

num conjunto murado com anteportas, onde havia um terreiro ou

rossio para onde se abriam as portas de todas as construções envolventes.

Num lado, situava-se a habitação e em redor, distribuíam-se

as cortes, currais dos animais, o celeiro, o palheiro e a eira.

O segundo tipo de construções destinava-se à guarda dos animais

e estava entre portas em volta de um terreiro, ou ao longo

de um caminho. Estas construções designavam-se por cortes,

currais e aidos. O aido nem sempre servia para guardar animais.

Tinha uma função polivalente e servia para armazenar as alfaias

agrícolas e outros aprestos de apoio aos trabalhos agrícolas. Este

tipo de construções vai-se desenvolver, acompanhando a criação

de gado em estábulo.

Um terceiro tipo de construções servia de apoio às atividades

agrícolas. Eram os celeiros, os palheiros, a eira, a adega ou o

lagar, a casa de despejo e a esterqueira. Os palheiros eram mais

vulgares e comuns a todos os senhorios que os celeiros. E isso

compreende-se, pois, o celeiro encontrava-se em propriedades de

maiores dimensões e destinava-se à guarda dos foros e rendas.

A eira, feita de lajeado de pedra ou em terra compactada, era

bastante comum não só junto às sedes das propriedades como

espalhadas pelos campos. Era uma construção com bastante utilidade

para a secagem e debulha do cereal.

Relacionados com o vinho, as adegas e os lagares são bastante

raros e só situámos dois: um em propriedades de Pedroso

e outro em propriedades do Cabido. As adegas pertenciam ao

tipo de construções cujo privilégio pertencia aos senhores da terra.

Esta raridade leva-nos a supor que os trabalhos relacionados

com a produção de vinho fossem realizados em vasilhas de madeira

(a dorna), por serem destinados a quantidades diminutas

de forma a fugirem ao pagamento da eirádega, direito cobrado

pelos senhores sobre o vinho colhido.

Por fim, temos um tipo de construção ligado à produção de adubo:

as casas de despejo, as esterqueiras e o quinteiro. Este tipo de

construção era comum, não só no modo citado, mas uma simples

montureira onde se faziam os despejos domésticos e se depositavam

os restos das camas dos animais com o fim de ficarem em maturação

anaeróbia para depois serem transportados para os campos e

por lá espalhados, durante algum tempo, onde terminavam a maturação,

agora em fase aeróbia. O quinteiro era bastante comum e

não havia casa agrícola que não tivesse. Situava-se à entrada do espaço

agrícola e era revestido a mato cortado que absorvia os dejetos

animais e humanos, que depois era removido para as montureiras

ou esterqueiras, ou para as cortinhas, onde ficaria a maturar e a

decompor-se, para por fim servir de adubo nas sementeiras.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

167

ATIVIDADE MOAGEIRA E A PANIFICAÇÃO

Nos moinhos, a organização do espaço era mais complexa.

Alguns moinhos compunham-se de três pisos em torre: o primeiro,

situava-se ao nível das águas, onde estavam os caboucos com

os rodízios e as cales; no segundo piso, estavam os aprestos de

moagem, as rodas e as farinhas; finalmente, no terceiro, situava-

-se a cozinha onde se fazia a vida quotidiana doméstica. Em caso

de cheia, era para aquela divisão que se deslocavam e se punham

a salvo as farinhas e os grãos. Em alguns moinhos, para além do

propriamente dito, havia ainda outras construções próprias das

habitações rurais: o terreiro, com a sua anteporta e, à volta, as

cortes, os celeiros e a eira.

As pedras alveiras tinham a medida de um grande palmo

menos uma polegada, a de baixo e a de cima, a medida de um

palmo e quatro dedos. Elas valiam 1.200 reis. As negreiras, a

pedra de baixo com um palmo e dois dedos e a de cima de um

palmo, valendo também 1200 reis.

A conjuntura económica da época ajuda a explicar as iniciativas

dos foreiros. Estes, beneficiados pelo momento favorável,

que marcou a primeira metade do século XVII, fez com que

dotassem os filhos com meios que os ajudassem a suportarem as

dificuldades do casamento (ADP: PO 5: Liv. 22: Fol.77).

A desanexação dos estabelecimentos moageiros das propriedades

a que pertenciam, tornando -os em prazos autónomos, verificaram-se

em contextos diferentes, mas foram motivados pela

ação dos foreiros, que pretendiam alcançar um vínculo contratual

que lhes permitisse investir no bem e rentabilizá- lo.

Esta atividade teve muita importância, em Mozelos, desde logo,

testemunhada pelas designações toponímicas de Azenha e Outeiro

do Moinho, para além de outros testemunhos reveladores dessa

atividade.

Mós

PREÇO DOS CEREAIS NA

1.ª METADE DO SÉCULO XVII (EM REIS)

Para se poder conhecer melhor a realidade económica da região,

na época, apresentamos os preços dos cereais correntes e

mais utilizados na alimentação, nas relações fundiárias e pagamentos

de rendas e foros.


168 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ANOS

PREÇO ALQUEIRE

Trigo

Meado

1647/48 280 -

1648 230 120

1649 220 120

1650 320 162

1651 300 200

1652 270 117

1653 300 140

1654 220 120

1655 300 130

1656 280 130

1657 260 130

1658 270 120

1659 250 130

1660 260 150

1661 260 150

1662 260 140

1663 280 -

1664 250 145

1665 300 220

1666 290 150

1667 250 160

1668 250 110

1669 210 120

1670 240 120

1671 250 130

1672 240 115

1673 250 120

1674 350 150

1675 260 -

1676 250 160

1677 250 160

1678 300 150

1679 250 160

1680 400 220

1681 350 175

1682 290 150

1683 300 160

1684 400 220

1685 400 220

1686 350 220

1687 300 -

1688 260 130

1689 290 140

1690 370 160

1691 400 -

1692 400 200

1693 100 260

1694 400 320

1695 540 280

1696 460 240

1697 460 280

1698 600 400

1699 500 260

Amorim: O Mosteiro de Grijó:1986


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

169

ASPETOS DO QUOTIDIANO, CASAR E MORRER

DOTES DE CASAMENTO

Um costume habitual da sociedade de então era o dote

que os noivos levavam quando casavam. Os da fidalguia ou da

burguesia eram compostos por propriedades, rendas e outros

bens. Os das classes mais baixas compunham-se sobretudo de

bens móveis, gados e peças de roupa. O dote servia para os noivos

enfrentarem o início de vida familiar, com algum suporte. Os

pais dotavam os seus filhos com alimentos, roupas, gado, terras

ou moinhos. Os mais afortunados recebiam ainda peças de ouro.

Em 5 de maio de 1731, José Gonçalves, de Ermilhe, celebrou

uma escritura de dote para casamento e nomeação de bens de

raiz ao seu filho Manuel Gonçalves da Rocha para casar com

Teresa, filha de Domingos Nogueira e de sua mulher Maria José,

do lugar da Relva, Grijó, V. N. de Gaia. Os bens dotados foram

uma das casas do dotador com todas as suas entradas, saídas,

serventias, tudo livre de novas e antigas obrigações, água de rega

e lima, árvores de fruto e o mais que lhe pertencia (ADP: Mosteiro

de Grijó: K/18/4-13: Fls. 331v a 332v).

Em 25 de abril de 1737, foi feita uma escritura de dotes para

casamento por Manuel Lopes, viúvo, a sua filha Maria Francisca

para casar com João Alves, filho de Maria Lopes e de seu

defunto marido, de Goda, dotando-a dos bens que recebeu em

testamento de sua mãe defunta Verónica Francisca, constantes

no formal de partilhas e inventário, tanto de casa, bens de casa,

aposentos e terras da legítima da sua raiz e tudo o mais que lhe

pertencia com as suas testadas, entradas e saídas e serventias

(ID.IBID:K/18/4- 17: Fls. 166 a 168).

DESAMORTIZAÇÃO DE BALDIOS

Em 1743, uma lei do rei D. João V, para a Câmara de Guimarães,

respondendo a uma petição por ela apresentada, permitiu

e autorizou o senado da Câmara a providenciar título de posse

perpétuo aos usufrutuários dos montes e baldios, de forma a

mantê-los nas terras, onde pudessem construir casa e cultivar,

para que não despovoassem as localidades e melhorassem a produtividade

agrícola.


170 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Sebastião José

de Carvalho e Melo

Temos que interpretar aquela medida no contexto da época, estimular

a permanência, tendo como incentivo a posse de terra legitimada

por um título e para estancar a fuga para o Brasil dos que não

tinham terra, os cabaneiros e os seareiros, os assalariados agrícolas,

que viam na fuga para a colónia, uma alternativa à metrópole.

Esta medida foi ampliada pelo governo do rei e sucessor

daquele, D. José I, e implementada pelo seu ministro Sebastião

José de Carvalho e Melo, primeiro Conde de Oeiras e depois

Marquês de Pombal. Os propósitos da lei, o incremento do povoamento

e a melhoria da agricultura mantiveram-se e em 1767

ampliaram aquela medida a todo o território continental. Por

esta lei as terras baldias passaram a ser bens da coroa, perdendo

os Senhores donatários, laicos ou eclesiásticos essa fonte de

rendimentos, e só as câmaras municipais podiam fazer contratos

enfitêuticos perpétuos, depois de ser apresentada a respetiva petição

ao Desembargo Régio.

O funcionamento da partilha dos montes era burocrático. Primeiro

havia pregão e anúncio de convocatória de todos os montadores,

pelo pároco da freguesia. Todos reunidos faziam requerimento

dos povos ao tribunal do Desembargo Régio, que ouvia o senado

da câmara local; era feita a apegação do monte a repartir e feita

a distribuição de todos os que se habilitassem. Consoante as suas

capacidade económicas e categoria social eram divididos em categorias

que corresponderia determinada porção; era feita a partilha

e pagas as entradas. Então depois disso, cada um fazia requerimento

ao Senado da Câmara local para lhes fazer contrato enfitêutico

perpétuo aos montadores requerentes, ou a todos que provassem

possuir sorte no montado, de forma a providenciar o engrandecimento

das povoações, agarrar os montadores, e aumentar a produção

agrícola. Todos eram privilegiados na partilha dos montes

e baldios, logo que tivessem condições económicas para licitar o

foro. Os seareiros, os cabaneiros e os pobres tinham preferência na

partilha. A eles cabia uma parte, a suficiente para construírem casa

e terem terra para uma horta, ramada, e outras coisas.

Apesar de haver terrenos destes, cuja fruição se concretizava

na exploração agrícola de parcelas periodicamente distribuídas,

o baldio era, em regra, o terreno inculto cuja vegetação espontânea

se utilizava para pastagem de gado, lenhas, estrumes ou

madeira. Constituindo, portanto, uma parte considerável da extensa

área inculta que no Antigo Regime caracterizava a paisagem

rural portuguesa, o baldio começou a ser visto pelos pensadores

da nossa economia com um índice e fator de atraso da agricultura.

Consideravam que eram terrenos subaproveitados pois, para

além de constituírem, em alguns casos, áreas potencialmente


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

171

agricultáveis, cumpriam deficientemente a sua tradicional função

de campos de pastagem e de fornecimento de lenhas, estrumes e

madeiras devido ao facto de não serem lavrados.

Alberico Tavares estudou esta matéria, a propósito da análise

de um códice das Vereações da Câmara do Porto, (AHMP:

códice 94) que contém as atas das reuniões realizadas, entre 1797

e 1799, que permitiu aceder a mais um contributo para a vida socioeconómica

da região, nomeadamente, a história da vida rural

e da propriedade.

Os emprazamentos das propriedades rústicas e prediais, autorizadas

pelas Câmaras, no exercício da sua função, consignada na

Lei ou nas atribuições dadas pela Coroa ao poder local, tiveram

uma grande importância, no desenvolvimento da vida agrária,

no desenvolvimento da construção civil e na angariação de receitas

municipais através de rendas e foros (Tavares:1988:419-422).

Por decisão de D. José I, que sendo-lhe presente em consulta da

Mesa do Desembargo do Paço de que ainda pela lei de 23/7/1767 se

proibia às Câmaras do Reino os aforamentos que se faziam dos bens

dos Concelhos mando nova forma para se expedirem os que parecerem

úteis tanto ao aumento da lavoura como dos lavradores e seareiros se

fazia preciso facilitar todos os meios que podiam fazer mais copiosas as

povoações e foi decidido por minha real resolução de 4 de agosto (...) com

justo arbítrio de foro por cada hum deles deve pagar-se à Câmara os que

pretenderem edificar (AMSMB: Prazos da Câmara: Lv.200: Doc. 9).

Neste contexto, D. João, infante de Portugal fez saber, em 12

de julho de 1787, que João Alves de Amorim, da freguesia de

Mozelos lhe apresentara uma petição de que conseguira graça,

pela qual lhe foi aforado, no Monte do Outeiro do Murado, para

efeito de o ratear e reduzir a cultura, com a obrigação de o reduzir

no termo de 3 anos, sendo que o suplicante se enganou na

persuasão da mencionada cultura, por não lhe lembrar nem advertir

ainda os louvados nem o Ministro na sua informação, que

é suposto fosse capaz de arrotear-se que não era pedreira. Contudo,

pela muita altura daquele outeiro não podiam subir carros

para a condução de adubos necessários para a dita cultura. Sendo

assim, nestes termos, muito útil, devia conservar-se o mencionado

monte de mato de que o suplicante tinha necessidade para os

adubos de outras fazendas que tinha, permitindo-lhe assim rotear

de mato e pinhal. Assim, El-Rei achou por bem que a quarta

parte do terreno fosse aforado ao suplicante no dito monte, que

fosse reduzido a cultura e que a bem desta, ficassem as três outras

partes destinadas a matos para fertilizar a parte cultivada noutras

fazendas do suplicante e que delas carece. Assim sendo, foi emitida

a provisão pedida (AHMSMF: Provisão sem cota).

D. José I


172 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 1792, foram reconhecidos vários subemprazamentos de

leiras de monte, em diversos lugares de Mozelos, foreiras da mesma

Câmara, tendo esta por senhoria e que se obrigavam pelas

suas pessoas e seus bens a pagar anualmente os foros estabelecidos

e a sua execução, ficando relevados os subemprazamentos.

Em 27 de janeiro, António Fernandes Ribeiro, do lugar da

Quintã disse que possuía uma leira no referido lugar com o foro

anual de 50 reis e que a comprara a Rodrigo Dias e a sua mulher,

do lugar das Regadas e outro com o mesmo foro no lugar da

Seitela, tendo reconhecido que era foreira à Câmara.

Em 30 de janeiro, João Francisco Caetano dos Reis, do Sobral,

declarou o seguinte:

– Possuía da partilha que fizera uma leira de monte, no Outeiro

do Murado com o foro anual de 50 reis;

– Comprara a Joaquim de Oliveira, uma leira de monte, no

Outeiro do Murado com o foro anual de 50 reis;

– Comprara a Francisco Pinheiro de Sousa, da Seitela uma leira

de monte, no Outeiro do Murado com o foro anual de 50 reis;

– Comprara a Josefa Alves, viúva, uma leira de monte, no

Outeiro do Murado com o foro anual de 50 reis.

Em 1 de março, o mesmo António Ribeiro obtivera da partilha

de terras da Ponte do Fundo, da mesma freguesia, uma leira

de monte, com o foro anual de 50 reis.

Em 9 de novembro, Baptista Pereira, de Mozelos, reconheceu,

na Câmara da Vila da Feira, que tinha subemprazado ao

sargento-mor António Bernardo Francisco Pinheiro, de Souto

Redondo, uma leira de monte situada no lugar da Corga, na

dita freguesia, foreira à Câmara desta vila com o foro anual de

40 reis (ID:7- D 50: Fls. 142 a 151v).

ASPETOS RELIGIOSOS

No período pós-tridentino, foi-se repetindo a ideia da necessidade

de se alterar com maior eficácia a prática cristã para

compensar o insuficiente conhecimento, em vários estratos sociais,

dos preceitos da doutrina cristã, incluindo o campo moral

e social. Houve igualmente um reforço de pregação e de apelo

à confissão mais frequente, tendo em conta uma cristianização

mais profunda e uma maior disciplina comportamental dos fiéis.

Também, a legislação portuguesa, designadamente, a contida nas

Constituições Sinodais do Bispado, como a do Bispo do Porto


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

173

D. João de Sousa de 1690, deu maior relevo à prática da confissão

e sobretudo ao exame de consciência por parte dos cristãos,

com vista a uma maior interiorização da doutrina cristã e dos

preceitos católicos que práticas anteriores tinham levado ao seu

incumprimento. (AZEVEDO: 2000: II: 26 e 27).

O censual da Mitra apresenta toda a espécie de cartas com as

respetivas taxas impostas, conforme a sua natureza. Constituem

outra fonte de rendimento e manifestam uma certa tendência

burocrática e centralizadora do governo da diocese.

Deste censual extraí diferentes dados relativos a taxas, direitos

de censoria em cereais, vinho e dinheiro, taxações e bragais a

pagar à Mitra em cada ano.

Apresento, sempre que há dados disponíveis relativos a cada

uma das igrejas do atual concelho de Santa Maria da Feira para

que se possa fazer uma leitura comparadas desta realidade.

TÍTULO DAS IGREJAS DE SAMTA MARIA QUE PAGAVAM TAXAS À MITRA EM 1542

FREGUESIAS

Igreja de Sam Martinho de Arguomçelhe (Argoncilhe)

Igreja de Damta Maria de Manhouçe de Arifana (Arrifana)- Apresentação de

padroeiros

Igreja de Sam Pedro de Canedo (Canedo) e Sam Vicente (Louredo). Apresentação

do Bispo que tinha a sua capelania

Igreja de Sam Martinho de Escapães (Escapães) – Apresentação da Ordem do

Hospital (Malta)

Igreja de Samtiago de Esparguo (Espargo) – Apresentação do Mosteiro de

Cucujães

Igreja de Sam Nicolao da Feira (Feira) – apresentação do Cabido

Igreja de Samta Maria de Fiães (Fiães) – apresentação do mosteiro de Pedroso

Igreja de Sam Salvador de Fornos (Fornos )- Apresentação do Mosteiro de Santa

Clara de Vila do Conde

Igreja de Sam Mamede de Guisamde (Guisande). Apresentação do mosteiro de

Rio Tinto

Igreja de Samto Andre de Giam (Gião) – Apresentação de Vila Cova (de Sandim)

Igreja de Santa Maria de Lamas (Lamas) – Apresentação do Bispo

Igreja de Samtiago de Lobam – apresentação do Bispo

DIREITOS DE CENSORIA

Era capela do Mosteiro de Grijó

60 libras

50 libras

65 libras

30 libras

80 libras

60 libras

60 libras

16 libras

150 libras

50 libras

100 libras


174 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Igreja de Sam Viçente de Louredo Era anexa de Canedo -

Igreja de Samtiago de Lourossa (Lourosa) – apesentação do Hospital (Malta)

Igreja de Sam Miguel de Milheiroos (Milheirós de Poiares) – Apresentação dos

mosteiros de Pedroso, Grijó e Vila Cova

Igreja de Samto Amdre de Purzelhe (Mosteirô) – Apresentação do Mosteiro de

Pedroso

Igreja de Sam Martinho de Mozelos (Mozelos) e sua anexa Samta

Maria de Maladas – Apresentação do Mosteiro de Grijó)

Igreja de Nogeira da Regedoura (Nogueira da Regedoura) – Apresentação da

Ordem do Hospital (Malta)

Igreja de Sam Paio de Oleiros (Oleiros) – Apresentação do Mosteiro de Grijó

Igreja de São Ciprião de Paços de Brandão (Paços de Brandão). Metade pertencia

ao Mosteiro de Santa Clara a capela de Sam Silvestre de Duas Igrejas estava

unida a Paços de Brandão.

Igreja de Samta Maria de Pegeiros – apresentação do Paço de Pereiras

Comenda de Rio Meão da ordem de S. Tiago de Jerusalém e que pertencia à

Ordem do Hospital (Malta)

Igreja de Samto Isidro de Romariz (Romariz – apresentação do Mosteiro de Cete

Igreja de Sam Feliçes de Çima da Feira (Sanfins). Era de apresentação dos fregueses

padroeiros

Igreja de Sam Ovaia de Samguedo (Sanguedo) – apresentação do Mosteiro de

Pedroso

Igreja de Sam Joham de Ver (S. João de Ver). Apresentação do Bispo e da sua

Câmara

Igreja de Sam Jorge – apresentação do mosteiro de Grijó

Igreja de Sam Miguel do Souto (Souto) – Apresentação do Mosteiro de Pedroso)

Igreja de Sam Mamede de Travanca (Travanca)

Igreja de Samta Maria do Vale (Vale) – apresentação de Pedroso

Sam Mamede de Vila Maior (Vila Maior) – Apresentação do Mosteiro de

Pedroso

60 libras

120 libras

Estava anexa à igreja de S. Miguel

do Souto – 30 libras

25 libras mais 10 libras de

Maladas

30 libras

40 libras

35 libras

40 libras

Era da ordem de S. Tiago de

Jerusalém e que pertencia à

Ordem do Hospital (Malta)

90 libras

Era anexa de S. Tiago de Espargo

45 libras

70 libras

40 libras

30 libras

Anexa de Sam Nicolao da Feira

40 libras

35 libras

(Santos: Censual: 191 a 200).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

175

IGREJAS D’ ALÉM DOURO QUE PAGAM NO CELEIRO DO PORTO AO PREBENDEIRO

[SÉC. XVI]

Correspondência de medidas de capacidade

Paróquias de Feira atual

Igreja de Sam Martinho de Arguomçelhe

(Argoncilhe)

Igreja de Samta Maria de Manhouçe de Arifana

(Arrifana)

Igreja de Sam Pedro de Canedo (Canedo) e Sam

Vicente (Louredo)

Igreja de Sam Martinho de Escapães (Escapães)

Igreja de Samtiago de Esparguo (Espargo)

Igreja de Sam Nicolao da Feira (Feira)

Igreja de Samta Maria de Fiães (Fiães)

Igreja de Sam Salvador de Fornos (Fornos)

1 Búzio = 2 alqueires e meio = 10

quartas de alqueire

1 Moio = 50 alqueires

Quantidades pagas por ano de censos

Trigo Cevada Milho Centeio

- - - -

12 búzios e

de medição

¾

- -

8 búzios e

de medição

½ búzio

4 búzios e

de medição

¼

16 búzios e

de medição

1 búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

20 búzios e

de medição

1 búzio e 1/4

8 búzios e

de medição

½ búzio

4 búzios de

medição 1/4

16 búzios e

de medição

1 búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

20 búzios e

de medição

1 búzio e ¼

16 búzios e

de medição

1 búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

4 búzios e

de medição

¼

16 búzios e

de medição

1 búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

Igreja de Sam Mamede de Guisamde (Guisande). - - - -

Igreja de Samto Andre de Giam (Gião)

4 búzios e

de medição

¼

-

12 búzios e

de medição

¾

Igreja de Samtiago de Lobam

4 búzios e

de medição

¼

-

12 búzios e

de medição

1 ¾

Igreja de Sam Viçente de Louredo - - - -

Igreja de Samtiago de Lourossa (Lourosa)

Igreja de Sam Miguel de Milheiroos (Milheirós de

Poiares)

Igreja de Samto Amdre de Purzelhe (Mosteirô)

12 búzios e

de medição

¾

8 búzios e

de medição

½ búzio

4 búzios e

de medição

¼

-

-

8 búzios e

de medição

½ búzio

36 búzios e

de medição

2 búzios e ¼

24 búzios e

de medição

1 búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

--

16 búzios e

de medição

1 búzio

-

-

-

20 búzios e

de medição

e búzio e

1/4

-

16 búzios e

de medição

1 búzio

48 búzios e

de medição

3 búzios

24 búzios e

de medição

½ búzio

-


176 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Igreja de Sam Martinho de Mozelos

(Mozelos) com Maladas

14

alqueires

14

alqueires

14

alqueires

Igreja de Nogeira da Regedoura (Nogueira da

Regedoura)

14 alqueires

9 alqueires e

¼ e meia

9 alqueires e

¼ e meia

Igreja de Sam Paio de Oleiros (Oleiros)

Igreja de São Ciprião de Paços de Brandão (Paços

de Brandão)

Igreja de Samta Maria de Pegeiros (Pigeiros)

Samtiago de Rio Meão (Rio Meão)

Igreja de Samto Isidro de Romariz (Romariz)

Igreja de Sam Pedro Fynz sobre a Feira (Sanfins)

Igreja de Sam Ovaia de Samguedo (Sanguedo)

Igreja de Sam Joham de Ver (S. João de Ver) –

celeiro

Igreja de Sam Jorge (S. Jorge)

Igreja de Sam Miguel do Souto (Souto)

Igreja de Sam Mamede de Travanca (Traanca)

Igreja de Samta Maria do Vale (Vale)

Igreja de Sam Mamede de Villa Maior (Vila Maior)

9 alqueires e

¼ e meia

8 búzios e

de medição

½ búzio

4 búzios e

de medição

¼

20 búzios e

de medição

1 búzio e ¼

4 búzios e

de medição

1/4 búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

4 búzios e

de medição

1/4 búzio

82 búzios

e ½

4 búzios e

de medição

1/4 búzio

8 búzios e

de medição

1/2 búzio

4 búzios e

de medição

¼

4 búzios e

de medição

¼

búzios e de

medição 1/2

búzio

9 alqueires e

¼ e meia

8 búzios e

de medição

½ búzio

-

20 búzios e

de medição

1 búzio e 1/4

-

8 búzios e

de medição

½ búzio

-

40 búzios

-

8 búzios e

de medição

1/2 búzio

8 búzios e

de medição

1/2 búzio

-

-

9 alqueires e

¼ e meia

4 búzios e de

medição1/ 4

Búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

16 búzios e

de medição

1 búzio e 1

búzio

28 búzios e

de medição

1 búzio e ¾

8 búzios e

de medição

½ búzio

16 búzios e

de medição

1 búzioo

79 búzios e

¼ e meio

22 búzios e

de medição

1 búzio e ¼

8 búzios e

de medição

1/2 búzio

8 búzios e

de medição

1/2 búzio

20 búzios e

de medição

¼ e meio

16 búzios e

de medição

1 búzio

8 búzios e

de medição

½ búzio

-

28 búzios e

de medição

1 búzio e ¾

-

16 búzios e

de medição

1 búzio

65 búzios

e ¾

22 búzios e

de medição

1 búzio e ¼

-

-

20 búzios

20 búzios e

de medição

1 búzio e ¼

(Santos: Censual: 311 a 326).

Em 1560, a igreja de S. Martinho de Mozelos foi unida ao

Mosteiro da Serra pelo Papa Pio IV. Tinha, na altura, casas de

residência para o cura, tinha uma pequena terra de passal para o

mesmo e tim o celeiro do mosteiro para a dizimaria da freguesia

(ADP: Santo Agostinho da Serra: K/15/2-15, Fl.71v).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

177

VISITAÇÕES CENSOS E BRAGAIS

CARACTERIZAÇÃO RELIGIOSA DA FEIRA

NO SÉCULO XVII E SEGUINTES

Para se ter uma noção comparada da vivência religiosa, no início

da Idade Moderna nas freguesias que hoje fazem parte do concelho

da Feira, apresentamos dados que julgamos significativos sobre

esta matéria e que se acham reunidos no Catálogo dos Bispos

do Porto de D. Rodrigo da Cunha, com acrescentos posteriores.

FREGUESIAS

ERMIDAS

COMUNHÃO

MAIO-

RES

MENO-

RES

RENDI-

MENTO

CATEGORIAS

S. Martinho de

Argoncilhe

a) os freguezes

não pomos

aqui por não

serem da nossa

visitação, de que

os isentou o Bispo

do Porto, D. José

Olvilheiro (Catálogo:

245)

Santa Maria da

Arrifana

Tem o Santíssimo Sacramento.

Era Santa Maria de

Manhouce e Santo Estêvão

400 93 100$000 Abadia

S. Pedro de

Canedo

Tem o Santíssimo

Sacramento. Santa Luzia e

outra na quinta da Vargea

681 164

He anexa de Lobão que

com ela se arrenda. Foi

Comenda da Ordem de

Cristo. Tinha sido anteriormente

da Ordem de

S. Bento

Vigararia

S. Martinho de

Escapães

Ermida de Santo António 124 43 100$000 Abadia

S. Tiago de

Espargo

- 103 20

Com a sua anexa

Perofins 100$000

Abadia

S. Nicolau da

Feira

Mosteiro do Espírito Santo,

junto ao Castelo, S. Nicolau,

Nossa Senhora de Campos,

Nossa Senhora do Castelo,

S. Francisco, Santo André,

Santa Margarida e

Santa Luzia

542 92 200$000 Abadia


178 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Santa Maria de

Fiaens (Fiães)

Tem o Santíssimo

Sacramento. Nossa Senhora

da Conceição

216 70

Rende aos Padres de

Santo Eloy do Mosteyro

de Recam no Bispado

de Lamego a quem está

unida 170$000

Curado

Salvador de

Fornos (Fornos)

S. Mamede

de Guisande

(Guisande)

- 125 25 60$000 Abadia

- 204 43 120$000 Abadia

S. André de Gião

(Gião)

- 120 48 75$000

He unida ao

Mosteyro das

Religiosas de

S. Bento desta

cidade (Porto)

Santa Maria de

Lamas (Lamas)

- 80 19 100$000 Abadia

Sant – Iago de

Lobão (Lobão)

- 354 83

Rende com s anexas

600$000. He Comenda

da Ordem de Cristo

Vigararia

S. Vicente

de Louredo

(Louredo)

Nossa Senhora de Vila Seca 258 59

He annexa de Lobão e

com ella se arrenda

Curado

Sant-Iago

de Lourosa

(Lourosa)

S. Miguel de

Milheirós de

Poiares (Milheirós

de Poiares)

S. Martinho

de Mozelos

(Mozelos)

S. Cristóvão da

da Regedoura

(No gueira da

Regedoura)

S. Paio de Oleiros

(Oleiros)

S. Ciprião de

Paços de Brandão

(Paços de

Brandão)

S. Silvestre 211 78 100$000 Abadia

_ _ _ _ _

Ermida de Nossa

Senhora

168 44

- 124 19

- 80 33

100$000. He unida

ao Mosteyro do

Salvador da Serra,

da Congregação da

Santa Cruz

100$000. Hé unida ao

Mosteyro da Feira dos

Padres de Santo Eloy

É anexa de Arcozelo

(Gaia), Comenda de

Cristo que com ela se

arrenda

Curado

Curado

- 116 57 60$000 Abadia Sant-Iago

-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

179

Santa Maria de

Pigeiros (Pigeiros)

- 110 31

70$000. He de Padroado

leigo

Abadia

Sant-Iago de Rio

Meão (Rio Meão)

- - - Religião de Malta --

S. Isidoro

de Romariz

(Romariz)

Nossa Senhora da Portela,

Sant-Iago e S. Miguel

357 78

200$000 Apresentação

do Abade de Cete

Abadia

S. Perofins

(Sanfins)

Santa Eulália

de Sanguedo

(Sanguedo)

S. João de Ver (S.

João de Ver)

- 82 25 40$000 Abadia

Santo António 154 32 120$000 Abadia

Santo André 314 62 240$000 Abadia

S. Jorge (S. Jorge)

He matriz de São Silvestre e

cura-se com ella juntamente

211 36 150$000 Abadia

S. Miguel do

Souto (Souto)

Tem o Santíssimo

Sacramento e as ermidas de

Nossa Senhora da Guia e S.

Silvestre

240 64

É comenda da Ordem

de Cristo. Rende

150$000

Vigararia

S. Mamede

de Travanca

(Travanca)

- 168 55

120$000. Está unida apo

Mosteiro do Espírito

Santo dos Padres de

Santo Eloy da Feira

Curato

Santa Maria do

Vale (Vale)

- 401 68

200$000. He unida ao

Collegio de S. Lourenço

das Companhia de Jesu

desta cidade- Igreja dos

Grilos – (Porto)

Vigararia

S. Mamede de

Villa Maior (Vila

Maior)

- 165 38

He anexa de Pedroso

que com elle se arrenda

Curado

S. Andre de

Perozelhe

(Mosteirô)

- 157 46

He anexa a S. Miguel

do Souto e com ella se

arrenda

Curado

(CUNHA: MDCCXLII:242 a 250).


180 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Igreja de Argoncilhe

FREGUESIAS

Igreja de Manhouce (Arrifana)

Mosteiro de Canedo e sua anexas Louredo e Travanca

Igreja de Escapães

Igreja de Espargo

Igreja da Feira

Igreja de de Fiães

Igreja de Fornos

Igreja de Guisande

Igreja de Gião

Igreja de Lobão

Igreja de Lourosa

Igreja de Milheirós de Poiares

Igreja de Purzelhe (Mosteirô)

Igrejas de Mozelos e de Maladas

Igreja de Nogueira da Regedoura

Igreja de Oleiros

Igreja de Paços de Brandão

Igreja de Pigeiros

Igreja de Rio Meão

Igreja de Romariz

Igreja de Sanfins

Igreja de Sanguedo)

Igreja de S. João de Ver

Igreja de S. Jorge

Igreja do Souto

Igreja de Travanca

Igreja do Vale

Igreja de Santa Maria de Lamas -

Igreja de Vila Maior

(Santos: Censual:240 a 252).

Era do Mosteiro de Grijó

DIREITOS DE CENSORIA

144 reis e de cera e taxação e vinho 85,5 reis

557,5 reis e de cera e taxação 375 reis

279 reis e de cera, taxação e vinho 94,5 reis

57,5 reis e de cera e taxação 32 reis

557,5 reis e de cera e taxação 109,5 e mais 3.428 reis

186 reis e de cera e taxação 74 reis

279 reis e de cera e taxação 125 reis

139,5 reis e de cera e taxação 73,5 reis

279 reis e de cera e taxação 55 reis

557,5 reis e de cera e taxação 111 reis

372 reis e de cera e taxação 18 reis

500 reis e de cera e taxação 109,5 reis

186 reis e de cera e taxação 33 reis

186 reis e de cera e taxação 111,5 reis e por

Maladas sua anexa 70 reis

439,5 reis e de cera e taxação 32 reis

400 reis de cera e taxação

139,5 reis e de cera e taxação 58 reis

71 reis e de cera e taxação 58,5 reis

557,5 reis e de mais pelas igrejas de Maceda e Arada e de

cera e taxação 59 reis e a de ser visitada pelo bispo em pessoa

418 reis e de cera e taxação 109, 5 reis

57,5 reis e de cera e taxação 32 reis

139, 5 reis e de cera e taxação 32 reis

279 reis e de cera e taxação 42 reis

186 reis e de cera e taxação 56 reis mais por Duas

Igrejas, sua anexa 57,5 reis

372 reis e de cera e taxação 141 reis

Era anexa do Mosteiro de Canedo

279 reis e de cera e taxação 76 reis

279 reis e de cera e taxação 64 reis


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

181

Em 1566, o Papa Pio V, emitiu um Breve de separação dos moteiro

antigo (Grijó) e novo (Santo Agostinho da Serra), em que O

Summo Pontífice desanexou e separou as rendas e mandou se partisse

e que fossem dous mosteiros distintos (…). Logo se fez a repartição das

rendas, como também se partirão os ornamentos das igrejas, peças de

ouro e prata da sacristia, lenando cada mosteiro a metade de tudo; ao

Mosteiro da Serra ficou a renda de seis Igrejas, a saber: São Pedro de

Aradas, São Miguel de Milheirós, S. Martinho de Mozellos, S. Martinho

de Anta, Santo André de Canidelo e Santa Maria Magdanella no

Bispado do Porto, e todas estas igrejas são da apresentação do Prior do

Mosteiro de Santo Agostinho da Serra, como tãobem a Abbadia de São

Chistovão de Mafamude (Sousa: Estudos de Arqueologia:52).

Em 1624, Frei Marcos da Cruz, religioso do Mosteiro de Grijó,

informava que A Igreja de Moiselos (sic) foi in solidum deste

Mosteiro de Grijó. Era Abadia secular, nella apresentou muitas vezes,

e sei era sua no anno de 1365, em que lhe pegava de colheita seis libras,

como consta do Tombo que já muitas vezes citei a folhas 10. E o

era mais atras porque no tombo que fez El.Rey D. Afonso 4º mandou

fazer de toda a fazenda deste Reyno, julgando os juízes que o fizeram

por iniciativa sua. In freguesia de Moiselos habet Ecclesiola quinque

casales et totam ipsam ecclesiam que cota no Archivo Real e o treslado

authentico no deste mosteiro. Esta igreja so veyo depois a unir in perpetuum

a este mosteiro com sua anexa de Santa Maria de Maladas,

a qual deo a este mosteiro de Santo Agostinho da Serra, cujo he hoje e

tem cura que apresenta o mosteiro e confirma o Bispo do Porto por ser

da sua jurisdição. Está na terra da Feira, mea legoa deste mosteiro.

A Igreja de Santa Maria de Maladas era antigamente Abbadia, cujo

padroado era in solidum do Mosteiro de Grijó no anno de 1365, como

consta no tombo referido a folhas 9. Uniuse depois a de Mozellos e com

ella he hoje do Mosteiro da Serra. (AUC:Cruz: Crónica:135 e 136).

O século XVIII foi marcado pelo ouro brasileiro. Desde as

grandes obras, como o Convento de Mafra e Basílica da Estrela,

às Igrejas Paroquiais e capelas, houve um enorme surto de construções,

transformações e reparações de espaços sagrados, com

fundos provenientes do Brasil. O espaço hoje ocupado por Santa

Maria da Feira não escapou a esse surto renovador. Datam desse

tempo, muitas intervenções, em várias igrejas paroquiais, capelas

públicas, como o belíssimo exemplar joanino da capela de Meladas

e um grande número de capelas particulares. Num outro

nível, tal fonte de riqueza permitiu algumas ajudas estratégicas a

Roma que tiveram os desejados frutos.

A valorização da imagem régia da Igreja portuguesa passou

também pela promoção da Capela Real a Basílica Patriarcal. Por

outro lado, houve um reforço do poder da Coroa face a Roma e

à Igreja Portuguesa.

Pio V

Crónica do Mosteiro de Grijó

Basílica da Estrela


182 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ao longo deste período, viveu-se um clima de estabilidade

nas relações entre a monarquia, o papado e a Igreja, que o Rei D.

João V soube aproveitar em benefício pessoal. Tal clima foi radicalmente

alterado com a expulsão dos jesuítas, em 1759, e com

a quebra de relações diplomáticas com Roma, no ano seguinte,

para além da reforma da Inquisição.

O Marquês de Pombal pretendeu pôr cobro às situações de

exceção dos clérigos, cujos privilégios punham as suas pessoas e

bens fora da jurisdição do Estado. Esta era uma velha luta que,

de há muito se vinha a travar. Estas ações não tiveram um caráter

avulso, pois decorreram de uma fundamentação teórico-doutrinal,

sendo dominadas por uma evidente lógica institucional

(AZEVEDO:2000:166-176).

FREGUESIA TÍTULO FOGOS MAIORES MENORES

S. Martinho de Argoncilhe Curado 227 594 160

Santa Maria da Arrifana Abadia 170 484 104

S. Pedro de Canedo Reitoria 408 1091 286

S. Martinho de Escapães Abadia 76 288 40

S. Tiago de Espargo Abadia 47 160 20

S. Nicolau da Feira Vigararia 237 779 67

Santa Maria de Fiães Curado 176 455 102

S. Salvador de Fornos da Feira Abadia 70 235 30

Santo André de Gião Curado 99 304 81

S. Mamede de Guisande Abadia 86 291 46

Santa Maria de Lamas Abadia 59 159 33

S. Tiago de Lobão Curado 237 603 136

S. Vicente de Louredo Curado 163 494 111

Lourosa Abadia 159 378 125

S. Miguel de Milheirós de Poiares Curado 113 420 40

Santo André de Mosteirô Curado 78 255 69

S. Martinho de Mozelos Curado 105 254 59

S. Cristóvão da Regedoura Curado 70 124 51

S. Paio de Oleiros Curado 51 123 63

S. Cipriano de Paços de Brandão Abadia 46 133 26

Santa Maria de Pigeiros Abadia 78 224 40

S. Tiago de Rio Meão Vigararia 120 358 75

Santo Isidoro de Romariz Abadia 198 797 51

S. Pedrofins da Feira Curato 52 158 44

Santa Eulália de Sanguedo Reitoria 119 280 77

S, João de Ver Abadia 208 784 145

S. Jorge da Feira Abadia 84 293 49

S. Miguel do Souto Reitoria 138 353 112

S. Mamede de Travanca Curado 90 330 62

Santa Maria do Vale Vigararia 162 494 112

S. Mamede de Vila Maior Reitoria 89 265 62


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

183

CONTRIBUIÇÃO PARA A GUERRA

CONTRA OS TURCOS

A contribuição do clero do Porto para a guerra contra os

Turcos teve origem na preocupação ou aflição do Papa Clemente

XI (1700 – 1721) perante ameaças de invasão dos Estados pontifícios,

por parte das armadas turcas.

Não vou alargar-me aqui sobre o que foi para o Ocidente, o

medo do Turco, a partir dos princípios da Idade Moderna, a par

do medo das bruxas e do diabo, das epidemias e da fome, do fim

do mundo e do juízo final, dos judeus e dos mouros. O medo

do Turco como perigo e ameaça iminente e permanente, marcou

fundo o homem do ocidente moderno.

Para um místico Jerónimo do século XVI, os Mouros e os Turcos

eram agentes de Satan para destruir a Igreja. Não esconjurados

definitivamente estes últimos, era necessário, por isso, mobilizar permanentemente

os espíritos contra o perigo, mantê-los em estado de

Cruzada. Daí a razão da eclosão da batalha de Lepanto (1571).

Não deixa de ser notável, sob o ponto de vista da história

das mentalidades, constatar como alguns clérigos, reduzidos embora

em número, faziam as suas ofertas com esse espírito. Um

ofereceu para obra tão pia, para a defensa da nossa santa fé (...)

(SANTOS:1978:6 e 7).

O que parece indicar que o mito da cruzada não tinha morrido

de todo em Portugal nos princípios do século XVIII.

Essa posição foi assumida pelo clero, a partir da sensibilização

desenvolvida pelo Bispo do Porto, D. Tomás de Almeida,

ligado por laços familiares aos Condes de Avintes que, para o

efeito, tornou pública uma pastoral dirigida a todos os clérigos

da sua diocese. Realce-se a diferença entre as contribuições dos

Abades (à volta de 12$000 réis) e os Curas (480 réis).

Para se ter uma ideia do valor das ofertas, lembre-se que, em

1716, um alqueire de trigo custava 500 réis, um de centeio 320

réis, um de milhão (milho graúdo) 320 réis, uma galinha 160 réis.

Para efeito da recolha dos donativos, cada uma das quatro

comarcas foi dividida em zonas, em cada uma das quais, havia

um coletor que, por sua vez, fazia chegar essas ofertas ao coletor

geral, Tomás de Freitas.

O leque dos donativos é bastante amplo. Oscila, se excluirmos

a oferta do Bispo que foi de 3 contos de reis ou 3.000.000$000

réis, entre 48$000 réis (donativo do Abade de S. Cristóvão de

D. Tomás de Almeida


184 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Nau Nossa Senhora da Conceição,

que participou na guerra contra os

Turcos

Refojos) e 240 ou mesmos 120 réis.

O montante das ofertas dos abades e dos curas é diferente e

traduz bem a diferença dos recursos de uns e de outros. O que

significará uma oferta destas em poder de compra?

Para dar uma ideia vamos comparar uma dessas ofertas, por

exemplo, a de 480 réis que era sensivelmente a mais comum,

com alguns preços correntes do tempo de bens de primeira necessidade.

Vejamos alguns desses preços praticados no Porto e

registados, em livro próprio, pelo Hospital da Santa Casa da Misericórdia

do Porto.

ANO TRIGO CENTEIO MILHÃO GALINHA

1715 450 reis 280 reis 280 reis 150 reis

1716 500 reis 320 reis 320 reis 160 reis

1717 430 reis 220 reis 220 reis 160 reis

Unidade de medida: alqueire, correspondência em Moeda: réis.

A oferta mais corrente era de 480 reis. Com esse dinheiro

podia comprar-se em 1716, um alqueire de trigo, 1.5 alqueire de

centeio, 3 galinhas, etc. (SANTOS:1978:11).

CONTRIBUIÇÃO DO CLERO DA VILA DA FEIRA

CONTRI-

FREGUESIA

PADRES

BUIÇÃO

S. Martinho de Argoncilhe a) -

Santa Maria da Arrifana

Abade João Brandão

Padre António Carneiro da Fonseca

Padre Manuel Leite Pereira

4$800 reis

400 reis

960 reis

Duas Igrejas – integrada hoje em

Romariz

Cura Dionísio Alvarez

400 reis

Reitor Hiacynto Leal de Sousa

9$6000 reis

S. Pedro de Canedo

Padre Manuel Gonçalves Pinto

Padre António dos Reis Fernando

480 reis

240 reis

S. Martinho de Escapães

Abade João Carneiro de Lima

Padre João Carneiro

Padre Joseph Correa

7$200 reis

480 reis

480 reis

S. Tiago de Espargo Abade João Moreira 6$000 reis

S. Nicolau da Feira

Padre Francisco Soares Freitas

Padre António Lopes Correa

Padre Joseph Soares de Melo

480 reis

240 reis

240 reis


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

185

Santa Maria de Fiães

Cura Joseph Pinto Pereira

2$400 reis

Padre Luís Pereira Reis

480 reis

S. Salvador de Fornos da Feira

Abade Xavier Moreira

4$800 reis

Padre António Gomes de Pinho

300 reis

Santo André de Gião

Cura Domingos de Sousa

Padre Domingos Pereira

Padre Manuel Francisco de Azevedo Reimão

1$500 reis

480 reis

2$400 reis

S. Mamede de Guisande Abade Manuel de Carvalho 968 reis

Santa Maria de Lamas

Abade Manuel Barboza de Castro

4$800 reis

Padre Manuel Pais

240 reis

Cura Simão de Sousa Leal

720 reis

S. Tiago de Lobão

Padre João Ferreira

480 reis

Padre Manuel Ferreira

240 reis

Padre João da Silva Leal

600 reis

S. Vicente de Louredo Cura André Ferreira Nunes 2$400 reis

S. Tiago de Lourosa

S. Miguel de Milheirós de Poiares

Abade António Lopes Oliveira

Padre João Ferreira Pinto

Padre Manuel Carneiro

Cura João de Freitas Aguilhar

Padre Manuel Soares de Resende

Padre Manuel de Pinho Silva

Padre Miguel de Oliveira

Padre Manuel de Pinho Henriques

24$000 reis

1$200 reis

240 reis

480 reis

480 reis

380 reis

240 reis

400 reis

Santo André de Mosteirô Cura Manuel Ferreira 1$440 reis

S. Martinho de Mozelos

Cura Joseph Alvarez

Hu clerigo que não nomea

2$000 reis

300 reis

S. Cristóvão da Regedoura Cura Francisco Dias Pinto 1$500 reis

S. Paio de Oleiros Manuel de Sá Pereira 480 reis

S. Cipriano de Paços de Brandão

Abade Francisco Correa de Siqueira

Padre Bibiano Pinto de Almeida

480 reis

480 reis

Santa Maria de Pigeiros Abade Manuel Roiz Ramos 3$000 reis

S. Tiago de Rio Meão b)

Abade Luís de Carvalho Póvoas

Padre António da Silva

Santo Isidoro de Romariz

Padre Gabriel de Almeida

Padre António Alvarez

Cura Manuel Moreira Luis

S. Pedro Fins da Feira

Padre Manuel Homem Soares

Reitor Augusto Alvarez da Silva

Santa Eulália de Sanguedo

Padre Manuel Pais Tavares

Abade Manuel Cabral Soeiro

Padre Faustino Ferreira Pinto

S, João de Ver

Padre Franciso Paes Chaves

Padre Manoel de Oliveira

Abade João Henrique do Couto

S. Jorge da Feira

Padre João Martins- Abade Pensionário

Joseph Henrique do Couto

24$000 reis

480 reis

480 reis

480 reis

9$60 reis

480 reis

4$800 reis

480 reis

14$400 reis

600 reis

200 reis

200reis

9$600 reis

4$800 reis

1$200 reis


186 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

S. Miguel do Souto

No decurso dos efeitos do terramoto de 1755, que provocou

fortes estragos em Lisboa, o Marquês de Pombal encarregou o

padre Luís Cardoso, natural de Pernes, Santarém a elaborar um

inquérito procurando conhecer a realidade administrativa, geoa)

Igreja do Isento de Grijó

b) Comenda de Rio Meão

Reitor Domingos Ferreira

Padre Joseph Henriques e seu irmão

Padre Domingos Gomes da Cruz

4$000 reis

960 reis

360 reis

S. Mamede de Travanca Cura Domingos da Costa Azevedo 1$200 reis

Santa Maria do Vale Vigário Joseph da Costa Correa 720 reis

S. Mamede de Vila Maior

Reitor Manuel Vieira

Padre João Baptista

4$800 reis

480 reis

CONTRIBUIÇÃO DA DIOCESE DO PORTO

TITULO

RENDA ANUAL

Bispado do Porto 4.291$860

Cabido 3.218$895

Igrejas 19.098$895

Total 26.609$650

RESUMO DA CONTRIBUIÇÃO DO PAÍS

TITULO

RENDA ANUAL

Bispados, Cabidos e Igrejas do Reino 200.459$544

Religiões de Frades e Freiras 125.341$945

Prelados das três Ordens 15.224$564

Comendas das três Ordens 53.648$437

Universidade de Coimbra e seus Colégios 5.364$706

Total 400.039$196

(SANTOS: 1978: 13, 15, 27, 70, 71, 72, 85, 86).

MEMÓRIAS PAROQUIAIS DE 1758


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

187

gráfica, histórica de cada paróquia, a sua localização, a realidade

religiosa, nomeadamente, os seus clérigos, e a sua categoria e

funções, a existência de conventos e de hospitais, casas de misericórdia,

ermidas e as suas eventuais romagens.

Procurava conhecer-se os frutos da terra recolhidos pelos

moradores, se tinham juízes ordinários, se eram couto, cabeça

de concelho, honra ou mestria, se havia memória de pessoas insignes

de virtude, letras e armas, se tinha feira e correio. Quanto

distava de Lisboa, se tinha privilégios e antiguidades, se havia

alguma fonte ou lagoa célebre e se as suas águas tinham especial

virtude, se era porto de mar, se era murada e se tinha padecido

qualquer ruína no terramoto. Finalmente, pretendia informações

sobre a serra e o rio da terra, caso lá existissem.

O pároco José Ferreira Dias Rodrigues respondeu o seguinte:

Desejando dar satisfaçam a ordem que me foy enviada pelo muito

Reverendíssimo Senhor Bispo nosso dignissimo Prelado para satisfazer

aos interrogatórios que ficam em meu poder e dar a noticia que se

procura saber desta freguesia de Sam Martinho de Mozellos termo da

Villa da Feyra, comarqua desgueyra do Bispado do Porto

1 – Esta situada na Beira bayxa termo e terra da Feira comarqua

desgueira na terra do Senhor Conde e agora do Senhor Infante Dom

Pedro.

Ao quesito 2 que pretendia saber se a terra era de El-Rei ou

de qualquer donatário não respondeu, do que se conclui que a

resposta era negativa.

3 – Tem esta freguezia huma igreja e tem pessoas entre grandes e

pequenas coatro centas e noventa e sinco.

4 – Esta situada em hum val donde se descobrem a Igreja de Sam

Tiago de Lourosa e a capella de Sam Miguel sita na dita freguesia

mais as terras de Chaves que distam quatro legoas e meya pouco mais

ou menos e a serra da Freita que se descobre parte della que dista seis

legoas.

Ao quesito 5 também não respondeu pois não tinha termo seu.

6 – A Parochia esta fora de todos os lugares da freguesia e tem

desouto lugares que sam o lugar de Goda, Hermilhe, Bergada, Fundam,

Outeiro do Munho, Prime, Mozellos, Almeixa, Regadas, Meladas,

Barroza, Villas, Casal, Seitella, Gesto, Sobral, Quintam, Igreja

e nada mais.


188 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

7- O Orago desta he Sam Martinho e existem nesta Igreja três

altares e huma só nave o Altar Mor aonde esta colocado o Santissimo

Sacramento e tem entre si Sam Martinho, Santa Anna, Santa Gertrudes

e nada mais.

Os dois altares colaterais hum da Senhora do Rosario, que tem

a ladea-la Santo António e Sam José e o Menino. O altar do Santo

Christo que consta da Senhora das Dores e Santa Luzia e Sam Sebastiam

e Santa Anna tem irmandade e faz a sua festa no seu dia e he

romaria de gente e hera so hum dia.

8-Esta Igreja he curato que apresentam os reverendíssimos cónegos

de Santo Agostinho do Mosteiro da Serra e tiram de renda 308 mil

reis desta freguesia pouco mais ou menos.

Aos quesitos 9, 10, 11 e 12, onde se pretendia saber a qualidade

do pároco, se tinha beneficiados, conventos, hospital e casa

de misericórdia respondeu

13 – Tem esta freguezia duas capelas ou ermidas huma de Sam

José situada no lugar de Almeixa, outra da Senhora da Conceiçam

situada no lugar das Melladas que são da freguesia.

Ao quesito 14 respondeu – Nada – concluindo-se não haver

romagens a qualquer dos templos referidos.

15 – Os fructos da terra com mais abondancia sam o milho grande

e também senteio, trigo milho miúdo painço.

Esta situada na Beira bayxa termo e terra da Feira comarqua

desgueira na terra do Senhor Conde e agora do Senhor Infante Dom

Pedro.

Esta sujeita ao Governo da Justiça o ouvidor e juiz da terra da

Villa da Feyra e ao Procurador da Comarqua da Esgueira.

(…)

Tem esta huma feyra a que chamam do Morado por estar sita no

mesmo lugar aos vinte e sinco dias de cada mês e he cativa e nam franca.

Não tem correio seo servese da Villa da Feyra que dista huma legoa.

Contase desta freguesia a cidade do Porto três legoas e a cidade de

Lisboa corenta e seis. Do Porto a cidade capital sam sincoenta legoas.

(…)

Nesta terra não há serras para que tenham que nellas dar noticia

e so, digo, há hum outeiro de suas qualidades.

Junto a esta igreja há hum outeiro a que chamam do Morado que

fica o qual serve de apascentar os gados cuja planicie no pico deste


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

189

terá de comprido duzentas braças e de largura mais de cem tudo

plano a huma altura regista este em antigos tempos ser cercado cujo

monte ou outeiro dizem os antigos que foi praça de mouros de cujo se

descobre grande parte do mar a villa de Aveiro e todo o rio que fica

diante e a villa sera de distancia sinco seis legoas ao castelo da vila

da Feira que dista huma legoa e a serra de Balongo, a Baltar e Chaves

e Freita já nomeadas que a de Valongo dista seis legoas o castelo

de Sam Joam da Fos, junto a barra do Porto, a Senhora da Luz de

Sam Joam da Fos e outras muitas povoações e igrejas das redondezas

como o mosteiro de Grijó dos cónegos regulares de Santo Agostinho,

tem um monte nas suas redondezas que estam manando copiozas

agoas em todo o tempo e os povos se servem dellas para seos gastos de

casa, nam tem arvores alguas nem tem outro qualquer monte arado.

E nam tenho mais desta em todos os interrogatórios da serra.

Dos rios desta freguesia não tem rios porquanto um regato delle

nasce uma fonte donde hum regato chamado Prime e he tam pequeno

que teveram de fazer possos para beberem os gados e cria peixes de

várias qualidades.

Chamase de Prime principia na fonte do gado (Goda)tudo dentro

da mesma freguesia.

Corre parte do anno pois no verão falta.

(…)

Corre do Norte ao Sul para a freguesia de Santa Maria de Lamas.

(…)

10 – Cultivamse as suas ribeiras junto ao regato e tem suas arvores

de fruto em partes que frutificam.

(…)

13 – Morre este na lagoa da freguesia de Paranhos (sic) de Paramos

lagoa que cria peixes de varias qualidades.

(…)

16 – Tem este alguns muinhos que moem o milho, o trigo e as mais

qualidades de gram porem parte do veram he com aguas emprezadas.

(…)

18 – Os povos uzam as suas agoas libremente para as culturas dos

campos e servidões sem pensam nem foro algum.

19 – Tera este regato huma legoa de seu comprimento onde fenesse e

desta freguesia de Mozellos corre a freguesia de Lamas e de hi a Passos

de Brandam e dahi a Paranhos (sic) onde fenesse metendo-se na lagoa.

(…)


190 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

E nesta forma tenho respondido a noticia que acho desta freguesia de

Sam Martinho de Mozellos e que fis na milhor forma que pude descobrir

sem afecto algum senam com toda a clareza o que tudo fosse necessidade.

12 de abril de 1758

O Parocho Jose Ferreira Dias Rodrigues

(TT: Memórias Paroquiais de 1758: vol. 25: nº 252: Fls. 1881-1884).

D. Joâo IV

No século XVII, com a criação da Casa do Infantado pelo rei

D. João IV, com património confiscado a nobres que permaneceram

fieis aos reis espanhóis, algumas localidades viram os seus

destinos passarem a ser decididos pelos infantes da Casa Real.

Durante o governo do Marquês de Pombal, em 1759, por

decreto a Companhia de Jesus foi expulsa do reino e todos os

seus bens foram incorporados na Coroa e administrados pela

Real Mesa Censória. As propriedades continuaram a ser geridas

como até aí em regime de enfiteuse em prazos de vidas.

Segundo informações contidas nas Memórias Paroquiais, em

meados do século XVIII, cultivavam-se várias qualidades de cereais

como o milho grande, centeio, trigo, milho-miúdo e painço

e havia árvores de fruto nas margens do regato de Prime. (ID.:

IBID.: Fls.1883).

No entanto, a prática irá levar a que esses prazos fossem convertidos

em perpétuos, beneficiando sobretudo os subenfiteutas,

na remissão dos mesmos. Mas isso anunciava o que se passaria

após 1834.

ASPETOS JUDICIAIS E ADMINISTRATIVOS

Segundo informação contida nas Memórias Paroquiais, a

freguesia estava situada na Beira Baixa termo e terra da Feira,

Comarca de Esgueira, na terra do Senhor Conde e que era então

do Infante Dom Pedro e estava sujeita ao Governo da Justiça o

ouvidor e juiz da terra da Vila da Feira e ao Procurador da Comarca

da Esgueira (TT: Memórias Paroquiais: Fl. 1882).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

191

Em 1787, era este o quadro religioso da comarca da Feira (freguesias

do atual concelho de Santa Maria da Feira).

Freguesia Título Padroeiros Fogos Almas Rendº.

S. Martinho de Argoncilhe Curado Convento de Grijó 310 1103 100$00 3

Costa: Descrição:176 a 185).

Dista do

Porto

Santa Maria da Arrifana Abadia Casa do Infantado 221 855 500$000 5,5

S. Pedro de Canedo Reitoria Mitra 538 1655 400$000 3 S. Tia

S. Martinho de Escapães Abadia Mitra 115 371 300$000 5

S. Tiago de Espargo Abadia

Papa e Bispo e Convento de

Cucujães

96 365 360$000 4

S. Nicolau da Feira Vigararia

Convento de Santo Elói da

Feira

315 1248 120$000 6

Santa Maria de Fiães

Curado

Convento de Santo Elói de

Lamego

244 806 130$000 3

S. Salvador de Fornos da

Feira

Abadia Alternativa do Papa e Bispo 96 369 400$000 5

S. Mamede de Guisande Abadia

Alternativa do Papa e Freiras de

S. Bento do Porto

192 506 500$000 4

Santa Maria de Lamas Abadia Papa 76 363 550$000 3

S. Tiago de Lobão Curado Reitor de Canedo 319 1046 200$000 4

S. Vicente de Louredo Curado Reitor de Canedo 146 644 130$000 4

Lourosa

S. Miguel de Milheiros de

Poiares

Curado Convento da Serra 149 605 50$000 5

Santo André de Mosteirô Curado Reitor de S. Miguel do Souto 82 348 60$000 5

S. Martinho de Mozelos Curado Convento da Serra 185 667 90$000 3

S. Cristóvão da Regedoura Curado

Congregação de Santo Elói da

Vila da Feira

143 450 100$000 3

S. Paio de Oleiros Curado Reitor de Arcozelo 103 307 100$000 3

S. Cipriano de Paços de

Brandão

Abadia Mitra 76 312 400$00 3

Santa Maria de Pigeiros Abadia

Casa dos Paços de Pereiras da

Quintã

107 436 500$000 4

S. Tiago de Rio Meão Abadia Comendador de Rio Meão 156 489 150$000 3

Santo Isidoro de Romariz Reitoria

Convento de S. João Novo do

Porto

300 1055 250$000 5

S. Pedrofins da Feira Curado Religiosas de S. Bento do Porto 87 335 80$000 5

Santa Eulália de Sanguedo Reitoria Padroado Real 158 592 200$000 3

S, João de Ver Abadia Mitra 233 881 1000$000 4

S. Jorge da Feira Abadia

Alternativa da Mitra e do Convento

de Santa Clara do Porto

116 490 60$000 4

S. Miguel do Souto Reitoria Mitra 281 910 250$000 5

S. Mamede de Travanca Curado

Convento de Santo Elói da

Feira

190 583 70$000 5

Santa Maria do Vale Vigararia Padroado Real 196 782 130$000 4

S. Mamede de Vila Maior Reitoria Padroado Real 117 358 230$000 3


192 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

VOTOS DE SANTIAGO

Imagem de Santiago Maior na

Catedral de Santiago de Compostela,

Espanha

Caminho de Santiago

Este tributo anual era devido à Diocese do Porto e à Mitra da

Cidade e consistia geralmente em alguns alqueires ou rasos de

cereal e só raros moradores dele estavam isentos.

Em Portugal, estavam obrigadas ao seu pagamento as dioceses

do Porto, Braga e Coimbra. Todavia, só os foreiros com

propriedades na diocese do Porto faziam tal pagamento, embora

nem todos os moradores a ele estivessem obrigados. Havia raríssimos

casos de isenção.

Esta era mais uma entre as muitas contribuições que os camponeses

estavam obrigados, a qual, desde muito cedo, já pouco

tinha a ver com a finalidade inicial.

Era um tributo de origem remota e imprecisa, inicialmente,

composto por uma medida de pão e outra de vinho pago pelos cristãos

peninsulares à Igreja de Santiago de Compostela, por cada junta de bois

com que lavrassem a terra (COSTA: 1959: vol. I: 264).

Segundo a lenda, um príncipe cristão da Reconquista fez um

convénio com os sarracenos. Ele e os seus descendentes entregariam

anualmente cem donzelas cristãs de formosura, cinquenta fidalgas

e outras cinquenta nascidas do povo. Por este preço obtinham os

cristãos do sarraceno que este não lhes fizesse mais guerra.

Em 834, Ramiro I decidiu livrar o reino deste vergonhoso

tributo, mas na batalha que o opôs aos mouros, foi destroçado

(ALARCÃO: 1973: 137).

Estes votos só vieram a ser extintos pelo governo liberal, sendo

as terras da Comarca da Feira, de que Mozelos fazia parte, as

últimas a serem isentas.

Este tributo era pago em géneros, sobretudo centeio e milho-

-miúdo.

Em Mozelos, havia o casal de Seitela que pagava 3 alqueires

de cereal, mais outros 2 que pagavam mais 6 alqueires e um outro

que pagava outros 3. Havia também o casal de Mozelos que

pagava 3 alqueires, pela medida velha, e 4 casais no Souto que

pagavam cada 2 alqueires (AMARAL: São Salvador: Apêndice D).

Em 1711, foi tirada uma sentença contra possuidores do casal

de Goda, sito na freguesia de Mozelos, foreiro a Rio Meão cujas

partes se compunham entre si para pagarem a renda dos votos

em falta o que a cada um tocava cujo rateamento foi julgado por

sentença (ADP. Cabido: K/13/1/3-21-002/0499).

O quadro tem interesse para complementar a informação do

retrato fundiário e seus foreiros para o mesmo período.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

193

4º CAMINHO DE SANTIAGO DA

COMARCA DA FEIRA- 1706

LUGAR PROPRIEDADES VOTOS

MOZELOS

SEITELA

PRIME

SEITELA

ERMILHE

Casal que foi de Sebastião Godinho e hoje possui Francisco Oliveira

Francisco Oliveira

Casal que foi de António João e que hoje possui Manuel

Domingues e outros

Manuel Alves

Jorge Fernandes

Manuel João

António Gonçalves, da Quintã pelo campo da Lousada

Casal que foi de João Pires e hoje possui Bento Alves e outros

Bento Alves

Manuel Alves

Manuel Gomes

João Francisco e sua mulher por Roque Fernandes, da Regedoura

Manuel António por António João, da Portela, da freguesia de

Nogueira da Regedoura

Casal que foi de Ruim Gomes e hoje possui Manuel João e outros

Manuel João com Jorge Fernandes e António Fernandes

Simão Roiz por João Domingues e por António Francisco

António Francisco por António Jorge

António Carvalho por terras de sua pertença

O mesmo António Carvalho

Manuel Alves por Manuel Domingues, genro de António Carvalho

António Francisco, filho de António Jorge

Casal que foi de Domingos Gonçalves e hoje possui Domingos

Gonçalves, o caseiro e outro

Pedro Ferreira

João Francisco

João Fernandes

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Trigo – 3 rasos

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

3 selamins de trigo

3 selamins de trigo

15 selamins de trigo

3 selamins de trigo

Trigo – 2 rasos

Milho – 2 rasos

Cevada – 2 rasos

1,5 raso de trigo

9 selamins de trigo

3 selamins de trigo

1,5 raso de trigo

1,5 raso de trigo

Trigo – 3 rasos

Milho – 3 rasos

Cevada – 3 rasos

Meio raso de cevada

Meio raso de trigo

1,5 raso de trigo

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

Meio raso de trigo

1 quarta de trigo

e outra de milho

1 raso de trigo

Trigo – 2 rasos

Milho – 2 rasos

Cevada – 2 rasos

Trigo – 2 rasos

Milho – 2 rasos

Cevada – 2 rasos

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

Trigo – 2 rasos

Milho – 2 rasos

Cevada – 2 rasos


194 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Casal que foi de Manuel Fernandes e hoje possui João Fernandes,

de S. Félix da Marinha

João Francisco, de Espinho, freguesia de S. Félix da Marinha

Casal que chamam Casal que foi de João Pinheiro e hoje possui

Tomé Gomes e outros

Tomé Gomes

António Coelho

Maria Lopes, mulher que ficou de João Alves por Manuel Alves de

Seitela e por António João

João Coelho

António Alves

Lourenço de Amorim Pereira, filho de Manuel da Rosa e sua mãe

Maria da Rosa por eles e por Manuel da Rosa e por Manuel João

Lourenço de Amorim Pereira. por seu pai Manuel da Rosa. da rua de

Trás e por Domingos Fernandes e mulher na freguesia de Argoncilhe

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

Trigo – 3 rasos

Milho – 3 rasos

Cevada – 3 rasos

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

Trigo – 2 rasos

Milho – 2 rasos

Cevada – 2 rasos

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

Trigo – 1 raso

Milho – 1 raso

Cevada – 1 raso

Meio raso de trigo

Meio raso de milho

Meio raso de trigo

Meio raso de milho

(ID:IBID:: K/26/1/1. CX. 4 – 32, Fls. 90v a 94)


MOZELOS CONTEMPORÂNEO DAS

INVASÕES FRANCESAS ATÉ À ATUALIDADE


Na página anterior, reprodução de ADP:Santo Agostinho da Serra:

K/8/4- 46:Fls. 232 a 241.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

197

ASPECTOS ECONÓMICOS, SÉCULO XIX

A dialéctica entre as forças renovadoras e conservadoras e

esta constante tendência para todo o impulso inovador cristalizar

em estabilidade ordeira, antes de imprimir alterações significativas

nas estruturas, são uma das características desta época.

(...) A venda dos bens nacionais, a repatriação dos emigrantes

enriquecidos e especialmente a comercialização da produção

agrícola fazem surgir uma actividade financeira relativamente

activa e uma classe média rural e urbana muito mais extensa.

(SARAIVA:1982 : vol.6:1)

O quadro social económico do país e da região não se alterou,

do século XVIII para a centúria de oitocentos. No entanto ao

longo do século a estrutura socioeconómica vai sofrer mutações.

O facto que mais impacto teve em Mozelos, foi a nacionalização

dos bens das corporações religiosas e a sua desamortização, decorrente

da lei de Joaquim António de Aguiar, conhecido pelo

mata-frades, após a vitória liberal de 1834.

A chamada sociedade do Antigo Regime que, segundo a opinião

de José Matoso, começou a transformar-se, a partir das invasões

francesas, que para além dos graves prejuízos trazidos ao

país, veicularam também as doutrinas da Revolução Francesa,

trazidas pelos soldados de Napoleão Bonaparte.

As invasões francesas forneceram, algumas vezes, o pretexto

para muitos saques, roubos e destruições, que foram levados a cabo

por camponeses, a coberto da impunidade que a presença dos franceses

propiciava, mas onde se denota, por vezes, a desforra para

muitos anos de mal sofrida sujeição e outras o fácil remédio para

situações aflitivas de momento. Alguns mosteiros e outros grandes

senhorios foram alvo dessa ira e desses levantamentos populares.

Os reflexos palpáveis, em termos estruturais, após o período

áureo das Descobertas, a que se juntaram todas as nefastas

consequências das lutas liberais, já referidas que depauperaram

Joaquim António de Aguiar

Napoleão Bonaparte


198 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

D. Pedro e D. Miguel, guerra entre

os liberais e absolutistas

(caricatura da época)

Plantação de batatas

seriamente o País e retardaram as transformações operadas pela

Revolução Industrial, em franco desenvolvimento na Europa.

Por isso, a realidade mantém-se, continuando o litânico processo

de celebração de prazos novos ou de renovação de outros

já existentes, no quadro de relações entre senhorios, rendeiros e

foreiros e com as mesmas práticas agrícolas vindas do passado,

com os mesmos métodos e as mesmas culturas, que mantiveram

incólume a ancestral sociedade de ordens, onde os estratos dominantes,

clero e nobreza, viviam do trabalho do terceiro estado.

Verifica-se, neste século, o aumento das áreas de pastagens e

cultivo hortícola em extensão.

Como afirma o Professor Aurélio de Oliveira (...) a penetração

capitalista nos campos também acompanha frequentemente a Revolução

agrícola: a ocupação de novas terras. É um fenómeno que largamente se

documenta nos últimos tempos do século XVIII em várias zonas do país,

melhor dito em certas áreas do país: ocupação de baldios, maninhos, terras

comunais, e até novos rompimentos em terras senhoriais e concelhias.

A grande realidade é esta: a posse da terra, não pelos lucros que

se almejam da sua exploração directa, mas a sua posse, como fonte de

renda, definidora de prestígio, de respeitabilidade, de honorabilidade,

de acesso nos degraus da sociedade (OLIVEIRA:1980:3 e 4).

A repartição e distribuição dos produtos globais da terra durante

o Antigo Regime, derivavam da posição que cada um ocupava face a

duas realidades em que se definia a base e o poder económico da economia

e da sociedade rurais: a estrutura, posse e repartição do fundus

– que traduzia a situação e a participação horizontal; e a que derivava

de cada elemento face às rendas, aos proventos auferidos e às massas

salariais envolvidas – que traduziam ou melhor condicionavam a participação

vertical dos vários agentes ou grupos sociais (ID.:IBID.:10).

Como já acontecera nos séculos anteriores, no antigo regime

português os principais contratos agrários são: o arrendamento,

a parceria agrícola, os consortes, o censo reservativo e a enfiteuse

e a subenfiteuse.

Os campos e o mundo rural vivem, de um modo ou de outro,

enredados em crises sucessivas e constantes. O quadro e o lugar da

crise do antigo tipo é, por excelência, o campo (ID.:IBID.54 e 55).

Uma maior rentabilidade verifica-se sobretudo também no

tipo de cereal aqui já largamente utilizado: o milho grosso. Não

deixa, mesmo assim, de constituir uma alta percentagem, para a

qual nos apraz chamar a atenção, até pelo significado económico

e social que encerra.

Paralelamente consolida-se o cultivo promíscuo dentro da

mesma parcela. As culturas cerealíferas do milho-miúdo, milho


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

199

grosso ou maíz, centeio e trigo convivem na mesma parcela com

árvores de vinho, choupos e amieiros, carvalhos, castanheiros,

árvores de fruto, culturas de leguminosas, o feijão e a abóbora,

misturadas com o milho grosso. O tamanho da parcela reduz-

-se, dividida por vários cultivadores, mas a sua produtividade

aumenta pelo número de culturas, do que propriamente pelo

aumento de produção monocultural. A policultura é a prática

corrente. Com ela permite-se obter uma diversidade maior de

alimentos não só para humanos como para animais.

Neste século, um produto, a batata, conquista o seu lugar privilegiado

na alimentação humana. Embora uma planta conhecida

na Europa desde o descobrimento do Novo Mundo, só em

meados do século é que ganhou a confiança das populações para

ser introduzida na alimentação humana e destronar a castanha

como acompanhamento de muitos pratos tradicionais. Até aí era

cultivada de forma residual e sobretudo empregue na alimentação

animal, tal como o nabo e a abóbora. Essa resistência e caráter

maléfico, pecaminoso, vinham-lhe do preconceito de ser uma

planta que germina e se desenvolve debaixo de terra, junto com

os bichos e todos os outros preconceitos associados. A cebola,

uma raiz, completa o seu desenvolvimento fora de terra. O nabo

partilhava com a batata o preconceito. E por causa dele, eram alimentos

destinados aos animais e àqueles que viviam à margem

da sociedade e que eram desprezados, os pobres, os nómadas e

os marginais. Embora, noutros países da europa, sobretudo no

norte, essas plantas já tivessem conquistado a sua legitimidade e

ultrapassado o preconceito. Aliás, o aumento de área cultivada

da batata e do nabo, contribuiu para o aumento populacional

naquelas regiões, e para a implementação da revolução agrária

do século XVIII, que precedeu a revolução industrial.

Em Portugal, e sobretudo nesta localidade, a revolução agrária

caracterizou-se pelo fracionamento da propriedade, a legitimação

legal dos que a trabalhavam e possuíam, através da contratualização

enfiteutica e pela desamortização, e pela disseminação

da cultura do milho maiz, ou milhão, ou milho grosso, para

distinguir do milho corrente, o milho painço ou milho-miúdo, ao

longo do século XVIII e século XIX O trigo, que em parte regista

uma evolução paralela com o cereal de segunda (ID:IBID:62).

Tendo em conta estas realidades, a nível nacional e regional,

importa conhecer os atos que influenciaram a vida das pessoas

ligadas à terra, na freguesia.

Em 26 de novembro de 1811, o Mosteiro de Grijó renovou um

prazo de 1/3 do casal de Ermilhe a Manuel Joaquim de Marques

Lima e a sua mulher Rita de Cássia Dias de Magalhães, da cidade


200 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Casa antiga

Escada para o sobrado

Ramada

Caixa de cereal

do Porto como 1ª e 2ª vidas, sendo a 3ª do filho ou filha que viessem

a ter, com a renda e foro anual de 8 alqueires de trigo e 2 galinhas,

o mesmo de lutuosa por cada vida. Tinha a seguinte composição:

– Aposento de casa de sobrado, curral, aidos, quinteiros, hortas,

pomar e terra lavradia e levava de semeadura 3 alqueires de

cereal;

– Terra lavradia chamada a Cavadinha, tendo no cabeço do

norte 1 casa térrea que servia de cozinha e confrontava desse lado

com a presa do povo e do nascente com o caminho que ia para a

fonte do lugar e levava de semeadura 3 alqueires de cereal;

– Campo da Leira e levava de semeadura 3 alqueires de cereal;

– Leira da Tapada de lavradio e devesa e levava de semeadura

6 alqueires de cereal;

– Leira da Covinha ou Monte da Covinha e levava de semeadura

5 alqueires de cereal;

– Relva dos Reis levava de semeadura 6 alqueires de cereal;

– Leira da Cova da Relva tapada por parede com um pedaço

de mato no cabeço do nascente levava de semeadura 2 alqueires

de cereal;

– Ribeira Velha levava de semeadura 4 alqueires de cereal;

– Cavada levava de semeadura 4 alqueires de cereal;

– Gestal levava de semeadura 3 alqueires de cereal;

– Ribeira Nova levava de semeadura 3 alqueires de cereal;

– Devesa do Rapigo, que dantes se chamava a Ribeira da

Lama, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Linhar que, no nascente tinha uma língua de terra, levava

de semeadura 3 alqueires de cereal;

– As Vinhas levavam de semeadura 12 alqueires de cereal;

– Leira da Lavoura levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Outra leira na mesma lavoura levava de semeadura 4 alqueires

de cereal;

– Campo Verde a lavradio, mato e pinhal levava de semeadura

11 alqueires de cereal.

Os enfiteutas usavam de todas as pertenças, testadas, entradas

e saídas novas e antigas, água de regar e limar, árvores de

fruto e sem ele, casas, anteportas, aidos, quinteiros, currais, palheiros,

eiras e tudo o mais que pertencia ao casal, tudo assim da

mesma forma que possuíam os seus antepassados (ADP: Mosteiro

de Grijó: K/18/4- 85:Fls. 98v a 106).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

201

Em 6 de maio de 1815, o Mosteiro de Grijó renovou um

prazo de três vidas de metade do casal de Prime a António de

Oliveira e a sua mulher Maria Antónia, de Prime, como 1ª e 2ª

vida e a 3ª a um filho ou filha que viessem a ter. Anteriormente o

meio casal havia sido emprazado Brízida, solteira, filha que fora

de João Coelho, como 1ª vida, o marido com quem viria a casar

como 2ª vida e a um filho que tiveram como 3ª vida. Tinha a

renda e foro anual de 6 alqueires de trigo, uma galinha, o mesmo

de lutuosa e domínio de quinto.

Tinha a composição seguinte:

– Devesa do Chasco com 34 braças de comprido e 43 de

largo e levava de semeadura 8 alqueires de cereal;

– Devesa de outra lavoura levava de semeadura 8 alqueires

de cereal;

– Cortinha do Ermo com uma propriedades de casas com

o comprimento de 60 braças, a largura de 9 braças e levava de

semeadura 5 alqueires de cereal;

Leira da Cancela com as suas casas, aidos e quinteiros com

o comprimento de 46 braças, a largura de 7 braças e levava de

semeadura 2 alqueires de cereal;

– Leira da Ratofa com o comprimento de 28 braças, a largura

de 17 braças e levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Leira do Cabouco com o comprimento de 19 braças, a largura

de 13 braças e levava de semeadura meio alqueire de cereal;

– Leira de lavoura na Malpica com o comprimento de 74

braças, a largura de 9 braças e levava de semeadura 3,5 alqueires

de cereal;

– Outra leira na mesma lavoura para a parte do nascente

com uma testada de monte com o comprimento de 36 braças, a

largura de 4 braças e levava de semeadura 3/4 alqueires de cereal

(ADP:Mosteiro de Grijó:K/18/4- 62:Fls.101v a 107v).

Em 15 de julho de 1817, o Mosteiro de Grijó renovou um

prazo de um casal, chamado a Quinta da Fonte a Pedro Pacheco

Pereira Pamplona, da cidade do Porto e a sua mulher Dona Clara

Josefa Maria, 1ª e 2ª vidas, seu filho António Pacheco Pereira

e a mulher com quem viesse a casar, 3ª vida, pela renda, pensão

e foro anual de 2.100 reis em dinheiro, 3 galinhas, o mesmo de

lutuosa por cada vida e domínio de quinto.

Era constituído por:

– Um aposento de casas térreas, aidos, quinteiros, currais, palheiros

e aidos em que viviam de que se compunha todo o lugar

Lagar

Pormenor de casa antiga


202 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

de Mozelos, havia ainda toda a terra das cortinhas a ele pegadas

com suas árvores de vinho e fruto, com uns socalcos pelo meio,

levava de semeadura 10 alqueires de cereal;

– Cortinha da Fonte, terra lavradia, com algumas divisões e

socalcos pelo meio, com algumas árvores de fruto e de vinho,

levava de semeadura 20 alqueires de cereal;

– Terra do Continho a lavradio, mato e devesa de castanho,

com alguns valos e socalcos, levava de semeadura 7 alqueires de

cereal;

– Ribeiras de lavradio com algumas divisões de valos pelo

meio, levava de semeadura 4 alqueires de cereal;

– O Chão do Moinho, terra lavradia com vários socalcos e

divisões pelo meio, levava de semeadura 7 alqueires de cereal;

– Agro da Lavoura de Prime, uma terra de várias leiras lavradias,

levava de semeadura 12 alqueires de cereal;

– Choupelo de lavradio, levava de semeadura 3 alqueires de

cereal;

– Mortuório, levava de semeadura 2 alqueires de cereal;

– Leira do Rodelo de lavradio, levava de semeadura 2 alqueires

de cereal;

– Leira da Carvalha, levava de semeadura 7 alqueires de cereal;

– Leira das Relvas da Igreja a mato e pinheiros, levava de

semeadura 15 alqueires de cereal;

– Leira de mato com alguns pinheiros,chamada do Espinheiro,

levava de semeadura 6 alqueires de cereal;

– Leiras de Espinheiro, levava de semeadura 4 alqueires de

cereal;

– Cortinha da Riba da Cruz, levava de semeadura 2 alqueires

de cereal;

– Leira de mato e pinheiros, chamada das Pedras do Entoado,

levava de semeadura 8 alqueires de cereal;

– Leira do Outeiro do Moinho, levava de semeadura 1 alqueire

de cereal;

– Outra leira no mesmo local, terra lavradia, levava de semeadura

2 alqueires de cereal;

– Campo dos Agros, terra lavradia e de mato, levava de semeadura

15 alqueires de cereal;

– Ribeira de Dossins de lavradio, levava de semeadura 4 alqueires

de cereal;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

203

– Monte da Relva de Dossins de Fora, terra lavradia e de

mato com pinheiros, levava de semeadura 40 alqueires de cereal;

– Terras chamadas de Almeissa, Relvas e Cortinha do Murado,

oito aposentos de casas térreas e de sobrado com os seus

quinteiros, currais, palheiros, com as suas cortinhas;

– Ribeira com as devesas de Além e seus matos, confrontava

pelo sul até onde se fez um canto por onde antigamente fora o

Rio Velho e então era devesa de castanho com alguns amieiros,

levava de semeadura 20 alqueires de cereal;

– Aposento de casas térreas com quinteiro, ramada, aidos

currais, cortinha da porta com árvores de fruto e de vinho, que

anteriormente se chamava a Devesa das Portas, levava de semeadura

3 alqueires de cereal.

O enfiteuta caseiro nem os seus sucessores não poderiam vender,

dar, nem doar, partir, trocar nem escambar, alienar nem dotar

o dito casal da Fonte ou parte dele, nem poderiam nele vender

retro medidas, nem obriga-los a missas, confrarias, capelas nem

morgados, nem aceitar por ele dinheiro a juros nem outro algum

contrato, sem a autoridade do Real Mosteiro de Grijó, direito senhorio,

sob pena de tudo ser nulo e de nenhum valor. E havendo

de vender o direito deste prazo seria, em primeiro lugar, a eles

reverendíssimos senhorios querendo-o eles para si ou para algum

dos seus familiares e criados, tanto por tanto, e não o querendo,

então o poderiam vender livremente a quem bem lhes aprouvesse,

contanto que não fosse a pessoas das defesas proibidas em direito.

E do preço porque assim o vendessem ou das trocas que lhes fizessem

pagariam a eles, senhorios a quinta parte em razão do seu

domínio e laudémio, que vinha a ser conforme o uso e costume

antigo do Mosteiro (ID::IBID.: K/8/4- 46:Fls. 232 a 241).

Em 1888, por ordem do Governo, procedeu-se ao chamado

inquérito agrícola, tendo-se apurado os seguintes valores:

Pessoas

– Homens de mais de 12 anos – 188;

– Mulheres de mais de 12 anos – 222;

– Menores de 12 anos – 4;

– Agricultores proprietários – 106;

– Agricultores rendeiros – 12;

– Agricultores de parceria – 16;

– Serviçais assoldadados – 29;

– Jornaleiros – 13; D. João VI


204 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Lavradores de 1 arado – 71;

– Lavradores de dois arados – 4;

Gado

– Vacas – 19;

– Touros – 148;

– Novilhos – 52;

– Novilhas – 11;

– Cavalos de mais de 3 anos – 1;

– Éguas de mais de 3 anos – 3;

– Éguas de menos de 3 anos – 3;

– Jumentas – 4; Crias – 1;

– Carneiros – 24;

– Ovelhas – 69;

– Crias – 5;

– Cabras – 4;

– Porcos – 22;

– Porcas – 5.

Este recenseamento teve a despesa de 15.000 reis (AJFM:Doc.

Avulso)

DESAMORTIZAÇÃO DE BALDIOS

Por força do artigo 8º de um decreto de D. João VI, de 10 de

junho de 1822, os baldios eram declarados verdadeira propriedade

dos Povos, enquanto se não mostrar reserva ou doação expressa deles.

Sua administração pertencerá às Câmaras pela maneira que a Lei

determinar; salvo porém aos povos o uso e direitos que posse antiga

tiverem em quaisquer logradouros, baldios maninhos ou edifícios.

Na sequência do processo de privatização dos baldios, que

vinha do século anterior, em 28 de agosto de 1869 era publicada

uma lei que determinava a desamortização desses terrenos tanto

a nível municipal como paroquial, excetuando, apenas, aqueles

que eram indispensáveis ao logradouro comum.

No séc. XIX, intensificam-se as posições desfavoráveis à existência

de práticas comunitárias. Herculano escreveu: A existência


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

205

dos baldios municipais, dos pastos comuns, é um dos mais graves embaraços

ao progresso da agricultura entre nós.

Estas opiniões e práticas desfavoráveis aos baldios bem como

a outros usos e costumes comunitários enquadram-se num movimento

mais vasto que tinha como objetivo a libertação da propriedade

de todo um conjunto de limitações à sua fruição num

sentido absoluto. É nesta linha que surgem as leis de desamortização,

a extinção de regime de morgadio em 1863 e a supressão

do compáscuo pelo Código Civil de 1867.

A lei de desamortização de 1869 insere-se, portanto, neste

contexto e constitui um marco importante na vida dos baldios, já

que é a primeira que tem como objetivo uma desamortização global

preservando apenas os indispensáveis ao logradouro comum.

Mas, se ao longo da Idade Moderna e Contemporânea, se

verifica uma progressiva apropriação de baldios, a ela se opôs,

muitas vezes, o povo, principalmente, quando essa apropriação

revestia uma forma clara de usurpação, por parte dos poderosos

em detrimento dos mais pobres.

Ao longo deste século e até ao segundo quartel do século

seguinte, vai-se verificar a administração dos foros pela Câmara

Municipal. A constituição do Registo Predial e a sua transição

para a alçada das finanças. A celebração do primeiro cadastro

predial na última década de oitocentos. A remissão dos foros e a

arrematação de direitos dominiais, constituindo-se a propriedade

privada plena, quanto à propriedade municipal.

Em 21 de janeiro de 1884, a Junta deliberou vender os seguintes

terrenos, para não sobrecarregar os fregueses com uma

derrama pesada:

– Baldio, no lugar da Vergada que confrontava de todas as

partes com caminhos e ficava entre as propriedades de José Soares

Alves, António Fernandes Júnior e João Pereira Pedrosa e

media 416 m2 e estava avaliado em 12.000$000;

– Outro junto da Carreira da Igreja, que confrontava de nascente

com António Rodrigues Branco e outros, poente e norte

com caminhos e sul com herdeiros de José dos Santos Passos e

media 710 m2, avaliado em 12.000$000;

– Outro na Fonte do Casal, que confrontava a nascente,

poente e norte com caminhos e sul com António Alves da Silva

e media 560 m2, avaliado em 11.200$000;

– Outro a pedreira de Gesto, que confrontava de nascente,

poente e sul com caminhos e norte com José Francisco Coelho e

media 1.200 m2, avaliado em 24.000$000.

Total – 54.200$000.


206 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Estes terrenos estavam incultos, no logradouro exclusivo da

freguesia e dentro dos limites da paróquia. A receita seria aplicada

no custeamento das obras e despesas da Junta (AJFM: Liv.

de Atas nº 2).

Procedeu-se à arrematação de baldios em 3 de agosto de

1884, na casa das sessões da Junta da Paróquia. Começou-se

pela arrematação do baldio da Vergada, que foi entregue pelo

maior lanço oferecido no montante de 75.100$000 a António

Fernandes Júnior, António Ferreira da Silva, António dos Santos

Nogueira, proprietários, moradores no dito lugar.

Seguiu-se o baldio da Carreira da Igreja que foi entregue também

pelo maior lanço, no montante de 10.000$000 a José António

Rios, morador no lugar da Igreja, com a condição e ónus de

uma servidão a favor da propriedade de mato de António Rodrigues

Branco ali confinante e que se denominava as Cavadinhas,

sendo esta servidão um caminho de carros através do baldio.

Seguiu-se a arrematação do baldio da Fonte do Casal que foi

entregue nas mesmas condições dos anteriores a António Alves

da Silva e Manuel Domingues Maia por 16.000$000, proprietários

e moradores no dito lugar.

A pedreira de Gesto foi entregue ao vogal da Junta Jerónimo

de Oliveira Carvalho, que na circunstância se retirou do seu lugar

e na qualidade de arrematante afrontou os lanços sendo-lhe

entregue por 14.500$000.

A cada um dos arrematantes foram entregues os respetivos baldios

com as formalidades legais, tendo-se todos obrigados a entrar

com o dinheiro no cofre da Junta até ao dia 18 do dito mês, sendo

então elaborados os títulos competentes (AJFM:Lv. de Atas n.º 2).

Estas decisões foram precedidas de um acórdão da Comissão

Distrital de Aveiro proferido na sessão de 9 de julho de 1884,

declarando ainda que a receita obtida se destinaria a pagar as

despesas orçadas para obras.

ASPETOS POLÍTICOS, SÉCULO XIX

Até 1836, as freguesias não tinham órgãos políticos, eleitos

ou nomeados, dependendo da atividade da Câmara Municipal,

que dirigia, à distância, a vida de cada comunidade local.

É evidente que as populações pagavam as suas contribuições

de caráter nacional e local, de acordo com normativos escritos ou


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

207

consuetudinários, como foros, contribuições obrigatórias, através

de fintas, para determinadas obras e projetos, para além das suas

obrigações paroquiais como côngruas e outras prestações de âmbito

religioso, algumas delas destinadas a obras locais que eram

prescritas por padres, nomeados pelos bispos, que faziam visitações

periódicas às comunidades e que obrigavam, sob penas e coimas

diversas ao arranjo de caminhos, sobretudo, para permitirem

o melhor acesso do viático aos doentes. Esta função de arranjo de

caminhos e de outras obras estava cometida às confrarias de Sub-

-Sino, precursoras, neste aspecto, das futuras juntas de Paróquia.

DERRAMA MUNICIPAL

Constituídas as juntas de paróquias, foram fixadas várias

derramas para diversos fins, municipais ou locais, de montantes

diversos e que eram concretizadas através de recenseamentos

com a designação das pessoas com bens fundiários na freguesia,

e das contribuições a que eram obrigados.

Assim, em 30 de julho de 1837, foi afixada na porta da igreja,

com a assistência do Regedor, a relação do lançamento da derrama

no montante de 39.335$000 em que esta freguesia tinha sido

coletada para as despesas da Câmara Municipal da Vila da Feira.

NOME

GODA

FINTA-REIS

José de Barros 100

Manuel Roiz da Silva 240

António Ferreira dos Santos 240

António de Oliveira 100

Manuel Joaquim 100

Luís Alves 240

Manuel Alves de Oliveira 200

José Pinto de Oliveira 200

Manuel Lopes 200

António Alves de Oliveira 200

António de Oliveira Conceição 200

ERMILHE

José Ferreira 480

António Fernandes de Araújo 120


208 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Manuel Fernandes de Araújo 360

José António de Castro 240

Manuel da Mota 400

Mariana da Mota 100

Rosa Oliveira, viúva 60

Diogo Soares 300

VERGADA

Diogo Fortuna 120

João Pedrosa 120

Joaquim Pereira Dias 200

Ana Gaia 60

Maria Pereira, viúva 120

Tomás de Oliveira 140

Manuel Pereira da Mota, viúvo 140

António Pereira Soares 100

Domingos Alves 120

Domingos Alves Novo 120

Anna Soares, viúva 200

José Coelho de Amorim 120

António de Oliveira 100

José Francisco 120

António José Caetano 120

Joaquim Pereira da Silva 240

Manuel Pereira Vendas 100

Manuel d’Oliveira 100

João Ribeiro 140

João Coelho 200

Manuel Alves Ferreira 400

António Pereira dos Santos 300

Manuel Pereira da Mota 240

Manuel Ferreira dos Santos 160

Manuel Ferreira 160

José Coelho 120

Teresa Alves, viúva 40

António Pinto, viúvo 80

António Fernandes 120

António Pereira Vendas 120

Bento José de Oliveira 120

António Alves Casas 120


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

209

FUNDÃO

Maria Joaquina, solteira 40

António José da Costa 200

Manuel Ferreira 400

Pedro Pereira 100

João Pereira 240

OUTEIRO DO MOINHO

José Fernandes 500

Manuel Coelho 160

António Alves 120

José Joaquim 200

Maria Joaquina, viúva 40

José Alves Neves 160

RIO

Henrique Ferreira 220

Manuel Lopes 100

Rosa Maria, viúva 40

José António Rio 400

Luís Alves Coelho 480

PRIME

Ignácio Francisco 200

José Coelho 120

António Francisco 120

António José 60

António Coelho 120

João António 300

Maria de Amorim 40

António Francisco de Amorim 40

Maria Gomes, viúva 160

João Gomes 120

António Francisco de Amorim 400

Manuel Alves Coelho 500

António de Oliveira Souto 400

José Alves Laranjeira 120

Joaquim Pinto 300

Joaquim de Barros 60


210 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

MOZELOS

João Domingues 60

José Ferreira 120

José Coelho de Amorim 400

Luís Alves de Oliveira 300

Teresa Francisca 80

Ana de Barros 80

António José Ferreira 200

António de Oliveira 40

MURADO

José Ferreira 200

Manuel Ferreira Alves 200

Manuel de Oliveira, viúvo 100

José de Oliveira Carvalho 120

Inácia Maria 100

Manuel Joaquim de Oliveira 400

José Leite 200

Francisco Ferreira 120

António Bernardino 820

António José Carneiro 120

Bernardina Doroteia 40

José Francisco de Amorim 140

Manuel de Oliveira 200

Joaquim do Couto 100

Manuel António da Silva 100

Manuel Alves Pereira 100

José António Carneiro 100

Maria Nogueira, viúva 50

António Pinto Nogueira 120

José Francisco Espigado 300

Manuel Godinho 200

António Pinto Nogueira 120

Anna da Costa, viúva 120

José de Oliveira 60

Vicente da Rocha 120

Francisco Pais 200

Joaquim Carvalho 100

Ana Alves, viúva 40


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

211

José de Oliveira 60

António Alves da Silva 120

Inácio da Mota 20

Domingos Alves de Oliveira 200

Maria Pereira, viúva 100

Manuel Joaquim de Oliveira 100

João Ferreira 100

Josefa Maria, viúva 80

Manuel Ferreira, viúvo 100

REGADAS

Manuel Ferreira Novo 120

António Ferreira 120

Manuel Ferreira 120

José Fernandes 100

Rosa Chedas 100

MELADAS

José Francisco Pereira 240

Manuel António Beire 140

BARROSA

Jacinto Pereira 300

João Rodrigues 100

Luís dos Santos 100

Maria Gomes, viúva 60

Manuel Francisco 300

António Carvalho 120

Vitória, solteira 30

Francisco d’Oliveira 100

Manuel Coelho Campos 100

António Frutuoso 140

José de Fontes 100

João Gomes 100

José de Sá Rodrigues 100

Joaquim Pereira da Cruz 500

Joaquim Gomes 100

José de Sousa 320

José Francisco 60

SEITELA

Francisco José Coelho 420

Maria da Costa, viúva 100


212 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Manuel Coelho 120

Francisco Cardoso 180

Manuel José Coelho 240

Manuel Gomes 100

Luís Alves Gomes 120

Maria de Oliveira, viúva 40

Mariana de Oliveira, viúva 40

José Ferreira 100

Manuel Carvalho da Rocha 100

GESTO

António de Oliveira Novo 120

António de Oliveira 140

Manuel de Oliveira, 100

Manuel Pereira 300

Manuel Carvalho 650

Maria Joaquina, solteira 20

Francisco Alves de Sá 120

SOBRAL

José Luís Pereira 120

Luís António 120

Vitória, solteira 20

Maria Vilaverde 60

Brízida da Silva, viúva 60

Joaquim Ferreira 100

João Carvalho 100

Ana Pereira, viúva 20

Joaquim Pinto 120

Antónia, solteira 20

José da Silva 100

Ana Lourença 10

Mariana Cocaia 10

José Coelho 100

João do Couto Nogueira 100

Manuel Alves Pereira 200

Manuel José dos Reis 480

José Pereira Pedroza 140

QUINTÃ

Custódia Maria da Silva Aranha 820

João Fernandes Ribeiro 400


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

213

Ignacio José da Mota 100

Padre João Gomes de Resende 100

José Francisco de Oliveira 80

António Correia 120

Manuel do Couto 100

Ana de Oliveira 80

Francisco José Martins 240

Teresa Rodrigues 40

Luísa Maria do Carmo 500

António Francisco, de Goda 60

Manuel António da Silva 80

Maria Constantina 20

Manuel Carneiro 80

Padre João Gomes de Resende 100

Reverendo Pároco 120

PRÉDIOS DE FORA

Manuel Joaquim Magalhães, do Porto 800

José de Castro, de Perosinho 80

Abade de Lourosa 100

Manuel Francisco Vilarinho, daí 800

Joaquim José de Melo, de Argoncilhe 100

Padre Manoe Pinto de Almeida, de Fiães 100

Manuel Pereira, daí 80

Padre Caetano, de Lourosa 20

Luiz Alves, daí 10

Manuel Gomes, daí 10

António Alves, de Lourosela 30

Padre António, daí 10

José Coelho Cravo, daí 50

António dos Santos, daí 20

Roza Maria de, Casal Meão 20

José Pedro, daí 20

Manuel Cardoso 20

Natónio Cardoso Vilaverde 40

Os Herdeiros de António Francisco,

de S. Martinho

10

Maria Pereira 40

António da Cunha Sampaio 160

Manuel Alves da Cruz, de Lamas 60


214 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Manuel Rodrigues 100

José Pinto Moroco, daí 10

José Francisco, daí 60

Tutor dos Órfãos, de Manuel Caetano de Gaia 60

Paulino José Coelho 60

Joaquim Carvalho 120

Maria de Sá 10

António Godinho, de Grijó 100

Luís Godinho 80

João Godinho 80

Albino Godinho 100

Francisco Godinho 80

António Pereira da Mota, de Lourosa 240

José Pereira, espadaneiro, de Argoncilhe 20

António Moleiro, daí 20

Manuel de Souza, daí 50

Joana Ramalha 240

Luisa Pais, de Lamas 80

Ana da Silva, de Paços de Brandão 10

Tomásia de Barros 20

Arnaldo Vanzeller 850

Pedro Guedes do Nascimento 200

Luiz Rodrigues de Nogueira 50

Rosa Francisca, daí 50

Luí Resende, do Mato 120

Manuel Alves, daí 10

Manuel Alves dos Santos, daí 60

Manuel Roiz Farrapa, de Grijó 120

Custódio Gomes, de Pousadela 180

Manuel de Barros 80

António Pereira Dias, do Porto 480

Joaquim António Rios 300

José Gomes, de Souto Redondo 60

Padre António, de Seitela 300

Domingos Ribeiro, de Nogueira 300

Remígio Coelho, de Lamas 80


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

215

ASPETOS POLÍTICOS

Em 18 de outubro de 1837, procedeu-se ao recenseamento

para a eleição do Regedor e da Junta da Paróquia. Nesta sessão,

foi expressamente determinado que os eclesiásticos da freguesia

estavam isentos de serem votados, por força do artigo 12º do

Código Administrativo.

Luís Alves Patrício

Manuel Roiz da Silva

Joaquim Ferreira dos Santos

Manuel Lopes

Manuel Alves Conceição

António de Oliveira

José Pinto de Oliveira

Manuel Joaquim

António de Oliveira Belinha

António Alves de Oliveira

José Coelho

José Ferreira dos Santos

António Fernandes

José António de Castro

Manuel da Mota

Manuel Fernandes

José Soares Alves

Bento José de Oliveira

António Alves Casas

António José da Costa

Manuel António

Manuel Ferreira

Pedro Pereira

João Pereira

José Fernandes do Couto

António Alves

José Joaquim

Manuel Alves Pereira

Henrique Ferreira

Luiz Alves Gomes

Manuel José Godinho

Luís Alves Coelho

Manuel Carvalho da Rocha

Francisco Pais

António de Oliveira Souto

Diogo José Ferreira Fortuna

António Pereira dos Santos

João Pereira Pedrosa

Manuel Pereira da Mota Canedo

Joaquim Pereira Dias

Manuel Pereira dos Santos

António Pereira Dias

Manuel Ferreira

Tomás de Oliveira

José Coelho

Manuel Pereira Canedo

António Pinto

António Pereira Canedo

António Fernandes

António Pereira Soares

António Pereira Vendas

Domingos Alves

José Coelho Amorim

António José Caetano

Joaquim Pereira da Silva

Manuel Pereira Bendas

Manuel de Oliveira

João Coelho

João Ribeiro

José de Freitas

Manuel Alves Ferreira

José Alves Neves

Manuel Gomes

José Francisco Alves

José António Rio

José Ferreira

Vicente da Rocha

Padre António Alves Coelho

António Pereira Polaco

António Alves da Silva


216 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

António Francisco Pinheira

José de Oliveira

João António

António de Oliveira

Manuel Joaquim

João Gomes

José de Oliveira

Inácio da Mota

Padre Manuel Alves Coelho

José Luiz Pereira

António Ferreira

Joaquim Pinto

Joaquim Ferreira

José Fernandes

Inácio Francisco

Joaquim Pinto

José Francisco Pereira

António Francisco

João do Couto

Jacinto Pereira

José Coelho de Amorim

Manuel José Milheiro

Manuel Francisco

António José Ferreira

João Fernandes de Amorim

Francisco de Oliveira

José Ferreira

Padre João Gomes Resende

José de Fontes

Manuel de Oliveira

Manuel Carneiro

João Gomes

Manuel Joaquim de Oliveira

Francisco José Martins

Joaquim Pereira da Cruz

Francisco Ferreira

Manel Correia Marques

António da Silva Frutuoso

António José Carneiro

José dos Santos Passos

Manuel Coelho

Manuel de Oliveira

Joaquim do Couto

Manuel Lopes

António de Oliveira Novo

Domingos Alves de Oliveira

António Francisco Amorim

Manuel de Oliveira

João Ferreira

Manuel Alves Coelho

Francisco Alves

Manuel Ferreira Novo

José Alves Laranjeira

Luiz António

Manuel Ferreira

Joaquim de Barros

João Carvalho

Manuel de Azevedo

José Coelho

José da Silva

Manuel António Beire

José Ferreira

Policarpo Ferreira

Luís dos Santos

Luís Alves de Oliveira

António de Amorim Aranha

António Carvalho

António de Oliveira

José Pereira Pedrosa

Manuel Coelho Campos

Manuel Ferreira

José Francisco de Oliveira

António Pereira

José de Oliveira Carvalho

António Correia

José de Sá Roiz

José Leite

Francisco Pereira

José de Sousa

António Bernardino de Vasconcelos

Manuel António da Silva

Francisco José Coelho

José Francisco Amorim

Reverendo Vicente de Oliveira Xavier

Francisco Cardoso

Manuel José Coelho


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

217

Em 1 de novembro de 1837, foi afixada à porta da Igreja, a

lista do recenseamento dos que podem votar e ser votados na

eleição da Câmara Municipal e do Administrador do Concelho.

NOMES DOS VOTANTES

GODA

Luís Alves Patrício

Manuel da Silva

António Ferreira dos Santos – pode ser votado

ERMILHE

José Ferreira dos Santos – pode ser votado

Manuel Fernandes de Araújo

Manuel da Motta

VERGADA

Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado

João Coelho

Manuel Alves Ferreira

António Pereira dos Santos

Manuel Pereira da Mota – pode ser votado

FUNDÃO

António José da Costa – pode ser votado

Manuel António

Manuel Ferreira

Manuel da Silva

João Pereira

OUTEIRO DO MOINHO

José Fernandes do Couto – pode ser votado

RIO

José António Rio – pode ser votado

Luís Alves Coelho

Padre António Alves Coelho

PRIME

António de Oliveira Souto – pode ser votado

João António – pode ser votado

Manuel Francisco de Amorim- pode ser votado

Manuel Alves Coelho – pode ser votado

Padre Manuel Alves Coelho – pode ser votado

MOZELOS

José Coelho de Amorim – pode ser votado

Luís Alves de Oliveira

MURADO

Manuel Joaquim de Oliveira, viúvo – pode ser votado

José Leite – pode ser votado

António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado

José Francisco Espigado – pode ser votado


218 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

BARROSA E VILAS

Jacinto Pereira – pode ser votado

Manuel Francisco

CASAL

Joaquim Pereira da Cruz – pode ser votado

José de Souza

SEITELA

Francisco José Coelho – pode ser votado

Manuel José Coelho – pode ser votado

GESTO

José de Oliveira – pode ser votado

SOBRAL

Manuel José dos Reis Milheiro – pode ser votado

QUINTÃ

António de Amorim Aranha – pode ser votado

João Fernandes de Amorim – pode ser votado

Padre João Gomes de Resende

IGREJA

Reverendo Vicente de Oliveira Xavier

Em 15 de maio de 1838, reuniu-se a Junta da Paróquia com

o seu Presidente e mais membros, na Casa das Sessões, para

elaborar o recenseamento dos cidadãos que podiam votar e ser

votados para deputados.

NOMES DOS VOTANTES

Luís Alves Patrício

Manuel da Silva

José Ferreira dos Santos

Manuel Fernandes de Araújo

Manuel da Mota

Joaquim Pereira da Silva

João Coelho

Manuel Alves Ferreira

António Pereira dos Santos

Manuel Pereira da Mota

António José da Costa

Manuel António

Manuel Ferreira

Manuel da Silva

GODA


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

219

José Ferreira dos Santos

Manuel Fernandes de Araújo

Manuel da Mota

Joaquim Pereira da Silva

João Coelho

Manuel Alves Ferreira

António Pereira dos Santos

Manuel Pereira da Mota

António José da Costa

Manuel António

Manuel Ferreira

João Pereira

José Fernandes do Couto

José António Rio

Luís Alves Coelho

Padre António Alves Coelho

António de Oliveira Souto

João António

Manuel Francisco de Amorim

Manuel Alves Coelho

Padre Manuel Alves Coelho

José Coelho de Amorim

Luís Alves de Oliveira

Manuel Joaquim de Oliveira

José Leite

António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado

José Francisco Álvares

Jacinto Pereira

Manuel Francisco

Joaquim Pereira da Cruz

José de Sousa

Francisco José Coelho

Manuel José Coelho

Jozé de Oliveira

Manuel José dos Reis Milheiro – pode ser votado

António de Amorim Aranha

João Fernandes de Amorim

Padre João Gomes de Resende

Reverendo Vicente de Oliveira Xavier

Em 15 de maio de 1838, foi ultimado o recenseamento dos cidadãos

que podiam votar e ser votados para deputados e senadores.


220 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Luís Alves Patrício

Manuel Alves Coelho

Manuel da Silva

Padre Manuel Alves Coelho

José Ferreira dos Santos

José Coelho de Amorim

Manuel Fernandes de Araújo Luís Alves de Oliveira

Manuel da Mota

Manuel Joaquim de Oliveira

Joaquim Pereira da Silva

José Leite

João Coelho

António Bernardino de

Vasconcelos – pode ser votado

Manuel Alves Ferreira

José Francisco Alves

António Pereira dos Santos

Jacinto Pereira

Manuel Pereira da Mota

Manuel Francisco

António José da Costa

Joaquim Pereira da Cruz

Manuel António

José de Sousa

Manuel Ferreira

Francisco José Coelho

João Pereira

Manuel José Coelho

José Fernandes do Couto

José de Oliveira

José António Rio Manuel José dos Reis Milheiro –

Luís Alves Coelho

António de Amorim Aranha – pode

ser votado

Padre António Alves Coelho João Fernandes de Amorim

António de Oliveira Souto

Padre João Gomes de Resende

João António

Reverendo Vicente de Oliveira

Xavier

António Francisco de Amorim

Em 5 de novembro de 1838, fez um novo recenseamento dos

votantes e dos que podiam ser votados para a eleição da Câmara

Municipal e para o Administrador do Concelho.

António Pereira dos Santos

António José da Costa – pode ser votado

Padre António Alves Coelho

António de Oliveira Souto – pode ser votado

António Francisco de Amorim – pode ser votado

António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado

António de Amorim Aranha – pode ser votado

Francisco José Coelho – pode ser votado

José Ferreira dos Santos – pode ser votado

Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado

João Coelho dos Santos

João Pereira

José Fernandes do Couto – pode ser votado

José António Rio – pode ser votado

João António – pode ser votado

José Coelho de Amorim – pode ser votado

José de Oliveira Carvalho – pode ser votado

João Fernandes de Amorim – pode ser votado

Padre João Gomes de Resende

José dos Santos Passos– pode ser votado

José Soares Alves – pode ser votado

Luis Alves Coelho – pode ser votado

Luís Alves de Oliveira

Luís Alves Patrício

Manuel da Silva

Manuel Fernandes de Araújo

Manuel da Mota

Manuel Alves Ferreira – pode ser votado

Manuel Pereira da Mota – pode ser votado

Manuel António

Manuel Ferreira

Manuel Alves Ferreira


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

221

José Leite – pode ser votado

José Francisco Alves – pode ser votado

Jacinto Pereira – pode ser votado

Joaquim Pereira da Cruz -– pode ser votado

José de Sousa – pode ser votado

Joaquim Ferreira dos Santos – pode ser votado

Padre Manuel Alves Coelho

Manuel Joaquim de Oliveira – pode ser votado

Manuel Francisco

Manuel José Coelho – pode ser votado

Miguel José dos Reis Milheiro – pode ser votado

Reverendo Vicente de Oliveira Xavier

Em 8 de novembro de 1838, fez um novo recenseamento dos

votantes e dos que podiam ser votados para a eleição da Câmara

Municipal e para o Administrador do Concelho.

VOTANTES

Luís Alves Patrício

Manuel Roiz da Silva

Joaquim Ferreira dos Santos – pode ser votado

Manuel Lopes – pode ser votado

Manuel Alves Conceição – pode ser votado

António de Oliveira

José Pinto de Oliveira

Manuel Joaquim

António de Oliveira Belinha

António Alves de Oliveira

José Coelho

José Ferreira dos Santos – pode ser votado

António Fernandes

José António de Castro

Manuel da Mota

Manuel Fernandes

José Soares Alves – pode ser votado

Manuel Alves Ferreira – pode ser votado

António Pereira dos Santos

Manuel Pereira da Mota – pode ser votado

Manuel Pereira dos Santos

Manuel Ferreira

José Coelho

António Pinto

António Fernandes

António Pereira Vendas

Bento José de Oliveira

António Alves Casas

António José da Costa – pode ser votado

Manuel António

VOTANTES

Diogo Fortuna – pode ser votado

João Pereira Pedrosa – pode ser votado

Joaquim Pereira Dias – pode ser votado

António Pereira Dias – pode ser votado

Tomás de Oliveira – pode ser votado

Manuel Pereira Canedo – pode ser votado

António Pereira Canedo – pode ser votado

António Pereira Soares – pode ser votado

Domingos Alves

José Coelho de Amorim

António José Caetano – pode ser votado

Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado

Manuel Pereira Vendas

Manuel de Oliveira

João Coelho

João Ribeiro

José de Freitas

José Coelho – pode ser votado

António Francisco

José Ferreira

José Coelho Amorim – pode ser votado

Luís Alves de Oliveira

António José Ferreira – pode ser votado

António de Oliveira

José Ferreira

Manuel Ferreira

Manuel de Oliveira

José de Oliveira Carvalho

Manuel Joaquim de Oliveira – pode ser votado

José Leite – pode ser votado


222 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Manuel Ferreira

Pedro Pereira – pode ser votado

João Pereira

José Fernandes do Couto – pode ser votado

António Alves

José Joaquim

José Alves Neves – pode ser votado

Francisco Ferreira – pode ser votado

António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado

António José Carneiro

José Francisco Amorim

Manuel de Oliveira

Joaquim do Couto

Manuel Azevedo Pereira

Em 8 de novembro de 1838, fez-se um novo recenseamento

dos votantes e dos que podiam ser votados para a eleição do Juiz

de Paz e Ordinário.

Luís Alves Patricio

Manuel Roiz da Silva

Joaquim Ferreira dos Santos – pode ser votado

Manuel Lopes – pode ser votado

Manuel Alves da Conceição – pode ser votado

António de Oliveira

José Pinto de Oliveira

Manuel Joaquim

António de Oliveira Belinha

António Alves de Oliveira

José Coelho

José Ferreira dos Santos – pode ser votado

António Fernandes

José António de Castro

Manuel da Mota

Manuel Fernandes

José Soares Alves – pode ser votado

Manuel Alves Fernandes – Pode ser votado

António Pereira dos Santos

Manuel Pereira da Mota – pode ser votado

Manuel Pereira dos Santos

Manuel Ferreira

José Coelho

António Pinto

António Fernandes

António Pereira Vendas

Bento José de Oliveira

António Alves Cazas

António José da Costa – pode ser votado

Manuel António

Manuel Ferreira

Pedro Pereira – pode ser votado

Diogo Fortuna – pode ser votado

João Pereira Pedrosa – pode ser votado

Joaquim Pereira Dias – pode ser votado

António Pereira Dias – pode ser votado

Tomás Alves de Oliveira – pode ser votado

Manuel Pereira Canedo – pode ser votado

António Pereira Canedo – pode ser votado

António Pereira Soares – pode ser votado

Domingos Alves

José Coelho de Amorim

António José Caetano – pode ser votado

Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado

Manuel Pereira Vendas

Manuel de Oliveira

João Coelho

João Ribeiro

José de Freitas

José Coelho – pode ser votado

António Francisco

José Ferreira

José Coelho de Amorim – pode ser votado

Luis Alves de Oliveira

António José Ferreira – pode ser votado

António de Oliveira

José Ferreira

Manuel Ferreira

Manuel de Oliveira

José de Oliveira Carvalho

Manuel Joaquim de Oliveira – pode ser votado

José Leite – pode ser votado

Francisco Ferreira – pode ser votado

António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

223

João Pereira

José Ferreira do Couto – pode ser votado

António Alves

José Joaquim

José Alves Neves – pode ser votado

Henrique Ferreira – pode ser votado

José António Rio – pode ser votado

Luís Alves Coelho – pode ser votado

Padre António Alves Coelho

António de Oliveira Souto – pode ser votado

Manuel Lopes

João António – pode ser votado

António Francisco de Amorim – pode ser votado

João Gomes

Manuel Alves Coelho – pode ser votado

Padre Manuel Alves Coelho

José Alves Larangeira – pode ser votado

Joaquim Pinto

Joaquim de Barros

Inácio Francisco

José Francisco Pereira – pode ser votado

Manuel António Beire – pode ser votado

Jacinto Pereira – pode ser votado

Luís dos Santos

Manuel Francisco

António Carvalho

Francisco de Oliveira

Manuel Coelho Campos

José de Fontes

António Pereira

João Gomes

José de Sá Roiz

Joaquim Pereira da Cruz – pode ser votado

José de Sousa – pode ser votado

António da Silva Frutuoso

Francisco José Coelho – pode ser votado

Manuel Coelho

Francisco Cardoso

Manuel José Coelho – Pode ser votado

Manuel Gomes

Luís Alves Gomes

José Ferreira

Manuel Carvalho da Rocha

António Pereira Polaco

António Francisco Pinheira – pode ser votado

António de Oliveira Novo

António José Carneiro

José Francisco de Amorim

Manuel de Oliveira

Joaquim do Couto

Manuel Alves Pereira

José Francisco Alves – pode ser votado

Manuel José Godinho

Vicente da Rocha

Francisco Pais – pode ser votado

António Alves da Silva

José de Oliveira

Domingos Alves

Manuel Joaquim

João Ferreira

Inácio José da Mota

Manuel Ferreira Novo

António Ferreira

Manuel Ferreira

José Fernandes

Manuel de Azevedo

António de Oliveira

Manuel de Oliveira

José de Oliveira – pode ser votado

Francisco Alves

José Luís Pereira

Luís António

Joaquim Ferreira

João Carvalho

Joaquim Pinto

José da Silva

João do Souto – pode ser votado

Policarpo Pereira – pode ser votado

Manuel José Milheiro – pode ser votado

António de Amorim Aranha – pode ser votado

João Fernandes Amorim – pode ser votado

José Pereira Pedroza

Padre João Gomes de Resende

José Francisco de Oliveira

Manuel Carneiro

António Correia

Francisco José Martins – pode ser votado

Francisco Pereira – pode ser votado

Manuel Correia Marques

Manuel António da Silva

José dos Santos Passos

Reverendo Vicente de Oliveira Xavier


224 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 21 de junho de 1838, procedeu-se ao recenseamento para

fins militares, que foi afixado na porta da igreja, em conformidade

com o decreto de 25 de novembro de 1836

José, de 18 anos, filho de José Coelho de Amorim, da

Vergada

António, de 19 anos, filho de António Pereira dos

Santos, da Vergada

José, de 22 anos, filho de de Ana de Barros

José, de 18 anos, filho de Josefa Maria, do Murado

José, de 23 anos, filho de Manuel Francisco, de Vilas

Joaquim, de 23 anos, filho de Teresa Castelhana, de

Vilas

Manuel, de 20 anos, filho de Maria Joaquina Branca,

do Sobral

António, de 18 anos, filho de Vitória, solteira, de Sobral

João António, de 20 anos filho de António Pinto, da

Vergada

Manuel, de 24 anos, filho de António José Ferreira

Vitorino, de 22 anos, filho de Manuel Coelho, de Prime

José, de 24 anos, filho de António Ferreira, das Regadas

João, de 21 anos, filho de Manuel Francisco, de Vilas

Manuel, de 21 anos, filho de António da Silva Frutuoso,

do Casal

Francisco, de 19 anos, filho de Joaquim de Oliveira

Pinto, de Sobral

António, de 19 anos, filho de Manuel Antonio da Silva,

da Quintã

Em 24 de agosto de 1839, procedeu-se ao apuramento dos

mancebos, a partir dos bilhetes que a Junta da Paróquia tinha

recebido dos chefes de família.

Manuel, filho de Manuel Lopes, de Goda

João, filho de José Ferreira, de Ermilhe

António, filho de Diogo José Fortuna, da Vergada

António, filho António Alves Casas, da Vergada

João, filho de António Pinto, da Vergada

António, filho de António Pereira dos Santos, da

Vergada

Crispim, filho de António José Caetano, da Vergada

Januário, filho de José Coelho de Amorim

José, filho de José Coelho de Amorim

José, filho de José Joaquim, do Outeiro do Munho

António, filho de José Ferreira, de Mozelos

Manuel, filho de Anna de Barros

Manuel e José, filhos de António José Ferreira

Manuel, filho de Francisco Cardoso da Conceição, de

Seitela

António, filho de Francisco Cardoso da Conceição, de

Seitela

Manuel, filho de Luís Alves Gomes

José, filho de António de Oliveira, de Gesto

José, filho de Manuel de Oliveira Pais, do Murado

José, filho de Joana da Mota

João, filho de Ana da Costa Carvalha

Albino, filho de Ana da Costa Carvalha

José, filho de Ana Alves, viúva

José, filho de Josefa Maria

António, filho de Josefa Maria

José, filho de José Francisco

Francisco, filho de José Francisco Pereira, de Meladas

José, filho de Manuel Francisco, de Vilas

João, filho de Manuel Francisco, de Vilas

José, filho de Joaquim Pereira da Cruz, do Casal

Manuel, filho de António da Silva Fertuozo

Manuel, filho de Maria Joaquina Branca

João e António, filhos de Vitória, solteira

Francisco, filho de Joaquim de Oliveira Pinto

António, filho de Manuel António da Silva


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

225

Em 17 de outubro de 1839, procedeu-se ao apuramento dos

cidadãos que se achavam em condições de votar nas eleições

para a Junta e para o Regedor.

Manuel Roiz da Silva

Joaquim Ferreira dos Santos

Luís Alves

Padre Manuel Alves Coelho

António de Oliveira Souto

Manuel Alves Ferreira

António de Oliveira

Joaquim Pinto

Manuel Pereira da Mota Novo

José Pinto

António de Oliveira Belinha

José Coelho Patrão

José Coelho

Manuel Joaquim

José Ferreira

António Fernandes

José Fernandes dos Santos

Luís Alves de Oliveira

Bento José de Oliveira

Manuel Fernandes

José Coelho Ferreira

António José da Costa

José Coelho

José Ferreira

Manuel Ferreira

Diogo Fortuna

José Pereira Balona

João Pereira

Joaquim Pereira Dias

José de Oliveira Carvalho

António Alves

Tomás de Oliveira

José Leite

José Alves Neves

António Pereira Soares

António Bernardino de

Vasconcelos

José António Rio

Domingos Alves

José Francisco de Amorim

Padre António Alves Coelho

António de Oliveira

Manuel de Oliveira

Manuel Alves Coelho

José de Freitas

João Coelho

Manuel Alves de Oliveira

José Alves Laranjeira

António Pereira dos Santos

Manuel Lopes

Joaquim de Barros

Manuel Pereira dos Santos

Manuel Fernandes da Silva

José Lopes

António Francisco

António Pinto

António Alves de Oliveira

José Coelho de Amorim

António Pereira Vendas

António Fernandes

António José Ferreira

António Alves Casas

Manuel da Mota

António de Oliveira

Manuel António

José Soares

Manuel Ferreira Alves

Pedro Pereira

João Pedrosa

Manuel de Oliveira, viúvo

José Fernandes do Couto

António Pereira

Manuel Joaquim de Oliveira

José Joaquim

Manuel Pereira da Mota

Francisco Ferreira

Henrique Ferreira

Domingos Alves Novo

António José Carneiro

Luís Alves Coelho

José Coelho

Manuel de Oliveira

Manuel Lopes


226 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Manuel Alves Pereira

João António

José Cardoso

Joaquim das Soutas

João Gomes

Manuel Pereira Vendas

Francisco de Oliveira Pais

José de Fontes

Vicente da Rocha

João Carvalho

José de Sá Roiz

Domingos Alves de Oliveira

José Pires

Joaquim Pereira da Cruz

João Ferreira

Manuel Alves Pereira

José de Sousa

Inácio José da Mota

Manuel José dos Reis Milheiro

Manuel Soares Alves

António de Amorim Aranha

Manuel Ferreira Novo

Diogo Soares Alves

Francisco Cardoso

Manuel Ferreira

José Francisco de Oliveira

Luís Alves Gomes

Manuel Ferreira, viúvo

Manuel Carneiro

Francisco José Martins

Luís dos Santos

José Francisco Pereira

Manuel Correia Marques

António de Oliveira Novo

Jacinto Pereira

Manuel António da Silva

Manuel de Oliveira, viúvo

Manuel Francisco

José Pinto Rosa

José de Oliveira Carvalho

Francisco de Oliveira

José dos Santos Passos

José Luís Pereira

Manuel Pereira

António José Caetano

Pedro Leite

António Francisco

Joaquim Pereira da Silva

Manuel Godinho

António Francisco de Amorim

José de Oliveira

Joaquim Ferreira

João Gomes da Silva

António Alves da Silva

Joaquim Pinto

Manuel Gomes da Silva

Manuel Joaquim de Oliveira

José da Silva

Joaquim Gomes da Silva

João da Silva

João do Couto Nogueira

António da Silva Frutuoso

António Pereira

Francisco José Coelho

António Ferreira

Manuel José Coelho

António Ferreira

José Pereira Pedroaa

Manuel Carvalho da Rocha

Manuel de Azevedo

Padre João Gomes de Resende

António Francisco Pinheiro

José Ferreira Manco

Manuel Alves Pereira

António Correia

Manuel Coelho Patrão

Manuel António Beire

João Domingues

António de Oliveira

João Roiz

Francisco Pereira

João Pereira

António Carvalho

Policarpo Ferreira

Francisco de Sá

Manuel Coelho Campos

Reverendo Vicente de Oliveira Xavier

Luís António


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

227

Em 8 de novembro de 1839, procedeu-se ao recenseamento

para as votações da Câmara, Juiz Ordinário e Juiz de Paz.

António Pereira dos Santos

António José da Costa – pode ser votado

Padre António Alves Coelho

António de Oliveira Souto – pode ser votado

António Francisco de Amorim – pode ser votado

António Bernardino de Vasconcelos – pode ser votado

António de Amorim Aranha – pode ser votado

Diogo Soares Alves – pode ser votado

Francisco José Coelho – pode ser votado

José Ferreira dos Santos – pode ser votado

Joaquim Pereira da Silva – pode ser votado

João Coelho dos Santos

João Pereira

José Fernandes do Couto – pode ser votado

José António Rio – pode ser votado

João António

Manuel Alves Ferreira – pode ser votado

Manuel Pereira da Mota Novo – pode ser votado

Manuel António

Manuel Ferreira

Manuel Alves Coelho – pode ser votado

Padre Manuel Alves Coelho

José Coelho Amorim

José Leite de Oliveira – pode ser votado

Joaquim Pereira da Cruz – pode ser votado

José de Sousa – pode ser votado

Joaquim Ferreira dos Santos – pode ser votado

José Alves Neves – pode ser votado

José de Oliveira – pode ser votado

Padre João Gomes Resende

José dos Santos Passos

José Soares Alves

Luís Alves Coelho – pode ser votado

Luís Alves de Oliveira – pode ser votado

Luís Alves Patricio

Manuel da Silva

Manuel Fernandes Araújo

Manuel da Mota

Manuel Joaquim de Oliveira – pode ser votado

Manuel Francisco

Manuel José Coelho – pode ser votado

Manuel Soares Alves

Manuel José dos Reis Milheiro

Reverendo Vicente de Oliveira Xavier

Em 17 de abril de 1899, a Junta de Freguesia protestou perante

a Câmara dos Deputados contra o Projecto-Lei que criava

um concelho na freguesia de Espinho, até então, pertentente ao

concelho de Vila da Feira.

ASPETOS RELIGIOSOS DO SÉCULO XIX

O advento do liberalismo constitui um marco cronológico de encerramento

da época moderna da história religiosa portuguesa, Este

consagrou o programa ideológico da Revolução Francesa, saturado de

racionalismo iluminista e de laicismo anti congregacionista e literário,

cuja aurora irrompe em 1834 com o regime constitucional, sem

que a cultura cristã deixe de ser cultura católica – tamanho é o peso do

património mental ligado umbilicalmente ao controle do poder eclesiástico.

O desterro das ordens religiosas apressou, porém, a promulgação

de disposições legais conducentes à liberdade religiosa, à aceitação

do não praticante, à tolerância da heterodoxia doutrinária num país

que se confessava oficialmente católico. (MARQUES:2000:10).

Revolução Liberal de 1820


228 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Por isso, a realidade mantém-se, com algum agravamento das

relações com a Igreja, agudização do anti-clericalismo, que após

a sedimentação do liberalismo, se pôs fim a um vasto conjunto

de privilégios das ordens religiosas e dos clérigos.

A legislação sobre o Direito de Padroado, oriunda do Concílio

de Trento (1545-1563) vigorou até à entrada em vigor do

artigo 4º da Lei de 30 de julho de 1832, tendo posteriormente

sido extintos todos os padroados eclesiásticos.

A partir desta legislação e até ao advento da República, existiram

as chamadas Juntas de Paróquia, presididas normalmente pelo

Pároco e que intervinham em todos os aspetos administrativos da

vida paroquial, nomeadamente, na gestão dos bens da igreja.

Todavia, a esmagadora maioria da população estava alheia

a esse processo que foi liderado por políticos nacionais e locais,

pela burguesia mais poderosa que veio a ser nobilitada e adquiriu

muitos bens que haviam pertencido à Igreja.

Em 1821, o Pároco respondeu a um inquérito, emanado da

Cúria Diocesana, que foi enviado a todos os párocos da diocese

do Porto, logo a seguir à revolução de 1820, vislumbrando, desde

logo, o rumo que iria ser dado às relações com o clero.

Procurava saber o número de paróquias existente em cada

bispado, o número de fogos, se havia necessidade de as unir, pela

sua pequenez, ou as dividir, se fossem grandes, e se esta união

ou divisão tinha obstáculos por parte do poder civil. Inquiria

sobre as necessidades de clérigos em cada uma delas. Considerava-se

que, nas cidades menos populosas, deveria haver uma

só paróquia que era a igreja catedral. Procurava conhecer em

quanto importavam os dízimos de cada arciprestrado, que frutos

se pagavam e a quem pertenciam. Qual era a côngrua de cada

pároco e se havia necessidade de ser aumentada. Procurava também

conhecer os costumes estabelecidos em cada paróquia e o

modo de prestação dos dízimos pessoais e que rendimento havia

em cada paróquia aplicados à fábrica da igreja, os rendimentos

das confrarias e a porção de dízimos necessários à conservação e

guisamento de cada igreja e da capela–mor.

A resposta da paróquia de Mozelos foi muito singela, ao contrário

de outras que prestaram esclarecimentos mais completos.

Prestou as informações seguintes:

A freguesia tinha 206 fogos.

O pároco entendia que a paróquia não podia ser dividida,

nem reunida a outras pelas distâncias que havia entre as suas

povoações e outras paróquias.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

229

O pároco informou que a paróquia precisava, pelo menos, do

pároco e ainda de um capelão coadjutor. A sua dizimaria estava

arrendada por 600$000, sendo pertença dos cónegos de Santo

Agostinho da Serra. Importa esclarecer que os referidos cónegos

eram padroeiros da paróquia, isto é, senhores dos dízimos e das

primícias arrecadadas. Dado que, tal como outros, não tinham

capacidade real de recolher, porta a porta, tais rendimentos pagos

pelos fregueses, arrendavam-nos, através da chamada dizimaria.

Desta, o celeiro da Mitra de S. João de Ver recebia 14 alqueires

de trigo, 14 de cevada, 14 de milho.

Recebia para a Sé: 7 de trigo, 7 de centeio e 7 de milho.

Recebia o Juiz da Cruz desta freguesia – 3$630 reis.

Recebia o tesoureiro do Mártir – 150 reis.

Pagava de sisa – 10$000.

Pagava de dízima – 4$000;

Pagava de côngrua ao pároco – 20$000.

Pagava de lavar a roupa – 5$000;

Rendimentos do passal: 8 alqueires de milho e 9 almudes de

vinho verde.

Costumes estabelecidos a que chamam conhecenças – 34 os

casados, 3 selamins os solteiros e viúvos, que fazem cabeceira da

casa, o que tudo faz 88 alqueires de milho grosso.

Ofertas pelos batizados – 30 reis.

Pelos mortuórios- cabeça de casal – 300 reis.

As confrarias não tinham rendimentos sólidos. As esmolas

dos fiéis devotos eram para os sustentos.

Nem a fábrica (da igreja) tinha rendimento aplicado para ela.

O padroeiro era obrigado aos seus ornamentos e capela-mor.

Dizimaria – 600$000;

Propinas – 53 alqueires;

Propinas em dinheiro – 42$180;

Pé-de-altar e passal 88$000.

Claustro do

Mosteiro da Serra do Pilar,

Vila nova de Gaia

Mozelos 3 de setembro de 1821

O pároco

José Alves de Carvalho (AEP: Resposta a Inquéritos de 1821).

Neste século, a freguesia continuava a integrar a comarca

diocesana da Feira.


230 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 22 de setembro de 1836, a Junta da Paróquia, por determinação

do Governador Civil de Aveiro, deliberou proceder aos

inventários dos bens pertencentes às confrarias eretas na paróquia.

Foi deliberado, também, dirigir uma representação na qual

se expunha a necessidade da Junta ter meios para as despesas do

cemitério, concerto do sino que estava quebrado, poder dispor dos

fundos das confrarias e fintar os habitantes para acudir às despesas

por serem de urgente necessidade (AJFM: Livro de Atas nº1).

Em 7 de novembro de 1836, a Junta deliberou sobre a côngrua

do Pároco, em virtude do decreto de 19 de setembro, ouvido

o comissário da paróquia, e tomados todos os esclarecimentos

necessários, resolveu que o pároco receba todos os direitos

paroquiais, na forma do antigo uso e costume, conhecenças e

mais pertences ao pé-de-altar, foi arbitrada a quantia de 25 mil

reis por ano em dinheiro que lhe seria satisfeita pelos paroquianos

em dois pagamentos iguais. Para conhecimento do pároco,

foi-lhe enviada cópia desta deliberação (ID.:IBID.).

Em 10 de Dezembro de 1836, a Junta Paroquial da Freguesia

de S. Martinho de Mozelos, para dar cumprimento ao Acórdão

da Câmara Municipal do Concelho de 13 do corrente, exarado

no requerimento do pároco da freguesia, foi estipulado ao dito

pároco de côngrua, além dos direitos paroquiais, a quantia de

98$300 e para que constasse aos moradores da Paróquia e determinado

pela Câmara se lhe fizesse constar, por edital da Junta, a

derrama em cada um seria coletado.

O Presidente e membros da Junta Paroquial da Freguesia,

que tendo, em sessão de 7 de novembro passado arbitrado ao Pároco

a côngrua, na forma do antigo uso e costume desta freguesia,

como percebiam os seus antecessores, requereu à Câmara, a

qual emitiu um acórdão que informava a Junta sobre a exposição

do pároco, foi determinado que a Junta fintasse os paroquianos

na quantia citada, sendo cobrada a metade no prazo de 8 dias,

para ser dela embolsado o pároco e a outra metade em prazo

marcado pela Lei, cuja quantia com a de 93$700, que o pároco

em sua relação mostrou à Câmara render-lhe todos os direitos

paroquiais, faziam o cômputo de 192$000, que a Lei marcava,

em virtude de cujo mandato da Junta, na maneira seguinte:

LUGAR E NOMES

FINTA -REIS

IGREJA

Luísa do Carmo 850

GODA

José de Barros 60


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

231

Manuel Roiz da Silva 530

António Ferreira dos Santos 530

António de Oliveira 300

Manuel Joaquim 60

Luís Alves 530

Manuel Alves de Oliveira 160

Viúva de Luís de Barros 10

Manuel Lopes 280

António Alves de Oliveira 330

ERMILHE

José Ferreira dos Santos 730

António Fernandes de Araújo 100

Manuel Fernandes de Araújo 680

José António de Castro 530

Manuel da Motta 730

Mariana da Mota 60

José Francisco 220

Diogo Soares Alves 520

VERGADA

Diogo José Ferreira Fortuna 100

João Pereira Pedrosa 240

Ana Gaia 40

Joaquim Pereira Dias 240

Maria Pereira, viúva 130

Manuel Pereira da Motta 350

Domingos Alves 150

Domingos Alves Novo 180

Ana Soares, viúva 380

José Coelho de Amorim 120

António de Oliveira 60

José Francisco 120

António José Caetano 130

Joaquim Pereira da Silva 600

Manuel Pereira Vendas 100

Manuel de Oliveira 100

João Ribeiro 200

João Coelho dos Santos 240

Manuel Alves Ferreira 730

António Pereira Soares 60

Tomás Laranjeiro 120

António Pereira dos Santos 580

Manuel Pereira da Motta Novo 400

Manuel Ferreira dos Santos 220

Manuel Ferreira da Silva 220

José Coelho 200

Teresa Alves 60

António Pinto 60


232 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

António Fernandes 120

António Pereira Vendas 120

Bento José d’Oliveira 120

António Alves Casas 100<

FUNDÃO

Maria Joaquina, solteira 60

António José da Costa 420

Teresa Maria, viúva 380

Manuel Ferreira 600

Pedro Pereira da Silva 150

João Pereira 450

OUTEIRO DO MOINHO

José Fernandes do Souto 250

Manuel Coelho 300

António Alves 120

Josefa de Oliveira 20

José Joaquim 200

Maria Joaquina, viúva 20

José Alves Neves 150

RIO

Henrique Ferreira 240

António Francisco, solteiro 150

Manuel Lopes 150

João Domingues 60

Rosa Maria, viúva 20

José Coelho Patrão 240

Maria da Conceição, viúva 730

Luís Alves Coelho 250

Remígio Coelho 240

PRIME

António Coelho 100

João António 570

Maria de Amorim 20

António Francisco de Amorim 20

Manuel Álvares da Silva 300

João Gomes 150

António Francisco de Amorim 730

Manuel Alves Coelho 250

António de Oliveira Souto 620

José Alves Laranjeira 20

Joaquim Pinto 480

Joaquim de Barros 60

Anna Maria dos Santos 40

MOZELOS

Francisco Coelho de Amorim

Ausente

José Ferreira 100

José Coelho de Amorim 750


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

233

Luis Alves de Oliveira 450

Teresa Francisca 60

Ana de Barros 40

António José Ferreira 300

António de Oliveira 150

MURADO

José Ferreira 300

Manuel Ferreira Alves 300

Manuel d’Oliveira 60

José de Oliveira Carvalho 120

Inácia Maria 100

Manuel Joaquim de Oliveira 750

José Leite 400

Francisco Ferreira 720

António Bernardino de Vasconcelos 1.800

Agostinha Coelha 20

António José 100

Doroteia Maria 20

José Francisco d’Amorim 240

Manuel de Oliveira 200

Joaquim do Couto 100

Manuel António da Silva 100

José António Carneiro 100

Maria Nogueira 60

António Pinto Nogueira 200

José Francisco Alves 750

António Pereira 100

Vicente da Rocha 200

Ana da Costa Carvalha 200

Manuel de Oliveira Pais 420

Manuel José Godinho 400

José de Oliveira 100

António Alves da Silva 300

Joana da Mota 50

Domingos Alves de Oliveira 350

Ana Alves 20

Maria Pereira 60

Manuel Joaquim de Oliveira 72

João Ferreira 120

Manuel Ferreira 100

REGADAS

Manuel Ferreira Novo 120

António Ferreira 120

Manuel Ferreira 120

Josefa Maria, viúva 20

MELADAS

José Francisco Pereira 300


234 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Manuel António Beire 200

BARROSA

Jacinto Pereira da Silva 450

João Rodrigues 100

Luís dos Santos 100

VILAS

Maria Gomes, viúva 20

Manuel Francisco Vila 550

António Carvalho 120

Vitória, solteira 20

Francisco de Oliveira 100

Manuel Coelho 120

António da Silva Frutuoso 200

José de Fontes 120

João Gomes da Silva 120

José de Sá Rodrigues 120

CASAL

Joaquim Pereira da Cruz 250

Joaquim Gomes da Silva 100

José de Sousa 600

José Francisco 60

SEITELA

Francisco José Coelho 750

Maria da Costa, viúva 60

Manuel Coelho Patrão 200

Manuel José Coelho 360

Francisco Carvalho da Conceição 360

Manuel Gomes da Silva 120

Luís Alves Gomes 120

Maria de Oliveira, viúva 60

Mariana d’Oliveira, viúva 60

José Ferreira 150

Manuel Carvalho da Rocha 120

GESTO

António de Oliveira Novo 120

António d’Oliveira 150

Manuel de Oliveira, viúvo 150

Manuel Pereira 100

Manuel Carvalho 650

Maria Joaquina, solteira 20

Maria de Oliveira, viúva 100

SOBRAL

José Luís Pereira 120

Luís António 120

Vitória, solteira 20

Maria Villaverde 60

Brízida da Silva, viúva 60


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

235

Joaquim Ferreira 120

Maria Domingues, viúva 60

Ana Pereira, viúva 20

Joaquim de Oliveira Pinto 100

Maria Joaquina, viúva 20

Antónia, solteira 20

José da Silva 120

José Coelho 120

João do Couto Nogueira 100

Manuel Alves Pereira 300

Manuel José dos Reis Milheiro 250

José Pereira Pedrosa 200

QUINTÃ

Custódia Maria da Silva Aranha 1.600

João Fernandes Ribeiro 750

Inácio José da Mota 130

José Francisco de Oliveira 100

Mariana da Silva, viúva 20

Manuel do Couto 100

Ana de Oliveira 20

Francisco José Magalhães 200

Teresa Rodrigues 60

Maria Alves, viúva 60

Manuel António da Silva 100

Maria Constantina 20

Manuel Carneiro 60

Padre João Gomes de Resende 100

Esta derrama seria cobrada pelos Cabos da Polícia a fim de

se poupar a gratificação que seria necessária despender com o

cobrador que a Junta nomeasse, despesa essa que recairia sobre

os coletados (AJFM: Livro de Atas nº1:Ata de10.12.1836).

Em 4 de julho de 1837, a Junta deliberou nomear depositário

da côngrua arbitrada, o pároco Manuel Joaquim de Oliveira, do

Murado (ID.:IBID.).

Em 17 de novembro de 1837, a Câmara Municipal oficiou à

Junta da Paróquia, ordenando que, no caso de não ter sido feito o

pagamento do segundo quartel da côngrua estabelecida ao Pároco,

se tomasse o cuidado na sua cobrança para o não prejudicar.

Dado o facto de ter havido um conjunto de fregueses que, por

morte ou ausência, deixaram de pagar a dita côngrua, que atingia

o montante de 1000 reis, fossem compensados por outros que

deveria pagar a mesma importância.


236 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Pessoas que se ausentaram ou morreram

Pessoas que foram coletadas para suprir os que

se ausentara ou morreram

José de Barros, de Goda – 60 reis António de Oliveira, genro do Neto, de Goda – 100

José Francisco, de Ermilhe, morto – 280 Bernardo Pereira, da Vergada – 80

Maria Álvares, da Quintã, morta – 60 Inácio Francisco, da Quebrada – 200

Remígio Coelho, da Quebrada – 20 Manuel Álvares Pereira, do Murado – 80

António Coelho, de Prime – 100 António Carvalho, do dito – 80

Manuel António da Silva, do Murado – 100 José Fernando, das Regadas – 100

José António da Silva, do dito – 60 Manuel Loureiro, de Chedas – 100

Joana da Mota, por ser pobre – 20 António Pereira, de Seitela – 80

Maria Constantina, dita – 20 Genro da Maria Domingues, do Sobral – 80

Maria de Oliveira, da Seitela, dita – 60 Francisco Pereira, da Quintã – 100

Em 18 de março de 1838, a Junta da Paróquia deliberou lançar

uma finta aos fregueses para obter os fundos necessários para fundir

um sino para chamar os fiéis para os ofícios divinos pois, apesar

da freguesia ser pequena, havia alguns lugares distantes e não

havia outra forma de os chamar a participar nos atos litúrgicos.

Manuel Roiz da Silva -1500 reis Diogo José Fortuna – 360 reis

Joaquim Ferreira dos Santos – 1.500 João Pereira Pedrosa – 360

Luís Alves Patrício – 1.500 Ana Gaia – 180

António Alves Patrício – 1.500 Joaquim Pereira Dias – 600

Manuel Alves de Oliveira – 600 Maria Pereira, viúva – 520

Manuel Joaquim – 200 Tomás de Oliveira – 680

Manuel Lopes – 420 Manuel Pereira Canedo – 720

António de Oliveira Conceição – 900 António Pereira Soares – 180

José Pinto de Oliveira – 1.200 Domingos Alves Novo – 500

António de Oliveira Belinha – 360 Domingos Alves – 300

António Alves de Oliveira – 1.200 Ana Soares – 1.100

José Ferreira dos Santos – 2.040 José Coelho de Amorim – 360

Manuel Ferreira de Araújo – 1.700 José Francisco Caseiro – 300

António Fernandes de Araújo – 300 António de Oliveira Felicio – 200

José Anónio de Castro – 1.500 António José Caetano – 360

Teresa Alves, viúva – 80 Joaquim Pereira da Silva – 1.000

Manuel da Mota – 1.920 Manuel Pereira Vendas – 200

Mariana da Mota – 180 Manuel de Oliveira – 300

José Coelho – 360 João Ribeiro e genro – 500

José Soares e irmão – 720 João Coelho dos Santos – 1.020

Manuel Alves Ferreira – 1920 Inácio Francisco – 720

António Pereira dos Santos – 1.500 José Coelho Patrão – 720

Manuel Pereira da Mota – 1.200 António Francisco – 600

Manuel Pereira dos Santos – 700 Ana Maria dos Santos – 100

Manuel Ferreira da Silva – 700 José Francisco Caixeiro – 120


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

237

José Coelho – 700 João António – 1440

Teresa Alves, viúva – 180 Maria Vigaria, solteira – 90

António Fernandes – 360

António Francisco de Amorim, viúvo

– 90

António Alves Casas – 360 Manuel Alves Coelho – 2.280

Maria Joaquina, solteira – 180 António de Oliveira Souto – 500

António José da Costa – 1.200 José Alves Larangeira – 320

Manuel Ferreira – 1.550 Joaquim Pinto – 1.080

Manuel António – 1050 Joaquim de Barros – 180

Pedro Pereira – 360 José Ferreira – 160

João Pereira – 1.200 José Coelho de Amorim – 1.600

José Fernandes – 2.280 Luís Alves – 1500

Manuel Coelho – 900 Ann de Barros – 160

António Alves – 360 Filhas de Teresa Francisca – 100

José Joaquim – 450 António José Ferreira – 1.000

José Alves Neves – 440 António de Oliveira – 450

Maria Joaquina, viúva – 150 José Coelho Ferreira – 150

Henrique Ferreira – 440 José Ferreira – 900

Manuel Lopes – 360 Manuel Ferreira Alves – 900

Rosa Maria, viúva – 140 Manuel de Oliveira, viúvo – 300

José António Rio – 920 José de Oliveira Carvalho – 340

Luís Alves Coelho – 2.280 José Pereira Balona – 240

Josefa do Rio – 150 Inácia Maria – 450

Manuel Joaquim de Oliveira, viúvo

– 1.920

José Fernandes – 300

José Leite – 1.200 Manuel de Azevedo Loureiro – 300

Francisco Ferreira – 360 Manuel Alves Pereira – 160

António Bernardino de Vasconcelos

– 4.800

Manuel Ferreira, viúvo

José Francisco de Amorim – 680 Manuel Ferreira

António José Carneiro – 270

Manuel Ferreira Novo

Manuel de Oliveira – 550 António Ferreira – 360

Joaquim do Couto – 180 José Francisco Pereira – 880

Manuel Alves Pereira – 200 Manuel António Beire – 480

José António Carneiro – 240 Jacinto Pereira – 1.020

Pedro Leite – 480 João Roiz – 180

Maria Nogueira, viúva – 180 Luís dos Santos – 300

Maria Alves, viúva – 300 Maria Gomes, viúva – 100

José Francisco Alves – 1.800 Manuel Francisco – 1.500

Joaquim Godinho – 120 António Carvalho – 340

Manuel Godinho – 600 Vitoria, solteira – 100

Ana da Costa, viúva – 450 Francisco de Oliveira – 360

Vicente da Rocha – 360 Manuel Coelho Campos – 360

Francisco de Oliveira Pais – 1.200 José de Fontes – 440

José de Oliveira – 240 João Gomes da Silva – 360

António Alves da Silva – 500 José de Sá Roiz – 360


238 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Inácio da Mota – 140 Manuel Gomes da Silva – 360

Domingos Alves de Oliveira – 560 Joaquim Pereira da Cruz – 2.280

Anna Alves, viúva – 90 Joaquim Gomes da Silva – 260

Maria Pereira, viúva – 180 José de Sousa – 1.800

Manuel Joaquim – 360 António da Silva Frutuoso – 500

João Ferreira – 360 Francisco José Coelho – 1.920

Inácio José da Mota – 480 Maria da Costa, viúva – 180

Josefa Maria, viúva – 120 Manuel Coelho Patrão – 500

João de Sá – 100 Manuel José Coelho – 840

Francisco Cardoso da Conceição – 720 Manuel Milheiro – 2.280

Luisa Maia – 180 Rosa de Oliveira, viúva – 160

Luiz Alves Casas – 360 António de Amorim Aranha – 4.500

José Ferreira Manco – 360 João Fernandes de Amorim – 2.300

Manuel Carvalho da Rocha – 360 José Pereira Pedrosa – 600

António Pereira Polaco – 280 José Francisco de Oliveira – 150

António Francisco Pinheiro – 200 Mariana da Silva, viúva – 60

António de Oliveira Novo – 360 Ana Lourença – 40

António de Oliveira – 360 Manuel Carneiro – 180

Manuel de Oliveira, viúvo – 360 Manuel do Couto – 360

Manuel Carvalho – 1720 Francisco José Martins – 720

Maria Joaquina, solteira – 150 António Correia – 360

Francisco de Sá – 360 José Pires – 180

Maria Branca – 100 Manuel Correia Marques – 360

José Luís Pereira – 360 Manuel Pereira – 240

Luís António – 360 Francisco Pereira – 360

Vitória, solteira – 180 Manuel António da Silva – 240

Maria Vilaverde – 180 Ana de Oliveira – 100

Brízida da Silva – 160 Teresa Roiz – 120

Joaquim Ferreira – 360 Luisa Maria do Carmo – 2.400

João Carvalho – 360 Padre João Gomes de Resende – 620

Joaquim Pinto – 360

Reverendo Vicente de Oliveira

Xavier – 440

Antónia, do Clérigo – 100 João Domingues – 160

José da Silva – 360 Policarpo Pereira – 300

João do Couto – 360 Manuel Alves Pereira – 640

Em 20 de setembro de 1838, a Junta da Paróquia recebera a

cópia das atas da côngrua que fora taxada ao pároco, bem como

um ofício do Administrador do Concelho no qual se ordenava

fazer a derrama aos paroquianos da freguesia, bem como os que

nela tinham prédios.

Manuel Rodrigues – 1.400 reis Diogo José Ferreira Fortuna – 140 reis

Joaquim Ferreira dos Santos – 1.200 João Pereira Pedrosa – 200

Luís Francisco – 1.200 Ana Gaia – 80


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

239

Manuel Lopes – 800 Joaquim Pereira Dias – 240

Manuel de Oliveira – 600 Maria Pereira, viúva – 360

Manuel Joaquim – 200 Tomás de Oliveira – 240

José Pinto de Oliveira- 800 Manuel Joaquim – 140

António de Oliveira Belinha – 200 António Fernandes – 200

António Alves de Oliveira – 800 Domingos Alves Novo – 300

António Francisco, solteiro – 150 Domingos Alves – 240

António Fernandes – 200 Ana Soares – 1.100

José Ferreira dos Santos – 2.040 José Coelho de Amorim – 360

Manuel Ferreira de Araújo – 1.700 Manuel Fernandes – 200

Manuel da Mota – 2.350 Mariana da Mota – 80

José António Castro – 1200

Manuel Joaquim de Magalhães Pinto

– 960

José Coelho – 200 José Soares e Irmão – 400

Manuel Pereira da Mota – 600 António Alves Casas – 200

António Pereira Soares – 100 Domingos Alves Novo – 300

Ana Soares, viúva – 720 José Coelho de Amorim – 240

Caetano Pereira da Mota – 1.440 António de Oliveira – 200

António José Caetano – 240 Joaquim Pereira da Silva – 720

Manuel Pereira Vendas – 140 Manuel de Oliveira – 200

João Coelho dos Santos – 720 João Ribeiro – 240

Manuel Alves Ferreira – 2.400 António Pereira dos Santos – 2.000

Manuel Pereira da Mota Junior –

1.200

Manuel Pereira dos Santos – 800

Manuel Ferreira – 800 José Coelho – 300

Joana Correia – 80 António Pinto – 120

António Fernandes – 200 António Pereira Vendas – 200

Bento José de Oliveira – 200 Maria Joaquina – 160

António José da Costa – 900 Manuel António – 900

Manuel Ferreira – 1.700 Pedro Pereira – 400

João Pereira – 1.400 José Fernandes do Couto – 2.800

Manuel Coelho – 120 José Joaquim – 240

José Francisco Caixeiro – 100 António Alves – 200

José Alves Neves – 500 Maria Joaquina – 120

Henrique Ferreira – 600 Joaquim António Rio – 360

José António Rio – 2.400 Manuel Lopes – 360

Luís Alves Coelho – 2.800 José Carlos Patrão – 500

Inácio Francisco – 500 António Francisco – 300

Ana Moreira dos Santos – 160 Josefa do Rio – 80

Manuel Alves Coelho – 2.800 João António – 440

António Francisco de Amorim –

viúvo – 80

António Francisco de Amorim – 2.400

António de Oliveira Souto – 2.400 Joaquim Pinto – 800

Maria Vigária – 60 João Gomes – 520

Joaquim Pinto – 800 Joaquim de Barros – 120

Rosa Maria, viúva – 80 José Ferreira – 120

José Coelho Amorim – 2.100 António José Ferreira – 800

Luís Alves – 1.200 Filhas de Teresa Francisca – 60

Ana de Barros – 120 António de Oliveira – 240


240 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

José Coelho Ferreira – 100 José Ferreira – 100

José Ferreira – 600 Manuel Ferreira Alves – 360

José de Oliveira Carvalho – 200 Ignácia Maria – 500

Manuel de Oliveira, viúvo – 120 José Pereira Balona – 160

Manuel Joaquim de Oliveira – 1.440 José Leite – 800

Francisco Ferreira – 200

António Bernardino de Vasconcelos

– 6.000

José António Carneiro – 200 António José Carneiro – 280

José Francisco de Amorim – 280 Manuel de Oliveira – 280

Pedro Leite – 400 Maria Nogueira – 120

Maria Alves, viúva – 200 José Francisco Pereira – 800

Manuel José Godinho – 450 Ana da Costa, viúva – 550

Manuel de Oliveira Pais – 700 Vicente da Rocha – 450

José de Oliveira – 150 António Alves da Silva – 300

Domingos Alves – 500 Ana Alves – 100

Maria Pereira, viúva – 200 Manuel Joaquim – 200

João Ferreira – 200 Josefa Maria, viúva – 120

João de Sá, solteiro – 120 António Pereira Polaco – 10

Manuel de Azevedo Loureiro – 120 Manuel Alves Pereira – 120

Manuel Ferreira, viúvo – 100 Manuel Ferreira Novo – 200

Manuel Ferreira – 200 António Ferreira – 200

Inácio José da Mota – 300 Manuel António Beire – 300

Arnaldo Vanzeler do Porto – 1940 Jacinto Pereira – 800

João Roiz – 160 Maria Gomes, viúva – 100

Manuel Francisco – 1.440 António Carvalho – 240

Vitória, solteira – 100 Francisco de Oliveira – 200

Manuel Coelho Campos – 280 Manuel Pereira Rijado – 200

Joaquim Pereira da Cruz – 2.800 José de Sousa – 1.200

António da Silva Frutuoso – 600 Joaquim Gomes – 120

Manuel Gomes – 200 José de Sá Rebola – 200

Joâo Gomes – 300 José de Fontes – 400

Francisco José Coelho – 2.400 Francisco Cardoso – 800

Luisa Maia – 100 António Francisco Pinheiro – 200

Maria da Costa, viúva – 100 Manuel Carvalho da Rocha – 360

Manuel Carvalho da Rocha – 360 Luís Alves Casas – 200

Luís dos Santos – 200 José Ferreira Manco – 300

Manuel Coelho Patrão – 450 António de Oliveira Novo – 200

Manuel de Oliveira, viúvo – 360 António de Oliveira – 500

Manuel Carvalho – 1.800 Maria Joaquina, solteira – 100

Francisco de Sá – 360 Maria Joaquina, viúva – 80

José Luís Pereira – 280 Luís António – 220

Joaquim Ferreira – 200 João Carvalho – 240

Joaquim Pinto – 280 Brízida Alves – 240

Maria Vilaverde – 240 Vitoria, solteira – 100

Manuel Alves Pereira – 500 João do Couto – 200

Policarpo Ferreira – 200 José da Silva – 280

Antónia, solteira – 100 Mariana da Silva, viúva – 40

Ana Lourença – 40 Francisco José Martins – 500


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

241

António Correia – 400 Manuel José Reis Malheiro – 2.800

João Domingues – 100 José Pereira Pedrosa – 480

António de Amorim Aranha – 5.200 João Fernandes de Amorim – 2.500

António Pereira Dias, do Porto – 478 José Francisco – 120

Manuel Carneiro – 100 Rosa de Oliveira, viúva – 60

Ana, da Ribeira – 240 Ana de Oliveira – 80

Francisco de Sá – 360 Manuel Correia Marques -200

Manuel António da Silva – 200 Francisco Pereira – 280

Luisa Maria do Carmo – 3.600 Luís António – 280

Maria Joaquina, viúva – 80 Teresa Roiz – 140

Pessoas de fora da freguesia que

nesta possuem bens

Pessoas de fora da freguesia que

nesta possuem bens

José Coelho Ribeiro, de Lourosa – 16

António da Cunha Sampaio, de S.

João de Ver – 96

Manuel Pereira da Silva, de S.

Martinho – 12

José Francisco da Rocha, de Lourosa

– 20

Manuel Roiz Marques, de Lamas – 66 José Pinto de Almeida, de Fiães – 30

Padre António Moleiro, de S.

Martinho – 18

Padre António, de Lourosela – 24

João Pinto de Almeida, de Fiães – 96 Custódia Alves, de Lourosa – 3

Paulino José Coelho, de Lamas – 42 José de Sousa, de Perosinho – 42

José Pereira do Couto, de Nogueira

– 33

Manuel Francisco, de Lourosa – 4

Luís Alves, daí – 6 Joaquim Carvalho, de Lamas – 105

Manuel Alves dos Santos, de

Nogueira – 36

José Pereira Espadaneiro, de S.

Martinho – 12

Manuel de Souza Coelho, daí – 30 José Coelho Cravo, de Lourosa – 45

Joaquim Carvalho, de Lamas – 105

Manuel Alves dos Santos, de

Nogueira – 36

Manuel de Sousa Coelho, daí – 30 José Coelho Cravo, de Lourosa – 45

António Alves de Sousa, de Lourosa

– 42

Ana Antónia, viúva – de Lourosa –

80

Manuel Francisco, do Sobreiro, de

Fiães – 30

Luís Roiz Grilo, de Nogueira – 45

Roza Francisca, de Nogueira – 24 Luís Roiz Branco, de Nogueira – 12

Maria Cândida Silva, de Vila Nova

– 45

Joaquim José de Melo – de S.

Martinho – 60

Maria de Sá, viúva, de Lamas – 60

Joaquim Alves, solteiro, de Nogueira

– 36

António Ferreira dos Santos, de

Lourosa – 24

Francisca Godinha, do Murado – 78

Alvino Godinho, do Murado – 78 João Godinho, do Murado – 78

Luís Godinho, do Murado – 78 António Godinho, de Grijó – 100

António Ferreira Cardoso, de Lourosa

– 40

Maria de Oliveira, de Lamas – 4

Herdeiros do Padre Caetano, de

Lamas – 6

Manuel Francisco Vilarinho, de Fiães

Manuel Cardoso, da Cal de Lourosa

– 80

Herdeiros de João de Sá, da Corga –

24

Padre António, de Seitela – 240 Joana Ramalha, de Avintes – 240


242 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Por proposta do Presidente da Junta foi nomeado Francisco

José Martins, da Quintã, como tesoureiro e que se extraíssem

duas cópias iguais, uma para ser afixada nas portas da paróquia

e a outra para ser remetida, ao tesoureiro nomeado.

GODA

FUNDÃO

Manuel Roiz da Silva – 500 reis Maria Joaquina, solteira – 60

Joaquim Ferreira dos Santos – 500 António José da Costa – 480

Luís Alves – 550 Manuel António e Mãe – 540

Manuel Alves de Oliveira – 200 Manuel Ferreira – 660

António de Oliveira Conceição – 220 Pedro Pereira – 160

Manuel Lopes – 500 João Pereira – 500

José Pinto de Oliveira – 420

OUTEIRO DO MUNHO

António de Oliveira Belinha – 200 José Fernandes do Couto – 1.000

José Lopes – 120 Rosa Maria, viúva – 60

Manuel Joaquim – 120 José Joaquim – 200

António Alves de Oliveira – 360 Maria Joaquina, viúva – 60

ERMILHE José Alves Neves – 280

José Ferreira dos Santos – 960

RIO E PRIME

Teresa Alves, viúva – 100 Henrique Ferreira – 280

António Fernandes de Araújo – 150 José António Rio – 850

Manuel Fernandes de Araújo – 750 Luís Alves Coelho – 1.000

Maria Fernandes – 500 Josefa do Rio, solteira – 60

Manuel da Mota – 850 Ana Maria dos Santos -60

Mariana Mota – 80 Manuel Lopes – 200

José Coelho – 200 João António – 520

José Soares Alves – 280 Maria de Amorim, solteira – 40

VERGADA

António Francisco de Amorim, viúvo

– 40

Diogo Fortuna – 120 João Gomes – 360

João Pereira Pedrosa – 120 António Francisco de Amorim – 850

Ana Gaia – 60 Manuel Alves Coelho, viúvo – 1.000

Joaquim Pereira Dias – 240 António de Oliveira Souto – 700

António Pereira Dias e Mãe – 260 José Alves Laranjeira – 160

Tomás de Oliveira – 260 Joaquim Pinto – 460

Manuel Pereira da Mota, viúvo e

filho – 300

Joaquim de Barros – 80

António Pereira Soares – 100 Inácio Francisco – 280

Domingos Alves Novo – 280 José Coelho – 320

Domingos Alves – 120

António Francisco, solteiro

Ana Soares – viúva – 300 MOZELOS

José Coelho de Amorim – 240 José Ferreira – 80

António de Oliveira Felício – 120 José Coelho Amorim – 600

António José Caetano – 160 Luis Alves de Oliveira – 600

José Cardoso – 120 Maria Francisca, solteira e Irmã – 60

Joaquim Pereira da Silva – 320 Anna de Barros – 80

Manuel Pereira Vendas – 100 António José Ferreira – 420


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

243

Manuel de Oliveira – 160 José Coelho Ferreira – 100

José de Freitas e sogro – 160 António de Oliveira – 200

João Coelho e genro – 420

MURADO

António Alves Ferreira – 960 José Ferreira – 420

António Pereira dos Santos -720 Manuel Ferreira Alves – 380

Manuel Pereira da Mota Novo e

sogro – 560

José Pereira Balona – 100

Manuel Pereira dos Santos – 280 Manuel Oliveira, viúvo – 100

Manuel Ferreira da Silva – 240 José de Oliveira Carvalho – 100

José Coelho – 240 Inácia Maria, solteira – 240

Teresa Alves, viúva e filha – 80

Manuel Joaquim de Oliveira, viúvo

– 800

António Pinto, viúvo – 80 José Leite – 480

António Fernandes – 200 Francisco Ferreira – 160

António Pereira Vendas – 160

António Bernardino de Vasconcelos

– 1.800

Bento José de Oliveira – 180

António José Carneiro e sobrinha –

200

António Alves Casas e genro – 240 José Francisco de Amorim – 240

REGADAS Manuel de Oliveira – 240

António Pereira Polaco – 180 Manuel Alves Pereira – 140

Manuel Ferreira Novo – 180 Joaquim das Coutas – 160

António Ferreira – 180 Pedro Leite – 300

Manuel Ferreira – 180 Maria Nogueira, viúva – 100

Manuel de Azevedo Loureiro – 140 Maria Alves, viúva – 100

Manuel Ferreira, viúvo – 100 José Francisco Alves – 720

Manuel Alves Pereira – 140 Manuel Godinho de Aguiar – 320

MELADAS E BARROSA Ana da Costa Carvalha – 200

José Francisco Pereira – 500 Francisco de Oliveira Pais – 480

Manuel António Beire – 220 José de Oliveira – 120

Jacinto Pereira da Silva – 350 Vicente da Rocha – 200

João Roiz – 140 António Alves da Silva – 260

VILAS Domingos Alves de Oliveira – 240

Maria Gomes – 80 Ana Alves, viúva – 40

Manuel Francisco – 640 Maria Pereira, viúva – 100

António Carvalho – 160 Manuel Joaquim de Oliveira – 200

Vitória, solteira – 80 João Ferreira – 200

Francisco de Oliveira – 200 João de Sá, solteiro – 120

Manuel Coelho Campos – 200 Josefa Maria, viúva – 80

Manuel Pereira Reigado – 160 Inácio José da Mota – 180

José de Fontes – 240

CASAL

João Gomes da Silva – 180 Joaquim Pereira da Cruz – 1.000

José de Sá Roiz – 140 Joaquim Gomes da Silva – 100

Manuel Gomes da Silva – 140 José de Sousa e mãe – 700

SEITELA António da Silva Frutuoso – 320

Francisco José Coelho – 850

GESTO

Manuel José Coelho – 480 António de Oliveira Novo – 200

Francisco Cardoso da Conceição –

200

António de Oliveira – 240


244 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Luiza Maria – 160 Manuel de Oliveira, viúvo – 200

Maria da Costa, viúva – 100 João Pereira Tanica – 100

Manuel Carvalho da Rocha – 240 José de Oliveira – 800

Luís Alves Gomes- 160 Maria Joaquina – 100

António Francisco Pinheiro – 160 Francisco de Sá – 200

José Ferreira Manco – 220

SOBRAL

Luís dos Santos – 140 Maria Joaquina Branca – 60

Manuel Coelho Patrão – 260 José Luís Pereira – 200

QUINTÃ Luís António – 200

António de Amorim Aranha – 1.400 Vitória, solteira – 100

João Fernandes de Amorim – 900 Maria Vilaverde – 60

José Pereira Pedrosa – 360 Brízida Alves, viúva – 100

José Francisco de Oliveira – 100 Joaquim Ferreira – 200

Manuel Carneiro – 80 João Carvalho – 200

Rosa de Oliveira, viúva – 60 José Pinto Rosa – 80

Ana Correia, solteira – 200 Joaquim Pinto – 200

Francisco José Martins – 360 Ana de Oliveira – 60

Manuel Correia Marques – 200 Mariana da Silva, viúva – 40

João Domingues – 80 José Pires ou mulher – 60

Francisco Pereira – 200 Ana Lourença – 40

Bernardina de Jesus, solteira – 40 Antóni, solteira – 60

Manuel António da Silva – 180 José da Silva – 160

Policarpo Ferreira – 100 Manuel Alves Pereira – 400

Teresa Roiz, viúva – 80 João do Couto Nogueira – 180

Efigénia, solteira – 40

Manuel José dos Reis Milheiro –

1.000

Luisa Maria do Carmo – 1.100 Padre João Gomes de Resende – 200

Em 1857, a côngrua de Mozelos era de 200$000 e estava distribuída

da forma seguinte:

– Passal – 8$000;

– Pé de altar e benesses – 72$000;

– Derrama – 120$00 (Almanak Eccesiástico do Bispado do Porto

para 1857: Porto: 1856).

Tinha residência paroquial.

População, fogos e rendimentos paroquiais das freguesias da Feira (1857)

Freguesia

Côngrua

Padres

Fogos

População

Residência

Cemitério

Correio

S. Martinho de

Adro servia

300$000 2 644 3.220 Sim

Argoncilhe

de cemitério

Carvalhos ou Vila da Feira

Santa Maria da Arrifana 200$000 4 216 802 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

S. Pedro de Canedo 400$000 2 707 2.266 Sim

Adro servia

de cemitério

Do Porto para Vila da Feira


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

245

S. Silvestre de Duas Igrejas,

integrada em Romariz

- - 39 140 - - Do Porto para Vila da Feira

S. Martinho de Escapães 200$000 2 125 396 Sim Não Do Porto para Vila da Feira

S. Tiago de Espargo 250$000 2 186 750 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

S. Nicolau da Feira 350$000 4 504 2.263 Não Sim Do Porto para Vila da Feira

Santa Maria de Fiães 300$000 5 300 1.500 Sim Não tinha Do Porto para Vila da Feira

S. Salvador de Fornos da

Feira

200$000 3 135 528 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

Santo André de Gião 129$000 1 140 400 Sim Não tinha Do Porto para Vila da Feira

S. Mamede de Guisande 230$000 2 134 378 Sim

O adro servia

de cemitério

Do Porto para Vila da Feira

Santa Maria de Lamas 248$050 2 186 811 Sim Não tinha Do Porto para Vila da Feira

S. Tiago de Lobão 250$000 2 423 1.320 Sim

O adro servia Do Porto para os Carvalhos

de cemitério

(Gaia)

S. Vicente de Louredo 190$000 2 210 828 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

S. Tiago de Lourosa 250$000 2 357 1092 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

S. Miguel de Milheiros de

Sim (arruinada)

170$000 2 167 679

Poiares

Não Do Porto para Vila da Feira

Santo André de Mosteirô 119$000 1 125 572 Não Sim Do Porto para Vila da Feira

S. Martinho de Mozelos 200$000 4 260 935 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

S. Cristóvão da

Regedoura

200$000 3 258 93 Sim Não Do Porto para Vila da Feira

S. Paio de Oleiros 192$000 2 175 551 Sim

O adro servia

de cemitério

Do Porto para Vila da Feira

S. Cipriano de Paços de

Brandão

200$000 1 200 660 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

Santa Maria de Pigeiros 200$000 5 101 308

Sim (arruinadíssima)

de cemitério

O adro servia

Do Porto para Vila da Feira

S. Tiago de Rio Meão 200$000 1 214 636 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

Santo Isidoro de Romariz 250$000 9 309 1642 Sim

O adro servia

de cemitério

Do Porto para Vila da Feira

S. Pedro Fins da 130$000 2 112 512 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

Santa Eulália de

Sanguedo

200$000 2 116 332 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

S, João de Ver 300$000 5 248 1.127 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

S. Jorge da Feira 230$000 2 150 486 Sim

O adro servia

de cemitério

Do Porto para Vila da Feira

S. Miguel do Souto 300$000 8 375 1.740 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

S. Mamede de Travanca 192$000 2 212 772 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

Santa Maria do Vale 162$500 2 250 725

Sim (arruinada)

de cemitério

O adro servia

Do Porto para Vila da Feira

S. Mamede de Vila Maior 240$000 2 156 527 Sim Sim Do Porto para Vila da Feira

(ID.:IBID.).

Em 20 de janeiro de 1875, o Presidente da Junta lembrou

que, no dia 2 de fevereiro, era costume ir-se benzer a cera e fazer

a entrega das confrarias na capela de Meladas, e para que o

ato fosse mais solene propôs que a Junta participasse neste ato

(AJFM: Liv. de Atas nº1).


246 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Neste século, a paróquia de Mozelos pertencia ao 2.º Distrito da

Comarca da Feira, situação que manteve no início do século XX.

Neste século, a paróquia de Mozelos pertencia à 1.ª Vigararia da

Comarca da Feira, situação que manteve no início do século XX.

Em 6 de novembro de 1896, a igreja de São Martinho de Mozelos

recebeu a quantia de 40.000$000 como subsídio destinado às

igrejas pobres da diocese do Porto.

ASPETOS EDUCATIVOS E CULTURAIS DO

SÉCULO XIX

Em 5 de Dezembro de 1881, a Junta deliberou iniciar o processo

de recenseamento das crianças para o ensino primário, tendo

sido solicitado que se fizessem os avisos necessários na igreja e que

fossem dadas as declarações necessárias (AJFM: Liv.Atas nº 1).

Em 22 de Dezembro de 1886, o professor público do ensino

elementar primário Pedro Leite solicitou à Junta que certificasse

que ele tinha exercido constantemente e sem interrupção o magistério,

desde o seu despacho para a referida cadeira, no ano de

1854 até ao momento, e quais os serviços que tinha prestado à

escola e qual era o seu comportamento moral civil e religioso.

A Junta resolveu atestar o que fora pedido, porque sempre fora

solícito e zeloso, fornecera casa e a mobília para a escola à sua

custa para os trabalhos escolares (ID.: Liv de Atas nº 2).

A escola nasceu da doação de um terreno à Câmara de Vila

da Feira feita por Francisco d’Amorim (segundo informações contidas

num trabalho sobre a escola de Sobral, elaborado por Maria

José S. V. Marques, integrado do 1º ano da disciplina de História

Contemporânea, Ideias em Educação, da Faculdade de Psicologia e

de Ciências da Educação, da Universidade do Porto, no ano letivo de

2004/2005).

As informações prestadas, a seguir, foram recolhidas no referido

trabalho académico.

Em 6 de setembro de 1889, o professor José Fernandes Coelho

de Amorim fez a abertura do livro de matrícula geral dos alunos

da escola oficial de ensino primário e elementar para o sexo

masculino na freguesia de Mozelos que ficou instalada no lugar

de Sobral. Este livro foi cedido ao professor Paulino Coelho de

Amorim, em 3 de fevereiro de 1891.

O professor José Fernandes Coelho de Amorim era solteiro,

licenciado em medicina em 1899 era filho de António Fernandes

Coelho de Amorim (1827-1907) e de Ana Francisca Coelho

(1883-1932), que residiam na Quintã, Mozelos. Apesar de viver

no regime monárquico, era republicano. Segundo informações


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

247

contidas no estudo da drª Maria José Marques, decidiu transmitir

os seus conhecimentos ao povo da sua terra, enquanto o seu

irmão se formava como professor do ensino primário, lecionando

na primeira escola itinerante, pioneira na região.

O professor primário Paulino Coelho de Amorim era irmão

de José Fernandes Amorim. Acorriam a esta escola, crianças das

freguesias vizinhas de Oleiros e de Nogueira da Regedoura. Os

elementos contidos nos registos de matrícula revelam que a escola

era frequentada apenas por rapazes, sendo as profissões dos pais

dos alunos, maioritariamente, lavradores, seguindo-se serradores,

carpinteiros, corticeiros, rolheiros, sapateiros, trolhas e floristas.

ASPETOS POSTAIS E SANITÁRIOS

Em 7 de fevereiro de 1887, lamentou o indeferimento da transferência

da caixa do correio para o lugar da Igreja. Em sessão seguinte

a Junta insistiu na vinda da mala do correio para o lugar da

Igreja, evitando-se assim a ida para o lugar do Murado (ID.:IBID.).

Em 13 de setembro de 1885, foi constituída a comissão de sanidade

em Mozelos que integrava os seguintes elementos: Abade José

Alves Coelho, António Francisco Leite da Conceição, António Pinto

Tavares, António do Couto Nogueira, António Fernandes de Amorim,

António Soares Alves e Paulino José Coelho. Em 16 de agosto de

1890, esta comissão começou a organizar a prevenção contra o cólera

que ameaçava a Espanha. Foi decidido que todos deveriam tomar a

sério este serviço, aceitando a missão caritativa coadjuvando as autoridades

no que fosse necessário para bem das pessoas ameaçadas. Foi

decidido visitar todas as casas da freguesia, observando as necessidades

e recomendando as cautelas indispensáveis. Nesse tempo, como

em tempos posteriores as pessoas tinham as galinhas nas cozinhas,

com inconvenientes evidentes. Nas reuniões posteriores, foi tido em

conta que se deveriam mandar remover depósitos de estrume, despejos

e imundícies, junto das habitações. Foi também feito o levantamento

dos pobres em cada lugar para acorrer às suas necessidades.

Foram recenseadas todas as pessoas nessas condições: No lugar da

Igreja havia 4 pessoas, em Goda, 10, em Ermilhe, 3 na Vergada, 24,

no Fundão, 1, no Outeiro do Moinho, 6, na Quebrada, 3, em Prime,

3, em Mozelos, 4, no Murado, 26, nas Regadas, 5, em Vilas, 3, no

Casal, 3, no Coteiro, 6, em Seitela, 8, em Gesto, 8, em Sobral, 22 e

na Quintã, 13. Quase todas as pessoas acataram as indicações da comissão

com exceção de um individuo que malcriadamente impediu

a vistoria a sua casa, tendo mesmo feito comentários injuriosos numa

taberna do seu lugar de residência (AJFM: doc.avulso).


248 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ASPETOS POLÍTICOS, ECONÓMICOS E SOCIAIS

Ao analisarmos o século XX, o sujeito fica, inevitavelmente

adentrado pelo objecto. Somos espectadores e actores de muitos

acontecimentos. Vivemo-los. Somos observadores participantes. Há

experiências centrais que marcaram o século e nos marcaram. Como

comparar o mundo de 1914 com o da década de 1990? Trata-se

de mundos qualitativamente diferentes. Para começar, é agora um

mundo muito mais cheio. (...) Os conflitos bélicos do século deram-se

a uma escala muito mais vasta que os dos séculos anteriores. (..) A

Europa renascida das cinzas, dá os primeiros passos para a unidade.

(...) A democracia ocidental, sustentada por significativos progressos

no campo material, ganhou manifesta estabilidade. (...)

(TORGAL:1996:vol. II:23).

Moldes de marcação,

no fabrico de manteiga

O início deste século foi vivido em Portugal com significativas

convulsões políticas e sociais que prenunciavam uma mudança do

regime político, tentada já em 1891, com a revolta do 31 de janeiro,

realizada no Porto e em que participavam vários cidadãos da região.

Em 1945, tinha fábrica de capachos, rolhas, laticínios, moagem

e vassouras. Produzia milho, feijão, batata, centeio, frutas e

vinho (Enciclopédia… vol. 18:82).

Em meados do século, havia grandes fábricas corticeiras e

algumas mais pequenas, 2 de vassouras e uma serração.

Mozelos deixou de ter a agricultura como atividade sócio-económica

mais relevante, reduzida agora a auto-consumo. Foi

progressivamente substituída pela indústria, designadamente, a

atividade corticeira, distribuída pela Corticeira e por pequenos

empresários desse setor e construção civil. Há também um número

significativo de funcionários públicos e de vários serviços.

Havia 420 famílias que viviam da indústria, sendo alguns

dos seus membros dirigentes e a maioria eram operários.

A profissão dominante era a atividade corticeira, ganhando os

homens 45$00 por dia, enquanto as mulheres ganhavam 25$00.

Cerca de 60 famílias viviam da prestação de serviços (comércio,

transportes, funcionalismo público, escritórios, entre outros).

Havia 105 operários que trabalhavam fora da freguesia, sobretudo

nas freguesias vizinhas, sendo 55 casados, 40 rapazes

30 raparigas

Havia 420 mulheres casadas que trabalhavam fora de casa,

geralmente em fábricas, dada a insuficiência da féria dos maridos.

As crianças, feita a escolaridade obrigatória ao tempo (4ªclasse)

iam logo trabalhar para o campo, para fábricas ou para a


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

249

construção civil, enquanto as raparigas ajudavam as mães em

casa. Geralmente, a escolha da profissão estava a cargo dos pais

e sujeita à oferta local e/ou vizinha.

Havia, ao tempo, cerca de 20 adolescentes e jovens a estudar

(leia-se, a frequentar escolas secundárias ou colégios), em busca

de um trabalho mais limpinho e rendoso.

O rendimento que cada família auferia, embora fosse geralmente

baixo, bastava para suas necessidades, à exceção dos lavradores

caseiros. Algumas das famílias, quando os rendimentos

eram insuficientes, recorriam a outras atividades subsidiárias.

Os setores profissionais mais insatisfeitos eram os caseiros e

os vassoureiros.

Releve-se a existência em Mozelos de uma olaria que atingiu

uma significativa importância, hoje continuada pelos descendentes

do seu criador, dedicando-se ao fabrico e ao comércio de produtos

cerâmicos.

Curiosamente, em Mozelos ainda existe uma oficina de torneamento

de piões, atualmente em inatividade mas em perfeito

estado de conservação, pronta para funcionamento. Situa-se em

Prime, na cave da casa de D. Maria Amélia Coelho Pinto, cujos

filhos, os irmãos Pedreirinhos, herdaram do pai, Joaquim Domingues

da Silva (fazia escovas de piaçaba, cabos para pincéis,

vassouras, etc.). Seguindo a tradição do seu pai, trabalharam no

local, desde 1950 até aproximadamente 1990, na criação de piões

e, assim, contribuir para o rendimento familiar.

Hoje, o seu funcionamento extemporâneo, sendo mais uma demonstração

nostálgica do labor, mostra como uma aparente atividade

simples, como a criação de um pião, reveste-se de complexidades

que vão muito além da escolha da madeira (pela sua densidade, maleabilidade,

resistência), do emprego dos formões, goivas e outras

ferramentas, e da mestria do talhador. Deste conjunto de factores,

resultava o nascimento de piões de formas que, mesmo aparentemente

iguais, continham diferenças entre si, marcas muitas vezes

pessoais, tal como as impressões digitais que nos caracterizam. Esta

característica do trabalho manual aplicava-se aos vários objectos aí

criados, fossem eles piões, rapas, maços de madeira, etc.

Havia alguns casos de crianças entregues a menores ou deixadas

sem vigilância.

No domínio associativo, havia o sindicato corticeiro com

sede em Lamas, e a Juventude Operária Católica (JOC).

Há agências de vários bancos e vários estabelecimentos comerciais.

Os centros de reunião mais comuns eram 3 pequenos cafés

e tabernas.

Último testemunho imóvel da original

Fábrica da Louça da Vergada

Utensílios e maquinaria empregues

no fabrico de piões


250 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ASPETOS SANITÁRIOS

A freguesia é servida pelo Hospital de S. Sebastião, pela sua

Unidade de Saúde Familiar que é uma extensão do Centro de

Saúde de Santa Maria da Feira, além de clínicas e consultórios

de medicina privada existentes na freguesia e nos seus arredores.

A construção do hospital teve contribuições das diferentes

freguesias do concelho, assim discriminadas:

Hospital S. Sebastião -

Santa Maria da Feira

CONTRIBUIÇÕES DAS DIFERENTES FREGUESIAS

DA VILA DA FEIRA PARA A GÉNESE DO ATUAL

HOSPITAL DE S. SEBASTIÃO

Freguesia

Contribuição

Argoncilhe 125.000$00

Arrifana 100.000$00

Canedo 46.590$00

Escapães 150.000$00

Espargo 20.000$00

S. Nicolau da Feira 1.125.000$00

Fiães 200.000$00

Fornos 70.000$00

Gião 16.000$00

Guisande 17.000$00

Santa Maria de Lamas 55.000$00

Lobão 55.000$00

Lourosa 109.887$00

Milheiros de Poiares 32.527$00

Mosteirô 43.400$00

Mozelos 112.000$00

Nogueira da Regedoura 107.000$00

S. Paio de Oleiros 73.000$00

Paços de Brandão 110.000$00

Pigeiros 20.500$00

Rio Meão 60.000$00

Romariz 29.237$00

Sanfins 120.000$00

Sanguedo 35.233$00

S. João de Ver 62.900$00

Caldas de S. Jorge 65.000$00

Souto 85.000$00

Travanca 68.000$00

Vale 22.500$00

Vila Maior 17.500$00

A Câmara Municipal comparticipou com 500.000$00 (Silva:

S. Xpistofori de Nucaria da Rugidoira: pp 38 e 39).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

251

A EMIGRAÇÃO MOZELENSE

A emigração para o Brasil remonta ao último quartel do século

XIX e ao período após 1ª Guerra Mundial. Nos anos 50

do século XX verificou-se uma grande vaga de emigração para a

Venezuela. A grande emigração para França, registou-se a partir

dos anos 60 do século passado.

Entre 1958 e 1974, cerca de um milhão de portugueses instalaram-se

em França, dispostos a trabalharem em tudo o que lhes aparecesse.

As formas brutais da sua exploração começaram em Portugal,

com as redes que os transportavam até à fronteira, e não raro os

abandonavam pelo caminho. Muitos portugueses morreram neste

percurso. Em França, eram vítimas de todo o tipo de discriminações

no trabalho, no alojamento e nas mais pequenas coisas do dia-a-dia,

uma humilhação que a custo suportaram. Muito poucos pensavam

enriquecer, mas todos esperavam conseguir uma vida mais digna

do que tinham na própria terra. Tratou-se de uma verdadeira vaga,

em grande parte clandestina, contra a qual todas as leis se revelaram

ineficazes. Em poucos anos, despovoaram-se regiões inteiras abrindo-se

profundas ruturas nas suas estruturas económicas, sociais e

culturais. Mas nada voltaria a ser como dantes!

A emigração de portugueses para França entre 1961 e 1974, é

um dos episódios mais impressionantes da história contemporânea

de Portugal, constituindo uma verdadeira debandada do país.

Mozelos também participou nesta saga emigratória dos anos

60 e 70 do século XX. Parte significativa dos emigrados mozelenses

que rumaram para França, empregaram-se na construção civil.

Em 1965, o pároco de Mozelos informava a diocese que, nos

últimos 10 anos, emigraram para o estrangeiro, sobretudo para

França, cerca de 50 pessoas e 40 para outras zonas do país, em

busca de melhor remuneração do seu trabalho, tendo 20 deles

sido acompanhas pelos seus familiares. A maior parte continuava

ligada às suas famílias, à exceção de dez, tendo regressado

definitivamente dez, com melhores condições socio-económicas.

Alguns dos que regressaram voltaram, geralmente, com os mesmos

princípios morais. Houve também um movimento inverso

com a vinda de 20 famílias para Mozelos, em busca de melhor

remuneração oferecida pela atividade industrial da freguesia,

tendo-se integrado bem na comunidade.

ASPETOS RELIGIOSOS

Na sequência do processo iniciado com o Marquês de Pombal,

continuado com a revolução liberal, prosseguiu o caminho

Assinatura da Lei de

Separação da Igreja do Estado,

por Afonso Costa (1911)


252 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Harmónio

Imagem do

Sagrado Coração de Jesus

Imagem do Mártir S. Sebastião

da progressiva secularização como advento da República que

se afirmou por um forte anticlericalismo e radical separação da

Igreja e do Estado.

Entenda-se que a secularização foi mais do que um processo

de passagem dos bens da Igreja Católica para a posse civil. Tem

havido um certo recuo do religioso, por força da laicização, da descristianização,

do paganismo e pela extensão da incredulidade e da

irreligião, ou ainda pelo processo de desconstitucionalização, desafetação

e desvinculação. Contudo, existe uma interdependência

entre mutação religiosa e transformação da sociedade, havendo

neste processo uma dinâmica de adaptação e um processo interno

de secularização no seio das Igrejas ou grupos religiosos. (...)

Este processo articulou entre si mudanças ocorridas aos mais

diversos níveis da sociedade. Porém as permanências e alterações,

as resistências ou os movimentos impulsionadores de novas atitudes

nas vivências religiosas condicionaram, também, fortemente a

sociedade portuguesa no seu percurso de modernização (...).

A diversificação religiosa, com particular incidência no século

XX, e especialmente depois da segunda grande guerra mundial,

não resultou essencialmente de um processo de dissidência

interna, mas sobretudo da dinâmica internacional (...).

Na contemporaneidade, o catolicismo procura inscrever-se

na sua corporeidade orgânica e integradora de novos protagonismos

internos, com particular destaque para a ação dos leigos

e formas de vida religiosa, e lidar com a dimensão concorrencial

que a pluralidade e diversificação colocam, interna e externamente

(MARQUES:2000:vol III:11-13).

Em 16 de junho de 1918, Maria Amélia Ferreira Amorim, a pedido

do pároco, Padre Manuel Rodrigues Vieira Pinto, autorizou

que o seu harmónium que havia comprado para seu uso pessoal se

conservasse na igreja da freguesia para servir em algumas festividades

até que ela assim o entendesse. (AJM:Liv de Atas nº 7).

Em 22 de setembro de 1918, a Junta mandou reparar os telhados

da sacristia e da capela-mor da igreja (ID.:IBID.)

Em 12 de janeiro de 1919, audaciosos gatunos penetraram na

igreja paroquial roubando os seguintes objetos: uma chave de prata

do sacrário que valeria 2$00, quatro alvas de linho, no valor de

50$00, seis castiçais de metal branco no valor de 9$00, uma toalha

do altar do Santíssimo Sacramento no valor de 6$00; duas aparadeiras

de linho no valor de 3$00, outra aparadeira de pano vermelho

no valor de 2$00, duas toalhas das credências valendo 1$00, três

toalhas de lã e três de linho das grades do arco cruzeiro no valor

de 10$00 e 5$00 respetivamente, uma toalha do altar do Sagrado

Coração de Maria no valor de $80, duas aparadeiras no valor de


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

253

5$00, uma toalha do altar do Sagrado Coração de Jesus no valor de

3$00, duas aparadeiras no valor de 5$00, uma toalha do altar do

Mártir S. Sebastião no valor de 5$00, uma toalha do altar de Santa

Luzia no valor de 5$00 e duas aparadeiras do mesmo altar no valor

de 1$00 (ID.:IBID.).

Em 8 de maio de 1921, uma comissão presidida pelo pároco,

Padre Manuel Rodrigues Vieira Pinto, solicitou à Junta autorização

para realizar obras de ampliação da capela-mor da igreja e uma

sacristia nova, assumindo o compromisso de as levar a efeito à

exceção do douramento do altar-mor, no prazo de 10 meses. Este

requerimento foi deferido pela Junta em 22 de abril de 1921. Em 29

de Dezembro de 1922, a comissão informou a Junta que recolhera

a quantia de 1.502$00 junto dos paroquianos, tendo informado

que as obras já estavam ultimadas, tendo-se registado um saldo de

165$74,5, que foi aplicado pela comissão para encarnar as imagens

de S. Martinho e Santa Ana, desejando que tudo ficasse exarado

em ata da Junta ad perpetuam rei memoriam (ID.:IBID.).

Em 28 de julho de 1922, apresentou-se na Junta uma comissão

que pretendia autorização para edificar no lado sul da igreja matriz

um altar semelhante ao existente no lado norte. A Junta, depois de

efetuar uma visita ao local, deliberou deferir o pedido (ID.:IBID.).

S. José

Catequese paroquial

FREGUESIA DE MOZELOS (S. Martinho)

A comunhão solene das crianças é feita nesta freguesia com toda

a pompa; basta dizer que é a festa mais querida deste povo, sendo

as prescrições sobre este acto observadas a rigor. Faz-se sempre no

Domingo de Pascoela, conjuntamente com a festa de S. Sebastião.

EXERCÍCIOS RELIGIOSOS – Meses de Maria, do Rosário

e das Almas, novenas do Espírito Santo, Natal, Imaculada

Conceição e do Sagrado Coração de Maria.

No terceiro domingo de cada mês há reunião das Filhas de

Maria e no último domingo de cada mês ofício de vésperas (cantadas)

do Sagrado Coração de Maria. No fim, reunião das zeladoras

do Sagrado Coração de Jesus e de S. José.

Em todos os domingos e dias santos à tarde há terço rezado

com os fiéis, dando-se em seguida a bênção com o Santíssimo.

Há duas irmandades: a do Sagrado Coração de Maria e a de

Santa Luzia. A Arquiconfraria do Sagrado Coração de Maria foi

fundada nesta freguesia em 1861 com filial da Arquiconfraria do

Sagrado Coração de Maria do Porto. Em 1904, tornou-se independente

e conta no livro de registos até à data presente 6.696 irmãos

Nossa Senhora


254 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Figueira

inscritos. Manda celebrar uma missa em todos os sábados do ano

pela conversão dos pecadores e outra na primeira segunda-feira

de cada mês pelos irmãos falecidos. Por causa destes encargos já

há muitos anos que vem fazendo a festa do Sagrado Coração de

Maria juntamente com a do Sagrado Coração de Jesus.

A Irmandade de Santa Luzia, que conta inúmeros devotos

nas freguesias circunvizinhas, conta também nos respectivos livros

de registo alguns milhares de irmãos, celebra à morte de

cada um três missas e faz a festa com solenidade no mês de Dezembro

de cada ano. Mantém-se florescente.

Há ainda as seguintes confrarias: a do Santíssimo Sacramento,

a de Santo António, a do Mártir S. Sebastião e a das Almas.

Esta sustenta a capelania e manda celebrar uma missa à morte de

cada irmão e uma mensal em geral.

OBRAS DE PIEDADE – Apostolado do Coração de Maria

e Pia-União das Filhas de Maria.

OBRAS DE INSTRUÇÃO – Congregação da Doutrina

Cristã e Associação de S. José.

Todas estas obras estão progredindo e todo o povo da freguesia

está nelas filiado.

A Associação do Coração de Jesus tem as seguintes zeladoras:

Adelaide Alves Ferreira, Rosalina Rodrigues Oliveira, Maria

Oliveira dos Santos, Margarida Domingues de Sousa, Maria

Gracinda Pereira de Sousa,Maria Pereira de Jesus, Maria Alves

Relvas, Maria da Silva, Ernestina Fernandes, Maria Pinto de Oliveira,

Ana Pereira da Cruz, Margarida Alves da Silva, Emília

Fernandes de Amorim, Margarida Gomes Ferreira, Inês Fernandes

de Barros, Inês Nogueira de Jesus, Angelina Alves Ferreira,

Amélia Alves Ferreira, Maria Ferreira dos Santos, Maria Relvas

de Jesus, Maria Pereira de Jesus, Inês Pereira Amorim, Margarida

de Oliveira, Rita de Oliveira, Maria Paes de Oliveira, Maria

Alves Fernandes, Angelina Pereira de Pinho, Cândida Alves Pereira,

Rosa Alves Ferreira, Ana Alves de Oliveira, Ana Coelho

Ferreira, Ana Ferreira da Rocha, Marinha Alves Ribeiro, Rosa

Alves Relvas, Ana de Oliveira e Margarida Domingues de Silva.

PRESIDENTE – D. Maria Amélia Ferreira Amorim

SECRETÁRIA – D. Amélia Ferreira Leite

TESOUREIRA – D. Joaquina Pereira

As zeladoras de S. José são as mesmas supra mais as seguintes:

Maria Catarina, Rita Oliveira Neves, Beatriz Pereira de Sousa,

Adelaide Pereira de Sousa, Maria da Feira, Júlia Alves Castanheira,

Angelina Pereira de Pinho Júnior, Joana Pereira de Jesus,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

255

Emília Fernandes de Amorim, Maria Pereira de Jesus Chibante e

Helena Pinto de Menezes.

CONSELHO PAROQUIAL

Presidente – Padre Manuel Rodrigues Vieira Pinto

Secretário – Virgílio Francisco Estrela

Tesoureiro – Joaquim Ferreira Rios

CONGREGAÇÃO DA DOUTRINA CRISTÃ

Presidente – D. Maria Amélia Ferreira Amorim

Secretária – D. Inês Nogueira de Jesus

Tesoureira – D. Angelina Alves Ferreira

ASSOCIAÇÃO DE S. JOSÉ

Presidente – D. Maria Amélia Ferreira Amorim

Secretária – D. Maria Alves Fernandes

Tesoureira – D. Amélia Ferreira Leite

CATEQUISTAS: Adelaide Alves Ferreira, Cândida Alves

Ferreira, Maria Amélia Pinto de Menezes, Luisa Fardilha, Adelaide

Pereira de Sousa e Carolina Alves Ferreira.

O Pároco – Manuel Rodrigues Vieira Pinto (ID.:IBID.: 125

e 126 ).

Em 12 de julho de 1923, foi presente, na sessão da Junta, um

requerimento de uma comissão de paroquianos em que pediam

à Junta autorização para colocar um relógio na torre da igreja,

afirmando já terem angariados os donativos suficientes para

custear a obra. A Junta louvou a iniciativa afirmando que era

um grande melhoramento para a freguesia, tendo naturalmente,

deferido a pretensão. Em 24 de junho de 1924, foi oficialmente

entregue à Junta o referido relógio. Dado não haver dinheiro

suficiente para ultimar a obra, o pároco sugeriu que o saldo da

compra do novo sino fosse aplicado na obra do relógio, o que foi

aceite (AJFM:Liv.de Atas nº 7).

Em 21 de fevereiro de 1924, verificou-se a necessidade de reparar

um sino quebrado da torre da igreja que, para além de não

cumprir a sua função, criava problemas, visto estar ligado ao relógio

entretanto instalado. Havia, pois necessidade de o fundir ou

trocar por outro. Foi decidido, com a colaboração do pároco, obter

propostas para o efeito. Entretanto procedeu-se a uma subscrição

pública para obter os fundos necessários para custear as despesas.

O sino velho foi avaliado em 15$00 e o novo em 24$00 cada Kg.

Dado que o sino novo pesava 243 Kg, com o preço de 3.843$00, e

o sino velho que pesava 221 Kg rendeu 1.326$99, tendo a importância

paga sido de 2.517$00. Após o apuramento das despesas de

colocação, houve ainda um saldo de 732$00 (ID.:IBID.).

Cruzada Eucarística

Escada interior da igreja


256 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Mapa do movimento religioso de Mozelos. Ano de 1922/23

População Batismos Casamentos Óbitos

Fogos

Almas

M

F

TOTAL

Legítimos

Ilegítimos

Expostos

Diferença relativa ao

ano anterior

TOTAL

Diferença relativa ao

ano anterior

Receberam sacramentos

Não receberam

TOTAL

Diferença relativa ao

ano anterior

+ - + - + -

385 2.000 22 42 64 61 3 - 7 - 23 13 - 25 11 36 10 -

Comunhão solene

Comunhão por

devoção

Catequese

M

Nº de

crianças

F

Total

Diferença

relativa

ao ano

anterior

Total durante o ano

Diferença

relativa ao ano

anterior

+ - + - M F

Nº de

Crianças que a

frequentaram

Total

Diferença

relativa ao ano

anterior

Nº de dias

funcionamento

Diferença

relativa ao ano

anterior

+ - + -

24 29 53 6 - 12000 - - 45 85 130 54 - - - -

(ID.:IBID.: 201)

Américo Alves de Amorim

Em 20 de julho de 1926, o pároco da freguesia solicitou à Junta

autorização para consertar as escadas de acesso ao coro da igreja

sem encargos para a Junta. Foi concedida tal autorização (ID.:IBID.).

Em 1926, foram aprovados pela diocese do Porto os Estatutos

das Corporações Fabriqueiras Parochiais encarregada de promover

e sustentar o culto católico e que tinham como fins adquirir bens

para fins culturais, dispor deles e administrá-los, conservar e administrar

os bens que lhe forem entregues, bem como os que por

qualquer título adquirir ou lhe forem confiados, enfim, procurar

que nada falte, no que da mesma depende para o bom funcionamento

do culto católico.

A direção da corporação fabriqueira de Mozelos, em 28 de

outubro de 1926, era constituída pelo Pároco Manuel Rodrigues

Vieira Pinto (presidente) e pelos vogais Dr. Joaquim Alves Ferreira

da Silva, Joaquim Ferreira Rios, Bernardino Ferreira Coimbra,

Pedro Pereira de Pinho, José Francisco Alves, Américo Alves

de Amorim e José Coelho Relvas (APM:Doc. Avulso).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

257

Em 1944, o Conselho da Fábrica da Igreja era constituído

por Joaquim Ferreira dos Santos Nogueira e Miguel Lopes Martins

Teixeira (efetivos) e António Henriques e Joaquim Francisco

Alves (substitutos) (ID.:IBID.).

No mesmo ano foram aprovados os estatutos da Confraria

do Santíssimo Sacramento da freguesia de Mozelos que tinha

como fins promover o culto do Santíssimo Sacramento, providenciar

pela conservação do altar do Santíssimo Sacramento,

lâmpadas e alfaias e sufragar as almas dos irmãos falecidos.

A primeira mesa era formada por:

Juiz – Henrique Soares dos Santos Rios

Secretário – Nestor Cândido Ferreira dos Santos

Tesoureiro – Joaquim Ferreira dos Santos Nogueira

Vogais – José Coelho Relvas Meladas

Francisco Pereira de Barros

Ilídio Oliveira Santos (ID.:IBID.)

Em 1 de março de 1947, procedeu-se ao auto de entrega da

antiga residência paroquial e anexos na Secção de Finanças da

Vila da Feira ficando a Fábrica da Igreja de Mozelos a receber as

rendas da parte ocupada pela escola da referida freguesia (APM;

documento avulso).

Em 27 de novembro de 1956, D. António Ferreira Gomes,

Bispo do Porto, nomeou o Conselho da Fábrica da paróquia que

tinha a seguinte composição:

Secretário – Américo Paulo Amorim

Tesoureiro – Joaquim Coelho Relvas

Substitutos – António Alves de Sousa

Joaquim Coelho da Silva (ID:IBID.)

Em meados do século, 80% da população cumpria o preceito

dominical, não trabalhando ao domingo em atividades servis. O

preceito pascal era cumprido por cerca de 70% da população. O

movimento mensal de comunhões era de 2.000, em média.

Havia as seguintes devoções públicas: reza do terço ao domingo

à tarde, devoções nos meses de março, maio, junho, outubro

e novembro e as novenas da Imaculada Conceição, o Natal e o

Espírito Santo.

Havia a oração familiar, geralmente a reza diária do terço,

prática essa existente também nalgumas fábricas de cortiça.

Havia 4 classes de catequese, dadas na igreja paroquial por

19 catequistas e frequentada por 320 crianças.

Havia o Apostolado da Oração, secções da JOC, JOCF, da

LOCF, obra de vocações sacerdotais.

Altar do Santíssimo Sacramento

Residência paroquial


258 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Comunhão solene

Dia Jocista

Havia as seguintes festas religiosas: S. José, Santo António,

Profissão Solene de Fé, Encerramento do Mês de Maria e Imaculada

Conceição.

Havia as Conferências de S. Vicente de Paulo, serviço da

Cáritas e assistência prestada pelo Sindicato dos Corticeiros.

A côngrua de sustentação do pároco era feita pela oferta de

um alqueire de milho por cada casal, estando alguns deles a contribuir

com o equivalente a um dia de trabalho.

Havia a preocupação pastoral de manter contacto com os

emigrantes e reintegrá-los na vida comunitária quando regressavam

definitivamente.

As famílias vindas de fora eram normalmente integradas na

paróquia, assumindo os costumes e hábitos locais.

Na altura, não havia núcleos que espalhassem ideologias contrárias

à doutrina social da igreja.

Havia apenas um lar a viver em mancebia, apenas dois lares

desfeitos por separação jurídica, por causa do mau porte dos maridos.

Normalmente, os casais aceitavam os filhos que a natureza

proporcionava, não havendo casos de abortos voluntário.

Os casais cuidavam da educação física, intelectual e religiosa

dos filhos.

Quase todas as crianças frequentavam a catequese. As poucas

crianças que não faziam a profissão de fé não era por falta

de crença dos pais mas por falta de condições económicas para o

vestuário e para a festa.

Depois da procissão de fé, algumas crianças eram matriculadas

na perseverança, outras na cruzada eucarística e outras na JOC.

As crianças e jovens que se iniciavam nas profissões, viam

no trabalho, para além de uma forma de subsistência, valores

humanos e cristãos.

Cerca de 20% dos rapazes jovens abandonavam a educação

religiosa, enquanto tal percentagem baixava para os 10% entre as

raparigas (APM:Doc. avulso).

Em 1996, foi nomeado o conselho da fábrica da igreja paroquial,

com a constituição seguinte:

Padre Bernardino de Queirós Alves, António dos Santos Relvas,

Maria do Céu Amorim da Silva, António Fernando Paiva

da Silva, Armando Duarte Azevedo, Maria Eulália Francisca da

Silva e Elísio Paulo Pereira de Amorim Barros (ID.:IBID.).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

259

ASPETOS EDUCATIVOS

Como é sabido a primeira República desenvolveu uma notável

ação, no domínio da instrução.

Desde 1889 até 1922, as aulas eram dadas na casa da Quintã,

propriedade da família Coelho de Amorim, tendo mudado

para o lugar da Igreja, em instalações pertencentes à paróquia,

pelo facto da casa da Quintã se ter tornado exígua para escola.

Entretanto, entrou em funcionamento a escola feminina. Em

qualquer dos casos tratava-se de situações provisórias.

Em 28 de novembro de 1910, A Comissão Administrativa da

Junta de Freguesia deliberou abrir uma subscrição para a compra

de um terreno para a construção de uma escola para ambos

os sexos. A Comissão entendeu oferecer para o efeito os altos da

casa da fábrica da igreja. Esta decisão foi assumida mais tarde

pela Câmara Municipal que solicitou ao Governo a sua criação

(AJFM:Lv. de Atas nº5)

Em 15 de maio de 1911, a Comissão reconheceu a urgente necessidade

da criação de uma escola do sexo feminino na freguesia, já

que havia cerca de 100 meninas em idade própria e não havia qualquer

escola oficial ou particular na freguesia (ID.:Lv. de Atas nº5).

Revelando a preocupação da Primeira República pelo ensino,

em 6 de agosto de 1911, foi constituída a Comissão de Recenseamento

Escolar da freguesia presidida por Maximino Martins

Guimarães, tendo como vogais Joaquim Soares Alves, António

Francisco Martins, António do Couto Nogueira, Marcelino Ferreira

de Barros, sendo primeiro secretário o professor Paulino

Fernandes Coelho de Amorim e 2ª secretária a professora Laura

Borges, que era filha bastarda do dr. José Fernandes de Amorim.

Estas pessoas foram escolhidas por conhecerem perfeitamente a

freguesia. A comissão ficou instalada na escola masculina.

Realizaram-se sessões da referida comissão em 6 de agosto

e 11 de setembro de 1911, em 4 de agosto e 18 de setembro de

1912, 3 de agosto e 29 de setembro de 1913, 25 e 29 de novembro

de 1928, 21 e 28 de julho de 1929.

Da análise das atas, toma-se conhecimento que os recensea-

-mentos provisórios eram afixados à porta da igreja para eventuais

reclamações. Caso não as houvesse passavam a definitivos.

Em 11 de setembro de 1911, foram presentes pelos secretários

4 livros de recenseamento de rapazes e 5 de raparigas,

destinando um deles para instruir o processo da escola para o

sexo feminino em vias de criação, que a comissão analisou e

considerou devidamente organizado.


260 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 27 de novembro de 1911, a Junta foi autorizada a levantar

na Câmara da Feira a importância de 25 mil reis para ajuda

de uma casa para servir de escola feminina da freguesia. Foi

ainda recebida mais correspondência sobre assuntos inerentes à

criação da mesma escola (ID.:IBID.).

Em 4 de agosto de 1912, a comissão encarregou a professora

Laura Borges da escrituração dos livros de recenseamento,

enquanto o professor Paulino de Amorim foi encarregado da

elaboração das atas das sessões e da correspondência, o serviço

de extração dos livros de registo civil da Feira com o nome das

crianças que atingissem a idade escolar. Nesta sessão, a comissão

excluiu as crianças com mais de 14 anos, as que deixaram de

residir na freguesia, inscrevendo as que fizeram aqui residência

(AJFM: Livro de Atas da Comissão de Recenseamento Escolar).

Em 27 de maio de 1912, a Junta informou que já fora inspecionada

e adaptada ao fim a que se destinava, estando mobilada

e pronta a sala destinada ao sexo feminino (ID.:IBID.).

A Junta decidiu assumir as despesas de luz e de limpeza provenientes

de um curso noturno móvel na escola do sexo masculino,

desde que não excedessem o total de 9$00 (ID.: Liv. de Atas nº 6).

O Administrador do Concelho exortou a Junta a combater o

analfabetismo através de palestras, conferências e difusão de impressos

em linguagem acessível ao mais rude espírito (ID.: IBID.).

No livro de matrículas do ano letivo de 1922/23, redigido

pela professora Laura Borges, há inscrições de meninas alunas

da professora D. Laura.

No mesmo ano letivo, há outro livro de matrículas de alunos

do sexo masculino, surgindo algumas profissões diferentes dos

pais e encarregados de educação.

Em 25 de novembro de 1928 a comissão tinha a seguinte

composição:

Presidente – Bernardino Ferreira Coimbra, sendo vogais António

Ribeiro Nunes, Augusto Gonçalves Moreira Bastos. Julieta

de Almeida Cunha e Laura Borges, sendo os três últimos professores

do ensino primário.

Em 18 de agosto de 1929, a CA informou a Câmara Municipal

que a escola do sexo masculino funcionava num edifício impróprio

particular arrendado, enquanto a escola do sexo feminino funcionava

no arruinadíssimo edifício da residência paroquial, onde não

se devia proceder a reparação alguma, atendendo ao seu péssimo

estado que ameaçava ruína e à sua situação distante dez metros da

igreja. Assim sendo, a freguesia tinha necessidade absoluta de se


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

261

dotar com uma escola para ambos os sexos e como os seus habitantes

ambicionavam esse grande melhoramento, dispor-se-iam cada

um, na medida das suas possibilidades a prestarem o seu auxílio,

julgando a Junta que se deveria obter, por meio de subscrição pública,

uma importância de cerca de 10.000$00 (Id.:Liv. de Atas nº 8).

Em 27 de janeiro de 1935, o Presidente da CA expôs, detalhadamente,

a situação do ensino primário na freguesia, denunciando

a falta que existia de instalações para as crianças em idade escolar

dos lugares de Vilas, Seitela, Casal e Coteiro e para atenuar

esta situação propôs que fosse requerida a criação de um posto de

ensino público no lugar do Casal, indicando para professor-regente

Amaro Martins Ferreira da Silva pelos conhecimento de que

dispunha. Foi decidido enviar a documentação necessária para o

Governo, através do Governador Civil (Id.:Liv. de Atas nº 9).

Na sessão de 10 de fevereiro, a CA decidiu oferecer o mobiliário

para o requerido posto (ID.: IBID.).

Em 7 de abril, foi sentida a mesma necessidade para as crianças

de Goda, Ermilhe, Fundão e Prime, tendo sido sugerido que se criasse

também um posto no lugar de Goda para o efeito (ID.: IBID.).

Em 28 de novembro de 1946, Francisco Fernandes Coelho

d’Amorim (irmão do dr. José, do professor Paulino e tio da professora

D. Laura Borges) doou à Câmara da Vila da Feira um terreno

destinado a construções escolares. A escola passaria a ser designada

como escola de Sobral. A nova escola do chamado Plano dos Centenários

que terá sido inaugurada no ano de 1948, é formada por dois

edifícios separados, o que demonstra a separação das crianças pelos

dois sexos. Existe atualmente um jardim de infância numa das suas

salas, havendo um outro jardim de infância, em Prime.

Em 31 de Dezembro de 1955, o Presidente da Câmara da

Vila da Feira deu instruções à Junta para procurar receber os

donativos prometidos, nos quais se incluía a oferta da Câmara

no montante de 10.000$00 para ajuda na compra do terreno necessário

para a construção de um novo edifício escolar no lugar

do Rio. Foi decidido recolher os donativos prometidos para o

efeito e depositá-los na Câmara Municipal. Os donativos oferecidos

atingiram o montante de 9.780$00 (ID.: Liv. de Atas nº12).

Em 20 de junho de 1959, a Junta decidiu solicitar a construção

de uma nova sala de aula em Goda, face ao aumento do

número de alunos nesse lugar (ID.:IBID.).

Em 30 de setembro de 1960, foi anunciada a realização de

uma homenagem à senhora professora D. Aurora da Silva Rebelo,

à qual a Junta se ia associar, face aos méritos deste agente

Escola do Sobral

Escola EB1 de Mozelos

Colégio Liceal de

Santa Maria de Lamas


262 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Escola EB2,3 de

Paços de Brandão

de ensino, o que eram unanimemente reconhecidos, convidando

também o senhor Presidente da Câmara (ID.:IBID.)

Em 31 de março de 1961, os professores das escolas de Prime

solicitaram à Junta uma comparticipação de 130$00 para a compra

de uma mangueira que se destinava a criar condições para o

embelezamento do logradouro da escola (ID.:IBID.).

Em 28 de fevereiro de 1964, a Junta decidiu que as crianças

do lugar de Goda que frequentavam a escola da Vergada pasassem,

no ano seguinte, a frequentar as escolas de Prime e as do

Fundão passariam para a escola da Vergada (ID.:IBID.).

Em 28 de fevereiro de 1981, foi dada a informação de que

fora vedada a escola de Prime e beneficiada esta escola e a de

Sobral (ID.:IBID.).

Em 31 de outubro de 1981, a Junta congratulou-se pelo anúncio

do início da obra do edifício destinado à educação pré-escolar

nas escolas de Sobral. Trata-se do primeiro edifício com esta valência

construído na freguesia. Para o efeito foi necessário obter

uma faixa de terreno, que teve a intervenção do tesoureiro da

Junta, obrigando-se a Junta a vedar o terreno com rede. Funcionava,

até então, provisoriamente na casa da Quintã (ID.:IBID.).

Foi significativamente alargada a rede de escolas primárias

e de outros graus de ensino e foram criadas várias escolas de

formação de professores.

Em Mozelos, existem escolas do primeiro ciclo do ensino básico,

em Sobral, em Prime, chamada anteriormente escola do Rapigo, e

na Vergada e um ATL. Para os segundo e terceiro ciclo, os alunos

recorrem preferencialmente ao Colégio Liceal de Lamas, escolas oficiais

de Paços de Brandão, Lourosa, Argoncilhe e Espinho.

ATIVIDADES SOCIAIS

Centro de Apoio Social de Mozelos

No domínio social, as famílias podem recorrer ao Centro de

Apoio Social de Mozelos (Infantário, Jardim de Infância e Apoio

à 3ª Idade), Centro Comunitário Espaço Aberto Pelo Prazer de

Viver (ATL e apoio a pessoas em risco), Cooperativa de Habitação

(ATL), Escolinha (Jardim de Infância e ATL) e Centro Comunitário

Casa Grande (toxicodependência).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

263

SÉCULO XXI

EMPRESAS DE MOZELOS -

SANTA MARIA DA FEIRA

A.ANTÓNIO S.COELHO, LDA

A.G. – PARTICIPAÇÕES, S.G.P.S., S.A.

A.J.& COIMBRA – IMOBILIÁRIA, LDA

A.J.T. – EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, LDA

ABSOLUTÓDROMO PEÇAS AUTO, LDA

ACTUAL – SGPS, SA

AGARRA A PROMESSA, LDA

AGOSTINHO & GONÇALVES, LDA

AGUIAR, JOSÉ ALBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA

ALBERTO J.TAVARES – CÁPSULAS, LDA

ALBERTO J.TAVARES – CORTIÇAS, LDA

ALIRIO ALVES MARTINS, LDA

ALMEIDA, ISABEL CRISTINA VALENTE E SILVA

ALMEIDA, MARIA JUDITE VENDAS

ALMEIDA, RAIMUNDO FERREIRA DE

ALQUEVA VERDE, S.A.

ALUPLAS – CÁPSULAS, LDA

ALVES, ANTÓNIO PEDRO OLIVEIRA

ALVES, ROGÉRIO PEREIRA

ALVES, VÍTOR JUAN PEREIRA

AMARO FERNANDES DE BARROS & FILHOS, LDA

AMAROKA, LDA

AMERICO RIBEIRO, CONSTRUÇÃO CIVIL, UNIPESSOAL,

LDA

AMIGOS DA COLUMBOFILIA DE ERMILHE

AMORIM – INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES, SGPS, SA

AMORIM – INVESTIMENTOS ENERGÉTICOS, SGPS, SA

AMORIM – PARTICIPAÇÕES AGRO-FLORESTAIS, SGPS, SA

AMORIM – SERVIÇOS E GESTÃO, SA

AMORIM – SOCIEDADE GESTORA DE PARTICIPAÇÕES

SOCIAIS, SA


264 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

AMORIM – VIAGENS E TURISMO, LDA

AMORIM & ALEGRE – SOCIEDADE IMOBILIÁRIA, SA

AMORIM CAPITAL, SA

AMORIM COMPCORK, LDA

AMORIM CORK COMPOSITES, SA

AMORIM CORK RESEARCH, LDA

AMORIM CORK SERVICES, LDA

AMORIM CORK VENTURES, LDA

AMORIM DESENVOLVIMENTO – INVESTIMENTOS E

SERVIÇOS, S.A.

AMORIM FINANCIAL – SGPS, SA

AMORIM FININVEST, SGPS, SA

AMORIM GLOBAL INVESTORS – SGPS, SA

AMORIM HOLDING FINANCEIRA, SGPS, SA

AMORIM HOLDING II, SGPS, SA

AMORIM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, SA

AMORIM NEGÓCIOS, SGPS, SA

AMORIM PROJECTOS, SGPS, SA

AMORIM, ADELAIDE RODRIGUES DE

AMORIM, ADRIANO RODRIGUES DE

AMORIM, JOAQUIM ALVES DE

AMORINS & SILVA, LDA

ANCARIN, INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS E FINAN-

CEIROS, SA

ANDRÉ FERREIRA & IVO ROCHA, LDA

ANTÓNIO FERNANDO DA SILVA COIMBRA, LDA

ANTONIO GOMES PEREIRA, LDA

ANTÓNIO MANUEL DA CUNHA NOGUEIRA, UNIPES-

SOAL, LDA

API – AMORIM PARTICIPAÇÕES INTERNACIONAIS –

SGPS, SA

APPV SOCIAL, UNIPESSOAL, LDA

ARMANDO BRANCO, ZITA PEREIRA & ASSOCIADOS –

SOLICITADORES E AGENTES DE EXECUÇÃO, SP, RL

ARMANDO COELHO SOUSA, UNIPESSOAL, LDA

ARQUIPORTAL – ARQUITECTURA E DESIGN, S.A.

ARTICULÂNGULO, UNIPESSOAL, LDA


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

265

ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTORES E PRODUTORES

AGRO-FLORESTAIS DOS PORTELENSES

ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTORES E PRODUTORES

AGRO-PECUARIOS DOS DEUSES

ASSOCIAÇÃO UMA NOVA ENERGIA

AUTO LURI, UNIPESSOAL, LDA

AUTO REPARAÇÕES ARMINDO, UNIPESSOAL, LDA

AVÓ & ESPIRITO SANTO – GABINETE DE CONTABILIDA-

DE E SERVIÇOS, LDA

AZULARREBATADOR, UNIPESSOAL, LDA (MOZELOS -

SANTA MARIA DA FEIRA)

BARROS ALMEIDA – CORTIÇAS, LDA

BARROS, ALFREDO VIEIRA DE

BARROS, ANTONIO SANTOS COIMBRA

BARROS, JOAQUIM SANTOS COIMBRA

BARROS, MARIA FERNANDA RIBEIRO MARQUES

BASTOS, CLÁUDIO SIMÃO FERREIRA

BASTOS, MARIA DE FÁTIMA REGAL CARDOSO DOS SANTOS

BELINHA, MARIA DA GRAÇA DE JESUS

BENJAMIM VAZ – INSTALAÇÕES E QUADROS ELÉCTRI-

COS, LDA

BESTCAP, LDA

BIOCAPE – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, CAPSULAS,

LDA

BM – EMBALAGENS, UNIPESSOAL, LDA

BRANDÃO, FERNANDO GOMES

BRIDGE CAPITAL, SGPS, SA

BRINQUEDOS COUTOS, LDA

BRISAS DA QUINTÃ – ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS, LDA

BUCOZAL – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS E TURÍS-

TICOS, LDA

CC CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA

CJS – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, LDA

CANEDO, ELISIO SOARES

CARDOSO, MANUEL AVELINO ALVES

CARDOSO, MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES NOGUEIRA

CARDOSO, TITO SOARES

CARDOSO, TOMÁSIA DOS SANTOS


266 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

CARLOS & AFONSO PEREIRA, LDA

CARMO & ALMEIDA DOS SANTOS – CONSTRUÇÕES, LDA

CAROLINA OLIVEIRA, UNIPESSOAL, LDA

CARVALHO, FERNANDO FERREIRA DE

CASA DAS HERAS – EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS, SA

CASA DE MOZELOS – GESTÃO DE IMÓVEIS, SA

CATARINA RAFAELA SILVA, UNIPESSOAL, LDA

CÉLEBRETRILHO, UNIPESSOAL, LDA

CENTRO DE APOIO SOCIAL DE MOZELOS

CENTRO MÉDICO DO MURADO, LDA

CERQUEIRA & TEIXEIRA, LDA

CIMORIM – SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL, SA

CLIDE – CLINICA MÉDICO DENTÁRIA – UNIPESSOAL, LDA

CLINICA DENTARIA PEREIRA, LDA

CÓDIGO TOPÁZIO – COMÉRCIO DE AUTOMÓVEIS,

UNIPESSOAL, LDA

COELHO, JOSÉ RELVAS

COMALUSO – INDÚSTRIA HOTELEIRA, UNIPESSOAL, LDA

COMPRUSS – INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES, LDA

CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO AMORIM 2

CONSTROGAIA – SOCIEDADE DE CONSTRUÇÕES E

IMOBILIÁRIA, LDA

CONSTRUÇÕES DAVID & RESENDE, LDA

CONSTRUÇÕES LUÍS MANUEL SILVA SANTOS – IMOBI-

LIÁRIA, LDA

CONSTRUÇÕES METÁLICAS MARCOS & ALFREDO CAR-

VALHO, LDA

CONSULTÓRIO DE MEDICINA DENTÁRIA DRA. PAULA

PEREIRA, LDA

CONTAVERGADA – GABINETE DE CONTABILIDADE, LDA

COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA A VERGA-

DENSE, CRL

CORAL MÁGICO, UNIPESSOAL, LDA

CORINTER – CORTICEIRA INTERNACIONAL, LDA

CORK’S FRIENDS, LDA

CORRIDA VERSÁTIL, UNIPESSOAL, LDA

CORTIÇAS J.ALMEIDA & SOARES, LDA


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

267

CORTICEIRA AMORIM, SGPS, SA

CORTICEIRA FERREIRINHA, SA

CORTICEIRA MODERNA, UNIPESSOAL, LDA

CORTICEIRA PILOTO & FILHOS, LDA

COSTA, BELMIRO GOMES DA

COSTA, CAETANO & IRMÃO, LDA

COSTA, MANUEL DA SILVA

COSTA, MARIA JOSÉ PEREIRA DA

COSTA, PAULO OLIVEIRA DA

COUTO, JOAQUIM FERNANDO ALVES DO

CRISTINA SANTOS – CORTIÇAS, SOCIEDADE UNIPES-

SOAL, LDA

CRUZ, ARMINDO DA SILVA

CRUZ, EURICO OLIVEIRA DA

CRUZEIRO – PÃO QUENTE, LDA

CUNHA, MANUEL DOS SANTOS

DAR AO DENTE – RESTAURAÇÃO RÁPIDA, LDA

DÉCADA COM PINTA – IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E

REPRESENTAÇÃO, LDA

DERIVAMAR – INVESTIMENTOS, LDA

DESCOBRIR PALAVRAS, UNIPESSOAL, LDA

DIAGONAL RADICAL – CARPINTARIA, UNIPESSOAL, LDA

DIMAS & SILVA, LDA

DIOGO, ANDRÉ ANTÓNIO DE CASTRO DA SILVA

DIRASO – UNIPESSOAL, LDA

DISCÍPULOS DE BACO – COMÉRCIO DE BEBIDAS, LDA

DISCORK – CORTIÇAS, LDA

DMP – GABINETE DE CONTABILIDADE, LDA

DOMINGOS FERREIRA DA SILVA, LDA

DOMINÓLILÁS, UNIPESSOAL, LDA

DS – SERVIÇOS DE SERRALHARIA E MECANICA, LDA

DSRB – PINTURA DE CONSTRUÇÃO CIVIL, UNIPESSOAL,

LDA

DUARTE & Cª. II, LDA

DUARTE & CA., LDA

DULCETÊXTIL, LDA

DUMELHOR – REPRESENTAÇÕES, LDA


268 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ECOCHIC PORTUGUESAS – FOOTWEAR AND FASHION

PRODUCTS, LDA

EDUARDO PEIXOTO – COMÉRCIO, MONTAGENS ELÉC-

TRICAS, UNIPESSOAL, LDA

EGITRON – ENGENHARIA E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL,

LDA

ELECTROMOSELOS – ELECTRODOMÉSTICOS, LDA

ELENCO INSPIRADOR – ACTIVIDADES FOTOGRÁFI-

CAS, LDA

ELENCO VECTOR, LDA

EPIC BIT, LDA

ÉPOCA GLOBAL – SGPS, SA

ERNESTO SOARES, UNIPESSOAL, LDA

ESCOLA DE CONDUÇÃO A NOVA DE MOZELOS, LDA

ESCOLA DE CONDUÇÃO SANTA MARIA, LDA

ESPETOS D`AVÓ, LDA

ESPIRITO SANTO CORTIÇAS, LDA

ESTÚDIO 445 – PUBLICIDADE E ARTES GRÁFICAS, SO-

CIEDADE UNIPESSOAL, LDA

EVALESCO, SGPS, SA

EXI – CONTROLO DA QUALIDADE, CONSULTORIA E

PERITAGEM, LDA

EXPANDLÉGUA TRANSPORTES UNIPESSOAL, LDA

F.SILVA & CORREIA, LDA

FARMOZELOS, LDA

FATIAS E FALÉSIAS, UNIPESSOAL, LDA

FERNANDA BELINHA – CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA

FERNANDO & ODETE SANTOS, LDA

FERNANDO BRANDÃO, UNIPESSOAL, LDA

FERNANDO TEIXEIRA FERNANDES & FILHOS, LDA

FERREIRA, AURORA MOITA BARROS ARAÚJO

FERREIRA, CARLOS ALBERTO PEREIRA

FERREIRA, IDALINA PINHO

FERREIRA, MARIA EMILIA MAGALHÃES

FERREIRA, MARIA TEREZA BORGES

FERREIRA, VICTOR RICARDO OLIVEIRA

FEVIJOP – PINTURAS E RESTAURO, UNIPESSOAL, LDA


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

269

FILIPE COSTA & MIGUEL AZEVEDO, LDA

FINALSEGMENT – ENGENHARIA E SERVIÇOS DE POU-

PANÇA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA, LDA

FINANCIMGEST – SOCIEDADE DE CONSULTORIA DE

GESTÃO DE CRÉDITOS, S.A.

FLORCONSULT – CONSULTORIA E GESTÃO, LDA

FLORINVEST – SOCIEDADE AGRÍCOLA, SA

FMP MÓVEIS, UNIPESSOAL, LDA

FRANCLIM PRATA – DISTRIBUIÇÃO DE LUBRIFICAN-

TES E GÁS, LDA

FRANCLIM PRATA – INSTALAÇÃO DE REDES DE GÁS, LDA

FRANKLIM PRATA, LDA

FUNDAÇÃO ALBERTINA FERREIRA DE AMORIM

GAIVINA – EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS E IMO-

BILIÁRIOS, SA

GASPAR COUTO TAVARES, LDA

GDCM – GRUPO DE DINAMIZAÇÃO CULTURAL DE

MOZELOS

GESTORDONHE – CONTABILIDADE, UNIPESSOAL, LDA

GEVISAR – SGPS, SA

GLADANDFAMOUS UNIPESSOAL, LDA

GOMES, BERNARDO ALCIDES CARNEIRO

GONÇALVES, JOSÉ RODRIGUES

GRAFICA DA VERGADA, LDA

GRAVITY PEOPLE – ASSOCIAÇÃO

GREAT PRIME, SA

GRÕWANCORK – ESTRUTURAS ISOLADAS COM COR-

TIÇA, LDA

GUAITEQUE – DISTRIBUIÇÃO DE BEBIDAS, LDA

GUSTAVO MAGALHÃES – CORTICEIRA, UNIPESSOAL, LDA

H. CANEDO, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA

H. JESUS SILVA, LDA

HENRIQUE DA CONCEIÇÃO RIBEIRO, UNIPESSOAL, LDA

HENRIQUES, DELFINA DA COSTA RODRIGUES

HERÓIS PROMISSORES, LDA

HORAS DESCOMPLICADAS, UNIPESSOAL, LDA

HUGO MIGUEL OLIVEIRA, UNIPESSOAL, LDA


270 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

I.D.MACHINERY EUROPE, LDA

ÍCONE TRADICIONAL, UNIPESSOAL, LDA

II – INVESTIMENTOS IBÉRICOS, SGPS, SA

IMO 2007 – MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA

IMOBILIÁRIA VARETA – SOCIEDADE DE CONSTRU-

ÇÕES, URBANIZAÇÕES E PROJECTOS, LDA

IMOBIS – EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS AMORIM, SA

IMOBRITO – MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA

IMOEURO, SGPS, SA

INFEIRA – GABINETE DE CONSULTADORIA, LDA

INFINITEL – TELECOMUNICAÇÕES, LDA

INGEVITA – CONSULTORIA E ENGENHARIA, LDA

INTERPOLO – TRANSPORTES, LDA

INVESTIFE – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SA

INVESTIFE, SGPS, SA

IRMÃOS COUTO – ENSINO DA CONDUÇÃO, LDA

J.A.F.S MONTAGENS ELÉCTRICAS, UNIPESSOAL, LDA

J.C.RIBEIRO – SGPS, SA – MOZELOS

J.C.RIBEIRO, SA

J.H.S.- CORTIÇAS, LDA

J.MELO CORTIÇAS, LDA

J.P.SANTOS, UNIPESSOAL,LDA

JACURU – GRAVURA INDUSTRIAL, LDA

JESUS & BAPTISTA – GESTÃO DE RESÍDUOS, LDA

JESUS & BAPTISTA 2 – GESTÃO DE RESÍDUOS, LDA

JESUS, VÍTOR PEREIRA DE

JMS CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA

JOAQUIM DIAS DE RESENDE & FILHOS, LDA

JOAQUIM JORGE MOREIRA – PICHELARIA E CANALI-

ZAÇÕES, UNIPESSOAL, LDA

JOAQUIM OLIVEIRA & SILVA, LDA

JOAQUIM SILVA MAIA & FILHOS, LDA

JOAQUIM SOARES MOREIRA & FILHOS, LDA

JOEL, MANUEL, VITOR & AMÉRICO, LDA

JORGECAR – COMERCIO DE AUTOMOVEIS, UNIPESSOAL,

LDA

JOSÉ ALBERTO SANTOS SILVA, PRESTAÇÃO SERVIÇOS


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

271

SAÚDE, LDA

JOSÉ ANTÓNIO, UNIPESSOAL, LDA

JOSE F.MORAIS CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA

JOSÉ LEAL & FILHOS, LDA

JOSÉ MARIA DOS SANTOS FERREIRA, UNIPESSOAL, LDA

JOTICORK – CORTIÇAS, LDA

LC CORK – SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA

LEITE, SERAFIM FARIA

LEVELS AND POSITIONS – LDA

LIMA, GLÓRIA ALVES LEITE

LIMA, JOSE FERNANDES NEVES DEOLIVEIRA, AMÉRI-

CO FERREIRA DE

LINO SÁ, UNIPESSOAL, LDA

LM005, LDA

LOUÇA DA VERGADA, LDA

LUANPORT, LDA

LUSARES – SOCIEDADE IMOBILIÁRIA, SA

LUSOBEL – CORTIÇAS, LDA

LUSOMANAGEMENT – SERVIÇOS DE GESTÃO, LDA

LUSOMASSA, SA

LUXORHOUSE CORK, SA

M. J. ALEGRIA – COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS E

ACESSÓRIOS AUTO, LDA

M.A.SILVA – CORTIÇAS, LDA

M.A.SILVA II – CORTIÇAS, LDA

M.B.CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA

M.HENRIQUE MENDES, UNIPESSOAL, LDA

M18POTENCIAL – INSTALAÇOES ELÉCTRICAS, LDA

MADUREIRA, JOAQUIM MANUEL BARBOSA

MAGALHÃES, JÚLIO DA SILVA

MAIA, JOAQUIM RELVAS FEITEIRA

MAJESTIC MORNING, UNIPESSOAL, LDA

MANUEL ANTONIO DA SILVA & FILHOS, LDA

MANUEL MENDES PINTO & FILHOS, LDA

MANUEL SOUSA & ROCHA, LDA

MARCELINO PINTO OLIVEIRA, UNIPESSOAL, LDA


272 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

MARIA ISABEL ALVES DE SOUSA AMORIM GOMES,

HERDEIROS

MARIA JOÃO ALVES FERREIRA DA CONCEIÇÃO, SO-

CIEDADE UNIPESSOAL, LDA

MARQUES, JOSÉ HENRIQUE RODRIGUES FERREIRA

MARQUES, MARIA JOSÉ SOUSA VILAR

MAVIPAL – COMÉRCIO DE MÁQUINAS E EQUIPAMEN-

TOS INDUSTRIAIS, LDA

MAXDOOR – PORTAS E AUTOMATISMOS, LDA

MENDES, BENJAMIM GUEDES OLIVEIRA

MENDES, GRAÇA MARIA DE OLIVEIRA

METALMOZEL – INDUSTRIA METALÚRGICA, LDA

MILLEBRINDES – BRINDES PUBLICITÁRIOS, LDA

MINDSEO, LDA

MONTEIRO & ROCHA, LDA

MONTEPAUL CANALIZAÇÕES, UNIPESSOAL, LDA

MOSTEIRO DO GRIJÓ – EMPREENDIMENTOS TURÍSTI-

COS E IMOBILIÁRIOS, S.A.

MÓVEIS ÂNGELO COSTA, LDA

MOZELAR, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA

MOZELTRANS – TRANSPORTES DE MERCADORIAS, LDA

MTEAM SISTEMAS DE SEGURANÇA, LDA

MUCHBETA, SA

MULTIPISCINAS, UNIPESSOAL, LDA

MURMOZEL – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SA

NEVES & NEVES, LDA

NICI PORTUGAL – REPRESENTAÇÕES, SA

NÍVEL SOBERANO – CORTIÇAS UNIPESSOAL, LDA

NOGUEIRA, AGOSTINHO AMÂNDIO

NORBRASIN – SGPS, SA

NORPLEX, UNIPESSOAL, LDA

NORPOLI – POLIESTERES INDUSTRIAIS, LDA

NOTAS CRESCENTES, UNIPESSOAL, LDA

NUANCINTEMPORAL CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA

NUMBERS & PROPORTIONS, LDA

OAMISMED, UNIPESSOAL, LDA

ÓBVIAPAISAGEM, UNIPESSOAL, LDA


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

273

OFICINA AUTO M.A.CORREIA, LDA

OLIVEIRA ALVES, IRMÃOS, LDA

OLIVEIRA, ANA MARIA DA COSTA

OLIVEIRA, MANUEL NEVES DE

OLIVEIRA, NUNO CORDEIRO BARROS DE

ÓPTICA MÉDICA DO CEDRO, LDA

ORLANDO MANUEL NEVES DIAS DA MOTA, UNIPESSOAL,

LDA

OS GAROTOS – PRONTO- A-VESTIR DE CRIANÇA, LDA

OSI – SISTEMAS INFORMÁTICOS E ELECTROTÉCNICOS,

LDA

PADARIA CELESTE AMORIM, LDA

PADARIA CENTRAL DA VERGADA, LDA

PAISAGEM DO ALQUEVA, SA

PARCELA NECESSÁRIA, LDA

PATAMAR ARROJADO – IMOBILIÁRIA, UNIPESSOAL, LDA

PELO PRAZER DE VIVER/SAÚDE, CULTURA E VIDA –

ASSOCIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

PEMOR – DE PEDRO ROCHA, UNIPESSOAL, LDA

PEREIRA, CARLOS ALBERTO MAGALHÃES

PEREIRA, CATARINA DA SILVA

PEREIRA, JOAQUIM MANUEL MENDES RESENDE

PEREIRA, MANUEL ALVES

PEREIRA, MANUEL DA SILVA

PINHO SOARES CORTIÇAS, UNIPESSOAL, LDA

PINHO, MARIA ROSA DE

PINTO, FRANCISCO MANUEL SILVA

PINTO, JOSÉ CARLOS PEREIRA

PINTO, MANUEL FERREIRA

PLAN B – REPRESENTAÇÕES, LDA

PLEXICRIL – IMPORTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ACRÍ-

LICOS E POLICARBONATOS, UNIPESSOAL, LDA

PLURIWAY, UNIPESSOAL, LDA

PODER DO EQUILÍBRIO, LDA

PÓDIO MÉTRICO, SA

POMAR MOZELENSE, LDA

PORTUGAL CAT CLUB

PORTUGÁLIACORK, SA


274 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

PRIMALYNX – SUSTAINABLE SOLUTIONS, LDA

PRISMAS E CILINDROS II – SOCIEDADE DE INVESTI-

MENTOS IMOBILIÁRIOS, LDA

PRODIGYGALAXY, LDA

PROENÇA, JORGE MANUEL DOS SANTOS

PROEZÁSOLTA – FERNANDO VIEIRA UNIPESSOAL, LDA

PROMOVERGADA – SOCIEDADE PROMOTORA IMOBI-

LIARIA DA VERGADA, LDA

PUPPYWORLD, UNIPESSOAL, LDA

QM 1609 – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SA

QUALITYFRONTIER, LDA

QUINTINHA DE SEITELA – ORGANIZAÇÃO DE FESTAS,

UNIPESSOAL, LDA

RAMOS & VALE – SOCIEDADE DE GESTÃO IMOBILIÁRIA,

LDA

RB – PREDIAL, UNIPESSOAL, LDA

REBELO & FILHO, LDA

REBOVIVAS, LDA

RECORD RADICAL, UNIPESSOAL, LDA

REGRESSO AO RITMO – UNIPESSOAL, LDA

RELVAS CORTIÇAS, LDA

RESENDE, ARMINDA FERNANDES DE AMORIM

RESIFÉRIA – CONSTRUÇÕES URBANAS, SA

RESMAS DE CONFORTO – CALÇADO, LDA

RESSURREIÇÃO, ROGÉRIO DA

RIBEIRO, ANTÓNIO PINTO

RIBEIRO, HENRIQUE DA CONCEIÇÃO

RIBEIRO, JOSÉ DA SILVA

RIBEIRO, MANUEL AUGUSTO DE ALMEIDA

RICARDO ALMEIDA, UNIPESSOAL, LDA

RIOS, ANTÓNIO ALFREDO PEREIRA

ROCHA, CARLOS FILIPE TAVARES DA

ROCHA, RENATO MIGUEL ALVES DA

RODRIGUES, ANTERO

ROLIEURUP – COMERCIO DE MAQUINAS E FERRA-

MENTAS, LDA

ROSA, RICARDO CORDEIRO MATEUS MODESTO

RÚBRICA IRRESISTÍVEL – CONSTRUÇÕES, UNIPESSOAL,

LDA


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

275

RUI BARROS MEDIAÇÃO DE SEGUROS, LDA

S.M.M. – ESCOLA DE CONDUÇÃO, LDA

S.S.A. – SOCIEDADE DE SERVIÇOS AGRÍCOLAS, SA

SABÃO ROSA – LAVANDARIA, LDA

SÁBIO ÊXITO – MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA, LDA

SAFE ACCESS – SEGURANÇA, PORTAS E AUTOMATIS-

MOS, UNIPESSOAL, LDA

SAMPAIO, CARLOS MANUEL MARQUES

SANTO, DOMINGOS FRANCISCO RODRIGUES DO ESPÍ-

RITO

SANTOS, CARMEM ALVES DOS

SANTOS, EDUARDO DOMINGOS SOUSA

SANTOS, GLÓRIA ALVES FERREIRA DOS

SANTOS, MANUEL ANTERO PEREIRA DOS

SANTOS, MANUEL BASTOS

SANTOS, MARIA CELESTE OLIVEIRA FERREIRA

SCAPE – MARKETING & DESIGN, LDA

SÉCULO D`ESTRELAS, LDA

SERCOR – SOCIEDADE EXPORTADORA DE ROLHAS E

CORTIÇAS, SA

SERENOS CÁLCULOS, UNIPESSOAL, LDA

SÉRGIO DI NUNZIO, UNIPESSOAL, LDA

SÉRGIO HENRIQUE FERREIRA MARQUES, UNIPESSOAL,

LDA

SILVA & COIMBRA, LDA

SILVA, AMERICO DIAS DA

SILVA, ELISIO DE BASTOS E

SILVA, ILIDIO

SILVA, JOAQUIM FERNANDO PEREIRA DA

SILVA, JORGE MANUEL MARQUES DOS SANTOS

SILVA, JOSÉ FERREIRA DA

SILVA, JOSÉ LUIS DA CONCEIÇÃO

SILVA, JOSÉ MOREIRA DA

SILVA, MANUEL FERREIRA DE SOUSA E

SILVA, MANUEL GOMES

SILVA, MANUEL JESUS DA

SILVA, MARIA CLOTILDE DOS SANTOS ROCHA ALVES SA

SILVA, MÁRIO FERREIRA


276 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

SILVA, PAULA ANDRE

SIMON – SOCIEDADE IMOBILIÁRIA DO NORTE, SA

SINFONIA DE FLORES, UNIPESSOAL, LDA

SOARES, CÁTIA SOFIA OLIVEIRA

SOARES, JOSÉ HENRIQUE COIMBRA

SOARES, MARIA CELESTE DOS SANTOS CARDOSO

SOBERBO INSTANTE, LDA

SOCIEDADE AGRÍCOLA DE CORTIÇAS FLOCOR, SA

SOCIEDADE AGRÍCOLA DE TABELIÃES, LDA

SOCIEDADE AGRÍCOLA DO PERAL, SA

SOCIEDADE AGRÍCOLA TRIFLOR, SA

SOCIEDADE AGRO – FLORESTAL DO PANASQUINHO, LDA

SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL COUTO CANARI, LDA

SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL DA MELROEIRA, LDA

SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL SABACHÃO, LDA

SOCIEDADE AGRO-FLORESTAL VILA GLÓRIA, LDA

SOCIEDADE COMERCIAL DE PAPEL E CORTIÇA AMA-

RELISA, LDA

SOCIEDADE IMOBILIARIA VALDEMRA SILVA, LDA

SOLFIM – SGPS, SA

SÓLIDA DIFERENÇA, UNIPESSOAL, LDA

SONHOS PITORESCOS, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA

SORRISORIBALTA, UNIPESSOAL, LDA

SOTOMAR – EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS E

IMOBILIÁRIOS, S.A.

SOUSA & FILHOS, LDA

SOUSA COIMBRA – TABACOS, SA

SOUSA, ARMANDO HENRIQUE COELHO DE

SOUSA, CAMILO RIOS DE

SOUSA, DELFIM ALVES DE

SOUSA, MANUEL DA SILVA E

SOUSAINVESTE – CONSTRUÇÕES, LDA

SOUTO E CASTRO – CONSULTORA, LDA

SOVINCORTE – INDÚSTRIA DE CORTANTES, LDA

STOCKPRICE – SGPS, SA

STRONGFIT, LDA

STYLE WALLS, UNIPESSOAL, LDA

SUPER TALHO DO CEDRO, UNIPESSOAL, LDA


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

277

SUPERCOSMIC PORTUGAL, UNIPESSOAL, LDA

TAVARES, ALBERTO JESUS

TAVARES, GASPAR DO COUTO

TAVARES, JOSÉ PEREIRA

TAVARES, MARIA INÊS PINTO

TDCORK – TAPETES DECORATIVOS COM CORTIÇA, LDA

TECPITCH, ENGENHARIA E INOVAÇÃO, UNIPESSOAL, LDA

TEMPERO PROTAGONISTA, UNIPESSOAL, LDA

TEMPO – CONVERGENTE TRANSPORTES, LDA

TEORIAS EM MOVIMENTO, LDA

TOQUE BORDEAUX, LDA

TRANSFRATINA – SOCIEDADE DE TRANSPORTES, LDA

TRANSPORTADORA CENTRAL DA VERGADA, LDA

TRANSPORTES JOSÉ CARLOS FANECA & FILHOS, LDA

TRANSPORTES ROSITAS, LDA

TRANSPORTES TAVARES & PEREIRA, LDA

TREVO EXÓTICO BAR, LDA

TRIUNFO EFICIENTE – UNIPESSOAL, LDA

UNIDOS & COESOS – CORTIÇA, UNIPESSOAL, LDA

VALDEMAR PINTO PIMENTEL, LDA

VALENTE, MANUEL ANTÓNIO SANTOS

VAZ, MANUEL NOGUEIRA

VEIGA, ALCINA DOS SANTOS

VESTISA – INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SA

VINHA GOMES, SA

VINOCAP – INDÚSTRIA DE CÁPSULAS, LDA

VINTAGE PRIME – SGPS, SA

VITOR MANUEL & JOSÉ ANTÓNIO MENDES, LDA

VOLUMESPACK, LDA

WALLFLO – DECORATIVOS DE CORTIÇA, LDA

WARE – IT, LDA

WARRANTIES, SGPS, SA

WOODCAP – INDUSTRIA DE CAPSULAS DE MADEIRA, LDA

Z.P.O. – TRANSPORTES DE MERCADORIAS, LDA

ZONAVET – CENTRO VETERINÁRIO, LDA

(Fonte #3 – EINFORMA http://www.infoempresas.com.pt/Freguesia_

MOZELOS-SANTA-MARIA-FEIRA.html#empresa)


278 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Estas empresas dedicam-se às atividades seguintes:

INDÚSTRIA

Serralharias

Oficinas metalúrgicas e metalomecânicas

Cortiça e produtos de cortiça, fabricação de rolhas de cortiça.

Indústria de preparação da cortiça

Fabrico electrónico de rolhas de cortiça

Máquinas e equipamentos para a indústria do papel

Fabrico de obras de madeira

Audiovisuais – máquinas, artigos e equipamentos

Produtos destinados às artes gráficas

Mobiliário

Serrações e carpintarias

Fabrico de cápsulas

Eletrónica – bobinagens e rebobinagens

Mobiliário metálico

Tinturarias

Poliesteres industriais

Construção e reparação de caixas fechadas e frigoríficas

Carroçarias

Fabrico de material ortopédico e próteses e de instrumentos médico-cirúrgicos

Cunhos e Cortantes

Fabrico de embalagens de plástico

Chapas acrílicas vazadas e acrílicas extrudidas

Reparação e manutenção de máquinas e equipamentos

TRANSPORTES

Manutenção e reparação de veículos automóveis

Acessórios e peças de automóveis

Transportes rodoviários de mercadorias

Camiões – agentes e representantes

Transportes internacionais

Táxis

Desmantelamento de veículos automóveis, em fim de vida

Escolas de condução e pilotagem


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

279

ALIMENTAÇÃO

Supermercados e mercearias

Padarias

Comércio de carne e produtos à base de carne, talhos e charcutarias

Transformação de carne

Fabrico de gelados e sorvetes

Restaurantes, bares e cafés

Comércio a retalho de bebidas

Pastelarias e casas de chá

Frutas e produtos hortícolas

Taberna Camilo

CONSTRUÇÃO CIVIL

Construções e urbanizações

Compra e venda de bens imobiliários

Construção – escadas e escadotes

Instalação de canalizações

COMÉRCIO DE PRODUTOS DIVERSOS

Pronto-a-vestir

Drogarias, tintas, vernizes e produtos similares.

Tapetes, carpetes e alcatifas

Baterias e pilhas

Máquinas, artigos e equipamentos para madeira

Electrodomésticos

Comércio por grosso de tabaco

Comércio por grosso de produtos petrolíferos

Combustíveis

Comércio a retalho de mobiliário e artigos de iluminação

Bricolage

Jogos e brinquedos

Louças e porcelanas

Tabacarias

Pronto-a-vestir

Ourivesarias e joalharias

Floristas

Portas e automatismos

Brindes publicitários e promocionais

Lojas de animais

Artigos decorativos


280 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

CONTABILIDADE

Contabilidade e outros serviços

Contabilidade, auditoria e consultoria fiscal

ATIVIDADES FINANCEIRAS E DE APOIO À GESTÃO

Sociedades gestoras de participações sociais

SERVIÇOS DIVERSOS

Cabeleireiros e barbeiros

Agências de viagem

Ensaios e análises técnicas

Atividades jurídicas

Organização de feiras, congressos e outros eventos similares

Xico Barbeiro

Uma das salas da Fundação

Albertina Ferreira Amorim,

onde funcionou a

primeira farmácia de Mozelos

ATIVIDADES DIVERSAS

Projeto e instalação de sistemas de energias renováveis com base

em energia solar fotovoltaica

Programação informática

Atividades de Telecomunicações

Atividades veterinárias

Sistemas de identificação e controlo de acessos

Suinicultura

Agentes e distribuidores de gás

Artes gráficas

Pedras e minerais – mármores

Jardinagem

Informática e telecomunicações

Assistência técnica mecânica, elétrica e eletrónica a máquinas

Fotografia

Ferro velho e sucata

ATIVIDADES SOCIAIS E SANITÁRIAS

Apoio social

Centro médico

Clínicas médicas e de enfermagem

Medicina dentária e odontológica

Prática médica de clínica especializada em ambulatório

Farmácias

Serviços sociais e de previdência


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

281

ATIVIDADES AGRÍCOLAS

No início deste século, verificou-se uma alteração significativa

da atividade agrícola, apesar de se manter a agricultura de

subsistência, desenvolvida pelas pessoas nos terrenos anexos às

suas habitações, num caso ou noutro ainda em terrenos arrendados.

Há também uma interessante experiência, fomentada pela

Junta, das hortas comunitárias, em terrenos da freguesia, onde as

pessoas ocupam os seus tempos livres pós-laborais e as mulheres

ditas domésticas ocupam aí parte dos seus tempos livres, muitas

vezes acompanhadas dos seus filhos e netos, numa interessante

escola de contato com a natureza e atividades produtivas.

Iniciaram-se recentemente projetos produtivo de kiwis, mirtilos

e de framboesas, alimentados com novas tecnologias de instalação

e de rega. Estes projeto são normalmente apoiados por

fundos destinados a esses fins.



ATIVIDADE RELIGIOSA E PÁROCOS


Na página anterior: fotografia do altar-mor da Igreja Paroquial.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

285

A ORIGEM DAS PARÓQUIAS E FREGUESIAS

Os locais onde eventualmente se crê estabelecer-se a ligação do

Céu com a Terra, isto é, onde os homens julgam que emerge o sobrenatural:

onde se oferece perdão, onde se dão os milagres taumatúrgicos,

onde se pode obter a fecundidade, onde se procuram os êxtases

e a vibração colectiva. As Igrejas, os santuários, as fontes, os bosques

e clareiras sagradas, as montanhas ou cavernas, os monumentos

que marcam a passagem de Deus ou a sua revelação, as árvores

pelo selo das forças ocultas – tudo isto faz parte da geografia do

sobrenatural e por consequência da geografia do poder religioso.

(MATTOSO:2002:185)

Há poucos elementos sobre as origens cristãs na Península.

Sabe-se que a divisão em províncias eclesiásticas corresponde

à divisão administrativa do séc. IV, e no que diz respeito ao

território onde se situa Portugal, distribuía-se pela Galécia e pela

Lusitânia.

A partir do séc. IV, surgem já as paróquias rurais, tendo à sua

frente um presbítero.

As comunidades locais, onde se constituíram as paróquias, dependiam

do poder do domínio romano que deu origem às duas

entidades, o juiz e o padre ou abade que ocupava o lugar cimeiro.

Segundo Pierre David, nos povoados rurais que não têm igreja

paroquial construíam-se basílicas e oratórios, sob a invocação

de um Santo com relíquias. São os proprietários das vilas que os

criam e os dotam por devoção própria e para as necessidades religiosas

dos seus camponeses e artistas. (...) A maior parte desses

oratórios das aldeias tornar-se-ão, muito mais tarde, em igrejas

paroquiais.

A palavra basílica significava a grandiosa sala de receções

das casas ricas da antiguidade ou os edifícios públicos onde as

autoridades efetuavam as suas reuniões.


286 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Mapa das instituições monásticas.

Mapa dos conventos e mosteiros do

séc. XV..

A partir do século IV, todas as grandes igrejas cristãs receberam

essa designação. É essa a origem das nossas atuais paróquias

(DAVID:1957:7).

Este investigador considerou também a paróquia como elemento

estruturante das comunidades rurais, através das vicissitudes e perturbações

resultantes das invasões muçulmanas e da Reconquista.

Na opinião do Padre Miguel de Oliveira, a partir da Reconquista,

forma-se uma rede muito mais densa, com o estabelecimento de

centros paroquiais (...) constituem-se então novos quadros económicos

e religiosos em que assenta a maior parte das paróquias rurais do norte

do nosso país. São as freguesias (OLIVEIRA:1950:33).

Segundo Tumbart de La Tour, a formação territorial das paróquias

teve três origens: paróquia coincidente com a vila, desmembramento

da vila em várias paróquias e, finalmente, formação

da paróquia através de um grupo de vilas.

A função vinculadora da igreja paroquial foi concebida desde

o tempo de La Tour como o pólo susceptível de transformar as

antigas villae romanas em paróquias.

A paróquia foi, durante muito tempo, um centro quase fechado

de atividade social. Ainda hoje se encontram, nalguns locais

vestígios desse isolamento, quer na linguagem quer no vestuário.

À semelhança de outras freguesias próximas, julgo que, em

Mozelos, a paróquia foi coincidente com a vila, agregando posteriormente

outros lugares.

A partir do século X, por várias razões, aumenta extraordinariamente

o número das igrejas e paróquias rurais.

Importa, entretanto, precisar os contornos do termo vila. Na

época que estamos a tratar, as vilas eram prédios rústicos pertencentes

à Coroa, a Mosteiros ou a particulares.

Primeiramente designava a vivenda do dominus, compreendendo

a sua habitação e a dos trabalhadores, os estábulos e celeiros, os

terrenos cultos e incultos, constituindo tudo uma unidade rural.

Robert Durand, estudioso do Cartulário Baio Ferrado de

Grijó, classifica a vila como domínio rural, com quintas, casais e

algumas aldeias (DURAND:1971:39).

A freguesia rural, molécula fundamental da sociedade portuguesa,

foi uma criação espontânea popular, nascida das relações

seculares entre os cultivadores de um prédio ou vizinhos, como

constata Alberto Sampaio.

Todavia, para José Matoso, poderão as vilas ter servido de

quadro base à fundação das igrejas rurais. Embora muitas paróquias

possam ter surgido a partir das igrejas monásticas e nunca

de igrejas fundadas por agrupamentos de camponeses sem quaisquer

precedentes (MATTOSO:1995:vol.I:470).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

287

As paróquias e as suas junções só começam a fixar-se com a

introdução do direito canónico romano no século XI. É a partir

desta época que se fixa, também, progressivamente os limites

paroquiais (JORGE:2000:141).

Refira-se, entretanto que as freguesias viriam a ter os seus limites

demarcados com crescente minúcia pela hierarquia diocesana

entre o século XII e o início do século XIV, independentemente da sua

origem (JORGE:2000:141).

Acrescenta a referida investigadora que se exigia a cobrança

dos direitos eclesiásticos (sobretudo o dízimo) e a necessidade

de fazer corresponder uma hierarquia bem definida a cada área

geográfica delimitada com exatidão.

Segundo Hermínia Vasconcelos Vilar (VILAR:2000:141) a

paróquia constituía a célula base da organização diocesana que cita

J. Avril referia que o que conta, com efeito desde sempre, é o local de

culto, quer seja uma igreja ou uma capela onde os habitantes de um

aglomerado ou de um domínio vinham ouvir a palavra de Deus e

receber os sacramentos.

As paróquias foram tomando a sua forma atual, sofrendo

várias modificações.

A fundação das paróquias continua a verificar-se, ao longo

dos tempos, como ainda hoje se verifica de acordo com as necessidades

das populações e das orientações pastorais das Dioceses.

A Igreja tem sido, ao longo da sua história, muito mais que

uma comunidade de crentes. Na verdade, a sua influência na

vida das comunidades, ao longo dos séculos, foi marcante, em

domínios, como a cultura, a educação, a assistência, apesar dos

maus momentos que empobreceram a sua intervenção.

Durante muitos séculos, teve mesmo um papel decisivo, no

desenvolvimento global, onde foi, não raras vezes, o único referencial

dos povos, tendo assumido tarefas e responsabilidades,

hoje, bem entregues a instituições e serviços laicos.

Embora haja poucos elementos sobre as origens cristãs na

Península, sabe- se que a divisão em províncias eclesiásticas corresponde

a divisão administrativa do século IV, e no que diz

respeito ao território onde se situa Portugal, distribuía- se pela

Galécia e pela Lusitânia.

Terá sido nas suas cidades capitais que se iniciou a propaganda

cristã.

A Igreja é a agricultura ou o campo de Deus.É também, muitas

vezes, chamada construção de Deus (I Cor, 3,9).

A Igreja é templo santo, o qual representado pelos santuários de

pedra é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, nova Jerusalém

(LG, 6).


288 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Selo do Bispado do Porto

S. Martinho de Mozelos pertence atualmente à Vigararia de

Santa Maria da Feira, do Aro Sul da Diocese do Porto. Importa

assim informar, muito sumariamente, o que se acha disponível

sobre ela. Antes de mais, contudo, devem referir-se aspetos muito

sumários sobre a Diocese em que se integra.

Sabe-se, embora com algumas opiniões díspares, a Diocese

do Porto terá sido restaurada em 1113 ou 1114, o que é defendido

por boa parte dos estudiosos da matéria, designadamente,

João Pedro Ribeiro, Herculano, Padre Miguel de Oliveira, e Frei

Henrique Florez.

Assumiu o seu Governo, D. Hugo que teve a ingente tarefa

de a reconstituir, após as incursões muçulmanas, para além da

disputa que teve de empreender com o Bispo de Coimbra, por

causa da posse da Terra de Santa Maria, que acabou por vencer,

através da intervenção papal, dada pela sentença de Burgos, em

1117, que obrigou o Bispo de Coimbra, sob pena de suspensão,

a entregar o território entre os rios Douro e Antuã. Apesar disso,

os bispos de Coimbra continuaram a solicitar, em 1198 e 1245, e

conseguiram dois documentos pontifícios, no sentido da restituição

à sua diocese dos terrenos que passaram para a jurisdição da

diocese do Porto. Tal não resultou já que a terra de Santa Maria

continuou incorporada na diocese do Porto.

A questão foi definitivamente resolvida através da bula Provisionis

Nostrae, concedida ao Bispo D. Julião Fernandes, traçando

os limites meridionais da diocese do Porto.

Farei uma síntese da evolução havida ao longo dos séculos,

não só desta freguesia, mas de todas as outras que integram o

actual Concelho de Santa Maria da Feira, bem como a categoria

dos seus Párocos.

Esta evolução é-nos fornecida pelo Padre Domingos Moreira, insigne

investigador e saudoso Pároco da Freguesia de Pigeiros, Santa

Maria da Feira, no seu trabalho As Freguesias da Diocese do Porto...

AGRUPAMENTO ECLESIÁSTICO DAS

FREGUESIAS DA VILA DA FEIRA

(do século XII até à atualidade)

Nas comarcas eclesiásticas o Distrito vai indicado por um algarismo.

Assim Feira 1 significa o 1º Distrito da comarca eclesiástica

da Feira. Nas vigararias 1 significa primeira (vigararia) e

2 significa segunda (vigararia).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

289

Freguesia

Arcediagos

Séc. XII

Comarcas

Terras Fins

Vigararias

Eclesiásticas

do Séc.

1320 1371 1542 XVI 1623 1850 1907 1910 1970

Obs.

Argoncilhe -

Santa

Maria

Santa

Maria

Gaia e

Santa

Maria

- Feira Feira2 Feira 2 Gaia 2 Gaia 2 Abadia

Arrifana Santa Maria

Santa

Maria

Feira 4 Feira 4 Feira 3 Feira 3 Abadia

Canedo Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Abadia

Escapães Feira 3 Feira 3 Feira 3 Feira 3 Abadia

Espargo Abadia

Feira

Fiães Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Reitoria

Fornos Feira 3 Feira 3 Feira 3 Feira 3 Abadia

Guisande Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Abadia

Gião

Santa

Maria

Reitoria

Lamas - Feira 1 Feira 1 Abadia

Lobão

Santa

Maria

Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Reitoria

Louredo - Feira 4 Feira 4 Reitoria

Lourosa Santa Maria Feira 2 Feira 2 Feira 1 Feira 1 Abadia

Milheirós de

Poiares

Feira Feira 4 Feira 4 Feira 3 Feira 3 Reitoria

Mosteirô

Santa

Maria

Feira 3 Feira 3 Curato

Mozelos

Feira 2 Feira 2 Feira 1 Feira 1 Reitoria

Nogueira da

Regedoura

Reitoria

Oleiros

Reitoria

Paços de

Brandão

Reitoria

Pigeiros Feira 4 Feira4 Feira 2 Feira 2 Abadia

Rio Meão Feira 3 Feira3 Feira 1 Feira 1 Curato

Romariz Feira4 Feira4 Feira 2 Feira 2 Abadia

Sanfins Feira3 Feira 3 Feira 3 Feira 3 Curato

Sanguedo

Santa

Maria

Feira 2 Feira 2 Feira 2 Feira 2 Reitoria

S. João de Ver Abadia

S. Jorge Abadia

Souto Feira3 Feira3 Feira3 Feira3 Reitoria

Travanca

Reitoria

Vale Feira 4 Feira 4 Feira 2 Feira 2 Curato

Vila Maior Feira 2 Feira 2 Reitoria


290 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Mitra episcopal

A partir do século IV, surgem já as paróquias rurais, tendo à

sua frente um presbítero.

As comunidades locais, onde se constituíram as paróquias,

dependiam do poder do domínio romano que deu origem a duas

entidades, o juiz e o padre ou abade que ocupava o lugar cimeiro.

Foi, nos tempos primeiros, no espaço que hoje constitui o nosso

Pais, o pólo aglutinador das populações, meio perdidas, pelo desaparecimento

da estru tura imperial romana, surgindo o abbas como

o sucessor natural do desapa recido dominus. Sendo um entre os

membros do seu povo, nas suas limitações e fraquezas, congregou

em tempos de dispersão e de medo, a vontade colectiva.

Na Idade Média, os padres eram normalmente de origem

popular e educados nos mosteiros existentes no mundo rural.

Como afirmou Alberto Sampaio, vivendo entre o povo e ligado

a ele por íntimas relações, em virtude do seu ministério, após a queda

visigótica, o abade tornou-se o centro de gravidade desses pequenos núcleos

de população, não os deixando desunir, foi transformando, pouco

a pouco, a antiga unidade agrária na nova freguesia.

O clero dependia do bispo e representava-o participando dos seus

poderes.

Nem sempre é fácil definir o que se entende por paróquia e como

tal identificar alguns clérigos que, adstritos a uma paróquia, podiam

ser integrados no grupo do clero paroquial. Muitas igrejas (...) não

eram obrigatoriamente paroquiais.

De uma forma geral, considera-se a cura animarum (cura das

almas) (...) a principal finalidade de existência e de identificação de

um templo paroquial.

(...) Em princípio, o número de clérigos existentes em cada igreja

paroquial variava de acordo com o número de benefícios existentes em

cada uma na opinião de Hermínia Vilar (VILAR:2000:248).

Importa ainda referir as fontes de rendimentos dos clérigos.

Antes de mais, convém lembrar que se fundamentam nas Escrituras

o princípio de que os ministros dos altares deviam viver do

altar, isto é, das ofertas feitas pelos fiéis, durante os atos de culto.

Assim, as celebrações batismais e nupciais, entre outras, obrigavam

à entrega de ofertas.

Aliás, havia até um costume, verberado por uma disposição conciliar,

dos recém batizados deitarem moedas na pia da água batismal.

O chamado pé de altar ou renda de sobrepeliz tem contribuído,

ao longo dos séculos, para o desafogo dos clérigos. Constituem-no

as ofertas dos batizados, dos funerais, dos bens de alma, dos proclamas,

das missas cantadas, das procissões e do folar da Páscoa.

A partir do século XI, o pão, o vinho e a cera constituíam as

ofertas feitas nas missas.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

291

Fora desta celebração, as oblatas consistiam em outros objetos

ou em dinheiro.

Quanto aos dízimos e às primícias (primeiros frutos da terra),

fundamentavam-se no Antigo Testamento e começaram a pagar-se a

título de esmola e de oferta, no século IV, como afirma Avelino Costa,

mas só veio a consagrar-se em Portugal, a partir do século XI.

Os dízimos podiam ser prediais ou pessoais, revertiam para o

sustento do clero diocesano que assistia aos fiéis e para a conservação

dos edifícios de culto (MATTOSO:2002:50-51).

A colação correspondia a uma nomeação permanente, enquanto

a encomendação tinha um carácter provisório.

Havia quatro categorias no clero secular que tinham em conta

os benefícios.

Os Abades, em geral, comiam os dízimos, cobrando-os por

sua conta ou arrendando-os. Estes arrendamentos eram objeto

de escritura pública feita em notário.

O arrendamento das rendas das Igrejas constituía um contrato

diferente dos emprazamentos. Eram, conjuntamente com as

primícias e sanjoaneiras, celebradas por três anos.

Os reitores e vigários não recebiam dízimos os quais eram

recebidos pelos comendadores da Ordem de Cristo.

Os curas não recebiam dízimos nem quaisquer rendas, sendo

assalariados e contratados anualmente pelos mosteiros.

As sucessivas alterações políticas e religiosas influenciaram

o estatuto do recrutamento do clero, do seu rendimento e da

sua influência social, nomeadamente a Revolução Liberal e a

Primeira República, isto no domínio político, já que os Concílios

de Trento, no século XVI, o do Vaticano I, no século XIX, e o

Vaticano II no século XX, no aspecto religioso, estiveram na

origem de significativas alterações na atividade clerical.

Os Párocos, a partir do Concílio de Trento, foram obrigados

a fazer o registo paroquial, tendo a maior parte das freguesias

mantido o seu arquivo, com o rigor que lhes era imposto, desde

os finais do século XVI.

Mais tarde, em setembro de 1890, foi publicada uma Lei que

regulava a aposentação dos Párocos, cujas principais disposições

são as seguintes:

1ª – É facultada a aposentação ordinária:

a) Aos Párocos que tiverem completado 70 anos;

b) Aos Párocos que, contando mais de 60 anos e 30 de serviço

efetivo, se mostrarem completamente impossibilitados, física

e intelectualmente;

c) Se os Párocos, que estiverem nas condições referidas acrescendo

a circunstância de absoluta impossibilidade física ou inte-


292 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

lectualmente de continuarem no exercício do seu ministério, não

solicitarem a sua aposentação, poderá o Governo determiná-la,

sob parecer ou proposta do Prelado da respetiva diocese.

Os Párocos cujas côngruas não tiverem sido lotadas em mais

de 180$000 ficam dispensados de contribuir para a caixa de aposentação,

tendo contudo direito a serem aposentados.

As pensões de aposentação ordinária concedidas aos Párocos

serão iguais à totalidade das suas côngruas, segundo a lotação

feita para o pagamento dos direitos de mercê, computando-se

nela os rendimentos de pé-de-altar, devidamente calculados pela

média dos 5 últimos anos, anteriores à publicação desta Lei, conforme

constar no registo paroquial e respetiva tabela, ou, quando

não haja tabela, segundo os usos da freguesia, e bem assim

quaisquer outros rendimentos paroquiais que constem de documentos

públicos e autênticos.

As pensões de aposentação extraordinária seriam fixadas

proporcionalmente à importância das côngruas, segundo a lotação

fixada neste parágrafo, quando atingirem ou excederem

180$000, porque, sendo quantia inferior, o cômputo da pensão

de aposentação referir-se-ia sempre pela importância de 180$000.

Em caso algum, porém, a pensão de aposentação, quer ordinária,

quer extraordinária, poderia ser superior a 1.000$000,

nem a pensão de aposentação ordinária poderia ser inferior a

180$000, fosse qual fosse a lotação das côngruas.

PÁROCOS DE S. MARTINHO DE MOZELOS

Abade Pedro Domingues – 22 de setembro de 1311-1318 (TT:-

Grijó: Liv.43; Fols. 5v) – citado por Fernandes:2011: 210.

Abade Domingos Martins – 1338 a 1351 (ID.:IBID:Fols. 104 e

105) – citado por Fernandes:2011: 210.

Reitor Lourenço Martins, Cónego do Mosteiro de Grijó – 1357

(Fernandes: ID.:IBID.)

Reitor Jorge Correia, Cónego do Mosteiro de Grijó – 1508 até 1517

(Fernandes: ID.:IBID.)

Reitor Simão Sanches, Cónego do Mosteiro de Grijó – desde 1517

(Fernandes: ID.:IBID.)

Cura Joam Roiz – 1587

Cura João Carvalho – 1588 a 1593


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

293

Cura Gonçalo Luís – 1593 a 1594

Cura Francisco Dias – 1595 a 1598

Cura João Ramos – 1599 a 1606

Cura Aleixo da Costa – 1606 a 1627

Cura Gregório Nunes – 1628 a 1632

Cura Francisco Delgado -1632 a 1640

Cura Paulo Alves de Oliveira – 1641 a 1647

Cura Licenciado Manuel do Couto – 1647 a 1658

Cura Amaro de Azevedo – 1658 a 1663

Cura Francisco Pinto de Azevedo – 1664 a 1673

Cura Francisco Álvares Coelho – 1674 a 1684

Cura Domingos Jordão Coelho – 1684 a 1686

Cura António Coelho Furtado – 1686 a 1689

Cura António do Couto – 1696 a 1700

Cura Pároco João de Carvalho – 1700 a 1701

Cura António da Cunha – 1701 a 1704

Cura Manuel José Ramos – 1704 a 1706

Cura João de Barros Nogueira – 1707 a 1710

Pároco Cura Francisco Ferreira Pinto – 1710 a 1713

Cura José Álvares Coelho – 1714 a 1720

Cura Matheus André – 1719

Cura Manuel de Bastos Coelho – 1720 a 1730

Cura Manuel da Maya – 1725 a 1726


294 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Cura Valentim Barros Nogueira – 1726

Cura António de Pinto Castilho – 1727

Cura António Ferreira Barbosa – 1730 a 1737

Cura Bautista de Oliveira Ferreira Tavares – 1737 a 1741

Cura Luiz Manuel Salter Rios de Carvalho – 1741 a 1742

Pároco Joseph Coelho da Silva – 1742 a 1743

Cura Manuel Duarte – 1743 a 1745

Cura Hiacinto Joséph Pinto – 1745 a 1746

Pároco Licenciado Roque Barbosa – 1746 a 1747

Pároco José Ferreira Dias Rodrigues – 1754 – 1775. Elaborou as

Memórias Paroquiais de Mozelos, em 1758, por ordem do

Marquês de Pombal

Pároco Joam Leite de Oliveira – 1775 a 1802

Cura José Leite de Oliveira – 1800 a 1802. Fez declaração para o

auto de ordens de Luís Alves Coelho em 12 de janeiro de 1783.

Encomendado, Cura e depois Pároco João Pinto Ferreira – 1803

a 1810

Pároco Encomendado Manuel Coelho da Silva – 1810 e 1811

Encomendado e depois Pároco João Jozé dos Santos Passos

-1809 a 1816

Cura depois Pároco José Alves de Carvalho – 1816 a 1824. Respondeu

ao inquérito paroquial de 1821

Francisco José Caetano, natural da freguesia, tinha 53 anos em

1822 e era capelão na freguesia

Pároco João Gomes de Resende – 1824 a 1834. Estava recenseado

em 1836 e 1839 para a votação para a Câmara, Juiz

Ordinário e Juiz de Paz

Encomendado Vicente de Oliveira Xavier – 1834 a 1848. Estava

recenseado em 1838 para a votação para a Junta e para Regedor.

Foi presidente da Junta da Paróquia em 1842 e 1844.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

295

Pároco João Pinto de Oliveira – 1848 a 1849

Reitor Manuel António de Souza – Pregador, colado em 27 de

setembro de 1849 (Almanak Ecclesiastico do Bispado do Porto

para 1857:53) – 1849 – 1866 – foi presidente da Junta de

1856 a 1859 e 1873

Encomendado José Rodrigues Alves de Oliveira – 1867

Abade José Alves Coelho – 1870 a 1912 – Foi presidente da Junta

de 1872 a 1883

Padre Francisco Marques da Silva Seabra, capelão da freguesia

em 1906 – foi vogal e secretário da Junta de 1885 a 1888

Pároco Aposentado Padre José Correa Dias – 1910

Abade José Francisco Coelho – 1912 a agosto de 1913

Abade José Ribeiro Soares – agosto de 1913 a maio de 1914

Abade José Alves Coelho – março de 1913 a 1915

Abade Francisco Marques Pires Miranda – 1915 a 1917

Abade Padre Manuel Rodrigues Vieira Pinto – julho de 1917 a

janeiro de 1933. Foi nomeado secretário interino da Junta em

1918 (AJM:Liv. de Atas nº 7).

Abade António de Oliveira Maia – de 1933 a Dezembro de 1972.

O Padre Maia era natural de Paços de Brandão, era filho de

Manuel Moreira Maia e de Clementina Maia tendo sido ordenado

em 30 de março de 1918. Celebrou a primeira missa

em Paços de Brandão,as suas bodas de prata em 1943 e as de

ouro em 1968. Foi Pároco de Mozelos até ao fecho compulsivo

da igreja paroquial em 9 de setembro de 1972. Aceitou

resignadamente a sua saída de Mozelos, na sequência de graves

alterações à ordem pública verificadas na freguesia. Fixou

residência em Espinho, tenho aí exercido funções de capelão

do Hospital de Nossa Senhora da Ajuda.

Foi regente de música sacra, na Tuna Musical Mozelense,

tendo sido galardoado, a título póstumo, como sócio honorário

da Tuna em 2 de abril de 1989. Faleceu, em Paços de

Brandão, em 21 de agosto de 1986 tendo sido inumado no

cemitério da sua terra natal. Era um sacerdote dedicado intei-

Atestado de Batismo de Albertina

Ferreira de Amorim assinado pelo

Padre Manuel R. Vieira Pinto

Abade António de Oliveira Maia


296 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ramente à assistência espiritual e social da paróquia. De carácter

íntegro não olhando a diferenças sociais, religiosas ou

políticas. Era muito culto e próximo dos seus paroquianos,

tinha pelas crianças preocupações e afetos especiais.

Abade Aurélio Gonçalves Rodrigues – 1973 a fevereiro de 1975

Jazigo onde está sepultado o

Padre António de Oliveira Maia,

em Paços de Brandão

Abade Gonçalo Furtado Mendonça

Abade Bernardino Alves

Abade Gonçalo Furtado de Mendonça – março a setembro de 1975.

Pároco de Nogueira da Regedoura desde 1973, tendo acumulado

em 1975 a paróquia de Mozelos.

Abade Bernardino de Queirós Alves – desde outubro de 1975. O

Padre Bernardino Queirós Alves nasceu em Soalhães, Marco

de Canaveses, a 27 de abril de 1944. Depois de ter concluído a

quarta classe na escola local, fez o exame de admissão ao liceu no

Alexandre Herculano, no Porto, o que lhe permitiu prosseguir

estudos no Colégio de Marco de Canaveses. E, uma vez concluído

um novo ciclo escolar, um outro exame de admissão conduziu-o,

desta feita, à Escola do Magistério Primário do Porto.

Bernardino era agora professor primário, em Miragaia/Barredo,

mas não obstante a gratificação sentida no desempenho

daquela função, nele ecoou um chamamento que o fez inscrever-se

no Seminário da Sé do Porto, onde cursou Teologia.

Posteriormente, fez o diaconado em Miragaia/Massarelos

e acabou sendo ordenado sacerdote por D. António Ferreira

Gomes, na Sé do Porto, em 7 de julho de 1974.

O Padre Bernardino iniciou o presbiterado em Miragaia/

Barredo e, integrando uma equipa de padres, orientou igualmente

as freguesias portuenses da Sé e S. Nicolau.

Porém, em outubro de 1975 recebeu indicação do Bispo

para paroquiar Mozelos e Oleiros, em parceria com os Padres

José Rodrigues e José Coelho e, por óbito do Padre Joaquim

Silva, também a freguesia de Lourosa.

Já em 1978, e não se confirmando a indicação de paroquiar

em exclusiva esta última, por decisão hierárquica, o Padre

Bernardino Queirós assumiu a orientação pastoral de Mozelos

e o seu colega José Coelho, outrossim, de Lourosa, não

deixando estes dois sacerdotes de trabalhar em equipa, partilhando,

inclusive, a mesma residência.

Por último, em 1999, acumulou funções na paróquia de

Sermonde.

Em paralelo, a grande energia que se lhe reconhece impulsionou-o

a fundar duas associações de solidariedade social,

o Centro Maranatha, em Grijó, e a Tenda do Encontro, em


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

297

Sermonde, para além de ter cofundado a Associação Pelo

Prazer de Viver, com sede em Mozelos.

Ordinariamente, a cada mês de julho, o Padre Bernardino

regressa a Lourosa, a fim de substituir o Padre Coelho, por

este se encontrar de férias.

É dotado de uma mente brilhante, e de uma incrível capacidade

de trabalho, a par de uma cultura extraordinária, de uma

invejável criatividade, a que se aliam uma assinalável sensibilidade

poética e uma subtil e responsável capacidade crítica.

Fez uma clara opção pelos mais pobres e fragilizados, o que,

naturalmente causa invejas e inimizades.

Dedica-se à proteção de menores em risco, à recuperação de

toxico-dependentes, ao apoio à reinserção de reclusos, à cooperação

com os povos africanos, às campanhas de solidariedade

com a América Latina, ao acolhimento aos doentes e a

muitos outros projetos de apoio a experiências comunitárias.

Recebeu o prémio Manuel Laranjeira pelo seu trabalho ao

serviço da ação social, enquanto pároco, pedagogo, animador

cultural e dirigente associativo.

Abade Bernardino Alves

ALGUNS PADRES NATURAIS DA FREGUESIA

Francisco José Caetano, tinha 53 anos em 1822 e era capelão na

freguesia.

Manuel Fernandes de Amorim, natural de Mozelos, filho legítimo

de José Fernandes do Couto e de Ana Maria Amorim,

nasceu em 6 de novembro de 1818, neto paterno de de João

Fernandes e de Maria Alves, do Outeiro do Moinho, e materno

de José do Couto e de Brízida Rodrigues, da Vessada

ordenado em 1856 (AEP: Inquirição a genere: proc. 749 e Almanak

Ecclesiastico do Bispado do Porto para 1857:53).

Presbítero Manuel Alves Coelho. Estava recenseado para a votação

para a Câmara, Juiz Ordinário e Juiz de Paz em 1839.

Presbítero António Alves Coelho, do lugar do Rio. Estava recenseado

para a votação para a Câmara, Juiz Ordinário e Juiz de

Paz. Está referenciado como morador na freguesia em 1857.

Presbítero Manuel Leite d’Oliveira, do lugar de Prime – 1857 (Almanak

Ecclesiastico do Bispado do Porto para 1857:53).


298 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Luis Alves Coelho, natural de Mozelos, filho de António Alves

Jorge e de Marcela Alves, neto paterno de Manuel Alves Jorge

e de Maria Coelha, de Mozelos e materno de Domingos

Alves, de Lourosa e de Isabel Fernandes de Mozelos, Ordenado

em . (AEP: Inquirição a genere: :proc. 753).

Celestino Pinto Ferreira, nascido em 20 de junho de 1878, filho

de Manuel do Prado Neves, natural de Espanha, e de Rosa

Pinto Ferreira, de Mozelos, moradores no Sobral, neto paterno

de António do Prado Neves e de Carmo Soares e materno

de Joaquim Pereira Vale e de Ana Pinto Ferreira. Ordenado

em 1900 (ID.IBID. proc.º 754:proc. 747).

Em 24 de fevereiro de 1918, solicitou à Junta um atestado

de residência (JFM:Liv. de Atas nº7).

Foi o promotor da construção da Capela de S. Brás.

Padre Amaro Ferreira dos Santos

Manuel Pereira de Sousa, filho legítimo de Joaquim de Sousa e de

Rosa Ribeiro da Silva, natural de Mozelos, nasceu em 4 de setembro

de 1887, filho de Joaquim de Sousa, natural de Gião e de

Rosa Ribeiro da Silva, natural de Mozelos, lavradores, moradores

na Vergada, neto paterno de José de Sousa e de Caetana da

Silva e materno de Pedro Pereira da Silva e de Maria Ribeiro da

Silva. Ordenado em 10 de março de 1910, residia em Pedroso,

Vila Nova de Gaia. (AEP: Inquirição a genere: proc.º 754).

Padre Amaro Ferreira dos Santos, do lugar do Murado, nasceu

em 25 de janeiro de 1916 e faleceu em 16 de abril de 1986.

Foi pároco em Nogueira da Regedoura, onde foi o dinamizador

da instalação da energia elétrica e do campo de futebol, e

na freguesia de Vitória no Porto.

Padre António Joaquim da Rocha Coelho, natural de Gesto,

Mozelos. Missionário, pertence à Congregação do Espírito

Santo. É capelão da capela do Sameiro, em S. Paio de Oleiros

Sendo Missionário, colaborou na paróquia de Nogueira da

Regedoura a pedido do pároco, Padre Furtado de Mendonça.

Padre António J. Rocha Coelho

Padre Henrique Nestor Rios dos Santos, nasceu em 20 de março

de 1946, no lugar da Igreja. Foi missionário em Moçambique

e paroquiou na Póvoa do Varzim.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

299

PATRIMÓNIO RELIGIOSO

IGREJA PAROQUIAL

Em 1758, o pároco de Mozelos, o padre José Ferreira Dias

descreve a igreja situada fora de todos os lugares que compunham

a freguesia, sendo orago S. Martinho e tinha três altares: o

mor com o Santíssimo Sacramento e as imagens de S. Martinho,

Santa Ana e Santa Gertrudes; os colaterais de Nossa Senhora

do Rosário, com as imagens do orago, Santo António, S. José e

o Menino e o do Santo Cristo, onde estava Nossa Senhora das

Dores, Santa Luzia, S. Sebastião e Santa Quitéria (TT: Memórias

Paroquiais de 1758: vol. 25: nº 252: Fls. 1881-1884).

A igreja paroquial de provável construção seiscentista, de que

subsistem a fachada principal, reconstruída no final do século

XVIII e século XIX, com a remodelação das modinaturas e feitura

de novas estruturas retabulares, bem como a construção

das modinaturas do arco triunfal e coro-alto, semelhantes aos

existentes na igreja de Mosteirô.

É de planta poligonal composta por nave, capela-mor, anexo e

torre sineira adossados ao lado direito, com coberturas interiores

diferenciadas em falsas abóbadas de berço, ostentando pintura alusiva

ao orago e aos Evangelistas, e iluminada uniformemente por

janelões rasgados nas fachadas laterais. A fachada principal remata

em frontão, com os vãos rasgados em três eixos, formados pelo

portal seiscentista, de verga reta e ladeado por pilastras e por duas

janelas do coro. A torre sineira tem cobertura em coruchéu piramidal

e três registos, o superior com quatro ventanas, tendo acesso

pela face posterior, que também acede ao coro-alto. As fachadas

rematam cornijas, são flanqueadas por cunhais apilastrados e as

laterais são rasgadas por portas travessas. Interior com coro-alto em

cantaria, bastante amplo, sendo algumas das capelas do templo e

o arco triunfal sublinhados a cantaria, este último com espaldar de

inspiração borromínica, remetendo para o final do século XVIII.

Possui púlpitos confrontantes, com acesso pelo muro. Capela-mor

com retábulo de marmoreados fingidos neoclássico, do mesmo estilo

dos retábulos colaterais e dois dos laterais, sendo os demais de feitura

mais recente (CALADO:Igreja Matriz de S. Martinho: P9770).

A Igreja é vasta, relativamente ao tipo paroquial. Reconstruiram-na

na segunda metade do século XIX, e em 1920, a capela

– mor foi substituída. O edifício anterior estava num nível bastante

mais baixo, a sul, na mesma direção, entre a atual estrada

e uma rua inferior.

Conservaram na fachada o aspeto regional do gosto setecentista

austero, com a torre à direita. Externamente o corpo é de

portas travessas e de janelas simples.


300 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Púlpito e lambril da

igreja paroquial

No arco cruzeiro interpretaram a disposição de altas pilastras a

enquadrar o vão, completada do habitual remate., O respetivo entablamento

corre nas paredes colaterais, como cimalha de pedra.

Há arcos retabulares, pequenos, cavados nas paredes dos

flancos.

São dois os púlpitos, no gosto comum.

O coro-alto, como nos tipos equivalentes, apoia-se em largo

arco frontal, de cantaria, em forma de asa de cesto.

Todos os retábulos são posteriores à reconstrução: dois colaterais

ao arco-cruzeiro, mais dois nos arcos dos flancos, os quais seguem

os tipos tradicionais, o principal que é já do século XX, havendo

ainda outros dois mais modestos, abaixo das portas travessas.

Esculturas modernas e algumas antigas; estas sem interesse

especial.

Lambris de azulejo de série (Academia Nacional de Belas Artes:

Inventário Artístico de Portugal: Distrito de Aveiro-Zona Norte:92).

Desde a criação das Juntas de Paróquia, em 1836, as intervenções

e obras na igreja passaram a ser feitas por decisões da

Junta que, ficou com os poderes das confrarias nessa matéria.

Por isso, as atas das suas sessões refletem tal realidade. Aliás

boa parte do conteúdo das atas da Junta consta de assuntos de

natureza religiosa, de caráter patrimonial, o que aconteceu até à

implantação da República.

Assim sendo, dá-se, a seguir, notícia de tais atos.

Em 28 de março de 1838, a Junta reuniu para deliberar o

modo como se devia fundir o único sino que havia na igreja, por

não haver outro que chamasse os fiéis à celebração dos ofícios

divinos. Foi decidido acrescentar mais 13 arrobas de bom metal,

para obter os fundos necessários através de uma finta lançada

sobre os paroquianos (AJFM: Liv. de Atas nº1).

Em 29 de julho de 1838, a Junta deliberou nomear para tesoureiro

encarregado de correr com as despesas do sino o sacristão

da freguesia, Diogo Soares Alves, da Quintã, que recebeu da

coleta feita o montante de 221.930 reis (ID.: IBID.).

Em 21 de outubro de 1838, a Junta deliberou comprar umas

cortinas de damasco de seda para o arco cruzeiro da igreja, visto

não haver nenhumas e serem absolutamente necessárias para o ornato

do mesmo templo. Para o efeito, foi decidido que se solicitasse

aos paroquianos seu concidadãos um donativo voluntário, Mais

foi deliberado que se nomeassem dois homens peritos que fizessem

o orçamento de quanto poderiam importar, tendo sido nomeados

António Alves Cazas, da Vergada, e Luiz Alves Gomes, de Seitela,

mestres alfaiates. Recolhidos os donativos, constatou-se, na sessão


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

301

de 28 de outubro, que não foi obtida a quantia suficiente, ficando a

faltar 50.000$000. Face à situação, a Junta decidiu recorrer à quantia

de 43.000$000 pertencentes à Confraria de Nossa Senhora do

Rosário, devendo, para o efeito, obter aprovação do Administrador

Geral do Conselho do Distrito (ID.: IBID.).

Em 28 de abril de 1839, a Junta constatou ser necessário fazer,

de novo, os telhados da igreja, por estarem muito arruinados

e quando chovia causava grande dano, não só ao forro da igreja

mas também às paredes. Foi decidido nomear como louvados

dois mestres trolhas para calcularem a despesa, tendo sido escolhidos

José Leite de Oliveira, do Murado e Joaquim Pereira, de

Lamas (ID.: IBID.).

Tornou-se necessário recolher fundos para se proceder à

reparação dos telhados da igreja paroquial, no montante de

59.000$250. Nesse sentido, a Junta da Paróquia decidiu, em 5

de maio de 1839, lançar uma finta sobre os paroquianos a seguir

discriminados em proporção dos seus teres e aberes.

Em 9 de junho de 1839, foi estabelecida a quantia de 2.400$000

a ser transferida pelo regedor ao secretário da côngrua do pároco

(ID.: IBID.).

Em 15 de agosto, compareceu na sessão da Junta o mestre trolha

José Leite de Oliveira, para serem feitos os apontamentos da feitura

do telhado que deveria ser feita da forma seguinte, a qual se transcreve

para se ter conhecimento das técnicas usadas na época:

– As caleiras e coberturas sobreporiam 4,5 polegadas, devendo

as caleiras ser cravejadas em todos os carreiros, desde o

princípio até ao fim em todos os cantos, donde se sobrepõem as

mesmas caleiras e seria precintado um carreiro sim e outro não

de 10 em 10 carreiros levaria 2 carreiros dobrados e o cume seria

de telhões grandes.

– O arrematante era obrigado a lavar todas as coberturas, antes

de as assentar por causa da sujidade para que a cal melhor lhe pegue.

– O arrematante era obrigado a compor o gurdapo (sic) onde

o mesmo se achasse arruinado ou podre por causa das goteiras

bem como a ripar onde fosse preciso, para que em toda a extensão

da igreja fique em segurança e capaz de sustentar o telhado,

sendo tudo pregado.

– O arrematante seria obrigado a levantar as caleiras do beiral,

que estivessem fora do alinhamento, devendo levantar e assentar

de novo todas as coberturas.

– O arrematante era obrigado a dar toda a telha que faltasse

e os telhões para o cume e deveria ser boa, dar a cal e deixar o

Varas

Salva


302 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Interior da igreja paroquial

telhado pronto, segundo os presentes apontamentos, devendo

o traçamento da cal ser de duas partes de saibro e uma de cal,

devendo o saibro ser da saibreira de Meladas ou outra igual.

– Os telhados deveriam ser branqueados a cal fina em toda

a igreja por dentro para a branquear, sendo primeiro obrigado a

varrer as paredes para que a mesma cal pegue melhor, devendo

ser obrigado a cobrir os altares para quando varrer as paredes e

caiar não lhe caia sujidade. Era obrigado também a branquear o

batistério, a casa dos mordomos, bem como a tomar as goteiras

e tomar algumas goteiras que chovam na dita casa, bem como a

tomar as que chove na casa de fábrica que são nos quatro cantos

da mesma e algumas pelo meio.

– O arrematante era obrigado a comprar os vidros que faltavam

nas friestas do corpo da igreja, bem como na casa dos

mordomos e a friesta da torre e tomar a cal uma puxadela que a

torre tinha na frontaria e as outras ao entrar do coro.

– O arrematante não poderia fazer o traçamento da cal sem a

assistência de um membro da Junta.

– Se o arrematante faltasse a algumas das condições era obrigado

a recuperá-las.

– Era obrigatório entregar ao arrematante toda a telha que se

achasse na igreja velha, bem como a que estivesse na capela-mor

velha, no valor de 14.000$000 em que estava avaliada, sendo a

condução e mais trabalhos à custa do arrematante e o resto que

se lhe ficar a dever segundo a sua arrematação, ser-lhe-ia pago

em 3 pagamentos. A obra foi arrematada em 18 de agosto a António

Joaquim Belinha, do Casal Meão, de Lourosa pela quantia

de 60.900$000 (ID.: IBID.).

Em 3 de setembro de 1842, em virtude de uma circular do

Governo Civil e por ordem do Prelado Diocesano, constante

dos capítulos de visita, foi deliberado proceder a obras de trolha

e de carpinteiro e nomeados como peritos Luiz Alves Gomes, de

Seitela e José Luiz Pereira, do Sobral, que estabeleceram que o

arrematante deveria pôr uma fechadura no batistério com chave,

duas dobradiças e um cano de palmo e meio, fazer 3 taburnos

novos, na entrada porta principal da igreja, da mesma forma do

que lá estava.

Devia fazer 2 confessionários de castanho, fixos e pintados,

compor e pintar os dedos da imagem de S. José, S. Martinho,

Senhora do Rosário, S. Sebastião, compor os caixões da sacristia,

onde se guardavam os paramentos.

Deveria pôr na sacristia um lavatório de folha, com uma torneira

de estanho, solhar a sacristia, com soalho novo, solhar o

celeiro, deitando-lhe uma trave, armar de novo o aido e coberto


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

303

da residência, fazer duas empenas novas de castanho para a sala

e quarto, pôr vidros, pintar e compor a cloaca que ficava ao norte

das casas e solhar o quarto da sala e fazer algum remendo que

fosse necessário na residência. Compor a porta do aido, chumbá-

-la, bem como fazer outra nova, tudo em pinheiro.

No que dizia respeito a obras de trolha, era obrigado a dar

toda a telha que faltasse no telhado, aido, alpendre, cozinha e

sala, bem como saibro, cal e os telhados do celeiro, deveriam ser

colocados cumes e beirais e deverá sobrepor as telhas umas nas

outras, deveria rebocar e caiar o quarto da sala todo de novo. A

sala deveria ser retocada quando fosse preciso e deveria ter um

fiador. O primeiro pagamento seria feito dentro dos primeiros

15 dias, após o arranque da obra e o segundo no fim da obra. A

obra foi arrematada em 2 de outubro de 1842 por 49.500$000 a

José do Couto Nogueira, do Sobral.

Em 14 de julho de 1842, reuniu-se a Junta presidida pelo Padre

Vicente Oliveira Xavier, os vogais, o regedor substituto, os

tesoureiros das confrarias, o procurador da igreja, o juiz da cruz

que lavraram um auto de responsabilidade e multa por virtude

de uma circular do Administrador do Concelho, para que todos

os adornos da igreja que estavam em poder de várias pessoas

deviam fazer a sua imediata entrega, comprometendo-se a não

emprestar trastes alguns das confrarias para fora da freguesia sob

pena de pagar cada um 1.200$000 para a confraria.

Em 2 de março de 1872, os paramentos da igreja foram examinados,

tendo-se constatado os que precisavam de reforma,

conserto ou lavagem. Na sessão seguinte, o vogal Aranha propôs

a compra de novos ao que se opôs o vogal Santos, por não haver

meios para os adquirir. Em 17 de junho, foi dada a informação

de que os arranjos e consertos dos paramentos haviam custado

2.420$000. Entretanto, foram compradas umas andarilhas para

o altar-mor que custaram 1.820$000.

Em 17 de julho, foi constatada a falta de cera na igreja, tendo

sido encarregado o vogal Aranha para ordenar ao mordomo da

cera que suprisse essa necessidade. Em 17 de setembro, os vogais

faltosos a uma reunião anterior, justificaram-se informando que

tinham estado ocupados com a realização da festa da Senhora

que teve um orçamento de 15.000$000.

Em 17 de outubro, a Junta mandou avisar o procurador da

igreja para cuidar da sua limpeza e deitar água nas pias.

Nas despesas previstas constavam a festa da Senhora do Rosário,

a cera para as missas, sacramentos e defuntos, livros de

assentos e mais guisamentos tudo no montante de 40.500$000.

Pia Batismal

Sacristia


304 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Cruzeiro e igreja ao fundo

– Consertos de urgente necessidade no frontispício da igreja,

o qual ameaçava repentina desmoronação (sic), que foram orçados

em 33.600$000.

– Reconstrução dos tetos da igreja, capela-mor e sacristias,

que estavam em iminente ruína por terem apodrecido os madeiramentos

com as chuvas que os telhados não vedavam, tudo

orçado em 163.000$000.

Ainda foram lembradas outras obras na igreja e suas dependências,

alguns paramentos e objetos de culto, tudo de pouca

necessidade, mas que não seriam então encaradas para não sobrecarregar

os paroquianos com mais derramas, tratando-se só

do que era inevitável.

Em 3 de outubro de 1873, o Bispo do Porto enviou a quantia

de 83.000$000 provenientes da Bula da Cruzada destinados

às obras da igreja. Em 3 do mesmo mês, foi decidido mandar

reconstruir o antigo batistério com um arco de pedra que, de

novo, se metesse por baixo do existente, obra que orçava em

33.000$000. Também se entendeu fazer obras no telhado da casa

dos mordomos que estava em prejudicial ruína, e que custariam

48.000$000, para além das paredes da casa da igreja e suas dependências

as quais poderiam custar 78.000$000.

Em 21 de Dezembro de 1874, foi transmitida a informação de

que havia fiéis que, por devoção, pretendiam fazer obras na igreja

e nas suas dependências, nomeadamente, caixões novos na sacristia,

novo estuque na mesma, porta do batistério, algumas pinturas

e algumas alfaias, como sacras, estante do missal e outras mais.

Em 4 de maio de 1876, foi discutida a urgente necessidade de

algumas obras na igreja, requisição de alguns paramentos indispensáveis

ao culto. Era necessário reparar o pavimento da igreja

que estava em estado de mísera ruína, alastrando-se por baixo do solho

com asfalto para evitar o tortulho, o guarda-vento existente dentro

da entrada da igreja é tão incómodo, insuficiente e até impróprio que

mais se pode dizer um estorvo que se deve retirar de lá de que um objeto

que mereça conserto pois ele está velho e não serve- Os paramentos de

mais necessidade eram: uma capa de asperges roxa, manga roxa

para a cruz e duas dálmaticas. Para custear as ditas obras e aquisições

seriam necessários 295.000$000.

Em 23 de fevereiro de 1878, o Presidente informou que os

telhados da casa das sessões e das sacristias estavam arruinados

e que era necessário examiná-los. Verificou-se que metiam água

e por isso mandou chamar um trolha que se encarregou de fazer

os consertos necessários.

Em 8 de outubro de 1880, a Junta foi informada de que a

igreja fora contemplada com a quantia de 35.000$000 pelo distribuidor

da Bula (AJFM:Liv. Atas nº 1).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

305

Em 16 de agosto de 1886, a Junta teve conhecimento por um

requerimento apresentado pelo tesoureiro e mesários da confraria

do Santíssimo Sacramento pedindo providências da violência

que lhes fora feita na festa da capela de Meladas impedindo-lhes

o seu direito no uso das alfaias da confraria e desapossaram das

opas já distribuídas, pelas pessoas a quem os mesários haviam

distribuído, resultando uma tão grande confusão e violência que o

pálio e outras alfaias ficaram fora do poder do próprio tesoureiro.

Face ao exposto, a Junta deliberou que, sendo da sua competência

exclusiva a guarda e administração de todos os haveres pertencentes

às irmandades legalmente eretas, ordenou que o referido

tesoureiro, a quem estavam confiadas e sob a sua guarda imediata

as alfaias referidas, promovesse sem demora a sua pronta restituição,

ficando entendido que enquanto a Junta não assumisse a

administração direta das ditas alfaias era o tesoureiro o único responsável

por elas para com a Junta, bem como enquanto existir,

de facto, a confraria do Santíssimo ilegalmente ereta e a Junta não

impugnar a sua existência, declarou a Junta o dito tesoureiro competente

para distribuir, nas procissões e festejos que se fizerem na

freguesia as mesmas alfaias pelas pessoas que entender, sob a sua

responsabilidade. Em sessão extraordinária de 14 de Dezembro de

1886, conseguiu a harmonia entre os tesoureiros das confrarias

do Santíssimo Sacramento e de Santa Luzia, tendo ficado decidido

que tesoureiros das ditas confrarias dariam as opas em geral, isto

é, o tesoureiro da confraria de Santa Luzia entregaria ao tesoureiro

do Santíssimo Sacramento quatro opas e receberia deste varas,

ficando cada um com quatro varas e quatro opas, ficando o pálio

à guarda do tesoureiro do S. Sacramento e as opas no domínio

da confraria de Santa Luzia. O tesoureiro era obrigado a oferecer

uma vara do pálio e opa nos dias das outras festas, ficando assim

os responsáveis pelas outras festas duas varas e duas opas do pálio.

Na sessão seguinte realizada em 16 de Dezembro, apareceram

duas pessoas com as alfaias pertencentes às confrarias de S. Sebastião

e de S. Martinho (ID:Livro de Atas nº 2).

Em 8 de março, o presidente propôs que se fizesse a limpeza

dos altares e o conserto de alguns paramentos, o que foi aprovado

(ID:IBID.).

Em 5 de maio de 1898, um ciclone ocorrido de 1 para 2 do

dito mês causou graves estragos no telhado e na cruz de pedra

do frontispício da Igreja, tendo a Junta deliberado proceder aos

arranjos necessários com a maior urgência que importaram em

15.000$000 (ID:Livro de Atas nº 3).

Em 18 de abril de 1902, a Junta decidiu fazer um orçamento

especial para reparar os telhados da igreja que estavam em esta-

Interior da capela de Meladas

Cruz paroquial


306 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Resplendor

do de ruína, convidando para o efeito como peritos para a obra

um carpinteiro e um trolha devidamente habilitados. Em 20 de

junho, foi apresentado o orçamento de carpintaria que orçava

em 670.000$000 e o de trolha em 850.000$000. Face ao montante

do valor apurado, foi decidido contrair um empréstimo para

custear as referidas obras, decidindo, para o efeito, convocar os

vinte eleitores maiores contribuintes da freguesia, em virtude do

disposto no artº 177 do Código Civil em vigor. Em 27 de junho,

compareceram 16 desses eleitores, os quais aprovaram por maioria

da proposta da Junta que deveria obter depois a aprovação do

Governo de Sua Majestade.

Em 15 de agosto, a questão foi, de novo, posta à consideração

da Junta pelo seu presidente que informou o seguinte: o cume da

igreja estava a desmoronar-se chovendo por quase todo o templo a

ponto de destruir os altares; o madeiramento da armação está podre,

devido às chuvas, pelo mau estado do telhado em virtude da telha

ser já muito velha; que o forro da mesma igreja está a cair de podre;

os soalhos do coro, as grades do mesmo e as do corpo da igreja estão

também podres e quebradas; as paredes precisam de ser rebocadas por

dentro e por fora, devendo levar por dentro uma faixa de azulejos na

altura de um metro e cinquenta centímetros para evitar os estragos das

humidades e mesmo para a limpeza devida; a esquadria está descompensada

e coberta de musgo; e finalmente devido ao violento ponto da

armação deve ser coberta com telha de tipo francês, mesmo para evitar

o grande peso que a atual telha faz com a cal que lhe é precisa. Os

orçamentos de tudo atingiam o montante de 1 conto e 520 mil

reis, quantia que a Junta não possuía. Por tal motivo, tornava-

-se necessário lançar uma derrama aos contribuintes, à razão de

15%, mas que seria insignificante. Assim sendo, o melhor meio

passaria pela contração de um empréstimo, por meio de ações

de 10 mil reis cada uma com o vencimento do juro de 5% ao

ano e amortizável por sorteio, mas ainda com a dita percentagem

de 15% levava muitos anos a solver o empréstimo importando

assim mais despesas para o processo, bem como a continuação

do pagamento dos juros agravava a situação financeira, por isso,

era razoável que se pedisse ao Governo de Sua Majestade autorização

para o empréstimo para que a derrama fosse de 40% para

que a paróquia se visse mais depressa livre de encargos. Para tal

era necessário obter o parecer dos 20 maiores contribuintes. A

Junta aprovou a proposta e convocou os ditos contribuintes e do

Regedor para uma sessão especial. Em 18 de agosto a esmagadora

maioria dos grandes contribuintes aprovou a decisão da Junta

(ID.:IBID.).

Entretanto, em 3 de junho de 1904, a Junta comunicou que

fora constituída uma comissão de voluntários que percorreu

toda a freguesia para angariar contributos para as obras da igreja,

tendo sido informado que a dita comissão já arrecadara um

conto e 300 mil reis dos paroquianos que era a quantia quase su-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

307

ficiente para liquidar todas as despesas. A Junta congratulou-se

com o facto e manifestou a sua gratidão aos membros da referida

comissão. Face a esta realidade a Junta considerou estarem reunidas

as condições para adjudicar a empreitada (ID.:IBID.).

Em 14 de novembro de 1908, a Junta decidiu pintar as grades

das escadas exteriores da igreja e consertar as sanefas da igreja

(ID.: Liv. de Atas nº 4).

Em 12 de junho de 1911, a Comissão obteve de várias pessoas

a informação sobre as alfaias religiosas que estavam a seu

cargo e na sua posse, a saber:

José de Barros – uma cruz, uma salva, um resplendor, um

colar tudo de prata e três opas de seda branca;

Bernardino Ferreira Coimbra – uma cruz de prata, uma bandeira

muito usada, seis opas brancas de seda muito usadas, uma

umbela de damasco, um turíbulo de prata, uma naveta de prata,

um vaso de metal sem valor, uma vara de prata, um pálio de

damasco, seis lanternas de folha-de-flandres, uma bandeira de

damasco usada, seis opas de seda vermelha;

António Domingues da Silva – duas cruzes de prata, uma caldeirinha

e hissope de prata, uma coroa de imagem de prata, uma

campainha de cobre, seis opas de seda vermelha em bom uso, três

de seda vermelha em bom uso e três de seda branca também usadas;

José Francisco Alves – Uma cruz, uma salva, dois castiçais

tudo de prata, uma bandeira de damasco usada e quinze opas de

seda vermelha usadas;

José Alves Ferreira de Amorim – uma cruz de latão, duas

lanternas, três opas de seda vermelha usadas, uma bandeira de

damasco muito usada;

Quintino Ferreira da Silva Lamas – uma cruz de latão, três

opas de seda branca usadas;

Joaquim Ferreira Coelho – uma bandeira de damasco muito

usada, três opas de seda branca muito usadas;

António da Silva Rosário – uma bandeira de damasco muito

usada, três opas de seda vermelha usadas;

Benjamim Ferreira Coimbra – a cruz paroquial de prata, três

opas de seda vermelha muito usadas (ID.;Liv.de Atas n.º 5).

Em 4 e 18 de setembro de 1927, a CA deliberou mandar consertar

o relógio da igreja pelas vantagens que tem para a vida da

comunidade, que custou 27$80 (ID.:Liv. de Atas nº 8).

Em 1941, a igreja foi alvo de obras, de acordo com comunicação

do pároco, padre António de Oliveira Maia, ao delegado

do Comissariado do Desemprego do Distrito de Aveiro.

Neste ofício, é referido que as obras começariam em 8 de

junho, em coordenação com a comissão fabriqueira.

Resplendor

Coroa prateada

Cruz processional


308 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Santa Luzia

Santa Teresinha

As ditas obras estavam a ser feitas por operários da freguesia

que se ofereceram para contribuírem com dias de trabalho, para

além da oferta de carretos de materiais por parte de várias pessoas

e ainda com a oferta de materiais. Face a esta generosa realidade,

era pedida autorização oficial para que as obras pudessem

ser feitas por administração direta, o que foi autorizado.

As obras começariam pelo levantamento da cúpula da torre

que teria de subir 1,3 m, de acordo com projeto próprio. Foi

pedido ao referido comissariado que mandasse para a obra um

oficial de trolha trabalhar 4 ou 5 dias nesse levantamento (APM:

doc. Avulso).

Em 15 de maio, foi concedida a comparticipação e 17.340$00

para as referidas obras com a obrigação de contratar operários

desempregados. A obra estava orçada em 56.680$00 (ID.:IBID.).

Em 1960, foi concedida licença pelo Ministério das Obras

Públicas, delegação de Aveiro para obras na igreja, designadamente

colocação duns azulejos com desenhos alegóricos, representando

imagens religiosas (ID.:IBID.).

Em 2002, a Câmara Municipal concedeu um subsídio de

4.000 contos para os arranjos exteriores da igreja.

Atualmente a igreja tem as seguintes capelas:

Nossa Senhora de Lourdes e as de Santa Maria Bernardete

São João Bosco;

S. José com a imagem a ensinar o Menino, ladeado por duas

mísulas com Santa Teresinha e S. Lourenço;

Santa Luzia com a imagem do orago e a do Menino;

Santo António com as imagens do orago, ladeada pelas de S.

Sebastião e de S. Vicente de Paula.

Na capela colateral do Evangelho, está a imagem de Nossa

Senhora das Dores e o Crucificado, tendo no nicho inferior, o

Sagrado Coração de Jesus. Na capela oposta, estão as imagens

de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora das Graças.

No retábulo-mor, estão as imagens de S. Martinho e das Santas

Mães (Calado:ID.:IBID.).

CAPELA DO PINHEIRO DAS SETE CRUZES

Santas Mães

É dedicada aos mortos pela Pátria, na última invasão francesa,

a 11 de maio de 1809.

Uma das muitas guerrilhas, organizadas por iniciativa particular

para hostilizarem o inimigo, foi chefiada aqui por um

homem que, infelizmente, só tem sido conhecido por Catafu-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

309

la, residente na povoação de Olivães. Num assalto matou três

soldados franceses. Preso com outros, considerados cúmplices,

desejou confessar-se, para o que foi chamado o Padre João de Sá

Rocha. O comando da força do invasor quis levar este a revelar

a confissão, na esperança de vir a conhecer os nomes de todos

os cúmplices ao que ele dignamente se recusou. O nobilíssimo

sacerdote foi fuzilado conjuntamente com aqueles e, como eles,

suspenso do pinheiro. Seu irmão Manuel, morto pelos mesmos

no sítio das Barrancas foi arrastado para aqui. No pinheiro cravaram

mais tarde cruzes comemorativas. Uma sobrinha, como

abaixo se diz, mandou erguer o oratório.

A capela encontra-se na estrada nacional (EN1 – hoje IC2)

do lado do poente. O pinheiro estava desviado uns cinquenta

metros para o norte, segundo um homem da região nos indicou:

caiu com o temporal a 7 de novembro de 1954.

A capela é do tipo de certas regionais de alminhas, pequena,

a porta rectangular, datada de 1865, com os cunhais tratados,

bem como a linha da empena.

O topo interno é cheio da parte de baixo, a semelhar mesa de

altar, e em cima por painel pintado à maneira popular. Vê-se no

alto deste, Cristo-crucificado; à esquerda a parte religiosa tradicional

com Santo António e abaixo a Senhora do Carmo e as Almas

do Purgatório; é à direita e em cima o sacerdote a conversar ou a

confessar os quatro outros, a seu lado o pinheiro donde pendem

os enforcados, na parte inferior a cena do fuzilamento.

Na parte da mesa lê-se: Aqui foram mortos pelos franceses/ a 11

de maio de 1811(sic) o Verº Pe João de Sá Rocha e seu irmão e outros/

nascidos no lugar de Esmojães, freguesia de Anta.

Abaixo e ao lado direito: Por gratidão de sua/ sobrinha Frcª de

Sá d’Oliveira/ do lugar de Idanha/freguesia de Anta. Ao outro os

versos ingénuos: Vós que tendes sentimentos/lembrai-vos dos nossos

tormentos/Vós que aqui passais/Lembrai-vos de nós cada vez mais!

Se estas palavras foram escritas com a intenção do pedido

usual de preces, sejam hoje o duma grata e comovida lembrança

por aqueles que, em seus limitados recursos, procuraram vingar

a Pátria e deixar nobre exemplo de firmeza moral e indefetível

vontade de a continuar livre e senhora dos seus destinos.

Tão alto é o significado desta modesta capela que deveria ser isolada,

tratada a sua envolvência, assinalado o seu sítio a quem passe.

No sítio das Barrancas, no antigo trajecto da estrada, hoje levemente

afastada pela posterior rectificação, já no concelho de Gaia,

uma outra mais modesta comemora Manuel da Rocha. No interior,

o quadro do tipo tradicional; sobre a porta uma lápide de mármore,

mais recente, diz: Barrancas/11 de maio de 1809/ Manuel de Sá Rocha

Capela do Pinheiro das Sete Cruzes


310 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Capela do Pinheiro das Sete Cruzes

é fusilado/ pelos franceses, à vista de sua Mãe/ Esta cai também morta de

dor/Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso (ID.:IBID:92 e 93).

O Padre Miguel de Oliveira (Campanha: 11 e 12), apresenta

também a sua versão dos acontecimentos, dizendo que ainda é

viva a vindicta sangrenta, a última que os franceses praticaram

na retirada, com o seguinte relato do acontecimento.

Vagueava por esta região um indivíduo de má fama e piores

ações, chamado Catafula. Era de Olivães, freguesia de Nogueira

da Regedoura.

Um dia, num esforço patriótico, matou três soldados franceses.

O Catafula quis confessar-se e foi chamar o Padre João de

Sá Rocha, capelão do convento de Monchique (Porto) que se

encontrava em Anta, sua terra natal.

Os franceses obrigaram o Padre a revelar a confissão do Catafula,

para virem ao conhecimento de todos os seus cúmplices.

O venerável Padre Rocha cumpriu nobremente o seu dever:

não revelou uma só palavra da confissão do Catafula. Por isso

foi arcabuzado e pendurado no histórico Pinheiro das Sete Cruzes

juntamente com o seu irmão Manuel, com o Catafula e mais

quatro condenados. Manuel de Sá Rocha fora morto pelos franceses

no sítio das Barrancas e depois arrastado até junto dos

cadáveres do irmão Padre e companheiros executados.

Passados anos, uma sobrinha do virtuoso Padre Rocha, de

nome Francisca Alves de Sá, da Idanha (Anta), mandou construir

construir, junto ao Pinheiro, uma Capelinha, em cujo retábulo

mandou gravar estes dizeres:

Aqui foram mortos pelos franceses a 11 de maio de 1809, o

venerando Padre João de Sá Rocha, seu irmão Manuel e outros

nascidos no lugar de Esmojães, freguesia de Anta.

Vós que tendes sentimentos

Lembrai-vos dos nossos tormentos

Vós que por aqui passais,

Lembrai-vos de nós cada vez mais

Interior da Capela do

Pinheiro das Sete Cruzes

Há também notícia de que os franceses mataram dois homens

nas Airas (S. João de Ver) e desceram para Arcozelo onde

praticaram roubos e outras violências.

Aliás, em carta dirigida ao nosso ministro da guerra, sobre as

operações no Minho, disse Artur Wellesley: Tenho visto muitas pes-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

311

soas pendentes, enforcadas em árvores ao longo das estradas, executadas

por nenhuma razão que eu possa saber, senão porque não eram amigas da

invasão dos franceses, nem da usurpação do seu país, e podia traçar-se a

rota da sua retirada pelo fumo das aldeias a que foram lançando fogo.

O Pinheiro das Sete Cruzes, uma relíquia única no País, é

hoje propriedade nacional, embora situada numa quinta particular,

que sendo uma árvore secular, tinha ainda, em 1945,

bastante vida. Foram ali fuzilados o Padre João de Sá Rocha, o

seu irmão, entre sete portugueses. Nas rameiras deste histórico

pinheiro foram pendurados os cadáveres das vítimas, ficando

durante algum tempo ali expostos ao público a atestar a sanha

dos invasores franceses.

CAPELAS PRIVADAS

CAPELA DA QUINTA DE MELADAS

A capela é do tipo seiscentista, dedicada a Nossa Senhora do

Pilar, é pequena e baixa, como era usual nas antigas casas. Tratada

na frente por meio de pilastras nos cunhais, porta de cornija,

linhas rectas na empena. Porta lateral para o pátio. Retábulo de

madeira dourada, dos fins do século XVII, de tipo plano, quatro

colunas torcidas e só de parras, com pequeno remate. A escultura

da titular, pequena, data do século seguinte (ID.:IBID:92 e 93).

Esta capela é comemorativa da antiga igreja paroquial de

Meladas, cuja freguesia foi extinta devido a uma grande peste e

fome que dizimou quase toda a população e que tinha como passal

a atual quinta de Meladas, que pertenceu à família Vanzeller.

Antes de ser igreja paroquial era ermida do padroado do

mosteiro de Grijó. Em 1320, tinha rendimentos muito modestos,

estando taxada em 10 libras. Em 1365, o referido mosteiro

recebia desta ermida uma fogaça de alqueire e meio de trigo, 2

capões e uma cabaça de vinho (Livro das Campainhas:1986:28).

Em 1707, o licenciado José Palmer da Silva, da cidade do Porto,

solicitou a reedificação da capela de Nossa Senhora de Agosto

que era dos fregueses, e queria mudá-la para a reedificar na

sua quinta de Meladas ficando a fábrica por conta dos fregueses

como era dantes outro sítio e pretendia obter a respetiva licença.

Passou a chamar-se capela de Nossa Senhora de Meladas.

Feita a visita após a reconstrução no referido local verificou-se

Exterior e interior da Capela da

Quinta de Meladas


312 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Patena

que estava acabada com retábulo e os ornamentos necessários

para se poder celebrar missa. (08/001).

Capela semi-pública, mereceu um requerimento de Rita Vasconcelos

Porto Vanzeler, em 10 de julho de 1947, invocando que

lá não se exercia o culto durante mais de vinte anos e que agora

era necessária uma grande reforma, deitando-se armação nova,

soalho, reboco de paredes e pintura.

Foi solicitado que o pároco a pudesse benzer após a realização

das obras.

Tal foi feito em 1947.

A capela era antiquíssima, propriedade particular da família

Vanzeller, que sempre a zelou cuidadosamente e franqueou em

certo dias do ano ao povo até à implantação da República, data

em que foi acintosamente arrolada. Desgostosos os proprietários

abandonaram-na, deixando-a fechada depois de lá retirarem os

objetos religiosos.

Em 3 de outubro de 1926, Fernando Vanzeller e esposa enviaram

um documento à Comissão Administrativa comunicando

que pretendiam intentar uma ação cível de processo ordinário

contra o Estado, porque no cumprimento da Lei de 20 de abril

de 1911, a referida capela foi arrolada pelo Estado, que pertencia

aos autores, em 3 de novembro de 1911, com as imagens de Nossa

Senhora das Candeias e de Nossa Senhora do Pilar. Nunca a estes

foi retirada a posse efetiva da mesma capela e só extrajudicialmente

tiveram conhecimento de que ela havia sido arrolada e inventariada.

Logo que tal souberam fizeram uma reclamação graciosa

que foi julgada improcedente. Esta capela havia sido construída a

expensas do Reverendo José Palmer Xavier, tio em grau remoto

dos autores o qual sempre a conservou em seu domínio e posse,

direitos estes que transmitiu e têm sido mantidos pelos seus

herdeiros. A referida capela achava-se construída sobre o terreno

dos autores, tendo aliás a sua frente para o caminho público que

divide a quinta em duas partes. É certo que por tolerância dos

proprietários exercia-se na dita capela o culto público em certos

dias do ano mas isso nada significava contra a sua propriedade indiscutível.

Consideravam que tinha o valor de 5 mil escudos. Face

a esta exposição, o presidente era de opinião que a capela era dos

ditos proprietários, não tendo a Junta nem a freguesia qualquer

domínio sobre ela e que aos proprietários deveria exigir-se que

franqueassem a capela com inteira liberdade do povo querendo-se

utilizar dela como era costume, desejando apenas ver reservado

esse direito. Os restantes membros da CA manifestaram o seu

acordo a este parecer. Deviam assim os proprietários disponibilizar

a capela aberta nas ocasiões seguintes:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

313

1ª – Dia 2 de fevereiro, a que chamavam o dia de Nossa Senhora

das Candeias, tendo lugar na capela, entre outras cerimónias

a bênção da cera;

2ª- Dia anterior à Ascenção, dia em que a Igreja celebra as

Rogações, ou seja, o 3º dia das Ladainhas de maio, como é vulgarmente

conhecida, saindo da igreja matriz uma procissão que se

dirigia à capela, onde tinha lugar a conclusão desta cerimónia,

fora e dentro da mesma capela;

3ª – Segundo domingo de agosto em que se realizava uma

festa de culto interno e externo denominada Senhora do Pilar,

celebrando-se missa solene e estando a capela, durante o dia à

disposição do povo;

4ª – Dia 15 de Agosto em que ali se celebrava a segunda missa

com a assistência do povo.

Sendo assim a CA considerou incontestavelmente que a capela

pertencia aos ditos proprietários, reassumindo a sua posse e

domínio sob as condições atrás expressas.

A CA deu plenos poderes ao seu presidente para a representar

em juízo, podendo passar uma procuração a um advogado

que ficasse encarregado do processo (AJFM:Liv.de Atas nº 7).

Mais tarde, a víuva do dr Cristiano Vanzeler restaurou-a ficando

muito linda.

Não havia lá nada que brigasse com a decência. Tinha interiormente

as medidas de 6,5 x 4m.

Tem a porta principal voltada para a via pública, estando a

fachada dela unida ao portão e a um alto muro que veda a quinta.

Tem duas frestas em grade de ferro e vidros e também umas

pequenas portas que dão acesso à sacristia e ainda um pequeno

pátio que dá passagem para a casa do caseiro e a um pátio grande

que fica fronteiro à casa dos proprietários. Tem uma sineira

com uma antiga sineta, um rico altar com retábulo de talha dourada,

pedra de ara sagrada com o santo sepulcro inviolado, dois

crucifixos, um dos quais está na sacristia, um missal com estante,

dois muito antigos, um cálice de prata dourada com patena, quatro

casulas de damasco branco, uma casula de veludo vermelho,

três bolsas de corporais, alguns corporais, sanguinhos e manustérgios

de linho, algumas toalhas de linho para o altar três salvas

de linho fino e renda, duas credências, uma cómoda, algumas

gavetas, treze imagens, estando cinco em nichos do altar.

Em 5 de setembro de 1947, o Pároco Padre António de Oliveira

Maia, devidamente autorizado por provisão do Senhor

Cálice e Patena


314 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Bispo, procedeu à bênção da capela de Nossa Senhora do Pilar

na presença de Fernando Vanzeler, José Alves, Aventino Pereira

Monteiro e Irene Alves Fernandes (001/0701).

CAPELA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

OU DE S. BRÁS

Está situada no lugar de Sobral, tendo sido seu fundador o Padre

Celestino Pinto Ferreira em 1852. Era lugar de oração, de celebração

de missas e de saída de algumas procissões. Numa determinada

altura, Joaquim Sousa Barros (Ripolim) ofereceu a imagem

de S. Brás, como pagamento de promessa, pelo que passou a ser

denominada pelo nome deste santo. Atualmente está em ruínas.

CAPELA DE S. JOSÉ DE MOZELOS

Em 1671, foi solicitada a edificação desta capela.

Nas Memórias Paroquiais, aparece situada no lugar de Almeixa,

do qual há indicações de nascimentos até 1810.

Foi administrada por Miguel Faria Lobo e tinha a obrigação

de missa rezada todos os Domingos e dias santos de guarda e uma

em dia de Sta. Teresa de Jesus, outra em dia de Sta. Rosa. No dia 4

de maio tinha um ofício de cinco padres na paróquia de Mozelos.

Tudo isto constava no título da dita Capela. Tinha renda sabida

que lhe pagava a mitra do Porto de oitenta alqueires de centeio e

vinte e sete alqueires de trigo e vinte e nove de milho, dez galinhas

mais seis alqueires de centeio e meia canada de manteiga.

Não foi possível saber o local exato da sua implantação.

ALMINHAS

ALMINHAS DO SENHOR APARECIDO

Estão situadas no lugar de Goda e terão sido fundadas em

1782 pela família Coelha.

A razão da sua construção prende-se com o facto de, num dia

muito invernoso, a senhora Coelha viu uma imagem do Senhor

e a família mandou edificá-las. Está atualmente à responsabilidade

dos descendentes da referida família.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

315

OUTRAS ALMINHAS

Em 1959, o pároco, padre António de Oliveira Maia mandou

elaborar um projeto para executar, no muro de suporte do cemitério,

umas alminhas. Esta obra seria executada em cantaria lavrada a

pico fino, devendo as juntas apresentar a menor espessura possível.

Na parte inferior haveria uma peça de bronze, chumbada,

com uma ranhura para esmolas.

Inferiormente, prevê-se uma porta em chapa de ferro pintada

que permitia o acesso à caixa das esmolas (APM:Doc. Avulso).

Para além das referenciadas, há ainda as Alminhas da Vergada

(três Alminhas), uma na Rua do Alecrim, uma no Gesto

(na rua da Seitela), uma na Rua de Prime, uma no Outeiro do

Moinho e uma na rua das Arnelas.

Alminhas no muro do Cemitério

CRUZEIRO

Fica no extremo do terreiro (arraial) da Igreja. Deve ter sido

deslocado de outro ponto. Poderá ser do século XVII. Grande,

de braços rectangulares, faces percorridas de almofadados bem

marcados, pedestal decorado de motivos simples.

RESIDÊNCIA PAROQUIAL

Em épocas anteriores, foi feita referência à existência e estado

da residência paroquial.

Em 1857, é referida a existência da residência paroquial e em

1871, as sessões da Junta eram lá realizadas.

Em 5 de agosto de 1912, o pároco, Padre José Alves Coelho

entregou à Junta as chaves da residência paroquial em virtude da

intimação que recebera para a despejar (AJFM:Liv. de Atas nº 5).

No século XX, há vários documentos referentes às obras realizadas:

30.09.1929 – Obras de pedreiro – 4.300$00;

Outras obras – 12.837$45;

25.11.1929 – Obras no montante de 1600$00;

15.02.1930 – Obras diversas – 47.200$00;

17.05.1930 – Obras diversas – 25.500$00;

06.12.1930 – Obras de trolha – 13.199$45;


316 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

28.12. 1930 – Trabalhos e materiais de obras – 11.000$00;´

15.01.1934 – Obras diversas – 13.199$00 (ID.:IBID.).

Ao longo dos tempos, a comunidade foi contribuindo em

trabalho, materiais e dinheiro para obras. Várias empresas da

freguesia também deram a sua contribuição financeira, tendo,

um empresário, contribuído com 25.000$00.

Também a CM de Santa Maria da Feira concedeu um subsídio

de 25.000$00, correspondendo assim a um apelo do pároco

feito às autarquias, às empresas e aos paroquianos.

Em 8 de novembro de 1993, o conselho económico da paróquia

de Lourosa contribuiu com 500 contos para as obras de restauro e

de beneficiação da residência, justificando esta contribuição com o

facto do seu pároco, padre José Coelho, usufruir, há vários anos,

desse espaço como sua residência. (APM: Doc.Avulso).

SALÃO PAROQUIAL/CENTRO PAROQUIAL

Em 31 de janeiro de 1972, a Junta manifestou o seu incómodo

e a vergonha pelo chamado salão paroquial, revelando que

pretendia proceder à sua demolição, bem como do espaço onde

funcionava a Junta de Freguesia, o muro da residência paroquial,

alinhando assim toda aquela zona para a casa denominada a República.

O Presidente da Câmara, Alcides Branco, não só aceitou

a dita demolição, como prometeu a construção de um novo edifício

destinado a casa da Junta.

Entretanto, a Junta entrou em negociações com o pároco da

freguesia, Padre António de Oliveira Maia para auscultar sobre

a possibilidade de serem satisfeitas as intenções atrás formuladas.

Foi sentida a necessidade de marcar uma audiência com

o Senhor Bispo ou um seu representante. Foi constituída uma

comitiva formada pelo executivo da Junta, pelo Pároco e pelo

Regedor que foi recebida pelo Vigário-Geral da diocese que fosse

remetido um ofício ao Pároco pedindo a demolição do referido

salão, o que foi cumprido. O Pároco reuniu, entretanto,

com a Comissão Fabriqueira para dar o seu parecer favorável

à pretensão. Depois da entrega desta documentação, foi exigida

uma declaração da Junta, onde era cedida parte da casa sede.

Foram realizadas consultas nas Finanças onde foram pedidos

os elementos necessários que justificassem como propriedade da

igreja o referido salão, tendo sido exibido um auto de entrega e

demais documentos justificativos que pudessem ser exibidos pelos

vindouros e todos os mozelenses que quisessem saber como

tinham decorrido estas transações da demolição,entre a Junta, o

Paço e a Paróquia (AJFM:Liv. de Atas nº 12).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

317

Sentia-se a necessidade de um salão paroquial. Quando era

pároco, o padre António de Oliveira Maia, foi elaborado um

projeto e feitos orçamentos das obras:

Pedreiro – 98.000$00;

Trolha – 62.000$00;

Carpinteiro – 28.000$00;

Restantes artes – 15.000$00;

Total – 203.000$00.

Honorários na elaboração do projeto – 2.000$00;

Honorários do cálculo de betão – 2.000$00;

Fiscalização durante a construção – 3.000$00;

Total – 7.000$00 (APM:Docs. avulsos).

Em 11 de abril de 1995, o pároco, padre Bernardino de

Queirós Alves, enviou aos paroquianos uma carta em que falava,

de novo, na construção do Centro Paroquial, o que já havia

sido feito aquando do canto das janeiras. O padre Bernardino

confessava que não se poderia esperar mais tempo, pois, se tal

não acontecesse, daí resultaria um prejuízo sério para o desenvolvimento

humano e da fé de muitos cristãos.

Não havia espaços suficientes para as atividades pastorais, nem

salas para trabalhos de grupos, designadamente, catequese, serviço

de jovens, grupos de formação e de oração, conselho pastoral,

entre outros. Daí a urgência de começar em breve a construção.

Revelava ainda que Mozelos era das poucas paróquias que não

tinha um centro paroquial Nesta carta, o pároco solicitava a cada

paroquiano que integrasse uma comissão de angariação de fundos.

Entretanto, a Câmara Municipal já dera o seu contributo,

elaborando o estudo do terreno e retocando o projeto da obra.

Foi constituída a seguinte comissão de obras:

Joaquim Ferreira da Costa, José Pinho Ferreira, Manuel Oliveira

Martins e Domingos Pereira do Espírito Santo.

Foi decidido avançar com a obra em duas fases:

1ª – Passagem por casa dos paroquianos, para obter contributos,

sob várias formas, organização de uma lista de empresas

e listagem de emigrantes;

2ª – Contacto com várias entidades e estudos de outras formas

de atuação.

Foram constituídas equipas de paroquianos em cada lugar da

freguesia (APM: Doc. Avulso).

Em 1996, o Grupo Amorim contribuiu com 8 mil contos

para as obras do Centro Paroquial.


318 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 1967, a Câmara Municipal concedeu um subsídio de

6.000 contos para a construção do Centro Paroquial.

O Centro foi inaugurado em 21 de setembro de 1997, com a

presença do bispo da diocese, do presidente da Câmara, do presidente

da Junta, dos membros da comissão de obras e de grande

número de paroquianos.

Na circunstância o pároco, padre Bernardino, referiu que todos

sem excepção estamos de parabéns e integro também todos os operários

e empreiteiro. Muita gente simples fez esforço e teve que fazer contas à

vida para partilhar o que partilhou, tirando a outras coisas nem sempre

secundárias. Ora isto tem muito valor. Alguns fizeram-no em silêncio,

anonimamente. (…) A obra é de todos e para todos. Para o ter, só

tem valor se está ao serviço do ser, (…) Aqui queremos fazer a promoção

humana, apoiar jovens e crianças com actividades variadas. Queremos

apoiar as famílias nos grandes problemas e desafios que lhes são feitos.

Queremos alegrar a vida dos tristes, acolher os que andam errantes, dar

sentido à vida daqueles que o perderam (APM: Doc. Avulso).

Salão Paroquial de Mozelos


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

319

PATRIMÓNIO MÓVEL

Em 1836, quando foram constituídas as Juntas das Paróquia,

procedeu-se ao inventário de todos os objetos pertencentes às

confrarias eretas na igreja paroquial.

CONFRARIA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Um cálice, um vaso de prata pequeno do sacrário, um dito

de pau pequeno do dito, um padrão de latão com Santo Cristo,

quatro lanternas de folha-de-flandres, sendo duas velhas, uma

lâmpada de latão, duas bandeiras de damasco, vermelho com

cruzes de latão, treze opas sendo cinco com bom uso, um par de

cortinas de damasco vermelho com sanefa e galão de lã, um dito

de chita com sanefa e galão de lã, um turíbulo de latão, naveta e

colher, um santo sudário, um frontal roxo de damasco com galão

e franja de lã, um pálio vermelho de damasco forrado de seda

com seis varas de latão, uma umbrela de oleado forrado de seda

branca, duas toalhas de altar, uma de paninho e outra de linho,

três morteiros de ferro, mais quatro lanternas douradas novas.

Legados que recebeu:

Diogo Soares, de Ermilhe, cada ano – 300 reis;

Manuel Fernandes Araújo – 90;

José de Castro – 100;

José Francisco Loje – 100;

Abade de Lourosa, Bento José de Torres – 300;

José Ferreira, de Outeiro do Moinho – 305;

Maria, solteira, do Rio – 50;

Custódia, viúva, da Quintã – 730;

Luis Cabreira, de Nogueira – 620;

José Alves Velho, de Nogueira – 55;

Manuel da Mora, de Ermilhe – 170;

José de Sousa, do Casal – 25;

Francisco da Conceição, de Seitela – 270;

Arnaldo Vanzeler, de Meladas – 1.150;

António do Oliveira, do Murado – 160;

Francisco do Pereira, do dito – 135;

José Francisco Espigado, do dito – 620;

Manuel Paes, do dito – 525;

Varas

Naveta


320 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Um alqueire de milho que é obrigado a pagar António de

Barros, de Crestuma, por disposição que fez o Padre João de

Barros Nogueira, que foi desta freguesia em 26 de maio de 1709;

Um ribeiro sito no Fundão, que lhe foi deixado pela mulher

de Joaquim Alves, do Outeiro do Moinho, que traz arrendado

Custódia Maria, viúva, da Quintã por 500 reis por ano.

Objetos pertencentes à Fábrica

a cargo do tesoureiro do Sacramento:

Custódia

Uma vestimenta de damasco verde, três ditas de seda branca,

duas ditas de damasco vermelho, uma dita de seda roxa, uma

dita de dita preta, uma dita de bélbute preto, uma capa de asperges

de seda roxa, uma dita da dita usada, um frontal de seda

brana, seis cordões de linho, uma estola paroquial nova de seda

roxa, uma dita de seda velha, um porta celi de seda, uma bolsa

de seda vermelha com véu e corporal, uma dita da dita verde

com véu e corporal duas ditas da dita brancas com véus e corporais,

uma dita da dita roxa com véu e corporal, três alvas de

linho com flores de talagage, uma dita de paninho com folhas da

dita, três toalhas de linho de lavatório, uma toalha de altar-mor

de paninho com folhas de caça, três amitos de linho, um ritual de

Paulo V, dois livros de defuntos, dois missais, uma chave do sacrário

de prata, um crucifixo da sacristia, uma mesa de castanho

com dois gavetões e dois armários, uma cadeira paroquial, um

vaso de estanho, umas sacras e umas galhetas de vidro.

Objetos que se acham a cargo do Juiz da Cruz:

Uma cruz de latão com Santo Cristo, uma opa de seda vermelha

usada, duas ditas de serafina uma vermelha e outra roxa,

uma manga de veludo vermelho da cruz, uma dita do dito preto,

uma caldeira de latão, uma campainha de metal um sino que

existe na torre, quebrado.

Objetos pertencentes à Confraria de Nossa Senhora

do Rosário e a cargo do seu tesoureiro:

Cruz processional

Uma cruz de latão com Santo Cristo e a sua manga;

Duas lanternas de folha de flandres;

Duas bandeiras de damasco uma verde, outra branca com

suas cruzes de latão;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

321

Uma vara de latão do tesoureiro a acompanhar a procissão;

Quinze opas de saetas, oito velhas e sete usadas;

Um par de cortinas e sanefa de damasco vermelho com galão

de prata dourada;

Três cortinas de damasco vermelho velhas;

Duas toalhas do altar em mau estado;

Uma lâmpada de latão;

Quatro castiçais e cruz de pau com crucifixo;

Três morteiros de ferro;

Mais cinco opas de seda vermelha;

Existe no cofre em poder do tesoureiro em dinheiro – 2.130 reis;

Um assinado feito por João Pereira e mulher, do Fundão da

quantia de 40.800 reis de juro, aos 28 dias de Dezembro de 1834.

Legados:

Uma obrigação a pagar cada ano a António de Barros, de Crestuma

por disposição feita aos 26 dias de maio de 1709 para o Padre

João de Barros Nogueira de um alqueire de milho. É obrigado a

pagar Joaquim Pereira da Cruz, do Casal, um alqueire de milho.

Castiçal

Objetos pertencentes à Confraria de Santa Luzia e

que se acham a cargo do seu tesoureiro:

Um véu de ombros de damasco branco com galão de seda;

Uma alva de pano de linho;

Duas dalmáticas de damasco branco com galões de seda;

Uma casula com seus pertences;

Duas peças de cetim vermelho do altar;

Duas lanternas de folha de flandres com vidros;

Um padrão de latão;

Uma bandeira de lã;

Seis opas usadas de sarafina, sendo três ordinárias;

Sete ditas de seda, quatro brancas e três vermelhas;

Quatro castiçais e uma cruz de pau.

Existe um cofre em poder do tesoureiro:

Um assinado de Manuel José de Oliveira da Conceição feito

em 13 de fevereiro de 1822 na importância de 36.750 reis, de que

se pagou por conta em 10 de abril do corrente ano 20.000 reis

que param em mão do tesoureiro José Fernandes Ribeiro;

Andor de Santa Luzia


322 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Um dito de Inácia Maria, viúva, hoje seu filho António Carvalho,

feito aos 20 dias de fevereiro de 1822 na importância de

13.860 reis;

Um dito de Manuel Lopes e mulher feito em 19 de junho

de 1831 na importância de 12.600 reis;

Um dito de António de Oliveira e mulher feito aos 28 dias

de junho de 1831 na importância de 13.790 reis.

Objetos pertencentes ao Mártir S. Sebastião e a cargo

do tesoureiro de cera:

Casula

Duas opas novas de princesa;

Duas opas velhas de saeta;

Cinco toalhas de altar ordinárias;

Uma lâmpada de latão;

Um caixão de guardar a cera;

Quatro castiçais e uma cruz do altar.

Objetos pertencentes à Confraria das Almas e a cargo

do seu tesoureiro:

Três opas de saeta branca com murça verde em bom uso;

Uma bandeira de lã com cruz de latão;

Quatro castiçais e uma cruz do altar.

Opa

Em 30 de novembro de 1839, a Junta entregou um cortinado

de damasco de seda a Manuel Fernandes de Araújo para ele

o guardar, sendo apenas obrigado a dá-lo para servir nos dias

festivos da paróquia, não o podendo emprestar para fora da freguesia.

De cada vez que o emprestasse e caso tal viesse ao conhecimento

da Junta, haveria procedimento correcional contra ele,

sendo condenado na quantia que o delegado julgasse merecedor

e que nunca seria inferior a menos de 7. 200$000 até 15.000$000.

Ficaria obrigado por sua pessoa e bens a cumprir tais normas.

Em 5 de março de 1858, procedeu-se a nova revisão dos inventários

das confrarias, o mesmo acontecendo em 11 de agosto

de 1861 e 18 de maio de 1862, 20 de março de 1864, 10 de

setembro de 1876 e 16 de Dezembro de 1878 (AJM: Junta da

Parochia: Capítulo I: livro nº 9: 1 a 17v).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

323

AUTO DE ARROLAMENTO

Em 3 de novembro de 1911, procedeu-se ao auto de arrolamento

dos bens da igreja de Mozelos, no decurso da Lei de

Separação da Igreja e do Estado (AHMSMF- 7- Liv. 116).

Em 28 de março de 1915, o Administrador do Concelho solicitou

à Junta que convocasse os membros do Agrupamento Cultual

Transitório da freguesia para que comparecessem na casa

das sessões da Junta para fazerem entrega dos objetos de culto

pertencentes à igreja dos quais eram detentores ou responsáveis

e receberam a respetiva quitação. Em 30 de março, realizou-se a

dita reunião tendo sido entregues os diferentes objetos de culto e

atribuídos os respetivos valores (AJFM: Liv. de Atas nº 6).

Em 28 de setembro de 1929, foi dada a informação na sessão

da CA que fora publicado no Diário do Governo 1ª série, nº

143 de 26 de junho, o auto de entrega à Corporação Fabriqueira

Encarregada do Culto Católico da freguesia de Mozelos a igreja

paroquial, as capelas de Meladas e do Pinheiro da Cruz, com as

suas dependências, objetos de culto, quintal anexo à residência

paroquial, a antiga residência, excepto a parte ocupada pela escola,

para além de todos os bens móveis constantes no Auto de

Arrolamento (ID.:Liv. de Atas nº 8).

Em 10 de julho de 1929, foram entregues ao pároco da freguesia

padre Manuel Vieira Pinto, como presidente da corporação

encarregada do culto católico da freguesia de Mozelos, no

cumprimento da portaria nº 62445 de 22 de junho de 1929, os

bens imóveis e móveis da Igreja Paroquial, que tinham sido subtraídos

à posse da Igreja em 3 de novembro de 1911, por força da

Lei de Separação da Igreja do Estado (AHMSMF- 7- Liv. 116).

Foram entregues para uso e administração da paróquia de

Mozelos a igreja paroquial e as capelas de Meladas e do Pinheiro

das Cruzes com as suas dependências e objetos de culto, quintal

anexo à antiga residência e desta parte não ocupada pela escola

do ensino primário geral, bens estes oportunamente arrolados

por efeito legal, mandava o Governo da República que àquela

corporação se fizesse entrega do que agora lhe fica pertencendo,

o que se fez com a intervenção do administrador do concelho,

pelo presidente da comissão administrativa da freguesia de Mozelos,

foi entregue ao presidente da corporação encarregada do

culto católico. Seguem os bens aplicados ao culto público da religião

católica da freguesia de Mozelos, de que se vinha tratando

e que, em devido tempo, foram arrolados, a saber:

Igreja matriz com sua torre com dois sinos e duas sacristias

contíguas que fazem entrejunto do mesmo edifício pelo lado do

nascente e compondo-se a igreja dos seguintes altares:

Iconografia de Santa Luzia


324 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Altar de Santo António

Cálice

Capela-mor com seu altar, trono, painel pintado a óleo e mais

quatro altares da invocação do Senhor, da Senhora, da Santa

Luzia e do Mártir.

Imagens distribuídas pelos altares: Capela-Mor, S. Martinho

e um grupo de Nossa Senhora, Santa Ana e Menino.

Altar do Senhor – imagem do Senhor dos Aflitos, Senhora

das Dores e Coração de Jesus.

Altar da Senhora – Senhora do Rosário, Menino Jesus e Coração

de Maria.

Altar de Santa Luzia – duas imagens de Santa Luzia, Santa

Gertrudes e S. José.

Altar do Mártir – imagem de S. Sebastião, Santo António,

Senhora do Parto e Menino Jesus.

22 castiçais de madeira dourada, 5 crucifixos, 15 sacras, tudo

distribuído pelos diferentes altares.

Um batistério com pia de pedra e 1 crucifixo e 2 castiçais

de metal amarelo, uma lâmpada de metal amarelo, 3 lustres de

cristal, 8 de tocheiros de madeira, sendo 4 bons e 4 ordinários,

14 quadros de via- sacra, 6 confessionários feitos de madeira, 2

credências, 3 bancos de madeira, uma cadeira paroquial, 3 missais,

escadas de madeira, sendo uma de abrir, 50 jarras de louça

de diferentes tamanhos e feitios, 40 ramos de flores artificiais, 10

toalhas de linho, grandes, 5 pequenas.

Na sacristia, um gavetão de castanho, 3 armários de pinho, 4

bancos, um turíbulo e naveta de metal amarelo, uma caldeirinha

do mesmo metal, uma cruz paroquial do mesmo metal, 3 opas de

seda branca usadas, 7 opas de saeta vermelha usadas, 3 de seda

roxa, também usadas, 2 opas de morim brancas com capuz vermelho,

3 opas de seda branca usadas, um paramento com estola

e manípulos, vermelho, outro branco, outro vermelho e 3 alvas,

2 síngulos, uma estola paroquial roxa, um véu branco de ombros,

uma capa de asperges vermelha usada, outra roxa e 5 pares de

sacras, um baldaquino, uma campainha em bronze, 4 lanternas

ordinárias, uma armação de igreja composta do seguinte: cortinados

para o arco cruzeiro, dito para o altar do Senhor, dito para

o altar da Senhora, dito para o altar do Mártir, dito para o altar

de Santa Luzia, ditos para 3 portas laterais, ditos para os púlpitos

e um frontal para a porta principal tudo de pano vermelho adamascado,

sendo o frontal de baeta vermelha e uma coleção de

paramentos, branco, amarelo, para os atos festivos, outra coleção

de paramentos pretos. Uma vara de prata, no sacrário, um cálix

de prata e outro de metal amarelo e prata, uma cruz de prata,

uma salva do mesmo metal, uma coroa do mesmo metal e um

colar do mesmo e 3 opas de seda branca, um padrão de prata,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

325

uma bandeira de damasco branca, 6 opas de seda branca, uma

umbela de seda, um turíbulo de prata, uma naveta de prata, uma

custódia de prata, um vaso de metal, uma vara de prata, uma pala

de damasco, 6 lanternas de folha de Flandres, uma bandeira de

damasco vermelho e 6 opas vermelhas, 2 padrões de prata. Uma

caldeirinha e híssope do mesmo metal, uma coroa de imagem do

mesmo metal, uma campainha de metal branqueado, 6 opas de

seda branca em bom uso, 3 ditas usadas e 3 ditas brancas também

usadas e 3 ditas brancas também usadas, um padrão de latão e

3 opas brancas, uma bandeira de seda branca e 3 opas de seda

vermelha, mais a cruz paroquial de prata, uma salva do mesmo

metal, 2 castiçais do mesmo, uma bandeira de seda vermelha, 15

opas de seda vermelha, uma cruz de latão, 2 lanternas, 3 opas

vermelhas, uma bandeira de seda branca e 3 opas de seda branca.

Capela de Meladas com as imagens da Senhora das Candeias

e a do Pilar, sita no lugar do mesmo nome, a confrontar de norte

com caminho público e dos mais lados com Francisco de Vanzeler.

Capela do Pinheiro das Cruzes com painel a óleo, com motivos

da guerra peninsular, sita no Picoto, a confrontar no nascente

com estrada real, do Porto a Lisboa e dos mais lados com

Jacinto de Figueiredo.

Foi dito neste ato que sobre a posse da capela de Meladas

corre um litígio judicial (AMSMF: Livro dos Arrolamentos dos Bens

das Igrejas).

Turíbulo e Naveta



PATRIMÓNIO CIVIL

PATRIMÓNIO CIVIL


Na página anterior, sede da Fundação Albertina Ferreira de Amorim


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

329

QUINTAS E CASAS HISTÓRICAS

QUINTA DE MELADAS

Representa um antigo vínculo que nos últimos tempos era

indicado como dos Vanzelleres. Passou para a posse da Família

Ferreira Amorim. Na entrada, o portão moderno e, à sua direita,

a capela tradicional. Dentro, o largo pátio com a casa de vãos

rectangulares e ainda as secções agrícolas, ocupando o centro um

velho carvalho que o ensombra.

CASAS CONSTRUÍDAS COM A

HERANÇA DO BRASILEIRO

Há um conjunto significativo de casas construídas em Mozelos

e em Argoncilhe que foram pagas com o dinheiro resultante

da herança deixada pelo brasileiro António Alves Ferreira, que

tendo deixado Portugal com 9 anos, acumulou uma colossal fortuna,

no Brasil, resultante da sua atividade de farmacêutico, a

partir do seu doutoramento em farmácia. As informações sobre

estas casas foram extraídas da obra de Orlando da Silva, Manuel

Laranjeira, Vivências e Imagens de Uma Época.

– CASA DE BERNARDINO ALVES FERREIRA, SEITELA

A casa de Bernardino Alves Ferreira, irmão do brasileiro, no

lugar do Murado construída em 1892, foi mandada edificar por

ele, passados 2 anos após ter recebido o quinhão da herança.

Três anos mais tarde, mandou construir, para si e para a sua

família, um jazigo no cemitério da freguesia.


330 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– CASA DOS CAMELOS, VERGADA

Esta casa foi mandada construir por Salvador Fernandes Camelo,

irmão de Manuel Laranjeira, logo que entrou na posse

da parte da herança do tio da esposa, António Alves Ferreira, o

brasileiro. A herança não serviu apenas para edificar palacetes,

mas também para construir jazigos perpétuos, como o que foi

feito pelo dono da Casa dos Camelos, onde foi sepultada uma

sobrinhita de Manuel Laranjeira.

Esta casa terá sido comprada por Luís Ribeiro Nunes, avô

de Paula Ferreira Coimbra (1911-1989) que faleceu em S. Paulo,

Brasil, compra esta que ocorreu quando a fortuna de Salvador

Camelo entrou em colapso (Silva:OB. CIT.: 490) .

– CASA DE BERNARDINO FERREIRA COIMBRA,

VERGADA

Foi construída em 1892, oito anos antes da construção do jazigo

capela de José Ferreira Coimbra e de sua mulher Ana Maria

Regal, co-herdeiros da fortuna do brasileiro. D. Ana Maria era

irmã germana de António Alves Ferreira. Pertence, actualmente,

a Maria Zélia Nogueira Leando Oliveira.

– CASA DE MARIA FERREIRA COIMBRA (DO REGAL),

VERGADA

Esta casa que foi de Maria Ferreira Coimbra, foi construída em

1892, também com o dinheiro oriundo da herança do brasileiro. Pertence,

actualmente, a Henrique Barros.

– CASA-PALACETE DE DOMINGOS DO REI,

VERGADA

Domingos Fernandes da Silva (1861-1913), mais conhecido

por Domingos do Rei, regressou apressadamente do Brasil, para

onde tinha emigrado para casar com uma sobrinha do brasileiro,

Maria Alves Ferreira, que mal soube que o tio tinha falecido

repentinamente em Paris, habilitou-se ao quinhão que lhe cabia

da herança. Mandou então construir a sua casa na Vergada, em

1896. Domingos Fernandes da Silva, que, segundo testemunhos


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

331

da época, terá sido um cacique local. Foi a primeira pessoa da

Vergada a possuir automóvel.

– CASA DE ANA FERREIRA COELHO, MELADAS

Esta casa foi construída em 1899, com dinheiro da herança

do brasileiro.

– CASA DE SALVADOR COELHO DA SILVA NEVES,

VERGADA

Salvador Coelho da Silva Neves, casou com Delfina Alves

Ferreira, sobrinha do brasileiro e coherdeira da sua fortuna.

Seguindo o exemplo de outros herdeiros, esta família mandou

edificar um jazigo-capela.

Viviam temporariamente em Espinho, onde tinham casa

montada na rua de Bandeira Coelho.

Uma sua filha, de nome Maria, veio a casar com Augusto

Cupertino de Miranda, na altura, recém-formado em direito e

que veio a ser administrador do concelho de Espinho.

– CASA DA PANECA, VERGADA

Esta casa, como era conhecida na Vergada, pertenceu a Jacinto

Figueiredo, natural de Argoncilhe, que, tendo enviuvado de

uma outra sobrinha do brasileiro, casou, em segundas núpcias,

com Ermelinda Pereira Soares, doméstica, de Grijó, Vila Nova

de Gaia. O nome paneca era a alcunha de Ermelinda que, segundo

algumas informações, teria sido arrancada à prostituição,

cumprindo com a celebração do casamento, uma promessa feita

em transe aflitivo da sua vida. Ao contrário dos outros herdeiros,

Jacinto Figueiredo mandou construir um jazigo subterrâneo.

– CASA DA FAMÍLIA DO DR. FERREIRA DA SILVA


332 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

CASAS DO LARGO DO MURADO

Casa da Família Amorim, sendo, actualmente, sede da Fundação

Albertina Ferreira de Amorim.

– CASA DA FAMÍLIA DO DR. FEITEIRA MAIA

Local onde nasceu Dr. Feiteira Maia teve o seu consultório de

médico de clínica geral.

– CASA DA FAMÍLIA RIOS DOS SANTOS

Casa de D. Amélia da Quinta, onde nasceu o Padre Amaro

dos Santos. Actualmente, propriedade de Serafim Rios dos Santos.

– CASA DE HENRIQUE MARTINS

Casa originalmente edificada por Roberto Milheiro da Costa.

– CASA DE HABITAÇÃO DO DR. FEITEIRA MAIA

Atualmente habitada por sua esposa.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

333

– CASA DO DR. FERNANDO COSTA

Habitação e local do seu consultório de clínica geral. Seu filho

Roberto construiu e viveu numa casa, também no Murado,

posteriormente adquirida por Henrique Martins, .

– CASA DE AMÉRICO PAULO AMORIM

Outrora proeminente industrial de cortiça mozelense.

CASA DE BERNARDINA PINTO TAVARES

Construída em 1879 tendo sido adquirida por Vitorino Alves

Ribeiro, que, por sua vez, a vendeu a Joaquim Alves Miranda,

seu actual proprietário.

CASA DA QUINTÃ

Propriedade original de família Amorim da Quintã, erigida

em 1774, posteriormente adquirida por Álvaro Coelho

Edifício primitivo da Quinta da Quintã.


334 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

CASA DE MAXIMINO MARTINS

Ainda proriedade da família, mas tualmente desabitada

CASA DE JOÃO ESPÍRITO SANTO

Originariamente propriedade do Prof. Teixeira.


PATRIMÓNIO INSTITUCIONAL



SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

337

ASSOCIATIVISMO CIVIL E RELIGIOSO

EM MOZELOS

IGREJA HOJE E AQUI

A Igreja é em primeiro lugar o Povo congregado à volta do

seu Senhor, que se apresenta como o Pastor que conduz o seu

rebanho e conhece cada uma pelo seu nome. É o espaço humano

onde se vive a fé, a esperança e a caridade. Está no meio do

Mundo como sal, luz e fermento. Tem um projeto (o Evangelho)

e atua com a sua força no mundo para o tornar humano, justo

e fraterno. A defesa da dignidade de cada pessoa é a sua preocupação

central. É um Povo unido na diversidade de línguas e

culturas como o Pentecostes o expressa.

Acompanhando a história dos homens, vive solidária com

todas as mudanças e partilha da condição sofredora ou alegre

das pessoas e dos povos. Defende a igualdade de tratamento de

todas as pessoas e promove relações de partilha e comunhão entre

todos. Somos uma grande família à volta do Pai Comum.

Promovemos o Ecumenismo e o diálogo que leva á reconciliação.

Este espírito era mais forte no testemunho das primeiras

comunidades cristãs que se seguiram à era apostólica.

Com as perseguições dos primeiros séculos, provocou-se a

diáspora e a Igreja espalhou-se por várias terras e cresceu. Isso

exigiu que se organizassem e a Igreja tornou-se uma Instituição.

Nos nossos dias temos uma Igreja numerosa e com forte impacto

na sociedade e no Mundo.

Hoje ela está presente em todo o Mundo e tornou-se Comunidade

de Acolhimento, dando relevo à dimensão missionária,

levando a Boa Nova aos mais sofredores e carenciados e criando

estruturas de libertação, de solidariedade e de promoção e educação

para a Paz.

Hoje a Igreja tem um papel decisivo na Sociedade e tornou-se

uma grande instituição com serviços em todas as vertentes da

vida humana. Qualquer abordagem acerca da Igreja tem que

abordar os dois aspetos: Instituição e Carisma.

Ao longo da história a Instituição muitas vezes se deixou influenciar

pelo poder e modos autoritários de o exercer. Esqueceu-se

que o poder é serviço, como nos mostra a festa de Cristo


338 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Residência paroquial

Rei. Muitas vezes a relação Carisma/Poder (instituição), tornou-se

competitivo e com episódios de rutura. Apesar disso, a Igreja teve

ao longo da História gestos e vivências proféticas salvando pessoas

e povos de morte e da miséria. Esta ação da Igreja, marcou a

história passada e recente. E, hoje com o Papa Francisco, isto torna-se

claro com o reconhecimento generalizado e surpreendente.

Muito haveria a dizer sobre a Igreja em Mozelos e do seu

crescimento no meio da dor. Muitos acontecimentos marcaram

estes últimos 50 anos de vida.

Mas todos os acontecimentos se devem ler no seu contexto,

pois o texto sem contexto é pretexto. Muitos acontecimentos tirados

do seu contexto ou sem análise das causas pode levar a uma

leitura distorcida ou errada.

Hoje a Igreja em Mozelos procura acompanhar as mudanças

em curso com o forte impacto dos serviços diocesanos e seus Bispos.

Se virmos um organograma da Diocese, veremos como a

Igreja quer estar em todos os espaços da vida dos homens e mulheres

do nosso tempo e ser presença de renovação, criatividade

e participação.

A Igreja do Porto é cada vez mais uma Igreja Acolhedora,

atenta, missionária, abrindo janelas de esperança a tantos que

vivem sem vez e sem voz. A Igreja tem caminhado ao lado deles

em caminhos de libertação e de vida.

Também a Igreja em Mozelos está atenta e ativa. As suas

estruturas de participação e dinamização são disso o sinal. O

Centro Pastoral dá apoio a todos os grupos da Pastoral.

• O Conselho Pastoral representa todos os sectores da Pastoral

e coordena toda a ação da Igreja.

• A Comissão dos Assuntos Económicos faz a gestão dos recursos,

trata da conservação dos edifícios pastorais (igreja, Centro

Paroquial e Residência Paroquial) e gastos com a Pastoral e

partilha com a Diocese.

• A Catequese está organizada para crianças (1º ao 6º ano),

adolescentes (7º ano 10º ano), preparação para o crisma (11º ano

e 12º ano), jovens e adultos. A catequese de Adultos tem sido

difícil implementar, pois foram muitos anos em que a catequese

era só para as crianças. Junto dos pais das crianças, adolescentes

da catequese é onde se tem investido na Catequese de Adultos

no sentido de chegar a ter adultos na fé e no compromisso.

• Pastoral Familiar e Matrimonial – Hoje a Família é um espaço

decisivo para a educação para os valores e escola de Amor

e felicidade. A sociedade é em parte o que forem as famílias. Aí


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

339

se pratica o diálogo e a reconciliação. O trabalho com casais mais

novos é de grande importância e tem sido frágil ou inexistente.

• Pastoral da Caridade: os apoios aos mais carenciados faz

parte integrante da vida cristã de uma Comunidade, com o acolhimento

e a partilha e com todas as formas de aliviar e combater

os sofrimentos provocados por uma sociedade desigual e com

graves injustiças. É um terreno onde falta criatividade e maior

compromisso. Muitos ainda não saíram da sua zona de conforto

e há muito a fazer no combate às causas da pobreza. Não se

pode reduzir tudo apenas ao assistencialismo. A LOC/MTC é

um movimento de ação católica necessário para ajudar a estar no

Mundo do Trabalho de modo cristão.

• Pastoral dos Jovens: além das atividades de nível Diocesano

e Vicarial há o trabalho local. É fundamental continuar com a

formação cristã e com iniciativas no campo do apoio social e da

solidariedade. Tem sido muito importante a sua participação na

Liturgia e a criatividade nas celebrações, bem como a oração de

Taizé que se fazem regularmente para a Comunidade.

A sua ligação à vida da Comunidade é decisiva para o seu

crescimento e para o compromisso. É um setor que exige muita

presença e persistência.

• Liturgia e Música: este sector implica Leitores, Ministros

Extraordinários da Comunhão, Coro, Acólitos e formação litúrgica.

Nestes aspetos os secretariados dão apoio regular.

A Palavra de Deus precisa de ser de estudo e uso diário. A

Lectio Divina praticada por grupos, pela Evangelização de Adultos

e preparação para os Sacramentos.

• Preparação para os Sacramentos: aproveitar para Catequese

de Adultos sobretudo a preparação de pais e padrinhos de Batismo

e o encontro com os noivos.

Este é mais um aspeto que falta na catequese de Adultos. O

Catecumenato para o Batismo de Adultos é ainda minoritário e

a preparação para os batismos de crianças é quase só preparação

para a celebração. Nós fazemos 4 encontros que são importantes

se forem o inicio de outros que se seguem.

Vivemos tempos controversos e complexos que nos vão trazer

novas exigências e desafios, sobretudo no estilo de vida e na

relação com o Planeta. A sustentabilidade exige comportamentos

novos no campo do consumo e do uso de certos produtos

que poluem a Natureza. O Papa Francisco no seu documento

Louvado Sejas, apresenta-nos uma reflexão que nos chama a uma

atitude nova e um mais forte compromisso.

Salão paroquial


340 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Se o futuro está nas mãos de Deus é igualmente verdade que

Deus nos escolheu e enviou para trabalharmos como se tudo dependesse

de nós e confiarmos como se tudo dependesse de Deus.

É a máxima nos Monges Beneditinos: Ora et labora (ora e

trabalha) (Texto do Padre Bernardino Alves, pároco de Mozelos)

CONFERÊNCIA DE S. VICENTE DE PAULO

DE MOZELOS

São Vicente de Paulo

Fundada em Mozelos em 8 de abril de 1995.

As Conferências de S. Vicente de Paulo, atualmente espalhadas

pelos cinco continentes, tiveram origem em Paris no ano de

1833. Frederico Ozanam, um jovem de apenas 20 anos, acompanhado

de alguns amigos, tiveram a inspiração de se unirem para

o serviço dos pobres, dando testemunho da sua fé cristã, mais

por atos do que por palavras. Procuravam assim dar algo dos

seus módicos recursos, da sua presença, do seu diálogo, fazendo

o que lhes era possível para aliviar a miséria e o abandono a que

estavam sujeitos milhares de seres humanos.

Os ideais dos primeiros fundadores foram a partir daí a fonte

inspiradora dos vicentinos que, sendo homens e mulheres,

no meio do mundo, das mais variadas condições sociais, profissionais

e étnicas, procuram ir ao encontro dos mais pobres,

sobretudo daqueles que não têm o mínimo de recursos. Viver o

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, entre os mais infelizes

da sociedade, resume o carisma deste movimento de leigos, presente

em grande número das nossas paróquias.

A freguesia sofreu grandes transformações sociais e urbanísticas,

contudo a pobreza mantém-se nas suas mais variadas formas:

exclusão social, desemprego, baixa formação profissional, a

par de fenómenos como a toxicodependência, violência doméstica

e alcoolismo, que a todos devem preocupar. Hoje, mais do que

nunca. Os Vicentinos procuram estar atentos, dentro das suas

reconhecidas limitações, a estes preocupantes sinais, e dar o seu

modesto contributo para minorar situações flagrantes de carência

que não permitem um mínimo de dignidade ao ser humano.

Colaboram habitualmente nas campanhas dos vicentinos, diversos

voluntários e voluntárias.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

341

TUNA MUSICAL MOZELENSE

Em 24 de junho de 1890, um grupo de Mozelenses que, até

então, se costumava reunir para, com os seus instrumentos animar

diversos acontecimentos, fundou um agrupamento musical

com designação de Troupe Mouzellense. Ao longo dos anos, este

agrupamento foi crescendo, e as suas atuações foram sendo cada

vez mais solicitadas. Chegou mesmo a levantar-se a hipótese de

mandar confecionar um uniforme para uso nas atuações, e que

não chegou a concretizar-se devido à falta de recursos. Decidiu-se

então, usar como peça de vestuário comum, um boné azul com

pala de verniz preto, uso este que mais tarde desapareceu.

A Troupe Mozellense, então dirigida pelo Sr. Manuel Carvalho,

grande impulsionador do agrupamento e possuidor de alguns

conhecimentos musicais que a todos transmitia com entusiasmo,

sentiu necessidade de chamar ao agrupamento um director artístico

com conhecimentos de música mais profundos, que fosse

capaz de elevar o nível das atuações do agrupamento. Foi assim

que surgiram na direção artística nomes como o Padre Manuel

Pereira de Sousa, natural de Mozelos, e o Sr. Serafim Coelho de

Campos. De notar, que o Padre Manuel Pereira de Sousa era

apenas o regente da chamada música sacra (religiosa). Esta situação

de existir um regente para música sacra e outro para música

profana verificou-se várias vezes ao longo do tempo.

Em 17/08/1913, data em que é tirada a primeira fotografia e

hasteada a primeira bandeira, sendo esta a mais antiga recordação

no espólio deste agrupamento, na altura composto por 33

elementos. Em 1920 a troupe Mozelense passou a adotar a designação

atual de Tuna Musical Mozelense. É por esta altura que surge

o grande entusiasta e impulsionador Sr. Domingos Alves Ribeiro

(Lameiro), que até à sua morte em 06/05/1980, muito contribuiu

para o engrandecimento e projeção do agrupamento.

Na década de 30 do século XX, um grupo de dissidentes criou

um outro agrupamento denominado de Tuna Nova de Mozelos,

que decorridos alguns anos, acabou por extinguir-se. Alguns dos

elementos do extinto agrupamento, bem como parte do arquivo

musical e instrumentos, passaram a integrar a Tuna Musical

Mozelense. Este acontecimento, que resultou da união de esforços

da população da freguesia, até aí dividida no apoio aos dois

agrupamentos constituiu um incentivo na vida da Tuna Musical

Mozelense. Em 10 de janeiro de 1977, a Tuna Musical Mozelense,

constituiu-se como Associação Cultural, Beneficente e Recreativa,

através de escritura lavrada notarialmente, com sede na Vila

de Mozelos, concelho de Santa Maria da Feira.

Primeira fotografia da Tuna

Edifício da Tuna


342 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ao longo dos anos, o agrupamento teve várias salas de ensaio

alugadas ou mesmo cedidas gratuitamente. Porém os seus elementos

sempre aspiraram a ter uma sede própria e que só recentemente

e depois de muito sacrifício conseguiram. Em 28 de julho de 1980,

foi lançada a primeira pedra da atual sede. Inaugurada oficialmente

no decorrer das comemorações do seu centenário, que se fica a

dever à boa vontade e sacrifício dos muitos amigos deste agrupamento,

em 15 de novembro de 1981, foi aberta a primeira sala de

ensaio, e cerca de dois anos mais tarde a sala de espetáculos.

Em 1990, enquadrado, ainda, nas comemorações do seu primeiro

centenário, a Tuna Musical Mozelense grava o seu primeiro

LP, com o título Olá Mozelos. Foi atribuído o Diploma de Mérito

Municipal, por ata da Reunião Ordinária da Câmara Municipal

de Santa Maria da Feira, datada de 14 de maio de 1990. Em 1993,

a T. M. M. grava a sua primeira cassete áudio. Em 18 de fevereiro

de 1993 é concedida pelo Governo da República Portuguesa o

título de Associação de Utilidade Pública, publicado no Diário

da República de 10 de março de 1993, II Série. Em 8 de março de

2009, após a realização de obras de remodelação, foi reaberto o auditório,

com capacidade para cerca de 345 lugares sentados, onde

têm decorrido concertos musicais, espetáculos de teatro, festivais

de dança, encontros de coros, festas de beneficência.

Além disso, o auditório tem sido usado para festas escolares,

empresariais e outras. Foi atribuída a Medalha de Mérito Distrital,

pelo Governo Civil de Aveiro, por despacho 43/2011 datado

de 26 de abril de 2011. Em março de 2015, no âmbito das Comemorações

do 125º Aniversário da sua fundação, grava o seu 1º

CD intitulado Tuna Musical Mozelense 125 Anos. Atualmente, a

Tuna Musical Mozelense é constituída por 65 elementos de ambos

os sexos, onde a juventude é maioritária. Dela fazem parte também

um coral com 30 vozes e uma escola de música donde têm

saído elementos de grande valor.

Essencialmente a Tuna Musical Mozelense tem desenvolvido

a sua vertente de ensino da música, orquestra, serviços religiosos,

grupos corais, danças, ginástica de manutenção e programação

de sala. A Tuna tem previsto a breve trecho iniciar a atividade de

ténis de mesa, dando cumprimento ao seu desiderato desportivo.

A regência foi entregue ao Maestro Prof. José Américo Belinha,

tendo tido, como seus antecessores no cargo, desde a década de

20, os Maestros António Fernando Ferreira da Silva, Boaventura

Moreira, Joaquim José Vieira, Joaquim Teixeira, José de Sousa e

José Pereira e ainda os Padres Manuel Vieira Pinto, José Fontes

Baptista e António Oliveira Maia, que legou todo o seu espólio à

Tuna Musical Mozelense.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

343

JUVENTUDE ATLÉTICA MOZELENSE

A prática de Atletismo em Mozelos foi iniciada por um grupo

de sete amigos que gostavam de desporto, sendo o seu primeiro

local de treinos o Monte do Coteiro, impulsionada por António

Ilídio Neves Lourenço, principal elemento na concretização

do sonho de criar uma associação desportiva em Mozelos, a Juventude

Atlética Mozelense. Após uma brincadeira de amigos,

muitos mais se juntaram a esta associação, chegando a ter quase

100 praticantes, sendo necessário haver uma maior organização,

uma vez que passou de um grupo de amigos, que gostavam de

desporto, a uma atividade séria. Assim, a Juventude Atlética Mozelense

foi fundada em 07 de agosto de 1981.

No entanto, e apesar de não ser oficial, o nome Atlética Mozelense

foi o primeiro nome desta instituição, sendo o seu registo efetuado

no dia 18 de novembro de 1985, com a denominação de Juventude

Atlética Mozelense e com publicação em Diário da República a 6 de

dezembro de 1985 (Anexo 2). (…) foi constituída a associação com a

denominação em epígrafe, com sede no lugar da Igreja, na freguesia de

Mozelos, deste concelho (Diário da República n.º 281, 1985).

A Juventude Atlética Mozelense conta já com 35 anos de

existência, começando as suas competições em provas populares,

sendo depois inscrita no Inatel, e só anos mais tarde é que efetua

a inscrição na Associação de Atletismo de Aveiro e na Federação

Portuguesa de Atletismo, continuando até à presente data.

Esta instituição foi criada para fomentar e promover a cultura,

desporto e lazer.

A Juventude Atlética Mozelense, ao longo dos anos, foi alterando

os seus locais de encontro e exposição dos seus troféus. A

primeira sede conhecida foi na Rua do Arco Íris, na casa de um

dirigente. Mais tarde, foi disponibilizada uma sala na Tuna Musical

Mozelense para o funcionamento da sede. Em 1995, esta

passou a ser no rés-do-chão da Junta de Freguesia de Mozelos,

sendo que em 2000, a Juventude Atlética Mozelense teve necessidade

de deslocar a sua sede para uma loja disponibilizada pelo

Sr. Carlos Relvas situada na Rua do Cedro, funcionando como

um estabelecimento provisório.

Em dezembro de 2012, iniciou-se a construção de uma nova

sede da associação, com vista a uma melhoria das condições de

trabalho, de treino e de representação da instituição.

Apesar de ainda não estarem concluídas as obras, a Juventude

Atlética Mozelense já se mudou para a nova sede, na qual,

em dezembro de 2013, realizou a primeira assembleia e a primeira

reunião de direção.


344 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

GDCM – GRUPO DE DINAMIZAÇÃO

CULTURAL DE MOZELOS

O GDCM – Grupo de Dinamização de Mozelos foi fundado,

informalmente, por um grupo de jovens, em 17 de setembro de

1984, no lugar da Igreja, com o objetivo de promover a dinamização

cultural e recreativa dos seus associados e população em

geral, na área do teatro, da música, das artes plásticas, da comunicação,

entre outras.

Esta associação viria a ser constituída, formalmente por escritura

pública, em 16 de fevereiro de 1987.

Antes da fundação da associação este grupo tinha realizado

na cave da Casa Paroquial de Mozelos a criação de uma biblioteca,

e edição do Boletim Transformar e a produção e encenação

de diversos espetáculos de teatro, pelo grupo Força Viva Teatro

Amador de Mozelos: A Mãe e a Liberdade, de António Pinto; O

Bispo Converteu-se de António Pinto; A Tragédia de Guilherme Tell

de Alfonso Sastre; O Condenado de António Pinto; O Operário em

Construção de Vinícius de Mores; O Avançado do Centro Morreu

ao Amanhecer de Agostin Cuzzani; Ser Solidário de António Pinto.

Com a fundação do GDCM, os espetáculos deste Grupo de

Teatro passaram a ficar integrados nas atividades da associação.

De 1984 até 1994, foram produzidos e encenados mais nove

espetáculos de teatro: dois espetáculos do género de teatro do

absurdo – Pic Nic de Fernando Arrabal e A Voadora de António

Pinto; um espetáculo de teatro de revista – Era uma Vez na Feira

de António Pinto; e seis espetáculos de teatro para crianças –

Florbela a Janela e o Avô Dela de António Pinto; História da Carochinha

de Domingos de Oliveira; A Princesa dos Pés Pretos de José

Vaz; e ainda A Festa dos Caramelos, As quatro Eras do Talegre, Miró

e as Borboletas que foram escritas e encenadas por António Pinto.

No início da década de noventa, do século passado, o GDCM

deixou de poder funcionar no antigo Salão Paroquial, na cave da

Casa Paroquial, por indisponibilidade do espaço. A partir dessa

data, esta associação passou a realizar as suas atividades na cave

da Junta de Freguesia de Mozelos. Por falta de condições e sem

instalações adequadas, a produção de espetáculos de teatro, que

chegou a ser a mais importante atividade do GDCM, deixou de se

poder realizar vinte anos depois do primeiro espetáculo do grupo.

No ano de 1991, nasceu o Grupo Cantigas do Talegre, um

grupo de recolha e divulgação da música popular portuguesa


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

345

que passou a estar na base da animação cultural realizada pelo

GDCM ou promovida por outras entidades.

O GDCM realizou ainda diversas exposições de pintura e

desenho, feiras do livro, festivais de música, tertúlias de poesia e

diversas festividades.

Tem representado Mozelos na Viagem Medieval e o jornal

Feira Norte, de publicação mensal foi uma das suas iniciativas,

tendo tido o seu último número publicado em 20 de julho de 2004.

O Prémio Manuel Laranjeira, distinção de uma personalidade

notabilizada em Mozelos pela sua dedicação à cultura, ao

desporto, às artes ou ação social, passou a ser, nos últimos anos,

uma das atividades mais emblemáticas do GDCM. Este prémio

foi instituído em parceria com a Junta de Freguesia de Mozelos

no ano 1990 para comemorar o 1º aniversário da elevação de

Mozelos a Vila. Desde essa data até ao presente, foram distinguidas

anualmente, com rotatividade de tema e âmbito territorial,

importantes personalidades de Mozelos e de outras localidades

do Concelho de Santa Maria da Feira.

Na sequência da cedência de uma parcela de terreno, pela

Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, na rua Dr. Feiteira

Maia, no lugar do Murado, em Mozelos, o GDCM teve oportunidade

de proceder ao lançamento da primeira pedra para a

construção da sua sede em setembro de 1997. A primeira fase

dessa obra teve início em 1998, a qual contou com o apoio da

Câmara Municipal de S. M. Feira e do IPJ Instituto Português

da Juventude.

Em junho de 2001, o Centro Cultural do GDCM foi inaugurado

e os convívios dos associados e as atividades da coletividade

passaram a ser preparadas e realizadas na sua sede própria.

Recentemente, em setembro de 2016, a Câmara cedeu ao

GDCM o direito de superfície do terreno anexo à sede a fim de

permitir a construção da ampliação das instalações, a qual contempla

mais uma sala de atividades, um pequeno bar, garagem

ampla e arrumos.

Atualmente, com cerca de mil e trezentos associados inscritos

e cerca de quinhentos jovens em atividade, o GDCM é uma

das mais respeitadas associações juvenis do Concelho de Santa

Maria da Feira, faz parte do Conselho Municipal da Juventude,

integra os órgãos sociais da Federação das Coletividades da Feira

e da Federação das Associações Juvenis do Distrito de Aveiro.


346 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em reconhecimento pala importância da atividade do

GDCM a autarquia local dedicou o nome do Grupo Cultural a

uma rua próxima da sede da coletividade.

O GDCM tem como objetivo para a segunda década do século

XXI aumentar a participação juvenil nas áreas da Cultura

Desporto e Recreio na perspetiva da valorização pessoal e na

partilha de valores e aspirações.

Atuará na promoção da divulgação artística, na dinamização

cultural, no desenvolvimento da música e do teatro, na promoção

do desporto e na valorização da competência e do mérito pessoal.

As atividades do GDCM estão alicerçadas em quatro eixos

estratégicos e num conjunto de metas e objetivos específicos, bem

como uma clara identificação do impacto das atividades a realizar,

designadamente, participação juvenil, envolvimento da comunidade,

diversificação das atividades e ampliação das Instalações.

GRUPO COLUMBÓFILO DE MOZELOS

Fundado em 1940, é constituído, actualmente, por cerca de

três dezenas de praticantes.

Após um período de letargia competitiva, na década de 70 do

século passado, um grupo de associados deitou mãos à restauração

da atividade do Grupo o que lhe permitiu regressar à criação

de pombos e ingresso de novos associados, o que levou à participação,

de novo, no mundo competitivo. Neste ressurgimento

do Grupo Columbófilo, releva-se a participação de David de Oliveira,

José Santos, Alfredo Barros, António Oliveira Laranjeira,

Rufino Coelho, Joaquim Saraiva, Manuel Pinto e Fernando de

Oliveira Freitas.

O Grupo pauta-se por participar em largadas de pombos, a

nível nacional e internacional.

GRUPO CULTURAL E RECREATIVO

DE BOMBOS OS VALE TUDO

O Grupo Cultural e Recreativo de Bombos Os Vale Tudo foi

fundado a 15 de janeiro de 2013 e desde então tem vindo a animar

as ruas de Mozelos. Surgiu da criatividade e do interesse

pela percussão de cinco familiares e amigos, que se reuniram

em torno deste projecto, que conta agora com cerca de trinta

elementos, com idades compreendidas entre os 8 e os 50 anos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

347

Ao longo dos seus quatro anos de actividade, o grupo tem vindo

a participar em diversos eventos de carácter social e cultural,

bem como em festas e romarias por todo o país. É também um

grupo activo na organização e realização deste tipo de eventos,

dos quais se destaca o Encontro de Bombos Os Vale Tudo, que já

vai no seu terceiro ano consecutivo e que reúne vários grupos de

bombos nacionais e internacionais na freguesia de Mozelos.

O objectivo deste grupo é continuar a crescer, de modo a

conquistar mais elementos e mais público e proporcionar à freguesia

e ao concelho momentos de animação, cultura e tradição,

levando assim o nome de Mozelos mais além.

DRAGÕES DE MOZELOS

Os Dragões de Mozelos – Associação de Cultura Desporto e

Recreio, Delegação nº 15 do FC Porto, foi fundada em 17/03/1992

por uma dezena de Mozelenses associados ao FC Porto, com o objetivo

de promover o convívio de todos os portistas sem nunca excluir

adeptos de outros clubes (e/ou de nenhum), e desenvolver a prática

desportiva em colaboração com outras associações de Mozelos.

Destacam-se, entre outros eventos, a organização, entre os anos

de 1994 e 1997, de quatro meias-maratonas com percurso entre

Mozelos e o Estádio das Antas, no Porto.

Os Dragões de Mozelos foram distinguidos pelo FC Porto em

1997 com o Dragão de Ouro referente a 1996 – a mais alta distinção

do FC Porto –, atribuída em sinal de reconhecimento do seu

dinamismo.

Sendo a sede original já muito pequena para todas as atividades

desenvolvidas, com trabalho e esforço, os Dragões de Mozelos,

conjuntamente com o apoio de instituições locais e também dos

Mozelenses, puderam mudar-se para as atuais instalações, no Coteiro,

em julho de 2007. Este novo espaço oferece melhores condições

e equipamento para eventos não só dos Dragões de Mozelos,

como também para quaisquer outras colectividades Mozelenses.

Pelo trabalho, doações e apoio prestados nestes 25 anos de

existência dos Dragões de Mozelos, a presente direção quer agradecer

a todos os elementos que passaram pelos órgãos sociais do

Clube, da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e da Junta

de Freguesia de Mozelos, como também a todos os Mozelenses

que, com muito ou pouco, pública ou anonimamente, contribuiram

para a construção do edifício do Clube.


348 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

FUTEBOL CLUBE DE MOZELOS

O Futebol Clube de Mozelos foi fundado a 1 de Maio de 2002,

numa ideia que foi sendo criada com bastante tempo de antecedência.

Para isso remetemo-nos ao ano de 1993, quando os sócios

fundadores do clube representavam o Clube Desportivo Café A

Tuna na participação de vários torneios de futebol locais.

Um marco importante na evolução do clube passou pelo convite

à participação de um torneio em França, em 1996.

Perante tanto esforço e dedicação de vários elementos da

equipa nasceu o clube curiosamente no dia do trabalhador, 1 de

Maio de 2002. Mas o caminho trilhava-se aos poucos e a escritura

pública foi apenas conseguida a 29 de novembro de 2002

enquanto a primeira Assembleia Geral do clube realizou-se já no

ano seguinte, a 11 de janeiro.

Fernando Lopes tornou-se no primeiro presidente do Futebol

Clube de Mozelos, liderança que durou apenas dois meses,

por motivos pessoais. Foi necessário convocar nova Assembleia

Geral e, a 15 de março, David Oliveira e Silva assumiu a presidência

num mandato de dois anos.

Neste período, o Futebol Clube de Mozelos concretizou a

inscrição no campeonato distrital do Inatel, recebendo o diploma

a 11 de Dezembro de 2003, representando a freguesia em competições

oficiais. Na época de estreia (2003/2004), da 2ª Categoria

Norte, os mozelenses apresentaram-se a um excelente nível,

surpreendendo os participantes, ao alcançar o 2º lugar da prova,

ficando a apenas dois escassos pontos da subida de divisão.

Num clube que vai celebrar 15 anos de vida no dia 1 de

Maio, Alfredo Carvalho é o único sócio benemérito do clube,

reconhecimento efectuado a 24 de outubro de 2015, pela contribuição

e dedicação ao emblema mozelense.

O Futebol Club de Mozelos dedica-se, também, às modalidades

seguintes: Futebol Juvenil e Feminino, Natação, Veteranos, e Futsal.

CENTRO DE APOIO SOCIAL DE MOZELOS

Esta instituição particular de solidariedade social iniciou a

sua atividade em 1 de janeiro de 1988. Tem várias valências, designadamente,

creche, infantário, jardim-de-infância, ATL, apoio

à terceira idade, lar, centro de dia e serviço de apoio domiciliário.

Possui uma biblioteca mais vocacionada para crianças.

Ao nível da 3ª idade, tem um espaço de convívio e tem participado

em atividades de variada natureza, ajustadas ao seu nível etário.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

349

Para além das atividade específicas realizadas na sua sede,

participa em vários projetos e atividades, em parceria com outras

instituições, designadamente, de proteção ambiental, poupança

da água, celebração do Dia Mundial da Terra, Dia Internacional

da Família, Dia do Ambiente, Dia Mundial do Tabaco e Dia

Mundial da Criança, sessões de esclarecimento sobre a meningite

segurança, entre outros eventos de real interesse comunitário.

As instalações desta instituição foram construídas durante o

mandato do presidente José Pinho Ferreira, que aí implantou as valências

de centro de dia e infância, e cedência de instalações para o

Centro de Saúde. Na presidência do Dr. Jorge Ferreira, foi construído

o Lar da Terceira Idade, com a valência do apoio domiciliário.

ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA

ESTRELAS DAS REGADAS

Esta instituição, ao serviço da juventude, foi fundada em 1

de março de 1992, dedicava-se à prática do futebol masculino e

feminino, participava em eventos de atletismo, natação e pesca.

Tinha cerca de 40 sócios, 30 atletas, embora não tendo instalações

desportivas. Nos primeiros oito ano de vida, utilizou as

instalações desportivas do Relâmpago Futebol Clube (Parque da

Concórdia). Desenvolveu a sua atividade nas instalações desportivas

do C.C.T Pousadela.

Teve várias participações nas Mini Olimpíadas em Santa Maria

da Feira, na volta a Portugal contra a sida, no projeto 24

horas a nadar, nas festividades promovidas pela autarquia local,

nomeadamente na festa evocativa da elevação de Mozelos à categoria

de vila, no torneio de futebol inter-coletividades e no V

Torneio de Amizade de Fornos.

CENTRO COMUNITÁRIO ESPAÇO ABERTO

PELO PRAZER DE VIVER (ATL)

Fundado em 18 de julho de 1994. Tem como missão atuar sobre

as problemáticas relevantes e, através do estímulo à mudança,

com espírito de solidariedade, de inclusão e humildade, promover

o desenvolvimento pessoal e social, na intenção de construir

com todos e com cada um, um projecto de vida sustentável.

Esta instituição desenvolve projectos como Família e Comunidade

- com o objectivo comum de construir formas eficazes de

estabilizar os recursos e otimizar as respostas no âmbito social,

profissional e psicológico.


350 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

A Comunidade Terapêutica Casa Grande é outro projecto desta

instituição, focando-se na recuperação de toxicodependentes e

sua reinserção social. Esta comunidade apresenta-se como uma

unidade residencial de estada prolongada para indivíduos do

sexo masculino.

Conta, ainda, com o Centro de Atividades de Tempos Livres,

um espaço lúdica-pedagógico para crianças e jovens com idades

compreendidas ente os 6 e 18 anos.

Finalmente, conta com serviço de apoio domiciliário que

presta cuidados de higiene e conforto, de arrumação e pequenas

limpezas, confecção, tratamento e distribuição de refeições, e tratamento

de roupas.

CONJUNTO TÍPICO OS FILHOS DO LUAR

Criado, em meados do século XX, este conjunto teve várias

atuações na freguesia e fora dela e fazia sucesso nas festas e arraiais

populares, tendo gravado alguns discos em vinil, Todos os

seus elementos eram amadores, sendo dirigidos pelo sr. Arménio.

Tinha a sua sede em Meladas. Atualmente sem atividade.

FUNDAÇÃO ALBERTINA FERREIRA AMORIM

Duas perspectivas da sede da Fundação

Albertina Ferreira Amorim

Foi constituída em 23 de outubro de 2008, na Casa Mãe da

Família Amorim e pretende prestar homenagem à vida e obra da

maior benfeitora da região, como era vontade de D. Albertina.

Tem os seguintes objetivos:

– Promoção do desenvolvimento da pessoa humana através

do apoio a vocações missionárias e religiosas; obras sociais; famílias

carenciadas; instituições de solidariedade social de crianças

órfãs e deficientes; lares de 3ª idade;

– Promoção do estatuto e investigação científica na área da preparação

da cortiça, bem como da divulgação dos resultados obtidos;

– Promoção do desenvolvimento das atividades científicas,

culturais e artísticas na região.

Tem como património o prédio rústico e urbano onde tem

a sua sede, bem como o seu recheio. Em caso de extinção os

seus bens reverterão para o Centro de Apoio Social de Mozelos

(CASM).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

351

FIGURAS NOTÁVEIS DE MOZELOS

Antes de traçar os perfis biográficos de pessoas desta terra, aqui

nascidas ou aqui radicadas, importa esclarecer que esta galeria é

constituída por pessoas de diferentes níveis, económicos, sociais,

educativos, culturais, desportivos e outros que, ao longo das suas

vidas, procuraram dar o melhor de si mesmas à sua comunidade.

De algumas delas, resta a memória, já que partiram, há mais ou

menos tempo, para a eternidade, pertencendo assim ao património

da saudade, servindo de exemplo às gerações atuais e vindouras.

Entretanto, como deveria ser considerado em todas as comunidades,

a maior e mais notável figura é o seu povo, no seu todo,

com as suas virtudes e os seus defeitos, com as suas grandezas

e misérias, com a sua capacidade de doação e entrega ao outros,

com o seu espírito de entreajuda, de perdão, quando foi ou é

ofendido, nos seus mais legítimos direitos e que é capaz de dar as

mãos para que feridas, ainda expostas, sejam definitivamente cicatrizadas,

a bem da paz social, da desejável harmonia, num gesto

superior de convivência de que só as almas nobres são capazes.

ALBERTINA FERREIRA DE AMORIM, filha de Américo

Alves Amorim e Albertina Ferreira de Amorim, nasceu em

Mozelos, em 17 de setembro de 1930, tendo falecido em 2007. Foi

educanda da Mestra Moreira, a quem prestou homenagem em

peregrinação a sua campa, no cemitério de Mozelos, juntamente

com as suas colegas. Estudou no Colégio Nossa Senhora da Bonança,

em Vila Nova de Gaia. Foi membro do Centro de Apoio

Social de Mozelos, da Liga dos Amigos do Hospital de Nossa

Senhora da Saúde, de S. Paio de Oleiros, da Liga dos Amigos da

Fundação Comendador J. S. Couto, de São João de Ver e S. Paio

de Oleiros. Pertenceu, também, à Juventude Operária Católica

Feminina (JOCF) e à Acção Católica dos Meios Sociais Independentes.

Era possuidora de relevantes dotes artísticos, nomeadamente

na pintura, no tricô. Está na origem da criação da Fundação

com o seu nome. Dotada de grande espírito empreendedor e

com activa ação social em benefício dos seus concidadãos.


352 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ALFREDO REIS DA SILVA, nasceu em 31 de dezembro

de 1932, tendo falecido em 18 de agosto de 1997. Personalidade

local, co-fundador do Centro Social e dirigente de várias associações

locais, destacando-se pela sua benemerência em prol de

várias instituições civis e religiosas.

AMÉRICO FERREIRA AMORIM, empresário, filho de

Américo Alves Amorim e Albertina Ferreira Amorim, nasceu em

Mozelos, em 21 de julho de 1934. Faleceu a 13 de Julho de 2017.

Após o curso comercial, na Escola Académica do Porto, iniciou

a sua atividade profissional na empresa Amorim & Irmãos,

Lda., com 18 anos de idade, naquela empresa que, na época, era

a única empresa do seu grupo. tendo percorrido todos os cantos

à casa. Depois desta proveitosa aprendizagem, iniciou um ciclo

intenso de viagens comerciais por toda a Europa, sob os auspícios

do seu tio Henrique Amorim. Releva-se o carácter pioneiro da

sua relação empresarial com os países do Leste Europeu quando

Portugal não tinha relações diplomáticas com os mesmos. Porque

pretendia entrar num mundo económico e sócio-político, proibido

pelo Estado Novo, teve que percorrer um penoso calvário para

obter o desejado visto, o que só aconteceu dois anos após iniciado.

Em 1963, iniciou o processo de integração vertical da indústria

com a criação da Corticeira Amorim, unidade industrial direcionada

para a transformação em granulados, das montanhas

de desperdícios de cortiça, provenientes das fábricas de produção

de rolhas de cortiça, nomeadamente da Amorim & Irmãos. Até

meados da década de 80 do século XX, Américo Amorim completou

a verticalização produtiva do grupo, na área da cortiça.

Em 1977, juntamente com 25 outros empresários, participou

na fundação da primeira instituição financeira privada após o

25 de Abril – Sociedade Financeira Portuguesa, hoje BPI, tendo

nascido, em paralelo a área dos seguros, por ter ligações à cortiça,

tendo tido duas anteriores designações, sendo, a partir de

1998, a Unibroker – Correctores de Seguros, que é atualmente

uma empresa cotada no setor.

Com um nível superior de tecnologia, nasceu, em 1978, a

Ipocork, (atualmente designada como Amorim Revestimentos,

destinada à produção de parquet. Da Inglaterra ao Japão, passando

pelos países nórdicos, EUA e África do Sul, tem um vasto

e diversificado mercado.

Em 1982, foi criada a Champcork – unidade com uma capacidade

de produção de 90 milhões de rolhas de champanhe por ano.

Em 1983/1984, criou o BCP – primeiro banco comercial português,

após o 25 de Abril-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

353

Em 1988, iniciou uma joint-venture com o Grupo Accor na

área hoteleira e hotéis de várias tipologias.

Em 1991, nasceu a Telecel que mereceu a atenção e participação

de todos os grandes grupos económicos portugueses.

Em 1992, comprou o BNCI – Banco Nacional de Crédito,

entretanto foi adquirido pelo Banco Popular.

Em 1995, participou na privatização parcial da petrolífera

Petrogal.

Na área industrial, no setor têxtil, o Grupo privilegiou a virtualidade

de segmentos específicos, como veludos, têxtil-lar e

vestuários e na indústria automóvel.

Em 1999, entrou numa nova área de negócio, tendo adquirido

o Grupo Burmester, do vinho do Porto e a Barrancarnes

ligada à produção do presunto pata negra.

Em nome individual, teve participações sociais de relevo na

GALP Energia e no Banco Popular espanhol.

Pela sua múltipla atividade, foi agraciado pelo Presidente

da República com a Comenda de Mérito Agrícola e Industrial

(1983), considerado o Melhor Empresário do Ano (1988), nomeado

Consul Honorário da Hungria (1990) e com a Cruz de

Grande Oficial da Ordem de Malta (1998).

O Grupo de que foi titular recebeu inúmeros chefes de Estado,

ministros e embaixadores.

Foi membro ou participou em vários organismos, associações

e fundações públicas e privadas (Baseado em Mozelos- Boletim Informativo

– Ano I-Nº 1).

Antepassados de Américo Amorim

AMÉRICO PAULO AMORIM, industrial da cortiça,

nasceu em 22 de janeiro de 1897 e faleceu em 22 de abril de 1977.

Foi um dos maiores empregadores da região à época.

ALFERES AMORIM ARANHA, nasceu em 1803 e faleceu

em 1869.

ANTÓNIO ALVES FERREIRA (O BRASILEIRO), nasceu

na casa de Seitela, tendo emigrado, em criança, para o Brasil,

onde se licenciou e doutorou em Farmácia.

Mercê da sua inegável capacidade científica e empreendedora,

acumulou uma avultada fortuna, cujos créditos mais importantes

foram depositados num banco de Paris, o qual parava sempre que

ele lá se deslocava para tratar dos seus negócios financeiros.

Tendo falecido sem filhos, em Paris, deixou uma enorme fortuna

aos seus irmãos e sobrinhos, tendo muitos deles aplicado tal

Simbologia existente no jazigo-

-capela, onde se encontra inumado

António Alves Ferreira

(O Brasileiro)


354 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

herança na construção de casas marcantes na arquitetura local,

bem como de autênticas obras de arte em jazigos-capela de família.

Está sepultado no cemitério de Mozelos.

ANTÓNIO DE SOUSA BARROS JÚNIOR (RIPOLIM )

Filho de Joaquim de Sousa Barros e de Maria de Oliveira. Nasceu

a 26 de novembro de 1930 e faleceu a 12 de março de 2017. Empresário

da restauração em Portugal e na Venezuela, foi benemérito

em várias associações sociais e culturais, tendo manifestado

uma enorme e permanente generosidade.

ANTÓNIO FERNANDO FERREIRA DA SILVA, nasceu

em 21 de março de 1968.

É dotado de enorme talento e capacidade criativa que tem expressado

como estudante, músico, animador e professor de música

da Tuna Mozelense.

Despertou para a música na escola da Tuna e rapidamente

se transformou num exímio violinista. Após reconhecer que já

não havia mais nada a aprender em Portugal, rumou aos Estados

Unidos onde obteve o grau de mestrado que lhe deu um certificado

de competência de nível mundial.

Humilde e dedicado à família e aos amigos, nunca se desligou

da coletividade que fora o seu berço artístico. Para onde

quer que fosse, sempre regressava à Tuna, onde continuava a colaborar

através dos muitos talentos com que fora bafejado, pois

é um jovem que respeita e se orgulha das suas origens.

Colabora com o Grupo Cantigas de Talegre nos espetáculos

com os jovens da paróquia, como voluntário a favor de causas

sociais e em sessões de angariação de fundos.

Tem o dom de conseguir, através da música, acalentar a esperança

no meio da inquietação, sossegar a dor no meio do sofrimento,

impor a ordem no meio da desordem, mantendo a

mesma coragem e a mesma determinação de sempre (ID.).

SARGENTO ANTÓNIO HENRIQUES (PINAS), nasceu

em 20 de setembro de 1886 e faleceu em 23 de novembro

de 1974. Exerceu as funções de sargento-enfermeiro e de enfermagem

depois de passar à reserva da vida militar. Foi, também,

sacristão, tendo prestados inúmeros serviços à comunidade mozelense.

ANTÓNIO PINTO, técnico de formação profissional e dirigente

associativo, filho de Miguel Pinto e Maria Celeste Ferreira,

agricultores, nasceu em Mozelos em 1 de abril de 1959.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

355

Foi Vice-Presidente da Federação das Coletividades de Cultura

e Recreio do Concelho de Santa Maria da Feira. Fundou e

dirigiu a revista Cultura e Recreio.

Foi trabalhador e empresário da construção civil, promotor de

habitação a custos controlados e técnico de formação profissional.

Ao nível artístico, foi autor de vários textos de teatro, de contos

e livros infantis, compositor, encenador, músico e artista plástico.

Escreveu diversos textos originais para o Grupo de Teatro

Força Viva, do Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos.

Foi autor e compositor de diversas canções interpretadas pelo

Grupo.

Foi diretor dos jornais Feira do Norte e Cultura e Recreio.

Participou em diversos movimentos cívicos na área do associativismo,

do cooperativismo e da acção Social.

É autor da obra Distinguidos com o Prémio Manuel Laranjeira,

publicado em 2012.

CARLOS RELVAS MELADAS - Empresário da área da

cortiça. Teve intervenção positiva e valiosa no apoio a várias associações

religiosas e sociais, tendo dado significativo contributo

pessoal e material. Para além disso, foi autarca da freguesia.

CATAFULA - Natural de Olivães, Nogueira da Regedoura.

Embora não sendo natural de Mozelos, o seu estoicismo valeu-

-lhe um lugar na história local.

Durante as segundas Invasões Francesas, Catafula conseguiu

abater três soldados de Napoleão, tendo sido capturado, juntamente

com cinco outros camaradas. Sumariamente julgados pela

tropas invasoras, foram sentenciados a fuzilamento.

Sabendo da sua sina, solicitaram a assistência em confissão

de um sacerdote, pedido aceite pelo Padre João de Sá Rocha.

Após ouvir os prisioneiros em confissão, o Padre João foi

feito prisioneiro pelos franceses, exigindo-lhe que este contasse o

que os prisioneiros lhe tinham dito em confissão de modo a obterem

informações que viessem a ser úteis à estratégia da guerra.

Como o Padre João se recusou a divulgar o que foi dito em

segredo de confissão, os franceses condenaram-no como cúmplice,

sendo sentenciado, também, a fuzilamento.

Após a execução, os sete cadáveres foram expostos num pinheiro

(que ficou conhecido como Pinheiro das Sete Cruzes), à


356 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

beira da estrada real, como exemplo do que esperaria àqueles

que não cooperassem com as tropas francesas.

Posteriormente, a sobrinha do Padre João de Sá Rocha mandou

erigir umas alminhas em sua memória.

Este episódio de coragem e estoicismo ocorrido em terras

mozelenses serviu de base à criação do seu brasão, que ostenta

um pinheiro dourado, encabeçado pela cruz da Ordem de Malta,

circundado por sete cruzes (v. http://engenhonopapel.blogspot.

pt/2012/04/guerra-peninsular-em-terras-da-feira.htm).

CATARINA SOFIA MALTA DA SILVA, natural de Mozelos,

nascida a 3 de abril de 1990. Esta mozelense destacou-se no

âmbito do desporto, quer a nível de resultados desportivos quer a

nível do associativismo. Ingressou na Juventude Atlética Mozelense

em 1998 e representou o clube da terra. Atualmente representa

o GRECAS Vagos. No entanto, desde 2008 que faz parte da direção

do clube mozelense, ajudando este com outro objetivo.

No campo desportivo, a atleta conquistou diversos títulos nacionais,

destacando-se: Campeã nacional universitária 60m, 100m

e 4x200m em 2016; Campeã de Portugal de pista ao ar livre de

4x400m em 2017; e Campeã da Taça de Portugal de Velocidade e

Barreiras em 2017.

Em 2016, a atleta recebeu o “Prémio Carreira” atribuído pela

Universidade de Aveiro, pelo trabalho desenvolvido em prol do desporto

universitário e pelos resultados obtidos em representação da

mesma durante os anos em que frequentou aquele estabelecimento

de ensino superior. Dois anos antes, a mesma instituição atribui-lhe

o prémio de melhor atleta feminina da Universidade de Aveiro.

OS COIMBRA NA ADMINISTRAÇÃO LOCAL

Desta família saíram sucessivas gerações de cidadãos que se

dedicaram ao serviço público, nomeadamente, em lugares de

membros da Junta da Freguesia.

Apresenta-se, seguidamente, os seus nomes com breves dados

biográficos:

Bernardino Ferreira Coimbra, marceneiro, nasceu no lugar

da Vergada, em 16 de março de 1861. Filho de José Ferreira

Coimbra e Ana Maria Regal, tendo falecido em 12 de novembro

de 1936. Está sepultado no jazigo-capela de José Ferreira

Coimbra, seu pai, no cemitério de Mozelos. Foi presidente

da Junta de Freguesia de Mozelos. Foi proprietário da casa do

Coimbra, na Vergada.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

357

Benjamim Ferreira Coimbra, marceneiro, natural do lugar da

Vergada, nasceu a 14 de maio de 1882, filho do acima biografado

e de Rosa Pinto Tavares. Faleceu em 11 de novembro de

1951. Exerceu as funções de Regedor e Presidente da Junta de

Freguesia. Está sepultado no jazigo de José Ferreira Coimbra.

Emídio Ferreira Coimbra, industrial da cortiça, nasceu no

lugar do Outeiro do Moinho, filho do anterior biografado

e de Luísa Fernandes de Amorim Aranha. Faleceu em 23

de dezembro de 1994. Exerceu as funções de presidente da

Junta de Freguesia de Mozelos.

José Ferreira Coimbra, industrial, nasceu no lugar do Outeiro

do Moinho, em 1919, tendo falecido em 24 de novembro

de 2005. Filho de Benjamim Ferreira Coimbra e irmão de

Emídio Ferreira Coimbra. Foi presidente da Junta de Freguesia

de Mozelos.

José Henrique Dias Coimbra, licenciado em Direito, tendo

exercido a profissão de advogado e industrial, nasceu no lugar

da Quebrada em 5 de dezembro de 1946, filho de Emídio

Ferreira Coimbra e de Joaquina Dias Fernandes. Exerceu as

funções de presidente da Junta de Freguesia de Mozelos, com

grande dedicação e competência, sendo responsável por projectos

marcantes na comunidade. Foi presidente das Assembleias

Gerais do Centro Social e da Tuna Musical. Nos seus

tempos livres, tem-se dedicado ao canto, designadamente fado,

que apresenta regularmente dentro e fora da freguesia.

António Eusébio Coimbra Amorim, advogado, nasceu em Ermilhe,

em 10 de setembro de 1967, filho de António Eusébio

Almeida Amorim e de Maria Luísa Alves Coimbra. Exerce, presentemente,

o cargo de presidente da Assembleia de Freguesia.

DEOLINDA DE JESUS COELHO DA SILVA, nasceu

em Lobão, em 6 de novembro de 1935. Professora do ensino básico

aposentada desde 1992. Frequentou a Escola do Magistério

Primário do Porto, tendo sido aprovada em exame de estado em

1954. Iniciou as suas funções docentes na escola de Sobral, em 3

de outubro de 1954. Em 1959, lecionou na escola de Prime, em

1961/62 em Aldriz, Argoncilhe, passando a lecionar, de novo, na

escola de Prime, em 1963, onde permaneceu até 1992, data da

sua aposentação. A partir dessa data, esteve ao serviço do Centro

de Formação de Professores da Feira, onde orientou cursos

de formação da língua portuguesa, matemática e práticas pedagógicas.

Finalmente, orientou estágios de professores do ensino

básico, em Espinho, Feira e S. João da Madeira até 2009.


358 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

A Prof.ª Deolinda Silva

com alguns dos seus alunos

Tem-se distinguido pela sua dedicação ao ensino, enquanto

professora primária e, posteriormente, como diretora pedagógica

do Centro de Apoio Social de Mozelos.

Uma vida profissional dedicada ao ensino, cuja vocação e experiência

lhe permitiram contribuir para a formação de várias gerações

de jovens cultos e responsáveis justificaram a distinção.

Dona Deolinda era a personificação do amor na sua dimensão

maternal, na escola primária, onde lecionou até à reforma,

depois como formadora de professores e, finalmente, como diretora

pedagógica do Centro de Apoio Social e lidava com as pessoas

como se fossem seus filhos, sobrinhos ou irmãos mais novos.

Tinha um modo de cumprimentar as pessoas com quem

se cruzava, de acarinhar quem com ela falava, de acolher com

quem privava, sempre com enorme gentileza. Sobre as crianças

dizia que elas nos ensinam, quase sempre, mais do que o que

connosco aprendem, e que o segredo da pedagogia era o amor,

por ser a única forma de expressar, no contexto escolar por onde

passavam, o acolhimento, a compreensão e a proteção.

A sua influência pessoal contribuiu decisivamente para uma

diversificada oferta de atividades para todas as fases de crescimento

das crianças.

Passados muitos anos, a Dona Deolinda preserva a mesma

sensibilidade, o mesmo espírito solidário, continuando a partilhar

com os outros a felicidade que dela irradia e que contribui

para que o bem-estar reine sobre todas as coisas (ID.)

ESTELA ADELAIDE FERNANDES (ESTELINHA)

Nasceu em 16.09.1927 e faleceu em 29.12.1975

Filha de José Alves e de Rosa Fernandes, feitores da Quinta de

Meladas, que foi pertença da família Vanzeller e hoje pertence à

família Amorim e onde foram instaladas importantes actividades

empresariais, nomeadamente a Corticeira Amorim.

Tirou o curso de Enfermagem na Casa de Saúde da Boavista

e exerceu a sua profissão no Hospital de Matosinhos e no Posto

Médico de Santa Maria de Lamas, tendo granjeado imenso reconhecimento

pelas suas capacidades pessoais e profissionais.

Viveu para a sua profissão. Fez dela um verdadeiro apostolado.

A sua política era apenas a da bondade.

FRANCISCO DE ASSIS SOARES DA SILVA, nasceu

em 5 de setembro de 1916, distinguiu-se pela sua dedicação à música

como executante, animador e dirigente da Tuna Musical Mozelense.

Foi tesoureiro da Junta de Freguesia de Mozelos de 1955 a 1959.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

359

Era um grande artista, um homem sábio e bom.

No ano de 1990, a Tuna celebrava o seu centésimo aniversário

e foi distinguido com o prémio Manuel Laranjeira, porque na

opinião do júri que avaliava o mérito dos premiados, entendeu

que deveria ser uma personalidade oriunda da instituição a receber

a dita distinção, pois, na sua qualidade de dirigente, músico

e animador, era o mais digno representante da Tuna.

Na verdade, ele era um notável exemplo de dedicação à comunidade,

à coletividade e à família. Era um exemplo de honradez

e que sabia partilhar, como poucos, a alegria, o talento e o

seu conhecimento com os outros.

Quando o informaram da distinção, recebeu a notícia com um

misto de alegria e de humildade. Tinha 73 anos quando recebeu

o prémio, tendo agradecido, emocionado a distinção conferida.

Enquanto foi vivo, e sempre que a saúde o permitia, participou

em todas as cerimónias das distinções que se seguiram.

Faleceu em 15 de novembro de 2007, com 90 anos de idade

(Baseado em Pinto: Distinguidos com o Prémio Manuel Laranjeira).

FRANCISCO FERNANDES COELHO D’AMORIM,

contabilista, nasceu em 7 de janeiro de 1865, na casa da família,

no lugar da Quintã, tendo falecido em 26 de julho de 1948.

Era filho de António Fernandes Coelho d’Amorim (1827-1907) e

de Ana Francisca Coelho (1833-1932). Fazia a contabilidade da

quinta da Cardenha, em S. Paio de Oleiros e no hospital. Decidiu

antes de morrer que, se não precisasse do dinheiro ganho no

hospital o deixaria na totalidade a essa unidade de saúde, desejo

que a família cumpriu escrupulosamente.

Doou um terreno para a construção de uma escola na freguesia.

GUILHERMINA DE JESUS MOREIRA (MESTRA

MOREIRA), nasceu no Porto em 25 de agosto de 1870, tendo

falecido em Mozelos em 1964, onde se fixou por volta de 1900.

Era uma senhora que emanava bondade e sabedoria. Tinha

umas mãos de fada para os trabalhos manuais.

Conhecia, como muitos poucos, o Antigo e Novo Testamento

e sabia ensiná-los de forma admirável. Era conhecida em toda

a região como Mestra Moreira, tendo ensinado sucessivas gerações

de crianças.

O seu falecimento deixou na maior tristeza e saudade todos

os seus pupilos e a população em geral. Foi-lhe prestada home-


360 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

nagem póstuma com uma peregrinação à sua campa. (Com base

em Fundação Albertina Ferreira de Amorim : Homenagem à Vida e

Obra da Grande Benemérita, no prelo).

DR. JOAQUIM ADAMASTOR FEITEIRA MAIA, filho

de José António Feiteira Maia e de Margarida Ferreira Estrela,

nasceu no lugar do Murado no dia 29 de novembro de 1919.

Depois de concluir os estudos primários em Mozelos, deu entrada

no Colégio de Almeida Garrett, no Porto, dando aí início

à sua formação no ensino secundário que completou no Liceu

Rodrigues de Freitas, também, no Porto.

Seguiu-se a frequência do primeiro ano da Faculdade de Medicina

de Coimbra, onde permaneceu apenas no primeiro semestre,

transitando para a Faculdade de Medicina do Porto, onde

concluiu o curso em 1947. Entretanto, neste período, interrompe

os estudos, durante 2 anos, para cumprir serviço militar.

Já formado, inicia a sua atividade clínica, em Mozelos, abrindo

consultório perto de sua casa, no mesmo ano da formatura.

Seria, neste consultório que o Dr. Feiteira dedicaria grande parte

da sua vida aos doentes da sua freguesia e das regiões adjacentes.

Também prestou serviço nos postos médicos de Lourosa e de

Santa Maria de Lamas. No hospital de S. Paio de Oleiros, trabalhou

no serviço de medicina, como assistente do Dr. Diamantino

de Carvalho, no serviço de ortopedia.

A 28 de setembro de 1948, casou com D. Elvira Feiteira

Duarte Relvas, de quem viria a ter 6 filhos, 4 rapazes e 2 raparigas,

tendo falecido um com 3 anos. Dois dos filhos seguiram o

exemplo paterno, licenciando-se em medicina.

O Dr. Feiteira também dedicou algum do seu tempo em prol

do desenvolvimento da freguesia, tendo encabeçado a Comissão

Administrativa da Junta de Freguesia, após o 25 de Abril.

Tinha como passatempos prediletos a floricultura, a jardinagem

e a leitura, nomeadamente de escritores portugueses (Baseado

em Mozelos – Boletim Informativo – Ano 4 – Nº 2).

JOAQUIM COSTA, homem simples e dedicado à sua terra

e aos seus concidadãos, foi presidente da Junta de Freguesia.

O seu primeiro cargo público foi o de presidente da Tuna Musical

Mozelense, contribuindo para a construção do seu auditório.

Foi responsável pela construção da sede da Junta de Freguesia e

liderou o processo de requalificação do Parque do Murado.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

361

Não era homem de grandes discursos, mas muito pragmático

mais de obras do que de palavras. Era um homem bom com grande

confiança nas pessoas, acreditando nas suas potencialidades.

JOAQUIM FERREIRA COIMBRA nasceu em Mozelos

no dia 10 de Fevereiro de 1939. Depois de ter passado pelas escolas

do Futebol Clube do Porto, Juniores 1958/59, passou pelo Varzim

Sport Clube, vindo a ingressar no Sporting Clube de Braga

na época de 1963/64 e mantendo-se nesse clube até 1970. Entre os

momentos mais marcantes da sua passagem pelo clube arsenalista

destaca-se a presença como titular na 26ª edição da Taça de Portugal,

na época de 1965/66, onde os “guerreiros do Minho”, como

vulgarmente são conhecidos, derrotaram o Vitória de Setúbal na

final disputada no estádio do Jamor, e ainda o desempenho das

funções de treinador da equipa principal em 1970. Mais tarde passou

a assumir o cargo de treinador em várias equipas nacionais de

futebol. Personalidade discreta, muito estimada na comunidade.

JOAQUIM PINTO COELHO (1868-1917), nasceu no lugar

das Regadas, Mozelos, licenciou-se em medicina pela Escola

Médico-Cirúrgica do Porto, em 1895, tendo-se radicado, mais

tarde, em Espinho, onde, além do exercício do seu múnus, ocupou

vários cargos públicos, entre eles, o de Presidente da Câmara

Municipal. Republicano convicto e fogoso, os seus escritos no

semanário A Gazeta de Espinho, de que foi diretor, foram setas

permanentemente dirigidas aos desmandos e prepotências dos

últimos governos da monarquia.

Lutador infatigável e lúcido, foi um dos obreiros da autonomia

e progresso de Espinho (Silva: Manuel Laranjeira:406).

JOAQUINA MARTINS dedicou-se às crianças, enquanto

mestra, numa altura em que tal função era complementar do ensino

regular, tendo-lhes transmitido os princípios da amizade, da

tolerância, compreensão e bondade.

Foi líder da Liga Operária Católica, movimento cristão de

promoção da classe operária.

Organizou campanhas de solidariedade para apoiar famílias

pobres e ajudar na prevenção de situações de marginalidade e de

exclusão social.

Foi catequista dinamizadora da comunidade católica de Mozelos.


362 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ALFERES JOSÉ COELHO, nasceu na casa de Seitela em

1791, tendo falecido em 1869.

DR. JOSÉ FERNANDES COELHO D’AMORIM, médico,

nasceu em 4 de outubro de 1858, na casa da família, no lugar

da Quintã, e faleceu 23 de junho de 1938. Era filho de António

Fernandes Coelho d’Amorim (1827-1907) e de Ana Francisca

Coelho (1833-1932). Os seus pais tiveram 7 filhos.

A família de que fazia parte era abastada, já com uma certa

cultura para o tempo. Apesar de ter vivido no regime monárquico,

tinha simpatia pela República.

Formou-se em medicina em 1899, tendo defendido uma tese

de doutoramento, com o título Angiomas Superficiais e seu Tratamento

que dedicou a seus pais e a seus irmãos.

Apesar da sua formação em medicina, não resistiu em transmitir

o seu saber dando instrução primária aos seus conterrâneos

e aos moradores de freguesias vizinhas, enquanto o seu irmão

Paulino não acabasse a sua formação como professor primário.

As aulas eram ministradas na casa paterna, numa sala da casa

onde viviam os caseiros e onde guardavam os frutos da terra.

Também lecionou na primeira escola itinerante e pioneira na

região. Deixou de exercer funções docentes como professor primário,

quando o seu irmão Paulino se formou no Magistério Primário

(Baseado em Marques: Escola de Sobral – da sua génese à atualidade).

Os seus irmãos, para além dos que são referidos a seguir,

eram os seguintes:

Manuel Fernandes Coelho de Amorim – nascido a 8 de janeiro

de 1861 e falecido a 23 de junho de 1938;

Margarida Fernandes Coelho de Amorim – nascida a 15 de

março de 1869 e falecida em 29 de maio de 1926;

Emília Fernandes Coelho de Amorim – nascida a 13 de abril

de 1874 e falecida em 1946 (?).

MAJOR JOSÉ PEREIRA DA SILVA, nasceu na Casa

de Seitela em 14 de junho de 1804, tendo falecido em 29 de Dezembro

de 1863.

JOSÉ PINHO FERREIRA, nasceu em 28 de maio de 1920,

de uma família pobre e humilde. Foi pai de 9 filhos, dos quais 8

eram raparigas, quase todas formadas.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

363

Dada a sua origem sócio-económica, dedicou-se, desde muito

novo, ao negócio da madeira, sendo especialista em austrálias,

donde lhe veio a alcunha de Rei da… Austrália.

Pela sua capacidade de trabalho, obteve uma razoável capacidade

económica, tendo sido um dos primeiros mozelenses a possuir

uma moto, facto raro na época. Com este meio de transporte,

percorreu pinhais de Arouca, Braga, Famalicão, Guimarães

e muitos outros lugares do norte do país. Era um espírito livre

e independente o que lhe causou alguns engulhos com a PIDE,

dos quais se ia livrando por ter amigos na União Nacional.

Pelo seu espírito e pelos problemas que tivera durante o Estado

Novo, acolheu com entusiasmo o aparecimento do 25 de

Abril, tendo aderido ao Partido Socialista, desenvolvendo intensa

atividade partidária,

Nunca virava a cara à luta, e quando era preciso enfrentar o

poder e os poderosos, o que era uma das suas facetas, lutando

pelos mais pobres e mais humildes.

Com uma folgada situação económica, dedicou-se à freguesia

e ao concelho, através da vida autárquica, tendo sido Presidente

da Junta de Freguesia de 1983 a 1989, de 1990 a 1993, vereador

municipal de Santa Maria da Feira em 1992 e, de novo, Presidente

da Junta de 1994 a 1997.

Foi um líder carismático e um lutador incansável que se dedicou

totalmente à sua terra contribuindo, como poucos, para o

seu desenvolvimento. Foi também um homem polémico e destemido

que nunca fugia ao confronto quando este era necessário

para concretizar as suas ideias e objetivos.

Era um lídimo defensor dos valores da justiça, da liberdade e

da solidariedade, apoiando, de forma entusiástica o movimento

associativo.

Enfrentando enormes dificuldades, conseguiu legalizar o arraial

da freguesia, criou o Centro de Apoio Social, adquiriu o

terreno para o alargamento do cemitério, entre muitas obras que

beneficiaram a comunidade mozelense.

Faleceu, quase sem se despedir dos amigos, em 11 de fevereiro

de 2003, com 83 anos repletos de vida e de dedicação aos outros.

(Baseado em Mozelos – Boletim Informativo – Ano 2 – Nº 3).

JOSÉ DOS SANTOS CARDOSO, nasceu a 28 de agosto

de 1948, tendo falecido em serviço militar, em Angol, em 16 de

abril de 1971.


364 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

PROFESSORA D. LAURA BORGES, filha bastarda do

Dr. José Fernandes Coelho d’Amorim e de mãe solteira, foi professora

do ensino primário, lecionando sempre em Mozelos, com

muito saber, educação e simpatia. Era conhecida como D. Laura

Borges Amorim.

MANUEL FERREIRA RIBEIRO, filho de Domingos

Alves Ribeiro e de Elisa Ferreira da Rocha, nasceu no lugar de

Seitela, na casa de Seitela, em 7 de março de 1932, tendo casado

em 22 de abril de 1990 com Maria Teresa Santos Relvas.

Depois de concluir o ensino primário na escola de Sobral,

frequentou, durante dois anos, a Escola Comercial Mousinho da

Silveira, no Porto.

Em 1945, por vontade própria, deixou de frequentar a dita

escola comercial, tendo seguido o exemplo de seu pai, passando

a dedicar-se à vida agrícola, na casa do Murado.

Desde muito cedo, ficou ligado à Tuna Musical Mozelense,

por influência paterna. Em 14 de janeiro de 1979, foi autorizado

pela Assembleia Geral a adquirir o terreno onde se viria a

edificar a sede da Tuna, tendo-se iniciado as obras a 28 de abril

de 1980. A primeira assembleia da Tuna, nas novas instalações,

verificou-se em 8 de novembro de 1981.

Nos finais da década de 60, em virtude da doença do pai,

passou a acompanhá-lo nos ensaios, tendo assumido o papel de

timoneiro que havia sido exercido pelo seu pai, onde se manteve

até 2001. Pelo seu casamento tardio e pela sua dedicação à Tuna,

dizia que havia casado primeiro com a Tuna.

Em 17 de agosto de 1978, foi eleito, pela primeira vez, presidente

da direção, situação que se repetiu a 28 de Dezembro de

1978, 1981,1983, 1985, 1997 e 1999. Em 2003, foi eleito Vice-

-Presidente da Assembleia de Freguesia, lugar a que renunciou,

em 2005, por motivos de saúde.

Em 1989, em assembleia geral, foi-lhe atribuído o título de presidente

vitalício da Tuna, tendo sido atribuído, em 1990, a distinção

de sócio benemérito e de sócio honorário. Em 2004, foi atribuído

o seu nome à sala número 1 da escola de música da tuna. Para

além desta instituição, que foi a menina dos seus olhos, integrou

também a direção da Casa do Povo do norte da Feira, tendo sido

seu tesoureiro. Integrou, também, os órgãos sociais da Cooperativa

Agrícola de Santa Maria da Feira e de S. João da Madeira.

Faleceu a 8 de agosto de 2005, deixando de luto, para além

da sua família, todas as instituições de que fez parte (Baseado em

Mozelos- Boletim Informativo – Ano 4 – Nº 4).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

365

MANUEL FRANCISCO PEREIRA DOS SANTOS

(MANUEL DOS SANTOS), nasceu em 19 de fevereiro de 1945,

em Mozelos, filho de Francisco Gomes dos Santos e de Maria

Madalena Rodrigues Pereira (fabricante de fogaças, seguindo

uma tradição familiar).

É um exímio e virtuoso intérprete das guitarras clássica e portuguesa.

Atuou em várias estações televisivas e radiofónicas da Europa,

nomeadamente, em Espanha, Rússia, Alemanha, França,

para além de ter atuado nas rádio e televisão portuguesas.

Fez vídeos musicais que foram transmitidos para vários PALOP.

Tem acompanhado vários artistas famosos portugueses.

DR. MANUEL LARANJEIRA, nasceu em 1877, em Mozelos,

numa família modesta; mas graças à herança de um tio

brasileiro, prosseguiu estudos e, em 1898, publicou a sua primeira

obra, Os Filósofos.

Poeta e dramaturgo, colaborou em várias publicações periódicas,

nomeadamente na Revista Nova, assinando crónicas sobre

temas tais como política, crítica social, religião, literatura e

outros domínios como filosofia, educação e medicina.

Residente em Espinho, cursou medicina, formando-se em

1904, tendo-se doutorado com a tese A Doença da Santidade tendo

obtido a classificação de 19 valores.

Porém não abandonou as suas intervenções de natureza artística,

social e política. Assim sendo, relacionou-se com pintores,

escritores e outros artistas, enriquecendo-se culturalmente e adquirindo

um saber enciclopédico.

O seu espírito mordaz fez também com que interviesse, de forma

ativa, na vida do país, manifestando a sua crescente insatisfação.

É vasta a sua correspondência com Unanumo, João de Barros,

António Patrício, Afonso Lopes Vieira, Teixeira de Pascoais,

Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Amadeu de Sousa Cardoso,

entre outros.

Conhecia 5 línguas e deixou as seguintes obras:

– Amanhã (Prólogo Dramático);

– A Doença das Santidade (1907);

– Comigo – Versos de um solitário (1912);

– Naquele Engano d’Alma;

– Cartas (1943);

– Diário Íntimo (1952);


366 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– A Cartilha Maternal e a Fisiologia;

– Dor Surda (Novela) (1957);

– Prosas Perdidas (1958).

Agiu politicamente na Comissão de Propaganda do Centro

Democrático de Espinho em várias polémicas com agentes económicos

e culturais.

A Escola Secundária de Espinho tem o seu nome.

Em suma, só uma figura de referência poderia dar um nome

a um prémio- Prémio Manuel Laranjeira – que se pretende pioneiro

na distinção de personalidades que se vão evidenciando

pelas suas obras e pelos seus feitos.

Sucidou-se em 22 de fevereiro de 1917 (Baseado num texto de

autoria do Dr. Jorge Ferreira, Presidente da Junta de Mozelos de apresentação

da obra de António Pinto, distinguidos com o prémio Manuel

Laranjeira e Wikipédia).

MARIA ALVES FERNANDES, nasceu em 7 de julho de

1882 e faleceu em 6 de maio de 1983. Durante a sua longa vida,

distribuía o pão, leite, jornais e afins. Mãe de José Pinho Ferreira.

PROFESSOR PAULINO FERNANDES COELHO

D’AMORIM, nasceu em 10 de março de 1867, na casa da família,

no lugar da Quintã, tendo falecido em 26 de julho de 1947.

Era filho de António Fernandes Coelho d’Amorim (1827-1907) e

de Ana Francisca Coelho (1833-1932).

Foi o primeiro professor oficial da freguesia, formado em

1889. Alfabetizou a população da terra e das povoações limítrofes.

Acorriam à sua escola pessoas de Oleiros, Nogueira da

Regedoura, Paços de Brandão e Lourosa.

ROSA DE OLIVEIRA FARDILHA nasceu a 9 de junho

de 1920, tendo falecido a 3 de março de 2010. Exerceu a profissão

de escolhedeira de rolhas. Foi catequista, sempre dedicada a

várias atividades de Igreja. Realizava pequenos serviços de enfermagem

apesar de não possuir qualquer formação nessa área.

ROSALINDA SILVA. Participou na seleção de futebol feminino,

sendo, na altura, uma referência nacional da modalidade,

que está longe de ter a expressão do seu congénere masculino.

Rosalina era atleta porque tinha o gosto de jogar, pondo essa

condição acima das vitórias e dos desaires, pois o que lhe importava

era competir, jogar sempre melhor.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

367

É uma figura simples e discreta, gostando de pôr à prova as

suas capacidades e talentos, de descobrir até onde pode ir, de

partilhar com as colegas os êxitos e as derrotas.

Não gosta muito de falar, sendo alguém que considera mais

sensato ouvir do que opinar.

Rosalina Silva tem dado o máximo a pensar nos outros e no

que os outros esperam dela.

RÚBEN DIOGO DA SILVA NEVES, ou simplesmente

RÚBEN NEVES (Mozelos, 13 de março de 1997), é um futebolista

português que atua como volante. Atualmente, joga no

Futebol Clube do Porto.

Depois de chegar ao Porto, quando tinha apenas oito anos,

Rúben Neves estava subindo através das diferentes categorias de

clube de jovens. O meio-campista brilhou no Sub-17 Campeonato

da Europa, realizado em Malta.

Na época 2015/2016, foi habitual titular e no dia 20 de outubro

de 2015 tornou-se o mais jovem capitão dos Dragões em

competições da UEFA.

Atualmente atua pela Selecção Nacional de Sub 21.

Foi recentemente transferido para um clube inglês.

SILVESTRE OLIVEIRA SANTOS - Nascido em 7 de setembro

de 1948, filho de Alberto Pereira dos Santos e de Arminda

de Oliveira. Empresário da restauração em Portugal e na Venezuela,

foi benemérito em várias associações sociais e culturais,

tendo manifestado uma enorme e permanente generosidade.

VITORINO DIAS COELHO, empresário corticeiro, nasceu

a 28 de março de 1907, tendo falecido 28 de abril de 1973.

Exerceu a sua actividade com grande empenhamento e dedicação

à sua empresa, aos seus trabalhadores e à comunidade.

Muitos mozelenses são pessoas simples, outras com um

percurso mais notório, mas todas elas, pelas suas qualidades e

obras, são credoras da admiração de todos, servindo de exemplo

a toda esta terra e às suas gentes...

Seguramente, haverá outros credores desta mesma admiração.


Cemitério de Mozelos

Entrada original do

Cemitério de Mozelos


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

369

CEMITÉRIO

A prática dos enterramentos no interior das igrejas estava

profundamente enraizada no Ocidente cristão, desde a Idade

Média, e resultava da visão profética registada no Apocalipse de

S. João, 20.11. Neste está escrito que, quando soar a trombeta do

Juízo Final, os mortos ressuscitarão em carne das suas sepulturas

para serem julgados. Para que isto estivesse em conformidade

com a visão do Apocalipse, a Igreja Católica fazia enterrar os

mortos dentro dos templos com a cabeça para ocidente. Logo

que surgisse o toque final, os corpos levantar-se-iam e ficariam

voltados para oriente, donde surgiria a justiça divina.

No caso concreto da igreja de Mozelos, os corpos eram enterrados

com a cabeça voltada para a porta da entrada e os pés para

o altar-mor, a fim de seguir a tradição profética.

A questão do cemitério de Mozelos, como no resto do país,

foi colocada no início da segunda metade do século XIX. Nas

atas da Junta, surge em sessão de 12 de setembro de 1871. Dado

o facto da Câmara Municipal da Vila da Feira ter construído

um cemitério na freguesia, e tendo-o entregue ao cuidado e administração

da Junta e como ele precisasse de melhoramentos

e como a Junta não tinha meios alguns para os fazer e como

muitas pessoas da freguesia desejavam obter sepulturas privadas

para si e suas famílias comprando para isso terrenos das mesmas

sepulturas entendia ser conveniente adotar-se uma forma

de venda de terrenos para as sepulturas no dito cemitério, por se

ver nele capacidade suficiente e que o resultado das vendas desses

terrenos fosse canalizado para o melhoramento e reparação

do mesmo cemitério, a Junta deliberou por unanimidade vender

cada sepultura de dois metros de comprido por um de largo, pela

quantia de 5.000$000.

Para que a deliberação produzisse todos os efeitos legais, foi

decidido remeter cópia dela ao Governador Civil para obter autorização

do Conselho do Distrito, que foi concedida posteriormente.

No mesmo ano, a Câmara da Feira autorizou a Junta a vender

terrenos no cemitério antigo (AJFM:Liv. de Inventários, fol. 20).


370 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 15 de outubro de 1873, começaram a surgir interessados

em comprar terrenos para jazigos particulares, prática que

se prolongou pelos anos seguintes e que se acha contida nas atas

das sessões da Junta.

Os deferimentos de pedidos de compra de terrenos para jazigos

passaram a ser uma constante em quase todas as sessões da

Junta até ao advento da República. Houve, aliás, tempos em que

tais decisões eram o único ponto das agendas das sessões.

Em 4 de Dezembro, foram vendidos terrenos para jazigos,

quatro a 15.000$000 cada um, um a 10.000$000 e outro por

5.000$000.

Em 6 de maio de 1874, foram vendidos os seguintes terrenos

para jazigos:

Terreno de 3 metros de comprido por 2,60 m de largo –

19.500$000;

Dois terrenos de 3 metros de comprido por três de largo –

cada um por 22.500$000;

Dois terrenos com 2 metros de comprido por um de largo –

cada um por 5.000$000.

Em 9 de outubro de 1874, foram vendidos terrenos para dois jazigos

um com 3 metros de comprimento por 3 de largo por 22.500$000

e outro com quase 2 metros de comprimento por 4.950$000.

Em 29 de março de 1875, o presidente referiu que se deveriam

evitar graves males, que pesavam sobre o coração de todos os fiéis

ofendendo a piedade e a religião, dado que não tinham sido ultimadas

as obras do cemitério, em toda a extensão do lado sul do adro

da igreja que se achava aberto, o que foi corroborado pelos vogais

que disseram ser lastimoso o que causava enorme repugnância

aos fiéis em terem ali as suas sepulturas e os seus defuntos. O

cemitério havia sido ordenado e feito pela Câmara Municipal no

biénio de 1868/69, ficando assim por concluir até ao presente, sem

que se tenha podido levar a cabo esta obra tão digna de todas as

atenções. Dado que a Junta não tinha recursos financeiros para a

obra necessária, foi solicitado à Câmara para assumir as despesas.

Para municiar a Junta para elaborar o orçamento da obra,

foram convidados 2 ferreiros que concluíram serem necessários

106.625$000 para o efeito.

Era urgente a realização da obra para evitar que os cães e

outros animais continuassem a desenterrar os ossos dos defuntos

o que se tornava doloroso para os fiéis verem assim maltratados

os seus defuntos. A Junta decidiu enviar o orçamento para a Câmara

para os devidos efeitos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

371

Em 14 de Dezembro de 1875, a Junta vendeu um terreno de

6,35 m2 por 15.925$000, um bocado de pedra por 1.200$000,

outro terreno com 9 m2 por 22.500$000. Em 28 de Dezembro,

estava a ser ultimado o arruamento do cemitério, que seria feito

à custa de Pedro Leite. Aguardava-se, entretanto, a plantação de

uns arbustos junto dos arruamentos.

Em 3 de maio de 1876, a Junta recebeu um ofício do Administrador

do Concelho onde se informa que por força da portaria

de 24 de janeiro de 1872, deve haver no cemitério um terreno

separado para não católicos e que o cemitério era propriedade

da Junta e não da Câmara. A Junta deliberou que dentro do cemitério

não podia haver um terreno separado porque está muito

ocupado com jazigos particulares e era necessário fazer um adicionamento

para as desejadas sepulturas. Assim, a Junta resolveu

mandar fazer junto ao cemitério do lado poente o prolongamento

do cemitério em comunicação com o adro da igreja para

serem sepultados os não católicos bem como algumas crianças

que pudessem morrer antes do batismo.

Em 2 de julho de 1876, a Junta deliberou encarregar o presidente

de providenciar a abertura de um portão em frente do

cemitério e dar todo o realce ao seu arruamento.

Em 11 de fevereiro de 1878, constatou-se na sessão da Junta

que ainda estava por vedar a parte do adro da igreja confinante

com o cemitério e ainda estava aberta a frente para o arraial,

com todos os inconvenientes já relatados em sessão anterior. A

Junta entendeu reclamar da Câmara a propriedade do cemitério,

nos termos da Lei para que se pudessem concluir as vedações

reclamadas.

Em 1879, a Câmara da Feira deliberou ceder à Junta a administração

do cemitério (ID.:Liv. de Inventários, Fl. 20).

A questão das obras do cemitério regressou em 21 de abril de

1879, com a constatação de que ainda estava por vedar o cemitério

do lado do adro, ainda estava deslocada a cruz do seu lugar,

a pedra que servia de mesa para pousar os caixões estava num

completo desarranjo e abandono.

Era da mais urgente necessidade concluir a vedação do cemitério,

aonde se faziam os enterramentos há oito anos, com bastante

desgosto para as famílias dos defuntos ali sepultados. As

Juntas anteriores já haviam solicitado à Câmara as necessárias

obras sem êxito. Face à situação, foi decidido fazer nova representação

à Câmara para ultimar as obras, reafirmando o desejo

do cemitério passar para a propriedade paroquial, que não teria

dúvidas em fazer as obras referidas.


372 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 30 de abril de 1879, o cemitério passou a ser propriedade

da Junta, por decisão da Câmara Municipal, tendo ficado demarcado

o caminho e o logradouro.

Em 1 de setembro, a Junta deliberou mandar fazer um gradeamento

em ferro à volta do cemitério, sobre a parede do adro

pelo preço de 100.000$000 que foi adjudicado ao mestre ferreiro

Joaquim de Oliveira Pais.

Em 20 de junho de 1881, a Câmara Municipal comunicou

à Junta que autorizara a construção de um muro com a altura

suficiente no arraial para o cemitério não ser devassado (ID.:Liv.

de Atas nº 1).

Em 1891, foi lavrado um processo concernente ao alargamento

do cemitério (ID.:Liv. de Inventários, fol. 20).

Em 27 de fevereiro de 1891, A Junta recebeu para as obras de

alargamento do cemitério as verbas seguintes:

– Joaquim Ferreira Regal, do Rio de Janeiro – 200 mil reis;

– Joaquim Alves Ferreira Bastos, do Rio de Janeiro – 200 mil

reis;

– José Ferreira Coimbra – 100 mil reis, especialmente, para edificar

o jazigo do seu chorado tio Doutor António Alves Ferreira, o

farmacêutico falecido no Brasil e que deixou uma fortuna colossal

que foi distribuída por vários herdeiros (AJFM: Doc. Avulso).

Em 1892, foi celebrada uma escritura de compra do terreno

para o alargamento do cemitério a José António Rios (ID.:IBID.).

Em 1896, foi celebrada a compra de uma leira de terreno

para ampliação do cemitério a António Monteiro dos Santos

(ID.:IBID.).

Em 21 de maio de 1897, a Junta solicitou à Câmara o processo

de aprovação do cemitério, visto haver necessidade de proceder

à sua bênção (ID: Liv. de Atas nº 3).

Em 5 de novembro de 1897, a Junta deliberou realizar a obra

de construção de um muro do cemitério dos não católicos por

70.200$000 (ID.:IBID.).

Em 2 de fevereiro de 1900, a Junta acertou com um seu freguês

utilizar um terreno que pertencia ao freguês para melhorar

o caminho do cemitério, beneficiando em troca benfeitorizar outro

terreno de igual extensão ali ao pé e no fim da rua Central prolongada

do cemitério velho. Em 16 de outubro de 1903, a Junta

considerou ser da maior urgência proceder-se à bênção do cemitério

novo, visto que o antigo já estava cheio, havendo dificuldade

em se fazerem mais enterramentos pois exigia-se um determinado


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

373

número de anos para que a terra consumisse os cadáveres. Seria

necessário proceder-se às necessárias escavações, para preparar os

terrenos para os enterramentos. Era necessário erguer também

uma cruz padrão, devendo para o efeito contactar-se dois artistas

e que custaria 50.000$000, o que foi aprovado (ID.: IBID.).

Em 14 de novembro de 1908, a Junta deliberou consertar o

arruamento que partia com o cemitério, pintar o ferro da sua

vedação e os seus arruamentos (ID.:Liv.de Atas nº 4).

Em 19 de janeiro de 1909, a Junta decidiu que os enterramentos

comuns passassem a ser feitos no cemitério novo do lado noroeste,

a seguir ao cemitério antigo para os adultos, as crianças

no outro canteiro paralelo a este, do lado sudoeste, a seguir ao

adro da igreja, reservando-se em ambos estes canteiros, pelo lado

sueste, à beira da rua lateral, uma faixa de terreno onde já existem

terrenos privativos e outros destinados ao mesmo fim, sendo ainda

tolerados enterramentos em determinadas sepulturas do cemitério

antigo, quando as famílias interessadas o reclamassem, com

o fundamento de terem ali sido enterrados cadáveres da mesma

família. Foi ainda decidido que não se colocassem epitáfios sem serem

examinados e aprovados pelo presidente. Foi ainda aprovada

a aquisição de ferramentas e utensílios indispensáveis aos enterramentos

e que se procedesse ainda ao aperfeiçoamento das ruas do

cemitério novo, sob a orientação dos vogais da Junta (ID.:IBID.).

Em 22 de agosto de 1911, a Junta deliberou fazer por conta

própria a limpeza do cemitério, sob a direção de um vogal

(Id.:Liv. de Atas nº 5).

Em 23 de abril de 1914, a Junta deliberou demolir o portão

do muro divisório do cemitério dos não católicos (ID.: IBID.).

Em 3 de junho de 1915, tendo desabado o muro do cemitério

paroquial que confrontava com a estrada municipal, a Junta resolveu

requerer ao Diretor as Obras Públicas a autorização para

a sua reconstrução (ID.:Liv. de Atas nº 6).

Em 27 de junho de 1915, a Junta deliberou mandar limpar

e caiar os muros do cemitério e adro e pintar o guarda-vento e

várias portas da igreja (ID.:IBID.).

Em 2 de janeiro de 1920, a Junta decidiu proceder à terraplanagem

e arruamento do cemitério novo, cuja despesa ascendeu a

187$10 (ID.:Liv. de Atas nº 7).

Durante boa parte da República, foram vendidos muitos

terrenos no cemitério para jazigos, acontecendo que em muitas

sessões da Junta estas vendas constituíam as suas únicas decisões.

Em 3 de maio de 1923, dado o facto da moeda estar a ser


374 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

constantemente desvalorizada, cerca de vinte vezes sobre o seu

anterior valor, a Junta deliberou elevar o preço de cada metro

quadrado de terreno no cemitério para 25$00 (ID.:IBID.).

Em 12 de maio de 1929, a CA deliberou proceder à pintura

da grade de ferro do cemitério por administração direta (ID.:Liv.

de Atas nº 8).

Em 12 de fevereiro e 26 de março de 1933, foi deliberado

abrir concurso para um encarregado dos enterramentos no cemitério,

sua limpeza e outros serviços no mesmo. O pagamento

dos seus serviços deveriam ser feitos pelas famílias das pessoas

enterradas no cemitério, mediante tabela a fixar (ID.:IBID.).

Em 21 de maio de 1933, compareceram na sessão da Junta

os membros das Confrarias das Almas e de Santa Luzia que

pediram autorização para a construção de uma capela no cemitério

para a recolha de cadáveres que aguardavam a sepultura

por qualquer motivo, propondo que o seu custo fosse assumido

pelos saldos disponíveis das Confrarias das Almas e de Santa

Luzia. A Junta não se opôs à proposta (ID.:IBID.).

A CA, sentindo a necessidade de colocar tabuletas de cimento

em forma de lousa destinadas às sepulturas, obteve um orçamento

de 3$00 por cada uma, tendo sido decidido encomendar

sessenta exemplares (ID.:Liv de Atas nº 9).

Em 16 de Dezembro de 1934, constatou-se o desabamento do

muro de suporte do adro paroquial e do cemitério, sobre a estrada

do Picoto a Esmoriz. Dado que a Junta não tinha condições financeiras

para o reconstruir e dada a dimensão da obra a realizar, a

CA deliberou oficiar ao Governador Civil de Aveiro para interceder,

junto do Ministério, para elaborar com a maior brevidade o

projeto necessário para realizar as obras necessárias. Entretanto,

procederam-se a obras de limpeza da estrada (ID.:IBID.).

Em 31 de julho de 1966, a Junta recolheu envelopes que haviam

sido distribuídos por todas as casas da freguesia com donativos

destinados a várias obras no cemitério, nomeadamente, cimentação

do solo, pintura das ferragens, construção de uma casa

de arrumos, eletrificação, grupo elétrico, início da construção de

sanitários com esgotos de tubos de cimento por caminho público

que seguia Mozelos a Nogueira da Regedoura, obras estas integradas

no 40º aniversário da Revolução Nacional. Os donativos recolhidos

atingiram o montante de 37.242$00 (ID.: Liv. de Atas nº 12).

Em 31 de julho de 1980, a Junta deliberou adquirir a área de

1.065 m2, pelo preço unitário de 500$00/m2 ao senhor Eduardo


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

375

Rios, depois de devidamente autorizada pela Assembleia de Freguesia.

À área adquirida juntavam-se mais cerca de 320 m2 oferecido

pela família Rios (ID.:IBID.).

Em 1998, deu-se início às obras de ampliação do cemitério de

Mozelos, consistindo em novo arruamento (Rua S. João Paulo

II), nova entrada para o cemitério (nascente) e parque de estacionamento.

Em 20 de abril de 1998, a Junta aprovou os seguintes preços

para cada sepultura:

– 1 campa – 320.000$00;

– 2 campas – 700.000$00;

– 3 campas – 1.100.000$00;

– capela – 1.500.000$00.

Entrada nascente do cemitério, e parque de estacionamento


376 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA


ASPETOS DEMOGRÁFICOS


Na página anterior, reprodução dos primeiros

registos de batizados realizado em Mozelos

Comunhão solene


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

379

Intimamente relacionada com a terra, está a distribuição e

a quantidade da população que nela vive ou foi vivendo ao

longo dos séculos. Uma e outra coisa mostram, desde logo,

que os homens se adaptaram às condições materiais, ou delas

foram capazes de tirar partido e a influência que ambos estes

factores tiveram sobre a evolução e distribuição dos aglomerados

habitacionais, ao longo de séculos. Aqui, porém, é importante

não esquecer o exterior: a população local pode crescer em

virtude das imigrações, produzir excedentes demográficos que

abandonam a terra ou revelar-se incapaz de lutar contra

condições adversas, e por isso estacionar ou diminuir

(MATTOSO:2002:184).

Anos 1527 (1) 1623 (2) 1690 (3) 1787 (4)

Freguesias

Moradores

De

Comunhão

Menores

Fogos

Famílias

Fogos

Almas

Argoncilhe * - - - 227 594 310 1103

Arrifana 105 400 93 170 484 221 855

Canedo 70 681 164 408 1091 538 1655

Escapães 33 124 43 76 288 115 371

Duas Igrejas 26 - - 25 97 36 137

Espargo 33 103 20 47 160 96 365

Feira 56 542 92 237 779 315 1248

Fiães 16 216 70 176 455 244 806

Fornos 21 125 25 70 235 96 369

Gião 45 120 48 99 304 103 383

Guisande 42 204 43 86 291 192 506

Lamas 22 80 19 59 159 76 363

Lobão 90 354 83 237 603 319 1046

Louredo - 258 59 163 494 146 644

Lourosa 49 211 78 159 378 214 1008

Milheiros de Poiares 39 - - 113 420 149 605

Mosteirô 48 157 46 78 255 82 348

Mozelos 36 168 44 105 254 185 667

Nogueira da

Regedoura

22 124 19 70 127 143 450

Oleiros 16 83 33 51 123 103 307


380 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Paços de Brandão 23 116 57 46 133 76 312

Pigeiros 59 110 31 78 224 107 436

Rio Meão 32 - - 120 358 156 489

Romariz 65 357 78 198 797 300 1055

Sanfins 19 82 25 52 158 87 335

Sanguedo 37 154 32 119 280 158 592

S, João de Ver 66 314 32 208 784 233 881

S. Jorge 34 211 36 84 293 116 490

Souto 68 240 64 138 353 281 910

Travanca 42 168 55 90 330 190 583

Vale 60 401 68 162 494 196 782

Vila Maior 28 165 28 89 265 117 384

* Do isento de Grijó. Porque estas freguesias não eram da visitação do Bispo do Porto, D. Rodrigo da Cunha não

apontou os seus fregueses

1) Arquivo Municipal do Porto: cod. 2.307

2) D. Rodrigo da Cunha: Catálogo dos Bispos do Porto: 242-250

4) Sousa: D. João de, Constituicões Sinodais do Bispado de 1690...

5) P. Agostinho Rebelo da Costa: Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto. Porto:176-185

Para se ter uma ideia de conjunto e uma referência comparativa,

apresenta-se o quadro da população das diferentes freguesias

de Santa Maria da Feira, nas quais de inclui naturalmente

Mozelos, desde o século XVI até ao presente, o que permite conhecer

a sua evolução.

Em 1623, tinha 166 pessoas de comunhão e 44 menores (D.

Rodrigo da Cunha: Catálogo dos Bispos do Porto: 242-250).

Anos

1839/1840

(1)

1856/57 (2) 1864/65 (3)

1864

(4)

1868 (5) 1890 (6)

Freguesias

Fogos

Fogos

Famílias

Famílias

População

População

Famílias

População

Famílias

População

Argoncilhe 515 457 466 2048 466 683 2838

Arrifana 240 181 237 1129 216 279 1141

Canedo 603 434 560 2312 528 616 2501

Escapães 116 104 114 444 112 112 497

Espargo 136 150 198 737 161 174 803

Feira 473 496 558 2098 462 575 2397

Fiães 335 308 330 1552 326 445 1841

Fornos 122 126 201 671 157 161 686

Gião 124 120 127 503 118

Guisande 121 101 106 529 110 124 559

Lamas 147 174 208 897 198 242 1152

Lobão 320 307 339 1367 398 219 1635


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

381

Louredo 755 187

Lourosa 285 357 378 1228 317 421 1762

Milheiros de

Poiares

168 154 149 661 151 161 701

Mosteirô 114 118 139 606 131 135 622

Mozelos 246 212 225 1087 237 346 1373

Nogueira da

Regedoura

273 263 253 1063 230 421 1469

Oleiros 173 145 214 728 172 223 921

Paços de

Brandão

215 181 222 857 193 267 1100

Pigeiros 96 77 89 362 95 98 403

Rio Meão 213 225 220 952 203 275 1167

Romariz e

Duas Igrejas

267 316 308 1399 301 338 1395

Sanfins 104 92 104 443 102 105 461

Sanguedo 186 179 182 858 228 254 1.018

S, João de Ver 332 348 345 650 340 451 1973

S. Jorge 125 147 143 596 144 163 751

Souto 367 337 376 1748 341 418 1837

Travanca 225 220 851 207 220 959

Vale 180 225 239 1019 240 230 968

Vila Maior 133 151 172 582 138 161 647

1) Mappa Geral Estatístico das côngruas arbitradas aos Parochos e Coadjuctores das Freguesias do Continente do

Reino: Imprensa Nacional:1841

2) Côngruas Arbitradas em 1856/57: Lisboa: 1859

3) Mappa Geral Estatístico das côngruas arbitradas aos Parochos e Coadjuctores das Freguesias do Continente do

Reino: Imprensa Nacional: 54 e 55

4) Censo da População de Portugal, In Diccionário Chorographafico de Portugal de Américo Costa

5) Corografia Portuguesa de Carvalho da Costa:107 a 112: Braga: 1868

6) Censo de 1890

Anos 1900 (1) 1911 (2) 1920 (3) 1930 (4)

Freguesias

Famílias

População

Famílias

População

Famílias

População

Famílias

População

Argoncilhe 660 2994 782 2341 628 2727 735 3428

Arrifana 287 1206 322 1447 371 1641 430 1965

Canedo 616 2591 652 2806 658 2914 774 3245

Escapães 123 552 139 663 153 702 204 903

Espargo 194 863 203 1006 233 1050 245 1137

Feira 563 2650 619 2878 607 2699 653 2942

Fiães 478 2030 543 2363 581 2527 766 3037

Fornos 175 740 187 863 187 859 223 1009

Gião 122 533 128 633 133 683 139 707


382 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Guisande 124 540 131 606 132 618 145 719

Lamas 294 913 315 1538 198 910 377 1904

Lobão 424 1817 465 2.057 476 3132 505 2357

Louredo 201 729 211 850 212 903 223 1005

Lourosa 460 1936 517 2276 527 2341 580 2775

Milheiros de Poiares 170 791 191 1022 222 1095 244 1192

Mosteirô 159 676 173 721 166 752 184 872

Mozelos 319 1492 361 1717 338 1603 364 1805

Nogueira da

Regedoura

373 1554 401 1569 386 1710 413 1782

Oleiros 256 1028 292 1156 275 1296 342 1504

Paços de Brandão 285 1241 323 1516 322 1607 423 1896

Pigeiros 94 406 359 1703 98 518 120 615

Rio Meão 292 1328 318 1195 340 1561 387 1805

Romariz 353 1452 352 1619 368 1617 364 1719

Sanfins 123 577 131 651 141 621 141 746

Sanguedo 244 1012 263 1102 267 1157 280 1347

S, João de Ver 437 1091 489 2280 521 2417 589 2739

S. Jorge 165 765 190 891 198 972 266 1134

Souto 355 1604 522 2359 488 2254 609 2649

Travanca 213 996 229 1071 230 1028 266 1388

Vale 226 1006 259 1087 278 1267 303 1471

Vila Maior 155 644 183 728 163 744 181 859

1 – Censo da População de Portugal – 1900

2 – Censo da População de Portugal – 1911

3 – Censo da População de Portugal – Dezembro 1920

4 – Censo da População de Portugal – 1930

Anos 1940 (1) 1950 (2) 1960 (3) 1970 (4)

Freguesias

Famílias

População

Famílias

População

Famílias

População

Famílias

População

Argoncilhe 947 4326 1065 4988 1210 5685 1292 3928

Arrifana 520 2450 674 3109 929 4161 1132 5264

Canedo 863 3378 899 4028 997 4225 918 3922

Escapães 250 1115 315 1458 402 1981 443 2168

Espargo 290 1100 282 1207 328 1257 294 1282

Feira 804 3436 843 3780 981 4220 1294 5222

Fiães 543 3634 896 4459 1145 5486 1266 7025

Fornos 279 1246 296 1417 353 1592 423 1919

Guisande 150 820 198 903 203 1029 225 1066


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

383

Lamas 528 2607 608 2908 777 3754 825 4084

Lobão 634 2819 705 3299 816 3930 861 4179

Louredo 262 1117 266 1249 291 1291 298 1315

Lourosa 655 3448 845 4079 1117 5724 1433 7301

Milheiros de Poiares 273 1306 362 1599 415 1916 532 2491

Mosteirô 227 1000 226 972 277 1103 333 1523

Mozelos 455 2287 473 2530 668 3156 751 3483

Nogueira da

Regedoura

467 3060 537 2206 600 2446 690 3483

Oleiros 445 1822 425 2048 545 2442 684 3042

Paços de Brandão 486 2405 555 2749 777 3474 923 3994

Pigeiros 151 651 148 674 184 804 162 901

Rio Meão 405 2139 483 2434 598 3024 718 3549

Romariz 444 1958 463 2190 524 2467 584 2998

Sanfins 167 828 188 906 242 1168 278 1356

Sanguedo 347 1535 403 1839 449 2117 465 2263

S, João de Ver 615 3100 757 3639 966 4536 880 4513

S. Jorge 277 1360 337 1613 377 1739 392 1796

Souto 648 2923 746 3322 783 3445 813 3519

Travanca 305 1258 299 1413 338 1463 361 1621

Vale 358 1494 411 1800 460 2003 470 2071

Vila Maior 287 856 232 952 238 1066 232 926

1 – Recenseamento Geral da População, (VIII), 1940

2 – Recenseamento Geral da População, (IX), 1950

3 – Recenseamento Geral da População, (X), 1960

4 – Recenseamento Geral da População, (XI), 1970

Em 1757, Mozelos 105 fogos e em 1890, 260 fogos (Leal:

Portugal Antigo e Moderno:vol.5:554).

Em 1857, Mozelos tinha fogos e almas (Almanak Ecclesiástico

do Bispado do Porto para 1857: Porto:1856).

Em 1945, Mozelos tinha 2.286 habitantes em 455 fogos

(Grande Enciclopédia…:vol. 18:62).

Em 31 de Dezembro de 1960, existia na freguesia, a população

seguinte:

3.170 moradores, sendo 1456 do sexo masculino e 1.714 do

sexo feminino (AJFM:Liv de Atas nº 12).


384 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

POPULAÇÃO POR LUGARES DE MOZELOS

EM 1940

Lugares

Fogos

Homens e

Mulheres

Homens

Casal 6 36 16

Coteiro 11 57 31

Ermilhe 18 96 48

Fundão 10 52 31

Gesto 16 64 31

Goda 38 204 102

Igreja 12 68 34

Mozelos 16 49 19

Murado 47 254 115

Outeiro do

Moinho

15 42 20

Prime 19 104 49

Quebrada 13 72 30

Quintã 29 125 47

Regadas 13 95 46

Rio 7 61 33

Seitela 25 155 70

Sobral 47 262 120

Vergada 93 441 215

Vilas 13 32 17

Isolados e

Dispersos

7 15 4


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

385

Anos 1981 (1) 1991 (2) 2001(3) 2011 2011

Freguesias

Famílias

População

Famílias

População

Famílias

População

Famílias

População

Argoncilhe 1666 7507 2558 8318 2584 8605 3465 8420

Arrifana 1303 6315 1878 5600 2071 6544 2861 6551

Canedo 1333 4999 1240 4874 1710 5782 2919 6044

Escapães 645 2632 847 2979 907 3028 1406 3309

Espargo 302 1516 377 1439 410 1309 660 1559

Feira 1445 5966 2323 8231 3304 11040 5789 12511

Fiães 1667 3713 2657 8842 2580 8754 3266 7991

Fornos 536 2352 793 2636 887 2810 1461 3397

Gião 276 1049 442 1131 507 1676 849 1815

Guisande 249 1226 422 1434 555 1474 579 1237

Lamas 4303 1311 3900 1887 5120 2061 5073

Lobão 1106 4073 1747 5043 2241 5761 2653 5483

Louredo 307 1423 475 1389 612 1459 723 1325

Lourosa 1790 8268 2821 8113 3514 9204 3752 8636

Milheiros de

Poiares

683 2028 955 2623 1434 3859 1536 3791

Mosteirô 418 1745 580 1855 754 2043 854 2038

Mozelos 1162 4749 1535 4800 2465 6502 2981 7142

Nogueira da

Regedoura

1015 3647 1255 4269 1933 5026 2339 5790

Oleiros 715 3122 1246 3662 1534 4003 1643 4069

Paços de

Brandão

1097 4472 1772 4469 1935 4590 2066 4867

Pigeiros 242 1124 414 1217 480 1369 504 1181

Rio Meão 977 4417 1351 4324 1828 4688 2082 4931

Romariz 751 3429 1045 3358 1360 3650 1409 3023

Sanfins 366 1634 634 1665 692 1970 825 1882

Sanguedo 825 2739 1008 3154 1290 3542 1436 3600

S, João de Ver 1260 5233 2299 6981 3468 8816 2059 10579

S. Jorge 524 2205 738 2199 1088 2728 4608 2716

Souto 950 3706 1353 4608 1785 4835 1192 4696

Travanca 380 1537 582 1873 789 2201 1953 2242

Vale 558 2172 725 1867 833 2138 932 1903

Vila Maior 309 1070 479 1476 573 1438 1029 1511

1 – Recenseamento Geral da População, (XII), (1981)

2 – Recenseamento Geral da População, (XIII), (1991)

3 – Recenseamento Geral da População, 2001


386 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1900

Concelho e

Freguesia

População

Sabiam ler

HM H M HM H M

Feira 45251 20631 24320

Mozelos 1451 657 794 422 287 135

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 1911

Concelho e

Freguesia

População

Sabiam ler

HM H M HM H M

Feira 51531 22931 28500 12740 8430 4310

Mozelos 1629 729 900 263 211 52

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 1920

Sexo

Naturalidade

Concelho e

freguesia

Famílias

População

População de

facto (total)

Varões

Fêmeas

Naturais do

Concelho

da

residência

Naturais

doutro

concelho do

distrito

Doutra

naturalidade

Estrangeiros

Feira –

Concelho

11507 72457 51840 23202 28637 49254 1108 1450 Sdqwxsw2

Mozelos 338 1603 1601 701 900 1372 5 30 -

Estado Civil

Instrução

Solteiros

Casados

Separados

judicialmente

Divorciados Viúvos Analfabetos Sabem ler

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

496 556 216 265 1 1 14 81 393 694 308 206

(Direcção Geral de Estatística – República Portuguesa: Censo da

População de Portugal – Dezembro 1920: Imprensa Nacional)


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

387

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1930

Estado Civil

Instrução

Solteiros

Casados

Separados

judicialmente

Divorciados Viúvos Analfabetos Sabem ler

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

776 988 514 606 243 277 - 1 19 92 455 796 321 192

(Censo da População de Portugal – Dezembro 1930)

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 1940

Estado Civil

Instrução

Solteiros

Casados

Separados

judicialmente

Divorciados Viúvos Sabem ler

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

Varões

Fêmeas

704 747 348 370 1 1 3 3 22 87 517 449

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1950

Freguesia

Famílias

Convivências

HM H M

População residente

Temporariamente

Ausente

HM H M

HM H M

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Mozelos 473 - 2530 1183 1347 40 32 8 2491 1152 1339

(IX Recenseamento Geral da População – 15 de Dezembro de 1950)


388 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1960

Freguesia

Famílias

Convivências

HM H M

Temporariamente

ausente

Solteiros

Casados

HM H M HM H M HM H M

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Mozelos 668 - 3156 1454 1702 28 15 13 1947 929 1018 1070 510 560

(X Recenseamento Geral da População – 15 de Dezembro de 1960)

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1970

Freguesia

Habitação

População presente

Prédios Alojamentos Famílias HM H M

Mozelos 776 761 751 3483 1605 1878

(XI Recenseamento Geral da População)

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1980

Freguesia

População residente

População presente

Famílias

Residente

Núcleo

Familiar

Total

Alojamento

HM H M HM H M Class. Outros Edif.

Mozelos 4709 2300 2449 4712 2275 2437 1158 1150 1246 1207 39 1162

(XII Recenseamento Geral da População – II Recenseamento Geral da Habitação – 1981)

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL -1990

Freguesia

População residente População presente Famílias

HM H M HM H M

Clássicas

residentes

Institucionais

Mozelos 4259 2083 2176 4225 2052 2163 1192 -


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

389

Freguesia

Núcleos

familiares

residentes

Alojamentos

familiares -

total

Alojamentos

familiares -

clássicos

Alojamentos

familiares -

outros

Alojamentos

colectivos

Edifícios

Mozelos 1189 1255 1233 22 - 1176

(Censos 1991 – Resultados preliminares por freguesias (1981-1991)

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 2001

Freguesia

População residente População presente Famílias

HM H M HM H M

Clássicas

residentes

Institucionais

Mozelos 6520 3168 3334 6296 3038 3258 2154 -

Freguesia

Núcleos

familiares

residentes

Alojamentos

familiares -

total

Alojamentos

familiares -

clássicos

Alojamentos

familiares -

outros

Alojamentos

colectivos

Edifícios

Mozelos 2109 2465 2449 10 1 1550

Censos 2011 – Resultados definitivos

CENSO DA POPULAÇÃO DE PORTUGAL – 2011

Freguesia

População residente População presente Famílias

HM H M HM H M

Clássicas

residentes

Institucionais

Mozelos 7142 3476 3666 6980 3376 3604 2523 1

Freguesia

Núcleos

familiares

residentes

Alojamentos

familiarestotal

Alojamentos

familiaresclássicos

Alojamentos

familiaresoutros

Alojamentos

coletivos

Edifícios

Mozelos 2272 2981 2981 - 1 1746

Censos 2011- Resultados Definitivos



ADMINISTRAÇÃO LOCAL


Sede da Junta de Freguesia

Na página anterior, reprodução de AJFM, Atas, Lv. 1, Fol.1


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

393

O poder local foi muitas vezes uma força e o exercício de

uma certa capacidade de desenvolvimento e de realizar

obras públicas que transcendia a capacidade das estruturas

administrativas locais e as diversas formas de

representação jurídico-formal das comunidades locais

(OLIVEIRA:1995:8).

O Governo das comunidades locais, naturalmente muito longe

da forma atual, estava cometido à Igreja, instituição omnipresente

na vida das pessoas. Não admira, pois, que, por incumbência

dada pelos sucessivos visitadores, fossem as comunidades

responsabilizadas pelo arranjo dos caminhos, com a preocupação

de se dar passagem decente ao Sagrado Viático, quando ia ser

presente aos doentes. Havia também, na maioria das freguesias,

a confraria do Subsino a quem estavam confiadas algumas tarefas

que hoje são realizadas pela administração local civil.

A partir do Liberalismo, mercê da progressiva secularização

da sociedade, entrou em vigor o Código Administrativo de 1836,

que criou, entre outros órgãos de Administração Local, as Juntas

de Parochia que eram de 3 membros nas freguesias até 200 fogos,

de 5 até 800, e de 7 nas de maior população. Eram eleitores elegíveis

todos os moradores da Paróquia, no uso dos seus direitos civis

e políticos. O presidente era escolhido pelos membros da Junta

e substitutos à pluralidade dos votos. Por sua vez, a Junta nomeava

o secretário e o tesoureiro e devia ter uma sessão ao Domingo.

A Junta tinha, entre outras, as seguintes atribuições:

– Inventariar e administrar os bens e rendimentos pertencentes

à paróquia e à fábrica da Igreja;

– Deliberar sobre a necessidade de fazer contribuir para as

despesas da paróquia as irmandades e confrarias nela eretas;

– Fazer o rol das pessoas que tinham direito ao sustento pela

beneficência pública;

– Exercer várias funções no domínio da saúde pública, da

limpeza, no abastecimento de lenhas e madeiras, guarda de campos,

searas, vinhas e pastos.


394 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Costa Cabral

Havia, também, regedores que eram eletivos e escolhidos em

listas tríplices pelo Administrador do Concelho, serviam por dois

anos, eram coadjuvados por cabos de polícia e deviam elaborar

o orçamento da paróquia, administrar os bens comuns, vigiar as

casas públicas, os vadios e os turbulentos e exercer outras funções

de manutenção da ordem pública.

Por decreto de Costa Cabral, de 18 de março de 1842, foi

retirada alguma autonomia aos órgãos do poder local, passando

as Juntas a terem dois vogais eleitos pelos eleitores da freguesia,

sendo o Pároco, vogal nato e presidente, limitando-se as suas

atribuições à administração dos bens da Igreja da Paróquia e ao

desempenho de certos atos de beneficência, podendo lançar finta

sobre os moradores, entre outras funções.

O regedor passou a ser nomeado por alvará do Governador

Civil.

A lei impunha o exercício dos cargos, apenas dispensando

quem provasse incapacidade de serviço ou incapacidade física ou

moral (NOGUEIRA:1993:80 – 87).

Durante a República e até 1974, a freguesia tinha à sua frente

um corpo administrativo. A Junta de Freguesia era eleita, de

quatro em quatro anos, pelas famílias, representadas pelo seu

chefe, compondo-se de três membros, um presidente, um secretário

e um tesoureiro, funções exercidas gratuitamente, com limitadas

competências, designadamente, emissão de atestados de

residência e de prova de vida e ações de assistência (ENCICLO-

PÉDIA:1987:vol.14:391).

A documentação relativa a Mozelos reporta ao tempo do início

das Juntas de Paróquia.

A referida documentação tem início em 1836, ano da criação

das Juntas da Paróquia, o que nos permite conhecer o desenvolvimento

da atividade da Junta da Paróquia, nesta freguesia,

nesse período fundador.

Durante muito tempo, a Junta de Paróquia teve como Presidente

nato o Pároco.

Os membros das Juntas, prestavam juramento declarando bem

e fielmente cumprirem os deveres do seu cargo, obedecerem e guardarem

fidelidade ao Rey e às Leis Geraes da Nação (ID.: Ata de 2.1.1881).

Feita esta introdução, far-se-á a menção dos membros ao longo

dos tempos bem como as decisões mais importantes tomadas.

Ao longo dos anos, houve muitas reuniões em que não havia

quaisquer assuntos a tratar, limitando-se à aprovação das actas.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

395

Estas situações eram mais frequentes, em fim de regime e em

períodos de normalização da vida coletiva.

No início de novos regimes, as reuniões eram mais frequentes,

realizando-se muitas de carácter extraordinário.

Durante o Estado Novo, as reuniões eram escassas, havendo

uma só por mês, e os assuntos tratados reduziam-se quase exclusivamente

à emissão de atestados de pobreza, para acesso a serviços

hospitalares, para isenção de custas judiciais e em grande

número abonando o bom comportamento moral e político.

As obrigatórias aprovações de orçamentos e das contas de

gerência surgiam também nos tempos determinados.

A utilização do cemitério, compra e cedência de terrenos,

construção e arranjo de jazigos e campas, para além das obras

que, ciclicamente, a Junta lá fazia, completavam a quase litânica

repetição do conteúdo das atas.

Os tempos de mudança de regime, nomeadamente, da Monarquia

para a Republica, desta para o Estado Novo e deste para

a Democracia, sempre foram momentos de tentativas de ajustes

de contas com os executivos anteriores, chegando mesmo a pôr-

-se em questão a sua honorabilidade política e mesmo pessoal.

Começam por integrar este trabalho os nomes de todos

quantos, desde os tempos heróicos das Juntas de Paróquia até aos

tempos presentes, que, com funções executivas ou deliberativas

e fiscalizadoras, têm vindo a dar o melhor de si mesmo, pela sua

terra de naturalidade ou de acolhimento.

Devo ressalvar o facto de não ter podido aceder a alguns

livros de atas, o que, obviamente, empobrece o conhecimento da

vida autárquica, durante esses lapsos temporais.

De qualquer forma, procurei suprir tais limitações com recurso

a outras fontes.

Após a apresentação dos sucessivos elencos das Juntas, ao

longo da sua história, desde 1836 até ao presente, serão tratados

os assuntos versados nas respetivas sessões.

Dada a especificidade de alguns deles, como a atividade religiosa,

cemitério, educação e atividades culturais, recreativas e

desportivas, serão integrados em capítulos próprios.

A leitura e comparação dos seus conteúdos permitem tomar

o pulso da vida coletiva da freguesia, os seus avanços e recuos, as

suas aspirações e a concretização dos seus sonhos, a projeção dos

seus medos e das venerações aos sucessivos poderes e refletem

uma realidade única, cujos relatos são transmitidos por agentes

colocados no terreno.

Primeiro estandarte da

Junta de Freguesia de Mozelos


396 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Militares de Abril com civis

Havendo, naturalmente, muitas realidades e comportamentos

semelhantes, em várias freguesias, há, de facto, especificidades

que importa relevar.

Em tempo de fortes clivagens sociais, de acendrado jacobinismo

anticlerical, nem a presença do Pároco à frente do executivo

paroquial evitou alguns confrontos entre o Abade e alguns elementos

da Junta.

Por tudo isto, julgo que valeria a pena aprofundar os estudos

das atas da Junta e documentação conexa, para um melhor conhecimento

da realidade de Mozelos, vista através do relato da

atividade da sua Junta.

Procurei extrair dos conteúdos das atas o pulsar da vida coletiva

que se plasmava nas reuniões da Junta.

Nota-se, claramente, uma diminuição da capacidade interventiva

da Junta, durante o Estado Novo, durante o qual, não

passava de um ténue marco do correio, entre as populações e os

restantes poderes.

A partir do 25 de abril de 1974, os órgãos locais, enriquecidos

com a criação da Assembleia de Freguesia, foram obtendo outras

capacidades normativas de intervenção, maior poder financeiro

de execução, condições mais alargadas de conhecimento e acompanhamento

da vida coletiva, com a possibilidade do Presidente

da Junta exercer as funções a tempo inteiro.

Nos primeiros anos de vida democrática, após o 25 de abril, a

Junta estava plenamente aberta às populações, e em quase todas

as reuniões, participavam moradores, isoladamente ou em grupo,

para colocarem questões, não só de interesse individual, mas

também relativos à vida comunitária.

A partir do início do ciclo democrático em que vivemos, será

diferente a nossa abordagem à atividade autárquica local, limitando-nos

ao que se apresenta como intervenção original e paradigmática,

ou do que tenha clara influência em toda a comunidade.

Para além disso, as Juntas passaram a ter competências próprias

mais vastas e meios financeiros mais alargados, mercê de

transferências, consagradas por normativos próprios, mas também

por protocolos específicos celebrados com a Câmara Municipal,

designadamente, no domínio das obras e jardins, e das

escolas, entre outras.

Consideramos que a síntese da atividade das Juntas de Freguesia,

ao longo dos tempos, em todo o concelho, constituirá um

inegável contributo para a compreensão da génese, evolução, variedade

e condicionalismos deste importante corpo administrativo

tão importante para a vida das comunidades.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

397

NOME

Joaquim Fernandes do

Couto

Diogo José Ferreira Fortuna

Manuel Alves Ferreira

José António Rios

José Ferreira dos Santos

António de Oliveira Souto

Oliveira

CARGO

PERÍ-

ODO

PRO-

CESSO

Presidente 1836 Eleição

Secretário

Vogal

Vogal

Vogal

Vogal

Comissário

da Paróquia

Joaquim Fernandes do

Couto

Diogo José Ferreira Fortuna

Manuel Alves Ferreira

António Ferreira dos Santos

José de Oliveira

António de Oliveira Souto

Manuel José dos Reis Milheiro

José Fernandes Ribeiro

Francisco José Coelho

Presidente

Secretário

Vogal

Vogal

Vogal

Vogal

Vogal

Vogal

Vogal

Dezembro

de 1836

Eleição

Manuel José dos Reis

Milheiro

Presidente

Diogo Soares Alves

Secretário

José Ferreira dos Santos

Vogal

Francisco José Coelho

Vogal

José de Oliveira

Vogal

José Fernandes Ribeiro de

Amorim

Vogal

Luís Alves Coelho Substituto

António Amorim Aranha

Substituto

José António Rios

Substituto

Manuel José Coelho

Substituto

Manuel Joaquim de Oliveira Regedor

Maio de

1837

Eleição

José Fernandes Ferreira

Amorim

Diogo Soares Alves

Francisco José Martins,

substituído em 5/11/1938 por

Pedro Leite

Joaquim Pereira da Cruz

Presidente

Secretário

Tesoureiro

Vogal

Dezembro

de 1837

Eleição


398 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

José de Sousa, substituído em

22/11/1938 por Manuel Alves Vogal

Pereira

Joaquim Pereira da Silva,

substituído por Francisco

de Oliveira Pais, por estar

Vogal

gravemente doente

José de Oliveira

Vogal

José Ferreira dos Santos

Vogal

José Francisco Alves

Vogal

Manuel Alves Oliveira

Vogal

Manuel Alves Pereira, passou a

efetivo em 22/11/1838

Vogal

substituto

Manuel Joaquim Oliveira Regedor

Manuel da Mota,

substituído por Tomás de

Oliveira em 23/12/1838

Presidente

Dezembro

de 1838

Eleição

José Francisco Alves

Diogo Soares Alves

Servindo

de

Secretário

José Fernandes do Couto,

nomeado em 10/3/1839

Tesoureiro

Tomás de Oliveira, passou a

Presidente em 23/12/1838

Vogal

José Coelho de Amorim

Vogal

Manuel Alves Pereira

Vogal

José Ferreira Ribeiro

Vogal

Manuel Coelho

Vogal

António Francisco Amorim Substituto

António José Caetano

Substituto

Francisco Ferreira

Substituto

Pedro Leite

Substituto

Manuel Pereira da Mota Júnior Regedor

Francisco de Oliveira Pais

Diogo Soares Alves

Manuel Carvalho da Rocha

António Pereira dos Santos

José de Sousa

José de Fontes

António José Ferreira, passou a

efetivo em 15/12/1839

Manuel Lopes

Presidente

Servindo de

Secretário

Vogal

Vogal

Vogal

Vogal

Substituto

Substituto

Dezembro

de 1839

Eleição


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

399

Joaquim Ferreira

Manuel Pereira da Mota

Padre Vicente de Oliveira

Xavier

Francisco José Coelho

Luís Alves de Oliveira

José Leite de Oliveira

Substituto

Regedor

Presidente 1844 Eleição

Vogal

Vogal

Regedor

José Ferreira dos Santos Presidente 1852 Eleição

Diogo Soares Alves

Servindo de

Secretário

João Fernandes Amorim

Vogal

Reitor Padre Manuel António

de Sousa

Pároco

Reitor Manuel António de

Sousa

Luís Alves Coelho

Diogo Soares

Reitor Manuel António de

Sousa

António Amorim Aranha

José Ferreira dos Santos

José Soares Alves

Presidente 1856/1857 Eleição

Vogal

Vogal

Presidente 1856/1857 Eleição

Vogal

Vogal

Regedor

Padre José Alves Coelho Presidente 1871/1872 Eleição

Joaquim Ferreira dos Santos Vogal

José Fernandes de Amorim

Aranha

Vogal

Jerónimo de Oliveira Carvalho Regedor

Padre José Alves Coelho Presidente 1873/1874 Eleição

Joaquim Ferreira dos Santos Vogal

José Fernandes de Amorim

Aranha

Vogal

António Leite de Oliveira

Regedor

Padre José Alves Coelho Presidente 1876/1877 Eleição

Paulino José Coelho

Vogal

José Coelho de Amorim

Vogal

António Soares Alves

Regedor

Padre José Alves Coelho Presidente 1878/1879 Eleição


400 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Bernardo António da Costa

Serafim António de Oliveira

Joaquim de Pinho

Vogal,

servindo de

Secretário

Vogal

Regedor

Paulino José Coelho Presidente 1879/1880 Eleição

Joaquim Ferreira dos Santos

António Joaquim de Oliveira

António Ferreira Leite da

Conceição

José Francisco de Amorim

António Soares Alves

Francisco Espírito Santo

Vice-

Presidente

Secretário

Vogal

Vogal

Regedor

Escrivão

Paulino José Coelho Presidente 1880/1881 Eleição

Joaquim Ferreira dos Santos

Vice-

Presidente

António Joaquim de Oliveira Secretário

José Francisco de Amorim

Vogal

António Ferreira Leite da

Conceição

Vogal

António Leite de Oliveira Presidente 1882/1883 Eleição

António Joaquim de Oliveira Secretário

Jerónimo de Oliveira Carvalho Tesoureiro

Joaquim Ferreira dos Santos Vogal

Joaquim de Pinho

Vogal

Joaquim de Pinho Presidente 1884/1885 Eleição

José Coelho de Amorim

Vice-

Presidente

Padre Francisco Marques da

Silva Seabra

Secretário

Jerónimo de Oliveira Carvalho Tesoureiro

José Francisco de Amorim

Vogal

Joaquim de Pinho Presidente 1885/1886 Eleição

José Francisco de Amorim

Vogal

Jerónimo de Oliveira Carvalho Tesoureiro

Padre Francisco Marques da

Silva Seabra

Secretário

José Coelho de Amorim

Vogal

António Leite de Oliveira

Vogal


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

401

José Francisco de Amorim

António Pereira Leite da

Conceição

António Joaquim de Oliveira

Padre Francisco Marques da

Silva Seabra

José Coelho de Amorim

Joaquim Coelho da Rocha

António Soares Alves

Vogal

Presidente 1886/1887 Eleição

Vice-

Presidente

Secretário

Tesoureiro

Vogal

Regedor

Padre José Alves Coelho Presidente 1887/1888 Eleição

Joaquim Ferreira dos Santos

Vice-

Presidente

Padre Francisco Marques

da Silva Seabra, substituído

em 19/12/1887, por Joaquim

Secretário

Moreira Dias

José Coelho de Amorim

Tesoureiro

António Couto Nogueira

Vogal

Joaquim Coelho da Rocha

Vogal

António Soares Alves

Regedor

Joaquim Ferreira dos Santos Presidente 1888/1889 Eleição

Joaquim Coelho da Rocha

Vice-

Presidente

José Coelho de Amorim

Tesoureiro

Joaquim Moreira Dias

Secretário

Joaquim Coelho da Rocha

Vogal

António Soares Alves

Regedor

António Joaquim

de Oliveira

Bernardino Alves Ferreira

José António Rios

Manuel Domingues Maia

José Francisco Alves

Presidente 1893-1895 Eleição

Bernardino Alves Ferreira Presidente 1890-1892 Eleição

José Eduardo Rios

Vice-Presidente

Manuel Monteiro dos Santos Tesoureiro

Joaquim Moreira Dias

Secretário

Vice-Presidente

Vogal

Vogal

Vogal


402 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Francisco José do Espírito Santo

Secretário

Joaquim Coelho da Rocha

Joaquim Ferreira dos Santos

Joaquim Moreira Dias

José Coelho de Amorim

António Couto Nogueira

António Soares Alves

Manuel Domingues Maia

António Leite de Oliveira

Presidente

Vice-

Presidente

Secretário

Tesoureiro

Vogal

Vogal

Vogal

Regedor

1896 a

1898

Eleição

Padre José Alves Coelho Presidente 1899/1901 Eleição

Manuel Ferreira Coelho Leite

Francisco Fernandes Coelho de

Amorim

José Alberto Coelho Rios

José Francisco Alves

Joaquim Oliveira Pais

Manuel Domingues Maia

António Leite de Oliveira

Vice-Presidente

Secretário

Tesoureiro

Vocal

Vogal

Vogal

Regedor

Padre José Alves Coelho Presidente 1902/1904 Eleição

Francisco Fernandes Coelho de

Amorim

Secretário

Manuel José Paulo

Tesoureiro

Joaquim Coelho das Rocha

Vogal

António do Couto Nogueira

Vogal

José de Barros

Vogal

Bernardino Ferreira Coimbra Regedor

Padre José Alves Coelho Presidente 1905/1907 Eleição

Joaquim Eduardo Pereira Rosas Secretário

Manuel José Paulo

Tesoureiro

António Pereira dos Santos

Vogal

Joaquim Pereira da Silva

Vogal

José Francisco Alves

Vogal

Marcelino Ferreira Barros

Vogal

Padre José Alves Coelho Presidente 1908 Eleição

José Pereira Alves Carvalho Secretário


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

403

Manuel José Paulo

António Pereira dos Santos

Joaquim Pereira da Silva

José Francisco Alves

Bernardino Ferreira Coimbra

José Francisco Nogueira

José Alves Ferreira Amorim

Joaquim Soares Alves

Manuel Fernandes de Amorim

Aranha

Tesoureiro

Vogal

Vogal

Vogal

Regedor

Comissão

Paroquial

Idem

Idem

Idem

Padre José Alves Coelho Presidente 1908 Eleição

Paulino Fernandes Coelho

de Amorim, substituído em

4/1/1910, por Maximino

Secretário

Martins Guimarães

Manuel José Paulo

Tesoureiro

Maximino Martins Guimarães,

passou a secretário em

Vogal

4/10/1910

Marcelino Ferreira de Barros Vogal

Bernardino Augusto Dias

Milheiro

Vogal

Bernardino Ferreira Coimbra Regedor

Maximino Martins

Guimarães

Marcelino Ferreira de Barros

Paulino Fernandes Coelho de

Amorim

Manuel José Paulo

Joaquim Soares Alves

António do Couto Nogueira,

substituído em 27/10/1913,

por Manuel Fernandes Coelho

Amorim

Bernardino Augusto Dias

Milheiro

António Francisco Martins

Joaquim Domingues Oliveira

Júnior

Bernardino Ferreira

Coimbra

Presidente 1910/1913 CA

Vice-

Presidente

Secretário

Tesoureiro

Vogal

Vogal

Vogal

Vogal

Regedor

Presidente 1914 CA


404 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Joaquim Godinho Aguiar

Henrique dos Santos Rios

Domingos dos Santos Ferreira

Professor Paulino Fernandes

Coelho Amorim

Vice-

Presidente

Secretário e

Vogal

Tesoureiro e

Vogal

Vogal

Bernardino Ferreira Coimbra

(1861-1936)

Bernardino Ferreira

Coimbra

Joaquim Godinho Aguiar

José Gomes Pinto Tomás

Domingos dos Santos Ferreira

Joaquim Ferreira Rios

Henrique Soares dos Santos

Rios

Bernardino Augusto Dias

Milheiro

António Francisco Soares

Paulo Pereira Pinho

José de Barros

Joaquim Pereira da Silva

Presidente 1914/1917 CA

Vice-

Presidente

Secretário

Interino

Vogal

Vogal e

também

Secretário,

a partir de

14/10/1917

Tesoureiro

Interino

Substituto

Substituto

Substituto

Substituto

Substituto

António Francisco Soares

Presidente

1918 até 10

de fevereiro

(dissolvido

pela re-instauração

da

monarquia)

CA

Pedro Pereira de Pinho

Amaro Ferreira Amorim

Bernardino Augusto Dias

Milheiro

Benjamim Ferreira Coimbra

António Ferreira Vendas

Joaquim Ferreira dos Santos

Joaquim Ferreira Rios

Vice-

Presidente

Secretário

Interino

Tesoureiro

Vogal

Vogal

Vogal

Regedor


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

405

António Francisco Soares

Efetivo

Nomeados

em

10/2/1918

CA

Benjamim Ferreira Coimbra

António Pereira Vendas

Joaquim dos Santos Nogueira

Domingos dos Santos Ferreira

Efetivo

Substituto

Substituto

Substituto

António Francisco Soares Presidente 1918/1919 CA

Pedro Pereira de Pinho

Padre Manuel Rodrigues Vieira

Pinto

Bernardino Augusto Dias

Milheiro

Benjamim, Ferreira Coimbra

Vice-

Presidente

Secretário

Interino

Tesoureiro

Vogal

António Francisco Soares Presidente 1919/1922 CA

Pedro Pereira de Pinho

Vice-

Presidente

Padre Manuel Rodrigues Vieira

Pinto, substituído em 13/8/1920,

por José Pereira Alves Carvalho Secretário

Joaquim Godinho de Aguiar Tesoureiro

Joaquim Ferreira dos Santos Vogal

Benjamim Ferreira Coimbra

Vogal

António Pereira Vendas

Regedor

António Francisco Soares Presidente 1923/1925 CA

Pedro Pereira de Pinho

Vice-

Presidente

José Pereira Alves Carvalho,

substituído em 24/12/1925 por Secretário

Joaquim Alves Ferreira da Silva

Joaquim Soares dos Santos Rios Tesoureiro

Adriano Pereira dos Santos

Vogal

Quintino Ferreira da Silva

Lamas

Vogal

Domingos dos Santos Ferreira Vogal

António Pereira Vendas

Regedor

Joaquim Pereira da Silva

Presidente

Até 20 de

julho de

1926

CA

Pedro Pereira de Pinho

Vice-

Presidente


406 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Agostinho Marques Alves

Carvalho

Henrique Soares dos Santos

Rios

Carlos Relvas Meladas

Benjamim Ferreira Coimbra

António Alves Novo

António Pereira Vendas

Secretário

Tesoureiro

Vogal

Vogal

Vogal

Regedor

Bernardino Ferreira

Coimbra

António Francisco Soares

Agostinho Marques Alves

Carvalho

António Alves Novo, nomeado

em 10/10/1931, substituído em

8/5/1932, por Quintino Ferreira

da Silva Lamas

António Pereira Vendas

Presidente 1926/1934 CA

Vice-

Presidente

Secretário

Tesoureiro

Regedor

Benjamim Ferreira

Coimbra (1882-1951)

António Francisco Soares Presidente 1936/1937 CA

Henrique Rodrigues Pereira

Vogal

Agostinho Marques Alves

Carvalho

a)

Secretário

Interino

Benjamim Ferreira Coimbra Presidente 1947/1951 Eleição

Joaquim Coelho Relvas

Meladas

Secretário

Joaquim Francisco Alves

(Joaquim Porto)

Tesoureiro

Emídio Ferreira Coimbra

(1906-1994)

Emídio Ferreira Coimbra Presidente 1951/1959 Eleição

Joaquim Pinto Coelho da Silva Secretário

Francisco de Assis Soares da

Silva

Tesoureiro

José Ferreira Coimbra Presidente 1960/1963 Eleição

Alberto Alves de Sousa

Secretário

Joaquim Domingues da Silva Tesoureiro

Benjamim Ferreira Coimbra Escrivão

José Ferreira Coimbra Presidente 1964/1972 Eleição

António Ferreira Mendes

Secretário

Domingos Ferreira Ribeiro Tesoureiro


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

407

Carlos Relvas Meladas Presidente 1972/1975 Eleição

Fernando Domingues Mendes Secretário

João Ferreira do Espírito Santo Tesoureiro

César de Oliveira Sousa

Escrivão

Américo Cardoso

Regedor

Joaquim Adamastor Feiteira

Maia

Joaquim Fernando da Silva

Paiva

Joaquim Jerónimo Pinto Ribeiro

Presidente 1974/1976 CA

Secretário

Tesoureiro

Joaquim Ferreira da Costa Presidente 1976/1979 Eleição

Manuel Domingues Pinto

Brandão

Secretário

Afonso Henriques Ribeiro Tesoureiro

Joaquim Ferreira da Costa Presidente 1980/1982 Eleição

Fernando Mendes

Secretário

Francisco Pereira de Barros Tesoureiro

José Pinho Ferreira Presidente 1983/1989 Eleição

Carlos Joaquim Belinha

Secretário

Joaquim da Conceição Sá Tesoureiro

José Pinho Ferreira, substituído

por Alexandrino Ferreira

dos Santos, por ter assumido

o cargo de vereador municipal,

em outubro de 1992

José dos Santos Baptista

Alexandrino Ferreira dos

Santos, substituído por Manuel

da Silva Martins, em outubro

de 1992

Presidente 1990/1993 Eleição

Secretário

Tesoureiro

José Pinho Ferreira Presidente 1994/1997 Eleição

José dos Santos Baptista

Secretário

Joaquim, Ferreira da Costa Tesoureiro

José Henrique Dias

Coimbra

José Carlos Pinto Silva

Manuel Bernardino da Silva Maia

Presidente 1998/2001 Eleição

Secretário

Tesoureiro


408 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Jorge Manuel Ferreira

Ferreira

José Carlos Pinto Silva

Manuel Bernardino da Silva

Maia

Presidente 2002/2005 Eleição

Secretário

Tesoureiro

Jorge Manuel Ferreira

Ferreira

José Carlos Pinto Silva

Manuel Bernardino da Silva

Maia

Manuel António Duarte Teixeira

Domingos Pereira do Espírito

Santo

Presidente 2006/2009 Eleição

Secretário

Tesoureiro

Vogal

Vogal

Presidente

Jorge Manuel Ferreira

Ferreira

José Carlos Pinto Silva

Manuel Bernardino da Silva Maia

Manuel António Duarte Teixeira

Manuel Gomes de Sousa

Presidente 2010/2013 Eleição

Secretário

Tesoureiro

Vogal

Vogal

Secretário

Tesoureiro

José Carlos Pinto Silva Presidente 2014/2017 Eleição

Manuel António Duarte Teixeira Secretário

Manuel Bernardino da Silva Maia Tesoureiro

Vânia Daniel da Silva Tavares Vogal

Rui Jorge Soares de Almeida Vogal

a) Não há informações sobre a composição global da Junta por não

haver atas desse período.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

409

Entre 1842 e 1852, não houve sessões da Junta da Paróquia,

possivelmente por razões de instabilidade política, a nível nacional,

ou por causas de natureza local. Em 1852, realizou-se um

auto de juramento dos membros da Junta, tendo-se seguido uma

sessão em março de 1858 e outra em maio de 1868.

Na ata de 5 de março de 1858, é referida a composição da

Junta do mandato de 1856/7, não havendo contudo quaisquer atas

referentes a esse período. As reuniões foram depois retomadas

em setembro de 1871.

ELENCOS DAS ASSEMBLEIAS DE FREGUESIA

1976/1979

Presidente – Manuel Vasco Magalhães da Rocha

Secretário – Alírio Alves Martins

Secretário – Joaquim Teixeira Moreira Passos

Deputado – Fernando Alberto Ferreira Freitas

Deputado – Fernando Fernandes Pereira

Deputado – Joaquim Coelho Ferreira

Deputado – José Pinto

Deputado – Manuel Bernardo Pereira da Silva

Deputado – Maria Alice Ferreira de Pinho

1980/1982

Presidente – Assis Alves da Silva

1º Secretário – César Oliveira Sousa

2º Secretário – José Dias Valente

Deputado – Alexandre Gomes das Neves

Deputado – Arsénio da Costa Loureiro

Deputado – Carlos Joaquim Belinha

Deputado – Joaquim da Silva Conceição

Deputado – Joaquim Jerónimo Pinto Ribeiro

Deputado – José Pinho Ferreira

Deputado – Manuel Bernardo Ferreira da Silva

Deputado – Manuel Mendes Pinto

Deputado – Mário da Silva Soares


410 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

1983/1985

Presidente – José Pinto

1º Secretário – António de Amorim Barros

2º Secretário – José Pedro de Sousa Ferreira

Deputado – Alexandrino Ferreira dos Santos

Deputado – Arsénio da Costa Loureiro

Deputado – Benjamim Ferreira Coimbra

Deputado – Carlos Vítor de Oliveira Pereira

Deputado – Ernesto Afonso Henriques da Silva Neves

Deputado – João Ferreira do Espírito Santo

Deputado – José dos Santos Baptista

Deputado – Manuel António da Costa Dinis

Deputado – Manuel Mendes Pinto

Deputado – Serafim Alves Ribeiro

1986/1989

Presidente – Alexandrino Ferreira dos Santos

1º Secretário – José dos Santos Baptista

2º Secretário – Joaquim da Silva Neves

Deputado – Assis Alves da Silva

Deputado – Domingos Alves de Amorim

Deputado – Emília Santos Batista

Deputado – Joaquim da Silva Neves

Deputado – Joaquim Fernando Moreira Ribeiro

Deputado – Manuel Mendes Pinto

Deputado – Serafim Alves Ribeiro

1990/1993

Presidente – Carlos Joaquim Belinha

1º Secretário – Joaquim Coelho de de Brito

2º Secretário – Emília dos Santos Batista

Deputado – Assis Alves da Silva

Deputado – Joaquim Ferreira da Costa

Deputado – Jorge Rio dos Santos

Deputado – Lino Pinto Guedes

Deputado –Manuel Oliveira Martins

Deputado – Rogério Santos Soares


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

411

1994/1997

Presidente – Jesus Manuel Milheiro Leal

1º Secretário – Joaquim Coelho de Brito

2º Secretário – Lino Pinto Guedes

Deputado – Alexandrino Ferreira dos Santos

Deputado – António Eusébio Coimbra Amorim

Deputado – José Carlos Pinto da Silva

Deputado – José Henrique Dias Coimbra

Deputado – Manuel Bernardino da Silva Maia

Deputado – Manuel Oliveira Martins

1998/2001

Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim

1º Secretário – Carla Maria dos Santos Dinis

2º Secretário – Domingos Pereira Espírito Santo

Deputado – Carlos Joaquim Belinha

Deputado – Jesus Manuel Milheiro Leal

Deputado – Jorge Manuel Ferreira Ferreira

Deputado – José Batista

Deputado – José Pinho Ferreira

Deputado – Vitorino Soares dos Santos

2002/2005

Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim

1º Secretário – Carla Maria Santos Dinis

2º Secretário – José Pinho Ferreira

Deputado – Alexandino Ferreira dos Santos

Deputado – Amaury Costa Tavares

Deputado – António Ferreira Pinto

Deputado – Domingos Pereira Espírito Santo

Deputado – Eduardo José A. Carreira Fonseca

Deputado – Manuel António Duarte Teixeira


412 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

2006/2009

Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim

1º Secretário – Paula Cristina Moreira Couto

2º Secretário – José Leal Teixeira

Deputado – António Ferreira Pinto

Deputado – Cristina Maria Mendes Pereira

Deputado – Henrique Martins da Silva

Deputado – Joaquim da Silva Neves

Deputado – Luís Manuel de Oliveira Silva

Deputado – Manuel Gomes de Sousa

Deputado – Manuel Oliveira Martins

Deputado – Raul Veiga Moreira Passos

Deputado – Sabino Alves da Rocha

2010/2013

Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim

1º Secretário – Paula Cristina Moreira Couto

2º Secretário – José Leal Teixeira

Deputado – António Manuel da Cunha Nogueira

Deputado – Daniel Domingues Soares

Deputado – Domingos Pereira do Espírito Santo

Deputado – Elísio Paulo Pereira de Amorim Barros

Deputado – Luís Manuel da Silva Santos

Deputado – Luís Manuel da Silva Santos

Deputado – Luís Manuel da Silva Santos

Deputado – Luís Manuel da Silva Santos

Deputado – Manuel Gomes de Sousa

Deputado – Maria Domitília Barros da Silva

Deputado – Pedro Joaquim Teixeira Pereira

Deputado – Rui José Soares Almeida

Deputado – Vânia Daniela da Silva Tavares

2014/2017

Presidente – António Eusébio Coimbra Amorim

1º Secretário – Manuel Fernando Ferreira Taipa

2º Secretário – Paula Cristina Moreira Couto

Deputado – António Manuel da Cunha Nogueira


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

413

Deputado – Domingos Pereira do Espírito Santo

Deputado – Elísio Paulo Pereira de Amorim Barros

Deputado – Hugo Gabriel Santos Neves

Deputado – Joaquim Manuel Gomes da Costa Pereira

Deputado – José Leal Teixeira

Deputado – Luís Manuel da Silva Santos

Deputado – Maria Lúcia Magalhães Gomes

Deputado – Roberto Filipe Sousa Rosário

Deputado – Sílvia Alexandra Ferreira dos Santos

PRINCIPAIS ASSUNTOS TRATADOS NAS

ATAS DA JUNTA

Há questões que são tratadas em quase todas as reuniões da Junta,

ao longo de quase toda a sua existência, nomeadamente, emissão

de atestados a chefes de família, pais de mancebos, pobreza, pensionistas

de sangue, residência, para acesso a subsídios de aleitação,

fins militares e judiciais, diversos tipos de recenseamentos, receção

e anúncio de expedição de correspondência, requerimentos, emolumentos

e diversos outras formas de expediente, recebimento de

subsídios da Câmara, impostos, aspetos conexos com o cemitério,

derramas, vencimentos, pagamentos, execução de orçamentos, movimentos

e encerramento de contas e fiscalização, entre outros.

Nos finais do século XIX, muitas atas apenas continham a

indicação dos elementos presentes, a aprovação da ata anterior e

a justificação de ausência de algum dos seus membros.

HORÁRIOS, PERIODICIDADE E

LOCAIS DAS REUNIÕES

As reuniões tiveram, ao longo dos tempos, os mais diversos

dias e horas de funcionamento.

Nos primeiros tempos e durante um longo período, ocorriam

aos domingos e quartas-feiras pelas dez horas da manhã, fora

as ordinárias quando o bem da paróquia ou o interesse público ou

fossem convocadas por autoridade superior. Porém nas sessões em que

não houvesse nada a deliberar era escusado estar a fazer ata (AJFM:

Livro de Atas nº 1: Ata de 7.9.1837). Em 8 /1/1839, passou a

haver sessões da Junta aos domingos e quintas- feiras, às 8 horas

da manhã. (ID.:IBID.: 8/1/1839).


414 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Os horários das sessões variavam entre as 6, 7, 8, 9, 10, 10:30,

11:30, 14, 15, 15:30, 16, 17, 18, 19:30, 20, 21 ou 21:30 horas.

Nos primeiros tempos da República, a Junta reunia, todas as

primeiras e terceiras segundas-feiras de cada mês, às 3 horas da

tarde. Mais tarde, passaram a realizar-se, nos dias úteis, à noite.

Em 1872, passou a reunir duas vezes por mês.

Em 1876, as sessões passaram a realizar-se em todos os dias 2

e 17 de cada mês, na casa da fábrica da igreja.

Em 1878, as reuniões passaram a ser às segundas-feiras da 1ª

e 3ª semana de cada mês.

Em 1885, as sessões realizavam-se nos primeiros e terceiros

domingos de cada mês, na casa da fábrica.

Em 1887 e 1888, as sessões passaram a realizar-se nas primeiras

e terceiras segundas- feiras de cada mês.

Em 1897, as sessões realizavam-se nas 1ª e 3ª sexta-feira de

cada mês.

Começaram por ter periodicidade semanal, depois, quinzenal

ou mensal (durante parte do Estado Novo), em períodos

normais, havendo, em tempos posteriores a alterações políticas

de vulto, como alterações de regime ou golpes militares, maior

número de reuniões, com carácter extraordinário.

A periodicidade das sessões era alterada com alguma facilidade,

muito dependente, não só da vontade dos eleitos, mas

também de pressões exteriores.

Contrariando a tendência inicial da realização de reuniões

semanais, apesar de serem escassos os assuntos tratados, a partir

de 1840, passou a haver reuniões com atas, de ano a ano, ou

com intervalos mais longos, de 3 anos, voltando a períodos mais

curtos. Julgo que tal terá a ver com o dinamismo dos eleitos, dos

acontecimentos merecedores de decisão ou, mais provavelmente,

mercê de situações políticas emergentes.

SEDE DA JUNTA

No início, as sessões eram na sacristia da Igreja ou na residência

paroquial, quando o Pároco era o Presidente, a seguir em

casas alugadas e, finalmente, em sede própria.

Em 1852, as sessões realizavam-se na casa da fábrica da igreja.

Em 1871, a Junta reunia na sacristia da igreja paroquial. Em

1873, as sessões realizavam-se na residência paroquial e na sacristia

da igreja.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

415

Em 1878 passaram a reunir-se na casa dos mordomos e da Junta.

Em 1897, realizavam-se na casa da Fábrica da Igreja.

Em 1898, a Junta reuniu na casa do vogal Pais, no lugar do

Murado, sem quaisquer custos (ID:Liv. de Atas nº 3).

Em 11 de Dezembro de 1911, foi deliberado mandar proceder

ao arranjo por conta própria da armação e telhado da casa

da fábrica da igreja, face ao seu estado ruinoso, obras que importaram

em 25 mil reis (ID.:Liv. de Atas nº 5).

Por imperativo do novo Código Administrativo, as Juntas

passaram a reunir-se mensalmente.

Em 30 de abril de 1960, a Junta solicitou à Câmara a importância

de 4.500$00 de comparticipação para a futura sede da Junta.

Em 30 de junho, a Junta adjudicou a obra ao senhor Alberto

Alves da Silva pela importância de 7.400$00. Entretanto, fez-se

um peditório para as obras da casa da Junta tendo sido angariados

2.900$00. Em 31 de julho, foi dada a informação da finalização

das obras da casa da Junta, tendo sido deliberado entregar a

importância de 7.400$00 ao empreiteiro (ID.:Liv. de Atas nº 12).

Em 31 de janeiro de 1972, a Junta manifestou o desejo de passar

a sua sede para a Casa do Povo, no lugar de Gesto (ID.:IBID.).

Em julho de 1974, a Junta tinha a sua sede provisória no

Cruzeiro (ID.:IBID.).

Nos primeiros mandatos do regime democrático, a assembleia

de freguesia reunia-se nas escolas de Sobral, de Prime e da Vergada.

Em 9 de Dezembro de 1976, a Junta deliberou adquirir um

terreno com a área de 1.000 m 2 , no lugar da Igreja, em frente

à EN1-14. Dado que o seu custo orçava em 50.000$00 e a CA

tinha recursos para fazer a sua aquisição, solicitou à Câmara que

isentasse a compra do pagamento da Sisa e da obrigação de loteamento,

dado que era parte de um artigo mais vasto. Este terreno

seria destinado à construção da sede da Junta. Por razões legais

e perante a impossibilidade de resolver o problema da compra,

a CA desvinculou-se do compromisso da compra. Entretanto, a

CA adquiriu à Investife um terreno de 200 m 2 destinado à construção

da sede da Junta (ID.:IBID).

Em 30 de setembro de 1981, a Junta recebeu a quantia de

2.162.940$00, destinada à construção do edifício destinado à

sua sede. Na mesma sessão, a Junta adjudicou a obra ao empreiteiro

Joaquim Ferreira da Costa, Lda., pela importância de

3.500.000$00 (ID.:IBID.).

Entretanto, tem sido prática corrente, ao longo dos tempos,

haver reuniões extraordinárias, sempre que as condições o têm

aconselhado ou exigido.

Estrada EN1-14, com neve


416 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ASSUNTOS POLÍTICOS, MILITARES,

JUDICIAIS E POSTAIS

Afonso Costa

Desde os primeiros tempos da existência deste órgão local,

sempre foram tratadas questões relativas aos recenseamentos

eleitorais e militares e dos jurados.

Regularmente e de acordo com a legislação de cada momento,

eram elaborados os recenseamentos referidos.

Em 15 de Dezembro de 1899, gerou-se um movimento de

transferência para uma nova comarca a criar em Espinho, sede

do concelho com o mesmo nome, composta pelas freguesias que

lhe eram circunvizinhas nas quais se incluía Mozelos. Com tal

objetivo foi feita uma representação ao Governo de Sua Majestade

(ID.:Liv. de Atas nº 3).

A Junta reuniu-se extraordinariamente em 9 de outubro de

1910, sob a presidência do vogal mais antigo, em substituição do

presidente, simultaneamente pároco, para comemorar a proclamação

da República, tendo sido deliberado cumprimentar por

escrito as autoridades superiores (ID.:Liv. de Atas nº 4).

A Comissão congratulou-se com a nomeação de um oficial

do registo civil para Mozelos (ID:Liv. de Atas nº5).

Na sessão de 11 de outubro, foi exarado um voto de pesar

pela morte do sr. dr. Francisco Martins Guimarães, vogal substituto

da Junta, cidadão estimadíssimo e altamente considerado

nesta localidade pelas suas elevadas qualidades de carácter, generosidade

e ilustração (ID.:IBID.).

Foi aprovado um voto de congratulação pelo reconhecimento da

República Portuguesa pelas grandes nações (ID.: Ata de 17.09.1911).

Foi exarado na ata um voto de profundo sentimento pelo desastre

há pouco ocorrido, que ia ocasionando a perda do eminente estadista

Sr. dr. Afonso Costa, e um voto de sincera alegria pelas melhoras

que tem obtido, fazendo ardentes votos pelo seu breve restabelecimento

para engrandecimento da nossa querida Pátria.

Em 10 de fevereiro de 1917, a Comissão Administrativa do

Município da Feira solicitou que fossem entregues aos interessados

que se apresentassem com direito aos subsídios dados às

famílias dos soldados mobilizados, impressos de requerimento,

os quais, depois de devidamente preenchidos, deviam ser devolvidos

à referida comissão para efeitos de atribuição dos referidos

subsídios(ID.:Liv. de Atas nº 7).

Em 29 de Dezembro de 1918, foi exarado um voto de pesar

e de repúdio pelo infame assassinato do grande Presidente da República,

Dr. Sidónio Pais (ID.:IBID.).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

417

Em 20 de julho de 1926, foi lido um auto na sessão da Junta

em que se comunicava que, por decreto do Governo, foram dissolvidos

todos os corpos administrativos, ficando assim concluído

o mandato da Junta (ID.:IBID.).

Como é sabido, na vigência do Estado Novo, sob a férrea

política de Salazar, havia um regime com forte presença policial

de carácter político, muito para além da segurança de pessoas e

bens. A vida das pessoas e das instituições era fortemente escrutinada,

sob várias formas, o que também se fazia sentir a nível

local. No arquivo da Junta de Freguesia de Mozelos, há vários

elementos documentais que o comprovam, na pasta relativa ao

quadriénio da Junta de 1951 a 1954, volvida meia-dúzia de anos

após o fim da 2ª Grande Guerra. Neste arquivo, há outras informações

de interesse para a vida da comunidade.

Em 18 de maio de 1951, a Junta de Freguesia remeteu um

telegrama à Câmara apresentando as condolências pela perda de

um homem tão grande e tão querido da nossa querida Pátria (o Presidente

da República, Óscar Carmona),

Em 18 de outubro, a Administração Geral dos Correios, Telégrafos

e Telefones informou a Junta de que, por alvará de 14

de agosto, foi criado um posto de correio, no lugar de Prime, na

sequência de um pedido da Junta.

Em 7 de novembro de 1951, o Presidente da Câmara, o médico

Dr. Domingos Caetano de Sousa, oficiou à Junta pedindo

informação política sobre um cidadão, questionando se ele hostilizava

a situação política vigente e, em particular, se manifestava

ideias comunistas.

Em 11 de abril de 1952, o Presidente da Câmara da Vila

da Feira oficiou à Junta de Freguesia, a pedido do Comando

Distrital da Legião Portuguesa, solicitando a informação sobre

a existência de estabelecimentos, na freguesia, designadamente,

nas fábricas e oficinas, de avisadores sonoros, utilizados como

indicação de entrada e saída de pessoal, indicando a sua localização

e designação. A Junta correspondeu ao pedido informando

que a única unidade, com tais características, era pertença da

firma Nogueira e Ferreira Lda, na Vergada.

Em 28 de abril, foi solicitado à Junta pelo Presidente da Câmara

para informar se uma senhora da freguesia tinha bom porte

moral e civil para ser admitida como telefonista.

Em 17 de novembro, a Junta indicou Nestor Cândido Ferreira,

do lugar da Igreja para o cargo de ajudante do Registo Civil na

freguesia, depois de todos os professores do ensino primário da

freguesia se terem indisponibilizado para exercerem tal função.

Sidónio Pais

Marechal Óscar Carmona


418 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

RECENSEAMENTO ELEITORAL DE 1952

Insiro, neste subcapítulo, este recenseamento que permite

conhecer uma dimensão da demografia da freguesia, nos tempos

áureos do Estado Novo, com as limitações próprias impostas

pelo regime de então, nomeadamente, a exclusão de pessoas

por causa das suas ideias políticas, ou por meras suspeitas de

não serem apoiantes do regime e da Constituição de 1933, para

além de ser limitado o número de mulheres recenseadas, que só

eram incluídas pelo seu estatuto sócio- económico. De qualquer

forma, através da leitura e análise do seu conteúdo, enriquecido

pelos gráficos e quadros complementares que se apresentam,

nomeadamente, as idades, estado civil, residência e profissões

permite-se conhecer melhor a realidade da freguesia, nessa época.

Nº Nome Idade

Estado

Civil

Profissão Morada

1 Adolfo Rodrigues Soares 22 Solteiro(a) Serralheiro Seitela

2 Albano Pereira Pedrosa 29 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda

3 Albertina Moreira de Sousa Nogueira 28 Solteiro(a) Doméstica Gôda

4 Albertino Pereira da Silva 37 Casado(a) Carpinteiro Ermilhe

5 Alberto Alves de Sousa 31 Casado(a) Comerciante Gôda

6 Alberto Bastos 41 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela

7 Alberto Ferreira Coimbra 28 Casado(a) Corticeiro(a) Ermilhe

8 Alberto Leandro Amorim 28 Casado(a) Corticeiro(a) Ermilhe

9 Alberto Pereira dos Santos 32 Casado(a) Corticeiro(a) Fundão

10 Albina Rosa de Jesus 63 Viúvo(a) Proprietário(a) Ermilhe

11 Alexandre Gomes das Neves 35 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

12 Alfredo Moreira de Sousa Nogueira 26 Solteiro(a) Industrial Gôda

13 Alfredo Pinto de Almeida 40 Casado(a) Serralheiro Seitela

14 Alvaro Ferreira Mendes 42 Solteiro(a) Industrial Seitela

15 Alvaro Pereira da Silva 26 Casado(a) Corticeiro(a) Gêsto

16 Alzira Alves Ferreira 38 Solteiro(a) Proprietário(a) Coteiro

17 Amaro Fernandes de Barros 42 Casado(a) Industrial Rio

18 Amaro Ferreira Amorim 46 Casado(a) Emp. Comercial Seitela

19 Amaro Martins Ferreira da Silva 32 Casado(a) Emp. Comercial Sobral

20 Amaro Pereira de Oliveira 51 Casado(a) Industrial Murado

21 Amelia Ferreira de Amorim 70 Solteiro(a) Proprietário(a) Seitela

22 Amelia Ferreira Leite 58 Viúvo(a) Proprietário(a) Murado

23 Amaro Pereira de Barros 41 Casado(a) Corticeiro(a) Gêsto

24 Americo Coelho Relvas 49 Casado(a) Industrial Gêsto

25 Americo Pinto de Fontes 31 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela

26 Americo Soares de Carvalho 36 Casado(a) Emp. Comercial Ermilhe

27 Americo Alves de Amorim 60 Viúvo(a) Industrial Murado

28 Americo Alves Pereira 52 Casado(a) Agricultor Vilas

29 Americo Ferreira 36 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho

30 Americo Ferreira Loureiro 33 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho

31 Americo Ferreira Leite 56 Casado(a) Proprietário(a) Out. Moinho


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

419

32 Americo de Oliveira Soares 41 Casado(a) Emp. Comercial Murado

33 Americo Paulo Amorim 55 Casado(a) Industrial Murado

34 Americo Pereira Soares 43 Casado(a) Agricultor Igreja

35 Angelina Loureira 76 Solteiro(a) Doméstica Quintã

36 Angelo Alves dos Reis 31 Casado(a) Comerciante Igreja

37 Adelina Pereira da Silva 51 Viúvo(a) Doméstica Fundão

38 Ana Ferreira Soares 71 Viúvo(a) Proprietário(a) Ermilhe

39 Antonio Pereira de Barros 36 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela

40 Antonio Domingos Ferreira Ribeiro 25 Solteiro(a) Agricultor Seitela

41 Antonio Alves 66 Casado(a) Pedreiro Prime

42 Antonio Alves Ferreira de Amorim 45 Solteiro(a) Proprietário(a) Seitela

43 Antonio Alves Relvas 27 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã

44 Antonio Alves de Sousa 47 Casado(a) Industrial Igreja

45 Antonio Caetano Batista 68 Casado(a) Agricultor Ermilhe

46 Antonio Ferreira de Amorim 23 Solteiro(a) Emp. Comercial Murado

47 Antonio Ferreira Coimbra 31 Casado(a) Industrial Ermilhe

48 Antonio Ferreira Coimbra 40 Casado(a) Industrial Vergada

49 Antonio Francisco Martins 77 Viúvo(a) Proprietário(a) Gôda

50 Antonio Francisco da Silva 58 Solteiro(a) Aj. Farmácia Murado

51 Antonio Henriques 63 Casado(a) Sargento Aposentado Sobral

52 Antonio Henriques Domingues 25 Solteiro(a) Emp. Escritório Sobral

53 Antonio Moreira de Sousa Nogueira 22 Solteiro(a) Emp. Comercial Gôda

54 Antonio de Oliveira Alves 66 Viúvo(a) Industrial Murado

55 Antonio de Oliveira Maia 49 Solteiro(a) Pároco Igreja

56 Antonio de Oliveira Santos 33 Solteiro(a) Comerciante Sobral

57 Antonio Pereira de Amorim 53 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda

58 Antonio Pereira de Oliveira 29 Casado(a) Industrial Murado

59 Antonio Pinho Ferreira 35 Casado(a) Comerciante Vergada

60 Antonio Rodrigues Pereira 45 Casado(a) Serralheiro Sobral

61 Antonio dos Santos Nogueira 60 Casado(a) Estucador Ermilhe

62 Antonio Pereira da Silva 51 Casado(a) Industrial Vergada

63 Antonio Vieira de Amorim 44 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda

64 Apolinario Gomes de Oliveira 31 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

65 Armindo Caetano Batista 30 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

66 Augusto Alves Fernandes 63 Solteiro(a) Sapateiro Coteiro

67 Augusto Pinto da Silva 42 Casado(a) Cantoneiro Vergada

68 Aurora da Silva Rebelo 48 Casado(a) Professor(a) Sobral

69 Bernardino de Sousa 41 Casado(a) Lavrador Sobral

70 Bernardino Ferreira da Conceição 40 Casado(a) Corticeiro(a) Regadas

71 Bernardino Ferreira da Silva Lamas 34 Solteiro(a) Motorista Rio

72 Bernardino de Sousa 69 Casado(a) Agricultor Vilas

73 Bernardina Ferreira do Espirito Santo 61 Viúvo(a) Comerciante Murado

74 Camilo Alves de Sousa 51 Casado(a) Comerciante Prime

75 Carlos Henriques Alves dos Santos 22 Solteiro(a) Corticeiro(a) Seitela

76 Carlos Pereira da Silva 33 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho

77 Clara Ferreira da Silva 56 Viúvo(a) Proprietário(a) Prime

78 Carlos Ferreira Coimbra 30 Casado(a) Comerciante Out. Moinho


420 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

79 Carlos Francisco Martins 53 Casado(a) Industrial Igreja

80 Cesar de Oliveira Alves Prata 37 Casado(a) Corticeiro(a) Murado

81 Clara Alves 68 Viúvo(a) Proprietário(a) Prime

82 Cândido Pereira da Cruz 21 Solteiro(a) Agricultor Murado

83 Clemente dos Santos Rocha 64 Casado(a) Proprietário(a) Murado

84 David Alves de Sousa 26 Solteiro(a) Comerciante Prime

85 Delfim Ferreira da Silva 38 Casado(a) Corticeiro(a) Murado

86 Delfim Ferreira da Silva 32 Casado(a) Corticeiro(a) Murado

87 Domingos Ferreira Ribeiro 23 Solteiro(a) Lavrador Seitela

88 Domingos Alves Ribeiro 48 Casado(a) Industrial Seitela

89 Domingos Bento dos Santos 59 Casado(a) Proprietário(a) Sobral

90 Eduardo de Sousa Rios 38 Casado(a) Comerciante Igreja

91 Elisio Ferreira da Silva 55 Viúvo(a) Estucador Gôda

92 Emidio Ferreira Coimbra 45 Casado(a) Industrial Quebrada

93 Emidio Ferreira de Oliveira 25 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho

94 Eulalia da Conceição 76 Viúvo(a) Proprietário(a) Murado

95 Elvira Duarte Relvas 27 Casado(a) Doméstica Murado

96 Emilia Fernandes Coelho de Amorim 68 Solteiro(a) Proprietário(a) Quintã

97 Emilia Ferreira de Amorim 68 Viúvo(a) Proprietário(a) Seitela

98 Emilia Martins Ferreira da Silva 33 Solteiro(a) Proprietário(a) Murado

99 Emilia Soares Martins Ferreira 36 Casado(a) Proprietário(a) Quintã

100 Fausto da Costa Ribeiro 36 Casado(a) Comerciante Vergada

101 Fernando Amorim 43 Casado(a) Motorista Vergada

102 Fernando Alves Sousa 22 Solteiro(a) Corticeiro(a) Prime

103 Fernando Augusto Milheiro da Costa 27 Solteiro(a) Proprietário(a) Murado

104 Fernando Francisco Gomes da Costa 50 Casado(a) Médico Murado

105 Francelina Martins S. Guimarães 68 Viúvo(a) Proprietário(a) Quintã

106 Francisco Alves de Oliveira 71 Solteiro(a) Pedreiro Gôda

107 Francisco Assis Soares da Silva 35 Casado(a) Emp. Comercial Quebrada

108 Francisco Gomes dos Santos 44 Casado(a) Padeiro Meladas

109 Fernando Pereira da Silva 23 Solteiro(a) Corticeiro(a) Fundão

110 Fernando Dias de Castro 33 Casado(a) Agricultor Rio

111 Francisco Henriques de Oliveira 22 Solteiro(a) Corticeiro(a) Moselos

112 Francisco de Oliveira Santos 45 Casado(a) Comerciante Quintã

113 Fernando do Couto 26 Solteiro(a) Corticeiro(a) Gôda

114 Francisco Pereira de Barros 47 Casado(a) Industrial Seitela

115 Franquelim de Oliveira Alves Prata 29 Solteiro(a) Motorista Murado

116 Gloria Ferreira Coimbra 60 Viúvo(a) Proprietário(a) Vergada

117 Gracelina Milheiro da Costa 38 Solteiro(a) Professor(a) Quintã

118 Henrique da Costa Lebre 43 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho

119 Henrique Alves Ribeiro 38 Casado(a) Corticeiro(a) Coteiro

120 Henrique Ferreira Coelho 57 Casado(a) Agricultor Regadas

121 Henrique de Oliveira Santos 56 Casado(a) Carpinteiro Sobral

122 Henrique de Oliveira Santos 28 Solteiro(a) Corticeiro(a) Sobral

123 Henrique Rodrigues Pereira 47 Solteiro(a) Industrial Murado

124 Henrique Soares dos Santos Rios 70 Casado(a) Proprietário(a) Igreja

125 Ilidio de Oliveira Santos 58 Casado(a) Carpinteiro Quintã


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

421

126 Isaías Pinto Coelho da Silva 61 Casado(a) Corticeiro(a) Quebrada

127 Joaquim Adamastor Feiteira Maia 31 Casado(a) Médico Murado

128 Joaquim Alves de Amorim 49 Casado(a) Industrial Out. Moinho

129 Joaquim Alves de Amorim 31 Casado(a) Corticeiro(a) Moselos

130 Joaquim Alves Coelho 67 Viúvo(a) Agricultor Prime

131 Joaquim Alves Ferreira de Amorim 47 Solteiro(a) Proprietário(a) Seitela

132 Joaquim Alves Ferreira da Silva 67 Viúvo(a) Médico Murado

133 Joaquim Alves de Oliveira 48 Casado(a) Proprietário(a) Out. Moinho

134 Joaquim Alves Pereira 24 Solteiro(a) Corticeiro(a) Vilas

135 Joaquim Caetano Batista 49 Casado(a) Agricultor Ermilhe

136 Joaquim Alves Pereira 37 Casado(a) Agricultor Out. Moinho

137 Joaquim Coelho Relvas Meladas 51 Casado(a) Industrial Murado

138 Joaquim Coelho da Silva 47 Casado(a) Carpinteiro Gôda

139 Joaquim Bastos 24 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

140 Joaquim Moreira de Sousa Nogueira 24 Solteiro(a) Emp. Comercial Gôda

141 Joaquim Gomes (O Pedroso) 46 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

142 Joaquim Ferreira Guedes 29 Casado(a) Motorista Ermilhe

143 Joaquim de Sá Pereira 23 Solteiro(a) Corticeiro(a) Fundão

144 Joaquim Alves 25 Casado(a) Motorista Prime

145 Joaquim Alves da Silva 33 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

146 Joaquim Dias da Rocha 37 Casado(a) Corticeiro(a) Prime

147 Joaquim Domingues da Silva 48 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã

148 Joaquim Fernandes de Amorim Aranha 76 Viúvo(a) Proprietário(a) Prime

149 Joaquim Ferreira do Couto 57 Casado(a) Industrial Vergada

150 Joaquim Ferreira Coimbra 38 Casado(a) Industrial Out. Moinho

151 Joaquim Silva da Conceição 25 Solteiro(a) Corticeiro(a) Gôda

152 Joaquim Ferreira Mendes 38 Solteiro(a) Corticeiro(a) Seitela

153 Joaquim Ferreira Leite da Conceição 49 Casado(a) Proprietário(a) Ermilhe

154 Joaquim Ferreira dos Santos Nogueira 61 Casado(a) Industrial Gôda

155 Joaquim Ferreira da Silva 29 Casado(a) Estucador Gôda

156 Joaquim Francisco Alves 70 Viúvo(a) Industrial Vergada

157 Joaquim Francisco Alves Junior 38 Casado(a) Agricultor Ermilhe

158 Joaquim Jose de Oliveira Carvalho 51 Casado(a) Proprietário(a) Gôda

159 Joaquim Martins Ferreira da Silva 29 Casado(a) Industrial Igreja

160 Joaquim de Oliveira Santos 54 Casado(a) Carpinteiro Sobral

161 Joaquim de Oliveira Santos 30 Casado(a) Corticeiro(a) Moselos

162 Joaquim Pereira da Cruz 48 Casado(a) Agricultor Murado

163 Joaquim Pereira da Cruz 46 Solteiro(a) Agricultor Seitela

164 Joaquim Pereira de Oliveira 28 Solteiro(a) Corticeiro(a) Murado

165 Joaquim Pereira Santos 37 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

166 Joaquim Pereira da Silva 37 Viúvo(a) Corticeiro(a) Ermilhe

167 Joaquim Pereira da Silva 49 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda

168 Joaquim Pereira da Silva Junior 21 Casado(a) Corticeiro(a) Gôda

169 Joaquim Pereira Vendas 55 Casado(a) Comerciante Seitela

170 Joaquim Pinho Ferreira 29 Casado(a) Corticeiro(a) Quebrada

171 Joaquim Pinto Coelho da Silva 28 Solteiro(a) Emp. Escritório Quebrada

172 Joaquim Pinto Coelho da Silva 40 Casado(a) Corticeiro(a) Prime


422 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

173 Joaquim Pinto de Oliveira 41 Casado(a) Lavrador Gôda

174 Joaquim Pinto de Oliveira Junior 45 Casado(a) Agricultor Gôda

175 Joaquim Pinto Tavares 22 Casado(a) Corticeiro(a) Vergada

176 Joaquim Relvas de Amorim 27 Solteiro(a) Emp. Escritório Murado

177 Joaquim Ribeiro Neves 37 Casado(a) Corticeiro(a) Fundão

178 Joaquim Rodrigues das Neves 23 Solteiro(a) 2º Gr. -

179 Joaquim Rodrigues Pereira 46 Casado(a) Serralheiro Seitela

180 Joaquim de Sousa Barros 47 Casado(a) Industrial Sobral

181 Jose Alberto Milheiro da Costa 25 Solteiro(a) Médico Murado

182 Jose Alves 51 Casado(a) Agricultor Meladas

183 Jose Alves Leite 27 Casado(a) Industrial Prime

184 Jose Alves Rodrigues 50 Casado(a) Lavrador Vergada

185 Jose Coelho Mendes 49 Casado(a) Industrial Murado

186 Jose Dias Valente 24 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

187 Jose Fernandes Amorim 40 Casado(a) Industrial Vergada

188 Jose Ferreira 24 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã

189 Jose Ferreira de Amorim 27 Solteiro(a) Industrial Murado

190 Jose Ferreira Coimbra 33 Solteiro(a) Industrial Out. Moinho

191 Jose Ferreira da Silva 43 Casado(a) Industrial Vergada

192 José Francisco Alves 37 Casado(a) Agricultor Vergada

193 Jose Gomes Rêgo 40 Casado(a) Industrial Vergada

194 Jose Henriques de Sousa Rios 22 Solteiro(a) Estudante Igreja

195 Jose Maria da Silva 50 Casado(a) Carpinteiro Quintã

196 Jose de Oliveira Soares 46 Casado(a) Corticeiro(a) Murado

197 Jose Pereira Mendes 56 Casado(a) Lavrador Moselos

198 Jose Pinho Ferreira 31 Casado(a) Industrial Rio

199 Jose Pinto de Oliveira Balona 71 Casado(a) Carpinteiro Seitela

200 Jose dos Santos 23 Solteiro(a) Serralheiro Moselos

201 Jose de Sousa 46 Casado(a) Serralheiro Gêsto

202 Jose Mendes Pereira 29 Casado(a) Lavrador Fundão

203 Jose Cardoso 31 Casado(a) Corticeiro(a) Moselos

204 Jose Ferreira da SIlva 37 Casado(a) Industrial Gôda

205 Julião Coelho Relvas 49 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela

206 Julio Alves da Silva 41 Casado(a) Comerciante Seitela

207 Leocadia Ferreira Coimbra 51 Viúvo(a) Proprietário(a) Vergada

208 Luciana Melania Gomes Moreira 73 Viúvo(a) Proprietário(a) Gêsto

209 Luiz Alves Ribeiro 41 Casado(a) Industrial Vergada

210 Luiz Ferreira da Rocha 49 Solteiro(a) Lavrador Murado

211 Luiz Gonçalves da Silva 29 Casado(a) Farmacêutico Vergada

212 Luiz Ferreira Ribeiro 22 Solteiro(a) Lavrador Seitela

213 Madalena Pereira Vendas 37 Solteiro(a) Corticeiro(a) Sobral

214 Manuel Alves Ribeiro 35 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho

215 Manuel Alves Ribeiro 71 Casado(a) Agricultor Prime

216 Manuel Coelho Pinhão 55 Casado(a) Serrador Quebrada

217 Manuel Dias de Resende 43 Casado(a) Industrial Ermilhe

218 Manuel Dias de Resende Junior 46 Casado(a) Industrial Vergada

219 Manuel Fernandes Pereira 46 Casado(a) Corticeiro(a) Prime


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

423

220 Manuel Ferreira Salgueiro 56 Casado(a) Corticeiro(a) Prime

221 Manuel Ferreira da Silva 37 Casado(a) Corticeiro(a) Prime

222 Manuel Ferreira da Silva Lamas 33 Casado(a) Motorista Vergada

223 Manuel Gomes da Costa 60 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã

224 Manuel Martins Ferreira da Silva 25 Solteiro(a) Industrial Murado

225 Manuel Pereira dos Santos 59 Solteiro(a) Proprietário(a) Gôda

226 Manuel Fernandes de Oliveira 57 Casado(a) Lavrador Murado

227 Manuel Pinto de Oliveira 28 Casado(a) Cantoneiro Gôda

228 Manuel de Sousa 39 Casado(a) Corticeiro(a) Vilas

229 Manuel Ferreira de Oliveira 33 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho

230 Maria de Oliveira Santos 55 Solteiro(a) Doméstica Quintã

231 Margarida Batista de Jesus 61 Viúvo(a) Doméstica Murado

232 Margarida de Oliveira Santos 43 Viúvo(a) Comerciante Murado

233 Maria Alves Ferreira 50 Solteiro(a) Doméstica Quintã

234 Maria Alves Nogueira 60 Viúvo(a) Proprietário(a) Rio

235 Maria Alves de Oliveira 80 Viúvo(a) Proprietário(a) Fundão

236 Maria Clara de Sousa 77 Viúvo(a) Proprietário(a) Vergada

237 Maria Coelho de Jesus 30 Casado(a) Corticeiro(a) Quintã

238 Maria Ferreira Coimbra 61 Viúvo(a) Proprietário(a) Vergada

239 Maria Joaquina Ferreira de Amorim 38 Solteiro(a) Proprietário(a) Moselos

240 Maria Margarida Ferreira dos Santos 39 Solteiro(a) Proprietário(a) Murado

241 Maria Relvas Meladas 51 Viúvo(a) Proprietário(a) Murado

242 Miguel Lopes Martins Teixeira 47 Casado(a) Professor(a) Igreja

243 Nestor Candido Ferreira dos Santos 33 Casado(a) Emp. Escritório Igreja

244 Paulino Alves Cardoso 46 Casado(a) Agricultor Prime

245 Paulino de Sa Pereira 45 Casado(a) Corticeiro(a) Fundão

246 Pedro Pereira de Pinho 77 Viúvo(a) Proprietário(a) Regadas

247 Pedro Rodrigues Canastro 58 Casado(a) Agricultor Gôda

248 Ramiro Ferreira da Silva 29 Casado(a) Corticeiro(a) Seitela

249 Reinaldo Pinto Pinheiro 56 Casado(a) Professor(a) Vergada

250 Ricardo Ferreira do Espirito Santo 45 Casado(a) Industrial Igreja

251 Rolando Ferreira Leite da Conceição 22 Solteiro(a) Estudante Ermilhe

252 Rufino Mendes Coelho 55 Casado(a) Lavrador Seitela

253 Salvador Ferreira do Espirito Santo 32 Casado(a) Corticeiro(a) Out. Moinho

254 Salvador de Oliveira Santos 31 Casado(a) Corticeiro(a) Sobral

255 Salvador Pompeu Ferreira da Silva 66 Casado(a) Industrial Vergada

256 Silvestre Alves de Amorim 47 Casado(a) Negociante Vergada

257 Tomaz Ferreira de Amorim Gomes Pinto 33 Solteiro(a) Comerciante Seitela

258 Virgilio Pereira da Silva 34 Casado(a) Corticeiro(a) Fundão

259 Virgilio Francisco de Oliveira Estrêla 70 Casado(a) Carpinteiro Murado

260 Vitorino Dias Coelho 43 Casado(a) Industrial Murado

AJFM: Documento avulso


424 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

425

No ano de 1953, o Presidente da Comissão Concelhia da

União Nacional, agindo em conformidade com as diretivas emanadas

dos órgãos superiores deste organismo solicitou à Junta que tivesse

o maior cuidado na organização do recenseamento eleitoral, nomeadamente,

para que se alargue, quanto possível, a inscrição oficiosa dos

nacionalistas de ambos os sexos residentes na freguesia. (ID.:Pasta

relativa ao quadriénio de 1961 a 1954).

Em 23 de abril de 1953, o Presidente da Câmara da Vila da

Feira oficiou à Junta comunicando a realização de uma sessão

solene, nos Paços do Concelho, para comemorar o 25º aniversário

da entrada do Dr. Oliveira Salazar para o Governo da Nação,

em colaboração com a Comissão Concelhia da União Nacional.

Solicitava ainda que se tomassem providências para que estivesse

presente o maior número de pessoas, comungando assim na homenagem

tão justamente prestada à figura ilustre e prestigiosa de Sua

Excelência, o Presidente do Conselho.

Em 30 de agosto de 1954, o Presidente da Câmara da Vila da

Feira solicitou uma informação acerca de um cidadão que pretendia

efetuar uma viagem de turismo a vários países europeus

ocidentais, do seguinte teor:

1º – Quais os propósitos com que pretende ausentar-se do país?

2º – Qual a profissão ou modo de vida que o requerente tem tido

nos últimos anos?

3º – É grande, médio ou pequeno proprietário? Vendeu ultimamente

bens? Tem o requerente capacidade económica e meios de fortuna

que lhe permitem ir ao estrangeiro, sabendo-se como são onerosas

as viagens desta natureza? Não se tratará de iludir as regras que se

opõem à emigração neste momento?

4º- O que consta sobre a sua idoneidade política?

5º – O mais que possa esclarecer o caso e julgue dever referir.

Na hipótese que não possa esclarecer com segurança, peço-lhe que o

diga claramente. Estes pedidos repetem-se com frequência sempre nos

mesmos termos.

Dr. António de Oliveira Salazar

Em 11 de novembro de 1953, o Presidente da Comissão Concelhia

da União Nacional oficiou aos presidentes das Comissões

de Freguesia da União Nacional, das Juntas de Freguesia e Regedores,

congratulando-se com a forma entusiástica e altamente patriótica

como decorreu o ato eleitoral do passado dia 8 para a eleição de

deputados à Assembleia Nacional, vem, por este meio louvar e agradecer

o valioso contributo prestado para o bom resultado deste acto ao

mesmo tempo que felicita todos os nacionalistas do concelho (…) pelo

acentuado espírito de civismo que todos tão exuberantemente demons-


426 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Suposta bandeira da

União Nacional

traram e pelo assinalável entusiasmo com que todos se empenharam

para a obtenção da magnífica vitória da lista de deputados patrocinada

pela União Nacional.

Assim em 14 de dezembro de 1954, o Presidente da Junta enviou

à Câmara Municipal da Vila da Feira um ofício informando

o Presidente que os membros dos corpos gerentes do Grupo Columbófilo

da freguesia tinham todos bom comportamento moral,

civil e político. Eram eles, na altura, os seguintes:

Joaquim Dias da Rocha, de 40 anos, corticeiro;

José Alves Oliveira Leita, de 29 anos, industrial;

Armando José Pereira, de 34 anos, castrador;

Joaquim Oliveira Santos, de 32 anos, corticeiro;

Fernando Alves de Sousa,de 23 anos, comerciante;

Joaquim Ferreira Mendes, de 51 anos, industrial;

Joaquim Domingues da Silva, de 33 anos industrial.

Em 18 de dezembro, o Presidente da Câmara solicitou, com

urgência, uma informação sobre um estudante da freguesia, natural

de Argoncilhe, pretendendo saber se estava ou não integrado

na ordem social estabelecida na Constituição política vigente,

devendo a informação ser concreta e concludente. Estes pedidos eram

recorrentes.

Num ofício datado de 21 de dezembro, o Presidente da Junta

informava que um habitante da freguesia estava integrado dentro

da Constituição Politica vigente. (ID.:Pasta relativa ao quadriénio

de 1951 a 1954).

A Junta decidiu nomear como agente local do Recenseamento

Geral da População o senhor Benjamim Ferreira Coimbra (neto),

escrivão da Junta (ID.:Liv. de Atas nº 12).

Em 31 de dezembro de 1961, a Junta exarou, em ata, o seu testemunho

de homenagem e de exaltação a todos quantos com brio

e coragem tombaram em defesa da Pátria, em Angola, vítimas de

atos de terrorismo lá acontecidos. Lembro que no ano de 1961, se

iniciou a chamada guerra colonial, então chamada guerra do ultramar,

para onde foram mobilizados muitos milhares de jovens,

muitos dos quais por lá morreram, ficaram com profundas sequelas

físicas e mentais, guerra essa que alastrou a Moçambique

e à Guiné (ID.:IBID.).

Em 20 de junho de 1974, a Junta reuniu extraordinariamente

para analisar a situação política vivida em 25 de abril com a

queda do regime do Estado Novo, a demissão dos Presidentes da

República e do Governo, decretadas pelo Movimento das Forças

Armadas, tendo sido deliberado o seguinte:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

427

– Apoiar calorosamente as gloriosas forças armadas pelo movimento

histórico de 25 de abril;

– Apoiar a proclamação divulgada ao país pelo Presidente da

Junta de Salvação Nacional, fazendo votos pelo seu fiel cumprimento;

– Manifestar um voto de confiança ao Governo Provisório;

– Finalmente, manifestar à Câmara Municipal um voto de

verdadeira confiança e fidelidade aos destinos do concelho.

A Junta emitiu dois comunicados impressos entregues à população,

sendo o primeiro deles de congratulação pela reposição da

liberdade no país e o segundo anunciando a realização de uma

sessão pública de despedida das suas funções (ID.:IBID.).

Em 13 de novembro de 1974, a CA resolveu demitir-se das

suas funções, face a acusações de que os seus membros não reuniriam

as condições políticas exigíveis para a função. Esta situação

teve origem, como era comum na época, de acusações irresponsáveis

de indivíduos, movidos por inveja, que lançaram este odioso

labéu sobre os membros da CA, que, de facto, não foram eleitos

por voto secreto, mas escolhidos em assembleia magna da população,

como era habitual em tempos revolucionários (ID.:IBID.).

Em 30 de junho de 1989, foi dada a informação de que o processo

de elevação de Mozelos à categoria de Vila iria ser apresentado

na Assembleia da República pelos deputados Batista Cardoso

e José Mota (ID: Liv. de Atas nº14).

Lei de elevação de Mozelos

à categoria de vila

PESSOAL

Em grande parte da vida deste órgão político-administrativo,

havia a figura do secretário que correspondia à posterior designação

de escrivão, o mesmo acontecendo com a figura do tesoureiro

que não era eleito, como hoje acontece, integrado nas listas

de eleição para o referido órgão.

Em 1872, dada a incapacidade financeira da Junta em contratar

um escrivão remunerado, o presidente de então, o pároco

Padre José Alves Coelho propôs-se, para todos os efeitos legais,

oferecer-se para fazer toda a escrituração da Junta, para servir a

igreja e beneficiar os paroquianos.

Em 17 de fevereiro de 1878, foi nomeado escrivão da Junta,

Francisco José dos Espírito Santo com o vencimento de 9.000$000,

devido à pobreza da freguesia (AJFM: Liv. de Atas nº 1).


428 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 1897, foi nomeado secretário, Francisco Fernando Coelho

de Amorim, com o vencimento anual de 18.000$000 (ID.: Liv. de

Atas nº 3).

Nos finais do século XIX, os lugares de sacristão e de coveiro

eram providos por concurso, às vezes em acumulação de funções,

e os seus ordenados anuais eram ciclicamente atualizados.

Em 3 de abril de 1911, a Comissão Administrativa da Vila da

Feira solicitou à CA a indicação de uma pessoa para exercer as funções

de zelador municipal desta freguesia (ID.:Liv. de Atas nº 5).

Em 7 de agosto, foi nomeado para guarda da igreja, Francisco

de Sousa Barros (ID.:IBID.).

Em 11 de agosto de 1918, a Junta decidiu contratar um coveiro

oficial para evitar a repetição da prática indevida de toque de

sinos e enterramento de cadáveres (ID.:Liv.de Atas nº7).

Em 26 de julho de 1919, foi mandado lavrar em ata que o

ex-tesoureiro da Junta se recusara a receber os 0$50 que lhe pertenciam

pelo exercício da sua função (ID.:IBID.).

Em 19 de dezembro, foi paga ao secretário interino a quanta

de 18$00 (ID.:IBID.).

Em 31 de outubro de 1926, a CA deliberou nomear um novo

coveiro e sineiro com o dever de tocar o sino para todos os serviços

fúnebres, bem como para todos os atos religiosos (ID.:IBID.).

Em 19 de fevereiro de 1927, tomaram posse dos lugares de

escrivão e de oficial de execuções fiscais administrativas da Junta,

respetivamente, Joaquim dos Santos Rocha e António Alves

(ID.:Liv. de Atas nº 8).

Em 20 de maio de 1959, tomou posse como escrivão da Junta,

José Pereira do Couto que teve de subscrever, antecipadamente, a

declaração anti-comunista, como era obrigatório, durante a vigência

do Estado Novo, devendo receber a importância de 500$00 de

gratificação anual pelo seu serviço (ID.: Liv de Atas nº12.).

Em 5 de janeiro de 1960, a Junta nomeou Benjamim Ferreira

Coimbra para o cargo de escrivão da Junta (ID.:IBID.).

Em 30 de janeiro de 1972, a Junta nomeou César de Oliveira

Sousa como escrivão da Junta (ID.:IBID.).

A Junta deliberou em 15 de abril de 1998, contratar outro cantoneiro

com o vencimento de 84,000$00, bem como a contratar

uma secretária, a tempo inteiro, com o vencimento mensal de

70.000$00.

Em 7 de novembro de 2003, foi aberto concurso público externo

de ingresso para provimento de um lugar de auxiliar admi-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

429

nistrativo para o quadro de pessoal da Junta de Freguesia. Em 4

de março de 2004, foi dada a informação da nomeação de Sónia

Marisa Pereira Neves para o lugar.

Em 29 de abril de 2005, a funcionária da Junta Sónia Marisa

Pereira das Neves foi reclassificada, a título definitivo, com assistente

administrativa, escalão 1, índice 1999.

Ao longo dos anos, a Junta foi atualizando os seus quadros de

pessoal e os seus vencimentos.

ORÇAMENTOS E CONTAS DE GERÊNCIA

Este sub-capítulo poderá parecer uma litânica repetição de

rubricas e de verbas, nalguns casos, mas permite conhecer a evolução

verificada, neste domínio, ao longo dos anos, as competências

orçamentais da Junta da Paróquia e da Freguesia, a evolução

das verbas arrecadadas e gastas, enfim, conhecer os números

que permitem qualificar atividades.

Em 17 de fevereiro de 1872, foi apresentado o orçamento da

Junta para vigorar no ano económico futuro.

Receita

– Proveniente da extinta confraria da Senhora do Rosário

calculada em 16.500$000;

– Contribuição dos paroquianos para a cera – 22.000$000;

– Subsídio dos membros da Junta – 2.180$000;

Total – 40.680$000;

Despesa

Festa do Senhor – 15.000$000;

Cera – 22.080.000;

Outras despesas – 3.600$000;

Total – 40.680$000.

Em 2 de dezembro de 1872, foram apresentadas as seguintes

contas da Junta:

Receita:

Esmolas da Senhora do Rosário – 18.390$000;

Donativos para a cera – 25.300$000;

Total – 43.690$000.

Despesa:

Senhora do Rosário


430 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Festa da Senhora – 13.800$000;

Despesa da cera – 2.420$000;

Livros de assentos – 1.920$000;

Preparos de paramentos – 2.420$000;

Custo das andarilhas – 1.820$000;

Total – 43.690$000.

Este mapa deveria ser apresentado à Câmara Municipal.

Em 4 de maio de 1873, foi apresentado o seguinte orçamento

da Junta para 1873/4:

Receita ordinária: 38.450$000;

Receita extraordinária para despesas ordinárias –

2.050$000;

Receita extraordinária (derrama) – para despesas

necessárias – 366.600$000;

Despesa obrigatória ordinária – 40.500$000;

Despesa obrigatória extraordinária – 366.600$000.

Em 21 de dezembro de 1873, foram apresentadas as seguintes

contas de gerência de 1872 e 1873:

Receita:

Esmolas da Senhora do Rosário – 17.590$000;

Donativos para a cera – 25.150$000;

Donativos dos vogais da Junta – 2.189$000;

Total – 44.920.000.

Despesa:

Festa da Senhora – 15.000$000;

Cera para as missas, douramentos e defuntos- 23.130$000;

Livros de assentos – 1.810$000;

Aniversário – 2.750$000;

Consertos e lavagens de paramentos – 2.230$000;

Total – 44.920$000.

Orçamento para 1874/75:

Receita:

Rendimento do milho da confraria da Senhora – 235, 98 Kg

– 6$750;

Esmolas – 11.260$000;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

431

Donativos dos fregueses para a cera – 25.250$000;

Total – 43.260$000.

Despesa:

Festa da Senhora do Rosário – 13.600$000;

26 Kg de cera – 24.960$000;

Aniversário (ofício pelas pessoas que para isto concorrem) –

2.760$000;

Livros de assentos – 1.950$000;

Total – 43.260$000.

Em 25 de outubro de 1874, foram aprovadas as contas relativas

ao ano anterior do seguinte teor:

Despesa Ordinária:

Festa de Nossa Senhora do Rosário – 15.000$00;

Cera para missas e sacramentos – 25.725$000;

Aniversário – 2.750$000;

Livros para assentos – 1.850$000;

Preparos de paramentos – 2.950$000;

Despesa Extraordinária:

Obra de carpinteiro – 157.800$000;

Obra de pedreiro – 32.000$000;

Obra de trolha – 99.000$000;

Aprestos para estas obras – 3.600$000;

Fiscal das obras – 3.600$000;

Escrivão do caderno – 8.000$000;

Cobrador da derrama – 3.600$000;

Segundas obras de pedreiro – 32.300$000;

Segundas obras de trolha – 77.500.000;

Transporte – 471.930$000;

Paramentos – 38.800$000;

Aprestos necessários – 6.950$000;

Limpeza do adro – 2.155$000;

Fiscal destas obras – 3.500$000;

Escrituração e papel – 2.000$000;

Tecobagens e outros pequenos serviços – 1.210$000;

Limpeza e asseio do cemitério – 3.140$000;

Total da Despesa – 529.785$000.


432 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Rendimento:

Esmolas da Senhora – 16.930$000;

Donativo para a cera – 26.050$000;

Derrama – 313.815$000;

Dinheiro da Bula – 73.300$000;

Sepulturas – 127.450$000;

Donativos dos vogais da Junta – 14.050$000;

Total – 573.595$000.

Saldo – 43.810$000.

Em 2 de março de 1876, foram convidados os vogais da junta

anterior a darem conta à junta atual, para que se pudesse organizar

o orçamento do ano futuro. Verificou-se haver um saldo de

83.435$000, sendo 43.810$000 das contas anteriores e o restante

das vendas de terrenos do cemitério.

Em 17 de maio de 1876, foi considerado necessário haver necessidade

de tratar do orçamento.

Receita:

Saldo no ano anterior – 83.435.000;

Donativos para a cera – 16.000$000;

Produto das futuras vendas de terrenos para jazigos – 25.000$000.

Despesa:

Cera para as missas, sacramentos, ofícios e defuntos – 25.450$000;

Aniversário da extinta confraria da cera – 2.750$000;

Festa da Senhora – 14.500$000;

Livros de assentos – 1.600$000;

Despesas do cemitério que é necessário fazer para dar sepulturas

aos não católicos – 18.000$000;

Cruz paroquial de prata lavrada para servir nas festas, bem

como em todas as melhores funções – 130.000$000;

Despesas extraordinárias – 2.500$000.

Orçamento para o ano futuro de 1876/77:

Rendimento total ordinário e extraordinário – 194.800$000;

Despesa obrigatória e necessária – 194.800$000.

Em 2 de maio de 1877, foi apresentado na sessão da Junta o

seguinte orçamento para 1877/78:

Receita:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

433

Esmolas que se poderiam receber para a Confraria de Nossa

Senhora do Rosário, hoje a cargo da Junta – em dinheiro –

10.000$000; em milho – 200 litros – 6.000$000;

Donativos que fazem os paroquianos para as despesas da

cera, em consequência de um antigo costume que ficou da extinta

confraria de S. Sebastião, que era a Confraria da Cera –

25.300:000, sendo de:

Casados – 100 reis cada;

Viúvos, solteiros e maiores legitimados – 50 reis;

Total – 41.300$000.

Despesa

Festa de Nossa Senhora, com missa solene, sermão, música e

fogo – 3.000$000;

Aniversário de S. Sebastião ou um ofício e missa cantada pelos

que dão o dinheiro para a cera – 2.750$000;

Importância da cera que arde nas missas paroquiais, administração

dos sacramentos, ofícios dos defuntos e em casa de cada

pessoa que morresse até ir para a sepultura – 24.000$000;

Livros de assentos – 1.550$000;

Total – 41.300$000.

Em 17 de abril de 1878, foi aprovado o seguinte orçamento

para o ano seguinte;

Receita:

Confraria de Nossa Senhora do Rosário – 16.060$000;

Donativos para a cera – 25.935$000;

Total – 42.000$000.

Despesa:

Festa da Senhora do Rosário – 13.000$000;

Cera – 4.400$000;

Ofício de aniversário pelos irmãos – 2.750$000;

Livros de assentos – 1.500$000;

Despesas extraordinárias – $250.

Total – 42,000$000.

Em 30 de dezembro de 1878, foi aprovado o seguinte orçamento

para 1878:

Receita:

Esmolas da Senhora do Rosário – 12.000$000;


434 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Cemitério

Donativos dos paroquianos para a cera – 25.000$000;

Total – 37.000$000.

Despesa:

Livros de assentos – 1.800$000;

Cera – 22.000$000;

Aniversário pelos defuntos da Confraria da Cera – 3.000$000;

Festa da Senhora do Rosário – 9.000$000.

Despesa extraordinária – 1.200$000.

Em 24 de março de 1879, foi elaborado o seguinte orçamento:

Receita:

Esmolas da Senhora do Rosário – 17.000$00.

Despesa:

Festa da Senhora – 12.000$000;

Livros de assentos – 1.500$000;

Consertos dos telhados e mais despesas extraordinárias –

3.500$000;

Ordenado ao Regedor e seu escrivão – 9.000$000:

Total– 26.000$000.

Face à insuficiência da receita perante as despesas, a Junta

deliberou lançar uma derrama para cobrir as despesas.

Em 21 de abril de 1879, foi elaborado o seguinte orçamento

para o segundo semestre do ano corrente:

Receita ordinária:

Esmolas da Senhora do Rosário a receber pelo S. Miguel –

17.000$000.

Despesa:

Festa da Senhora – que costuma ter missa solene e sermão,

música e cera – 12.000$000;

Livros de assentos – 1.500$000;

Conserto dos telhados e mais guisamentos – 3.500$000;

Total – 17.000$000.

Em 24 de novembro de 1879, foi elaborado o seguinte orçamento:

Receita ordinária:

Esmolas da extinta Confraria da Senhora do Rosário que foi

entregue à Junta – 16.500$000;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

435

Donativos dos paroquianos para a cera, sendo 100 reis para os casados

e 50 para viúvos, solteiros e maiores legitimados – 25.000$000;

Total– 41.500$000.

Receita extraordinária:

Produto das sepulturas – 60.000$000.

Despesas ordinárias:

Cera para os diferentes atos de culto – 13.500$000;

Festa da Senhora do Rosário – 13.500$000;

Aniversário da cera – 3.250$000;

Livros de assentos – 4.300$000.

Despesas extraordinárias:

Guarda – vento da igreja – 60.000$000;

Grades do cemitério e do campanário – 84.500$000;

Capela do cemitério e conserto do portão pequeno – 48.000$000;

Conserto dos telhados – 2.500$000;

Polícia e limpeza do cemitério – 2.900$000;

Conserto dos paramentos e sua lavagem – 2.900$000;

Outras despesas extraordinárias para as referidas obras –

8.500$000.

Dado o facto da despesa ultrapassar a receita, tornava-se necessário

lançar uma derrama que ficaria na proporção de 48%

sobre as contribuições prediais e industrial da freguesia.

Em 20 de dezembro de 1880, foi elaborado o seguinte orçamento

para o ano de 1881:

Receita:

Esmola da Senhora do Rosário – 12.000$000;

Donativos dos paroquianos para a cera – 26.000$000.

Despesa ordinária:

Livros de assentos – 3.000$000;

Cera para as funções paroquiais – 20.000$000;

Aniversário pelos irmãos da cera – 3.250$000;

Festa da Senhora do Rosário – 10.000$000;

Conserto dos telhados da igreja e limpeza do cemitério –

3.500$000.

Dado que a despesa a fazer era de 45.750$000 e o rendimento de

38.000$000, faltavam 7.750$000 a Junta iria deliberar a forma de suprir

tal diferença, o que foi feito através do recurso a uma derrama.

Torra da igreja paroquial


436 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 17 de outubro de 1881, foi apresentado o seguinte orçamento

suplementar:

Receita:

Venda de terrenos no cemitério – 32.500$000.

Despesa:

Um portão de pedra para o cemitério – 1.230$000;

Conserto das pedras no pavimento da igreja – 3.160$000;

Livros de assentos – 4.000$000;

Conserto dos telhados da igreja e sacristia – 15.110$000.

Dado o facto da despesa ultrapassar a receita a Junta deliberou

lançar uma derrama.

Imagem do Mártir S. Sebastião

Em 26 de dezembro de 1881, foram apresentadas as seguintes

contas de gerência:

Receita:

Rendimento da derrama – 114.730$000;

Sepulturas vendidas – 81.100$000:

Total – 195.830$000.

Despesa:

Grade do cemitério e do campanário da torre – 98.000$000;

Guarda – vento – 28.000$000;

Capela do cemitério – 47.000$000;

Conserto do pavimento da igreja e telhados – 19.000$000;

Livros de assentos – 4.000$000;

Total – 207.000$000.

O saldo negativo de 11.170$000 foi suprido com os materiais do

coberto do cemitério que foram vendidos por 7.500$000 e pelo guarda-vento

velho que foi vendido por 5.660$000 (AJFM:Liv. Atas nº 1).

Em 16 de janeiro de 1882, foi apresentado o seguinte orçamento

para o ano de 1882:

Receita:

Esmola da Senhora do Rosário – 13.000$000;

Donativos para a cera – 26.000$000;

Sepulturas que se poderão vender – 10.000$000;

A Junta oferecia, se for necessário, 3.300$000;

Total – 52.800$000.

Despesa:

Livros de assentos – 4.000$000;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

437

Aniversário da extinta confraria da cera – 3.300$000;

Custo da cera – 26,000$000;

Cemitério – 7.500$000

Total – 52.800$000 (ID.:IBID.).

Em 15 de outubro de 1883, foi apresentado orçamento para o

ano em curso:

Receita:

Esmolas da confraria da Senhora do Rosário, então a cargo

da Junta- 13.500$000;

Donativos dos paroquianos para a cera, desde que a antiga confraria

de S. Sebastião foi entregue à Junta – (100 reis pelas casas, 50

reis pelos solteiros legitimados e maiores e viúvos) – 28.800$000;

Sepulturas que se podiam vender ou já vendidas – 20.000$000.

Total – 62.300$000.

Despesa:

Festa da Senhora (andor, missa solene, procissão e fogo) –

12.000$000;

Cera – 25.000$000;

Livros de assentos – 4.000$000;

Aniversário da confraria de S. Sebastião – 3.300$000;

Consertos do telhado da igreja – 8.500$000;

Consertos dos paramentos – 3.300$000;

Procissão que a freguesia faz, por voto, à Senhora das Neves

– 3.200$000;

Quaisquer despesas do delegado paroquial ou da escola –

3.000$000.

Total – 62.300$000.

Paramentos

Em 19 de maio de 1884, foi apresentado o seguinte orçamento:

Receita:

Esmolas da Senhora do Rosário – 13.000$000;

Donativos para a cera – 26.000$000;

Sepulturas a vender no cemitério – 15.000$000;

Produto dos baldios – 57.200$000.

Total – 111.200$000.

Despesa ordinária:

Livros de assentos – 4.000$000;

Aniversário da confraria extinta da cera – 3.300$000;


438 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Cera – 26.000$000;

Festa da Senhora do Rosário – 12.000$000;

Despesa com o cemitério, telhados da igreja, consertos dos

paramentos – 13.500$000.

Despesa extraordinária:

Reedificação do canto do adro – 15.000$000;

Tomar as juntas das pedras do pavimento da igreja e capela-

-mor com cimento de possulana e consertar as pedras deterioradas

e reformar os taburnos – 20.000$000;

Escada da estrada para o adro – 134.000$000;

Mudança da entrada e desaterro para o assento e parapeito –

44.000$000;

Para o delegado paroquial – 1.000$000.

Total – 272.800$000.

Saldo Negativo – 161.600$000.

A Junta deliberou que este saldo negativo deveria ser suprido

através do lançamento de uma derrama que nunca excederia

32% do total das contribuições.

Cemitério

Em 17 de maio, de 1885, foram apresentadas as contas relativas

aos anos de 1879 a 1883 que refletem, genericamente, o

cumprimento dos respetivos orçamentos.

Em 21 de junho, foi apresentado um novo orçamento relativo

ao ano de 1885, por não se terem concluído as obras do orçamento

do ano anterior e que atingiam o montante de 192.300$000.

Em 20 de setembro de 1885, foram apresentadas as contas

seguintes relativas ao ano transato:

Livros de assentos – 3.200$000;

Conserto de telhados, limpeza do cemitério, lavagem, consertos

de paramentos, guisamentos da sacristia- 9.625$000;

Cera para a festa da Senhora do Rosário – 10.290$000.

Saldo – 23.115$000 (AJFM: Doc. Avulso).

Em 27 de setembro de 1885, foram apresentadas as contas

seguintes:

Receita realizada

Esmolas da Senhora do Rosário – 12.000$000;

Donativos para a cera – 26.150$000;

Sepulturas vendidas – 16.470$000;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

439

Produto de baldios – 115.600$000;

Alinhamento dado pela Junta a um freguês – 3.600$000;

Total – 173.820$000.

Receita não realizada – 85.300$000.

Despesa realizada

Livros de assentos – 3.200$000;

Conserto de telhados da igreja, limpeza do cemitério, concerto

e lavagem dos paramentos, guisamentos da sacristia, –

9.625$000;

Cera para defuntos e sacramentos – 25.745$000;

Festa da Senhora do Rosário – 10.290$000;

Abono por conta da obra ao arrematante – 38.000$000.

Despesa não realizada

Ao arrematante das obras – 170.000$000.

Resumo comparativo:

Receita – 259.420$000;

Despesa -256.860$000

Saldo – 2.260$000. (ID.:Doc. Avulso).

Em 22 de fevereiro de 1886, foi presente o seguinte orçamento:

Receita:

Verba não realizada no ano anterior porque havia uma obra

suspensa – 85.300$000;

Saldo do ano anterior – 2.260$000;

Pagamento da Junta – 10.000$000;

Esmola da Senhora do Rosário – 10.430$000;

Donativos para a cera – 27.700$000;

Sepulturas vendidas no cemitério – 54,635$000.

Total – 105.025$000.

Despesa:

Aniversário da cera do ano anterior e que não foi paga ao

pároco – 3.250$000;

Livros de assentos paroquiais – 3.000$000;

Aniversário da cera – 3.250$000;

Custo da cera – 14.000$000;

Limpeza do cemitério e guisamentos da sacristia – 3.700$000;

Divisar as sepulturas do cemitério – 4.320$000;

Recondução da terra para o arraial – 1.230$000;


440 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Secretário da Junta – 11.500$000;

Requerimento e alinhamento para a escada – 700 reis cada.

Total – 44.950$000.

Caminho da Mestra Moreira

Em 2 de setembro de 1886, foi apresentado o seguinte orçamento:

Receita ordinária:

Esmolas da Senhora do Rosário – 13.000$000;

Donativos para a cera – 27.000$000;

Receita extraordinária;

Materiais da escada em construção – 85.000$000;

Derrama ou contribuição paroquial – 348.440$000;

Despesa ordinária:

Aniversário da confraria de S. Sebastião – 3.300$000:

Cera para as missas – 28.000.00$000;

Festa da Senhora do Rosário – 13.000$000;

Delegado paroquial – 3.000$000;

Limpeza do cemitério – 3.500$000;

Despesa com o secretário e secretaria da Junta – 18.000$000.

Despesa extraordinária:

Dívida ao arrematante das obras – 25.000$000;

Uma alba de linho – 5.000$000;

Mangas para as dálmáticas, três manípulos e franja de retrós

para todo o paramento – 25.000$000;

Uma sobrepeliz paroquial – 3.000$000;

Um par de galhetas de estanho – $500;

Escada da estrada para o adro – 190.640$000;

Custo da planta para a escada – 4.500$000;

Tomar as juntas do pavimento da igreja e capela – mor com

cimento de possulana e concerto das pedras deterioradas e reformar

os taburnos da igreja – 20.000$000.

Todas estas obras eram da máxima importância, como toda

a freguesia sabia.

Em 21 de fevereiro de 1887, foi apresentado o orçamento seguinte;

Receita ordinária:

Esmolas da Senhora do Rosário – 12.000$000;

Donativos para a cera – 26.800$000;

Total – 38.800$000.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

441

Despesa ordinária:

Livros de assentos – 3.500$000;

Aniversário da confraria de S. Sebastião – 3.300$000:

Cera para as missas e sacramentos – 23.900.00$000;

Festa da Senhora do Rosário – 12.000$000;

Delegado paroquial – 3.000$000;

Limpeza do cemitério – 3.500$000;

Despesa com o secretário e secretaria da Junta – 18.000$000.

Despesa extraordinária:

Fazer de novo o telhado da igreja e sacristia – 120.000$000;

Uma grade de ferro com lanças no canto da torre – 5.000$000;

Escada da estrada para o adro – 180.640$000;

Guisamentos da sacristia – 5.000$000.

Em 30 de junho de 1887, foram aprovadas as contas do mandato

anterior e que foram as seguintes;

Receita – 184.825$000.

Despesa – 153.650$000.

Saldo -31.175$000.

Em 1 de julho de 1887, foram apresentadas as contas relativas

ao ano de 1886:

Receita ordinária:

Saldo do ano anterior – 60.075$000;

Esmolas da Senhora do Rosário – 13.000$000;

Donativos para a cera – 26.750$000;

Materiais para a escada do adro – 85.000$000.

Total – 184.825$000.

Despesa ordinária:

Livros de assentos paroquiais – 3.040$000;

Aniversário da cera – 3.250$000;

Custo da cera – 22.115$000;

Festa da Senhora do Rosário – 13.000$000;

Secretário da Junta e despesas da secretaria – 18.000$000;

Dinheiro dado ao arrematante da escada por conta do preço

da mesma obra – 60.000$000;

Limpeza do cemitério – 3.680$000;

Cordas para os sinos, guisamentos da sacristia e conserto dos

telhados da igreja – 5.565$000;

Dívida ao arrematante da obra que transita para a gerência

seguinte – 25.000$000.


442 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Total – 153.650$000.

Saldo – 32.175$000.

Em 2 de março de 1888, foi apresentado o seguinte orçamento:

Receita ordinária:

Saldo resultante das últimas contas – 29.025$000;Contribuição

de 35% sobre as contribuições do Estado – 134.525$000;

Um dia de prestação de trabalho segundo o disposto no Código

Administrativo – 36.000$000;

Total – 199.550$000.

Receita extraordinária:

Pelo que se pode receber da devoção de Nossa Senhora do

Rosário – 12.000$000;

Donativo para a cera – 26.000$000;

Pelo que se pode receber com a venda de terrenos no cemitério

– 30.000$000;

Total – 267.550$000.

Despesa obrigatória:

Secretário da Junta e Regedor – 18.000$000;

Livros para o registo paroquial – 3.500$000;

Guisamentos para o pároco – 5.000$000;

Expediente da secretaria – 5.000$000;

Emolumentos do Tribunal Administrativo – 1.050$000;

Emolumentos da Administração do Concelho – 1.000$000;

Expediente do delegado paroquial e recenseamento de crianças

– 2.000$000;

Pintura de portões e grade do cemitério – 9.000$000;

Conserto de caminhos vicinais – 61.000$000;

Conserto de telhados da igreja, capela – mor e sacristia –

78.000$000;

Festividades de Nossa Senhora do Rosário – 12.000$000;

Cera – 25.000$000;

Caderno para a derrama das contribuições – 9.000$000;

Paramentos para o culto divino – 28,000$000;

Total – 267.550$000 (ID.:Liv. de Atas nº 2).

Em 21 de setembro de 1893, foi apurado o saldo de 1892, no

montante de 69.726$000 e foi feito o orçamento para 1893, com

os valores seguintes:

Receita e despesa:

95.727$000 (Doc.Avulso).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

443

Em 2 de dezembro de 1898, procedeu-se ao julgamento das

contas de 1897 e que foram as seguintes:

Julgamento das contas – 1.7445$000;

Emolumentos pelo exame do orçamento ordinário para o ano

de 1898 – 500$000;

Expediente da Junta – 1.920$000;

Ordenado do secretário da Junta – 18.000$000;

Guisamentos e despesas de culto – 3.500$000;

Livros para o registo paroquial – 3.500$000;

Gratificação do tesoureiro da Junta – 1.000$000;

Cera gasta na igreja e óbitos – 21.850$000;

Consertos de caminhos – 25.300$000.

Em 1 de dezembro de 1899, procedeu-se ao julgamento das

contas de 1898 e que foram as seguintes:

Julgamento das contas e emolumentos pelo exame do orçamento

ordinário para o ano de 1898 – 2.245$000;

Expediente da Junta – 2.110$000;

Ordenado do secretário da Junta – 18.000$000;

Guisamentos e despesas de culto – 5.000$000;

Livros para o registo paroquial – 3.500$000;

Gratificação do tesoureiro da Junta – 1.000$000;

Cera gasta na igreja e óbitos – 20.000$000;

Conserto da grade do coro e portão do cemitério dos não-católicos;

Consertos de caminhos – 8.000$000 (ID.:Liv.Atas nº 3).

Em 7 de dezembro de 1900, foram aprovados o seguinte orçamento

e as contas seguintes:

Expediente da Junta – 2.810$000;

Gratificação ao secretário – 18.000$000;

Guisamentos e despesas de culto – 5.000$000;

Livros para o registo paroquial – 3.500$000;

Gratificação do tesoureiro da Junta – 1.000$000;

Cera gasta na igreja e óbitos – 21.000$000;

Conserto da grade do coro e portão do cemitério dos não-católicos;

Consertos de caminhos – 55.800$000 (ID.:IBID.).

Fachada sul da igreja


444 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 15 de fevereiro de 1901, foram aprovados definitivamente

os valores das contas do ano de 1900 e que foram as seguintes:

Receita – 175.017$000;

Despesa – 120.335$000;

Saldo para 1901 – 54.682$000;

Dívidas relativas a contribuições relaxadas – 8.364$000

(ID.:IBID).

Em 21 de março de 1902, a Junta aprovou as seguintes contas

relativas ao ano anterior:

Receita – 135.232$000;

Despesa – 113.465$000;

Saldo – 21.767$000 (ID.:IBID).

A Junta apresentou em 20 de março de 1903, um saldo de

18.826$000 do exercício do ano de 1902, com:

Receita – 110$900;

Despesa – 110$900 (ID.:IBID).

A Junta apresentou em 18 de março de 1904, um saldo de1-

046$000 do exercício do ano de 1903 (ID.:IBID).

Em 16 de fevereiro de 1909, foram aprovadas as seguintes

contas do ano transato:

Receita – 234.075$000;

Despesa – 85.150$000 (ID.:Liv. de Atas nº4).

Em 28 de setembro de 1909 foram aprovadas as verbas seguintes:

Reparação e conservação de caminhos paroquiais – 51$200;

Pintura das grades do cemitério, escada da igreja e grades da

mesma – 45$000;

6 sanefas, púlpito igual ao que existia – 49$000;

Reparos da casa da fábrica e arruamento do cemitério –

2$480 (ID.:IBID).

Em 16 de outubro de 1911, foi aprovado o orçamento ordinário

de receita e despesa da paróquia no montante de 1.912$000

(ID.:Liv. de Atas nº 5).

Em 5 de fevereiro de 1912, foram aprovadas as contas de gerência

do ano anterior, tendo havido uma receita de 108.815$000, onde


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

445

se incluía o saldo do ano anterior e a despesa de 64.830$000, tendo

transitado para o ano seguinte o saldo de 43.985$000 (ID.:IBID.).

Em 6 de janeiro de 1913, foram aprovadas as contas relativas

a 1912, tendo havido uma receita de 43.985$000 e uma despesa

de 30.565$000, tendo havido um saldo de 13.420$000 (ID.:IBID).

Em 31 de maio de 1914, foi aprovado orçamento da Junta com

a receita de 92$97 e a despesa de igual valor (ID.:IBID).

Apesar da divisa Escudo ser decretada em 1911, a moeda metálica

foi só entrou em circulação em 1912, enquanto o papel-

-moeda surgiu em 1913. O Escudo só entrou na Contabilidade

do Estado em 1913.

Em 7 de fevereiro de 1915, foram aprovadas as seguintes contas

relativas a 1914:

Receita:

Certidões – 1$60;

Venda de um portão-14$00;

Atestado – $05;

Subscrição – 202$00;

Relaxe de prestação de trabalho – 1$40.

Despesa:

Impressos – $10;

Livros – $90;

Trabalhos e fornecimento de carpintaria na igreja – $62;

Obras de serralharia no cemitério – 31$00;

Tesoureiro – 1$00;

Secretário – 12$00;

Obras de pedreiro na igreja e cemitério – 109$00;

Reparação de caminhos vicinais – 27$97.

Saldo positivo -54$68 (ID.:Liv de Atas nº 6).

Outro troço do caminho da

Mestra Moreira

Em 6 de fevereiro de 1916, foram aprovadas as seguintes contas

gerais relativas a 1915:

Receita:

Venda de 2 terrenos no cemitério – 36$52;

Prestação de trabalho – 36$50.

Despesa:

Pago ao secretário interino 18$00;

Pago ao tesoureiro – 1$00

Conserto de caminhos 65$00;

Lavagem e caiação dos muros do cemitério. 11$00;


446 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Limpeza do cemitério – 3$00;

Pintura de portões, grades do cemitério e adro, guarda-vento

e várias portas da igreja. 25$00.

Saldo positivo – 4$70 (ID.: IBID.).

Em 9 de dezembro de 1917, foi aprovado o pagamento das

despesas seguintes: reparação de caminhos vicinais – 35$00;

Estrado de pinho, uma secretária e cinco cadeiras – 18$00;

Oferta a indigentes da freguesia – 3$65,5 e tesoureiro – 1$00

(ID.:Liv. de Atas nº 7).

Coro da igreja

Em 31 de dezembro de 1920, fez-se um balanço no cofre da

Junta e constatou-se haver um saldo de 361$27 (ID.:IBID.).

Em 30 de dezembro de 1921, foi aprovado o balanço das contas

do ano tendo-se verificado um saldo de 340$00 (ID.:IBID.).

Em 31 de dezembro de 1922, foram aprovadas as contas do

ano, tendo havido uma receita de 935$23, incluindo o saldo do

ano anterior e uma despesa de 615$10, tendo resultado um saldo

de 320$13, quantia que voltou para o cofre da Junta (ID.:IBID.).

Em 22 de fevereiro de 1923, foram aprovadas as contas relativas

ao ano anterior tendo-se apurado que a receita foi 935$23, a

despesa de 615$10, tendo havido um saldo de 320$13 (ID.:IBID.).

Em 31 de dezembro de 1923, foram aprovadas as contas do

ano, estando toda a receita arrecadada, todas as despesas pagas,

tendo havido um saldo de 235$30 (ID.:IBID.).

Em 31 de dezembro de 1924, foi aprovado o mapa de receita e

despesa da Junta relativamente ao ao que estava a findar, tendo-se

apurado a receita de 2.460$54, incluindo o saldo do ano anterior

no montante de 35$39, na despesa obrigatória estavam incluídos

o ordenado do secretário e o expediente da secretaria, tendo

atingido o montante de 431$80, ficando um saldo de 2.028$74.

Durante a discussão destas questões foi referido o facto do país

estar a atravessar uma grave situação de crise, devido à grande

instabilidade que se vivia (ID.:IBID.).

Em 10 de dezembro de 1925, foi aprovado o orçamento para

1926 com a receita de 1.315$34 e com despesa de igual valor

(ID.:IBID.).

Em 31 de dezembro de 1925, após arrecadada toda a receita

e pagas todas as despesas, houve um saldo de 65$34 (ID.:IBID.).

Em 31 de dezembro de 1926, foram aprovadas as contas do

exercício da CA tendo havido um receita de 1.903$89, uma despesa

de 507$75, tendo havido um saldo de 586$14 onde estava


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

447

incluído o saldo 3$39 deixados pela Junta anterior. As contas de

todo o ano fora as seguintes: Receita 1.155$84, incluindo um saldo

de 65$34 relativo a 1925, a despesa de 569$70 ficando um

saldo de 586$40 (ID.:IBID.)

Em 31 de dezembro de 1927, foram aprovadas as contas do ano,

tendo sido considerado o saldo de 1926 no valor de 586$14, o produto

da prestação do trabalho no montante de 1.300$00, totalizando

o valor de 2.116$14, enquanto a despesa atingiu o montante de

1.571$35, tendo havido um saldo de 544$79 (ID.:Liv de Atas nº 8).

Em 30 de junho de 1930 foram aprovadas as contas do ano

económico de 1929/1930:

Despesas de reparação dos caminhos das Regadas – 229$00,

Sobral da Quintã – 84$00;

Ermilhe – 159$85,

da Igreja (1º lanço) – 399$00, da Quebrada – 383$60, da Igreja

(2º lanço) – 299$00;

Pagamento ao secretário – 350$00;

Capeamento das valetas – 83$00;

A receita atingiu o montante de 2.506$29 onde se incluía o

saldo do ano anterior no montante de 506$29 (ID.:IBID.).

Em 30 de junho de 1932, foram apresentados os mapas da

receita e despesa do ano de 1931/1932:

Receita:

Saldo do ano de 1930/31 – 41$24;

Cobrança de dívidas ativas do ano anterior – 115$00;

Rendimento das prestações de trabalho – 1.911$20.

Despesa:

Limpeza do cemitério – 25$00;

Reparação do caminho de Ermilhe – 693$00;

Selo branco – 150$00;

Ordenado do secretário – 350$00;

Dívidas passivas do ano anterior – 507$00;

Total – 1.725$00 (ID.:IBID,).

Calçada da rua do Pinheiro Manso

Em 30 de junho de 1933, foram apresentados os mapas da

receita e despesa do ano de 1931/1932:

Receita:

Saldo do ano de 1931/32 – 186$32;


448 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Cobrança de dívidas ativas do ano anterior – 110$00;

Rendimento das prestações de trabalho – 1.370$00;

Saldo dos serviços do cemitério – 100$00;

Total -1681$74.

Despesa:

Caição dos muros do cemitério – 100$00;

Reparação do relógio da torre – 14$55;

Limpeza do cemitério – 25$00;

Reparação de diversos caminhos – 608$75;

Ordenado do secretário – 350$00;

Total – 1.073$30.

Saldo – 608$44 (ID.:IBID.).

Muro do cemitério

Em 30 de junho de 1935, foram apresentados os mapas da

receita e despesa do ano de 1931/1932:

Receita:

Saldo do ano de 1934 –$74;

Rendimento do imposto de trabalho – 1.760$00;

Venda de terrenos do cemitério – 1.061$00;

Serviço de enterramentos – 189$80;

Total -3.011$54.

Despesa:

Caiação dos muros do cemitério – 100$00;

Enterramentos de pobres – 39$50;

Limpeza do cemitério – 25$00;

Reparação de diversos caminhos – 388$75;

Expediente da Junta – 368$80;

Total – 1.479$25.

Saldo – 532$29 (ID.:IBID.).

Em 1953, houve o seguinte movimento da Junta de Freguesia:

Receita – 10.973$90;

Despesa – 9.569$20;

Saldo – 1.404$70.

A Junta teve um saldo de 2.206$00 no ano de 1955 (ID:Liv.

de Atas nº 12).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

449

Em 31 de dezembro de 1957, foi aprovado o orçamento de

obras para 1958 com os valores seguintes:

– Complemento das obras no caminho da Quebrada até à

Igreja – 13.000$00;

– Arranjos do caminho de Prime – 7.000$00;

– Arranjo dos caminhos em Gôda e Ermilhe – 7.000$00;

Total – 27.000$00.

Em 31 de dezembro de 1960, a Junta anunciou o envio para a

Câmara do orçamento de 1961, no qual constavam as obras da

estrada de Prime, da estrada da Quebrada à Igreja, caminhos de

Gôda e de Ermilhe, caminho de Gôda a Pousadela, caminho do

Rio ao Outeiro do Moinho e diversos caminhos num total de 100

mil escudos (ID.:Liv de Atas nº 12).

Em 31 de janeiro de 1962, a Junta enviou à Câmara o orçamento

de obras a realizar durante o ano:

– Caminho de Prime à Vergada – 15,000$00;

– Caminho de Ermilhe a Gôda – 20.000$00;

– Caminho do Rio ao Murado- 15.000$00;

– Caminho das Regadas ao Murado – 15.000$00.

Nesta mesma data, foi aprovado o relatório e contas de gerência

do ano findo, tendo transitado o saldo 2.255$50 (ID.:IBID.).

Em 4 de janeiro de 1963, foi aprovada a conta de gerência

relativa ao ano findo que teve um saldo positivo de 25.000$00

(ID.:IBID.).

Em 29 de janeiro de 1967, foram aprovadas as contas de gerência

do ano findo;

Receitas – 95.410$00;

Despesas – 79.462$00;

Saldo – 15.947$80.

Em 29 de janeiro de 1968, foram aprovadas as contas de gerência

do ano findo;

Receitas – 79.491$80;

Despesas – 78.893$70;

Saldo – 1.968$00.

Em 26 de janeiro de 1969, foram aprovadas as contas de gerência

do ano findo;


450 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Receitas – 26.440$10;

Despesas – 25.343$10;

Saldo – 1.105$00.

Em 30 de dezembro de 1972, foram aprovadas as contas de

gerência do ano findo;

Receitas – 31.924$50;

Despesas – 19.572$20;

Saldo – 12.352$30.

Em 31 de dezembro de 1973, foram aprovadas as contas de

gerência do ano findo;

Receitas – 10.059 $90;

Despesas – 87.767$90;

Saldo – 20.105$00.

Em 31 de maio de 1974, foram registadas em ata as entradas

das verbas seguintes:

– Ofertas de diversos amigos de Mozelos, naturais da freguesia

e residentes em Lamas – 20.500$00;

– Ofertas de vários amigos mozelenses para placas de sinalização-

9.500$00;

– De anunciantes do suplemento do jornal O Comércio do

Porto na inauguração dos CTT – 42.500$00;

– Inscrições para o copo de água oferecido às autoridades no

dia das inaugurações – 28.500$00;

– Do Governo Civil de Aveiro para obras – 10.000$00;

– Da Câmara Municipal 15.000$00 como subsídio anual;

– Da Câmara Municipal 3.030$20 para expediente;

– Da Câmara Municipal 50.000$00 como subsídio extraordinário

para obras.

Em 26 de fevereiro de 1977, foram aprovadas as contas da

gerência do ano de 1976 que tiveram um saldo de 23.73450.

Em 31 de março de 1978, a Assembleia de Freguesia aprovou

por unanimidade o relatório de contas e e plano de atividades

por unanimidade.

Em 26 de janeiro de 1979, foram aprovados, por maioria, o

orçamento e o plano de atividades para o ano em curso com 4

votos a favor e 1 contra.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

451

Em 8 de fevereiro de 1980, a Assembleia de Freguesia aprovou,

por maioria, o plano de atividades para o ano em curso e

em 24 de abril aprovou, por maioria o relatório de contas relativo

ao ano findo.

Em 31 de dezembro de 1980, foram apresentados os seguintes

valores das contas do ano:

Movimento – 1.270.239$70;

Saldo – 242.203$90.

Em 1986, a Junta aprovou as contas do ano, com um movimento

financeiro de 8.658.965$90, tendo recebido do poder

central cerca de metade dessa verba, o que demonstrava quanto

a população da terra estava ao lado da autarquia, contribuindo

assim para o seu progresso (ALFM: Liv. de Atas nº14).

O orçamento de 1987 foi de 4.800 contos.

O orçamento relativo ao ano de 1988 foi de 5.400 contos.

O orçamento relativo ao ano de 1989 foi de 7.500 contos.

O orçamento relativo ao ano de 1990 foi de 6.902.162$00.

Em 1992, foi apresentado o seguinte orçamento:

Receitas – 9.000.000$00;

Despesas – 9.000.000$00.

Em 1993, foram apresentados os seguintes valores das contas

do ano:

Receitas – 11.760.000$00;

Despesas – 11.760.000$00.

Em 1994, foram apresentados os seguintes valores das contas

do ano:

Receitas, saldos transitados e encargos por pagar –

21.017.182$70;

Despesas – 21.017.182$70.

Em 1995, foram apresentados os seguintes valores das contas

do ano:

Receitas, saldos transitados e encargos por pagar –

30.258.605$10;

Despesas e saldos para o exercício seguinte –

30.258.605$10.


452 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

O relatório de contas do exercício do ano de 1996 apresentou

os valores seguintes:

Receitas, saldos transitados, encargos por pagar e regularizações

– 32.183.064$20;

Despesas e saldos para o exercício seguinte –

32.183.064$20.

A Junta apresentou os seguintes valores para 1997:

Receitas – 32.200.000$00;

Despesas – 32.200.000$00.

Em 15 de abril de 1998, foi aprovado o orçamento e plano

da freguesia com o valor da receita e da despesa no montante de

68.850.000$00.

Em 15 de abril de 1999, foi aprovada a conta de gerência de

1998, com os seguintes valores:

Receitas – 33.553.388$00;

Despesas – 28.341.861$00;

Saldo da gerência anterior – 5.194.232$00;

Saldo para a gerência seguinte – 14.405.759$00.

Em 7 de novembro de 1999, foi aprovado o orçamento para o

ano 2000,com a previsão de receitas e despesas no montante de

48.260.000$00.

Em 1 de Janeiro de 2002 começou a entrar em circulação.

Em 15 de abril de 2003, foi aprovada a conta de gerência relativa

a 2002, com os seguintes valores:

Receitas – 191.894,62 euros;

Despesas – 169.482,01 euros;

Saldo da gerência anterior – 24.336,20 euros;

Saldo para a gerência seguinte – 46.894,56 euros.

Em 15 de dezembro de 2003, foi aprovado o plano de atividades

para 2004 no montante de 322.750,00 euros com:

Receitas correntes – 186.463,00 euros;

Receitas de capital – 136.287,00 euros;

Despesas correntes -127.750,00 euros;

Despesas de capital – 195.000,00 euros.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

453

Em 15 de abril de 2004, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2003, com os valores seguintes:

Receitas – 276.840,71 euros;

Despesas – 218.477,62 euros

Saldo da gerência anterior – 46.894,56 euros.

Saldo para a gerência seguinte: 105.321,14 euros.

Em 15 de novembro de 2004, foi orçamentada a verba de

330.860,00 euros para o ano de 2005.

Em 11 de abril de 2005, a Junta aprovou a conta de gerência

relativa ao ano de 2003, com os valores seguintes:

Receitas – 249.555,36 euros;

Despesas – 323,986, 88 euros

Saldo – 30.892,35 euros.

Em 11 de abril de 2006, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2003, com os valores seguintes:

Receitas – 244.418,90 euros;

Despesas – 263.038,79 euros

Saldo da gerência anterior – 30.680,38 euros.

Saldo para a gerência seguinte: 12.060,49 euros.

Em 11 de abril de 2007, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2006, com os valores seguintes:

Receitas – 265.390,22 euros;

Despesas – 237.865,06 euros

Saldo da gerência anterior -12.639,63 euros.

Saldo para a gerência seguinte -39.994,20 euros.

Em 16 de abril de 2008, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2007, com os valores seguintes:

Receitas – 372.116,34 euros;

Despesas – 205.520,52 euros

Saldo da gerência anterior – 39.994,20 euros.

Saldo para a gerência seguinte -207.637,93 euros.

Em 15 de abril de 2009, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2008, com os valores seguintes:


454 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Receitas – 212.955,99 euros;

Despesas – 349.305,41 euros;

Saldo da gerência anterior – 207.637,93 euros.

Saldo para a gerência seguinte – 70.215,49 euros.

Em 15 de abril de 2010, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2009, com os valores seguintes:

Receitas – 217.006,31 euros;

Despesas – 260.513,52 euros;

Saldo da gerência anterior – 70,215,49 euros.

Saldo para a gerência seguinte -26.809,54 euros.

Em 11 de abril de 2011, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2010, com os valores seguintes:

Receitas – 249.645,33 euros;

Despesas – 246.134,93 euros;

Saldo da gerência anterior – 26.809,54 euros.

Saldo para a gerência seguinte – 30.206,37 euros.

Em 9 de abril de 2012, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2011, com os valores seguintes:

Receitas – 246.417,35 euros;

Despesas – 208.824,58 euros;

Saldo da gerência anterior – 26.809,54 euros.

Saldo para a gerência seguinte – 67.834,38 euros.

Em 15 de abril de 2013, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2012, com os valores seguintes:

Receitas – 190.815,81 euros;

Despesas – 191.301,07 euros;

Saldo da gerência anterior – 67.834,38 euros.

Saldo para a gerência seguinte – 67.354,62 euros.

Em 11 de abril de 2014, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2013, com os valores seguintes:

Receitas – 339.637,16 euros;

Despesas – 312.814,31 euros;

Saldo da gerência anterior – 67.354,62 euros.

Saldo para a gerência seguinte – 94.318,53 euros.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

455

Em 11 de abril de 2015, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2014, com os valores seguintes:

Receitas – 194.971,02 euros;

Despesas – 194.576,21 euros;

Saldo da gerência anterior – 94. 318,53 euros.

Saldo para a gerência seguinte – 94.775,83 euros.

Em 11 de abril de 2016, foi aprovada a conta de gerência relativa

ao ano de 2015, com os valores seguintes:

Receitas – 185.693,40 euros;

Despesas – 174.701,93 euros;

Saldo da gerência anterior – 94.160,41 euros.

Saldo para a gerência seguinte – 105.151,88 euros.

INVENTÁRIOS

Foi decidido remeter ao Governador Civil de Aveiro os inventários

das confrarias eretas na Paróquia (AJFM:Ata de 22.9.1836).

Em 15 de novembro de 1847, a Junta da Paróquia e o Regedor

procederam à revisão de todos os bens, trastes e alfaias de todas

as confrarias e fábrica da igreja.

Objetos pertencentes à Confraria do Santíssimo Sacramento

a cargo do seu tesoureiro:

Um cálice, um vaso de prata pequeno do sacrário, um dito de

pau, um padrão de latão com Santo Cristo, quatro lanternas de

folha-de-flandres usadas; uma lâmpada de latão, duas bandeiras

de damasco vermelho para o arco-cruzeiro com sanefa e galão

dourado, um dito de chita com sanefa e galão de lã, um turíbulo

de latão, naveta e colher, um santo sudário, um frontal de damasco

roxo com galão e franja de lã, um pálio de damasco vermelho

forrado de seda com seis varas de latão, uma umbela de oleado

usada de seda branca, duas toalhas do altar, três morteiros de

ferro e mais quatro lanternas douradas novas.

Objetos pertencentes à fábrica a cargo do mesmo tesoureiro:

Uma vestimenta de damasco verde, duas ditas brancas, duas ditas

vermelhas, uma dita de seda roxa, uma dita de seda preta, uma

dita de sebaste preta, uma capa de asperges de seda roxa, uma dita

de seda usada, um frontal de seda branco, quatro cordões de linho,

uma estola paroquial de seda roxa, uma dita de seda velha, uma

Turíbulo


456 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Arraial

dita de seda branca velha, um portal coeli de seda branca, cinco

bolsas de corporais branca, vermelha, verde, roxa e preta com os

seus competentes fios, quatro alvas com seus amitos, uma toalha de

paninho para o altar-mor. Um ritual de Paulo Quinto, dois livros de

defuntos velhos, dois missais, uma chave de prata do sacrário, uma

mesa de castanho com duas gavetas e dois armários, uma cadeira

paroquial, um vaso de estanho e umas galhetas velhas.

Objetos a cargo do Juiz de Cruz:

Uma cruz de latão com Santo Cristo, uma opa de seda vermelha

usada, duas ditas de serafina vermelha e roxa usadas, duas

mangas da cruz vermelha e preta, uma caldeirinha de latão, duas

mangas da cruz, vermelha e preta, uma caldeirinha de latão, um

sino de metal, uma campainha de metal e uma opa de seda vermelha

nova.

Objetos pertencentes à confraria de Nossa Senhora do Rosário

a cargo do seu tesoureiro:

Uma cruz de latão com Santo Cristo e sua manga, 2 lanternas

de folha-de-flandres, 2 bandeiras de damasco, uma verde e outra

branca e suas cruzes de latão do tesoureiro acompanhar a procissão,

15 opas usadas, um par de cortinas e sanefa de damasco

vermelho com galão de prata dourada, três cortinas de damasco

vermelho velhas, duas toalhas de altar, uma lâmpada de latão,

quatro castiçais de pau e cruz com crucifixo, três morteiros de

ferro e cinco opas de seda vermelha novas.

Objetos pertencentes à confraria de Santa Luzia, a cargo do

seu tesoureiro:

Um sino de metal, um véu de ombros de damasco branco

com galões de seda, uma alba de pano de linho com sua corda e

amito, duas dalmáticas de seda branca com galões de seda, duas

casulas com seus pertences um branco e um vermelho, duas peças

de cetim vermelho, duas lanternas de folha-de-flandres com

vidros, um padrão de latão, uma bandeira de lona, seis opas de

serafina usadas, sete ditas de seda, quatro brancas e três vermelhas,

mais seis ditas novas vermelhas para o pálio, quatro castiçais

e uma cruz de pau.

Objetos a cargo do tesoureiro da cera:

Duas opas de princesa em bom uso, duas ditas de seda vermelhas,

duas toalhas do altar, uma lâmpada de latão, um caixão de

guardar a cera, quatro castiçais e uma cruz de altar.

Objetos pertencentes à confraria das almas a cargo do seu

tesoureiro:

Três opas de saeta branca com murça verde em meio uso, três

ditas inúteis, uma bandeira de lona com capa de latão, quatro

castiçais e uma cruz de altar.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

457

Objetos do Mártir S. Sebastião a cargo do seu tesoureiro:

Um guião de damasco vermelho com sua pinha de pau dourada

e três opas de seda vermelha novas.

Objetos da confraria de Santo António a cargo do seu tesoureiro:

Uma bandeira de damasco branco, duas opas de seda brancas

novas.

Foram feitas revisões de inventários dos bens móveis da igreja

e a louvação dos bens pertencentes à fábrica da igreja em 5 de

março de 1858 com a indicação dos seus valores em reis, em 11 de

agosto de 1861, em 18 de maio de 1862, também com indicação

dos seus valores, em 6 de setembro de 1876, também com os seus

valores e em 16 de dezembro de 1878 (AJFM: Capítulo I, Liv. nº9).

Em 4 de novembro de 1878, a Junta decidiu nomear um tesoureiro

para os trastes das confrarias e mais objetos a cargo da

Junta, para depois os depositar em mãos seguras, tendo o Presidente

mandado avisar os empregados das confrarias para fazer o

inventário (ID.:IBID: Ata de 4.11.1878).

Como se pode constatar pela leitura dos precedentes inventários,

havia, na igreja de Mozelos as confrarias do Santíssimo

Sacramento, de Nossa Senhora do Rosário, de Santa Luzia, de

Santo António e da Cera.

IMPOSTOS E TAXAS

As Juntas de Paróquia, depois designadas Juntas de Freguesia,

tinham a faculdade de lançar derramas destinadas a melhoramentos

locais. Ao longo da história da atividade da administração

local, há copiosas referências a esse facto que são referenciadas

nos capítulos próprios.

Em 18 de outubro de 1901, a Junta deliberou que as tarifas

para o imposto da contribuição do trabalho fossem taxadas a 400

reis por ano por dia de bois e carro e a 100 reis de trabalho braçal

(ID.: Liv. de Atas nº 3).

ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS

Ao longo dos tempos, a Junta atestou, para diversos fins, designadamente,

populacionais, militares, políticos, para obtenção

de subsídios de aleitação, de pobreza, de identidade de residên-


458 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

cia, para emigração, fins judiciais, militares, hospitalares, de bom

comportamento moral, civil e político (a partir de 1927) e outros.

O primeiro pedido de atestado de pobreza ocorreu em

18.11.1878 (ID.:Liv.de Atas nº1).

Em 13 de junho de 1897, a Junta atestou o estado de pobreza

de uma freguesa, pois embora tivesse duas filhas, estas não tinham

meios de a sustentar (ID.:Liv de Atas nº 3).

Em 22 de fevereiro de 1902, foi solicitado um atestado de pobreza

e falta de meios a uma mulher para custear as despesas

no pleito e processo de investigação de paternidade em favor de

dois filhos contra a viúva de um morador da freguesia, a fim de

os habilitar como herdeiros de um indivíduo solteiro da mesma

freguesia. Dada a delicadeza do assunto, a Junta decidiu averiguar

com o cuidado devido, remetendo a sua decisão para outra

oportunidade (ID.:IBID.)

Desde o início do regime republicano, os pedidos atestados

de pobreza a vários fregueses, para variados fins passaram a ser

mais frequentes.

ASSUNTOS PATRIMONIAIS

Em 1863, a Câmara Municipal aprovou a cedência do arraial

novo da freguesia ao público (ID.::Liv. de Inventários, fol. 20).

Em 1868, foi lavrado um documento sobre o pleito suscitado

entre as freguesias de Mozelos e de Nogueira da Regedoura, relativo

à casa que fora de Joaquim Alves Casas (ID.:IBID.).

Em 2 de abril de 1876, a Junta constatou que um paroquiano,

da Quintã, tinha ocupado abusivamente um terreno no arraial da

igreja, com pedras e materiais para as obras da sua casa, ali junto,

em terra da freguesia de Nogueira da Regedoura, sem qualquer

licença da Junta, abusando dos direitos alheios, com prejuízo público.

O mesmo indivíduo já havia ocupado um baldio junto à

sua casa. Quando a Câmara Municipal o intimou a desocupá-lo,

após a feitura de uma vistoria ao local, ele não só desobedeceu,

como resistiu à Câmara com armas agressivas pondo em perigo

a vida dos camaristas e dos homens convidados pela Câmara

para desocupar o dito terreno. Desse facto, resultou um auto de

corpo de delito contra ele. Por descuido posterior, o dito freguês

ocupava agora um baldio onde despejava e que agora cultivava

e transformara em horta e pomar. Assim, a Junta providenciou

para evitar embaraços futuros, sobretudo com a necessidade de


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

459

alargamento do cemitério. O usurpador foi expressamente intimado

a desobstruir o terreno e a levantar os objetos que tinha lá

deitado junto ao adro e cemitério. Na sessão seguinte da Junta, o

dito indivíduo informou que havia pedido à Câmara que o autorizasse

a construir uma escada sobre parte do terreno público,

comprometendo-se a oferecer um pedaço de terreno em troca.

A Junta rejeitou tal pretensão, já que a construção da pretendida

escada causaria enormes prejuízos para o trânsito local e aos possíveis

acrescentos do cemitério. Assim sendo, a Junta decidiu indeferir

o pedido e dar disso conhecimento à Câmara Municipal.

Em 18 de julho de 1881, a Junta foi informada de que a Câmara

Municipal aprovara a pretensão da Junta de fazer um muro

de vedação com a altura conveniente para não ser devassado

(ID.:Liv.Atas nº1).

Em 1884, foi lavrado um documento para a vedação do arraial

antigo (ID.:Liv. de Inventários: fol. 20v).

A Junta, na qualidade de fabriqueira, aceitou o legado de 13

mil reis que foram deixados em testamento por Margarida Joaquina,

de Prime, a quando da sua morte (ID.:Liv.de Atas nº 5).

Em 19 de abril de 1956, a Junta deliberou ceder uma faixa

de terreno a Amaro Fernandes de Barros, com cerca de 200 m2,

situado no lugar do Outeiro do Moinho, confinando de poente

com a estrada de Prime, do nascente com um ramal da mesma

estrada que seguia para o Outeiro do Moinho e com o próprio e

do sul com Henrique Fernandes de Amorim e outro, cujo terreno

serviu de caminho público antes de ter sido aberta a referida

estrada e, em consequência, ficou sem a mínima utilização. Em

compensação, a Junta receberia 2.000$00, obrigando-se o comprador

a dar caminho de passagem a Henrique Fernandes de

Amorim para a sua propriedade que confinava com o terreno

cedido (ID.:Liv. de Atas nº 12).

Em 31 de dezembro de 1989, a Junta congratulou-se com o

facto do arraial ter passado para a posse da freguesia, depois de

uma luta e de um anseio de muitos anos (ID: Liv. de Atas nº14).

Um caminho de Mozelos

OBRAS PÚBLICAS,

TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Em 3 de fevereiro de 1879, a Junta deliberou apresentar uma

representação à Câmara para a urgente necessidade de uma

estrada da cabeça do concelho a esta freguesia. Esta questão foi


460 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Feira de Santa Catarina,

realiza-se no local do

antigo mercado do Murado.

desenvolvida na sessão extraordinária de 8 de fevereiro, tendo-se

acrescentado o seguinte:

O caminho que conduz desta freguesia, das de Nogueira da Regedoura,

Lamas e de S. João da Madeira para a Vila da Feira, cabeça da comarca

e desta como da maior parte das freguesias do concelho, especialmente as

do sul para o mercado mensal do Morado, nesta freguesia, o mais concorrido

e comercial do concelho está em péssimo estado. Por isso, os povos

sofrem ‘gravíssimos prejuízos, pela dificuldade de acudir às causas do

seu interesse na cabeça da comarca, como pela impossibilidade de concorrer

aos seus negócios no dito mercado do Morado mercado único para as

freguesias da beira-mar. Os povos não podendo ocultar o sentimento por

tantos prejuízos, em consequência de serem intransitáveis os caminhos que

tinham necessidade de percorrer, exprimiam instantes queixas, pediam

uma estrada para estes dois pontos – Vila da Feira e mercado do Morado.

Alegavam em seu direito o terem concorrido, desde há muito, com a

prestação de trabalho para as estradas de outras localidades. Entendiam

que esta queixa unânime devia ser atendida porque eram ponderosos os

motivos que a determinaram. Para o efeito tinham auscultado e ouvido

o parecer de pessoas habilitadas, e propunham o seguinte: Que se devia

abrir uma estrada partindo da estrada distrital de Ovar a Carvoeiro no

sítio do Cavaco da freguesia da Feira, atravessando a freguesia de S. João

de Ver e de Mozelos, entroncando na estrada de Esmoriz ao Picoto, no

lugar de Gesto desta freguesia. Os pontos obrigatórios do traçado deviam

ser: Mercado do Morado, em Mozelos; em Lamas, lugar do Souto, Arraial

da Igreja, Lavoura de Lamas, Valada, no sítio do forno da telha e Quinta

da Valada; em S. João de Ver ao sul da Igreja e largo de S. Bento que fica

a nascente da capela, largo da capela de Santo André e largo do lugar

de Passô ao nascente da quinta de José António da Silva Varela Falcão e

poente de Cavaleiro. A estrada deveria ter a largura de 3,5m na caixa do

empedrado, em cada berma a largura de 0,75m, em cada valeta 0,90m.

A extensão aproximada era de 9 Km pouco mais ou menos. Atendendo ao

péssimo estado dos caminhos grande parte do ano intransitáveis, as razões

que motivaram a classificação eram a necessidade urgente e a conveniência

pública de ligar as freguesias da beira-mar, isto é Mozelos, Nogueira

da Regedoura, Lamas, S. João de Ver a bastantes outras ao sul em circuito

com estes dois pontos – centros indispensáveis à vida económica e a todo

o desenvolvimento político, agrícola e comercial que são a Feira, cabeça

da comarca e Morado desta freguesia, mercado mensal de muita importância.

Mais disse o presidente que o Município da Feira não quereria ser

indiferente aos rendimentos que lhe iam destas freguesias, cujo aumento

pela estrada, no futuro, não poderia ser desatendido agora; portanto que

a Câmara deste concelho devia tomar sobre si a feitura desta estrada. E

tomando a Junta esta proposta na devida consideração, discutindo-a por

bastante tempo a aprovou unanimemente, deliberando, de seguida que


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

461

assim se escrevesse na ata desta sessão e que se tirasse cópia autêntica para

ser presente à Câmara, pedindo-lhe que informasse o competente processo

com as formalidades legais para ser levado à instância superior e ser a

pretendida estrada introduzida no plano geral das estradas municipais

(AJFM:Liv Atas nº 1).

Em 2 de junho de 1879, o presidente chamou a atenção para o

facto do arraial estar muito devassado prejudicando a realização das

procissões da igreja, bem como o o caminho que ligava à estrada do

Murado ao Picoto, o que foi acolhido pelos vogais (ID.:Liv.Atas nº1).

Em 18 de outubro de 1889, a Junta contratou a construção de

157 m2 de calçada no caminho da Quebrada para a igreja, pelo

montante de 40.000$000 (ID.:Liv. de Atas nº 2).

Em 15 de setembro de 1897, a Junta deliberou proceder a consertos

dos caminhos da Barrosa, Seitela, Prime e Ermilhe, por

ajuste particular, tendo sido encarregados alguns membros da

Junta de orientarem as obras (ID.:Livro de Atas nº 3).


462 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Rua do Murado

Em 6 de julho de 1900, a Junta deliberou chamar à atenção

da Câmara para o mau estado da estrada de ligação do lugar do

Gesto a Lamas (ID.: IBID.).

Após duas sessões em que a adjudicação das obras abaixo

mencionadas ter ficado deserta, apesar de ter aumentado duas

vezes em 5% a base de licitação, a Junta deliberou fazer as

obras por conta da Junta ou por contrato particular: reparação

de um muro à face da estrada para vedação do cemitério (base

89.775$000) e a reedificação de uma parede de suporte do adro

(base 45.675$000). Estas obras mereceram a aprovação do Governador

Civil de Aveiro (ID.:Liv.de Atas nº3).

Em 15 de agosto de 1888, a Junta deliberou que os consertos a

realizar nos caminhos da freguesia nos lugares do Murado, Fonte

do Fundo, Seitela, Mozelos e Quintã fossem realizados por conta

de Junta.

Em 21 de outubro foi a vez do conserto dos caminhos da Igreja

e de Ermilhe (ID.:IBID.).

Em 15 de dezembro de 1906, a Junta pagou ao pedreiro Manuel

Alves o seu trabalho pela administração das obras nos caminhos

os lugares do Murado, Mozelos, Igreja, Prime, Fonte

do Fundo, Vergada, Outeiro do Moinho, Sobral, Cedro e Vilas

(ID.:Liv de Atas nº 4).

Em 13 de junho de 1908, tendo a Junta tomado conhecimento

de que as freguesias de Oleiros e Paços de Brandão estavam a ser

atravessadas pela linha de caminho-de-ferro do vale do Vouga, iam

pedir ao Governo, a primeira, uma estação em Oleiros para carga

e descarga de mercadorias transportadas no mesmo caminho, no

lugar do Monte ou Valado, e junto das suas fábricas de papel, e, a

segunda, um apeadeiro de passageiros de Rio Maior, sendo muito

frequentado por muitos passageiros no tráfico do seu comércio. O

presidente da Junta considerava que a referida estação e a paragem

poderiam dar uma vantagem considerável a Mozelos. Foi ainda

considerado que tal era também vantajoso para a valorização das

propriedades, o comércio e para movimento vital desta freguesia

e de outras circunvizinhas atravessadas pela estrada distrital que

contacta com o mesmo local, onde se pedia a estação, sendo, nesta

freguesia, contínuo o movimento artístico e comercial de madeiras,

cortiça, rolhas, vinhos e cereais e outras mercadorias indispensáveis

à vida. E no que dizia respeito ao apeadeiro no lugar de

Rio Maior em Paços de Brandão a Junta concordou com a mesma

conveniência para os povos destes sítios. Assim sendo, a Junta deliberou

unir-se ao pedido das referidas freguesias (ID.:IBID).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

463

Em 5 de setembro de 1908, foi deliberado consertar os caminhos

dos lugares da Quebrada, Mozelos, Gôda, Vergada, Fonte

do Fundo e Sobral (ID.:IBID).

Em 14 de novembro, a Junta decidiu consertar os caminhos

paroquiais de maior necessidade (ID.:IBID).

Em 4 de janeiro de 1909, foi decidido solicitar à Câmara a

reparação da estrada municipal de Mozelos (ID.:IBID).

Em 5 de agosto de 1912, tendo-se constatado o péssimo

estado em que se encontrava a estrada municipal da freguesia,

que atravessava o lugar do Murado, a Junta deliberou chamar à

atenção da Câmara Municipal (ID.: Liv. de Atas nº 5).

Em 3 de novembro de 1918, a Junta solicitou à Câmara autorização

para aplicar o produto da prestação de trabalho na reparação

de caminhos da freguesia (ID.:Liv.de Atas nº 7).

Em 30 de janeiro de 1920, foram dadas por concluídas as obras

feitas nos caminhos do Sobral, Vila e Fonte do Fundo que importaram

em 35$01 e, em 13 de fevereiro, aconteceu o mesmo com os caminhos

do Rio e Quebrada que importaram em 42$95 (ID.:IBID.).

Em 14 de janeiro de 1921, foi decidido fazer por administração

direta reparações dos caminhos de Ermilhe e Gôda (ID.:IBID.).

Em 15 de novembro de 1923, foi deliberado consertar os caminhos

de Sobral e da Igreja (ID.:IBID.).

Em 8 de janeiro de 1925, foi decidido reparar os caminhos de

Souto de Pereira, Rio, Quebrada, Corga, do Murado a Meladas

e Regadas, por administração direta (ID.:IBID.).

Em 14 de fevereiro de 1926, foi deliberado reparar os caminhos

do Murado a Prime, e o de Gôda a Vergada (ID.:IBID.).

Em 9 de janeiro de 1926, apurou-se haver, na freguesia, 95

carros de bois, sendo 67 os seus proprietários, 45 bicicletas, sendo

40 os seus proprietários, havia 2 motas para igual número de

detentores, e 1 charrete (ID.:IBID.).

Em 23 de janeiro de 1926, foi deliberado reparar um caminho

na Vergada (ID.:IBID.).

Em 16 de outubro de 1927, a CA deliberou reparar alguns

caminhos da freguesia, por administração direta, sob a orientação

de alguns dos seus elementos. Nesta sessão, foi comunicada

a visita do Vice-Presidente da CA da Câmara Municipal que se

veio inteirar das necessidades existentes na rede de estradas da

freguesia (ID.:Liv de Atas nº 8).

Em 11 de maio de 1930, foi apresentada na CA uma reclamação

por várias pessoas sobre as dificuldades criadas na estrada

Fontenário do Casal


464 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Instalações originais da empresa distribuidora

de electricidade (1934)

Estrada do Picoto a Esmoriz

nacional nº 10, que ligava Porto a Lisboa e que passava a nascente

da freguesia, causadas pela refundação das suas valetas e que tornavam

impossível a entrada e saída de carros para os diversos caminhos

públicos. Foi pedida a intervenção da CA para a resolução

da questão exposta. Foi também denunciado o péssimo estado das

estradas que vinham da igreja de Lamas para Mozelos, que ligava

no lugar de Gesto e da estrada de Esmoriz ao Picoto, para além do

péssimo estado da estrada principal (ID.:Liv. de Atas nº 8).

Em 22 de junho de 1930, a CA deliberou capear as travessias

das serventias dos diversos caminhos públicos da freguesia

que dão para a estrada nacional. Deliberou também conceder um

subsídio de 100$00 para que um grupo de moradores pudesse

reparar o caminho da igreja (ID.:IBID.).

Em 23 de outubro de 1932, a CA deliberou oficiar à Câmara

Municipal solicitando a concessão de uma verba necessária para

a reparação de vários caminhos da freguesia que a ligam às suas

limítrofes, dado o seu estado lastimoso (ID.:IBID.).

Em 6 de maio de 1934, constatou-se, para efeitos de informação

a serviços do Estado, que, na freguesia, fora instalada a

rede de luz elétrica para o que foi constituída a respetiva empresa

distribuidora local e cuja instalação compreendia somente iluminação

particular dentro da freguesia ou proximidades e que,

igualmente, por iniciativa particular, havia, num estabelecimento

comercial da localidade, um telefone ligado à rede do Estado,

da sede deste concelho e, por iniciativa particular, havia, ainda,

vários telefones noutros estabelecimentos locais, ligados à rede

concessionária dos arredores da cidade do Porto (ID.:IBID.).

Em 12 de agosto de 1934, a CA, em resposta à Direção dos

Serviços de Melhoramentos Rurais, que solicitava a remessa de

um mapa discriminativo dos caminhos vicinais da freguesia

com vista à sua classificação, informou o seguinte;

Nº 1 – Da estrada nacional nº 10, no lugar da Vergada à estrada

municipal de Lamas a Mozelos, no lugar do Murado, na

extensão aproximada de 3.000 m;

Nº 2 – Da estrada nacional nº10, no lugar da Vergada, ao

caminho nº 1, que antecede na extensão aproximada de 600 m;

Nº 3 – Do ramal da estrada nacional do Picoto a Esmoriz, no

lugar da Igreja, ao caminho nº 1, acima descrito, no lugar do Rio,

com a extensão aproximada de 1000 m;

Nº 4 – Da estrada nacional nº10, no lugar da Vergada, ao ramal

da estrada nacional do Picoto a Esmoriz, no lugar de Gôda,

com a extensão aproximada de 1000 m;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

465

Nº 5 – Do ramal da estrada nacional do Picoto a Esmoriz, no lugar

da Igreja, ao lugar do Casal, limite da freguesia, seguindo para

Nogueira da Regedoura, com a extensão aproximada de 3.000 m;

Nº 6 – Do ramal da estrada nacional do Picoto a Esmoriz, no

lugar de Gesto, ao lugar do Casal, ligando ao caminho nº 5 e ao

que seguia para Nogueira da Regedoura, com a extensão aproximada

de 2.000 m;

Nº 7 – Da estrada municipal de Lamas-Mozelos, no lugar

da Lagoínha, limite desta freguesia com a de Lamas, no lugar

da Fonte do Fundo, seguindo para a freguesia de Oleiros, com a

extensão aproximada de 3.000 m;

Nº 8 – Da estrada municipal Lamas-Mozelos, no lugar do

Murado, à estrada municipal Paços de Brandão- Vila Boa de

Oleiros, no lugar de Regadas, limite desta freguesia, com a extensão

aproximada de 2.500 m.

Todos estes caminhos eram da maior utilidade pública, não só

para lugares que atravessavam como para muitos outros mais próximos

e que a estes estão ligados por caminhos de menor largura e

ainda para as freguesias vizinhas, que se serviam por quase todos

estes caminhos. Porém, uma grande parte destes caminhos estava

em péssimo estado, tornando-se, a certo ponto, intransitáveis, em

tempo chuvoso, merecendo, portanto, de algumas reparações que

as receitas da Junta não podiam suportar (ID.:Liv de Atas nº 9).

Em 15 de novembro de 1954, a Junta informou a Câmara

Municipal que o temporal registado na freguesia provocou sérios

estragos na estrada de Sobral que ficou muito danificada e a estrada

de Prime ficou sem saibro algum.

No mesmo ano, a Junta informou a Câmara que só havia

lavadouros públicos nos lugares de Vilas e de Mozelos, faltando

nos lugares da Vergada, Ermilhe, Fundão, Gôda, Igreja, Sobral,

Gesto, Seitela, Murado e Prime. Mais informou que qualquer dos

últimos lugares referidos tinha mais de 100 habitantes.

Em 23 de novembro, a Junta comunicou à Câmara que existia

uma extensão de 40 metros de berma bastante danificada na

estrada de paralelos que ligava o lugar de Murado a Lamas, não

dando escoamento às águas, motivo pelo qual as mesmas ficavam nessa

extensão depositadas, ocasionando certos transtornos e aborrecimentos

aos confrontantes (ID.:Pasta relativa ao quadriénio de 1951 a 1954).

Em 31 de dezembro de 1955, a Junta decidiu propor à Câmara

as seguintes obras:

– Reparação dos caminhos para Prime e arredores que estavam

intransitáveis com a estimativa de custos no montante de

7.000$00;

Fontenário de Ermilhe


466 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Quinta de Meladas

– Para Gôda e Ermilhe – 5.600$00;

– Para Gesto e Casal – 5.000$00.

A Junta recebeu, para ajuda das obras acima citadas, a quantia

de 3.500$00 e a Câmara contribuiu com 7.000$00.

Em 15 de dezembro de 1956, a Junta pagou a uma empresa

de construções a quantia de 21.650$00, relativa ao pagamento do

caminho do Rio à Quebrada, conforme contrato anteriormente

estabelecido.

Em 30 de setembro de 1957, a Junta informou ter recebido a

quantia de 12.000$00 para arranjo de caminhos, de acordo com

o caderno de encargos (ID.:Liv. de Atas nº 12).

Em 26 de setembro de 1958, a empresa José Ferreira Amorim

e Irmãos, do Murado, entregou à Junta a quantia de 12.000$00

proveniente do terreno tomado em consequência do alinhamento

dado para a construção do muro de vedação da sua quinta de

Meladas numa extensão de 230 metros, desde o início e à face do

ramal da estrada que vinha desembocar à estrada camarária do

Murado a Lamas (ID.:IBID.).

Em 30 de outubro, a Junta recebeu da Câmara a quantia de

12.000$00 para a reparação dos caminhos na Quebrada e em

Prime (ID.:IBID.).

Em 25 de janeiro de 1959, a Junta autorizou a mudança de

um caminho na Vergada visto terem chegado a acordo com uma

senhora que havia reclamado tal alteração (ID.:IBID.).

Em 20 de fevereiro de 1959, a Junta aprovou o pedido de uma

comparticipação do Estado para a abertura de uma estrada do

Murado à Vergada, seguindo, sempre que possível o caminho público.

Desta nova estrada haveria um ramal para o Fundão a fim,

de que este lugar ficasse também servido por uma via acessível.

Também foi pedida outra comparticipação para a construção de

um lavadouro público a construir na Quebrada. As despesas para

os projetos correriam à custa dos interessados, servindo a Junta de

intermediária no recebimento das ofertas dos particulares.

Em 20 de março de 1959, o secretário da Junta apresentou

uma proposta com vários pontos.

Num deles, considerava graves as notícias veiculadas por jornais

concelhios que apresentavam críticas acerbas ao negócio desta

autarquia e concretamente a alguns dos seus membros, reclamando

que deveriam ser tomadas medidas, previstas na lei, que todas

as resoluções deviam ser realmente tomadas em sessão da Junta,

lavrando-se a respetiva ata, devendo as ditas resoluções ser executadas

apenas depois desses procedimentos legais. Propôs também


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

467

que se deveria proceder de imediato à reparação do caminho de

Meladas, dados os antecedentes já referidos. Reclamou, igualmente,

que, dado os membros da comissão de angariação de fundos para

os melhoramentos em Prime, haverem prometido um donativo de

10.000$00, não tinha sido dado ainda aviamento ao assunto. Lembrou

também a necessidade da Junta pedir uma comparticipação

ao Estado para a construção de uma sede para a Junta (ID.:IBID.).

A Junta solicitou, em 20 de junho de 1959, a construção de

um lavadouro no lugar do Rio (ID.:IBID.).

Em 23 de julho de 1959, o novo Presidente da Câmara da

Vila da Feira, Dr. Domingos da Silva Coelho, em visita à freguesia,

certificou-se das necessidades da freguesia, tendo informado

que, no II Plano de Fomento, já estava autorizada a abertura de

uma estrada de Seitela a Nogueira da Regedoura, bem como a

abertura de uma estrada de Ermilhe à Vergada. Quanto a outras

necessidades, informou que seria dada prioridade a obras em caminhos

de lugares com mais de 100 habitantes (ID.:IBID.).

Em 23 de novembro de 1959, a Junta foi informada que fora

apurada a quantia de 4.070$00 referente aos donativos angariados

para ajuda do custo do projeto da estrada do Murado à Vergada

e, em 31 de dezembro, foi recebida a importância de 2.500$00 de

donativos para a reparação do caminho da Quebrada à Igreja

(ID.:IBID.).

Em 4 de janeiro de 1960, a Junta cessante lembrou ao novo

executivo que era necessário dar a mais rápida conclusão da estrada

de Seitela a Nogueira da Regedoura, e do extremo de Ermilhe

à Vergada, a construção de um lavadouro público, o alargamento

e arranjo do caminho de Prime, a construção de mais uma sala

de aula em Prime, a criação de um núcleo de ensino independente

dos já existentes, a colocação de uma placa indicativa de Mozelos,

no limite da freguesia com Lamas, complemento da reparação

dos caminhos da Quebrada à Igreja (3ª e última fase), com o custo

de 40.000$00, diversos caminhos em Goda com o custo de

10.000$00, caminhos da Quebrada ao Murado – 10.000$00 e a

estrada do Murado à Vergada (ID.:IBID.).

Em 29 de fevereiro de 1960, foi adjudicada a reparação da

estrada de Prime a Joaquim Ferreira da Costa, tendo a Câmara

concedido a comparticipação de 22.100$00, incluindo a importância

de 10.000$00 que fora angariada por uma comissão e que

se encontrava depositada na Câmara (ID.:IBID.).

Em 31 de março, foi anunciado que, por despacho da Câmara

Municipal, fora concedida a importância de 6.000$00 para a

reparação de vários caminhos nos lugares do Fundão, Outeiro

Fontenário do Casal


468 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Pontão no Coteiro

Bairro de Nossa Senhora de Fátima

do Moinho, Prime, Regadas e Gôda, aguardando-se apenas a

oportunidade para se fazer a reparação. Nesta mesma data, foi

acordado com o senhor Emídio Ferreira Coimbra a compra do

terreno necessário para a construção do lavadouro do lugar do

Rio, no montante de 1.000$00 (ID.:IBID.).

Em 30 de abril de 1961, foi adjudicada a obra da estrada que

ligava a estrada nacional do Picoto a Esmoriz por 2.800$00 a

Joaquim Ferreira da Costa, por não ter sido apresentada qualquer

outra alternativa (ID.:IBID.).

Em 30 de junho, foi adjudicada a obra de abertura da estrada

do Outeiro do Moinho por 1.900$00 e, em 31 de julho, a Junta

recebeu uma comissão que pretendia tratar da abertura de uma

estrada de Ermilhe a Prime, junto às escolas primárias. Prontificando-se

a comissão em assegurar o pagamento de 60% do total

da obra. A Junta decidiu aceitar a proposta. Em 31 de dezembro,

foram autorizados os pagamentos seguintes:

– 2.830$00 pela construção dos muros da estrada de Prime;

– 13.000$00 por conta da abertura da estrada de Prime;

– 900$00 para a liquidação da obra da casa da Junta (ID.:I-

BID.).

Em 31 de dezembro de 1962, foi recebida a importância de

12.000$00 para comparticipação da abertura da estrada de Ermilhe

(ID.:IBID.).

Em 28 de fevereiro de 1963, a Junta decidiu dar continuidade

às obras da estrada já aberta para o Fundão, estudar a possibilidade

de abertura de uma nova estrada que iria de Prime ao Murado,

que deveria ser muito dispendiosa, pois que os locais por

onde passaria eram muito apertados, devendo a Junta interferir

junto dos donos dos terrenos que ladeiam a referida via para a

cedência de parte deles para que assim o povo, que diariamente

utilizava o dito caminho para o trabalho, o pudesse fazer mais

comodamente. Foi também decidido fazer a inauguração da luz

pública, no lugar de Prime (ID.:IBID.).

Em 30 de abril de 1964, foi discutida a abertura de uma estrada

da Quebrada à Igreja. Para concretizar esta obra, o presidente

da Junta teve de se deslocar a Sanguedo para conseguir pessoal

para a dita obra. Foi igualmente decidido que os membros da

Junta contactassem todas as pessoas que iriam beneficiar da referida

obra para comparticiparem nos seus custos. Em reunião

posterior, foi comunicado que todos os proprietários dos terrenos

aceitaram ceder os terrenos necessários.

Em 31 de dezembro, foi solicitada a eletrificação pública da

estrada das Regadas e o arranjo do caminho da Vergada, desde


a EN1, com passagem pelas escolas primárias até à velha estrada

SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

(ID.:IBID.).

Em 31 de janeiro, foi decidido pedir à Câmara a construção

de retretes públicas, no arraial e arranjo da abertura das estradas

feitas pela Junta com pavimentos a saibro (ID.:IBID.).

Em 31 de maio, foi decidido procurar um terreno na Vergada

para aí construir um lavadouro público (ID.:IBID.).

Em 31 de janeiro de 1972, a Junta apresentou à Câmara uma

relação de obras a realizar na freguesia, no montante de cerca de

1.200 contos.

Em 30 de abril de 1972, foi dada a informação de que se procedera

ao alargamento e arranjo, passando o local a apresentar-se

muito mais acolhedor. Na sessão seguinte, foram tratados vários

assuntos decorrentes naquele momento na freguesia, nomeadamente

no lugar da Igreja, onde existira a sede da Junta e o salão

paroquial, no lugar da Quintã (Cedro) o alargamento da estrada

e construção de uns muros na volta da bifurcação junto à Casa

do Povo e na estrada de Gesto a Nogueira ou de Gesto à igreja.

Em 30 de abril de 1973, foi registada em ata a realização de

várias inaugurações na freguesia, na presença do Governador Civil

de Aveiro, Dr. Vale Guimarães, e do Presidente da Câmara

Senhor Alcides Branco. Salientam-se os seguintes melhoramentos:

– Estação dos CTT, instalada num prédio pertencente ao senhor

Carlos Francisco Martins;

– Posto Médico, instalado na Casa do Povo do norte da Feira,

com sede na freguesia;

– Inauguração da própria sede da Casa do Povo;

– Vários arruamentos e beneficiações efetuadas em vários locais

da freguesia.

Na sessão seguinte, a Junta anunciou que iria insistir junto da

Câmara para que fossem concluídas as estradas do Murado às

Regadas e de Prime à EN1 (ID.:IBID).

Na ata da sessão de 2 de julho de 1974, está vertida uma situação

insólita e exemplar. A Junta eleita em 1972 tinha avançado

com a realização de obras, no contexto da totalidade do seu mandato

que terminaria em 1975. Dada a alteração política verificada

em 25 de Abril de 1974, da consequente demissão da Junta e de

promessas de apoio financeiro da Câmara, a Junta ficou sem capacidade

legal para pagar as obras que havia adjudicado. Face à

situação criada, os membros da Junta dissolvida assumiram, pessoalmente,

os pagamentos em falta, tendo o presidente, Carlos

Relvas, pago 25.000$00, Fernando Mendes assumiu o pagamento

de 5.000$00, a firma Américo Coelho Relvas, Sucs., de que

469

Parque do Coteiro

Polivvalente do Murado

Antiga Casa do Povo


470 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Obras pluviais

Parque do Coteiro

Alargamento da rua 10 de Junho

Igreja vista do

Parque do Coteiro

fazia parte o presidente da Junta, assumiu a responsabilidade de

18.200$00, tendo sido entregue à comissão administrativa o saldo

simbólico de 854$80 (ID.:IBID.).

Em 31 de julho, a CA deliberou convencer o proprietário do

terreno existente a seguir à residência paroquial necessário ao

alargamento da estrada da Quebrada, junto à estrada nacional

do Picoto a Esmoriz (ID.:IBID.).

Em 30 de setembro de 1980, a Junta congratulou-se pela inauguração

da via rodoviária denominada estrada do Sobral-Coteiro-

-Vilas, melhoramento há muito desejado, já desde 25 de Abril 1974.

Congratulou-se ainda pela instalação de várias lâmpadas de iluminação

pública espalhadas pelos lugares da freguesia (ID.:IBID.).

Na sessão de 31 de dezembro, a Junta fez o balanço das obras

realizadas durante o ano findo:

– Conclusão da estrada da Quebrada com a respetiva pavimentação

e demolição de um pequeno muro;

– Compra de 10 contentores para serem distribuídos por todas

as secções do cemitério;

– Instalação de 43 canos, no lugar do Rio, para facilitar o

escoamento das águas pluviais e outras;

– Inauguração da estrada Sobral-Coteiro-Vilas;

– Colocação de contentores para recolha de lixo nos lugares

de maior carência;

– Entrada em funcionamento do caminho do Cedro e adjacentes,

devidamente pavimentado;

– Arranjos de conservação e melhoramentos nas escolas de

Prime e de Sobral (ID.:IBID.).

Em 28 de fevereiro de 1981, a Junta congratulou-se com a

construção de um P.T. (Posto de Transformação) elétrica no lugar

de Vilas, beneficiação e pavimentação da Rampa de Seitela, pavimentação

e beneficiação das vias do lugar de Seitela ao extremo

da freguesia que confina com Nogueira, construção do lavadouro

das Regadas, vedação das escolas de Prime e beneficiações nas

escolas de Prime e Sobral, arranjo condigno do caminho de Vilas

de Baixo (ID.:IBID.).

Em 27 de setembro de 1981, a Junta decidiu questionar a Câmara

sobre o início da pavimentação da via do Fundão à Vergada

– EN1 e construção do Pré-Primário nas escolas de Prime. Caso

a Câmara não corresponda a estas questões, a Junta anunciou

que renunciaria ao mandato para que fora eleita em dezembro de

1979 (ID.:IBID.).

Em 28 de fevereiro de 1986, a Junta deliberou apresentar o

seguinte plano de obras:

– Repavimentação da rua de Ermilhe;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

471

– Arranjo da rua de Prime de Baixo em toda a volta;

– Arranjo do largo do Souto/Vergada;

. Arranjo da rua da Ponte Funda;

– Arranjo da rua dos Centieiros;

– Arranjo da rua do Casal;

– Abertura da sede da Junta, no lugar do Rio;

– Lavadouros públicos nos lugares do Souto e de Prime (ID.:

Liv. de Atas nº14).

A Junta deliberou sobre a construção 32 garagens no bairro

de Nossa Senhora de Fátima, tendo previamente a Câmara cedido

o terreno necessário para o efeito e assumido a responsabilidade

do pagamento da obra ao empreiteiro, sem prejuízo de

vir a ser reembolsada dos seus custos. A Junta decidiu convidar

alguns empreiteiros para concorrerem à obra, tendo a obra sido

adjudicada ao senhor Agostinho Amândio Nogueira, com o custo

13.162.500$00, já com IVA. Dado o montante em causa, havia a

necessidade de se proceder a uma revisão orçamental (ID.:IBID.).

Em 30 de novembro de 1995, a Junta decidiu concluir as

obras prometidas, designadamente, o pavilhão gimno-desportivo,

o alargamento do cemitério e o campo de futebol e em 31

de março de 1997, foi decidido pressionar a Câmara para que as

obras do saneamento da freguesia fossem iniciadas rapidamente.

Em 30 de julho de 1997, foi decidido entregar a empreitada

das obras de construção dos balneários do polivalente ao empreiteiro

que desse as melhores garantias, tendo a obra sido entregue

ao senhor Agostinho, de Meladas, custando as obras das

bancadas do polivalente a quantia de 2.887.500$00, que não seria

debitada à Juventude Atlética Mozelense, passando esta verba a

ser oferta da Junta. Em 10 de setembro a Junta deliberou sobre a

concessão especial de fundos para a melhoria dos parques infantis

da freguesia (ID.:IBID.).

Na sessão da Junta de Freguesia de 1998, foram abordados os

seguintes trabalhos a realizar na freguesia:

– Aquisição de terrenos no Monte Coteiro com a área total

de 75.000 m 2 ;

– Limpeza do terreno no Monte Coteiro;

– Arranjo do circuito de manutenção;

– Arranjo do passeio da rua do Cedro;

– Plantação no Monte Coteiro.

Em 1999, procedeu-se à construção do armazém e do estaleiro

da Junta.

Foram, também, rasgadas e pavimentadas as ruas da Barrrosa,

Alfredo Reis da Silva e do Alecrim.

Entrada do Parque do Coteiro,

junto ao arraial

Obras de beneficiação na EN1-14

Parque do Coteiro


472 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Casa Mortuária

Arranjo em escola

Parque do Coteiro

Alargamento da rua Vilas

Camélias no Coteiro

Em 2001, foi inaugurada a Casa Mortuária da freguesia pelo

presidente da Câmara, Alfredo Henriques, no mandato presidido

pelo Dr. José Henrique Dias Coimbra, em 1 de dezembro.

Em 15 de outubro de 2003, foram analisadas as seguintes

obras realizadas na freguesia:

– Instalação do circuito de manutenção no Coteiro, tendo sido

encanadas as águas com meias canas e construção de passeio;

– Colocação na Travessa de Vilas de Trás de 50 canos e reposição

de paralelos;

– Colocação de caleiras em cimento para águas pluviais na

rua de Prime;

Colocação de 60 canas para águas pluviais, na Travessa do

Sobral;

– Construção de 200 metros de passeio na rua da Azenha;

– Limpeza e arranjos nas escolas de Sobral, Prime e Vergada;

– Limpeza de ruas e jardins da freguesia;

– Pavimentação em tapete betuminoso nas ruas de Mozelos e

de José Santos Cardoso.

Em 15 de dezembro de 2003, foram abordados os seguintes

trabalhos a realizar na freguesia:

– Alargamento da travessa de Vilas;

– Construção de passeios na rua de Vilas;

– Arranjo do tanque de Vilas;

– Arranjo de pinheiros mansos e respetiva plantação no monte

do Coteiro.

Em 15 de janeiro de 2004, foram abordados os seguintes trabalhos

a realizar na freguesia:

– Limpeza do terreno do Coteiro;

– Arranjo do circuito de manutenção;

– Arranjo do passeio na rua do Cedro;

– Plantação no monte do Outeiro.

Em 15 de fevereiro de 2004, a Junta de Freguesia discutiu os

seguintes trabalhos a realizar na freguesia:

– Arranjo do Monte Coteiro, plantação de árvores, limpeza

de mato, preparação do terreno para semear relva;

– Reposição dos paralelos na rua de Carlos Martins;

– Limpeza das ruas da Vergada.

Em 15 de março de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Arranjo do Coteiro, plantação de plantas, colocação de meias

canas, sementeira de relva, colocação de de saibro nos caminhos;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

473

– Limpeza de parte da rua da Igreja;

– Recuo de um terreno na rua de Ermilhe.

Em 19 de abril de 2004, foram abordados os trabalhos seguintes:

– Limpeza de mato e arranjo de ruas no monte Coteiro;

– Limpeza da rua de Vilas;

– Arranjo de paralelos na rua de Vilas de Trás e colocação de

meias canas em algumas ruas;

– Colocação de piso na rua do Coteiro de Trás.

Em 17 de maio de 2004, foram abordados os trabalhos seguintes:

– Construção de passeios na rua de Santa Luzia;

– Pavimentação da travessa 10 de Junho;

– Colocação de meias canas nas ruas de Vilas e Vilas de Baixo

e estrada 1-14;

– Apoio às escolas;

– Arranjo do Monte Coteiro.

Em 15 de junho de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Construção de WC no Monte Coteiro;

– Preparação do Coteiro para a festa do 15º aniversário da

elevação de Mozelos a Vila;

– Construção de passeios na rua de Santa Luzia;

– Pavimentação do estacionamento na rua de Santa Luzia;

– Colocação de um reservatório de água no monte Coteiro.

Em 15 de julho de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Limpeza do jardim do Picoto;

– Limpeza das ruas da Vergada;

– Limpeza e arranjo das ruas da urbanização da Quintã.

Em 16 de agosto de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Colocação de paralelos na rua das Centieiras e Coteiro.

Em 15 de setembro de 2004, foi anunciada, na Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Arranjo de escolas;

– Colocação de tapete betuminoso nas seguintes ruas: Fonte

da Serradinha, Prime, parte da rua dos Patais, Centieiras, Sagrado

Coração de Jesus, Agro e Travessa de Nossa Senhora de Fátima.

Largo do Murado

Pormenor da

Av. Albertina Ferreira Amorim

Arraial de Mozelos

Sanitários do largo do Murado


474 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Saneamento na

rua José Santos Cardoso

Pavimentação na rua de Mozelos

– Arranjo do Bairro da Corticeira Amorim, colocação de condutas

de saneamento, águas pluviais e arranjo de passeios.

Em 15 de outubro de 2004, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Arranjo do fontanário do Fundão e limpeza de várias ruas.

Em 15 de novembro de 2004, foi anunciada, pela Junta de

Freguesia, a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Continuação da construção do muro no Coteiro;

– Contratação de uma empresa para fazer a limpeza ao Coteiro;

– Limpeza do Parque do Murado, das ruas de Vilas de Baixo,

da Ponte Funda;

– Arranjo do jardim na EB1 do Sobral.

Em 15 de dezembro de 2004, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Arranjo dos passeios na Alameda junto ao Centro Social;

– Calcetamento da Travessa de Mozelos;

– Continuação da construção do muro do Coteiro e plantação

de sobreiros;

– Limpeza da urbanização da Gasparinha e arranjo de um muro.

Em 17 de janeiro de 2005, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Obras na escola EB1 da Vergada;

– Continuação da pavimentação da rua de Mozelos;

– Arranjo dos passeios na rua do Grupo Cultural;

– Demolição de casa e alargamento da rua de Inacor.

Em 15 de fevereiro de 2005, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Continuação do arranjo da rua do Coteiro;

– Colocação de saneamento e águas pluviais na rua de Mozelos;

– Colocação de saneamento e águas pluviais na rua do Trabalhador

e pavimentação em tapete;

– Limpeza de fontanários.

Em 15 de março de 2005, foi anunciada, pela Junta de Freguesia,

a realização dos seguintes trabalhos na freguesia:

– Colocação de árvores no Coteiro e limpeza;

– Continuação da colocação de saneamento e águas pluviais

na rua de Mozelos;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

475

– Plantação de árvores na zona envolvente ao Bairro de Nossa

Senhora de Fátima.

Em 15 de abril de 2005, foram abordados os trabalhos seguintes:

– Colocação de rede de águas pluviais no Coteiro;

– Sementeira de 10.000 m2 de relva no Coteiro;

– Colocação de saneamento e de rede de águas pluviais na

rua da Quintã;

– Construção de um muro e pavimentação de passeios na rua

de Inacor.

Em 16 de maio de 2005, for aprovado o seguinte:

– Abertura de concurso para a construção do parque das merendas

do Coteiro.

Em 29 de julho, a obra do parque das merendas foi adjudicada

à empresa SCN no montante de 24.616,24 euros sem IVA.

Em 24 de abril de 2013, foram apresentadas as seguintes prioridades

para obras na freguesia:

– Pavilhão do gimnodesportivo na zona desportiva junto à

escola do Murado;

– Requalificação da alameda Alfredo Henriques;

– Rua do Pego, situação do esgoto a céu aberto e movimentação

de terras com possível desvio do caudal do rio;

– Intervenção urgente na rua de Carlos Martins com levantamento

do piso e recolocação das águas pluviais;

– Escola de Sobral;

– Possibilidade da mudança da Junta de Freguesia;

– Arranjo imediato dos jardins e rega, pavimentação e formas

de financiamento para a parte restante da obra, com cedência de

materiais, no arraial;

– Estudo para obras de mudança dos sanitários do arraial

Parque do Coteiro

ASSUNTOS SOCIAIS

Em 1 de novembro de 1879, compareceu na sessão da Junta,

António do Couto Nogueira, sobrinho do falecido António Rios,

que deixou em testamento 120.000$000 para serem repartidos por

todos os pobres da freguesia, devendo os cegos e os entrevados receber

o dobro dos restantes, sendo distribuído o dinheiro com as indicações

do pároco Padre José Alves Coelho (ID.:Liv. de Atas nº 1).


476 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

António Alves de Amorim

Em 5 de junho de 1882, a Junta constituiu uma comissão de

beneficência junto da escola da freguesia e que era constituída

por António Alves de Amorim, José Fernandes de Amorim Aranha,

António Ferreira Leite da Conceição, Serafim António de

Oliveira e as senhoras Isabel Carneiro Geraldes, Bernardina Ribeiro

Tavares e Lourença de Sousa Nogueira.

Em 16 de agosto de 1885, foi constituída a seguinte comissão

de beneficência:

Presidente: Abade da freguesia;

Vogais: António Ferreira Leite da Conceição, António Pinto

Tavares, António Couto Nogueira, António Fernando de Amorim,

António Soares Alves e Paulino José Coelho.

Em 15 de fevereiro de 1889, a Junta deliberou passar um atestado

para obtenção de subsídio de aleitação para uma criança

com deficiência mental e estava internada no hospital de Rilhafoles

(ID.:Liv. de Atas nº 2).

A Junta deliberou constituir uma comissão para angariação de

donativos para as vítimas do terramoto acontecido no Ribatejo, de

que faziam parte o pároco, o presidente da Junta e o Regedor, para

além de vários fregueses, nomeadamente, José Ferreira Regal, Benjamim

Ferreira Coimbra, António do Couto Nogueira e Manuel

José Paulo e que recolheram 53$440 (ID.:Livro de Atas nº 4).

Em 26 de junho de 1911, a Junta emitiu um atestado de pobreza

a um freguês para que um seu filho fosse admitido a exame

de instrução primária do 2º grau, sem o pagamento da respetiva

propina (ID.: Liv. de Atas n. 5).

A Administração do concelho deu instruções para a elaboração

de um cadastro rigoroso dos indigentes no concelho, com

o seu nome, idade, estado e morada de indivíduos de ambos os

sexos (Id.:Liv. de Atas nº 6).

Em 20 de agosto de 1916, a Administração do Concelho da

Feira entregou à Junta a quantia de 7$12 para ser distribuída pelos

indigentes desta freguesia (ID.:Liv. de Atas nº 7).

Em 16 de setembro de 1917, foi lido um ofício do Juiz de Direito

da comarca em que confessava a remessa de um plano de assistência

paroquial e lamentava o silêncio da Junta e fazia justas considerações

sobre a mendicidade. A Junta certificou-se da falta de entrega

do aludido plano e decidiu pedir uma cópia do mesmo (ID.:IBID).

Em 5 de dezembro de 1919, foi recebida da Comissão de Assistência

a quantia de 3$65 para distribuir pelos pobres da freguesia

(ID.:IBID.).

Em 8 de março de 1923, a Comissão de Beneficência recebeu

um subsídio de 6$75,5 para ser distribuído pelos pobres da freguesia

(ID.:IBID.).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

477

A CA manifestou o seu desagrado pela exigência, feita legalmente,

de obrigar a que todos os atestados de indigência e de

pobreza, passados pela Junta, deveriam ser confirmados pelo administrador

do concelho, o que cria um vexame para as juntas

(ID.:Liv. de Atas nº 8).

Em 13 de abril de 1954, a Câmara da Feira solicitou à Junta

que informasse se um cidadão do lugar da Quintã, que pretendia

ser internado no Hospital de Santo António, do Porto, tinha

bens ou rendimentos suficientes para custear as despesas com o

internamento ou se tinha pessoas de família que pudessem ser

responsabilizadas pelas referidas despesas. Este é um retrato significativo

das condições sanitárias e sócio-económicas do País

durante o Estado Novo, onde era evidente a ausência de apoios

sociais, que só poderia ser sanada pela emissão de atestados de

pobreza (ID.:Pasta relativa ao quadriénio de 1951 a 1954).

Nos finais do Estado Novo, foi construído o bairro social

Nossa Senhora de Fátima.

Em 28 de fevereiro de 1986, a Junta decidiu dar todo o apoio

monetário possível ao Centro de Apoio Social de Mozelos, tendo

concedido a importância correspondente a 25% das despesas da

inauguração das suas instalações, em 25 de julho de 1991 (ID.:

Liv. de Atas nº14).

Em 20 de abril de 1998, a Junta informou que o balcão da

Segurança Social iria permanecer na freguesia.

No virar do século, foi edificado um bairro social na travessa

de Ermilhe.

Na primeira década deste século, foi construído um bairro

habitacional a custos controlados destinado a famílias jovens.

Bairro Nossa Senhora de Fátima

Bairro de Ermilhe

Habitação a custos controlados,

nas Centieiras

ASSUNTOS ECONÓMICOS

Em 7 de setembro de 1888, procedeu-se à organização do

mapa ou rol da prestação de trabalho com o seguinte resultado:

inscrição de 55 contribuintes de casas e 232 de pessoal na importância

de 45.200$000 (ID.:Liv. de Atas nº 2).

A Junta aprovou em 2 de julho de 1897 a organização do rol

de prestação de trabalho. Estas decisões eram tomadas frequentemente

(ID.:Liv. de Atas nº3).

Em 31 de outubro de 1908, o Administrador do Concelho solicitou

à Junta informações sobre a estatística dos seguintes cereais:

milho, centeio e trigo, colhidos na freguesia (ID.:Liv. de Atas nº 4).


478 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em 16 de agosto de 1910, foi repetido o pedido, desta vez,

relativo a trigo, centeio, cevada, aveia e batata (ID.:IBID.).

Em 27 de março de 1911, a Comissão deliberou estabelecer o

descanso semanal desde o meio-dia de domingo ao meio-dia de segunda-

feira, por razões de caráter económico (ID.:Liv. de Atas nº 5).

Em 24 de junho de 1914, A Câmara Municipal de Aveiro solicitou

que a Junta apresentasse os melhores exemplares de gado

bovino, cavalar, lanígero no mercado anual de gados criado por

esta Câmara e que se realizaria em julho (ID.: IBID.).

O Administrador do Concelho solicitou que a Junta informasse

as produções de trigo, centeio, cevada, aveia e batatas na

freguesia (ID.: Liv.de Atas nº 6).

Em 8 de julho de 1917, foi lida uma comunicação do Administrador

do Concelho solicitando a informação sobre o consumo

semanal nesta paróquia de vários géneros. Assistiram a esta sessão

muitos paroquianos, o que se compreendia, por se estar a viver em

plena primeira grande guerra, que provocou uma dramática escassez

de bens, designadamente, alimentares (ID.: Liv. de Atas nº 7).

Em 17 de novembro de 1918, a Junta solicitou à Câmara que

abastecesse a freguesia dos géneros alimentares mais necessários

como milho, arroz e açúcar (ID.:IBID.).

Em 6 de outubro de 1918, a Comissão da Junta Paroquial

elaborou um documento em que identifica as profissões ligadas

ao trabalho da terra, designadamente, jornaleiros e possuidores

de carros de bois, discriminados por lugares:

Igreja

Donos de carros: António Monteiro dos Santos, António Alves

de Amorim, Camila Soares Alves (com uma nota ao lado,

informando ser jornaleira em Prime) e José Lopes da Silva;

Jornaleiros: Henrique Soares dos Santos Rios, Manuel de Oliveira

Gomes, Joaquim de Oliveira Rocha (nota ao lado designando

carro).

Carros de bois

Gôda

Donos de carros: António de Sá Pereira, José Ferreira, Pedro

Rodrigues Canastro e Serafim Pereira dos Santos;

Jornaleiros: António Francisco Martins, Júlia Sousa Nogueira,

Maria Carvalho, Margarida Oliveira dos Santos, Bernardo Oliveira

dos Santos, José Francisco Nogueira, Bernardino Alves de Oliveira,

Quintino Pereira do Couto, Albano Coelho da Silva, Joaquim de

Sousa Nogueira, Clara Francisca das Neves, Quintino Domingues

da Silva, Maria Ferreira de Barros (Maia) e Francisco da Moça.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

479

Ermilhe

Donos de carros: José Gomes, Manuel Fernandes de Amorim,

António Caetano Baptista e Rosa Soares Leandro;

Jornaleiros: Bernardina dos Santos e António de Freitas.

Vergada

Donos de carros: Bernardo de Sá Pereira, Joaquim Soares Alves,

Bernardino Ferreira Coimbra, António Pereira dos Santos,

Joaquim, caseiro de António Ferreira (Angélica), Maria Ferreira

Regal Coimbra, José Francisco Alves, José de Castro e Maria

Fernandes da Silva (do Rei);

Jornaleiros: Joaquim de Sousa, Joaquina (Patrícia), Bernardina

Ribeiro, José Ferreira da Rocha, Laurinda Soares da Mota,

Manuel Coelho dos Santos (Pregueiro), José Alves de Sousa, Manuel

Joaquim Ferreira Dias, Ana Maria de Jesus, José Ferreira

Regal, Henrique Pinto de Carvalho, Adriano Pereira dos Santos,

Joaquina Pereira da Silva, Manuel Pereira da Silva, Francisco de

Oliveira Pinto, Augusto da Costa Ribeiro, Ana Pereira da Silva,

Francisco Pereira da Silva, Anselmo Francisco Leandro, Margarida

Pereira dos Santos, Augusto Coelho da Costa, Maria Ribeiro,

Ana Ribeiro, António Coelho dos Santos, Margarida Vitória,

Rufino Alves Ribeiro, Deolinda Pereira de Jesus, Maria Pereira

de Jesus, Maria Coelho da Conceição, Rosa Pereira da Silva, António

Pereira, Ana Ferreira da Silva, Maria Soares Alves, Clara

Maria do Carmo, Henrique da Fina e Henrique Pereira da Silva.

José Francisco Alves

Fundão

Donos de carros: Manuel Fernandes de Amorim Aranha;

Jornaleiros: António Pereira da Silva, Rosa Alves Castanheira

e Maria Ferreira.

Bernardino Ferreira Coimbra

Outeiro do Moinho

Donos de carros: Benjamim Ferreira Coimbra e Manuel Alves

Pereira;

Jornaleiros: Américo Ferreira Leite, José Pereira da Silva;

Donos de carros: Joaquim Ferreira de Resende Margarida de

S. João e Eduardo Rodrigues da Silva.

Rio

Donos de carros: Joaquim Alves, Quintino Ferreira da Silva

Lamas, José Pinto de Barros, Joaquim Ferreira Rios e Joaquim

Cardoso;

Américo Ferreira Leite


480 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Jornaleiros: José Alves e Américo Pereira da Silva.

Prime

Donos de carros: Henrique de Oliveira Leite, Francisco Ferreira

Coelho, Joaquim Fernandes de Amorim Aranha, Manuel

Pinto dos Santos, Francisco de Sousa e Camila Soares Alves;

Jornaleiros: Joaquim Alves Coelho, Manuel Alves, António

Alves, Manuel Gomes, Francisco de Paiva, Henrique Pereira dos

Santos, António Pereira dos Santos, Clara da Silva, Maria Casimira

e Ana Alves Laranjeira.

Quebrada

Jornaleiros: Domingos Alves Castanheira, Miguel Ferreira

Rios, Vitorino, genro de Francisco da Moça, Maria, viúva de

Joaquim Pereira da Silva e Joaquim Ferreira.

Mozelos

Donos de carros: Alfredo Ferreira de Barros, José Pinto de

Fontes, António Leite de Resende, José dos Santos, Francisco

Henrique Espinheira;

Jornaleiros: Margarida Ferreira dos Santos, Ana Maria Pereira

e Maria dos Santos (a do Camilo).

Carros de bois

Murado

Donos de carros: Manuel Ferreira Salgueiro, Domingos dos

Santos Ferreira, Mariana Ferreira, Domingos José Pinto, José

Francisco Alves e Manuel Ferreira Coelho.

Jornaleiros: Virgílio Francisco Estrela, Adolfo Rodrigues Pereira,

António Mendes, António Pereira de Pinho, Dr. Joaquim

Alves Ferreira da Silva, Henrique Pereira da Silva (o Sobela), Maria

Belinha, Ermelinda de Pinho, Manuel José Paulo, José Ferreira

Gomes, Joaquim Godinho de Aguiar, Bernardino Dias Milheiro,

Joaquim Mendes, António Francisco Soares, José Coelho

Alves Meladas, Joaquim de Oliveira Alves, Serafim dos Santos

Nogueira, Clemente dos Santos Rocha, Manuel Godinho dos

Santos, José Feiteira Maia, Ana Pereira de Amorim, Bernardino

Ferreira da Silva e Amaro Ferreira de Amorim.

Regadas

Donos de carros: Joaquim Martins, Joaquim Pinto de Almeida,

Pedro Pereira de Pinho e Alberto de Oliveira Belinha;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

481

Jornaleiros: António Ferreira da Silva e Manuel Pereira de

Oliveira (o Prudência).

Seitela

Donos de carros: Bento Coelho, Pedro Pereira Mendes, José

Pereira da Cruz, José Alves Ferreira de Amorim e Henrique Ferreira

Coelho;

Jornaleiros: Pedro Alves da Silva, Ana Maria de Jesus, José

Pinto de Oliveira Balonha, Angelina Pereira de Pinho, António

Ferreira, António do Oliveira Lameiro, Clemente Mendes, António

Pinto de Fontes, Manuel Pereira da Silva, Manuel dos Santos

Couto e Elisa Ferreira da Silva.

Vilas

Donos de carros: Bernardino de Sousa e António de Oliveira

Mendes (o Respeito);

Jornaleiros: Ermelinda de Jesus, Gaspar Domingues Almeida,

Clara Baptista, João Ferreira do Espírito Santo e António dos Santos.

Casal

Donos de carros: Manuel de Oliveira Lameira, Joaquim Pinto de

Oliveira, Ana Ricardo Alves da Silva e Joaquim Domingues Maia.

Gesto

Donos de carros: Luís Coelho da Rocha e António de Oliveira

Carvalho;

Jornaleiros: Tomás Gomes de Oliveira e Tomásia Ferreira.

Sobral

Jornaleiros: António Rosária, Amândio Alves Pereira das Neves,

Domingos Rodrigues de Oliveira, Joaquim Domingues de

Oliveira Júnior, Joaquim Pereira Vendas, Joaquim Ferreira Coelho,

Padre Celestino Pinto Ferreira, António Lopes da Silva, Ana

de Jesus, António Pereira Vendas, Narciso Alves Fernandes, José

de Barros, Rufino Gomes Ribeiro, António Pereira de Amorim,

Avelino de Oliveira, António Alves Ferreira, David Oliveira Santos,

Joaquim Pereira Vendas (Neto), David de Oliveira Lameiro e

Felisberto Ferreira Mendes.

Coteiro

Jornaleiros: Joaquim Ferreira da Silva, Vicente Pereira Vendas,

Maria de Sousa Nogueira e Francisco Alves Fernandes.


482 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Quintã

Donos de carros: Joaquim Pinto Tavares, António Mendes

de Oliveira, Ana Francisca Coelho, Maria de Jesus Alves Soares,

Manuel da Silva Carvalho, Margarida Martins Guimarães, José

Francisco Martins, Manuel Alves dos Santos, Antóniolo Henrique

da Silva, Eugénio Pereira Vendas, António Ribeiro da Silva,

José de Oliveira dos Santos, Angelina Loureiro, Bernardino de

Oliveira Santos, Maria Ferreira da Silva, Margarida Coelho, Angelina

Pereira de Pionho, Ana Coelho Ferreira, Manuel da Silva

Carvalho, Ana Ferreira Coelho, Ana Soares Alves, António Pereira

Mendes (o Respeito) e António Pereira das Neves.

Este documento levanta-me duas dúvidas dado que aparecem

nos elencos supraindicados, um licenciado e um padre, como jornaleiros,

o que me leva a questionar o verdadeiro significado da

designação jornaleiro, que me parece incompatível para o licenciado

e para o eclesiástico (ID.: Documento avulso da Junta Paroquial

de 6 de outubro de 1918).

Em 14 de junho de 1919, o Presidente apresentou a seguinte

proposta:

Atendendo à grande falta de subsistências que desde há muito

se tinha feito sentir nesta região, propunha que se constituísse

o celeiro paroquial desta freguesia, a fim de se atenuar o mais

possível a fome que atingiu todas as classes sociais. A Junta estabeleceu

o seguinte regulamento:

Artº 1º- É criado na freguesia um celeiro paroquial;

Artº 2º – O celeiro paroquial de Mozelos é um organismo

da Comissão da Junta da Paróquia destinado a prover o restabelecimento

da freguesia em géneros de primeira necessidade,

ampliando a Delegação dos Abastecimentos do Norte, na organização,

armazenamento e distribuição dos cereais panificáveis

nacionais ou exóticos dos produtos deles extraídos e de quaisquer

outras que as Juntas de Paróquia julguem necessário assegurar

para a manutenção dos seus paroquianos;

Artº 3º – O celeiro paroquial será administrado por uma direção

composta pelo Presidente da Junta, de um membro eleito

da Junta e pelo tesoureiro da Junta;

Artº 4º – A direção será responsável solidária e individualmente

com todos os seus bens na administração do mesmo;

Artº 5 – A direção nomeia os empregados que forem necessários

para o seu funcionamento;

Artº 6º -Não poderá fazer parte da direção nenhum empregado,

nenhum negociante ou industrial cujo negócio ou indústria

seja idêntico ao fim comercial a que o mesmo celeiro se destina;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

483

Artº 7º – A direção para fazer parte nas despesas do celeiro cobrará

1% sobre os géneros que adquirir para o abastecimento local;

Artº 8º – A direção para instalação e funcionamento do celeiro

pode mobilizar armazéns particulares, mediante o pagamento

da respetiva renda;

Artº 9º – As compras são feitas diretamente pelo celeiro e os

pagamentos serão imediatos, o mesmo se observando nas vendas;

Artº 10º – o celeiro paroquial será sujeito à fiscalização do

Delegado Geral de Abastecimentos do Norte (ID.:IBID.).

Em 29 de março de 1931, constatou-se a existência de uma

crise de trabalho na região, no país e no mundo, reflexo da crise

de 1929, com origem nos Estados Unidos da América (ID.:Liv.

de Atas nº 8).

Em 28 de fevereiro de 1932, a CA obteve o aval da Câmara

Municipal para contrair um empréstimo de 50 contos para transformar

o seu mercado instalado num terreno disforme e impraticável

para que tenha as condições devidas para o exercício da

sua função (ID.:IBID.).

Em 1995, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Escola da Vergada (magusto)– 65.000$00;

Escola de Sobral – 50.000$00;

Escola de Prime – 50.000$00;

Cerci de Lamas – 15.000$00;

Subsídio para visitas de estudo – 10.00$00.

Em 1996, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Escola e Jardim de Infância da Vergada (magusto)– 55.000$00;

Escola e Jardim de Infância de Sobral – 60.000$00;

Escola e Jardim de Infância de Prime – 60.000$00;

Cerci de Lamas – 20.000$00;

Subsídio para visitas de estudo – 10.00$00.

Em 1997, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Escolas da Vergada – 90.000$00;

Escolas de Prime – 85.000$00;

Escola de Sobral – 85.000$00;

Pré-Primária de Prime – 15.000$00;

Pré-Primária de Sobral – 15.000$00.

Em 1999, foram atribuídos os seguintes subsídios:

Escolas da Vergada – 60.000$00;

Escolas de Prime – 60.000$00;

Pré-Primária de Prime – 20.000$00;


484 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Pré-Primária de Sobral – 25.000$00.

Em 2000, foram atribuídos os seguintes subsídios:

Escolas da Vergada – 60.000$00;

Escolas de Prime – 60.000$00;

Escolas de Sobral – 70.000$00;

Pré-Primária de Prime – 20.000$00;

Pré-Primária de Sobral – 25.000$00.

Em 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009,

2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015, foram atribuídos os seguintes

subsídios:

Escolas da Vergada – 350 euros;

Escolas de Prime – 350 euros;

Escolas de Sobral – 400 euros;

Pré-Primária de Prime – 150 euros;

Pré-Primária de Sobral – 150 euros.

COLETIVIDADES E ATIVIDADES

CULTURAIS E DESPORTIVAS

Em 12 de maio de 1977, a Tuna Musical de Mozelos pediu

à Junta um terreno de cerca de 1.000 m2 para construir a sua

sede, tendo sido entregues 50 contos à Junta para pagar o terreno

(ID.:Liv. de Atas nº12).

Em 17 de fevereiro de 1978, o Grupo de Trabalhadores e

Amigos de Mozelos entregou à Junta a quantia de 12.152$00 resultante

de um saldo de uma angariação de fundos para melhoramentos

(ID.:IBID.).

Em 30 de setembro de 1989, a Junta decidiu atribuir um subsídio

de 20.000$00 aos Bombeiros Voluntários de Lourosa como

ajuda para responder aos incêndios no verão e à Sociedade Columbófila

da Vergada o subsídio de 10.000$00 (ID.: Liv. de Atas nº14).

Em 30 de abril de 1992, a Junta decidiu ceder o espaço da

cave da sua sede à Juventude Atlética Mozelense, secção de atletismo,

para guardar os seus troféus (ID.:IBID.).

Em 20 de abril de 1994, a Junta deliberou conceder um subsídio

de 20.000$00 a uma Comissão Sindical para organizar a

celebração do 25 de abril, na freguesia (ID.:IBID.).

Em 1995, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo

de jogos) – 260.000$00

Tuna Musical Mozelense – 100.000$00;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

485

Centro de Dinamização Cultural – 145.000$00;

Juventude Atlética Mozelense – 120.000$00;

Dragões de Mozelos -60.000$00;

Columbófila de Mozelos -30.000$00;

Columbófila de Ermilhe – 30.000$00;

Subsídio a Grupo de Jovens Mozelenses para participar

num torneio de futebol a França – 50.000$00.

Em 1996, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo

de jogos) – 220.000$00;

Tuna Musical Mozelense – 100.000$00;

Centro de Dinamização Cultural – 120.000$00;

Juventude Atlética Mozelense – 160.000$00;

Dragões de Mozelos -60.000$00;

Columbófila de Mozelos -60.000$00;

Columbófila de Ermilhe – 45.000$00;

Grupo de Pesca da Feira – 15.000$00.

Em 1997, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo

de jogos) – 280.000$00;

Tuna de Mozelos – 100.000$00;

Centro de Dinamização Cultural de Mozelos – 250.000$00;

Juventude Atlética Mozelense – 150.000$00;

Dragões de Mozelos – 40.000$00;

Columbófila de Mozelos -40.000$00;

Columbófila de Ermilhe – 50.000$00;

Legião da Boa Vontade/Porto – 15.000$00;

Clube de Caçadores da Feira – 20.000$00;

Salão Paroquial – 200$000$00;

Bombeiros de Lourosa – 50.000$00.

Em 1999, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo

de jogos) – 100.000$00;

Tuna Musical Mozelense – 200.000$00;

Centro de Dinamização Cultural de Mozelos – 200.000$00;

Juventude Atlética Mozelense – 100.000$00;

Dragões de Mozelos – 60.000$00;

Columbófila de Mozelos – 40.000$00;

Columbófila de Ermilhe – 40.000$00;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

– 30.000$00;


486 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Associação Desportiva Cultural e Recreativa des Portugais

Nogent Sur Seine – 50.000$00.

Em 2000, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas (arrendamento do campo

de jogos) – 100.000$00;

Tuna Musical Mozelense – 200.000$00;

Centro de Dinamização Cultural de Mozelos – 200.000$00;

Juventude Atlética Mozelense – 100.000$00;

Dragões de Mozelos – 60.000$00;

Columbófila de Mozelos – 40.000$00;

Columbófila de Ermilhe – 40.000$00;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

– 40.000$00;

Comissão de Festas da Vergada – 50.000$00.

Em 2001 e 2002, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios

seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 250 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Columbófila de Ermilhe – 250 euros;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

– 500 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros.

Em 2003, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Columbófila de Ermilhe – 250 euros;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

– 500 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Apoio à Volta a Portugal em bicicleta e Volta a Portugal

do Futuro – 183,86 euros;

Apoio a atletas na ida a Santiago de Compostela – 300 euros;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

487

Volta às Terras de Santa Maria – 200 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Apoio ao Futebol Clube de Mozelos (relâmpago) 1000 euros.

Em 2004, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Columbófila de Ermilhe – 250 euros;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

– 500 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Apoio à Volta a Portugal em bicicleta e Volta a Portugal

do Futuro – 245,14 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Apoio ao Futebol Clube de Mozelos (prova de natação)

200 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;

Dadores de Sangue – 190 euros.

Em 2005, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Columbófila de Ermilhe – 250 euros;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

– 500 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros.

Em 2006, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense (25 anos) – 1000 euros;

Dragões de Mozelenses – 500 euros;


488 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Columbófila de Ermilhe – 250 euros;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

– 250 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;

Grupo Coral de Mozelos – concerto de Natal – 150 euros;

Em 2007 e 2008, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios

seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Columbófila de Ermilhe – 250 euros;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

(25 anos) – 1000 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;

Em 2009, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Grupo de Futebol das Regadas – 500 euros;

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos (25º aniversário)

– 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Columbófila de Ermilhe – 250 euros;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

(25 anos) – 1000 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;

Tuna Musical Mozelense (ajuda para obras) – 5000 euros.

Em 2010, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

489

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Associação Desportiva Cultural e Recreativa da Vergada

(25 anos) – 1000 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;

Em 2011, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros.

Em 2012, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros.

Em 2013 e 2014, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios

seguintes:

Tuna Musical Mozelense – 1000 euros;

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros;

Em 2015, a Junta de Freguesia concedeu os subsídios seguintes:

Tuna Musical Mozelense – 5000 euros;


490 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos – 1000 euros;

Juventude Atlética Mozelense – 1000 euros;

Dragões de Mozelos – 500 euros;

Columbófila de Mozelos – 250 euros;

Comissão de Festas da Vergada – 250 euros;

Conferência Vicentina – 150 euros;

Bombeiros Voluntários de Lourosa – 100 euros;

Futebol Clube de Mozelos – 1000 euros.

Actividades culturais em 2016 e 2017

Semana Cultural e Exposição de Cortiça – 2016 e 2017.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

491


492 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Evolução das obras do

Pavilhão Desportivo da freguesia


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

493

ASSUNTOS SANITÁRIOS

Em 6 de fevereiro de 1911, o Administrador do Concelho

solicitou à Comissão Administrativa a abrir uma subscrição para

auxiliar a criação de um asilo para órfãos das vítimas da cólera

na Madeira (ID.:Liv. Atas nº5).

Em 28 de abril de 1978, a Assembleia de Freguesia aprovou a

proposta da Junta para a colocação de contentores de recolha de

lixo, nos seguintes locais:

– Escolas de Prime e de Sobral;

– Cemitério;

– Lugar do Fundão, no local do antigo poço;

– No lugar de Sobral, no largo do mesmo;

– No lugar de Prime, junto à casa de Armando Capador;

– No lugar de Ermilhe, no largo abaixo da Louceira;

– No lugar das Regadas, junto à fonte;

– No lugar de Gôda, junto às Alminhas;

– No lugar de Vilas, junto ao lavadouro.

Em 20 de abril de 1998, foram aprovadas as seguintes taxas

para as classes de cada canídeo:

– Licenças de categoria A – 600$00;

– Licenças de categoria B – 1.200$00;

– Licenças de categoria C – 1.800$00;

– Chapas – 300$00;

– 2ªs vias – 300$00.

Na sessão de 15 de setembro de 1998, a Junta decidiu construir

uma cisterna no adro da igreja para colmatar os problemas

existentes da falta de água no cemitério. Iria ser levada à

aprovação da Assembleia de Freguesia de uma taxa para obras

de construção e arranjo de jazigos, no sentido de que tal receita

contribuía para manter em bom estado o cemitério. O valor da

taxa seria de 6.000$00.

Em 29 de abril de 2014, foi aprovada uma moção de protesto e

de repúdio pela forma como a Unidade de Saúde Familiar de Santa

Maria de Lamas/Paços de Brandão tinha vindo a atuar, por uma

forma considerada reprovável, enviando convites personalizados

aos utentes do Centro de Saúde de Mozelos, no sentido de os aliciar

a mudarem-se para a Dita USF, pelo facto de um médico da Unidade

de Saúde de Mozelos ter iniciado o seu processo de reforma.

Um dos ecopontos da freguesia

Centro de saúde


494 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Fontenário do Casal

Em 15 de abril de 2002, a Junta aprovou e levou à aprovação

da Assembleia de Freguesia a delegação de competências da Câmara

Municipal para a Junta, nomeadamente no que se referia a:

– Limpeza de toda a rede viária, incluindo conservação e limpeza

de valetas e bermas, com exceção das ENs;

– Conservação, calcetamento e reposição de pavimentos em

toda a rede viária, incluindo arruamentos e passeios, com exceção,

não só das ENs, mas também das vias municipais que

fiquem expressamente à responsabilidade da Câmara, conforme

lista de elaborar;

– Gestão, conservação e manutenção de jardins, praças e todos

os outros espaços ajardinados de interesse coletivo;

– Tratamento e ajardinamento dos recreios das escolas EB1 e

do ensino pré-escolar;

Limpeza e manutenção de fontanários, incluindo o controlo

da qualidade da água, devendo ser dado conhecimento à população

do resultado das análises efetuadas;

– Cobrança das receitas devidas por taxas de ocupação de

espaços públicos;

– Proposta de medidas reguladoras do trânsito e colocação

de sinais;

– Colocação de placas toponímicas, numeração policial dos

edifícios e proposta de denominação de ruas.

Ficava a Câmara Municipal autorizada a estabelecer equitativamente

os meios financeiros, técnicos e humanos a transferir,

em função das competências delegadas assumidas por cada freguesia,

bem como atualizá-los sempre que isso se justifique.

Esta delegação de competências teve como base os dados seguintes:

EQUIPAMENTO

Freguesia

Km

Total

Km

Nacion.

Km

Municip.

Km

Fregue.

Semanas

Valor

Contos

Equip.

Semanas

Subsidio

Contos

Argoncilhe 67,510 0 11,030 56,480 6,407 3620,153 3.620

Arrifana 47,428 0 9,147 38,281 4,343 2453,667 2.453

Caldas S. Jorge 31,980 4,060 4,290 23,630 2,681 1514,593 2 384

Canedo 126,204 6,650 14,950 104,604 11,867 6704,719 6.704


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

495

Escapães 31,425 2,600 8,200 20,625 2,34 1321,984 2 192

Espargo 22,491 0 6,211 16,280 1,847 1043,486 1.043

Fiães 62,950 3,300 8,000 51,650 5,859 3310,569 4 1.050

Fornos 25,030 2,530 4,268 18,232 2,068 1168,602 2 38

Gião 24,705 2,000 4,350 18,355 2,082 1176,486 1.176

Guisande 22,051 0,810 5,960 15,281 1,734 979,454 979

Lobão 46,909 5,800 4,130 36,979 4,195 2370,213 3 675

Louredo 24,375 2,600 5,150 16,625 1,886 1065,599 1.065

Lourosa 58,220 3,000 9,350 45,870 5,204 2940,093 4 680

M. Poiares 30,774 0 9,700 21,074 2,391 1350,763 2 223

Mosteirô 27,317 0 3,950 23,367 2,651 1497,736 1.497

Mozelos 47,031 6,543 8,990 31,498 3,573 2018,902 2.018

N. Regedoura 34,050 0 8,200 25,850 2,933 1656,887 1.656

P. Brandão 35,615 0 6,250 29,365 3,331 1882,185 1.882

Pigeiros 23,000 0 5,800 17,200 1,951 1102,455 1.102

Rio Meão 40,595 3,000 8,000 29,595 3,357 1896,927 3 201

Romariz 62,924 0 11,500 51,424 5,834 3296,083 4 1.036

Sanfins 13,350 2,300 4,300 6,750 0,766 432,6494 432

Sanguedo 33,285 0 8,000 25,285 2,868 1620,672 2 490

St.ª M.ª Feira 55,032 1,450 5,829 47,753 5,417 3060,786 a)

St.ª M.ª Lamas 32,035 0 7,585 24,450 2,774 1567,152 1.567

S. João de Vêr 78,543 8,173 11,387 58,983 6,691 3780,586 6 390

S. Miguel Souto 51,730 3,410 11,370 36,950 4,192 2368,355 2.368

S. Paio Oleiros 34,150 2,500 6,840 24,810 2,815 1590,227 1.590

Travanca 32,799 0 6,290 26,509 3,007 1699,126 1.699

Vale 37,220 2,100 8,400 26,720 3,031 1712,65 2 582

Vila Maior 25,431 1,040 7,600 16,791 1,905 1076,239 1.076

TOTAL: 1286,159 63,866 235,027 987,266 112,000 63.280 36 39.868

(20.340) (39.868)

a) Falta definir os arruamentos da responsabilidade da Junta

60.208

* Consideramos cada semana com o valor de 565 contos.

* Os dias feriados serão compensados com subsídio de 113 contos/dia.

ASSUNTOS DIVERSOS

Em 5 de novembro de 1889, a Junta verberou a atitude de alguns

indivíduos que tocaram os sinos de forma incessante no dia

1 do referido mês o que prejudicou o funcionamento da sessão da

Junta (ID.: Liv.de Atas nº 2).


496 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Benjamim Ferreira

Coimbra (1882-1951)

Em 10 de janeiro de 1915, a Junta exarou um voto de bem

fundas condolências pelas vidas que se apagaram, pelas feridas que se

abriram e pelos aprisionamentos que se efectuaram quando da luta com

os alemães, em Angola, bem como outro de veemente anelo por que o

nosso valoroso exército refaça quanto antes essa possessão ultramarina

e Portugal dos reveses ultimamente sofridos (ID.: Liv. de Atas nº6).

A Junta decidiu que a chegada ao Rio de Janeiro dos aviadores

Gago Coutinho e Sacadura Cabral fosse festejada na freguesia

com o repique dos sinos e alguns foguetes em homenagem a

estes heróicos portugueses (ID.:Liv. de Atas nº 7).

Em 21 de março de 1915, a Junta congratulou-se com o facto

do ilustre clínico, residente no lugar do Murado, dr, Joaquim Alves

Ferreira da Silva, ter sido investido como Administrador do

Concelho da Feira (ID.:IBID.).

Em 14 de fevereiro de 1926, o vogal da Junta Benjamim Ferreira

Coimbra apresentou o seguinte protesto:

Os membros desta Junta verdadeiros representantes do sufrágio eleitoral

(…) protestam energicamente contra todos os processos ilícitos e

condenáveis com que se tem pretendido validar uma eleição feita à porta

fechada em casa de Maximino Martins Guimarães, vereador da Cãmara

deste concelho, e morador nesta freguesia, pretendendo, por esta forma,

que com os falsos cidadãos eleitos nessa secreta assembleia, desunir a

gerência dos negócios desta Junta, o que, por nenhuma forma, representa

a vontade dos seus habitantes e legalmente protestam pela forma como

estes mesmos senhores se apossaram desta casa das sessões, invadindo-a

por meio de arrombamento da sua porta principal. Foi proposto que se

procedesse judicialmente contra oas seus autores (ID.:IBID.).

Em 7 de janeiro de 1953, o Presidente da Câmara convidou

os membros da Junta a assistirem às festas do concelho (fogaceiras,

que se realizavam na vila no dia 20 do corrente mês, à missa

que teria lugar na igreja matriz, pelas 10 horas, e a incorporarem-

-se na procissão que se realizaria às 14,30 horas. A concentração

para a procissão seria feita nos claustros do edifício do tribunal.

Convidava ainda que o presidente da Junta e outro membro a

segurarem as borlas do estandarte religioso da freguesia, que

também se deveria incorporar na procissão (ID.:Pasta relativa ao

quadriénio de 1951 a 1954).

Em 31 de janeiro de 1990, a Junta decidiu atribuir ao presidente

a subvenção mensal de 15.000$00, para fazer face às sucessivas despesas

que tinha no exercício das funções (ID.: Liv. de Atas nº14).

Em 15 de novembro de 2002, a Junta exarou em ata a gratidão

da autarquia à Senhora D. Albertina Ferreira Amorim pela


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

497

doação feita a favor da Vila, depois de aceitar a metade indivisa

de um prédio rústico sito no lugar de Vilas, tendo sido erigido

uma memória de agradecimento em outubro de 2007

CERIMÓNIAS PÚBLICAS

Em 1837, os membros da Junta prestavam juramento sobre os

Santos Evangelhos para que bem fielmente cumprão os deveres e emcargos

que a Lej lhes impoim e sendo assim (…) prometerão cumprir

e guardar e logos lhers fes entrega de todos os documentos existentes

em cartório, a saber, três livros, hum de tomar contas ao Regedor da

Parochia, do rendimento e despesa da mesma (…) outro de resisto dos

Inventários e este das delivrações da junta.

Em 2 de janeiro de 1876, os eleitos para a Junta da Paróquia,

deviam ser fiéis ao Reino, obedientes à Carta Constitucional e Leis

do Reino. Nos anos oitenta do mesmo século, foi acrescentada ao

juramento, a fidelidade ao Ato Adicional (ID.:Livro de Atas nº1).

Em 20 de junho de 1911, o Administrador do Concelho da Feira

oficiou a Junta para que se fizessem repiques de sinos na igreja e

nas capelas como sinal de regozijo público pelo reconhecimento da

República pelas Cortes Constituintes (ID.: Liv. de Atas nº 5).

Em 2 de outubro de 1911, a Junta recebeu um ofício da Comissão

Municipal da Feira para que na freguesia se promovessem

demonstrações festivas no dia 5 de outubro para solenizar o primeiro

aniversário da República (ID.:IBID).

Em 29 de junho de 1980, foi exarado um voto de congratulação

pela inauguração do monumento ao insigne mozelense, Dr.

Manuel Laranjeira, médico-escritor e jornalista insigne. Nascido

na Vergada (ID.: Liv. de Atas nº 12).

Em 1992, foram inaugurados o Centro de Saúde e a Alameda

Alfredo Henriques, na presença do Presidente da Câmara da

Feira, senhor Alfredo Henriques, cuja designação foi aprovada

por unanimidade pela Junta em 31 de outubro, pois apesar de ser

de partido político diferente dos membros da Junta tinha colaborado

na efetivação da referida alameda, bem como nas obras do

arraial e outra de interesse local (ID.: Liv. de Atas nº14).

Em 2001, realizou-se a inugaração e bênção da Capela Mortuária.

Em 15 de março de 2002, a Junta decidiu oferecer uma salva

de prata à Senhora D. Maria Amorim pela celebração do centenário

do seu nascimento.

Manuel Laranjeira

Alfredo Henriques,

presidente da Câmara Miunicipal

de Santa Maria da Feira


498 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

TENTATIVA DE CRIAÇÃO DA

FREGUESIA DA VERGADA

Em 24 de maio de 1969, foi apreciada a eventual criação de

uma freguesia, no lugar da Vergada. Depois de ponderados todos

os factos inerentes ao caso, a Junta deliberou não concordar com

tal criação por entender que tal prejudicaria muitíssimo a freguesia,

que já era pequena e sem grandes fontes de receita para as suas

necessidades. Esta circunstância já se verificava, na altura, pois,

como era sabido, que o pároco não vivia desafogadamente, precisamente,

pela carência de rendimentos da freguesia. Além do mais,

a Junta entendia que a hora que Portugal atravessava não era propícia

a desuniões de povos ou a cedência de quaisquer parcelas de terreno. De

resto, não podiam os habitantes do lugar da Vergada lamentarem-se da

falta de apoio ou iniciativa da Junta de Freguesia. Estes factos podem,

facilmente, ser comprovados através dos melhoramentos que se tinham

realizado, nomeadamente, no que respeitava a vias de comunicação,

assistência, etc. pelo que lhes parecia que, só, por mero capricho, pretendiam

ascender a freguesia, pretensão patrocinada, aliás, por uma

minoria da sua população. Nestas condições, esta Junta não estava de

acordo com a criação de tal freguesia, por se julgar suficientemente esclarecedor

o seu ponto de vista (ID.: Liv. de Atas nº 12).

Em 27 de abril de 1980, a Junta aprovou a elaboração de um

comunicado a respeito da criação da freguesia da Vergada, na

sequência da apresentação de um projeto de lei pela ASDI, na

Assembleia da República, o decreto episcopal a que se juntou

um mapa que se dizia ser a delimitação da área da nova freguesia,

(exatamente à que estava expressa no decreto episcopal).

Opondo-se e repudiando, veementemente, a dita criação, com os

argumentos de que se tratava de usurpação abusiva e descarada

à multisecular freguesia de Mozelos, que seria subtraída dos seus

lugares de Ermilhe, Picoto e Vergada, e alguns lugares de Argoncilhe,

o que também iria criar conflitos entre as duas freguesias.

Considerava-se que Mozelos tinha a população de 3.533 habitantes

(censo de 1970). Se fosse por diante a iniciativa, Mozelos

ficaria reduzida a cerca de 2.500 habitantes, enquanto que a

pretendida nova freguesia ficaria com uma população superior

a 4.000 habitantes. Considerando que a Junta de Freguesia era

o legítimo representante do povo da freguesia, eleita democraticamente,

em 1979, repudiava e protestava pelo uso e abuso do

nome de Vergada. O documento afirmava também que não tinham

sido consultados os órgãos autárquicos da freguesia e, só

por isso, a referida iniciativa legislativa ou qualquer outra de semelhante

teor não tinha qualquer viabilidade e só o teria se os

referidos órgãos dessem parecer positivo.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

499

Considerava ainda que a matriz de Mozelos se situa geometricamente

no centro da freguesia, distando cerca de 2 mil metros

da Vergada, 1.500 do Picoto e 800 de Ermilhe, não havendo por

isso, também nesse aspeto, razão justificativa de desmembramento

da freguesia.

Considerava, finalmente, que as populações dos lugares em

causa eram pacíficas, ordeiras e trabalhadoras, não podendo estar

à mercê deste tipo de aventureirismos.

O documento, datado de 9 de maio, terminava afirmando

que a freguesia de Mozelos continuaria a manter os seus marcos

ancestrais e continuaria a ser a ser a multisecular freguesia una e

indivisível. (texto impresso, colado à folha da ata da sessão de 27 de

abril de 1980).

Na sessão da Assembleia de Freguesia de 14 de março de

1980, foi debatido, por alguns deputados e por cidadãos presentes

na assembleia, a questão do projeto de lei relativo à criação da

freguesia da Vergada.

Para além destas tomadas de posição da autarquia, importa

elencar um conjunto de factos, apresentados cronologicamente,

que poderão ajudar a esclarecer a situação que levou ao encerramento

da igreja paroquial de Mozelos, por um período de dois

anos (09 de setembro de 1972 a 09 de setembro de 1974).

Mas vamos aos factos esclarecendo que a Vergada é um lugar

da freguesia de Mozelos, sendo comum que parte da população

dos lugares de Ordonhe e Ramil da freguesia de Argoncilhe se

dizer pertencente à Vergada.

A Igreja de Cristo Rei da Vergada situa-se no lugar de Ordonhe,

freguesia de Argoncilhe.

A luta da população de Ordonhe pela autonomia religiosa

já vinha desde o início do século XX com o pensamento numa

futura freguesia da Vergada.

INÍCIO DO SÉC XX – Construção da Capela de Nosso Senhor

dos Febres, edificada no local onde antes existiu uma cascata

sanjoanina, no lugar de Ordonhe, freguesia de Argoncilhe.

1934 – Ordenação na Capela de Nosso Senhor dos Febres do Pe.

Álvaro Soares da Silva, natural de Argoncilhe, acérrimo defensor,

desde então, de uma paróquia sedeada, à volta da capela.

1935 – Nesta data, surge o facto designado como a Senhora da

Azenha, no lugar de Ordonhe, freguesia de Argoncilhe, havendo

relatos orais e escritos, na imprensa da época que falam

no aparecimento e revelações de Nossa Senhora a Guilhermina

Pereira Pedrosa, recoletora do leite dos lavradores da região.


500 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Terão ocorrido vários milagres por intermediação de Guilhermina

junto de Nossa Senhora, entre os quais, o de uma paralítica

de alcunha Parruca que, começou a caminhar.

Dada a credulidade das pessoas, de perto e de longe, passou

a ser local de peregrinação, tendo sido ereta uma pequena

capela conhecida como a capela da Senhora da Azenha ou

Santa da Parruca.

28 de maio de 1948 – Foram aprovados os estatutos da Liga

de Melhoramentos dos lugares de Ordonhe, Ramil, Vergada

e Ermilhe das freguesias de Argoncilhe e Mozelos. Esta

Liga foi constituída com o objetivo imediato de refazer o piso

da estrada real, na Vergada-zona de confinamento entre as

freguesias de Mozelos e Argoncilhe, que se encontrava extremamente

degradado e votado ao abandono, desde que se

construíra o novo troço da Estrada Nacional na Vergada, no

início da década de 1940. A repavimentação foi feita, numa

primeira fase, em macadame e posteriormente com paralelos.

Subjacente à criação da Liga de Melhoramentos da Vergada,

estava a ideia da constituição da Paróquia e Freguesia da

Vergada com subtração daqueles lugares de Ordonhe, Ramil,

Vergada e Ermilhe, às freguesias de Argoncilhe e Mozelos.

1951 a 1969 – Houve várias e infrutíferas tentativas, junto do

Episcopado do Porto, por parte do Padre. Álvaro Soares da

Silva, do Pároco de Argoncilhe Padre Jose de Fontes Baptista

e da Liga de Melhoramentos da Vergada no sentido da criação

da Paróquia da Vergada.

1969 – Projeto da Igreja da Vergada e início da construção

em 1970 -Com a aprovação do Bispo do Porto, D. António

Ferreira Gomes, foi construída a Igreja de Cristo Rei da

Vergada, no local, onde antes existira a Capela do Senhor dos

Febres. Parte dos recursos para a construção da Igreja proveio

de donativos, angariação de donativos dos membros da Liga

de Melhoramentos da Vergada e de receitas das promessas à

Senhora da Azenha.

10 de julho de 1970 – Carta subscrita pelo Pároco de Mozelos,

Padre António de Oliveira Maia, e dirigida a Dom António

Ferreira Gomes, Venerando Bispo da Diocese do Porto, pela

qual é remetida uma exposição, de 18 de junho de 1970, assinada

por mais de duzentas pessoas e empresas representativas

da freguesia de Mozelos, na sua maioria dos lugares da Vergada

e de Ermilhe, tendo como primeiros subscritores o Pároco,

o Presidente da Junta de Freguesia, José Ferreira Coimbra e o

Regedor, Américo Cardoso, exposição essa onde se manifesta

a preocupação pela ideia da formação de uma freguesia a de-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

501

nominar-se Vergada, que abrangeria aquele lugar da Vergada

e o lugar de Ermilhe da freguesia de Mozelos e os lugares de

Ordonhe e de Ramil da freguesia de Argoncilhe, ideia que os

subscritores não poderiam aceitar e que estava subjacente no

projeto de criação da paróquia da Vergada. Nessa exposição,

pedia-se uma audiência na qual o pároco seria o representante

dos expositores. Essa audiência foi realizada e foram os subscritores

tranquilizados com a informação de que as ordens do

Senhor Bispo visavam apenas transformar a Capela da Vergada

em Igreja e aí estabelecer a sede de uma Zona de Culto.

7 de agosto de 1972 – Decreto Episcopal de Dom António

Ferreira Gomes, Bispo do Porto que constitui a Paróquia Experimental

da Vergada.

Ao Revº. Padre Álvaro Soares da Silva e fiéis católicos dos lugares

de Ordonhe e Ramil (Paróquia de Argoncilhe) Vergada e Ermilhe

(Paróquia de Mozelos) e a quem mais possa interessar, havemos por

bem conceder aos fiéis católicos dos quatro lugares mencionados, autonomia

paroquial facultativa em forma de paróquia experimental.

15 de agosto de 1972 – Início do culto religioso na Igreja da

Paróquia experimental da Vergada.

9 de setembro de 1972 – Encerramento da Igreja de Mozelos.

O povo encerrou a igreja, cerca das 5 horas de ontem e ao repique

dos sinos, foram afixados na porta principal da igreja de Mozelos

(Feira) três cartazes onde se lia – encerrada pelo povo de Mozelos,

por deliberação tomada a 09 de setembro de 1972, pela assembleia

geral do povo de Mozelos até à revogação do decreto episcopal

que instituiu a paróquia experimental da Vergada (Jornal de Notícias,

10-9-1972).

12 de outubro de 1972 – Carta enviada ao Bispo do Porto

D. António Ferreira Gomes, assinada por 11 Mozelenses,

católicos, com o pedido de uma audiência com vista a um

desanuviamento da tensão decorrente do encerramento da

Igreja Matriz pois não desejam que este estado de coisas se dilate

e atinja uma situação trágica, irreversível e indesejável para todos.

Subscritores da carta: Joaquim Adamastor Feiteira Maia,

Noémia Ribeiro Monteiro Rodrigues Oliveira, Pedro Rodrigues

de Oliveira, Fernando Sousa Santos, Joaquim Nogueira,

Laura Amorim Moreira de Sousa Nogueira, José Henrique

Soares, José Ferreira Coimbra, Orlanda Ferreira Coimbra,

Carlos Francisco Martins e Arminda Martins.

25 de outubro de 1972 – Ofício emanado do Prelado da Diocese

do Porto, comunicando:


502 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Nunca recusou nem recusará ouvir quem quer que seja sobre quaisquer

assuntos de comum e recíproco interesse e competência. No

entanto, tendo em conta a quantidade de equívocos, de misturas

de interesses e de intervenções incompetentes que se têm processado,

estabelecendo condições mínimas para o diálogo, ou seja:

– A violação e encerramento da Igreja de Mozelos é um facto ímpio

e absurdo, que nada tem a ver com as decisões eclesiásticas tomadas

na forma do direito e dentro da competência episcopal.

– A abertura da Igreja de Mozelos não é negociável, nem tem que

ser tratada com o Bispo.

– Não se diga que foi o Povo da Freguesia que fechou a Igreja pois

nós, nesta Diocese, ainda fazemos aos cristãos de Mozelos a justiça

de pensar que eles não executam as suas decisões pela calada da

noite, à hora dos gatunos e salteadores ou das feras!...

– Quem fechou a Igreja que a abra e basta comunicá-lo ao sacristão,

sineiro ou outro guarda.

– O Revº. Pároco (de Mozelos) não poderá retomar a prática do

culto nesse templo sem licença desta Cúria que deverá julgar se

houve ou não violação canónica ou outra causa de interdito.

– Pode esta diocese pacientar, até que o bom senso retome seu lugar

já que toda a estupidez acaba por nausear e vomitar-se a si mesma

(omnis stultitia laborat fastidio sui).

– A comissão não deverá compôr-se de mais de três pessoas residentes

em Mozelos, católicos de fé e prática religiosa, não coniventes no

encerramento da igreja, que reconheçam e acatem a autoridade do

Bispo Diocesano, do Pároco pro tempore e da Comissão de Fábrica.

28 de outubro de 1972 – Carta dirigida ao Bispo do Porto

e entregue em mão, no Paço, em 14 de dezembro de 1972 e

subscrita por Fernando Sousa Santos, funcionário bancário,

José Ferreira Coimbra, industrial e António Cruz, lavrador.

Respeitosamente, em nome do povo da Paróquia e Freguesia de

Mozelos – una e indivisível e respondendo ao ofício de 25 de

outubro de 1972:

– Em 1970, a Freguesia apercebeu-se de que movimentos tendentes

à sua desintegração territorial e espiritual e, por isso,

fez chegar uma exposição, a que se refere a carta do Pároco de

Mozelos de 10 de julho de 1970, manifestando o seu descontentamento

e discordância.

– Tal exposição não mereceu resposta por escrito do Paço,

mas foi dito pessoalmente ao Pároco de Mozelos que a Vergada

seria apenas uma zona de culto.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

503

– Esses movimentos de desintegração já vinham de há longa

data.

– Face ao decreto episcopal que criou a Paróquia Experimental

da Vergada, o povo em desespero e indignação encerrou

o seu templo sagrado.

– Desde o encerramento, têm os Mozelenses reunido ordeiramente

mas ansiosamente à espera de notícias.

– O acto de encerramento da Igreja não constituiu um facto

ímpio e absurdo.

– O acto de encerramento da Igreja processou-se pela calada

da noite, com o intuito de evitar distúrbios com uma minoria

de indivíduos discordantes.

9 de setembro de 1974 – Reabertura da Igreja de Mozelos.

– Quem a fechou reabriu-a, pela calada da noite.

– Pela manhã desse dia tocaram os sinos a rebate e o povo

acorreu à Igreja. No interior do templo, houve alguns distúrbios,

entre apoiantes e opositores à reabertura da mesma.

1 de novembro de 1974 – Celebração da primeira missa após

a reabertura.

1979 – Projecto de criação da freguesia da Vergada no concelho

da Feira.

– Proposta apresentada pelos Deputados da ASDI (Agrupamento

Social Democrata Independente).

1987 – Projecto de Lei nº. 109/V do PRD – criação da freguesia

da Vergada.

Este projecto de Lei foi amplamente discutido pelas Assembleias

das freguesias de Mozelos e Argoncilhe e Assembleia Municipal

de Santa Maria da Feira, tendo sido rejeitado por todas elas.

NOTA FINAL

Este encerramento terá tido algumas causas remotas, algumas

mais próximas e outras imediatas que não podem justificar

o ato do encerramento ao culto da matriz, casa-mãe dos cristãos

da comunidade, que aí foram batizados, aí aprenderam, pela catequese,

os princípio da fé, lá se uniram, pelos laços sagrados do

matrimónio, e por onde os seus restos mortais passaram antes de

serem depositados no campo santo.


504 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Terá havido, por parte de quem direta ou indiretamente se envolveu

no seu encerramento, alguma insensatez, esquecendo que

a igreja pertence à comunidade religiosa e deve manter-se sempre

disponível a todos quantos queiram prestar culto a Deus, agradecer-Lhe

a graça da vida, da saúde e da harmonia consigo mesmo e

com os outros. Assim sendo, não se pode aceitar, de bom grado, o

que foi consumado num dia triste para a história da comunidade.

Sabendo embora que a cúria diocesana poderá ter considerado

como desejável, ao tempo, a criação de uma paróquia experimental,

à semelhança de outras em vários locais da diocese,

poderá não ter feito o estudo pastoral e sociológico indispensável

para avaliar se tal decisão seria a mais ajustada à realidade temporal

e local. Por outro lado, importaria ter tido em conta a hipótese,

muito provável, como veio a verificar-se, de poder ser um

primeiro passo para a intenção da criação de uma nova realidade

administrativa que subtrairia à freguesia de Mozelos de uma parte

não negligenciável do seu território.


PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO


Uma família de Mozelos


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

507

FEIRAS, FESTAS E ROMARIAS

Em Mozelos, não havia propriamente romarias que são vetustas

manifestações pagãs, convertidas em religiosidade católica-romana

mas, sobretudo, densas de humanidade. Constituíam

a oportunidade de confraternização entre as várias gerações e

eram, de forma especial, a oportunidade dos jovens iniciarem o

processo de namoro e de o continuar até ao casamento.

Um programa comum de caráter religioso incluía missa solene

com um pregador afamado e uma procissão onde se incluíam

vários andores, cruzes, lanternas, pálio e desfile de fieis com ex-

-votos de cera nas mãos pedindo cura para os seus males ou para

agradecer graças recebidas.

Nos arraiais, havia vendedores de brinquedos, frutos diversos,

doces como o da Teixeira, regueifas doces e azedas, tremoços,

azeitonas, barracas de comes e bebes, quermesses dirigidas

por senhoras voluntárias cujas receitas se destinavam a fins diversos,

designadamente para os pobres.

Normalmente iniciavam-se alguns meses antes com a recolha

de fundos para as despesas diversas, designadamente, ornamentação

do arraial e do interior dos templos, contratação das bandas

de música, para acompanhar as procissões e fazer concertos

nos coretos instalados nos arraiais, de conjuntos e de cantores

para a animação das tardes e noites dos dias de festa, lançamento

de fogo, de estouro para ir anunciando a festa, para ser lançado,

durante o desfile das procissões e no seu recolher, normalmente

com uma descarga ruidosa que marcava a importância da festa e

para abrir e encerrar as festas, fogo preso para animar sobretudo

as crianças e o fogo de artifício lançado quase no fim da noite do

dia principal da festa iluminando a noite com a beleza feérica de

efeitos pirotécnicos, criados por pirotécnicos afamados.

As festas principais que se realizavam em Mozelos eram as

seguintes:

Em 3 de fevereiro, ou no domingo a seguir, realizava-se a festa

de S. Brás, no lugar de Sobral.

Em 13 de junho, tinha lugar a festa de Santo António, no

arraial e coincidia com a comunhão solene das crianças, que des-

No fim da romaria...

Açafate


508 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Comunhão

Nossa senhora das Neves

filavam do cruzeiro para a igreja. Esta festa da comunhão solene tinha

a intervenção de um padre especializado que explicava cada

momento com rigor e piedade, que eram intervalados ou acompanhados

por cânticos apropriados entoados por um coro e um

harmónio. Em determinado momento, intervinham normalmente

duas crianças para fazer a consagração a Nossa Senhora ou para

ler o que chamavam o discurso, ou o perdão perante o olhar

embevecido dos pais e padrinhos das crianças escolhidas para tal

função. No fim da missa e da procissão, lá iam os pais e/ou os

padrinhos comprar o desejado brinquedo para os comungantes.

Em julho, festa do Coração de Maria que tinha um caráter essencialmente

religioso, com uma preparação prévia de cerca de uma

semana de pregações diárias especialmente dirigidas aos crentes.

Por altura da festa de Nossa Senhora das Neves, era efetuada

uma procissão em sua homenagem, que ia de Mozelos ao Picoto,

encontrando-se com a procissão da mesma, vinda de Argoncilhe.

11 de novembro, festa em honra de S. Martinho, padroeiro

da freguesia, também no arraial, era uma grande festa que também

já não se realiza.

Festa em honra de Santa Luzia, em 13 de Dezembro, também

no arraial. Era uma grande festa que deixou de realizar-se. Em

2016, foi reativada, com maior simplicidade. Era a festa onde havia

promessas das pessoas com problemas de visão, já que Santa

Luzia é a padroeira das doenças dos olhos.

Embora não se enquadrando na classificação de festas com

cerimónias religiosas com a missa, sermão e procissão, mais a dimensão

profana do arraial, houve, noutros tempos outros eventos

comunitários dignos de registo, como as consoadas e os cortejos.

Consoadas

As chamadas consoadas do Menino, na altura do Natal, destinavam-se

à angariação de fundos, destinados às necessidades

da igreja, mas igualmente para recolha de bens para distribuir

pelos mais necessitados da comunidade.

Havia um planeamento prévio da sua realização, com os diferentes

lugares para recolha de valores em dinheiro e de tabuleiros

e cestos, primorosamente apresentados, com várias ofertas,

desde refeições confecionadas com o melhor que cada oferente

tinha, bolos, frutos e outros mimos que eram depois leiloados,

junto à igreja, havendo, normalmente, animados despiques pela

sua aquisição. Os lugares procuravam que o seu cortejo fosse o

mais vistoso e o mais rendoso, numa saudável emulação de que

beneficiariam os destinatários das ofertas.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

509

Cortejos

A par das consoadas, havia os cortejos de oferendas com objetivos

semelhantes, moldados pelo espírito de caridade, de arte e

de bairrismo. Apresentavam criativos enfeites, animadas canções,

danças, músicas e algumas picardias que conduziram a um bairrismo

exacerbado que culminavam, mais vezes do que convinha,

em ataques e insultos pessoais que conduziram à sua extinção.

Feira de Santa Catarina

Para além destas festas, há a feira de Santa Catarina ou dos

diospiros, em 25 de novembro, realizada anualmente no parque

do Murado e que era, noutros tempos uma grande feira de gado

e de produtos agrícolas. Na atualidade, ainda se realiza, sem a

expressão de outros tempos.

Cortejo

ORAÇÕES

As populações rurais tinham e ainda mantêm uma vivência

religiosa muito característica, onde se complementam as fórmulas

e orações transmitidas pela Igreja com outras por elas criadas

e a que não é estranha alguma tentação da procura do mágico.

Feira de Santa Catarina

As palavras rituais do fabrico do pão

S. Mamede te levede

S. Vicente te acrescente

S. João te faça pão

O Senhor te acrescente como o fole da semente.

Orações da Manhã

Ao levantar

Bendita seja a luz do dia,

Bendito seja quem a cria

Bendito seja Deus e a Virgem Maria.

Oração ao Anjo da Guarda, anjo nomeado

a cada pessoa que nasce:

Anjo da Guarda,

Minha companhia,


510 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Guarda a minha alma,

De noite e de dia.

À saída de casa

Anjo Bento, paz na guia

O Senhor e a Senhora vão e venham

Na vossa companhia.

Ao entrar na Igreja

Água benta, te recebo,

Pecados ficai aqui,

Que vou ver a Jesus Cristo,

Que ainda hoje O não vi.

São Vicente

Outra

À entrada na Igreja faz-se com outra oração, molhando previamente

os dedos da mão direita na água benta da pia e benzendo a face

em cruz, enquanto se reza:

Esta água benta tomo

Com tenção de me salvar...

Tantos são os meus pecados.

Deus mos queira perdoar...

Deus te salve casa santa,

Onde Deus tem a morada,

Onde está o cálix bento

Mais a hóstia consagrada!

Aqui nesta igreja entro

E nela quero entrar

Água benta quero tomar...

Pecados ficai aqui

Que eu vou ver Jesus

Há já muito que o não vi...

Vou-lhe pedir o que sente

Esta minha alma doente,

Carregada de pecados,

Há muito não confessados,

Nem a padre, nem a bispo,

Nem a outro cardeal;

Beijarei a santa pedra

Que a minha alma se não perca;

Beijarei a santa cruz

Que a minha tenha luz

Para sempre, amen, Jesus!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

511

No início da missa

Santa Helena toca à missa,

O Senhor a vai dizer,

Os anjos a vão cantar,

Bendita seja a hora

Em que esta alma vem rezar...

Vinde, vinde cavaleiro honrado

Com as armas de Cristo armado,

Com o leite da Virgem borrifado...

Benza a ti, benza a mim,

Bendita seja a hora em que aqui vim!

Confissão

Senhor, hoje é o primeiro dia da minha vida,

Para a morte vou caminhando e a minha hora se vai chegando.

Ó meu divino Senhor ajudai-me a confessar

Para que eu possa chegar diante da vossa divina presença.

Vós estais preso e eu estou solta, nessa cruz crucificado,

Por via dos meus pecados meu coração se abrasa.

No fogo do vosso amor eu quero – me confessar,

Dai – me a vossa absolvição e eu faço o ato da contrição.

Orações da Noite

Meu Deus, Pai, Filho e Espírito Santo

Eu Vos adoro como Criador, meu Redentor e Santificador

Agradeço-Vos humildemente

Todos os benefícios que me concedeste, neste dia.

Ofereço-Vos o meu sono e todos os momentos.

Peço-Vos que me conserveis sem pecado.

Para isso eu me acolho ao Vosso Santíssimo Nome

E me ponho sob o manto de minha Mãe Maria Santíssima

Os Vossos Santos Augustos me assistam e me guardem.

Amen. Pai-Nosso, Ave-Maria.

Oração da noite

Altíssimo Senhor da minha alma,

Pai Amorosíssimo do meu coração,

As minhas cruzes e os meus pecados sabeis quantos eles são.

Nesta vida dai-me a graça e na outra a Salvação.

Adorei o Senhor morto e preso.

Perdoaste a vossa morte que foi tão cruel e tão forte,

Perdoa também os meus pecados, os esquecidos e os lembrados,

Aos pés do meu confessor não os posso dar a confessar.

Por isso os confesso a vós Senhor que sois o rei da verdade.

Por esta alma, tem misericórdia e piedade.

Com Deus me deito, com Deus me levanto,


512 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Com a graça de Deus e o Divino Espírito Santo,

A Virgem Nossa Senhora nos cubra com o seu Divino Manto.

Se eu bem cobertinha for não terei pena nem temor,

Nem coisa que tal for,

Se eu adormecer acordai-me,

Se eu morrer aliviai-me. Pela vossa misericórdia. Amen.

Oração para dormir sem pesadelos

Diz a tradição que, este tem um pé torto e a mão furada e que, com esta,

tapa a boca das pessoas e não as deixa mexer, nem falar, enquanto

prevalecerem sob o seu domínio. Para frustrar a sua entrada reza-se

esta oração:

Com Deus me deito,

Com Deus me levanto,

Com a graça de Deus

E do Divino Espírito Santo...

Se eu dormir, acordai-me

Se eu morrer, alumiai-me

Com as três tochas

Da Santíssima Trindade.

Eu quando saio de casa,

Faço o sinal da Cruz

Para arrenegar o diabo

Santo Nome de Jesus.

Vai-te! Arreda, satanás

P’ra que tu não me tentes

Eu trago aqui comigo

Arruda de cinco dentes.

Padre-Nosso pequenino

Sete anjinhos vão comigo,

Sete livros a rezar,

Sete candeias a alumiar...

O Senhor é meu padrinho,

A Senhora é minha madrinha

Que me fez a cruz na testa,

P’ra que o demónio não me impeça

Nem de noite, nem de dia,

Nem ao pino do meidia.

Já os galos cantam, cantam,

Já os reis se alevantam...

Com a sua capinha posta

Perguntando aos meninos

Se sabiam a oração,

A oração dos pelegrinos...

Quando Deus era menino

Três Marias viu estar

Todas três no seu altar...

Tata, tata Madalena...

Estão aqui as cinco chagas

Que a todos hão-de salvar...

Salva a mim e salva a ti,

Não salve aquele judeu

Que matou o menino Deus

Ao pé da bela cruz,

Para sempre, ámen, Jesus.

Contra a Trovoada

Nossa Senhora da Conceição,

Pela Sua sagrada boca disse:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

513

Quem por Ela chamasse 150 vezes

No dia da má morte

Não morreria de perigos,

E de trabalhos o livraria

E à hora da sua morte lhe apareceria.

Quando troveja, é costume pôr num caco umas perninhas de alecrim e

oliveira – benzidas em Domingo de Ramos – em cima de brasas para

fazer fumo.

Este, até onde chegar, afasta todo o perigo. Quando relampeja, em

vezes repetidas, exclamam:

S. Jerónimo, Santa Bárbara Virgem!

Rezam, então, a Magnificat e, a cada trovão, invocam a Santa oração

seguinte:

Santa Bárbara se vestiu,

Se vestiu e se calçou,

Seu cajadinho pegou,

Pelo caminho andou,

Jesus Cristo a encontrou

E logo lhe perguntou:

– Bárbara virgem, onde vais?

– Senhor! Vou abrandar a trovoada

Que no céu anda armada...

– Vai, Bárbara, vai...

Deita-a para o monte maninho,

Onde não haja pão, nem vinho,

Nem cante galinha, nem galo,

Nem haja bafinho de menino!

Pedido de Graças

Estando tudo sossegado e fixando uma estrela, dirigem-se à Senhora

das Necessidades. Se a graça que solicitam for deferida há-de revelarse

por um sinal que pode ser um cão a ladrar, um galo a cantar ou um

homem a assobiar. E dizem assim:

Nossa Senhora das Necessidades,

Que estais à chuva e ao vento,

Diz este pensamento (pede-se a graça que se pretende)

Se concederes esta graça

Dai-me um sinal...

Quando se perdem objectos, invocam Santo António e rezam o responso:


514 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Bendito e louvado seja

Santo António, sol brilhante,

Que em Lisboa, França e Itália

Deu a luz mais rutilante...

Ó beato Santo António

Que ao monte Sinai subiste

Teu breviário perdeste

Muito triste...

Uma voz do Céu ouviste:

– António! Volta atrás

Teu santo breviário acharás,

Em cima dele

Jesus Cristo vivo encontrarás

E três coisas pedirás:

– O vivo, guardado;

O perdido, achado;

E o esquecido, lembrado!

À Virgem – Oração das Excelências

Repete-se por 12 vezes, alterando apenas o primeira verso (duas

excelências, quatro excelências, etc.). Uma excelência deu o Senhor à

Senhora da Graça:

Ó Ave-Maria!

Ó cheia de Graça!

Ó cheia de Graça,

Ó de graça cheia...

Quando o mar abranda

O Sol arrodeia!

Se ele arrodeia

Deixai-o arrodear...

Nasce na Serra

E põe-se no mar!

Põe-se no mar

Com grande valor:

São as cinco chagas

De Nosso Senhor!

Oração do Nascimento

Esta oração de nascimento é um autêntico conto de Natal, tradicional

e popular. Nela se alude à lenda, corrente entre o povo, da mula que

foi amaldiçoada, ficando para sempre estéril. Diz-se que, no presépio,

enquanto o boi bafejava o Menino Deus, a mula – com malícia –

só comia e resmungava. Por isso, conta-se que a Nossa Senhora lhe

deitou maldição, dizendo:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

515

A ventura de ser mãe

Nunca tu a gozarás...

Eis o texto da oração referida

Já lá vai S. José abaixo

E mais a Virgem Maria,

Tanto caminham de noite,

Como caminham de dia.

S. José foi buscar lume

Pois que minga lhe fazia...

E quando voltou com lume

Já o menino nascia.

Não podia dar à luz

Nem em cama de cortinas,

Nem em casa de palácio,

Só na pobre manjedoura

Onde o boi bento comia.

Quando a Senhora teve o menino

A burra arrelinchou...

– Maldição, te boto, mula,

P’ra que não paras coisa alguma...

Mas, quer paras, quer não,

Nela não tenhas ventura.

Perguntou o Padre Eterno a

S. José:

Como ficou lá a Maria?

A Maria ficou boa...

Sua cama está bem feita

Os seus lençóis bem lavados,

Com seu menino nos braços

Que assim lhe parecia bem!

E ela ficou dizendo:

Filho meu que te farei?

Não tenho cama nem berço,

Nos braços te criarei...

E o Menino Deus respondeu:

Minha mãe olhe pró Céu...

Nos braços daquela cruz

Está lá a cama e berço

Para o Menino Jesus!

Oração da Morte

Nesta oração o Senhor verbera o comportamento da alma penada,

Nossa Senhora lança a sua touca na balança levando-a para o Céu:

Numa noite triste e escura

Dum rigoroso inverno,

Morreu uma criatura

Sem receber sacramentos...

Tinha culpas e pecados

E grandes arrependimentos...

Chegou à porta do Céu e

disse:

Meu Senhor Jesus Cristo

Aqui visitar vos venho,

Sou uma ovelha perdida

Do vosso rebanho venho...

E o senhor lhe respondeu:

Escuta, escuta, alma gulosa,

Que eu sempre te escutei...

Tive-te no outro mundo

E não me deste proveito...

Lá te deixei os jejuns,

Sempre te achei a comer...

Lá te deixei os cilícios,

Nunca os pusestes em teu corpo...

Vinham-te os pobres à porta

Nunca lhes davas esmola!

Aprendestes a soberba,

Soberba não vai ao céu...

Onde esperas ir penar?

Às profundezas do Inferno!


516 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Veio a Senhora e disse:

Ó meu filho tão amado,

Ó meu filho tão querido!

Pelo leite sugaste

Na noite do bem imenso...

Filho! Salva-me esta alma,

Filho! Que se vai perdendo!

S. Miguel! Pesai as almas,

Ponde os pezinhos correntes!

Os pecados eram tantos

Que a balança ia ao chão!

Nossa Senhora chegou,

Sua touquinha tirou,

Na balança a botou...

Pela graça de Maria.

São os pezinhos correntes,

Vai a alminha para o Céu...

Devotos e criaturas

Rezai o vosso Rosário,

Não tragais pelo chão,

Que a Virgem é piedosa

E de nós tem compaixão!

Quem esta oração disser

Três anos, de dia a dia...

Quatro almas tiraria

Das penas do Purgatório:

A primeira, será a sua,

A segunda, de sua mãe,

A terceira de seu pai

E a quarta de quem quiser.

Amen.

Ao passar no cemitério

Eu vos salvo, irmãos meus,

Vós fostes como eu,

Eu hei-de ser como vós.

Pedi ao Senhor por mim,

Que eu peço ao Senhor por vós.

Padre-Nosso, Ave-Maria

Dai-lhes o eterno descanso.

Oração dos Belos Santos

Esta oração alude à paixão do Senhor e às Marias que o seguem:

Belos Santos, Belos Santos,

Três dias antes da Páscoa,

A um por um os chamava,

A três por três os juntava.

Nosso Senhor quando os viu

Todos juntos, disse assim:

Discípulos meus, qual de vós

Amanhã morre por mim?

Viraram-se uns para os outros

E nenhum lhe disse nada...

Só S. João, seu primo,

Pregador do monte brada:

Por vós, meu Deus, morro eu

Mas hoje não... amanhã...

Pois sim! É boa, João,

A tua grande intenção

Mas a tua morte, não!

Sexta-feira, ao quarto dia,

Jesus Cristo caminhava

C’oa Cruz às costas se via

Que a madeira bem pesava...

E com a corda ao pescoço

Por onde Judas pegava

Cada vez que ele puxava

Jesus Cristo ajoelhava...


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

517

Quando ao Calvário chegou

Três Marias encontrou,

Todas três de além mar!

Uma era a Virgem pura,

Outra a Santa Madalena,

Outra Marta, sua irmã,

Que era a que tinha mais pena...

Uma limpa os santos pés,

Outra as santíssimas mãos,

Outra o sangue aparava

Que o bom Jesus derramava.

Este sangue que aqui cai,

Cai num cálice sagrado...

Quem neste cálix pegar

Será bem aventurado,

Neste mundo será rei

E no outro coroado...

Quem esta oração disser

Nas sextas-feiras do ano

Tira cem almas de pena

E a sua de grão pecado.

Quem sabe, não a diz,

Quem a ouve, não a aprende,

Mas no Dia do Juízo

Verá como se arrepende!

Oração do Anjo Custódio

Esta oração destina-se a afastar as tentações ao sair de casa. Trata-se

de um diálogo entre o Anjo Custódio e o Demónio. Quem a disser não

se pode enganar pois, se tal acontecer, terá de voltar ao princípio.

O Anjo mau diz:

– Custódio, amigo!

– Custódio, sim, amigo, não!

– Queres-te salvar?

– Sim, senhor, quero.

– Dize-me o primeiro.

– É o padre

– Custódio, amigo!

– Custódio, sim; mas amigo não.

– Queres-te salvar?

– Sim, senhor, quero.

– Diz-me lá as duas.

– As duas são as duas tábuas de Moisés

– E o primeiro é o padre.

Etc.

– Dize-me as três?

R. – As três... são os três profetas

Etc.

– Dize-me lá as quatro.

– As quatro são os quatro patriarcas.

Etc.

– Dize-me lá as cinco.

– As cinco são as cinco chagas.

– Dize-me lá as seis.

– As seis... são os seis círios bentos.


518 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Anjos

Etc.

– Dize-me lá as sete.

– As sete são os sete salmos.

Etc.

– Dize-me lá as oito.

– As oito... são os oito corpos santos.

Etc.

– Dize-me as nove.

– As nove são os nove coros dos anjos.

Etc.

– Dize-me as dez.

– As dez são os dez mandamentos.

Etc.

– Dize-me as onze.

– As onze são as onze mil virgens.

Etc.

– Dize-me as doze.

Doze restes tem o Sol

E doze restes tem a Lua.

Arrebenta para aí diabo

Que esta alma não é tua.

Quando se diz esta oração, rebenta um diabo no inferno.

Oração de Santa Cruz

A reza de Santa Cruz, segundo a crença popular, tem o condão de livrar

das tentações do Demónio no momento da morte a quem o disser,

em família e com piedade, na noite de 3 de maio:

Tem-te ó alma firme e forte

que hás-de passar pela hora da morte;

O campo de Josafat passarás

E tu, minha alma, lhe dirás;

Vai-te e arreda, satanás,

Tu comigo não tens nada, nem terás,

Que eu, em dia de Santa Cruz,

Mil vezes disse:

– Jesus!

E, contando por um terço, proferem o nome de Jesus mil vezes.

Para afugentar as bruxas

Contista, contista,

S. Pedro e S. Paulo

Nesta casa assista...

Bruxas e feiticeiras,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

519

E as vozes curandeiras

Não possam entrar comigo,

Nem com a minha família,

Sem primeiro contar

As estrelas do céu

E as areias do mar!

Oração da Quaresma

Mulher cheia de pesar, mulher cheia de tristura,

Dizei-me

e pela minha ventura, pois sois a mãe doçura,

Pelo homem que buscais, adiante não vades mais.

Pelo sangue desta rua, vos darão certos sinais:

Os malvados dos judeus O fizeram levar a Cruz.

Ela era tão pesada que nem sete a levavam,

Cada passada que dava, cada passada caía e ajoelhava

Cada pancada que Lhe davam logo se levantava.

Ó meu Deus, que dor tão forte, dor do meu coração,

Tamanha atribulação sem Vos eu poder valer.

Quem disser esta oração, todos os dias da Quaresma,

Receberá uma graça do Senhor.

Quem a sabe não a diz, quem a ouve não a aprende.

Lá no dia do Juízo saberá o bem que perde.

Uma família

Encomendação das Almas

Tratava-se de uma forma sufragar as almas do Purgatório, no dia 2

de novembro, dia dos fiéis defuntos, caída em desuso em meados do

século XX.

Era costume, noutros tempos, encomendar as almas de noite.

Iam as pessoas, à meia-noite, ao cemitério, com uma campainha, começando

a tocar, dizendo:

Almas, acompanhai-me!

Iam, depois, por todas as ruas a tocar uma campainha,

pedindo Padre-Nossos e Ave-Marias pelas almas.

Baseava-se este costume na lenda que referia que certo

indivíduo saía de casa, de madrugada, levando consigo uma

campainha e um bordão.

Dirigia-se à Igreja da freguesia e, ao chegar, batia à porta com

o bordão e solicitava:

Almas boas, acompanhai-me...

Almas más, desamparai-me!

Depois, fazendo-se acompanhar pelas almas boas que tinham

ali junto da igreja os seus corpos sepultados, em descanso, dirigiase

aos pontos mais altos do lugar e, daí, fazia apelo aos vivos

para a encomendação, numa toada chorosa e cheia de piedade:


520 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Alerta, pecadores, alerta!

Que a vida é curta

E a morte é certa!

Um Padre Nosso e uma Ave Maria

Pelas almas do Purgatório!

Será pelo divino amor de Deus!

Tocava a campainha para que todos ouvissem aquele grito a

lembrar os mortos, rezando orações.

Nesse momento, todos faziam as suas rezas de encomendação

pelas almas do Purgatório e, o encomendador, após dar volta à

freguesia, regressava à Igreja para deixar as almas que o tinham

acompanhado e pelas quais fizera e pedira o sufrágio.

Em dada altura, passaram a adulterar a encomendação,

fazendo-a com a mira de donativos. Esta prática ainda existia há

algumas décadas.

Em Dia de Finados, organizavam ranchos que batiam às

portas daqueles a quem tinham falecido pessoas da família e

faziam a encomendação, rezando Padres Nossos e Ave Marias

para obterem dádivas de dinheiro ou géneros, com esta cantilena:

Hoje é dia de fiéis defuntos,

Aqui estamos

Todos juntos

A pedir e a rezar:

Deus vos ponha em bom lugar!

Ou

A esmolinha pode dar!

Se não lhes dessem nada lavravam o seu protesto, fazendo uma quase

assuada:

Alminhas na Vergada

Esta casa é tão alta

É forrada a papelão...

Os senhores que cá moram

Não nos dão nem um tostão!

Ou

Esta casa cheira a breu,

Aqui mora algum judeu...

Esta casa cheira a unto,

Aqui mora algum defunto.

Há tempos, era costume encomendar as almas de noite. Ia uma pessoa á

meia-noite ao cemitério com uma campainha e começava a tocar, dizendo:

Almas, acompanhai-me!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

521

ATIVIDADES AGRÍCOLAS

Mozelos é uma freguesia ainda com marcas rurais que se foram

perdendo nas últimas décadas, tendo-se alterado a paisagem, mas

é natural que as suas expressões culturais reflitam essa realidade.

Antes de referir aspetos vivenciais ainda próximos do nosso

tempo, trarei à lembrança alguns costumes que foram prática

corrente, durante anos.

Cada chefe de família, casado ou viúvo, devia pagar, pelo S.

Miguel de setembro, um alqueire de milho grosso da terra limpo

e seco, pela medida antiga da Feira.

Os solteiros que viviam à sua conta pagavam meio alqueire.

Os que eram obrigados ao pagamento da côngrua, deviam

satisfazer as suas coletas com as contribuições do Estado.

Os chefes de família eram obrigados a reunirem-se na residência

quando o pároco para resolver qualquer problema da

igreja ou devoção especial os convidava a dar o seu parecer.

Socorrendo-me de recolhas feitas, por pessoas idosas da freguesia,

apresento os aspetos mais significativos de vivências passadas

e que ainda hoje perduram nalgumas franjas da população

e no subconsciente coletivo.

Mozelos foi, durante séculos, uma freguesia eminentemente

rural, com grande atividade agrícola e moageira. A produtividade

das terras permitiu que Mozelos deixasse de ter uma economia

de subsistência, passando a escoar vários produtos agrícolas

e derivados da pecuária, designadamente, milho, legumes, vinho

e carne de bovino.

Repetidas vezes, é noticiada a mudança das casas agrícolas

que agricultavam para outras, na altura do S. Miguel. Convém

lembrar que os arrendamentos agrícolas decorriam de S. Miguel

a S. Miguel, com o concomitante pagamento das rendas nas suas

variadas formas.

Durante longos anos e sem modificações de vulto, a atividade

agrícola desenvolvia-se, praticamente sempre, da mesma forma.

Quando os adubos eram, ainda, um domínio da ficção química,

os campos eram enriquecidos com o estrume obtido nos

aidos do gado, a partir de matos e de fetos que se iam buscar aos

pinhais que, conjuntamente com os dejetos dos animais, constituía

um riquíssimo adubo orgânico que era retirado para os

carros com um gadanho e um forcado e colocado nos campos a

formar uma pilha.


522 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Antes de se lavrar com um arado ou com uma charrua, o

estrume era espalhado sobre a terra. Feita a lavra, a terra era gredada

para alisar e compor, a que se seguia a sementeira do milho

e do feijão com um semeador e dizia-se a seguinte oração:

Na hora de Deus te semeio. Que Deus te ponha a virtude e a nós

a saúde.

Posto isto e quando o milho começava a crescer, era mondado

e arrendado para tirar plantas e ervas daninhas.

Volvidas algumas semanas e quando o milho e o feijão apresentava

determinada altura era preciso regá-lo e, para isso, importava

encorar a água na presa ou no regueirão, fazer as tornas

para preparar para a rega.

Sementeira

Importa lembrar que a questão do usufruto das águas para as

regas assumia a maior importância, dada a sua preciosidade, e,

por isso, o direito às águas de rega fazia parte das escrituras dos

terrenos, onde se informavam os tempos e as durações das regas,

e quando não eram respeitadas as regras escritas ou consuetudinárias,

ocorriam graves disputas que chegavam a agressões e

mesmo a mortes.

A rega surgia sem escolher horas, porque era um bem escasso

e as necessidades múltiplas, e, madrugada alta, lá iam as

pessoas, alimentar carinhosamente de água a terra sedenta para

que esta lhes desse pão, fazendo-se os necessários talhadouros

para a encaminhar para onde fosse necessária. Entretanto, era

semeado, entre a seara, o azevém para quando, cortado o milho,

o gado tivesse pasto para se alimentar.

E depois era preciso cortar as bandeiras, regar uma, duas, as

vezes necessárias, e esperar que o milho amadurecesse. Contudo

antes de este ser colhido, o feijão era arrancado e posto a secar

na eira para ser debulhado. E vinha o dia da colheita, arrancando

as espigas do caule que, passado algum tempo, era cortado

pelo pé, ficando só os estrepes e posto em moreias, para ser, mais

tarde, dado a comer ao gado, depois de devidamente cortado

pelo serrote. Ainda se semeava o restibo depois de colhido o milho

na época própria.

Charrua

E a debulha de milho dava origem à verdadeira festa do pão

e à alegria que era a desfolhada ou escapelada, indo as espigas

para o espigueiro ou canastro. No início da primavera, era feita a

malho do cereal, na eira com manguais ou moais.

Havia ainda outras atividades como a vindima de uvas para

vinho verde ou americano, que ia servindo para as necessidades


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

523

da casa e para dessedentar algum visitante, acompanhando um

saboroso naco de presunto, que havia sempre no fumeiro, e da

magnífica broa de milho.

E vinha depois o ciclo da apanha da erva, fizesse sol ou chuva

ou nevasse, lá indo grandes e pequenos cortar à foicinha o

alimento do gado que lhe dava trabalho, crias e leite.

Era costume, que continuou nos tempos seguintes, dar-se a

merenda, a meio da manhã ou da tarde, desde a segunda-feira

da Pascoela até ao dia de Nossa Senhora de Fontes, no início de

setembro. As merendas, como outras atividades agrícolas, eram

motivo para o exercício do canto, como se pode avaliar pelas

composições seguintes:

Lá p’ra cima, lá p’ra cima,

Lá p’ra cima, lá p’ró canto.

O nosso patrão é rico

Ó resto dá vinho branco.

Já lá vai o sol abaixo,

Já lá vai minha alegria.

Tristeza para o patrão,

Está-se a acabar o dia.

Ramada

Mas quando chegava o dia de Nossa Senhora de Fontes, cantava-se,

amargamente:

Minha Senhora de Fontes,

Não vos torno a rezar.

Que me roubastes duas horas

Do meu corpo descansar.

Por aqui se deduz, que não era só a merenda mas o apetecido

descanso que ela proporcionava.

VOCABULÁRIO PRÓPRIO DA AGRICULTURA

Abagar ou avagar – diminuir a chuva;

Acartar ou acarretar – transportar;

Aguilhão – vara com bico para ativar bois e vacas;


524 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Sementeira

Namoro bucólico

Apor o gado – por-lhe a canga ou o jugo e pegá-lo ao gado;

Aido – curral do gado;

Aí, ou – expressão para espicaçar o gado;

Ancinho ou enxinho – rapadouro de folhas;

Anda ei – termo usado para fazer andar o gado;

Apojar – juntar o vitelo ou o cabrito à mãe para lhe provocar

melhor saída do leite;

Astrar o aido – fazer a cama ao gado;

Azevém – erva que se semeava para servir de alimento ao gado;

Bandeira – haste que era uma espécie de flor do milho;

Basculho – pequeno molho de trapos, usado na rega para

distribuir e regular a água e que significava também vassoura

ou mulher alcoviteira;

Boieira – vaca que anda no cio ou saída;

Broa – pão de mistura de milho e centeio;

Casola – rima de achas postas de determinada forma;

Empanadas – tábuas que se colocavam à volta do carro de bois

para lhe fazer carroçaria;

Encorar (ancorar) – juntar a água por meio de tapamento, quando

o curso de água era escasso;

Erguedor – instrumento utilizado para limpar o milho;

Estrepe – porção do caule do milho que ficava agarrado à terra,

depois de cortado;

Estrema – linha que dividia as propriedades;

Feito (feto) – planta silvestre que servia para as tratar os aidos e

capoeiras;

Forcado – instrumento utilizado para levantar e espalhar o estrume;

Foucinha – pequena foice para segar erva;

Fueiro – pau que se colocava nuns buracos do carro de bois;

Grade – alfaia utilizada para alisar e compor a terra;

Melanciga – melancia;

Moal ou mangual – peça utilizada na debulha do milho;

Moliço – caruma do pinheiro;

Moreia – rima de forma cónica como se dispõem as canas

cortadas do milho;

Ouxe – termo usado para incitar o gado a beber;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

525

Sarrote (serrote) – alfaia para cortar a palha ou o mato;

Restibo – milho semeado depois de colhido o outro;

Russo – chamamento do porco;

Talhadouro – corte que se faz num rego de água para desviar

para outro lado quando se anda a regar.

Tarara – aparelho que servia para tirar as pavanas do cereal;

Trinchete – fouce pequena para cortar madeira.

Espigueiro ou Canastro

UTENSÍLIOS E ALFAIAS AGRÍCOLAS

Gadanha: Cabo comprido (de salgueiro, por exemplo) e uma

lâmina de aço para segar erva;

Foucinha: Meia-lua de ferro com cabo de pau para segar erva;

Corda: Para amarrar os molhos da erva;

Inchinho (Ancinho): Cabo comprido de madeira e uma travessa

de madeira com 8 ou 10 dentes também de madeira para

amanhar (estender e limpar) os cereais (milho já debulhado),

feijão, cevada, aveia e centeio) ― na eira;

Moal (Mangual): Cabo de madeira (geralmente de castanho)

com uma correia de couro na extremidade que segura outro

cabo de madeira, mais curto, o qual, impulsionado, malha o

cereal (milho, aveia, feijão, etc.;

Para além dos utensílios já descritos, outros existem dos quais

mencionaremos apenas os nomes: forquilha, fouce de galho,

fouce de meia-lua, machado, alvião, etc.;

Charrua: Instrumento de ferro, com duas avecas e limpadores,

com gancho próprio onde se dependurava o sebeiro que continha

óleo queimado, para untar as partes que se movimentavam;

Arado: Instrumento construído em madeira, com uma lâmina de

ferro especial e duas avecas em madeira, destinadas a abrir a

terra para os lados;

Grade: Instrumento de madeira rectangular, equipado com

navalhas em madeira ou ferro, destinado a alisar a terra (de

dentes e de costas);

Semeador: Este instrumento de trabalho manual, em tempos

remotos, construído em madeira, foi mais tarde substituído

Alfaias agrícolas

Semeadores


526 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

por outros, em ferro de chapa, e destinava-se às sementeiras

de diversos cereais.

CULTURA E TRATAMENTO DO LINHO

Feixes de linho

Linho em flor, seco

Também se cultivava em Mozelos, como em toda a região, há

algumas décadas ainda, o linho que era muito utilizado para fazer

o bragal das moças casadoiras e para fazer as toalhas dos altares.

– Semeava-se como quem semeava erva e estava na terra

durante três meses;

– Arrancava-se e rapava-se num regato ou ribeiro para lhe

retirar a cabecinha que continha a semente;

– Colocava-se numa madriga (ou madria), onde ficava oito

dias de molho;

– Tirava-se e espalhava num pinhal para secar;

– Quando estivesse seco, apanhava-se e moía-se no engenho

de madeira, onde saía em pasta;

– Estrigava-se (desfazia-se a pasta) à mão e depois espadelava-se

num cortiço até saírem os tumentos (parte mais grossa do linho);

– Sedava-se no sedeiro, donde saía a estopa, separando-se do

linho que ficava na mão;

– Fiava-se com a roca e o fuso;

– Dobava-se no sarilho em meadas;

– Cozia-se em água quente com cinza dentro de uma dorna,

deitando-se água durante três horas. Deitava-se a cinza num lenço

para não ir a ferrugem para as meadas. Repetia-se este trabalho

três vezes seguidas;

– Tirava-se o linho da dorna indo ao ribeiro para o lavar;

– Vinha do ribeiro e deitava-se a secar nas canas;

– Depois de seco, dobava-se na parábola para ser finalmente

tecido no tear.

Segadas

Faziam-se segadas de azevém, centeio, etc..

Chamavam-se umas quantas pessoas que iam segar o azevém,

a aveia e o centeio e depois faziam-se as cachopas. A erva

era amarrada com cordas ou com a própria erva, para ficar di-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

527

reita para quando chovesse estar bem amarrada para a semente

não se estragar, pois iria servir para enxergões (colchões de palha)

que se faziam à noite e ao Domingo, cantando as pessoas

durante o trabalho

Os cantadores ao desafio tiravam as quadras por improviso.

Escapeladas ou Desfolhadas

As desfolhadas eram e são feitas nas eiras ou nos alpendres, à

noite, depois da ceia, à volta de um monte de espigas, à luz do luar,

ou do gasómetro, tirando-se o folhelho às espigas e, depois disso,

eram lançadas em gigas e recolhidas no espigueiro ou na casa da

eira. Constituíam uma forma de trabalho solidário entre os lavradores,

já que se ajudavam uns aos outros nesta e noutras tarefas,

quando havia maior volume de trabalho.

Nelas, aparecia uma figura típica – o serandeiro, um indivíduo

embuçado (talvez namoros dalgumas raparigas que se encontrem

na esfolhada falando com voz disfarçada), que, trajando

um varino, um manteiro e usando um varapau (marmeleiro) vinha

assustar as moças e dizer algumas graçolas mais atrevidas.

Quando alguém tinha a felicidade de encontrar um milho-rei,

era-lhe permitido percorrer o círculo e dar um xi-coração.

No fim de cada desfolhada, organizava-se uma festa em que

todos cantavam e dançavam.

O chamamento para esta actividade, era feito tocando um

corno de boi ou um búzio. Todos conheciam o sinal e quem

queria, aparecia.

Depois de cortado o milho separam-se as espigas das canas

e vão para a eira a fim de se lhe tirar o folhelho chamando-se a

isto, em Mozelos, uma desfolhada, e em outras localidades, uma

descamisada.

Canta-se em coro à desgarrada, ouvem-se ditos picarescos,

contam-se histórias, murmura-se, namora-se, enfim, reina a alegria,

pouca e expansiva, própria da gente do campo.

Terminada a desfolhada, arrumavam-se com ancinhos de

pau o folhelho para os lados da eira, tocava-se viola, e dançava-

-se por largo tempo.

Era uso, quando da última esfolhada dum lavrador, dar vinho

e castanhas cozidas às pessoas que lá foram ajudá-lo Chamam-se

a estas esfolhadas do resto ou do magusto.

Magusto

Trabalho na eira


528 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Canções de Desfolhadas

Havia várias canções sem acompanhamento instrumental,

que eram entoadas antes e durante as desfolhadas.

No alto daquela serra

No alto daquela serra

Está lá um grande repolho…

O ladrão que o vai regar

É mesmo cego de um olho!

Noite escura, noite escura,

Andar não posso com ela…

Tu bem podes, Maria,

Pôr teus olhos à janela!

Serandeiro da desfolhada

Descobre-te, põe-te alerta…

Quero saber a quem amo

Com a cara descoberta!

O meu anel

Eu perdi o meu anel

Entre as folhas do serpão…

Trás, trás… no telhado

Olha o meu anel

Entre as folhas do serpão!

Não se me dá do anel

Dá-se-me do que dirão!

Trás, trás… no telhado

Olha o meu anel

Entre as folhas do serpão!

Ora vai tu…

CORO

Ora vai tu, Ora vai tu,

Ora vai, vai…

Tu bem queres

E eu não posso

Ai! Ai!

Esta moda do vai tu

Quem na havia de inventar?

– Foram os presos da cadeia,

Estão à sombra e têm vagar!

CORO

Ao cantar dos pintassilgos

E os melros a assobiar…

Triste de quem não gosta

Das praias da beira- mar…

CORO

Ó luar, tu és luar,

És mais luar do que eu queria…

Aí vem o meu amor

Com toda a galanteria!

CORO

Ó maganão, maganão,

Ó maganão, maganão…

Um abraço pode ser

Beijinhos não nos chincas não!

CORO


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

529

Estrela do Mar

CORO

Sozinha sem guia

Onde irei parar

Dirigi meus passos

Ó estrela do mar.

Ó estrela do mar

Ó estrela da guia

Dirigi meus passos

Ó Virgem Maria.

CORO

Ó estrela do mar

Ó estrela da luz

Dirigi meus passos

Ó mãe de Jesus.

CORO

O Luar

Ó luar, tu és claro,

És mais luar do qu’eu qu’ria… (Bis)

Aí vem o meu amor

Com toda a galanteria (Bis)

Atirei com pedras d’oiro

Ao convento de Grijó…

Os frades fugiram todos

E o convento ficou só!

CORO

Aí vem o luar,

Aí vem o luar,

Aí vem o luar,

Por entre os pinhais…

Adeus meu amor,

Adeus meu amor,

Adeus meu amor,

Para nunca mais!

Aí vem o luar,

Aí vem o luar,

Aí vem o luar,

Por entre os pinhais…

Assubi (sic) ao limoeiro

E abaixo dele caí…

O limoeiro é a morte,

Ai de mim, que já morri!

CORO

Canta o pisco no salgueiro

Canta a cigarra no verão…

Canta o lavrador no campo

Só não canta o meu irmão!

CORO

Aí vem o luar (três vezes)

Atrás dos pinhais.

Adeus meu amor (três vezes)

Para nunca mais.

Eras bom rapaz

Ganhavas dinheiro.

Só tens o defeito

De seres gaboneiro. (três vezes)

Ganhavas dinheiro

No jogo da bola.

Convento de Grijó


530 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Cavalo que bebe o vinho

(Cantiga de final de trabalho, cantada entre o campo e a casa do

lavrador)

Cavalo que bebe o vinho,

Também bebe a aguardente, ai, ai, ai. (Bis)

CORO

Viva o vira, viva o vira,

Viva o vira, vira amor.

Diabo leve o cavalo,

Já não há quem o sustente, ai, ai, ai. (Bis)

CORO

O cavalo morreu ontem,

O dono no mesmo dia, ai, ai, ai. (Bis)

CORO

Panela de ferro de três pernas

O cavalo deixou pena,

O dono deixa alegria, ai, ai, ai. (Bis)

CORO

Ai desfolhadas

As desfolhadas na aldeia, ai

Em qualquer casa se faz.

Fazem virar a aldeia

Ao mais sincero rapaz.

CORO

Ai desfolhadas, lindas desfolhadas

Vinde raparigas todas lavadas.

Saiam de casa preparem-se bem

Que os namorados lá estão também.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

531

Ai desfolhadas, lindas desfolhadas,

Vinde raparigas todas lavadas.

Saiam de casa preparem-se bem

Que os namorados lá estão também.

Já se acabaram as espigas,

Ai já não há que desfolhar.

Rapazes e raparigas

Vamos p’ra eira dançar. (Bis)

Cantiga da eira

Pelo mar abaixo

Vai uma panela…

Ó do rum, tum, tum

Vamos atrás dela!

Deixei o limão correndo

E à tua porta parou…

Quando o limão te quer bem

Que fará quem to botou!

Eira

A saia da Carolina

Tem dois tomados da frente

Ai, sim, Carolina, ó i ó ai

Ai, sim, Carolina, ó ai meu bem.

Os tomados da Carolina

Fazem inveja a toda a gente!

Ai, sim, Carolina, ó i ó ai

Ai, sim, Carolina, ó ai meu bem.

Pelo mar abaixo

Vai uma maceira (ou gamela)

Ai, sim, Carolina, ó i ó ai

Ai, sim, Carolina, ó ai meu bem.

Cantigas de chamamento

Aí vem o luar por entre os pinhais

Adeus meu amor para nunca mais

Eras bom rapaz ganhavas dinheiro

Só tens o defeito de ser gaboneiro.


532 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ó ramo ó lindo ramo ó ramo da oliveira

O meu amor é mais lindo ora que anda na brincadeira

Que anda na brincadeira que anda na lealdade

O meu amor é mais lindo ora que anda na mocidade.

Cantigas de roda

Ai ó Laura querida Laura ai já não passo à tua porta

Já rasguei as tuas cartas o teu retrato já não me importa

Ai já rasguei as tuas cartas ai nos mais altos pinheirais

Ó Laura querida Laura digo-te adeus para nunca mais.

Olha a carroça do gás que falta nos faz devido à cheia

Andavas pela cidade à claridade à luz da candeia

Só tu és o meu rapaz quando é que lá vais quando lá irás

Arranja quem tenha amores que eu amores não tenho nem os sei amar.

O chapéu do Antoninho só custou quatro vinténs

Ainda mal era estreado já lhe dava os parabéns

Bater palmas palmas palmas ó meu amor dá cá a mão

Dá-me cá estes teus braços amor do meu coração.

A geração de cantadores ao desafio está em decadência, e não

é fácil improvisar momentaneamente.

Hoje os tempos são outros, as solicitações necessariamente

serão diferentes, as mentalidades alteraram-se, mas ainda hoje

quando uma desfolhada do resto se realiza, procura-se recordar

velhos tempos e os cantadores são solicitados, por todo o lado,

mas continuam com a mesma virtude que os evidenciou, cantando

por prazer e nunca por dinheiro.

A MATANÇA DO PORCO

Depois de cevados, os porcos são mortos, na época própria, para

serem acondicionados em salgadeiras, preparo de enchidos, etc.

São comprados porcos pequenos para a engorda, mas estes

devem entrar no curral, às arrecuas, e depois de esfregados com

alhos por causa da má olhadura. Mas, se por qualquer circunstância

não medrarem bem, deve um homem urinar-lhes no lombo.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

533

Matam-se os porcos, no quarto crescente da lua. Dizem que a

carne cresce na panela; e se forem mortos, no quarto minguante,

a carne não cresce.

A matança ocupa no mínimo quatro homens.

Um vai ao aido amarrar, com uma corda, a perna do porco.

O matador, à saída do aido, aguarda o animal para lhe fazer a

laçada, enquanto os outros dois, agarrados às orelhas, arrastam

o porco para ser amarrado à cabeçalha do carro de bois e ao

fueiro da traseira.

Depois de morto, o animal é chamuscado com mato ou moliço

e raspado e lavado com um pedaço de telha.

Em seguida já lavado, o porco é parcialmente aberto, na traseira

e na frente, para ser metido o chambaril (pau ligeiramente

curvo que firmava nos nervos das pernas do porco), a fim de ser

dependurado no gancho.

Começa-se então por tirar o fato (tripas, fígado, língua, colada,

bofes e coração), que as mulheres vão lavar ao rio.

Coloca-se uma cana entre as costelas, para que a carne fique

a secar até ao dia seguinte, em que o porco vai ser desmanchado.

Havia também a tradição dos mandados, isto é, presentes aos

amigos e a quem se devia favores.

Um bocado de lombo, de febras, de sangue e de fígado cozido,

é oferta muito apreciada.

Importa referir a figura típica do capador, que na época própria,

percorria os caminhos das aldeias, anunciando com uma

gaita própria, a sua presença, para consumar a sua actividade.

Muitas vezes, o capador acumulava tais funções com a implantação

do arganel no focinho do porco, guarda-soleiro, consertando

louças e guarda-chuvas e afiando tesouras e navalhas.

Boa parte deles era de origem galega que se acoitavam em

espaços de casas, das terras por onde passavam.

CICLO DO VINHO

O vinho verde, também chamado vinho da terra e o americano

que se alastrou nos últimos anos por todo o lado e quase não

existiam campos que não tivessem a sua ramada circundando o

terreno.

Existem nesta região dois tipos de cultura.


534 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Espremedor

A ramada de esteios e barrotes de madeira e mais recentemente

em ferro e arames onde as videiras são amarradas em

posição horizontal.

A de enforcado, ou seja, videiras abraçadas a árvores, especialmente

choupos.

Esta variante vai sendo substituída porque as uvas à sombra

da folhagem apresentam qualidade inferior.

O ciclo do vinho começa em janeiro/fevereiro com a poda,

aguardando-se rebentar das vides março/abril, que é uma época

bastante delicada para a produção.

Se nevar nesta época os rebentos são queimados e a colheita

será menor.

Contudo a época mais sensível para o vinho americano é em

junho quando os cachos estão a limpar.

Se houver nevoeiro pelo S. João a vindima será pobre.

Aguarda-se até à vindima, tarefa deveras trabalhosa, porque

é feita por processos artesanais, absorve muita mão-de-obra.

Nesta época a aldeia transforma-se com o vaivém das escadas

das gigas e dos canistréis (ou caniços).

E estes depois de cheios são despejados em gigas e destas

para o lagar ou dornas, usadas se a quantidade é pequena, onde,

já noite, serão pisadas.

As uvas são esmagadas por homens, que descalços e em calções

andam duas horas a dar ao pé até as uvas ficarem completamente

esmagadas, estando a operação completa quando a

grainha ficar à superfície.

Volvidos dois dias, tira-se o vinho para os pipos, saindo o

bagaço para o alambique para se extrair a aguardente a que se

chama bagaço.

O vinho não deve ser feito, quando a lua der volta, porque

ferve todos os meses.

TRAJES

Os seus trajes representativos: eram: Noivos remediados, Ir à

missa, Domingar, lavrador e lavradeira ricos, campo, festa, feira,romaria,

moleiro e padeira. Ainda não vai longe o tempo em que

as raparigas daqui usavam uns trajes característicos que foram

desaparecendo com a moda.

Em dias de festa, usavam vestir muitas saias e com bastante

roda, um paleio, punham um chapéuzinho de palha enfeitado


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

535

com uvas e folhagem artificiais e preso por um elástico à farta

trança de cabelo, ou então o típico chapéu de maçanetas com um

lenço de seda por cima.

As que tinham posses, usavam dois ou três pares de brincos

grandes, cordões grossos de argolas, com enormes corações, cruzes

e medalhões. com imagens da Paixão de Cristo e de Nossa

Senhora.

Algumas iam para as festas carregadas de ouro que até pareciam

uma montra de ourives. O seu peito era um verdadeiro

tabuleiro de ouro. Ora isso desapareceu. Mais tarde, usavam

poucas saias e quase sem roda (como as senhoras), blusas justinhas,

pois andam tão arrochadas nos seus corpetes que parece

usarem espartilho. Os grossos cordões e as argolas deram lugar

a cordões finos e a broches. Os chapéus de palha e de maçanetas

também passaram de moda, ficando apenas o lenço, que o trazem

sobre os ombros e atado à frente com um nó nas pontas, ou

estas presas por um broche de ouro.

Havia, também, linhares e espadeladas, que foram caindo em

desuso, mercê da redução do cultivo do linho.

Noivos

Homem: Fato de seborreco preto, camisa de linho branco,

laço em seborreco preto, sapatos e chapéus, pretos.

Mulher: Saia e blusa de veludo preto, lenço de cambraia fina,

meias brancas rendadas e chinelas pretas. Como adereço, o ramo

de noiva e a sombrinha.

Festa

Nas mulheres: Saia de seda comprida e rodada, chambre

branco de algodão e paletó de veludo lavrado ou de fazenda

de lã preta. Em tempo mais quente, em vez de paletó usava-se

uma blusa de seda. Chapéu de alamares ou chapéu de pluma,

lenço de seda, meia branca lavrada e chinela preta. (Há também

a variante do traje de missa de mulher rica: semelhante ao traje

de festa, mas nele a mulher usa capa preta sobre os ombros, que

acompanha a saia quase até baixo e lenço de seda ou de cambraia

fina amarrado por baixo do queixo).

Nos homens: Calça preta de fazenda, bota preta de elástico,

camisa branca de linho, colete preto com costas lisas ou axadrezadas

e chapéu preto.


536 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Traje de ir à missa (só para mulheres pobres)

Saia comprida de fazenda , blusa de algodão, chinela com

ou sem meias, um lenço de algodão ou de cochiné pela cabeça e

amarrado sob o queixo e uma saia preta de fazenda, pelos ombros

(a substituir a capa, que não podia comprar).

Romeira

Saia de justão, avental de popelina, blusa de pano cru, lenço

de cachené com folhos, pelas costas, cabeça coberta com lenço e

chinelas nos pés ou descalça . Como adereço, a condessa (cesto

em verga para a merenda), com toalha de linho bordado.

Romeiro

Traje de trabalho, com colete e camisa de riscado, lenço rapeleiro

ou tabaqueiro ao pescoço. Na cabeça, chapéu de palha

ou de algodão, ou boné. Nos pés, botas. Às costas, um corno ou

uma cabaça para levar a boa pinga.

Trabalho

Nas mulheres: Saiote de baeta, blusa de chita, faixa vermelha,

lenço de chita ou cachené, chapéu de palha pelas costas e socos

ou tamancos. Como adereços, a foice ou foicinha e o ancinho.

Nos homens: Calças em burel ou cotim, camisa de riscado,

lenço rapeleiro (tabaqueiro), corda à cinta, chapéu de palha ou

boné de cotim, botas nos pés.

Varino

Capa preta, em flanela de lã (ou baeta), com capuz. Para agasalhar

do frio e no inverno e para os serões e nas escapeladas e

até para vigiar a porta da namorada. Ao homem que usava tal

trajo chamavam-lhe o embuçado ou serandeiro e usava um varapau

de marmeleiro, para o que desse e viesse.

Palhoça

Capa de palha de junco para abrigar, da chuva e do frio, o

trabalha do campo. Usava-se com ou sem capuz.

Leiteira e Lavadeira

Saia de chita ou de algodão, avental do mesmo tecido, blusa

de chita e algibeira de pano. Faixa preta à cinta. Na cabeça, ro-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

537

dilha e lenço de cochiné, caído. Canado e medidas (quartilho e

meio quartilho) de folha. Nos pés, chinelos.

Casal de Padeiros

Homem: Calças, camisa e avental em linho branco, touca na

cabeça de pano e nos pés, umas soletas de madeira com uma tira

em cabedal. Como adereço, pá de levar a massa ao forno.

Mulher: Saia e blusa de chita, avental de linho, na cabeça um

lenço de chita amarrado ao queixo, e chapéu de homem, (usado

e enfarinhado). Nos pés, socas de madeira e cabedal, xaile preto

pelas costas (para abrigar do frio). Como adereços, uma pequena

masseira e colher de madeira para amassar a farinha.

Podador

Traje de trabalho, com camisa de riscado e uma jaleca do mesmo

tecido e chancas. Na cabeça, boné ou chapéu de cotim. À cinta,

um cinto de couro onde eram engatadas a tesoura e o trinchete.

Moleiro

Traje de trabalho, calça de cotim, camisa de riscado e camisola

de lã de ovelha no inverno. Nos pés, soletas. Na cabeça, boné

ou carapuça.

Crianças

Rapaz: Camisa de riscado, calças com alças e boné de cotim

e botas ou botins pés. Como adereços, o arco e a gancheta e a

sacola em serapilheira.

Rapariga: Vestido de chita, sacola em serapilheira, meias brancas

e socas nos pés.

Como adereços para as brincadeiras, a boneca de trapos.

INSTRUMENTOS MUSICAIS

As pessoas utilizavam com o acompanhamento, instrumentos

de corda, a saber: violas ramaldeiras, cavaquinhos, bandolim, violão

e violino, além dos tradicionais bombos, ferrinhos e reque-reque.


538 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

A tocata que acompanhava as festas compunha-se, normalmente,

de: acordeão, pífaro artesanal feito de cana, viola braguesa;

viola, violão, bombo, reque-reque, cavaquinhos e ferrinhos.

O reque-reque, o pífaro, os ferrinhos e o bombo são instrumentos

produtores de som utilizados há muitos anos atrás e atualmente

usados para marcar a cadência das danças que os dançarinos

exibem.

Ferrinhos

Os ferrinhos são instrumentos de vibração, muito utilizados

pelos grupos de folclore, são construídos por uma barra de aço

em forma triangular, não unida nas pontas e suspensos num fio

de guita para que a vibração seja livre quando percutido com

uma barra do mesmo metal.

Reque-reque

O reque-reque é um idiofone fricativo a que a maioria dos

etnógrafos portugueses atribui origem áfrico-congolesa, defendendo

que teria sido difundido na Europa a partir dos nossos

descobrimentos marítimos.

Pode ser construído a partir de madeira ou de uma cana, em

que se cavam pequenos rasgos formando uma superfície dentada.

Nalguns casos, surgem nos grupos folclóricos instrumentos

desta natureza, representando figuras humanas ou de animais

em forma burlesca.

Flauta

A flauta é um instrumento individual e de passatempo que

os homens do campo, especialmente os pastores, tocavam nas

horas de solidão, junto dos rebanhos. Num passado não muito

distante, era utilizada, partilhando com outros instrumentos, a

animação dos bailes e festas populares.

Cavaquinho

O cavaquinho é um pequeno violão de quatro cordas que se

afinam, geralmente, em sol, dó e mi. É um instrumento que tem

bastante interesse na marcação de ritmos no tom adequado, utilizando-se

muito em várias regiões do nosso País, sendo, todavia,

o fulcro da sua acção na Ilha da Madeira, onde tem também a

designação de machete ou rapão.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

539

Viola

A viola, instrumento encordoado com seis ordens de cordas

duplas, surgiu mais tarde com seis cordas metálicas simples, para

se conservarem mais tempo afinadas. Com estas novas características,

foi introduzida em Portugal na primeira década do século

vinte, de acordo com Mário Sampaio Ribeiro.

Era um instrumento relativamente frequente na animação de

bailes e desgarradas. Não tanto como a gaita de beiços, concerteza,

nem sequer posteriormente como a concertina. Mas mesmo

assim indubitavelmente usual.

A viola braguesa ou viola de arame

Esta viola designa-se de braguesa devido à grande popularidade

que sempre teve no distrito de Braga. É pois uma viola caracteristicamente

portuguesa, montada com cinco ou seis pares

de cordas, todas elas de aço ou de arame. O seu uso encontra-se

muito espalhado nos Açores, na Madeira, no Brasil e nas ex-colónias

portuguesas.

CANTARES E DANÇAS

CANTARES

Rosinha do Cruzeiro

Ó Rosinha do Cruzeiro

Que fizeste à longa trança

Que trazias lá na aldeia?

Vieste para a cidade

Perdida pela vaidade

Cortaste-a, ficaste feia!

Eras linda e sedutora

Como uma rosa em botão

Que tinha no meu canteiro…

Tão linda que o senhor morgado

Por ti ‘stava apaixonado

Ó Rosinha do Cruzeiro!

Pedido de um soldado que parte

Adeus, ó Micas, lá vou eu p’ra guerra

A Pátria a defender no batalhão…

Não te esqueças de quem chora por ti,

Não dês a nenhum outro o coração!


540 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

As Ceifeiras

Nós somos lindas ceifeiras

Pomos na eira o trigo loiro…

Vamos ceifar as espigas

Ó raparigas, nosso tesouro…

CORO

Ó de ceifa, ceifou,

Ó de torna a ceifar…

Ó do baila, bailou,

Cada qual com seu par!

Bendita seja a seara

Que nos manda o nosso

pão…

Meninos pobres e ricos

Farinha de extrema unção!

CORO

O Sr. José Coelho

Ó Senhor José Coelho

Seus porcos andam na eira…

Eu armei esta mentira

Em acção de brincadeira!

Ó Marianinha, ó minha menina,

Seus porcos andam na eira…

Eu armei esta mentira

Para ir p´ra brincadeira!

Lá no Tempo de Criança

Ela:

Lá no tempo de criança

Já tu eras meu amigo…

Eu fugia à minha mãe

Para ir brincar contigo…

Não há nada desejado

Que não seja aborrecido!

Ele:

Lá no tempo de criança

Havia gostos sem maldade…

Brincava, agora não brinco,

Porque não tenho vontade…

Já quis, agora não quero,

Estou na minha liberdade!

DANÇAS

Rusga ao Senhor da Pedra e outras Rusgas

As rusgas a caminho da romaria ao Senhor da Pedra, cantavam os

seus versos, fazendo o seu pezinho de dança no arraial.

(Canção base da romaria que se realiza anualmente, desde tempos

imemoriais nos terreiros arenosos das praias de Miramar junto à capelinha

do Senhor da Pedra, no dia da Santíssima Trindade).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

541

Este tipo de manifestação sacro-profana não se circunscreve a

Santa Maria da Feira, havendo mesmo notícias da existência de

rusgas vindas do interior norte e centro do país.

Naturalmente, que Mozelos não escapa a tal atração, como

foi escrito pelo escritor Manuel Laranjeira:

Fui com minha mãe de meu irmão, os pequenos, a Augusta, a

outra gente da casa, à romaria do Senhor da Pedra. Íamos com a

despreocupação íntima de quem vai merendar ao ar livre.

Que olhos odientos e negros essa gente nos lançava. Olhos de ódio

e de espanto! Comprendi e a Augusta compreendeu também. Rimo-

-nos da nossa desvergonha e sobretudo da virtude indignada dessa

gente. À Augusta disse-lhe eu a meia-voz: Tantos jantares estragados

no estômago dessa gente por nossa causa! Ela, no mesmo tom, sorrindo:

– A inveja é mais indigesta do que os marmelos crus (Laranjeira,

Manuel: 1ª Agenda: Diário Íntimo: 15 de junho de 1908, citado

por Silva: Manuel Laranjeira (1877-1912) – Vivências e Imagens

de uma época: 304).

Orlando Silva faz também as seguintes considerações:

A romaria do Senhor da Pedra, que se realiza no domingo depois

do Espírito Santo, junto à praia, em Gulpilhares, Vila Nova de

Gaia, era, ao tempo de Manuel Laranjeira, uma das mais alegres e

concorridas de quantas tinham lugar nos subúrbios do Porto. Dessa

cidade, das freguesias gaienses, do concelho de Espinho, do da Feira,

afluíam ao local logo ao alvorecer, ranchos de romeiros de todas as

condições sociais. Manhãzinha, cumpriam-se as promessas; depois,

comia-se, bebia-se e folgava-se no areal ou à sombra acolhedora das

copas dos pinheiros até o sol ser comido de mansinho por aquele mar

que carinhosamente ia lambendo as fraldas do rochedo onde se ergue a

singular e singela ermida (Silva: OP.CIT.:305).

Nestas rusgas, muitas vezes, feita a pé, os romeiros, cantavam

e dançavam, trazendo à cabeças das mulheres as condensas com

os merendeiros que eram consumidos, nos arraiais.

Quando os romeiros estão no arraial, armam roda, ficando

do lado de dentro as raparigas e os rapazes do lado de fora, sempre

a girar.

A meio de cada estrofe, que um dos solistas canta, a roda gira

ao contrário. Acabada a quadra, bailam para um lado e para o

outro, isolados.

Quando, em tempos passados, as rusgas seguiam na estrada,

faziam a dança em marcha e, a espaços, paravam para armar a

roda, entoando sempre as estrofes a seguir transcritas.


542 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

A canção está muito difundida até Coimbra, norte e terra de

Lafões.

Enquanto decorre o baile, os solistas (rapaz e rapariga) cantam

bisando de dois em dois.

Ele

Fostes ao Senhor da Pedra

Minha rica Mariquinhas

Nem por isso me trouxestes

Um ramo de camarinhas...

Ela

Hei-de ir ao Senhor da Pedra.

P’ra colher as camarinhas.

Mas o meu amor é de lá

Já mas tem apanhadinhas.

Ele

Hei-de ir ao Senhor da Pedra

Inda que leve um mês

Só p’ra ver os milagres

Que o Senhor da Pedra fez.

Ela

Hei-de ir ao Senhor da Pedra

Que o meu irmão já lá foi...

Hei-de ir atrás da capela

Ver a pegada do boi.

Ele

Meu rico Senhor da Pedra

No caminho pedras tem...

Se num fosse um milagre

Já lá num ia ninguém...

Ela

Meu rico Senhor da Pedra

Meu rico Senhor sejais...

Todo o ano me esqueceis

Só no dia me lembrais.

Ele

Hei-de ir ao Senhor da Pedra

De penedo em penedo

Quando o mar se alevanta

Té as camarinhas têm medo

Ela

Meu rico Senhor da Pedra

Este ano lá hei-de ir

Ou casada ou solteira

Ou mocinha de servir.

Ele

Meu rico Senhor da Pedra

Meu rico Senhor da Areia.

Eu queria entrar lá dentro

Mas a capela está cheia.

Ela

Meu rico Senhor da Pedra

Que dais a quem Vos vem ver?

– Terreno p´ra passear

E água fresca p´ra beber

As pessoas de Mozelos também tinham por costume ir em

rusga à Senhora da Saúde, nos Carvalhos (Gaia), entoando várias

estrofes como as que, a seguir, se apresentam:

Ó Senhora da Saúde,

Dai saúde à minha gente,

Que me ficou, lá, em casa,

Uma sã, outra doente.

Ó Senhora da Saúde,

Vós, no alto, e eu, na cova;

Descei, cá abaixo, e vinde

Comigo p’ra Vila Nova!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

543

Ó Senhora da Saúde,

Que dais a quem vos for ver?

Aguinha da minha fonte

A quem a quiser beber.

Ó Senhora da Saúde,

A vossa toalha cheira:

Cheira a cravos, cheira a rosas,

Cheira a flores de laranjeira!

Ó Senhora da Saúde,

Este ano lá hei-de ir,

Ou solteira, ou casada,

Muito me hei-de divertir!

Ó Senhora da Saúde,

Lá do alto do Murado,

Mandai p’ra cá o moleiro,

Que eu ando a pão emprestado!

Ó Senhora da Saúde,

Deixai o meu Manuel

Vir das terras do Brasil,

Num barquinho de papel!

Ó Senhora da Saúde,

A romaria está a acabar…

Senhora, dai-me saúde,

Para o ano cá voltar!

A Senhora da Saúde

Tem varandas para o mar…

Não deixeis o meu amor

Naquelas águas ficar.

A Senhora da Saúde

Tem vinte e quatro janelas:

Quem me dera ser o sol

Para entrar por uma delas!

A Senhora da Saúde

Só ela pode brilhar:

Tem a sua capelinha

Levantada, à beira-mar.

A Senhora da Saúde,

Veio, cá, abaixo, à Costeira,

Com as mangas arregaçadas

Parece uma lavradeira.

Nossa Senhora da Saúde,

Carvalhos, Vila Nova de Gaia

Ó Senhora da Saúde,

Dai saúde ao meu irmão,

Que ele está p’ra dizer missa;

Dai-lhe o cálice para a mão!

Ó Senhora da Saúde,

Minha mãe, minha madrinha,

Eu já fui à vossa casa,

Agora, vós vindes à minha!

(Sousa: Cancioneiro Entre Douro e Mondego: 300 a 303)

A romaria de S. Domingos da Serra era também destino dos

romeiros, com os mesmos propósitos e fins das romarias ao Senhor

da Pedra e à Senhora da Saúde:

Ó S. Domingos da Serra,

Que estais na vossa capela,

Deitai-me por água-benta

As lágrimas de uma donzela.

Ó S. Domingos da Serra,

O caminho pedras tem;

Se não fora por milagre,

Já cá não vinha ninguém (ID.:IBID.:307 e 308).

São Domingos da Serra,

Castelo de Paiva


544 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Também a romaria de S. Cosme e da Senhora do Rosário, em

Gondomar, a última do ano na região, era também um destino

obrigatório das gentes das terras da Feira.

Ó milagroso S. Cosme

Eu sobre a água vou…

Deixai-me tornar a ver

Uma mãe que me criou.

Eu hei-de ir para o S. Cosme,

Hei-de passar a Buinha…

A minha saia amarela

Já não tem a cor que tinha (ID:IBID.:307).

São Cosme e São Damião,

Gondomar

Ó Senhora do Rosário

Ó milagrosa santinha,

Eu sou a vossa afilhada,

E vós a minha madrinha (ID.:IBID.: 299).

Não corteis a oliveira

Nem lhe boteis o machado,

Que alumia o dia e a noite,

A Senhora do Rosário (ID.:IBID.: 59).

S. Cosme e S. Damião, os santos irmãos médicos, também

serviram de inspiração ao seguinte provérbio:

S. Cosme e S. Mião tiram quantos males hão.

Siga a Rusga

ELE

Siga a rusga, siga a rusga,

Hoje tenho a liberdade

De cantar ao desafio

A mais a minha comadre...

CORO

Vira comadre

Cá pró meu lado...

Hoje temos que falar

Do dia do batizado!

ELA

Ó compadre, se quiser

Já pode perder a ideia...

Já tratei o casamento

Co’o Manel da nossa aldeia...

CORO

ELE

O Manel da tua aldeia!

Num sabe o que se passa

No dia do baptizado,

Daquela grande desgraça...


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

545

CORO

ELA

Lá por me dares um abraço

Num me estás no pensamento...

Ficou por fora da roupa

E foi levado no vento...

CORO

Estas é que são as saias...

Estas claças, estas é que são...

Era frequente o sistema do rapaz e rapariga, solistas, cantarem

como se fora ao desafio, enquanto a roda de pares girava ao

compasso de uma cantiga.

Havia uma em que as raparigas saíam da roda e iam ao meio

mostrar as saias, que apanhavam à mão, à medida que repetiam:

Estas é que são as saias...

Quando voltavam para junto dos rapazes, seus pares,

avançavam estes que, puxando as calças até meio da perna

direita, levantando esta ligeiramente, cantavam:

Estas calças é que são...

No regresso aos seus lugares dançavam em rodopio com as

raparigas e, todas em coro, completavam:

São cantadas e bailadas

Amor do meu coração!

A seguir, bisavam, trocando de par.

Esta roda teve voga nos arraiais do Senhor da Pedra pequenino,

onde muitos se juntavam com os seus merendeiros para ver

passar os carros dos romeiros e as rusgas que vinham a pé, com

seus tambores, violas e pandeiretas, a cantar estrofes alusivas ao

Senhor de Miramar.

A Cana Verde

(Dança aculturada pelo povo, a partir de danças nos salões nobres,

vistas pelos criados)


546 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Se tu visses o que eu vi,

No buraco da parede,

O sardão a mai-la bicha

A dançar a cana verde…

Ó minha caninha verde,

Verde cana de encanar…

Já morreram as velhas todas,

Já não há quem talhe o ar…

Ó minha caninha verde,

Ó minha verde caninha…

De mim não fazes farelo,

Mas podes fazer farinha.

Eu pintei a cana verde,

Eu pintei a verde cana...

Eu pintei a cana verde

No travesseiro da cama!

Ó minha caninha verde,

Ó minha verde caninha...

Para amar e querer bem

Num há terra como a minha!

A moda da cana verde

É uma moda bonita...

Agora é que estou p’ra ver

Quem é que arrebenta a fita!

Cana Verde Vareira

A cana verde vareira (Bis)

Arrebentou ao nascer (Bis)

Assim arrebente os olhos

A quem não me pode ver.

A cana verde vareira (Bis)

Verde cana de encanar (Bis)

Morreram as velhas todas

Já não há quem talhe o ar.

A cana verde vareira (Bis)

Verde cana, ó i ó ai (Bis)

Sou filha de uma viúva

Bem nova fiquei sem pai.

A cana verde vareira (Bis)

Também tem a sua dor (Bis)

Eu também terei a minha

Seja ela qual for…

A cana verde vareira (Bis)

Anda ao redor do navio (Bis)

Eu bem quero mas não posso

Sustentar, amor, teu brio!

A cana verde vareira (Bis)

‘Stá enterrada na areia (Bis)

Quem a for desenterrar

Tem cem anos de cadeia!

A cana verde vareira (Bis)

Navega e não vai ao fundo (Bis)

Indas (sic) que queira, não posso

Tapar as bocas do mundo

A cana verde vareira (Bis)

Anda como um caracol!...(Bis)

Os homens são o vento,

As mulheres são como o sol!

A cana verde vareira

Arrebentou ao nascer...

Assim arrebente os olhos

De quem me num puder ver!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

547

Cana Real das Canas

(Dança de roda, cantada e dançada em romarias e festas)

Ó cana real das canas,

Quem te mandou aqui vir

Ai se t’eu agora matasse

Quem te havia de acudir

CORO

És tão bonita, és tão corada

És tão bonita, ó minha amada

Ó cana real das canas,

Ó cana real de Gaia… (Bis)

Ai fui eu quem assentou praça.

Na barra da tua saia. (Bis)

CORO

Ó cana real das canas,

Ó cana real do Porto… (Bis)

Ai fui eu quem assentou praça.

Na barra do teu saioto (Bis)

CORO

Ó cana real das canas,

Ó cana real do Carvalhido… (Bis)

Ai! Adormeço e acordo

Contigo no meu sentido!

CORO

Ó cana real das canas,

Ó meu anjinho do céu… (Bis)

Fui eu que assentei praça

Nas fitas do teu chapéu!

CORO

Ó cana real das canas,

Ó cana real caninha… (Bis)

Ó Mariquinhas moleira

Dá-me da tua farinha!

CORO

E eu vou-te picá-la azinha

Se prometeres a ser minha!

A Velha

(Dança de roda com cantiga algo matreira, usada em finais de trabalho)

Ai, uma velha muito velha.

Mais velha que o meu chapéu.

Eu falei-lhe em casamento.

Ela ergueu as mãos pró céu.

CORO

Ai agora é que meu maneio.

É que meu maneio,

é que meu maneio.

Nos braços do meu amor.

Eu caio sem arreceio.

Ai eu caio sem arreceio.

Eu caio sem grande dor.

Agora é que meu maneio.

Nos braços do meu amor.

Ai eu namorei uma velha

Mais velha que o meu gaibão.

Eu pedi-lhe em casamento.

Ela disse-me que não.

CORO

Ai eu casei-me com uma velha.

Por causa da filharada

Fui filho da pouca sorte

Deu-me dez de uma assentada.

CORO


548 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Tirana

(Dança palaciana, dos salões nobres e aculturada pelo povo)

A Tirana morreu ontem

E enterrou-se na lareira...

Deixou uma mão de fora,

Para ajudar a cozinheira.

A Tirana morreu, ontem,

E enterrou-se na privada…

Ficou c’uma mão de fora,

Para cheirar a pitada…

A Tirana morreu, ontem,

Deus a leve ao paraíso…

Deixou-me uma saia velha…

Não posso chorar com riso!

À volta, Tirana, à volta,

À volta, Tirana, eu vou…

Vou dar a vida a quem ma deu,

Dar morte a quem me matou…

Tirana, olé, Tirana,

Tirana, olé, olé…

Casar c’um homem, sem dote,

É remar contra a maré.

Tirana, olé, Tirana,

Tirana, viste-lo ir

Por aquela barra fora,

Não lhe fostes acudir.

A Tirana morreu, ontem,

Foi-se enterrar na cadeia;

Disseram os presos todos

Nunca vi mulher tão feia.

Tirana, minha Tirana,

Tirana do arvoredo…

O meu pai foi degredado,

Eu vou cumprir o degredo.

Você, Senhora Tirana,

Diz que não come nem bebe…

Ela, serradinha, ao meio,

Não há carro que a leve.

Bonita ó Linda

(Dança de origem nobre, vista pelos criados, e trazida para o seio do

povo, que a aculturou)

Eu hei-de te amar, amar

Sim bonita ó linda.

Eu hei-de te amar, amar

Eu hei-de te amar querer

Sim Bonita – ó – Linda

Sem teu pai nem mãe saber.

Eu hei-de te amar, amar

Sim bonita ó linda

Hei-de amar a cerejeira

Hei-de te tirar de casa.

Sim bonita ó linda.

Nem mãe que a tua mãe não queira.

Nem que tua mãe não queira

Sim bonita ó linda

E o teu pai diga que não

Queira eu ou queiras tu

Sim bonita ó linda.

Está o poder na nossa mão.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

549

Vira

Ó moças virai, virai,

As costas ao Carvalhido…

Eu também viro as minhas

Ao largo de Santo Ovídio! (sic)

Ó moças virai, virai,

Que o nosso vira me alegra…

Se não fosse o vosso vira

Eu não vinha a esta terra!

Meninas dançai o vira

Até os sapatos romper…

Que o sapateiro é pobre

Ajudai-o a viver…

Ó moças virai, virai,

Que eu gosto de ver virar…

Se não fosse o vosso vira

Não vinha a este lugar.

Quando eu era pequenina

Usava fitas e laços…

Agora, que sou casada,

Trago meus filhos nos braços!

Vira Valseado

(Dança de roda. Era uma prova de resistência que só terminava quando

ficava apenas um par a dançar)

ELE

Ai rapazes, dançai o vira. (Bis)

Ai o vira tem liberdade. (Bis)

Alargai-vos no terreiro.

Dançai o vira à vontade. (Bis)

ELA

Ai rapazes, vamos embora. (Bis)

Ai que está meia-noite andada. (Bis)

Ai vamos ver se aproveitamos.

Ai o sono da madrugada. (Bis)

ELE

Ai aí vai a derradeira. (Bis)

Ai aí vai para acabar. (Bis)

Dançai todas raparigas.

O vira vai terminar. (Bis)

Vira da Meia volta

Ai, ó moças vamos ao vira,

Ai que o nosso vira me alegra

Ai se não fosse o vosso vira

Ai se não fosse desta terra.

Ai ó moças, virai, virai

Ai que gosto de ver virar

Ai as moças da minha terra

Ai com chinelas a saltar.

Ai ó moças, vamos ao vira

Ai até o chinelo romper

Ai o sapateiro é pobre

Ai, ajudai-o a viver.

Ai ó moças virai, virai

Ao no meio deste terreiro

Ai o vira da nossa terra

Ai que alegra o mundo inteiro.


550 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Virai, virai, raparigas,

Virai enquanto é dia;

Se não fosse o vosso vira, ´

Eu nunca mais cá viria.

O Velho

(Dança de roda, em esforço, demonstrando força e elegância, dançada

nas festas dos lavradores)

Olha o velho, olha o velho

Olha o velho como foge

Eu fui dar com o velho morto

Atrás da porta da loje.

CORO

Olha o velho digo, digo.

Olha o velho trás cá o velho.

Olha o velho digo, digo.

Olha o diabo do velho.

Que queria casar comigo.

Olha o velho pequenino.

Olha o velho trás cá o velho.

Olha o velho pequenino.

Anda cá ó meu velhinho.

Tornamos a ser meninos.

CORO

Olha o velho, olha o velho

Olha o velho está a suar

A velha abriu a janela

P’ró velhote tomar ar.

Malhão

(Dança em linha ou coluna usada a caminho de festas e romarias)

Ó malhão, triste malhão,

Ó malhão, triste, coitado,

Por causa de ti, malhão,

Ando roto, esfarrapado.

Ó malhão, malhão.

Ó malhão do Porto

Se matar, matei,

Se morrer, estou morto.

Ó malhão, malhão,

Que vida é a tua!...

Comer e dormir,

Passear na rua.

Ó malhão, malhão,

Ó malhão de Aveiro,

Foste dar o feno,

Estava eu primeiro.

Ó malhão, triste malhão,

Ó malhão, triste, coitado,

Por causa de ti, malhão,

Anda o mundo enganado.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

551

Regadinho

(cantiga de trabalho)

Água leva o regadinho (Bis)

Água leva e vai regar

Todos dizem que te deixe (Bis)

Mas eu nun posso deixar! (Bis)

Água leva o regadinho (Bis)

P’ra regar a pionia

Todos dizem que te deixe (Bis)

Mas eu nun deixo, Maria! (Bis)

Cum pena peguei na pena (Bis)

Cum pena escrevi um esse…

Mandei cum pena dezer (Bis)

Ao um amor que viesse! (Bis)

Água leva o regadinho (Bis)

Vai regar e vai regar…

Enquanto rega e num rega (Bis)

Meu amor vai descansar! (Bis)

Ai quem me dera que te visse (Bis) Água leva o regadinho (Bis)

Trinta dias cada mês…

Vai regar o alecrim…

Na semana sete dias (Bis) Enquanto rega e num rega (Bis)

E, a cada dia, uma vez! (Bis) Vira-te p’ra mim, Joaquim! (Bis)

Água leva o regadinho (Bis)

Vai regar o que está murcho…

O milho ao lavrador (Bis)

Que seca pelo caruncho! (Bis)

Pastorinha

(Dança de roda, cantada e dançada nas eiras após as desfolhadas)

ELE

Donde vens ó pastorinha.

Com o cestinho no braço. (Bis)

ELA

Venho de ver meu amor.

Que está preso no palácio. (Bis)

CORO

ELE

Donde vens ó pastorinha.

Tão cedo de madrugada. (Bis)

ELA

Venho de apagar o fogo

Naquela serra queimada. (Bis)

CORO

CORO

Pastorinha, anda a mais eu.

Ora se tu comigo queres vir. (Bis)

Comes aonde eu comer,

Dormes aonde eu dormir. (Bis)


552 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Vira de Roda

ELA

A cantar ganhei dinheiro (Bis)

A cantar se me acabou

A cantar ganhei dinheiro.

E a cantar se me acabou

Dinheiro mal ganhado

Água deu água levou. (Bis)

ELE

Moro à beira do rio (Bis)

Minha vida é caçar peixe

Eu quero deixar o mundo

Antes que o mundo me deixe.

(Bis)

ELA

Minha mãe case-me cedo (Bis)

Enquanto sou rapariga

Minha mãe, case-me cedo.

Enquanto sou rapariga

Que o milho sachado tarde

Não dá palha nem espiga

ELE

Debaixo desta ramada (Bis)

Não chove nem cai orvalho (Bis)

Menina que Hades ser minha

Não me dês tanto trabalho.

(Bis)

Vira de Cruz

(Cantiga e dança de resistência, de formação em cruz, com elevada

expressão cultural)

ELE

Ó moças, dançai o vira. (Bis)

Rapazes, virai, virai. (Bis)

O vira é muito lindo.

Tudo abana e nada cai.

CORO

Ai tudo abana e nada cai. (Bis)

ELE

Ó minha pombinha branca. (Bis)

Empresta-me o teu vestido. (Bis)

Ainda que seja de penas.

Eu em penas também vivo.

CORO

Ai eu em penas também vivo. (Bis)

ELA

Ó cantador não vás hoje. (Bis)

Que amanhã também é dia. (Bis)

Eu hoje quero cantar.

Com a tua companhia.

ELA

Rapazes, virai, virai. (Bis)

Batei o pé nesta eira. (Bis)

Não há dinheiro que pague.

A mocidade solteira.

CORO

Ai com a tua companhia. (Bis)

CORO

Ai à mocidade solteira. (Bis)


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

553

Furta Furta

O pai do ladrão

Mais a mãe da ladra

Foram ao meu jardim

Num me deixaram nada!

CORO

Ora furta, furta,

Meu verde limão...

Rapaz, furta a moça

Tens ocasião...

Se a num furtares

Lambão ficarás!

Ficarás lambão,

Lambão já estás!

CORO

O pai do ladrão

Diz que sim há-de ir

Se não for este ano

Vai p’ró ano que há-de vir.

CORO

O pai do ladrão

Era lavrador

Vendeu um arado

Comprou um tambor.

CORO

O Pai do ladrão

É muito bom homem

Quando vai à missa

Se há-de rezar come.

Farracatinho

De onde vens, p’ra onde vais, ó de Geraldina

Vou a casa do meu parente.

Sou filha das tristes águas, ó de Geraldina

Neta das águas correntes.

CORO

Meia volta, te darei eu (Bis)

Ou darei ou não

Outra meia, se mais não der

Ó farracatinho, ó farracatão,

Batei palmas e palminhas

Lá no meu peixinho, lá no meu peixão

Lá no meu farracatinho

Lá no meu farracatão

Viva o nosso pai João. (Bis)

De vens, p’ra onde vais, ó de Geraldina

Vou buscar-te uma flor

Vou ali ao meu jardim, ó de Geraldina

A casa do meu amor.


554 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

CORO

De onde vens, p’ra onde vais, ó de Geraldina

Como é que tens passado

Eu tenho passado bem, ó de Geraldina

Muito bem, muito obrigado.

CORO

As Calças do Meu Amor

As calças do meu amor

Custaram quatro vinténs

Inda não foram estreadas

Já lhe davam parabéns.

CORO

Batei palmas (Bis)

Ó meu amor dá cá a mão

Dá-me cá esses teus braços

Que eu dou-te o meu

.coração

Fui à fonte beber água

E a água era fresquinha

Foi naquela linda fonte

Que arranjei esta menina.

CORO

A noite estava tão bela

E era tão lindo o luar

Dei abraços e beijinhos

Com carinho até fartar.

CORO

Rosinha

(Entrava nas desfolhadas)

Ó Rosinha,

Rosinha do meio,

Vem comigo

Regar o centeio...

Regar o centeio,

Regar a cevada,

Ó Rosinha

Minha namorada...

Minha namorada

O teu amor sou eu...

Não me vou embora

Sem um beijo teu!

Senhora Ana

Ó Senhora Ana, ó Senhora Maria,

Às quatro é noite, às cinco é de dia

Ó Senhora Ana do cais da Ribeira

Você não quer não falta quem queira.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

555

Ó Senhora Ana, Ó Senhora Aninhas

Afaste o seu galo das minhas galinhas

Ó Senhora Ana do cais da Ribeira

Você não quer não falta quem queira.

Ó Senhora Ana, o seu galo deu

Uma picadela na crista do meu

Ó Senhora Ana do cais da Ribeira

Você não quer não falta quem queira.

Cais da Ribeira

Ó Senhora Ana, não corte, não corte

A raiz ao lírio que lhe causa a morte

Ó Senhora Ana do cais da Ribeira

Você não quer não falta quem queira.

A Rabela

(É outro vira em que os pares vão bailando durante o solo do cantado.

No fim da cantiga, dão a volta, sempre a mudar de par, até cada qual

encontrar o seu)

Minha mãe era rabela,

Eu com ela me criei...

Vamos dançar a rabela

Que eu outra moda não sei!

A minha mãe era rabela

E o meu pai é rabelão;

Eu também sou rabelinho,

Que tão bela geração!

Minha mãe era rabela

Eu sou uma rabelinha

Minha mãe vende da grande

Eu vendo da pequenina.

Ó senhor rei do barco

Olhe lá sua barquinha

Olhe lá sua esparrela

Que não embarre na minha.

Ó rabela, Ó rabelinha

Meu amor do coração

Andas a mostrar as pernas

A quantos rabelos hão.

O Verdegar

A moda do verdegar

É uma moda bem bonita

Todas as modas se acabam

Só a do verdegar fica.

Ó verdegar, verdegar,

Ó verdegar, verdeguei

Por causa do verdegar

Meu pai minha mãe deixei.


556 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ó verdegar, verdegar,

Ó verdegar, passarinho,

Quem quiser o verdegar

Tem de ir buscá-lo ao ninho.

A moda do verdegar

É bonita sim, é, é

Moda de andar à redonda

E o resto bater o pé.

Ó verdegar, verdegar,

Ó verdegar, verdeguita!

Todas as modas se acabam,

Só a do verdegar fica.

O Aveiro

(Ao iniciar o baile os rapazes e as raparigas alinham em duas filas,

de frente uns para os outros)

Ria de Aveiro

Ó Aveiro, ó Aveiro,

Ó Aveiro mariola

Trago o Aveiro pintado

Nas cordas de uma viola.

Ó Aveiro, ó Aveiro,

Ó Aveiro pequenino...

Trago o Aveiro pintado

Nas cordas de um cavaquinho.

Aveiro por ser Aveiro,

Por ter marinhas de sal,

És a terra mais bonita

Deste nosso Portugal!

Ó Aveiro, ó Aveiro,

Ó Aveiro, manganão

Trago o Aveiro pintado

Nas cordas de um violão.

Ó Aveiro, ó Aveiro,

Ó Aveiro do demónio...

Trago o Aveiro pintado

No tampo do meu harmónio!

Ó Aveiro, ó Aveiro,

Ó Aveiro mariola...

Trago o Aveiro pintado

Nas costas de uma viola!

Vira Velho

(Armam-se duas filas de rapazes e raparigas. No princípio eles ficam a peneirar

junto delas, durante a cantiga, respeitando a marcação. Terminada

cada quadra os rapazes recuam e trespassam, voltando à primeira forma)

Ó moças, virai, virai...

Que o vosso vira me alegra...

Se não fosse o vosso vira

Eu não vinha a esta terra!

Ó moças, virai, virai,

Té os sapatos romper...

Que o sapateiro é pobre,

Ajudai-o a viver!

Ó moças, virai, virai,

Que aí vem a viração...

Aí vem o comboio novo

A chegar à estação!

Ó moças, virai, virai,

Guardai o que vosso é...

As que num cantam, nem dançam,

Também lhes escorrega o pé!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

557

Ó moças virai, virai,

Dai as voltas ao redor...

Se eu quiser dezer bem sei

Quem é que dança melhor!

Ó moças virai, virai,

Virai que eu também virei...

Por causa do vosso vira

Meu pai, minha mãe deixei!

Ó moças virai, virai,

Que eu gosto de ver virar...

Se num fosse o vosso vira

Eu num vinha aqui cantar!

Chapéu de Palha

Aqui nesta roda não entra canalha (Bis)

Só entra o peneira de chapéu de palha. (Bis)

CORO

Ó de rouba e rouba e torna a roubar (Bis)

Rouba a melhor moça que na roda andar (Bis)

Já cá vai roubada, já cá vai na mão (Bis)

Já cá vai metida no meu coração. (Bis)

Foi mais um peneira que aqui entrou (Bis)

Deixai-o bailar qu’inda não bailou. (Bis)

CORO

Ó meu peneirento tiveste azar (Bis)

Julgavas-te esperto, ficaste sem par. (Bis)

A Ilda

(Canção de roda para romaria)

Ó Ilda que foste ao baile

Foste dançar uma valsa

P’ra lá foste calçadinha

P’ra cá vieste descalça

CORO

Ó Ilda que te enliaste

No mais alto arcipeste

Eu também me enliaria

Ó Ilda tu não quiseste

CORO

Vai, vai, meu amor, vai, vai...

Vem, vem, meu amor, vem, vem...

Eu só a ti quero amar

Ó Ilda e a mais ninguém!

CORO

Ó Ilda que me fugiste

P’ró meio deste silvestre...

Eu chamo por ti Ó Ilda,

Mas tu não me apareces


558 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Alargai-vos Raparigas

Todos davam as mãos e faziam movimentos de vaivém até

àquele que ficava no meio.

Em coro, com rima encadeada e repetindo de dois em dois

versos, cantavam assim:

CORO

Alargai-vos, raparigas,

Que o terreiro é estreito...

Quero dar duas voltinhas,

Quero dá-las ao meu jeito...

Quero dá-las ao meu jeito,

Ao meu jeito quero dar

Alargai-vos, raparigas,

Se vos podeis alargar.

Ó Senhora da Saúde

O que tens para nos dar

Uma fonte p’ra beber

Um terreiro p’ra dançar.

CORO

Canta o pisco no salgueiro

Canta a cigarra no campo

Cantigas ao meu amor

Para mim são um encanto.

CORO

Quem me dera ser a hera

Pela parede a subir

Eu iria ter contigo

Ao teu quarto de dormir.

A Ciranda

(Dança de roda conhecida em vários cancioneiros regionais. A dança

é um tanto arrastada, sem vivacidade. Quando entram no refrão os

pares obedecem às expressões que os obrigam a fazer as meias voltas, a

volta inteira e a troca de par)

Ciranda, minha Ciranda,

Vamos nós a cirandar…

Vamos dar a meia volta,

Volta e meia vamos dar.

Ó Ciranda, ó Cirandinha,

Eu hei-de ir ao teu serão...

Fiar duas maçarocas

Do mais fino algodão...

CORO

Ó Ciranda, ó Cirandinha,

Vamos nós a serandar...

Vamos dar a meia volta,

Outra meia, vamos dar...

Vamos dar a volta inteira,

Passa à frente e troca o par!

Ó Ciranda, Ó Cirandinha

Que andas sempre a cirandar

É depois da meia-noite

Que anda a Ciranda ao luar.

CORO

Ó Ciranda, ó Cirandinha,

Aperta o teu coletinho...

Coração que é de nós dois

Deve andar conchegadinho!

CORO


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

559

A Canoa

A Canoa foi à pesca

E toda a gente se admirou

Por ser a primeira vez

Uma baleia ela pescou.

CORO

Ah! Ah! Ó minha canoa

Bota a rede ao mar

Que a maré está boa...

Canoa anda lá longe

Anda lá longe a navegar

No céu anda uma estrela

Anda noite e dia p’ra acompanhar.

CORO

DANÇAS E CANÇÕES INFANTIS

Há ainda algumas décadas dançavam-se nos recreios das

escolas as danças que se apresentam.

Senhora D. Anica

Senhora D. Anica,

Venha abaixo do seu jardim.

Venha ver as lavadeiras

A fazer assim, assim.

Senhora D. Anica,

Venha abaixo do seu jardim.

Venha ver as bordadeiras

A fazer assim assim.

Senhora D. Anica,

Venha abaixo do seu jardim.

Venha ver os sapateiros

A fazer assim assim.

Senhora D. Anica,

Venha abaixo do seu jardim.

Venha ver as brunideiras

A fazer assim assim.

Senhora D. Anica,

Venha abaixo do seu jardim.

Venha ver as costureiras

A fazer assim assim.


560 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Os Caçadores

Ora dizem mal, ora dizem mal dos caçadores,

Só por matarem., só por matarem os pardais.

Ai os teus olhos, os teus olhos, meu amor

Ainda matam, inda matam muito mais.

Ora ponha aqui, ora ponha aqui o seu pezinho,

Ora ponha aqui, ora ponha aqui ao pé do meu

E ao tirar, ao tirar o seu pezinho

Ai um abraço, ao um abraço lhe dou eu.

Júlia

Ó Júlia, Ó Júlia, Ó Júlia

Que é, que é. (Bis)

Se quiseres dançar, ó Júlia

Tens de pôr aqui o pé. (Bis)

Tens de pôr aqui o pé

Tens de pô-lo aqui no chão.

Se queres dançar, ó Júlia

Tens de dar-me a tua mão.

(Bis)

Ó Júlia, ó Júlia, ó Júlia (Bis)

Já vou, já vou, já vou!

Se queres dançar, ó Júlia

Anda cá que eu aqui estou. (Bis)

O Cuco da Floresta

Estava na floresta,

O cuco a cantar

Por trás de uma giesta

Nós fomos escutar.

Cucu, cucu, cucu, cucu, cucu.

A noite estava fria,

E não tinha luar,

Ouvimos lá ao longe

O lobo a uivar.

Au, au, au, au.

Marianita

Os olhos da Marianita

São verdes cor de limão. (Bis)

Ai sim, Marianita, ai sim

Ai não, Marianita, ai não.(Bis)

Os olhos da Marianita

São negros cor de carvão. (Bis)

Ai sim, Marianita, ai sim

Ai não, Marianita, ai não.(Bis)


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

561

Ora, Bate, Bate

Ora, bate, bate, já canta a rolinha

Ora, bate, bate, no ninho sozinha.

Ora, bate, bate, já canta a rolinha

Ru, ru, ru, ru, no ninho sozinha.

Ora, bate, bate, já canta o cuquinho

Ora, bate, bate, no alto raminho

Ora, bate, bate, já canta o cuquinho

Cu, cu, cu,cu no alto raminho.

Ora, bate, bate, já canta a poupinha

Ora, bate, bate, no ninho sozinha.

Ora, bate, bate, já canta a poupinha

Poupai, poupai que eu sou pobrezinha.

Ora, bate, bate, já canta o grilinho

Ora, bate, bate, no seu buraquinho

Ora, bate, bate, já canta o grilinho

Gri, gri, gri, gri, gri, no seu buraquinho.

Ó Rosa Arredonda a Saia

Ó Rosa arredonda a saia

Ó Rosa arredonda-a bem

Ó Rosa arredonda a saia

Olha roda que ela tem.

Olha roda que ela tem.

Olha roda que ela tinha.

Ó Rosa arredonda a saia

Que fique bem redondinha.

O Barquinho Ligeiro

Um barquinho ligeiro andava

Ligeirinho, andava no mar.

A nuvem passou, o mar se agitou

O vento a soprar e o barco a virar.

Vem as ondas baloiça o barquinho

E o barquinho faz tchape no mar.


562 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Giroflé

Dispunham-se dois grupos de rapazes e raparigas em duas

linhas afastadas alguns passos e frente a frente.

Um dos grupos avançava para o outro (todos de braço dado)

e a solista cantava em toada alegre:

Eu fui ao jardim celeste...

Os outros, recuando acrescentavam em coro:

Giroflé, flé, flá...

A seguir, avançava o outro grupo, cantando assim a solista:

O que foste lá fazer?

E, em coro, os outros, à medida que retrocediam para o seu

lugar, cantavam o estribilho:

Giroflé, flé, flá...

Avançava de novo o primeiro grupo e, a solista, esclarecia:

Fui buscar uma rosa branca...

E, o coro, do mesmo jeito, respondia:

Giroflé, flé, flá...

Voltava à carga o outro grupo perguntando:

P’ra quem é essa rosa branca?!

E, recuando, os outros em coro entravam com o refrão:

Giroflé, flé, flá...

Voltava o outro grupo com a sua solista para responder:

É para a menina Dulce (ou para o menino F...)

A outra fila finalizava, então:

É do que ela gosta mais... (ou ele)

Com o coro

Giroflé, flé, flá...

Aquela ou aquele a quem foi dedicado o brinde era envolvido por

todos, que faziam roda, e andando à volta de mão dadas cantavam:

Vai de roda em toda a roda,

Vai de roda em solidão...

Ora, Aperta, Amor, Aperta

Enquanto todos bailavam, uma delas cantava, bisando os

dois últimos versos:

O meu amor e o teu

Andam ambos na ribeira

O meu anda à erva-doce

O teu à erva-cidreira.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

563

O baile suspendia os passos, cantando todos em coro, bisando

de 2 em 2:

Ora aperta, amor, aperta...

Aperta a minha centura...

Este laço de bem-querer

Só tem fim na sepultura...

Quando diziam ora aperta colocavam os braços nas costas

(ou na cinta) do respectivo par, puxando-o levemente.

Quando falavam da cintura mudavam de posição, entrelaçando

os braços com o par.

Ao chegar ao terceiro verso dançavam aos pares e, ao bisar,

modificavam a posição das mãos e até a própria dança.

A solista entrava com outra quadra, bisando também os últimos

versos:

O anel que tu me deste

Era de vidro e quebrou...

Assim dure a tua vida

O que o anel me durou!

Os pares voltavam, em coro, ao estribilho:

Ora aperta, amor, aperta...

A solista ainda tinha outras cantigas:

O meu amor ontem à noite

Pela vida me jurou

Que se vai deitar ao mar

Eu atrás dele não vou.

Ai que linda moça aquela

Que naquela casa mora

Sem me dares um beijinho

Não me vou daqui embora.

Ó lampião da esquina

Alumeia cá pra baixo...

Que eu perdi o meu amor

E, às escuras, não num acho!

Rua abaixo, rua acima,

Toda a gente me quer bem...

Só a mãe do meu amor

Não sei que raiva me tem...

O meu amor eras tu

Se não te fosses gabar...

Pelo boca perde o peixe,

Quem te a ti mandou falar?!

Atirei o limão verde

À menina da varanda...

O limão caiu lá dentro

A menina já cá anda...

Noutra roda de pares ficava um lá dentro.

Então, enquanto giravam em roda, a solista contava e repetia

o Fora o noivo:

Fora o noivo… (três vezes).

Que estará a fazer lá dentro?

Os outros, em coro, respondiam e também bisavam:


564 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Está a fazer a cama,

Está a fazer o ninho,

Pró dia do casamento!

O do meio, apontando os que queriam pô-lo fora, decidia assim:

Não te quero, (três vezes)

Não te quero a ti, não!

Em coro, todos bisavam e, depois, o do meio apontando

uma, levava-a consigo em baile e contava:

Quero só a ti, (Bis)

Amor do meu coração!

Os pares à medida que dançavam, repetiam em coro a

pequena estrofe.

No final, entrava outro para a berlinda e a roda prosseguia.

Está um Lenço...

Os rapazes e raparigas, colocando um no meio com um lencinho

na mão, bailavam em volta, enquanto a solista erguia a voz:

No alto daquela serra (Bis)

Está lá um lenço... (Bis)

De mil cores!... (Bis)

E, os outros, em coro fechavam:

Vai dizendo: Viva! Viva! (Bis)

Morra... morra...

Quem não tem amores! (Bis)

O do meio escolhia uma para seu par e intimava:

Ajoelha-te aos meus pés e reza... (Bis)

Ela ajoelhava e, os da roda, sempre a girar, lamentavam:

Nem assim... nem assim

Tens compaixão! (Bis)

Mas, o do meio, retorquia:

Levanta-te e vem dançar (Bis)

Enquanto os da roda, em coro, rematavam:

Amor do meu coração! (Bis)

A fechar, os pares dançavam na roda.

Ó de Rouba, Rouba

Os pares juntavam-se em roda, deixando um no meio, à medida

que a solista cantava, bisando de dois em dois:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

565

Ó de furta, furta

Do verde-limão,

Rapaz, rouba a moça,

Tens ocasião…

Já cá vai roubada,

Já cá vai na mão,

Já cá vai metida

No meu coração.

Ó de rouba, rouba,

E torna a roubar;

Rapaz, deixa a moça,

Vai pró teu lugar.

É mais um peneira

Que na roda entrou...

Deixai-o bailar

Qu’ inda num bailou...

Os outros, em coro, acrescentavam repetindo os últimos dois

versos:

Ó de rouba, rouba,

E torna a roubar...

Rouba a melhor moça

Que na roda andar...

O do meio, em obediência ao determinado, roubava a que

lhe agradasse e cantava, bisando os últimos versos:

Já cá vai roubada,

Já cá vai na mão...

Já cá vai metida

No meu coração!

O coro, nesta altura, “increpava-o”:

Rapaz deixa a moça,

Vai pró teu lugar...

Que ela não te ama

Nem te quer amar...

Também bisavam os dois versos finais e, depois, todos os pares

dançavam em roda.

Vamos Seguindo Avante...

Ao terminar a quadra do desafio, os pares davam o braço,

seguindo sempre em volta, com as raparigas do lado de dentro.

E, com música própria, os rapazes cantavam em coro:

Vamos seguindo avante

Rapazes da nossa aldeia...(Bis)

Depois, as raparigas, iam ao meio da roda mostrar as saias

interiores e completar a canção:

Mostrando as nossas rendas

E a nossa fina meia... (Bis)

Passavam ao meio os rapazes e, por seu turno, cantavam:

E nós os nossos calções

E o nosso pé delicado... (Bis)


566 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

E, as raparigas, tomando os seus pares dançavam em conjunto,

rematando todos:

E o nosso corpo bem-feito

Pelas damas invejado... (Bis)

No bisado mudavam sempre de par.

Delaidinha

(dança de raparigas)

Já lá vai a Delaidinha,

Já lá vai p´rá sepultura...

A quem deixaria ela

O cestinho da costura?!

Já lá vai a Delaidinha,

Já lá vai no seu caixão...

A quem deixaria ela

O seu lencinho de mão?!

O seu lencinho de mão

Deixou-o a uma prima minha...

P’ra que lhe reze por alma

Uma só Salve-Rainha...

Condessa de Aragão

(Roda de raparigas que se agarravam à saia de uma que ficava no meio)

Fora da roda estava um rapaz que, dirigindo-se à do meio,

solicitava:

Ó condessa, ó condessinha,

Ó condessa de Aragão...

Venho pedir-te uma filha

Das mais lindas que elas são!

O coro bisava a estrofe e a condessa, seguidamente, recusava:

Minha filha não te dou

Nem por ouro, nem por prata,

Nem por sangue da lagarta,

Que a criar tanto custou!

Insistia o de fora:

Oh! Que tão alegre vinha,

Tão triste me vim achar...

Pedi a filha à condessa,

Condessa não ma quis dar!

A do meio, com pena, reconsiderava:

Volta atrás, ó cavalheiro...

Se tu fores homem de bem

Minha filha te darei

E a souberes estimar bem!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

567

Então, ele, faz promessa solene:

Estimo bem, como bem,

Sentada numa almofada...

Enfiando contas de ouro,

Salta cá, minha esposada!

Neste ponto levava uma rapariga consigo e girava em volta

da roda.

Depois fazia outro pedido, a partir da estrofe inicial, e tudo

continuava até levar as outras.

Anda e Roda

Ficava no meio uma rapariga e uma da roda entrava assim,

dirigindo-se à da berlinda:

A menina que está no meio

Está na idade,

Está na idade de se casar...

Bisados os dois últimos versos a roda girava e respondia em

coro fazendo também bis na última parte:

E anda a roda,

Desanda a roda,

Escolha o par,

Escolha o par

Que lhe agradar!

Quando diziam e anda a roda a dança seguia no mesmo sentido

mas, ao cantar desanda a roda, voltavam para o lado contrário.

A do meio, quando a roda parava, apontava uma e cantava,

bisando o final:

Eu não te quero,

Tu não me serves...

Só a ti, só a ti

Que hei-de amar...

Quando dizia só a ti roubava o que tinha apontado e todos

bailavam em pares.

Se era um rapaz que estava no meio escolhia para o baile uma

rapariga.

Estas preferências davam muitas vezes a nota de estima e

de afecto entre os que participavam na roda e até se iniciavam

namoros por este modo.

Quando cantavam só a ti o rapaz colocava a mão direita na

anca da rapariga e, quando bisavam, a mão do rapaz apertava a

mão da rapariga à altura do ombro, abraçando o par pelas costas

com a outra mão.


568 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Mata, Tira, Lira, Lira

Organizavam-se duas rodas concêntricas de raparigas. As de

fora cantavam:

A nossa roda é tão linda,

Mata a tira, lira, lira...

As da outra roda acrescentavam:

A nossa mais linda é,

Mata a tira, lira, lira...

Voltavam as primeiras à carga:

Qual delas quereis vós?

Mata a tira, lira, lira...

As do outro grupo escolhiam:

A menina F... (diziam o nome)

Mata tira, lira, lira, lira...

Continuavam as outras:

Que lhe dareis vós?

Mata a tira, lira, lira...

E seguia a resposta das seguintes:

Damos-lhe uma boneca (ou uma flor)

Mata tira, lira, lira...

Se fosse de aceitar a oferta, a escolhia ia para o meio e as

outras do seu grupo aderiam:

É do que ela gosta mais!

Mata a tira, lira, lira...

Se a prenda fosse fraca e não a quisessem aceitar, a rapariga

falada não ia para o meio e, o coro, reprovava:

É disso que ela não gosta!

Mata a tira, lira, lira...

Para o meio da roda iam passando as de fora, até que, as

da roda exterior, passavam a ser as circundantes, continuando a

dança desde o principio.

Machadinha

A machadinha ficava no meio e saía da roda quando a canção

o determinava.

A do meio cantava uma quadra.

As outras mandavam escolher par. Ela fazia a escolha do

rapaz e, então, dançavam em conjunto e aos pares, bisando de 2

em 2 versos.

Dizia o coro:

Ah! Ah! Ah!

Minha machadinha,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

569

Quem te pôs a mão

Sabendo que és minha?

Sabendo que és minha,

Também eu sou tua,

Salta machadinha

Pró meio da rua...

A machadinha retorquia:

No meio da rua

Não hei-de eu ficar...

Eu hei-de ir à roda

Escolher meu par...

Os do coro consentiam:

Escolha o par

Que lhe agradar...

Um ramo de violetas

P’rá acompanhar...

Viuvinha

Fazendo roda cantavam em coro, dirigindo-se à viúva e bisando

os dois primeiro e os três últimos versos:

Olha a triste viuvinha,

Ela ali vem a chorar...

Juro que não hás-de achar,

Que não hás-de achar

Com quem casar...

Ela, então, perguntava a um da roda:

Queres casar comigo?

Ele respondia: – Não...

O coro, a seguir, repetindo os dois primeiros e os três últimos

versos, chasqueava assim:

Já levastes um cabaço,

Dois ou três hás-de levar...

Juro que não hás-de achar,

Que não hás-de achar

Com quem casar...

A viuvinha dirigindo-se a outro, inquiria de novo:

Queres casar comigo?

Ele respondia: – Não...

O coro voltava ao vexame:

Já levastes dois cabaços,

Três ou quatro hás-de levar...

Juro que não hás-de achar,

Que não hás-de achar

Com quem casar...


570 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

A viuvinha teimava com outro:

Queres casar comigo?

Aqui, encontrava adesão:

Quero...

Rejubilando com o facto cantava, bisando:

Graças a Deus que arranjei

Noivo para me casar...

O coro continuava a divertir-se, cantando e repetindo:

Nem a noiva tem que vestir,

Nem o noivo que calçar...

À medida que iam cantando, dando as mãos em roda, giravam

sempre em volta da viuvinha, que estava no meio.

Quando a viuvinha encontrava o par dançava com ele e os

outros pares do mesmo modo.

Havia variantes, como em quase todas as rodas.

Vestido Branco

Vestidinho branco

A todas fica bem...

Só à menina F...

Olaré!

A mais que a ninguém!

A mais que a ninguém,

Quer por dentro, quer por fora,

Só o menino F...

Olaré!

É que a namora...

É que a namora,

É que a namorou...

Ao sair da igreja

Olaré!

A mão lhe apertou...

A mão lhe apertou

Muito bem apertadinha...

Ao sair da igreja

Olaré!

Estava casadinha...

O bisado fazia-se de dois em dois.

Jardineiras Floreiras

Jardineiras, floreiras,

Vocês que andais a vender?

Vendo cravos, vendo rosas,

Raminhos de bem-querer...

Tenho aqui muito dinheiro

Dentro da minha algibeira,

Mas não é para você

Que eu sou muito regateira!

Indo por aqui abaixo

Em busca dos meus amores

Encontrei uma floreira

Carregadinha de flores...


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

571

A roda girava enquanto todos cantavam em coro a primeira

quadra, repetindo cada verso. Então, paravam para cantar em

conjunto a segunda quadra, batendo com as mãos nas algibeiras

durante os dois primeiros versos. No terceiro verso levantavam

o braço direito, fechando a mão, com excepção do indicador que

dava o sinal de Não.

Colocavam as mãos nas ancas, ao mesmo tempo que se meneavam

quando entravam no último verso.

Iam depois cantando outras estrofes no mesmo sistema, bailando

sempre.

O Vestido

Com o vestido de... formavam uma roda, pronunciando no

primeiro verso o nome da que ficava no meio. Bisando de dois

em dois versos, cantavam:

O vestido da F...

Custou-lhe quatro vinténs...

Inda não era estreado

Já lhe davam parabéns...

Batei palmas, palmas, palmas,

Ó meu amor dá cá a mão...

Meu amor dá-me os teus braços

Que eu dou-te o meu coração...

Quando diziam – batei palmas – batiam as palmas três vezes

e apertavam a mão quando a cantiga ordenava.

No fim da segunda quadra davam os braços e dançavam aos

pares.

Zumba

A barra da minha saia

Foi você quem ma queimou...

Co’a ponta do cigarro

Quando comigo bailou...

Bisavam de dois em dois versos.

E tinha este refrão repetido:

Zumba, zumba, zumba, olé!

Zumba na barra da saia, ó Zé!

Mascotes Cavalinhos

Era uma roda de pares No fim do segundo e quarto verso

diziam tche, tche, tche, pondo as mãos na cinta:

O meu amor nun está cá

Foi prá ilha da Madeira...

Tche, tche, tche!...


572 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Lá por ele cá nun estar

Brinco da mesma maneira...

Tche, tche, tche!...

Havia depois uma espécie de diálogo em que se juntava o

tche, tche, tche a seguir a cada verso:

A senhora que deseja?

– Um molhinho de carqueja!

A senhora que cobiça?

– Um molhinho de chamiça!

E terminava com este estribilho:

Ó mascotes...

Ó mascotes, cavalinhos...

Tremeliques, canivetes...

Ao saltar,

Ao saltar a carrasquinha

Tem cautela nun te espetes!

Carrasquinha

Era despique entre rapazes e raparigas:

Ai a moda da carrasquinha

Todos gostam de a dançar (Bis)

Viva toda a freguesia (Bis)

E o povo deste lugar

CORO

Carrasquinha sacode a saia (Bis)

Ó Manel alevanta o braço

Já que não me dás um beijo (Bis)

Olaré dá-me se quer um abraço

Ai coitadinho de quem tem

Ai dois amores na mesma rua

Passo por um diz olá (Bis)

Olaré e outro logo amua

ELAS:

A moda da carrasquinha

É uma moda excelente...

Bota o joelho ao chão

Dá vivas a toda a gente...

CORO

Carrasquinha sacode a saia,

Carrasquinha alevanta o braço...

Já que num me dás um beijo, Olaré!

Dá-me sequer um abraço!

ELAS:

Fostes dizer ó meu pai

Que eu que morri por ti...

Eu morrer por ti nun morro

Mas querer-te bem, isso sim!

CORO

ELES:

Chamais-me rapaz pequeno

E é coisa que nun me zanga...

O galo, por ser pequeno,

Salta acima e gala a franga!

Os pares andam em roda pela direita nos primeiros versos e

depois voltam pela esquerda.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

573

Quando falam no joelho ao chão dobram ligeiramente os joelhos

e no verso seguinte fingem dar vivas.

Na segunda quadra vão cumprindo a mímica assinalada, sacudindo

as saias e levantando os braços, fingindo beijar e dando

depois um leve abraço no par.

Ó que Lindo Par eu Levo

Ó que lindo par eu levo

Aqui á minha direita...

Ó que linda rosa branca

Que tão belo cheiro deita!

Cravo Branco à janela

É sinal de casamento

Menina recolha o cravo

Que o casar inda tem tempo

Ó luar da meia-noite

Que alumias cá p’ra baixo

Eu queria o meu amor

E às escuras não o acho

Meu amor era padeiro

Traz a cara enfarinhada

Se os beijos sabem a pão

Não quero comer mais nada

Ó luar tu és tão lindo

É tão linda a tua cor

Que alumias toda a noite

O quarto do meu amor

Que lindo botão de rosa

Aquela roseira tem...

Debaixo ninguém lhe chega,

Lá acima nun vai ninguém!

Ó minha mãe quem é aquele

Que pegou em mim na rua?

Ó ladrão deixa a menina

Que ela é minha e nun é tua!

Canastrinha

Atirei co’a laranja ao ar,

Coa laranja ao ar...

Caiu na areia!

À vista dos meus olhos

Quem tem juízo vareia!

Menina que vai andando

Cum a sua canastrinha...

Amostre-me a sua fruta

Se ela é boa e madurinha!

Minha fruta é muito boa

P’ra quem a quiser comprar

É laranjinha escolhida

De casa particular...

Ao escolher a laranja,

Escolha também limão,

Para tirar uma nódoa

Que eu trago no coração!

Que eu trago no coração

Uma laranja partida,

Para dar ao meu amor

Que anda de beiça caída...

Que anda de beiça caída,

Que anda de nariz torcido...

Para dar ao meu amor

Quando for o meu marido...


574 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Pezinho

(Era outra roda onde conforme ordenava a primeira estrofe colocavam à

frente o pé direito e mudavam depois e, ao abraçarem-se, davam volta)

Ponha aqui o sei pezinho

Ponha aqui ao pé do meu...

Ao tirar o seu pezinho

Um abraço lhe dou eu...

Meu amor não morras hoje

Que amanhã também é dia...

Eu também hei-de morrer,

Vou na tua companhia...

Ponha aqui o seu pezinho,

Ponha aqui, se quer pôr...

Se não quer pôr, não ponha,

Nun lhe peço por favor!

Primavera

Eu hei-de dizer à Lua

Quando estiver à janela,

Que não dê na minha rua

Porque eu brilho mais do que ela!

E o coro assinalava:

A primavera tem lindas flores,

Como ela não as há iguais...

A primavera vai e volta sempre

A Mocidade vai, não volta mais!

E a solista entrava de novo:

Não sei que mal fiz ao Sol

Que não dá na minha rua...

Hei-de vestir-me de preto

Que de branco anda a Lua!

E o coro repetia a sua estrofe.

JANEIRAS E REIS

Nas noites da passagem do ano e dos reis, era costume organizarem-se

grupos de tocadores e cantadores que percorriam as

ruas das povoações desejando bom ano aos moradores das casas,

sobretudo os mais abastadas, já que pretendiam deles chouriças,

bolos da época e outras iguarias.

Hoje esta atividade é desenvolvida pelos grupos etnográficos

em busca de dinheiro para as suas atividades.

Ontem como hoje entoam estas e outras cantigas.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

575

JANEIRAS

As janeiras não se cantam,

Nem aos reis, nem aos fidalgos;

Cantamos a vós, senhores,

Por ser ano melhorado.

Lá na noite do Natal,

Noite de grande alegria,

Caminhava São José

E mais a Virgem Maria;

Caminhavam para Belém,

Para lá chegar com dia.

Quando a Belém chegaram,

Já meia-noite seria.

S. José foi buscar lume,

Só ficou a Virgem Maria;

Quando São José chegou,

Já a Virgem tinha parido.

Pariu numa pobre porta,

Que nem uns paninhos tinha!

Deitou as mãos à cabeça,

Rasgou um véu que trazia.

Fê-lo em quatro pedaços

O Menino Deus cobria!

Desceu um anjo do Céu,

Que paninhos lhe trazia.

Uns eram bordados de ouro

Outros de cambraia fina.

Voltou o anjo ao Céu

Cantando Ave Maria Lá no

Céu lhe perguntaram,

Como ficou a Maria.

A Maria ficou boa

Só a noite muito fria.

Olhai lá para o Alto Céu,

Lá vereis uma cruz,

Com travesseiro e cama,

Para o Menino Jesus.

O Menino está no berço,

Embala-o S. José,

Os anjos lhe estão cantando

Gloria tibi Domine!

Embala, José! Embala

Com a mão nanja com o pé

Esse menino que embalas,

É Jesus de Nazaré!

Vamos ver a barca nova,

Que fizeram os pastores,

Nossa Senhora vai dentro

Os anjos são remadores.

Ó meu Menino Jesus,

Amar-vos é um regalo:

Nascestes à meia-noite

Ao primeiro cantar do galo!

BOAS FESTAS

Refrão

As Janeiras não se cantam,

Nem a Reis nem a criados,

Mas nós vimo-las cantar,

Por ser anos melhorados!

Estais a dormir, deveis acordar,

São as boas festas que vimos dar.

Estais acordados, vinde cá ver,

Abri a vossa porta p’ra nos receber!

Refrão

Viva o senhor desta casa,

À sua porta chegamos,

Vimos dar as boas festas,

No costume dos mais anos!

Refrão

Os três Reis do Oriente,

Toda a noite caminharam,

Em busca do Deus menino,

Que só em Belém acharam!


576 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Refrão

Vinde cá ver,

E ouvir também,

O que temos p’ra dizer,

Não é segredo p’ra ninguém,

Uma estrela no céu,

A anunciar o amor,

O menino que nasceu,

Acreditem por favor!

Refrão

Louvados sejam os Reis,

Que por montes e vales,

Enganaram, vós sabeis,

O Rei Herodes.

Seguindo por tal caminho,

No regresso às suas terras,

Protegendo assim o menino,

Da maldade das feras!

OS REIS

Ó da casa nobre gente!

Escutai e ouvireis:

Da parte do Oriente

São chegados os três Reis!

São chegados os três Reis

Da parte do Oriente,

Adorar o Deus menino,

Alto Deus omnipotente!

Antes das culpas de Adão,

Rezavam as profecias,

Que havia de vir ao mundo

O verdadeiro Messias.

Chegando aquele tempo,

Que era determinado,

Nasceu a mulher, flor

Daquele jardim sagrado.

Naquela noite ditosa

Que ao mundo deu alegria,

Nasceu o verbo divino,

Das entranhas de Maria.

Entrou e saiu por ela,

Como o sol pela vidraça;

Pariu e ficou donzela

Maria, cheia de graça!

Logo mandou o Padre Eterno

Com poder omnipotente,

A inspirar nos corações

Dos três Reis do Oriente.

Eles que já esperavam,

Por aquele grande amor,

Em ver que era nascido

O monarca superior,

Como humildes vassalos

Se deitaram ao caminho.

Chegaram à corte de Herodes,

Perguntaram de repente

Aonde era nascido

O monarca omnipotente.

Tem Herodes no seu peito

Uns desejos bem diferentes;

Desembainhou seu cutelo

No sangue dos inocentes.

Herodes como malvado,

Como perverso maligno,

Aos santos Reis ensinou

Ás avessas o caminho.

Deus que estava no Céu

Vendo tão grande desatino,

Mandou a estrela da guia,

Que lhe ensinasse o caminho.

Guiados pela estrela

Foram ter logo a Belém,

Adorar o Deus menino,

Que nasceu por nosso bem.

A estrela se poisou

Em cima duma cabana,

Aonde todos adoraram

A Jesus, neto de Ana

A cabana era pequena,

Não cabiam todos três;

Adoraram o Messias,

Cada um por sua vez.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

577

Os três reis lhe ofereceram

Ouro, mirra e incenso,

Não lhe ofereceram mais nada,

Porque era o Deus imenso.

Entrai, pastores, entrai!

Por esse portal sagrado

Lá vereis estar Deus menino

Numas palhinhas deitado;

Entrai, pastores, entrai!

E vinde ver e vereis

Em pobres palhas deitado

O soberano Rei dos Reis!

Tão pobrezinho nasceste

Meu adorado Jesus!

O pago que recebeste,

Foi pregado numa cruz!

Bem pregado numa cruz!

Bem puderas, meu Jesus,

Nascer em leito de ouro fino,

Mas para dares o exemplo,

Nasceste tão pobrezinho!

Glória seja dada ao Padre,

E a Deus filho também!

Glória ao Espírito Santo,

Para todo sempre. Amen!

CANÇÃO DE NATAL

Vimos dar as boas festas

À família desta casa (Bis)

Cantando com alegria

E o coração em brasa. (Bis)

Do Natal ao ano novo

Reina a paz e harmonia (Bis)

Eu peço a Deus para todos

Um Natal dia a dia. (Bis)

Às crianças que no mundo

Vivem sem sol no escuro (Bis)

Queremos que toda a gente

Tenha esperança no futuro. (Bis)

Abrem-nos a vossa porta

Vinde connosco cantar (Bis)

Vamos todos dar as mãos

Que ano novo vai chegar. (Bis)

Nesta quadra tão festiva

A todos vimos saudar (Bis)

Se Deus quiser para o ano

Nos havemos de encontrar. (Bis)

VIVA LÁ, SENHOR DA CASA

Viva lá sr. José

Ai à sua porta nos tem (Bis)

Ai venha abrir sua janela (Bis)

P’ra ver se a festa vai bem.

Viva lá sr. José

E a sua esposa querida (Bis)

Ai Deus lhe dê muita saúde (Bis)

Ai e muitos anos de vida.

Ai adeus ó sr José

Ai até ao ano que vem (Bis)

Ai Deus lhe dê muita saúde (Bis)

Pró ano novo começar.

Nascimento de Jesus

Foram os pastores,

E os Reis também,

Os anunciadores

Do Jesus de Belém.


578 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Estrela de Belém,

Que ilumina o céu

E a terra também.

Indica que nasceu.

Jesus de Maria,

Ao lado de José,

Enchendo de alegria

Os homens de boa fé!

Nasceu um menino,

Para o mundo mudar,

Ainda era pequenino

E já fazia pasmar.

Pelo que conseguia,

A todos ensinar,

Na vida do dia a dia,

Aos homens educar!

Os três Reis foram guiados,

Por uma estrela de guia,

Em busca do Deus menino,

Filho da Virgem Maria!

Os três Reis foram levados,

Por uma estrela brilhante,

Numa noite serenosa,

E um hino triunfante!

Lá no céu está uma estrela,

Formada de pedraria,

Anuncia o Deus menino,

Filho da Virgem Maria!

TRADIÇÕES DO CASAMENTO

Como é sabido, quer o casamento, quer o namoro e o noivado

que o precedem, têm regras e tradições a que os povos andam

intensamente apegados, por vezes, até de modo supersticioso.

Por outro lado, toda essa matéria anda envolvida em aspetos

aliciantes que convirá de algum modo sistematizar, seja no lirismo

das cantigas que os abarcam, seja nos ditos sapientes que lhes

respeitam, nos usos populares que os dominam ou até mesmo

nas crenças mágicas que os determinam.

Os usos e costumes desta região não são privativos e antes se

estendem a todo o norte do país, com pequenas variantes.

Os casamentos falados ou tratados foram poucos, em Santa

Maria da Feira, pois regra geral eram fixados através da solicitação

de terceira pessoa, muitas vezes o pai ou pais do noivo, mediante

um formal pedido que conduz ao noivado, como ainda hoje é lei.

Estes pedidos, porém, só se formulavam (e mesmo agora

também assim sucede) após um período mais ou menos longo

de preparação – o conhecido namoro.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

579

O NAMORO

Era nos terreiros e nos arraiais das romarias que se iniciava

o derriço.

As raparigas sentavam-se em lugar previamente fixado, às

vezes no adro da igreja, aguardando em fila que algum rapaz as

cortejasse.

Dizia-se em linguagem popular que a rapariga se punha em

praça...

O pretendente que passava dirigia galanteios aquela que mais

o impressionava, fazendo-o com um dito espirituoso ou uma expressão

graciosa ou mesmo uma quadra insinuante.

A moça em praça, já preparada para o despique, retorquia

em tom de aceitação ou de afastamento. Ainda hoje, nalguns

sítios durante a romaria, as raparigas manifestam os seus sentimentos

por meio de uma varinha.

Quando uma rapariga, vinha de um festa sem namorado,

dizia-se que vinha a arrastar a pescada e até a pequenada usava

dizer, em ar de galhofa: arrasta, arrasta!

Em tempos idos, aqueles e aquelas que passavam no arraial

pela primeira vez para o derriço iam desembarbar-se, como então

se designava a peripécia.

Os rapazes e as raparigas não podiam namorar com liberdade.

Há um dia no ano para iniciar os amores sem reparo: é o dia

de S. Tiago.

Chamam a essa peripécia, do iniciar o namoro, largar a caganita...

Nalguns lugares, quando o rapaz inicia a conquista da rapariga,

começando a persegui-la, diz-se que lhe arrasta a asa.

Os conversados mantinham diálogos ingénuos que não afectavam

o crédito da rapariga. Esta não perdia com tais conversas

inocentes, que não passavam de simples passatempo, e não representavam

compromisso para nenhum deles.

Terminada a justa de ambos se despediam e voltavam a repetir

o derriço com outras e com outros.

No fim do arraial era costume o rapaz acompanhar até à sua

residência a última rapariga com a qual estivesse derriçado. Se

alguma regressasse a casa sem conversado estava sujeita a galhofa,

dizendo-se que vinha a arrastar!


580 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Se o rapaz voltasse a casa da rapariga para a ver e prosseguir

na conversa encetada (em geral aos domingos e dias santos) principiava,

então, um namoro a sério.

Mas, enquanto o namoro não entrasse num capítulo de compromisso,

ambos falavam de pé, muitas vezes até às escondidas.

Quando o rapaz entrava de namorar em ambiente de confiança

a sentar-se numa cadeira, sentando-se também ela noutra.

Durante o namoro, trocavam prendas, fotografias com dedicatórias

e cartas amorosas que faziam o enlevo de um e outro.

Porém, caso não continuasse o namoro, restituíam-se os objectos

trocados e a correspondência.

Era crença, que ainda hoje se mantém, que os namorados

não podiam fazer troca ou dar lenços brancos por tal facto ser de

mau presságio, significando apartação, como também era mau e

dava infelicidade oferecer objectos que picassem (alfinetes, tesouras,

canivetes, etc.

A rapariga solteira não podia assobiar, fosse onde fosse, pois

não casaria virgem se violasse a prescrição.

Não deviam varrer-se os pés de rapaz solteiro pois, fazendo-

-o, varria-se-lhe o casamento.

Quando uma rapariga solteira ia lavar e molhava demais o

avental na frente prediziam logo:

Deixa estar!

Hás-de casar com homem bêbado!

As solteiras, quando viam um cuco, interrogavam-no deste

modo:

Ó cuco da beira-mar!

Quantos anos me dás para eu casar?

Contar-se-iam nesta sorte do cuco as vezes que ele cantava

que correspondiam aos anos em falta para a inquiridora ser levada

ao himeneu...

Quando a rapariga solteira trabalhava nos seus lavores e se

picava no dedo mínimo, o facto anunciava casamento.

Na noite de S. João, as raparigas solteiras, pela meia-noite,

lançavam num copo de água a clara de um ovo de galinha preta,

fazendo esta solicitação:

S. João de Deus amado,

S. Pedro de Deus querido,

Mostrai a minha sorte

Neste copinho de vidro!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

581

Colocavam depois o copo ao relento e, antes do nascer do

sol, iam verificar os desenhos apresentados pela clara espalhados

na água do copo para fazer a sua interpretação.

Nos arabescos formados estava definido o ofício do rapaz com

quem havia de casar e até o número de filhos que dariam ao mundo.

NOIVADO

Em dado momento, quando planeavam o casamento, fazia-se

o pedido da mão que, em regra, era feito pelos pais do noivo ou

mesmo por outra pessoa de respeitabilidade.

No dia do pedido, o noivo oferecia à noiva o anel de noivado,

que era já uma promessa de núpcias.

Havia festa em casa da noiva e quem fazia o pedido, em geral,

servia mais tarde como testemunha e padrinho do acto.

Porém, nem sempre se cumpria todo o formalismo, sobretudo

em relação às pessoas de nível económico mais modesto.

Os namorados, após o pedido, ficam vinculados a um compromisso

e iniciam os preparativos para a grande cerimónia.

As raparigas casadoiras desde longe contraíram a crença de

que, para conquistar felicidade, teriam de adquirir uma colcha

com moedas de pequeno valor.

Utilizaram primeiro as moedas de 5 réis até que passaram

pelas moedas de 1 centavo e foram até às de 5, 10 e 20 centavos,

no tempo presente.

O noivo passa a ter entrada em casa da noiva e esta começa a

executar o seu enxoval, fazendo por si própria paninhos diversos

para enfeitar móveis, toalhas de mesa e lençóis bordados, com monogramas

constituídos pelas iniciais do primeiro nome de cada um.

Marcada a data do casamento, com mais ou menos distância,

faziam ou mandavam fazer participações e convites aos parentes

e amigos, nas proximidades do acto.

Os convites, quando se tratava de pessoas mais distintas,

eram feitos pelos próprios pais dos noivos.

Antes do casamento faziam-se e ainda se fazem na igreja os

pregões (proclamas), a que chamam banhos, depois do pároco

da freguesia instruir o respectivo processo.

Claro que não vamos falar aqui dos casos especiais em que

há dispensa de proclamas ou daqueles que se fazem nas freguesias

da naturalidade dos nubentes.


582 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Um brinde aos noivos

(óleo de Carlos Reis)

No dia em que se procedia à leitura dos segundos pregões

a família da noiva, em tempos idos, ia a casa dos pais do noivo

para as apresentações.

Então, a noiva ou uma amiga desta levava um cesto (açafate

de pé de chícara) com regueifa, queijo, vinho do Porto e outras

prendas para oferecer aos familiares do noivo.

Era conhecido por dia das rabanadas por a noiva levar um

prato destas iguarias para todos saborearem e demonstrar assim

as suas possibilidades culinárias.

Fazia-se uma boda de noivado que os pais do noivo ofereciam

em sua casa.

Actualmente, essa prática caiu em desuso.

Entre as crenças populares existe uma que proíbe aos noivos

figurar como padrinhos de crianças recém-nascidas pois, se o

fizerem, o casamento desfaz-se em breve e não se realiza.

Quando estava previsto um casamento de viúvo, já maduro,

com rapariga nova os rapazes da terra, munidos dos mais variados

utensílios, iam à porta do noivo durante várias noites fazer-

-lhe assuada barulhenta cantando estribilhos, entre outros este:

Olha o velho, quer casar,

Pegue nas contas e vá rezar...

Este costume deu lugar por vezes a conflitos sérios mas, apesar

disso, ainda hoje funciona e também se aplica ao casamento

dos velhos.

É de mau augúrio (dá infelicidade) que os noivos oiçam na

igreja os proclamas do seu casamento, entendendo-se nalguns

lugares que nem os familiares deverão ouvi-los.

Durante o noivado, na vizinhança do acto solene, os convidados

e amigos oferecem prendas aos noivos que, no dia da

boda, são expostas em lugar próprio.

E tudo isto acontece, apesar da cantiga popular que recomenda:

Solteirinha, não te cases,

Goza-te da boa vida...

Que eu bem sei de uma casada

Que chora de arrependida!

E daquele ditado que aconselha:

Antes que cases,

Vê o que fazes...

E diziam também:

Casa com uma mulher

E não com a cara que ela tiver!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

583

SERÕES FIADEIROS

Namorava-se à noite, fazendo-se serão, tecendo lã e fiando a

lã e o linho

Os rapazes namoravam as raparigas, enquanto elas trabalhavam

nos teares em casa. Namorava-se por motes.

Rapaz

Muito boa tarde menina

Agora aqui cheguei

Com vontade de mijar

Ainda hoje não mijei.

Rapariga

Se ainda não mijou

Não tenho nada com isso

Vire-se lá para a parede

Faça esse serviço.

Cantavam à janela e quando as mães não deixavam as raparigas

vir ter com os rapazes diziam:

Já que não vens à janela, dá um sinal de luz, para eles saberem

que elas estavam a ouvir, diziam:

Celestinha a tua mãe

Pensa que sou um macaco

Para vir aqui trupar

À janela do teu quarto.

Como acontece em todos os tempos, havia amores proibidos,

com os resultados conhecidos.

Ela

As graças do meu patrão

Dão-me vontade de rir

Não se ponha com chalaças

Que a senhora pode ouvir.

Ele

A senhora está a dormir

Não ouve o que a gente diz

Faz-me o serviço bem feito

Que eu te hei-de fazer feliz

Lá no dia dos meus anos

Vais comigo a Paris.

Ela

Tenho feito tantas viagens

Ainda não fui ao estrangeiro

Para viagem tamanha

Patrão não tenho dinheiro

Tenho três vinténs de prata

No fundo do mealheiro.

Ele

Esses três, ó Deolinda

Que tu tens em teu poder

Quando há-de ser a hora

Que tu mos deixas ir ver

Que eu tenho dinheiro e coragem

Para to acabar de encher.


584 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ela

A senhora também tem

Um mealheiro usado

Eu vi-lho um destes dias

Estava todo escangalhado

Com o peso do dinheiro

Que o Senhor lhe tem deitado.

Ele

Já está para fazer dois anos

Que eu não falo com a senhora

Dá-me um beijo, ó Deolinda,

Dessa boca encantadora.

Ela

A senhora é minha amiga

Não lhe faço essa desfeita

Beijos de um homem casado

O que é que se lhe aproveita.

Ele

Diz-me quanto te devo

Para ser tão perseguido

Sujeitar-me a mulheres

Será bastante castigo.

Ela

Você não dizia isso

Quando me enganar queria

Só quero que me faça

O quanto me prometia.

Ele

O quanto te prometi

É coisa que pode ser

Prometi-te casamento

E amar-te até morrer.

Ela

Prometeu-me casamento

Comigo tem de casar

Se não casar comigo

Eu trato de me queixar.

Ele

Queixa-te quando quiseres

Dar-me-ás pouco cuidado

Mas olha que se puderes

Encobre mais um bocado.

Ela

Você manda-me encobrir

Desde que não pode ser

O povo fala de mim

E a barriga está a crescer

Quando o meu pai souber

Onde me irei esconder?

Ele

Um bom pai encobre um filho

Uma mãe tudo escurece

Não és a primeira filha

A quem isso acontece.

Ela

Não é um pai como o meu

Um homem caprichoso

Formado por bons amigos

Eu antes quero morrer

Do que isso lhe ir aos ouvidos.

Ele

Vai para a cama e dormes

No teu leito sossegado

Terás pai para dar ao filho.

O CASAMENTO

O cortejo, noutros tempos, fazia-se a pé, com ritual próprio.

Poucos casamentos se faziam de carruagem mas, hoje, até

nos mais modestos, existe a preocupação de fazer figurar muitos


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

585

automóveis pois, pelo número destes, é que se fixa a sua maior

ou menor valia.

O préstito entrava pela porta principal e não pelas laterais,

como actualmente se faz.

Durante o acto canónico, o pároco realiza a cerimónia religiosa

unindo as mãos dos noivos com a sua estola e fazendo

troca das alianças, que são levadas numa salva de prata por uma

criança vestida de branco.

O anel do casamento (ou aliança, como é vulgarmente conhecido)

tem idade anterior a Cristo. É símbolo de união dos

esposos, significando amor recíproco.

Esse anel era de ouro, de bordos arredondados, por vezes

repartido em duas metades que encaixam uma na outra, tendo

no interior o nome do nubente e a data do casamento.

A aliança usa-se no dedo anelar da mão esquerda, como faziam

os romanos, por entenderem que neste dedo existia uma

veia ligada ao coração.

Se um deles ficar viúvo, passará a usar no mesmo dedo a

aliança (com o seu nome) que o consorte trazia.

Se completam 25 anos de casados, passam a usar sobre a

aliança um anel de prata em comemoração de tais bodas.

Muitas vezes, o Pároco faz aos noivos uma prédica para lhes

lembrar os seus deveres, lavrando depois na sacristia o respectivo

assento, sendo as despesas pagas pelos padrinhos.

No final, depois de dado o nó, forma-se de novo o cortejo

para o regresso à casa da noiva, onde quase sempre se realiza a

boda.

À saída da igreja os amigos e curiosos lançam sobre os nubentes

confeitos, arroz e missanga, que as crianças disputam em

grandes combates, lançando-se entre os convidados e originando

cenas alegres e de riso.

O regresso, quando possível, era feito por caminho diferente

do utilizado para a ida (para não voltar atrás, desfazendo o que

está feito).

Hoje, já se usam lançar papelinhos às cores como fazem noutros

atos, o que representa uma adulteração das costumeiras tradicionais.

O arroz e os confeitos auguravam abundância e progenitura

numerosa.

O costume de lançar arroz devia resultar de uma tradição

oriental para pressagiar uma despensa fartamente fornecida.


586 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Nalgumas freguesias do concelho, há já muitos anos faziam homenagens

aos noivos mais ricos adornando as ruas com arcos de

madeira, que cobriam com papéis coloridos e flores, pendurando

neles lenços de seda, cordões, brincos, fios de ouro e outros adornos.

Junto dos arcos, colocavam 2 cadeiras e uma mesa, cobrindo

esta com uma toalha branca e, aí, em 2 salvas de prata, dispunham

doces numa e, noutra, dois cálices, um de vinho e outro

de água, ficando uma terceira salva vazia.

Para cumprir e dar satisfação àqueles que promoviam a homenagem

(que há muito tempo já não se faz) os recém-casados

passavam sob o arco e iam sentar-se à mesa, comendo doces. Se

o não fizessem conquistavam a antipatia geral.

O noivo dava depois à noiva o copinho de vinho, que ela

bebia, tomando ele o da água e deixava uma moeda de 500 reis.

Os convivas, por sua vez, para ajudarem às despesas da homenagem,

lançavam dinheiro na salva vazia, à medida que passavam.

O cortejo prosseguia depois até à casa dos pais da noiva,

onde se realizava a boda do casamento.

A certa altura, sem o anunciarem e de certo modo às escondidas,

aproveitando a distracção dos convidados, os noivos com

mais posses saíam em viagem de núpcias, para a chamada lua de

mel (diz-se que uma antiga tradição inglesa determinava que os

noivos tomassem uma bebida feita com mel, bebendo-a até que

a lua desaparecesse no céu).

Actualmente, ainda se cumprem estas pragmáticas.

Para dar felicidade, é bom para a noiva que ela, no seu dia

grande, leve vestida uma peça de roupa usada e leve escondida

em qualquer bolso uma cabeça de arruda com 5 dentes.

Mas é de mau agouro que o enxoval dos noivos tenha cores

azuis ou a noiva se apresente com vestidos pretos. Em certos

lugares, porém, entendem que a noiva que vai para o casamento

deve levar vestida uma peça azul, usança que se julga ter origem

num costume de Israel onde as noivas usavam uma faixa azul na

borda da saia, para significar pureza, amor e fidelidade.

O povo crê que o casamento será feliz se, no dia da boda,

estiver a chover mas, em certas freguesias, a felicidade só advém

se chover depois de ter feito sol.

As crenças supersticiosas do povo entendem que não se pode

casar em certos dias da semana, que são aziagos (terças, quartas

e sextas-feiras), nem em certos meses (Agosto e novembro), nem

em anos bissextos.

Lá diz o povo: à terça não cases a filha, nem urdas a teia.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

587

O dia mais próprio para o casamento é o sábado, dia de Nossa

Senhora.

As roupas da noiva e seus adornos estão sujeitos também a

certas prescrições tradicionais.

A noiva veste-se de branco, com um pequeno véu sobre o

rosto, levando na cabeça um diadema de flor de laranjeira, preso

no cabelo, símbolo de pureza e virgindade, costume que se diz

remontar ao tempo dos mouros.

A noiva, se não está virgem, não pode levar a flor de laranjeira,

pois de contrário engana a Deus. E também não deve

deixar no altar o ramo de flores que costumam oferecer a Nossa

Senhora.

Na boda, as raparigas e os rapazes solteiros, colocam-se debaixo

do véu a comer bolo de noiva, para casarem, bolo que é

partido pelos noivos e por ela oferecido.

Mas, os noivos arranjados na boda, não são felizes.

A noiva não deve fazer a cama para a noite de núpcias.

Entende o povo que quem casa, quer casa e, por isso, os recém-

-casados devem ter casa própria.

Entre marido e mulher não metas a colher é ditado que serve

para mostrar que ninguém deve intrometer-se nos seus problemas

– entre casados, ninguém se meta.

Durante a cerimónia do casamento, acendem-se duas velas

no altar. A vela que estiver mais frouxa prevê que morre primeiro

o nubente desse lado.

Muito mais poderia dizer-se mas, num trabalho de síntese,

não será de bom conselho alongar a digressão.

Que ao menos os subsídios que aí ficam, a exprimir velhas

usanças casamenteiras, possam de algum modo servir para prestigiar

a família portuguesa no conjunto das suas milenárias tradições,

como um búzio ressonante a assinalar às gerações a voz

profunda da raça e o mistério da sua perpetuidade pelos séculos

além. (Carlos Valle: Tradições do Casamento e Superstições do

Povo...: págs. 5 a 14).

ENTERROS

Era costume quase geral, a família dos defuntos mandar, para

o adro da Igreja, vinho e pão e outros alimentos, para ser dis-


588 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

tribuído pelos participantes no enterro o que tinha o nome de

hospedagem.

Sucedia, muitas vezes, que as libações eram tão abundantes

que o vinho, subindo à cabeça de alguns, os levava a beberem à

saúde do morto!

Outros enchiam os bolsos e lenços de pão, queijo e figos para

levarem para casa. Em casa da família também havia regabofe,

comendo e bebendo todos os que lá ficavam.

Usava-se ainda, no início do século XX, colocar, aos pés das

sepulturas, uma tigela de água benta e uns raminhos de alecrim,

pois acreditavam que os mortos tinham deles necessidade.

LENGAS – LENGAS E DITOS INFANTIS

Lagarto pintado, quem te pintou?

Foi uma velha que aqui passou

No tempo da eira,

Ó que poeira.

Puxa lagarto por esta orelha.

Pim, pam, pum, cada bola mata um.

Da galinha p´ró peru, que se livra és tu.

Sola sapato, rei capitão.

Foi ao mar buscar sardinha

Para o filho do juiz

Que está preso pelo nariz.

Rei capitão, soldado ladrão

Menina bonita do meu coração.

Tão baladão, cabeça de cão,

Orelhas de gato não não têm coração.

Marcha, soldado, cabeça de papel

Se não marchas direito, vais direito p’ró quartel.

Tenho cinco reis

Tenho um alguidar,

Tenho um macaquinho

De pernas p’ró ar.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

589

Quando me levanto

Tiro-lhe o boné.

Aperto-lhe a mão

Olarilolé!

A chover e a dar sol na cama do rouxinol

A fazer a comidinha p’ró dia de Natal.

Tenho um rato dentro de um saco

Não sei que lhe diga, não sei que lhe faço

Dou-lhe um pau, diz-me que é mau.

Dou-lhe um osso, diz que é grosso,

Dou-lhe um chouriço, isso isso.

Uma meia, meia feita

Outra meia p’ra fazer.

Diga, lá, minha menina

Quantas meias vem a ser.

Fernandinho foi ao vinho

Partiu um copo no caminho.

Ai do copo, ai do vinho,

Ai do rabo do Fernandinho.

Réu, réu, vai ao ceú,

Vai buscar o meu chapéu.

Se está novo, traz-mo cá.

Se está velho, deixa-o lá.

Num ninho de mafagafos

Há sete mafagafinhos.

Quando a mafagafa sai

Ficam os mafagafos sozinhos.

A criada lá de cima é feita de papelão

Quando vai fazer as camas diz assim p’ró patrão:

– Sete e sete são catorze, com mais sete são vinte e um.

Tenho sete namorados e não gosto de nenhum.

Caracol, caracol, põe os corninhos ao sol.

Gri, gri gri, anda à porta que eu já te vi.

Vais à festa com a mão na testa.


590 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Fui a cavalo num burro morto.

Quem vai ao ar, perde o seu lugar.

Quem vai ao vento, perde o assento.

Quem foi ao vento perde o seu assento

Quem dá e torna a tirar

Vai ter às portas do mar.

Ao inferno vai parar.

Eu te enguiço à porta do carriço,

Para que não cresça mais do que isso.

Era uma vez um macaco

Com as pernas de farrapo

Os olhinhos de cortês,

Queres que te conte outra vez?

Quem pela hera passou

E a hera não cortou

Do seu amor não se lembrou.

Desormenta-te, pé

Que está o lobo atrás da Sé,

Ele quer-te comer

E tu não podes correr.

Ana Rabana,

Tem um filhinho debaixo da cama

Não quer que bula, não quer que lhe toque,

Tem um filhinho como um batoque.

Chico, mandico.

Quim Quim, cabeça de pudim.

Ó Teresa, põe a mesa, que amanhã é de certeza.

Ó João parte o pão com a faca de sabão.

Acusa Pilatos vai ao monte come ratos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

591

Ó Maria, fia, fia, bebe três ovos por dia.

Ó Maria Cotovia, fecha a porta, como de dia.

Que lá vai o bicho mau

Que te vai ao bacalhau.

RIMAS

Rei capitão

Soldado ladrão

Menina bonita

Do meu coração.

Senhor guarda venha cá…á

Venha ver o que isto é…é

O barulho foi aqui…o

O neto bateu na avó…ó

Deu um pontapé no cu…u

A… E… I… O… U

Olh’ó rato

Pica no sapato

Arre burrinho,

P’ra casa do padrinho,

Levar o azeite,

Trazer o vinhinho

ou

Arre burrinho,

P’ra S. Martinho

Carregadinho

De pão e vinho!

Tão-balalão,

Cabeça de cão,

Orelha de gato

Não tem coração.

Andar, andar

C’um pezinho no ar

Para da terra chegar ao ar.

Remexidas, remexidas

Co rabo do nosso cão,

Tiradinhas, tiradinhas

Co rabo do nosso gato.


592 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Tate bitate,

Nariz de macaca.

Debaixo da pipa

Está uma pita,

A pipa pinga

A pita pia.

Tambalarão,

Cabeça de cão

Cabeça de gato,

Não tem coração

Tambalarão

Eles lá vão.

Este quer pão

Este diz que não há.

Este diz: vamos roubá-lo!

Este diz- Alto lá!

Este: Amanhã Deus dará!

Pinto,

Jogar o pinto

Vend’a a vaca

A trint’é cinco

Cá para lá

Pux’à sua

Orelhinha

Muito bem

Puxadinha.

Alerta, alerta

Que a morte é certa

Alerta, Alerta

Que a morte é certa.

Padre-Nosso

Rilha o osso

Rilha-o tu.

Que eu já não posso.

Ave-Maria

Tigela vazia

Se mais me desses,

Mais comia

Mais botava p’rá enxovia.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

593

Pelo sinal

Da santa carracha

Vinho maduro

Na minha borracha.

BRINCANDO COM OS NÚMEROS

Doze corredoze

Vinte e quatro com catorze

Dezasseis com vinte e um

Faz um cento menos um.

Una, duna, tena, catena,

Romana cinzena

Bico de pé,

Catrapés faz dez.

Ou

Una, duna,

Trena, carrena

Vala não vala,

Tica, latica,

Lareca,

São dez.

Ou

Una, duna, tena, catena,

Cigala, migala,

Gavim, gavião,

Conta bem

Que são dez.

Três vezes nove- vinte e sete

Quem matou foi o valete.

Um dois em berberim,

Três, quatro em latim,

Ó rapaz que jogo faz?

Faz jogo do pavão;

Conta bem que são vinte.

– Cinco e cinco?

– Dez.

Vai ao diabo


594 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Que te corre

Aos pontapés.

Ou

Cinco e cinco?

– Dez.

Vai ao diabo

Que te corre

Aos pontapés.

– Cinco e cinco?

– São dez.

O teu pai tem quatro pés.

– Dez e dez?

– Vinte.

– Vai ao diabo que te pinte!

– Vinte e vinte?

– São quarenta.

– O teu pai é burro e a tua mãe jumenta.

CANTILENAS

Toque, toque

Vamos a S. Roque

Ver as meninas

Que trazem capote.

Sermão de S. Coelho

Com o seu barrete vermelho,

Com uma espada de cortiça

Para matar a carriça;

A carriça deu um berro

Toda a gente se espantou.

Só uma velha ficou,

Dentro de um sapato.

Sape gato! Sape gato!

Uma velha tinha um gato

Debaixo da cama o tinha

Quanto mais o gato miava,

O pinto piava,

O porco grunhia,

E a velha dizia:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

595

– Mil raivas vos persigam,

Que não vos possa aturar!

TRAVA-LÍNGUAS

Ó menina deste casal,

Diga-me se mora aqui

O Padre Pedro Pires Pisco Pascoal,

Não sei qual é esse Padre Pedro Pires Pisco Pascioal,

Porque aqui nestes casais

Há três Pedros Pires Piscos Pascoais

Pardal pardo, porque palras?

– Eu palro e palrarei,

Porque sou o pardal pardo

Palrador d’el –rei.

Minhoto, minhoto,

Que levas no goto?

– Sardinha assada quem te assou?

– Quem te assou?

– Maria Rou-rou

Comeu um bolo

Não se fartou;

Comeu uma broa

Arrebentou.

Pico, pico, Celorico,

Quem te deu tamanho bico?

Foi o padre da batelha

A jogar a sobrancelha

De redondo em redondo,

Como a pulga na balança,

Dá um pincho,

Pôe-se em França.

Carácácá

Carácácá, põe-te na pá,

Faz-me um bolinho e traz-mo cá,

Que eu estou manquinho,

Não posso ir lá


596 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Quem te mancou?

Foi a pedra

Que é da pedra?

Está no mato.

Que é do mato?

O lume queimou.

Que é do lume?

A água apagou.

Que é a água?

Os bois beberam.

Que é dos bois?

Foram semear trigo.

Que é do trigo?

As galinhas comeram.

Que é das galinhas?

Foram pôr ovos.

Que é dos ovos?

O Padre bebeu.

Que é do Padre?

Foi rezar Missa.

Que é da Missa?

Já acabou.

Que é do povo?

Já passou.

JOGOS INFANTIS

Os jogos tradicionais infantis existem em todo o país e em

todo o mundo com variantes diversas mas com uma base comum.

Há diversos tipos:

Jogos de azar ou de salão: O ladrão amachucado, as cantarinhas,

cavalinhos a correr, vai um barquinho carregadinho, as

cordinhas da viola, quente e frio, rapa, serinho, reis e rainhas,

jogo dos casamentos, jogo da raposa, os dedos, o Manel Ceguinho,

Serobico, jogo do Senhor Abade, batizado da boneca,

sol sapato, prendinhas do Senhor Abade, io-io, luminho, dá-me

lume, pombinha branca e quem compra o meu ganso

Jogos físicos e de competição: Cabra, jogo das pedrinhas, tréculas,

capoeira, roca, estátuas, aldem, jogo dos disparates, pisca,

João manquinho, mia gato, cinco cantinhos, quem vai ao ar,

perde o lugar, pocinhas, a ursa, poço, Ó tu que estás no meio,

estrangela, caracol, jogo da pedra, tração à corda, corrida de sacos,

corrida dos pés atados, corrida em três pernas, descanso,

carvalhinha seca, andas, bate-e-fica, o lencinho, mamã dá licen-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

597

ça, queimada, sardinha, o jogo das nações, bate-marra, a bandeira,

bola atrás, colher com a batata, caçadinhas, o gato atrás

do rato, esconde esconde, quiqueriqui, cabra-cega, carneirinhos,

o 31 alerta, cântaros, passarinhos a voar, raposa que horas são,

saltar à corda. Coquinha, o lobo e o cordeiro, potinhos, carolo,

bogalhinho, chilro, bicho, bichinho, cagalhufa, lá vai aço, jogo

do pau caído, pilha, fitinhas, o céu, tric-tric, sapatos, rodopio,

cadeirinhas, linha, curro, babona, zona, jogo das covas, Maria

fica, cavalitas, farinha farelo, rou-rou, castelo, cordinha de carro,

pai velho, vestidinho branco, o paizinho faz tudo, corda quebrada,

jogo dos três, jogo dos casamentos, gavião, o nabé, tração à

corda, estrada nova, o azeiteiro, jogo do prego, cântaro, lançar

uma estrela, barril, subida ao mastro, farinha, choca, noiva, traquinote,

fito, malha, bilharda e brincando com a bola.

Jogos com música – Jardim da Celeste, aquela menina, carrasquinha,

machadinha, condessa, mata tira, olha a borboleta,

animais domésticos, trinta amigos, dança do pezinho, atirei o

pau ao gato, pulga maldita, tim-tim saramacaquita, um e dois

e três e jardineiras floreiras.

A seguir, vão ser descritos alguns jogos que eram praticados

nos recreios das escolas primárias de Mozelos:

Pincha – Joga-se com botões ou caricas. Com os dedos polegar e

indicador fazem-se lançar os botões ou as caricas com o pião

atirado com força sobre eles para obter o mesmo resultado.

Macaca – este jogo feminino é disputado apenas com uma patela

de pedra que se arranja no local que deve ser de terra batida.

A jogadora que atira a patela tem de dar uma volta completa

(de ida e volta) num desenho feito no chão com retângulos de

vários tamanhos. Quando se percorrerem todas as casas se obterá

um liso e interditará uma casa com um sinal. Ganha quem

conseguir mais lisos. É jogada com saltos ao pé coxinho.

Bom barqueiro – Duas crianças fazem de barqueiros ficando ligadas

com os braços ao nível dos ombros e escolhem um nome

para cada um por exemplo, rosa/cravo. As outras crianças fazem-se

duas filas passando pelo meio dos barqueiros, cantando:

Barqueiro, barqueiro

Deixai-nos passar

Temos filhos pequeninos

P’ra acabar de criar.

Passarás, passarás

Mas algum deixarás

Se não for o da frente

Há-de ser o de trás,

Trás, trás, trás.

Barra – Primeiramente são constituídas duas equipas com igual

numero de jogadores. Risca-se a barra no chão. Vai um ele-


598 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

mento ao limite da barra e chama um concorrente. Este ao

ouvir o seu nome, corre imediatamente para agarrar o adversário

que o chamou. Se o adversário o agarrar, fica logo prisioneiro.

Aliás, não é preciso agarrar, basta tocar numa das mãos.

Este jogo só termina quando todos os elementos na situação de

presos, ou seja, uma das equipas poderia ter alguns concorrentes

em prova, o jogo só poderá terminar quando efetivamente

já não houver mais jogadores em prova. Ganha a equipa que

destroçar a outra.

Escondidinhas – Um dos jogadores conta conforme o número

combinado com os olhos tapados, enquanto os outros se

escondem. Vêm bater num local pré-estabelecido sem serem

apanhados. Se o forem saem.

Anelzinho – Um anel enfiado num fio vai passando de mão

em mão, escondido por baixo das mãos que agarram o fio

formando roda com as crianças sentadas no chão. A criança

que está no meio tem de adivinhar onde o anel fica parado no

fim da cantilena-

Lencinho – As crianças ficam em roda sentados. Uma fica no

meio outra por fora tendo o lenço e vai dizendo:

– o lencinho vai na mão ele vai cair ao chão.

Onde ficar terá de ser apanhado antes que a criança, que está

dentro da roda, o vá buscar.

Trinca-cevada ou eixo – Uma criança forma arco com as mãos

no chão e cada uma saltará por cima sem a fazer cair. Se tal

acontecer, será desclassificada.

Arco – Joga-se com um arco de ferro rolando por meio de uma

gancheta de arame. Ganha quem mantiver mais tempo o arco

a rolar sem tombar.

Pica-pau –Usam-se dois paus bem afiados a espetar com força no

chão. Ganha o que ao espetar deita o outro ao chão.

Pião – há dois tipos (de bico e de lança) que se jogam com o auxílio

de uma faniqueira que deve ser enrolada ao pião e atirado

ao chão de terra batida. e depois aparado na mão e depois

atirado sobre caricas ou sameiras.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

599

LENDAS

CONCHA DO MONTE DO COTEIRO

Diz a lenda que andava na boca das vareiras de Espinho que

o mar havia de vir ao Monte Coteiro buscar uma concha que por

lá deixara. Esta lenda terá como base o facto possível de o mar

ter andado por estas paragens mesmo as mais elevadas. Aliás, há

notícias da existências de objetos de origem marítima que foram

encontrados no Monte Evereste. Neste contexto, não se pode

ignorar que a ria de Aveiro é o resultado do recuo do mar, com a

formação de cordões litorais que, a partir de determinada altura

formaram esta laguna. Assim sendo, com as alterações climáticas

que se foram sucedendo na terra, é muito provável que o mar

se tenha espraiado pelo espaço que hoje constitui Mozelos e a

região envolvente. Assim se entende a crença das vareiras de

Espinho quando afirmam que o mar virá procurar a sua concha

deixada no Coteiro.

MONTE DO COTEIRO

Conta esta lenda que, neste sítio, uma princesa moura, de

nome Aziza, à revelia da família apaixonou-se por um soldado

romano, chamado Taio. Dada a discórdia familiar, construíram

aqui um palácio subterrâneo e viveram felizes para sempre. Diz

a lenda que, em noites de luar, houve quem visse a princesa e o

seu amado guerreiro a passearem de mãos dadas por este sítio.

AS DUAS PIPAS (ARCAS)

O Coteiro, pela sua dominância sobre a região, associada ao caráter

da sua vegetação e orografia é também fonte de outra lenda.


600 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Diz esta lenda que no monte foram enterradas duas arcas,

uma de ouro e outra com peste. Com receio de serem abertas,

designadamente a da peste, nunca ninguém teve a coragem de

as abrir, pois não estavam identificadas e poderia muito bem ser

aberta a da peste com todo o cortejo de desgraças que traria (Recolha

dos alunos do 3º ano da professora Paula Santos).

GASTRONOMIA

Antiga cozinha da casa-sede da

Fundação Albertina Ferreira

Amorim

Durante séculos, praticava-se uma economia de subsistência,

isto é, consumia-se o que a terra dava. As refeições eram pobres,

imperando a sopa feita de hortaliças, batata, adubada pela gordura

dos porcos com o adubo, a banha e o unto. O chamado conduto

era à base de batatas e couves, com peixe que ia aparecendo por

lá, designadamente, o carapau, a sardinha, as picas, os verdinhos

e a faneca, o bacalhau e alguma carne de porco, sobretudo ao domingo

e em dias de festa. Aliás, era prova de boa economia que a

carne do porco morto pela Senhora da Conceição durasse o ano

inteiro. Os outros tipos de carne consumidos era a galinha criada

em casa que em vida dava os ovos e, após a sua morte era consumida

pelas mulheres paridas ou em dias de festa. A carne de vaca

era presença pouco frequente nas casas de Mozelos. Para além da

batata, comia-se arroz e massa que se comprava nas vendas (lojas)

da freguesia os nas feiras das redondezas. A fruta tinha origem

nas árvores existentes nos quintais, não havendo o costume de

as comprar nas vendas ou feiras, exceto as bananas para dias de

festa ou para talhar o augariço de alguma criança mais debiqueira.

Não havia qualquer prato típico exclusivamente de Mozelos.

Comia-se broa de milho cozida em casa, sêmea de trigo comprada

na venda, regueifa azeda que era dada como folar às crianças

na Páscoa pelos seus padrinhos.

Os pratos mais comuns eram os seguintes: batatas com pencas

e bacalhau regadas com estrugido (azeite fervido com cebola

e, no Natal com cominhos) de cujas sobras se fazia o farrapo

velho nos dias seguintes e muitas de outras formas de cozinhados

com bacalhau à espanhola, frito, cozido com grão-de-bico,

assado no forno, assado na brasa;

Frango assado no forno, antigamente só nos dias de festa,

frango de cabidela com ervilhas, arroz de cabidela com sangue;

Carne de vaca assada ou estufada, em bifes com ou sem cebolada

ou integrada no cozido à portuguesa;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

601

Lombo ou perna de porco assada, rojões no dia da matança,

no domingo seguinte e em dias de festa, fêveras fritas, no dia

da matança, iscas de fígado fritas com batatas cozidas, papas de

sarrabulho;

Cozido com hortaliças variadas, cabeça e unha de porco, carne

de vaca (nispo), enchidos com chouriço, salpicão, morcela, farinheira,

barriga entremeada de porco e galinha ou galo cozido;

Arrozes diversos, sozinhos a acompanhar carnes cozinhadas

de várias formas, arroz de feijão, de bacalhau frito e de carne;

Massa estufada com carne ou com bacalhau;

Peixes diversos, cozidos, fritos, assados na brasa ou no forno,

como sardinha, carapau, sardinha, faneca, pescada, etc.

As sobremesas eram praticamente inexistentes, como hoje

acontece, consumidas quase em todas as refeições, mas apenas

no Natal, Páscoa e dias de festa: rabanadas, aletria, leite creme

(Natal), regueifa doce e pão de ló (Páscoa), fogaça e raivas (biscoitos

secos) feitos em Mozelos, marmelada e geleia caseira, feitas

com os marmelos do quintal, malápios assados das árvores

deste tipo de maçãs existentes nas ribeiras, maçãs ou pêras cozidas

ou assadas, castanha cozida ou assada, durante o outono e

inverno, no Natal e também oferecidas nas desfolhadas do resto,

vinho tinto verde quente com canela na consoada.

Para terminar, refira-se a ementa das bodas dos casamentos

feitas em casa: sopa seca com água do cozido com fatias de pão

de milho previamente tostadas e levada ao forno para se tornar

menos líquida e mais grossa, cozido à portuguesa, lombo assado

e cabidela de frango. Na sobremesa, eram apresentados os doces

tradicionais da região (com base no trabalho realizado pelos alunos

da professora Paula Santos).

COZEDURA DO PÃO

A saborosa broa de milho a que se junta uma parte de centeio

(mistura ou mastura) ainda hoje se faz na região e, naturalmente,

em Mozelos, para gáudio de quem a saboreia e como manutenção

de um caro costume das suas gentes.

Era, normalmente, ao sábado, que a mãe de família da casa

agrícola cozia o pão ou industriava as suas filhas, sobretudo as

casadoiras,e que se destinava, normalmente, para toda a semana

seguinte.


602 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Masseira

Tal orientação decorria das necessidades da época em que o

próprio pão era escasso e constituía, em muitas casas, o quase exclusivo

alimento, aliado a uma tigela de aguadilha (caldo quase

só com água e couve) que, nas casas mais fartas, levava unto ou

adubo (toucinho gordo) de porco e algumas batatas.

Era, normalmente, ao sábado depois da cozedura que a família

se reunia à volta da mesa e do prato comum de descomunais

dimensões e com desenhos curiosos, como um galo ou um

bacalhau, a comer a chamada batelada ou caldeirada e que era

constituída por bacalhau, batata, pencas ou couves galegas com

azeite com alhos, cebola picada e depois estrugida e coberta com

cominhos.

Era também durante a cozedura do pão que se talha o augariço

que vem descrito em local próprio.

A talhe de foice, lembro, que ao lado da mesa da cozinha,

havia a lareira com bancos próprios, onde se juntava a família, à

sua volta para passar o reduzido serão, conversando, rezando o

terço, contando e ouvindo histórias, onde os pais davam conselhos

e reprimendas onde, em suma, se dava a chamada educação

da lareira, como lembrou o Dr. Coimbra, antigo presidente da

Junta, numa reunião alargada de colaboradores deste trabalho,

na fundação da família Amorim.

Debrucemo-nos, agora, sobre as diferentes fases da cozedura

do pão:

1- Peneira-se a farinha na masseira com uma peneira fina

para separar o farelo;

2- Faz-se uma covinha na farinha e deita-se nela uma mão

cheia de sal por alqueire;

3- Deita-se água a ferver para desenfarinhar e vai-se mexendo

com um rapadouro;

4- Deixa-se arrefecer e deita-se o crescente ou isco e a mistura

(farinha de centeio);

5- Amassa-se dando seis voltas à masseira até a massa ficar

dura, depois junta-se a um canto cobrindo-a de farinha

seca e fazendo o sinal da cruz (três vezes) e dizendo ao

mesmo tempo: O Senhor te acrescente e te ponha em nome

do Pai, do Filho e do Espírito Santo- e coloca-se um pano

por cima;

6- Acende-se o forno surrascando-o com um pau até as ucheiras

do forno ficarem vermelhas;

7- Quando a massa estiver a rachar, está lêveda, isto é, pronta

a ir para o forno;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

603

8- Varre-se, então, o forno, tira-se a lenha toda, ficando só

umas brasas à entrada do forno;

9- Colocam-se bolos chatos a cozer com a cor, que é um pauzinho

de brasa a arder, à entrada do forno para ele não

descair Tiram-se os bolos e fazem-se umas broas, depois

de se tender o pão, onde previamente se deitou farinha

seca para não pegar;

10- Começam-se a colocar as broas com a pá de pau pelo

fundo e um pouco separadas para não ficarem casadas,

cobertas de farinha seca;

11- Fecha-se o forno, invocando, de novo, a Trindade Santíssima

e dizendo: – Deus te acrescente fora do forno, tu a

cresceres e nós a comermos por esse mundo todo. Amen. E coloca-se

barro ou bosta de boi, à volta da porta do forno

para que não perca calor;

12- Deixa-se, entretanto, um pouco de massa, ao canto da

masseira, e que servia de crescente para a cozedura seguinte,

fazendo-se sobre ele o sinal da cruz

13- Quando as broas são grandes ficam no forno de um dia

para o outro, mas se forem pequenas, retiram-se passado

meia ou um quarto de hora;

14- Ao abrir-se o forno diz-se: Benza-te Deus;

15- As broas são tiradas do forno com a pá de ferro.

VOCABULÁRIO PRÓPRIO

Alhar – lugar próximo ou debaixo do forno e junto à lareira e

onde se guarda a lenha;

Bolo – pequeno pão de forma arredondada e baixa a que, algumas

vezes, se acrescentava, na massa crua, sardinhas por

cima ou toucinho de porco.

Crescente ou isco – pedaço de massa crua de pão que se guarda

para a cozedura seguinte.

Descair – perder calor.

Gamela – espécie de alguidar de madeira.

Masseira – móvel em forma de tronco de pirâmide onde se

amassa o pão.

Rapadouro – pequeno instrumento de madeira que serve para

rapar a massa da masseira.


604 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Surrascar – mexer as brasas com o surrascadouro.

Rodo – pequeno instrumento de madeira utilizada para trazer as

brasas para a frente do forno.

Tender ou padejar o pão – consiste em deitá-lo na gamela e fazê-

-lo saltar para ele ficar redondo.

Ucheiras – pedras que ficam dos lados da entrada do forno.

Aqui fica a descrição sumária da forma e do ritual. Já que

de um ritual se tratava, a cozedura do pão, noutros tempos, em

muitas das casas das freguesias rurais.

Não me admiro, contudo, que possa ter havido outros processos,

na mesma terra ou nas terras vizinhas.

De uma forma ou de outra, é a autêntica festa do pão, que,

depois de sujeito a vicissitudes várias, saciaria as ávidas bocas.

Desejo que os que têm por dever providenciar para que haja

pão para as bocas o façam com celeridade e justiça e que não estraguemos,

nem esbanjemos, como se verifica, de forma inequívoca,

o que os caixotes do lixo e as lixeiras demonstram. Se alguém

tem o pão em tão má conta, medite na conceção, gestação

e parto a que o pão está sujeito e que foi criado para alimentar

os homens e não para servir de estrume a quaisquer plantas que

nascem espontaneamente.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

605

SAUDAÇÕES TRADICIONAIS E OUTROS DITOS

– Quando falavam dos que já tinham partido para a outra

vida acrescentavam:

Que Deus lhe perdoe!

Que Deus tenha a sua alma em descanso!

– Quando alguém dá conta da sua idade, os outros fazem

este voto:

Por muitos anos e bons!

Aquele a quem a saudação é dirigida agradece com este delicado

desejo:

E vossemecê que os conte!

– Ao ser atendidos no pedido de um favor, dizem:

Seja polas almas!

– O pobre a quem se dá esmola faz o seu agradecimento

deste jeito:

Seja por alma de quem lá tem!

Ou

Nosso Senhor lhe acrescente o que fica!

O que dava a esmola respondia:

E a vossemecê lhe aceite as passadas!

– Quando se referem a qualquer doença e apontam o interlocutor

em determinado ponto do corpo, quebram assim o enguiço:

Salvo seja!

– Quando alguém partia para outra terra ia a casa dos amigos

fazer a despedida e eles faziam este voto:

Que faça bô viagem

E encontre todos os seus bem!

Ou

Que Deus o acompanhe!

– As crianças, quando encontravam os padrinhos, tios e outros

parentes, pediam:


606 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Deite-me (ou dê-me) a sua bença!

Os grandes, dando satisfação, acrescentavam:

Deus te abençoe e te fade bem!

– Quando alguém espirra faziam este voto:

Deus o salve!

Ainda hoje é frequente ouvir este dito:

Viva!

– Quando não dão esmola a quem a pede dão estas desculpas

ou evasivas:

Não pode ser!

Vá com Deus!

Deus o ajude!

Deus o favoreça!

– Se fazem referência a certos animais considerados menos

limpos ou coisas com menos dignidade (por exemplo, o porco

ou o burro) solicitam:

Com sua licença!

– Quando alguém pergunta com curiosidade:

Que levas aí?

Responde o interpelado:

São línguas de preguntador!

– Quando estão a comer ou a beber e chega alguém, fazem-

-lhe esta oferta:

É servido?

O outro, agradecido, responde:

Obrigado!

Que lhe preste!

Que lhe faça bom proveito.

– Se alguém aceita corresponder à solicitação de beber, fazem

um cumprimento amável.

O outro retribui assim:

E, a si, que lhe preste também!

– O que entrava numa casa que não era a sua saudava neste

tom:

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

E, os outros, completavam:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

607

Para sempre seja louvado!

Estas saudações são imbuídas de sentimento religioso, já pouco

se usam nos nossos dias.

Outrora, eram obrigatórias estas expressões:

Deus te salve!

Deus o acompanhe!

Vá com Deus!

Vá com Nossa Senhora!

– Se uma pessoa anda adoentada, perguntam-lhe:

Como vai essa saúde?

E o convalescente responde:

Assim, assim, vamos andando...

Ou

Assim, assim, tem-te não caias...

– Se bate alguém à porta perguntam de dentro:

Quem é?

Responde, o de fora:

– Um seu criado...

Ou

Alguém é!

– Para condenar os mandriões com elegância excitam-nos

neste jeito:

Um carrega, outro tem mão,

E outro olha se vai bem!

– Quando uma pessoa a quem se deu uma ordem, em vez de

a cumprir, encarrega outrem da execução, repreendem-na com

uma ironia cheia de graça, que é quase uma legenda:

O meu criado tem um criado,

O criado do meu criado um criado tem...

E o criado do criado do meu criado

Um criado quer também!

– Se alguém transmite a outrem a execução daquilo que lhe

pertencia fazer, utilizam esta poética censura:

Ó Zé...

Diz ó Zé

Que diga ao Zé


608 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Que venha ao Zé

Sim, Zé?

– O povo das aldeias costuma aludir às pessoas de mais idade

designando-as por tio, referindo-as deste modo: a ti Ana, o ti

Francisco, o ti Joaquim, etc. (Vale, Carlos, Revista de Etnografia,

vol IV, Tomo 2, págs. 411, 432)

USOS E TRADIÇÕES

Ainda hoje, prevalecem, entre nós muitos usos, tradições,

práticas e crendices que devem ter a sua raiz no viver dos povos

que nos precederam, neste espaço, cujos costumes permaneceram

na região e se foram transmitindo de geração em geração e

que ainda se mantêm no nosso tempo.

Em momentos decisivos da sua vida, com o pensamento em

poderes ocultos, os homens deixam-se absorver por certos cultos

pagãos e por práticas com base mágica que não são mais do que

remotas sobrevivências de fórmulas religiosas de outros tempos.

Quando pela superstição se evocam os espíritos ou se esconjuram

ou se manifesta o seu poder de comunicação, estamos em

face de uma outra forma designada por revelada.

Nas superstições há, além dos presságios, os vaticínios e até a

cura de males por meio de ritos mágicos.

Há verdades científicas actuais que foram conquistadas à custa

e através do exame atento de certas superstições.

É que por vezes existe nelas a experiência de centenas de

anos a dar autoridade a certas práticas com eficiência nos seus

elementos componentes.

Pode dizer-se, porém, que o povo encontra na magia e no maravilhoso

das palavras, das orações ou das fórmulas um motivo

de convicção ou de atracção.

Em certos meios, como se sabe, a própria mulher de virtude

conserva ainda o seu prestígio, mercê desse fundo supersticioso

e primitivo dos povos, que acreditam nas suas fantásticas adivinhações

e curas extraordinárias.

E os povos vão admitindo que as mulheres de virtude não só

curam certas enfermidades mas até arrancam espíritos malfazejos

do corpo das pessoas embruxadas ou endemoninhadas, conseguindo

mesmo juntar ou afastar os amorosos com as bênçãos

das suas ervas ímpares.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

609

Chegam a crer que elas se inspiram num poder oculto de tal

forma que à sua intervenção se deve o bom êxito dos partos ou

dos negócios, habilitadas ou credenciadas com as orações dos

seus breviários milagreiros ou com as cruzes das suas águas bentas

e talhações.

Assim, continuam apegados à fantasmagoria, à lenda e à superstição,

que é como quem diz a tudo quanto envolve preconceito

e fatalismo.

Nas suas tendências supersticiosas o povo acredita em tudo a

que se atribua cunho sobrenatural.

– Aquele que tem dentes raros é mentiroso, o que também

sucede com aquele que tem pintas brancas nas unhas.

– As mentiras ditas são tantas como as pintas brancas.

– Também dizem que as pintas brancas com certo desenho

são gostos.

– Quando se passa por maus caminhos e se ouve qualquer

ruído estranho é da tradição que não se deve olhar para trás pelo

lado esquerdo mas só pelo lado direito para não apanhar na cara,

como consta entre as pessoas de mais idade.

– Muita gente tem, por hábito, benzer-se, quando passa por

uma encruzilhada de caminho, principalmente à hora das trindades,

por causa das coisas ruins que costumam encontrar-se nelas.

– À passagem de certos caminhos têm muitas vezes o hábito

de deitar a fralda da camisa de fora, para que as bruxas não empeçam

neles.

CRENDICES E AGOUROS

Relativos ao tempo e aos astros

Quando perguntam:

– Que horas são?

O solicitado responde com uma expressão zombeteira:

– Tantas como ontem a esta hora!

Ou

– Metade e outras tantas!

Ou ainda


610 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Imagem da Virgem Maria,

também Nossa Senhora das Candeias

ou Nossa Senhora da Luz

– Faltam dez reis para meio tostão!

Quando no dia da Senhora das Candeias (2 de fevereiro) está

bom tempo, é sinal de muita invernia durante o ano.

Para fazer louvor à sorte o povo esclarece na sua sabedoria:

– Sem ela o mais ilustrado

Não dá um passo em frente...

Com ela um burro chapado

Embasbaca toda a gente!

Quando um relógio não regulava bem caçoavam assim:

– Anda pelos candeeiros da ponte!

É que os candeeiros da ponte estavam muitas vezes apagados

por deficiência de vária ordem.

– Quando chove e está sol, está o diabo a bater na mulher.

– Quando as aves se coçam e catam com o bico é sinal de

chuva.

– O tempo ao meio-dia ou carrega ou alivia.

– O arco-íris ou arco de Nossa Senhora vem ao mar ou aos

rios beber a água para as nuvens.

– Quando troveja é sinal que andam carros a rodar no céu.

– Quando abundam as chuvas, de repente, nas têmporas de

setembro é sinal de falta de água nesse ano.

Para seriar as semanas, desde a Quarta-feira de Cinzas até à

Páscoa, empregava-se esta expressão, contando pelos dedos:

– Ana, Magana,

Rebeca, Susana,

Lázaro, Ramos.

Na Páscoa estamos!

A cada palavra corresponde um domingo

O povo admite, em certos lugares, que os 12 primeiros dias

de janeiro dão os tipos de tempo dos 12 meses do ano.

Cada um desses dias dará a fisionomia do mês correspondente.

São os chamados dias arremedantes.

Também se entende que esse barómetro está no dia de Santa

Luzia e nos seguintes:

Assim, será o dia 13 de dezembro a ditar o tempo para o mês

de janeiro; o dia 14, para o de fevereiro; o dia 15, para março,

o dia 16, para abril; o dia 17, para maio; o dia 18, para junho e,

assim, sucessivamente, até ao dia 24.

Em vez de fazerem a indicação dos meses do ano relacionam-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

611

-nos com os santos: o mês ele S. João (junho), o mês de Santiago

(julho), o mês do S. Miguel (setembro), o mês dos Santos (novembro),

o mês do Natal (dezembro), o mês dos Reis (janeiro).

Se vêem uma estrela cadente recomendam:

– Deus te guie...

Consta entre o povo que, chovendo em dia de Páscoa, o ano

será de poucas nozes. Quando aparece um amolador de tesouras

e navalhas a tocar a sua gaita inconfundível logo se augura:

– Temos chuva!

Quando se forma o arco-íris dizem os rapazes em chacota:

– Arco-da-velha

Não bebas daí...

Que velhas e velhos

Mijaram aí!

Quando chove e faz Sol ao mesmo tempo dizem que as bruxas

estão a pentear-se e corre dito:

– Sol e chuva...

– Casamento de viúva!

Ou

– Sol e a chover

– As bruxas a torcer

Se o dia é de Sol e começa a chover, os rapazes, fazendo troça,

cantam assim:

– Senhora de Campanhã

– Dá-nos Sol e chuva não!

Ou

– Solvai, Solvem,

Beber água a Santarém...

Está lá uma menina

Que vende ovos a vintém!

Ao contar os dias da semana, dizem esta cantilena:

– Segunda-feira fui à feira,

Terça-feira fui à feira,

Quarta-feira fui à feira,

Quinta-feira fui à feira,

Sexta-feira fui à feira,

Sábado fui à terra,

Encontrei um burro morto...

As castanhas que largar

São pró primeiro que falar...

Santiago Maior


612 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Fora eu que sou juiz

Como pernas de perdiz...

Fora eu que sou capitão

Como perna de leitão!

Quanto ao domingo, dia destinado à distinção e ao recreio,

celebram-no deste jeito:

– Amanhã é domingo

Do pé do cachimbo...

Por isso, toca -lhe a gaita

E repenica o sino...

O sino é de ouro

Repenica o touro...

O louro é bravo,

Subiu ó tilhado...

Quebrou uma telha

Fez grande pecado!

Relativos à religião

Ao entrar numa igreja pela primeira vez devem pedir-se três

coisas: uma delas será satisfeita...

Quando uma pessoa casada vai à Igreja, deve pôr água benta

à entrada, se puser à saída fica viúva, em breve.

O padre quando acabar de rezar a missa, deve fechar o missal,

porque, se o não fizer, as bruxas, que se encontrarem na

igreja, não podem de lá sair sem que ele o venha fechar.

No dia de Santo António deve apanhar-se um raminho da

erva-pinheira e pendurar-se em casa. Se reverdecer é sinal de

fortuna.

É pecado fiar em Quinta-feira Santa. Quem fiar nesse dia fia

as cordas do Senhor.

O alecrim, apanhado do chão, depois da passagem do viático,

tem a propriedade de ficar benzido e ser utilizado para se

deitar ao lume, em ocasião de trovoadas, evitando os perigos que

deles possam advir.

O mesmo se dá com os ramos benzidos, em Domingo de

Ramos.

É pecado pescar no dia de S. Pedro, pois ele foi pescador.

É ponto de fé que o ar ruim não tem cura quando ataca as

crianças na eira, depois das Trindades.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

613

Nos baptizados devem os padrinhos ter a maior atenção na

recitação do Credo, pronunciando todas as palavras.

Não o fazendo o neófito fica sem credo e, por isso, ficará

medroso, sujeito a ter de noite visões de coisas ruins e será tardo

na fala.

S. Cristóvão protege os automobilistas quanto a desastres e o

comum dos homens quanto a mortes repentinas.

Para tanto, é preciso ir ver o santo.

Vinha daí o costume de expor a sua imagem à porta da igreja,

donde resultava este dito:

Vê S. Cristóvão

Certo de que nesse dia,

Ele te guia...

Relativos à morte

Há pessoas que, ao deitar-se, pedem para acordar vivas:

– Nosso Senhor nos amanheça

Com sete buracos na cabeça!

É frequente ver pessoas – quando assistem a enterramentos –

lançar na cova dos defuntos torrões de terra persuadidas de que

assim afastam de si más visões, para que não apareça o espírito

do finado em deambulações noturnas.

Em tempos antigos deitavam dinheiro no caixão do falecido

na convicção de que ele precisaria de pagar a travessia no postigo

de Santiago de Compostela.

Diz-se que o destino das pessoas e as suas condições económicas

dependem da data e da hora do nascimento, que ficam na

dependência e sob a influência dos planetas dominantes.

Acredita-se mesmo que as pessoas hão-de morrer à mesma

hora em que nasceram.

Quando morre alguém, não se deve apagar as luzes que estiveram

a alumiar o morto, até que o corpo chegue à Igreja.

Quando uma pessoa ao morrer, fica com os olhos abertos, é

sinal que está a chamar alguém de família.

Quando alguém está a morrer, vem sempre um mocho bater

com as asas na janela do quarto.

S. Cristóvão

Capela do Repouso


614 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

As almas dos mortos andam pela rua à meia-noite em procissão

com luzes acesas.

Se alguém por desgraça vai ter com aquela procissão e lhe

pede lume, morre infalivelmente.

Quando uma pessoa morre, é bom queimar-se-lhe a cama,

para não voltar a este mundo.

Há quem deite confeitos e missangas no caixão dos anjinhos.

Quando se lembra uma alma do outro mundo, deve rezar-se

um Padre-Nosso.

Relativos a relações entre as pessoas

Ainda existe a crença de que se pode mentir, mesmo jurando

ou dando a palavra de honra, desde que se levante um pé, é a

chamada jura de pé no ar!

Para firmar um contrato verbal, deitavam cuspo na mão e,

sobre ele, colocavam um pêlo que arrancavam de qualquer parte

do corpo.

A seguir batiam o cuspo de forma a fazer saltar o pêlo.

Se mais tarde algum deles quisesse desfazer o ajuste teria de

apresentar o minúsculo pêlo, o que se tornava impraticável.

Ao cumprimentar pessoas não podem cruzar-se as mãos mas,

se tal acontecer, há que fazer este esconjuro:

– Cruzes, canhoto!

Se aparecem as orelhas quentes a alguém o facto significa que

estão a dizer bem da pessoa (se for a direita) ou a dizer mal (se

for a esquerda), mas se existir formigueiro na parte superior da

orelha essa transmissão é produzida por homem, e por mulher

se for na inferior.

As pessoas com orelhas grandes e descaídas foram predestinadas

para receber benefícios da fortuna.

Se a tesoura cair ao chão e ficar espetada, quando costura, o

facto quer dizer que vai receber visita: se a parte que se espetou

for a mais fina será de homem, e será de mulher se for a outra.

Para fazer sair uma visita que se demora colocam uma vassoura

atrás da porta (de rabo para baixo) e o remédio será imediato:

a pessoa não sossega enquanto não for embora.

Se uma pessoa beber pelo mesmo copo que outra já bebeu

fica a saber-lhe os segredos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

615

À mesma mesa não é bom duas pessoas beberem vinho ao

mesmo tempo: uma delas beberá sangue e morrerá em breve.

Quando alguém vai na tentação de fazer ou imitar o que o

outro já fez, dizem:

– É fam como tu dam!

Se alguém pergunta:

– E depois?

O increpado, a fazer rima, dá troco assim:

– Vacas, não são bois!

Quando em discussão, alguém quer manifestar o seu estado

de saturação diz:

– Sabes que mais? Arroz com pardais!

É mau duas pessoas lavarem-se na mesma água, ou limparem-se

à mesma toalha, porque se o fizerem andam à bulha.

Relativos aos homens

Dizem que o homem deve ter três gostos na vida: o primeiro,

no dia do casamento; o segundo, daí a pouco, quando matar um

cevado; o terceiro, daí a um ano, quando lhe morrer a mulher...

Também se insinua que todo o homem que for tido como

muito fino tem uma parte de fino, duas de tolo e três de burro.

Quando alguém mete uma mentira muito descabelada logo

lhe dizem:

– Cruz de pau, cruz defeito...

Quem mentir, vai pró inferno.

Quando um homem forte é ameaçado, responde assim em

ar de zombaria: há duas coisas de que não morro – de medo e

de parto...

Quando duas pessoas em diálogo pronunciam descuidadamente

a mesma palavra dizem: deixa estar que havemos de ser

compadres.

Há um conselho para obter longevidade, mofando com as

situações:

– Quem quiser morrer de velho

É casar tarde,

Enviuvar cedo,

Fugir do salgado e do azedo!


616 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

São Bartolomeu

O homem que tenha no peito os pelos em cruz está protegido

contra feitiços e coisas ruins.

O banho tomado em dia de S. Bartolomeu vale por vinte e

quatro.

Deve tomar-se um número ímpar de mergulhos. Se for par

faz mal.

Não devem cortar-se as unhas à noite por ser prática nociva

e contribuir para fazer perder fortuna.

É mau agouro estarem sentadas 13 pessoas à mesa. Ou morre

a mais nova ou a mais velha ou o dono da casa.

Em certos lugares existe o hábito de designar os anos das

pessoas mais velhas por carros, como se fossem carros de milho.

O carro de milho corresponde a 40 alqueires. Assim, quem

tiver 40 anos, diz-se que tem um carro de idade. O que tiver 80

anos tem dois carros de idade.

Relativos a mulheres

Para uma mulher ter felicidade diz-se que é bom usar uma

liga azul e outra cor-de-rosa.

Se uma mulher vê cair uma pestana do olho direito de homem

pode receber um gosto se a recolher e guardar no seio.

As mulheres grávidas não devem trazer chaves à cinta pois,

se o fizerem, o filho pode nascer com um lábio rachado.

Também não devem cheirar rosas ou mesmo outras flores

nos primeiros três meses de gravidez pois, fazendo-o, a criança

aparecerá depois com uma mancha no corpo parecida com essa

flor.

Se a mulher grávida tomar contacto com um baço de porco

e, com as mãos sujas dele, vier a colocá-las em qualquer parte do

corpo, o filho nascerá com um baço desenhado na pele.

A mulher grávida não pode ser madrinha de baptizado pois,

se o for, a criança morrerá.

A mulher, quando está para lhe nascer um filho, pretende

saber com antecedência qual o sexo a fim de lhe fazer ou mandar

executar as roupas pois, se for menina, terão a cor rosa e, se

for rapaz, a cor será azul, forrando-se o berço com as mesmas

tonalidades.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

617

Quando uma mulher está grávida não deve passar por baixo

de cordas, porque é crença nascer a criança com cordas (cordão

umbilical) enrolado ao pescoço.

Uma mulher grávida não deve trazer, à cinta, chaves que

tenham o pé oco e fendido, porque as crianças nascem com o

lábio superior fendido.

Quando uma mulher dá à luz, quem assiste ao parto deve

enganá-la no sexo do recém-nascido, para que ela se livre. Chamam

livrar-se à expulsão das secundinas ou parias.

Depois que uma mulher se livra, depois de expelir as parias,

devem ser enterradas pelo marido, atrás duma porta.

Duas mulheres, que estejam a amamentar os filhos, não podem

beber a seguir do mesmo copo, porque a segunda, dizem,

bebe o leite da primeira, secando-o, portanto.

Ora, para que tal não suceda, deve a primeira que bebe dar

o copo a uma terceira pessoa que não esteja no caso delas, ou,

então, entornar uma pequena porção de líquido antes de dar o

copo à segunda.

Quando uma mulher estiver a dar de mamar não deve beber

com a criança ao peito, porque pode dar a esta ataques de gota.

Uma mulher que tenha filhos, e que amamente, deve ter cuidado

em não deixar os gatos comerem os seus restos de comida

porque, de contrário, seca-lhe o leite.

Para desvendar o sexo de uma criança em gestação o povo

usa uma prática supersticiosa utilizando uma peneira, onde coloca

uma tesoura aberta no rebordo.

Suspendem depois a peneira, colocando na parte interior do

fundo um carrinho de linhas e um vintém.

Na tesoura dependuram um terço ficando a cruz caída sobre

a peneira.

Dos lados da peneira colocam-se 2 pessoas e cada uma delas

segurará com o indicador da mão direita um aro da tesoura.

Marcam depois a posição do rapaz ou rapariga, num ou noutro

lado e perguntam:

– Peneira de Deus e de todo o mundo

Fala a verdade

Pelas 3 pessoas da Santíssima Trindade!

A peneira voltar-se-á sozinha para um dos lados, assinalando

o sexo.

A prática repete-se 3 vezes.

Esta superstição da peneira também é utilizada para outras

adivinhações, por exemplo, para saber do êxito de um namoro.


618 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Crê-se que, se uma criança for apadrinhada por mulher pejada,

pouco tempo terá de vida.

Entendem as crenças populares que a mulher que sofreu

abortos e os pretende evitar necessita passar debaixo de um pálio

na altura da saída de uma procissão. E há ainda quem o faça.

Para curar o fluxo deve a mulher doente obter a alba de um

padre que serviu na missa nova. Para tanto, terá de trazê-la vestida

por um período de 8 dias chapada ou ajustada à pele, sob as

outras roupas que usa.

Quando pretendem conhecer o sexo de uma criança que está

para nascer utilizam vários processos.

Assim, quando a mulher grávida estiver distraída, solicitam

de surpresa:

– O que é que tem nas mãos?

ou

– Ora mostre as mãos?

Se ela apresentar as mãos com as palmas para cima o neófito

será rapariga; se as apresentar de costas será rapaz.

Também usam pendurar um anel num fio pedindo à grávida

que estenda uma das mãos com a palma voltada para cima.

Com o anel suspenso no fio ao lado da mão a pessoa vai realizando

várias operações para cima e para baixo, cada vez mais

lentamente, até que consiga estabilizar o anel.

Nesta altura suspendem-no sobre a palma da mão, sem nela

tocar.

Se o anel realizar movimentos circulares a cegonha trará uma

rapariga; se o anel produzir movimentos como os do pêndulo de

um relógio teremos ao contrário um rapaz.

O processo tem sido controlado e os nascimentos mostraram-se

coincidentes com os presságios do anel, ao que nos afirmaram.

Quando uma mulher grávida deseja alguma coisa que não

pode comer, a criança nasce de boca aberta.

Quando uma mulher anda grávida, para se saber o sexo da

criança deita-se no lume uma folha de oliveira. Se a folha estala

é menino; se ficar a arder é menina.

Quando uma mulher anda grávida, não deve trazer nada no

seio, porque saem os filhos malhados.

É mau uma grávida ser madrinha de uma criança, porque

esta sai muda ou idiota.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

619

A mulher grávida que plantou ou semeou, não pode dar à luz

sem arrancar a planta que plantou ou semeou.

As mulheres que criam devem trazer com elas alguma coisa

de azeviche por causa das dadas dos peitos.

A mulher, para o ser verdadeiramente, deve ter predicados:

em casa, dona de casa; na rua, senhora; na cama, carinhosa.

Uma rapariga não quis perdoar a um rapaz, que a infamou; a

alma dele vai três dias a fio a pedir-lhe que lhe perdoasse e como

ela teimou que não, a rapariga ao outro dia apareceu morta e

negra como um carvão.

O melhor caldo para as paridas é o de galinha preta.

Relativos a doenças e achaques

Para debelar os soluços metem susto à pessoa ou dão-lhe a

beber 9 goles de vinho ou de água, sem respirar, tapando-lhe

também os ouvidos com as mãos.

Ao beber-se água de alguma poça ou ribeiro, deve dizer-se

três vezes e à laia de benzedura: aguinha barrenta, não faças mal

à minha barriguinha.

Um ramo de sabugueiro, posto à cinta e seguro pelo cós das

saias, tem a propriedade de fazer bem à eripsela.

Para evitar infeção, quando se ferem num pé com prego ou

tacha, espetam esta ou aquela numa cebola.

Não devemos apontar as estrelas ou contá-las com os dedos:

faz nascer cravos nas mãos.

As picadelas nos dedos têm esta significação curiosa: no polegar

é gosto; no indicador é desgosto; no médio carta; no anelar,-

convite; e no mínimo casamento.

Quando duas pessoas bebem água ao mesmo tempo, adoece

uma delas.

Quando alguém está a morrer, não é bom fazer a cama de

lavado, porque morre mais depressa.

Quando se tem muita febre deve apanhar-se uma lagartixa

e dependurá-la ao pescoço dentro de um saquinho. Quando o

animal morrer acaba a febre.

Quando alguém está a expirar, é preciso abrir-se a janela do

quarto onde ele está.


620 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

É bom trazer uma batata no bolso por causa do reumatismo.

Quando a mãe e a criança que amamenta bebem ao mesmo

tempo, esta fica doente.

Ao beber água não se deve ter lume na mão, pois pode perder-se

o juízo.

Com feridas abertas, oferece perigo entrar numa igreja.

Para imunizar contra o mau-olhado as mães têm por costume

colocar figas de azeviche e outros amuletos no pescoço dos filhos

em fios de ouro e prata.

Se viam um senhor empertigado e pretensioso atiravam-lhe

com esta:

– Senhor doutor da mula ruça

Tire o chapéu e ponha a carapuça!

Corre entre o povo que as velas de cera benzidas tem virtudes

extraordinárias, tal qual em tempos idos as tivera a corda do enforcado

que era utilizada na cura da papeira. Por ocasião das trovoadas

essas velas benzidas dispõem de influência decisiva como

sucede com o alecrim e oliveira benzidos em Domingo de Ramos.

Ainda hoje, as pessoas do povo, nas suas promessas aos santos,

têm fé nas figuras de cera e nas velas que oferecem, por vezes

do tamanho das pessoas que obteve deferimento na prece.

Este costume tem uma tradição longínqua que pode fazer-se

remontar ao tempo de gregos e romanos que – na antiguidade

– ofereciam aos seus ídolos figuras de madeira representando

órgãos do corpo humano.

Quando alguém espirra os circunstantes fazem este voto:

– Deus te salve!

Diz a tradição que em tempos recuados se morria de uma

doença desconhecida cujos sintomas se apercebiam através

duma série de espirros.

Actualmente, é muito frequente – em face do espirro – fazer

uma saudação simples: viva!

E há também quem diga:

– Dominus tecum- O Senhor seja contigo.

Com as crianças usa-se uma outra expressão:

– Deus te crie e te jade bem!

O mesmo é dito quando a criança boceja, abrindo muito a

boca, em jeito de quem tem sono.

Para curar dores de dentes espetam um prego na parede e

rezam o Padre–Nosso.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

621

Para a cura dos cravos (ver rugas) que aparecem nas mãos

ou noutras partes do corpo, mas especialmente nos dedos, as

mulheres do povo fazem promessas ao S. Bartolomeu. Os cravos

nascem ao apontar as estrelas e ao contá-las.

Crê-se que são felizes as pessoas que tiverem sinais em qualquer

parte do corpo que não possam ver directamente (por exemplo,

nas costas, no pescoço. na parte traseira das nádegas, etc.).

Relativos a profissões e actividades económicas

Os pedreiros, quando terminam uma obra, costumam colocar

no alto da construção um ramo de oliveira, um rabo de

bacalhau e uma batata para lembrar o patrão a “milhadura” ou

beberete.

Os lavradores antes de tirarem o leite às vacas, deitam no

canado uma pequena porção de água para que o leite, quando

seja fervido, se cair ao lume, não estanque a vaca.

Para engarrafar o vinho, em janeiro ou fevereiro, diz-se que é

preciso fazê-lo em dia de sol claro para que não turve.

Depois da vindima, deixam os pobres apanhar o chamado

rebusco, os cachos mais pequenos e escondidos que ficaram nas

vides após a colheita (gaipos).

O mesmo sucede noutras regiões com a apanha da azeitona.

É princípio que vem do Deuteronómio (Lei 21) que ordenava:

Depois de vindimares a vinha não apanharás os cachos que

ficarem esquecidos que serão para o estranho, para o órfão e

para a viúva.

Não se deve dobar ao domingo, porque quem o fizer, tem de

desdobar eternamente no outro mundo.

Relativos a crianças

Se uma criança abria a boca num bocejo atalhavam logo para

afastar coisa ruim:

– Benza-te Deus!

Noutros pontos diziam assim:


622 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Benza aqui Deus tudo...

O da casa respondia:

– Benza-te Deus também!

Ou, então, diziam:

– Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

O outro completava:

-Para sempre seja louvado

No céu e na terra...

E Nossa Mãe Maria Santíssima

Seja bendita!

As mães, punham nos joelhos os filhos pequenos, e saltando

com eles, diziam:

– Arre burrinho

P’ra casa do padrinho,

Buscar o azeitinho

Mais o vinagrinho...

Arre burrinho

P’ra casa do abade,

Buscar o azeite

Mais o vinagre...

Quando as crianças, à noite, brincarem com lume estão sujeitas

a urinar depois na cama.

Quando as crianças choram de noite colocam-lhe debaixo do

travesseiro uma tesoura aberta, para as livrar das bruxas.

Para distrair as crianças que se iniciam em alimentação diferente

do leite da mãe e para as convidar a comer dizem:

– Põe aqui galinha o ovo

– Que o menino papa-o todo!

Os rapazes, quando comem laranjas, e não querendo cheirar

a elas, terão de fazer no chão uma cova, lançando aí o seu bafo,

deitando depois terra na cova para que o cheiro fique enterrado.

Para fazer a testa às crianças, deve pôr-se-lhes todos os dias,

enquanto são pequenas, na cabeça, alho esmagado.

Não é bom balouçar o berço de uma criança, quando está lá

dentro, porque fica brava.

Não se deve permitir a duas crianças pequenas, que ainda

não falam, que se beijem, porque não fala uma sem falar a outra.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

623

Para uma criança andar cedo, deve ser posta, ao toque das

Avé-Marias, ao canto de uma porta.

É muito bom as crianças irem vestidas de anjinhos, nas procissões,

porque as livra de perigos e lhes proporciona a felicidade.

Quando um gato urina no fato de uma criança, é bom sinal,

porque é sinal de felicidade.

Para as crianças perderem o medo, é bom fazê-las dar um

beijo numa preta.

Quando uma criança, ao morrer, fica com os olhos meios

abertos, morre atrás dela a pessoa mais querida.

Quando uma criança não chora quando é baptizada, não

chega aos doze anos.

Admite-se que, se um rapaz for rapar a panela onde se cozinharam

papas, impede com essa conduta que a barba lhe cresça.

Deve dar-se aos recém-nascidos a água em que são lavados

(água de cu lavado) para que fiquem mansos.

Também para que uma criança seja mansa, deve-se pô-la em

cima de um altar da Igreja e dar-se-lhe três pancadas.

É bom desmamar as crianças em Sexta-Feira Santa, porque

as livra da tísica.

Deve guardar-se a embida das crianças, porque se os ratos

a descobrem tornam-se elas ladras. Também se deve queimar

quando cair, para que não fuja de casa, ou deitar-se ao lume e

defumar-se-lhe com o fumo as mãos, dizendo-lhe para que seja

feliz e habilidosa.

Quando a criança vem da Igreja, após o baptismo, deve colocar-se

sobre ela o casaco do padrinho, para que seja mansa.

É bom que as crianças chorem durante o baptismo, porque

caso contrário morrem antes de um ano.

No regresso da sacristia, a criança deve tornar a sair por onde

entrou para não fechar a porta com as costas, isto é, para voltar

à casa de Deus.

É bom pôr cebola nas gengivas das crianças, para lhes nascerem

os dentes.

A criança que nasce de sete meses, tem uma cruz no céu da

boca tendo o dom de adivinhar.

Costumam chamar-se custódios aos recém-nascidos, enquanto

não são baptizados e também não os deixam às escuras, de

noite, porque não é bom.

Quando uma criança está sentada ou deitada no chão e alguém

passa por cima dela fica enguiçada e não cresce mais; para


624 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

que se desenguice, é preciso que a mesma pessoa que passou por

cima dela passe segunda vez, em sentido contrário.

As crianças nascem sempre quando a maré enche.

Sonhar com crianças é sinal de novidades, boas se forem rapazes

e más se forem raparigas.

Secar o enxoval mijado de uma criança, ao sol, faz secar a

criança.

Não é bom pôr uma criança pequena diante de um espelho,

porque retarda a fala.

Se cai um dente de leite a uma criança, esta, apanhando-o vai

atrás do forno e atira-o por cima da cabeça, fazendo este voto:

– Dente fora. E outro melhor na cova!

É preciso usar esta prática para nascer outro dente em boas

condições.

Se as crianças fazem queixa aconselham num gracejo:

– Tens fome? Come um home!

Ou

– Tens sede? Bebe uma parede!

Ou

– Tens frio? Mete-te no rio. E cobre-te com o capote do tio!

Ou

– Embrulha-te na capa do tio e deita-te ao rio!

Quando passa um enterro não é bom deixar uma criança a

dormir: pode nunca mais acordar!

As crianças que comerem castanhas com a pele que existe debaixo

da casca (conhecida por camisa) criam piolhos na cabeça.

As crianças que comerem maçãs verdes estão sujeitas a sofrer

mal de maleitas (bexigas).

Essas maleitas podem ser bravas ou brandas (também chamadas

loucas).

Trata-se afinal de uma forma supersticiosa de defender a maturidade

do fruto.

Quando uma criança manifesta cobiça por qualquer coisa jogam-lhe

esta:

– Maria Nabiça. tudo o que vê ... tudo cobiça!

Para ensinar às crianças que não devem coçar os olhos com

as mãos dizem-lhes: os olhos só se devem coçar com os cotovelos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

625

Relativos à residência e à alimentação

Quem faz uma casa de novo, morre cedo.

Ninho feito, pega morta.

Casa de esquina, morte ou ruína.

Quando o lume estala ou assobia, estão a falar mal da pessoa

que o acendeu.

Quando alguém se muda de novo para uma casa, deve levar

uma moeda de prata, para nunca lhe faltar o dinheiro.

Quando uma casa fica com a porta aberta de noite sem saber,

é sinal de felicidade.

Quando a candeia espirra, ou o lume estala, é sinal de presente

em casa.

Quando estalam vidros numa casa, é sinal de desgosto.

É mau morar numa casa de três esquinas.

De costas para uma janela, deverá atirar-se o dente de alho

para trás, após trincadela.

À noite, antes de despejarem para o quintal a água de lavar

os pés, têm por hábito dizer: Guarda lá finados que, aí, vai água

de pés lavados.

De noite, não deve varrer-se a casa para fora, porque se varre

a fortuna.

Há muita gente que tem o hábito de, quando pela manhã

abre uma porta exterior, não ficar de frente com a abertura e,

antes de saírem, dizem: Deus de diante e paz na guia; acreditam

que pode o primeiro ser mau ar e embarrar na pessoa, produzindo-lhe

doenças ou deformações físicas.

Assobiar de noite, dentro de casa, dizem que chamam pelo

diabo.

Os tapetes não se sacodem durante a noite (ou mesmo outras

peças) pois corresponde a deitar fora a fortuna.

As camas nos quartos devem ser colocadas de forma que os

pés não fiquem voltados para a rua, pois tal posição é sinal de

morte.

É preciso ter as gavetas dos móveis fechados porque:

– Gaveta aberta... É sepultura aberta!

Quando vestem um fato novo rapam uma côdea de pão de

milho que depois colocam num dos bolsos do fato para que não

sofra mau-olhado.


626 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Quando se vai a uma casa, não é bom arrumar-se a cadeira

em que se esteve sentado, porque não se volta lá mais.

Costumam, no dia 1 de janeiro, estrear roupa nova por correr

tradição que, tal prática, concorre para estrear roupa todo o ano.

Não se deve cozer pão em Sexta-Feira Santa, nem mesmo

antes de aparecer a aleluia.

Vestir uma peça de roupa interior do avesso, sem dar por

isso, vaticina prenda a receber.

Sobre as camas não devem pousar-se chapéus: dá barulho.

O mesmo sucederá deixando bancos, cadeiras, ou calçado

voltados ao contrário.

No Domingo de Ramos não se deve comer sopa de hortaliça:

quem o fizer comerá lagartos todo o ano.

Nesse dia preparam caldo de castanhas piladas, o que ainda

é respeitado por muitos.

Prevalece a crença de que, nesse Domingo, não podem comer

couves, nem mesmo ir à horta, porque violando a prescrição

enchem-se de piolhos.

Quem entornar sal terá de chorar uma lágrima por cada grão

caído. Para evitar ou dominar a desgraça há que lançar para trás

das costas uns grãos, por cima do ombro esquerdo, onde está

sentado o diabo, segundo as crenças populares.

Ainda há poucos anos utilizava-se também a chamada pedra

da era para cativar a mulher que seria presa de amor pelo

homem que a usasse. Era uma das práticas que a Ordenação

Manuelina condenava, a que se reporta a Teófilo Braga numa

crónica que publicou na revista À Volta do Mundo.

A marmelada deve preparar-se durante a lua nova para crescer.

Se for fabricada em quarto minguante acaba por mingar .

A existência de flores nos quartos de dormir prejudica a vida

animal com o seu aroma.

Assim, ao deitarem-se, retiram dos quartos todas as flores.

Quem comer focinho de porco quebra a louça.

No domínio das superstições o sal é um elemento cheio de

prestígio. É substância com grande poder na conservação dos

alimentos, dada a sua contextura sagrada, por vir do mar, tendo

na sua essência atributos de eternidade.

Não se deve deixar na mesa ou em qualquer outro local pão

trincado (ou ferrado, como também dizem) quando se acaba de

comer.

Se cair ao chão um bocado de pão deve apanhar-se e beijar-se.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

627

O pão é sagrado. O beijo purifica e faz desaparecer todo o

dano ou todo o mal que o pão tenha sofrido.

Quem deita fora o lixo à noite deita fora a fortuna.

Relativos a animais

Quando levam animais à feira e conseguem vendê-los tiram-

-lhes as cordas de condução para evitar que se perca a fortuna

do vendedor.

Para levar à feira uma junta de bois fazem-se acompanhar de

uma pernada de oliveira para que a venda se realize em condições

favoráveis.

É mau enterrar fôlego vivo, pois quem o fizer anda tudo para

trás.

Quando uma vaca tem criação põem-lhe uma fita vermelha

no cachaço para neutralizar o mau-olhado e dizem que é bom ter

em casa uma galinha preta para livrar desse mal.

Para afastar, ou repelir coisa ruim, o melhor remédio é rezar

o credo em cruz (persignando-se enquanto se faz a recitação) ou

atirar sal ao lume.

Para imunizar contra os feitiços e servir como talismã de felicidade

usam-se ferraduras de cavalo, especialmente da pata esquerda,

para que traga boas novas!

Quando entram abelhas em casa é sinal de visitas.

Se uma borboleta se revoluteia à volta de uma pessoa entendem

os vaticínios que isso anuncia carta que chega.

Quando aparece uma aranha pequena a passarinhar na roupa

augura dinheiro a receber.

Quando uma pulga salta na palma da mão, é sinal de presente.

Se os sapos cantam de noite é indício de bom tempo.

Entende-se que são afortunadas as casas onde as andorinhas fazem

ninho, pelo que respeitam muito tais aves e não lhes destroem

os ninhos, mesmo depois de emigrarem, para que elas voltem.

Matar um gato é azarento: a vida anda sete anos para trás...

A galinha riça (de penas crespas) tem a propriedade de ser

hemostática, aplicando-se para hemorragias uterinas. Mas para a

sua virtude ser completa, deve arrancar-se-lhe, em vida uma asa.

Quando uma galinha canta como um galo (sinal de mau

agouro), tem que se vender e gastar o dinheiro em calçado, para

frustrar o enguiço.


628 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Santa Clara

Quem pede emprestada uma galinha choca para tirar ovos

tem de entregar depois como recompensa um casal de frangos

para evitar o mau êxito da ninhada, costume este que vai até à

Galiza.

É mau ter pombos em casa.

Se cantar um galo às dez horas da noite o facto anuncia morte

na vizinhança.

Entornar tinta preta é sinal de agouro e luto próximo.

Quando o mocho pia por cima de uma casa augura morte

certa nela pois que seu pio é agoirento.

Dizem que o Diabo pode tomar a figura de qualquer animal

mas que, normalmente, se apresenta com pés de cabra.

Se uma pega passa por cima de uma casa cantando, previnem-se

com este clamor:

– Santa Clara bendita te dê fala

– Para que tu nos tragas boa novas!

É de mau augúrio ter pombas e deixar de as ter, a casa andará

para trás...

Alguém que queira mal à pessoa que deixou o pão trincado

pode ordenar uma feitiçaria, colocando o pão na boca de um

sapo, cosendo-a depois, indo seguidamente depositá-lo ao pé do

rodízio de um moinho.

A pessoa adoece e morre no dia em que morre o sapo.

O povo atribui aos sapos faculdades feiticeiras que só existem

na sua imaginação supersticiosa.

Entretanto, dentre os sortilégios de feitiços que envolvem esses

bicharocos tão antipáticos crê-se que podem ser utilizados

como elemento de vingança, cosendo-lhe a boca e os olhos. O

sapo assim preparado lança-se, então, na casa da pessoa. Ora,

o bicho, de boca cosida, não pode comer e acaba por morrer,

mirrado.

Também a pessoa que for objecto da malquerença será atingida

para definhar até à morte.

Quando se vê um sapo, é preciso cuspir três vezes para não

acontecer mal.

Até na última Ceia de Cristo um apóstolo, embora convivente,

13° participante no divino repasto, veio a ser um traidor pois,

como é sabido, vendeu Jesus por 30 dinheiros, ao cantar do galo.

E o galo tem muito interesse nos domínios da etnografia tendo

em atenção o seu papel relevante nas orações tradicionais, nas

lendas, nas superstições e em tantas outras crenças populares.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

629

Quando o galo canta ao sol-posto, é sinal de morte.

Quando um galo canta antes da meia-noite, é sinal de navio

na barra, ou alguma rapariga fugida de casa.

O galo preto afugenta as coisas ruins.

Quando um galo canta quatro vezes antes da meia-noite, é

sinal de morte.

Quando querem saber se uma galinha vai ou não pôr ovo seguram-na

pelas asas e introduzem o dedo mínimo em busca dele.

Se encontrarem a casca nas proximidades quer dizer que fará

a postura. Chamam à operação olhar a galinha.

Quando se mata uma galinha ou qualquer outra ave doméstica,

se ela tem grandes convulsões, com dificuldade em morrer,

é porque alguém tem pena dela.

O melhor caldo para as mulheres paridas é o da galinha preta.

Não é bom deitar galinhas quando troveja, porque gorlam os

ovos.

É bom pôr um ferro sobre a ave que choca ovos, para que

não gorlem.

Quem tiver galinhas, deve espreitá-las em Quinta-feira da Ascensão

(Senhora da Hora), para se ver as que põem ovos entre o

meio-dia e a uma hora. Esses ovos devem ser guardados, porque

servem para a cura de várias doenças.

As galinhas pretas que põem ovos de duas gemas, têm fins

curativos.

Quando estiver um cão a uivar, tira-se o chinelo do pé esquerdo,

dá-se três pancadas com ele, no chão, e pousa-se com a

sola voltada para cima.

Os gatos e cães que nascem da primeira ninhada quase sempre

ficam danados.

Por isso, para evitar tais perigos, afogam-se ao nascer.

Quando um gato se lava é sinal de visitas; quando lambe as

unhas, é sinal de dinheiro.

Casa onde haja um gato preto, não entram espíritos maus.

Não é bom matar um gato em casa, porque desanda a sorte.

Quando um mocho vem piar a um telhado, à meia-noite, é

sinal de morte.

Quando as vacas berram, é sinal de casamento.

Quando um cão urina à porta ou na roupa de alguém é sinal

de dinheiro.


630 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Quando um cão entra em casa, é bom sinal; pelo contrário,

se entra uma cadela, é agoiro.

Quando um cão esgaravata no chão ou à porta, é sinal de

abertura de sepultura.

Casa em que as andorinhas façam ninho é casa abençoada,

sendo pecado matá-las.

É também pecado matar lavandiscas, porque lavaram os pés

de Jesus quando estava crucificado.

As casas onde se criam muitas baratas são afortunadas. Por

isso, não devem exterminar-se.

O morcego, quando entra numa casa, traz infelicidade.

As borboletas pretas dão sinal de más notícias.

Mas é de bom sinal um grilo a cantar na cozinha.

Quando uma mosca varejeira zumbe numa casa o facto

anuncia visita de bom augúrio.

As aranhas são consideradas veículos de sorte e, por isso,

não se devem matar. Matar uma aranha leva ao desencadear de

calamidades.

Na sua fuga para o Egipto a família santa de Nazaré acoitou-

-se numa caverna para fugir à perseguição.

Uma aranha – e daí lhe advém o seu prestígio – logo construiu à

entrada uma grande teia e uma pomba veio nela depositar um ovo.

Os soldados de Herodes, ao passarem no local, vendo a teia,

logo formaram a convicção de que por ali não tinha passado

ninguém havia muito tempo, pelo que continuaram no seu caminho,

deixando para trás a Sagrada Família.

Um cão a uivar é sinal de mau agouro, anuncia morte.

Para ele emudecer e evitar qualquer desgraça é preciso pôr

um chinelo de sola para cima.

Para que as formigas não exterminem os pássaros ainda implumes

há que chamar-lhe sapinhos e aos ovos no choco pedrinhas.

Diz-se que o pavão tem três coisas que o distinguem: a beleza

de um anjo; hábitos de ladrão e o canto do tranglomango.

É mau ter pombas e depois ver-se livre delas, porque anda a

casa para trás.

Quando um bode espirra é sinal de bom tempo.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

631

Relativos ao diabo

Depois do dia 24 de agosto (S. Bartolomeu) não é bom comer

amoras por constar que, nesse dia, o Diabo anda à solta e

tem o costume de passar nos silvados para envenenar as amoras

com os seus dejetos.

Para o afastar, ou repelir coisa ruim, o melhor remédio é rezar

o credo em cruz

(persignando-se enquanto se faz a recitação) ou atirar sal ao

lume.

E, se o diabo aparece, a melhor forma das pessoas o afastarem

é lançar sal em cruz ou rezar o Credo em voz alta.

Para tanto, vão às encruzilhadas procurar o diabo para este

lhes transmitir os seus dons.

E a invocação resulta em êxito, segundo elas, dado que o

mafarrico acorre a prestar-lhes auxílio quando o evocam.

Daí atribuírem-lhe a capacidade para imobilizar os maus espíritos,

frustrando ou tolhendo a sua ação malévola ou intervindo

para causar malefício às pessoas através da execução de certas

práticas ou, então, para as influenciar em determinado sentido

ou até para obter fantásticas curas.

Quem se vê a um espelho à noite com uma luz na mão, vê

dentro do espelho o diabo.

É muito mau, quando se vai por uma estrada à noite, voltar-

-se para trás, porque fica o diabo a fazer cruzes nas costas.

Quem fala só fala com o diabo.

Brincar com a sombra da própria pessoa na parede, é muito

mau, porque se brinca com o diabo.

Quem anda para trás faz o caminho ao diabo.

Na caldeira do Inferno o Diabo não pode ver o alecrim, por

isso é que a gente se defuma com ele.

Relativos a bruxas e maus-olhados

Uma mãe, em hora aberta (meio-dia) rogou uma praga a um

filho. Imediatamente armou-se um redemoinho e o filho desapareceu.

A mãe, muito aflita, por não saber do filho, tratou de o procurar

e seguiu por uma estrada chorando muito. Vai ós pois ó depois,

encontrou no caminho uns almocreves, que lhe perguntaram o


632 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

que ela tinha e o motivo por que chorava. A mãe contou o que

lhe tinha acontecido. Os almocreves em vista do que ela contou

disseram-lhe que quando passavam na ponte da Aliviada sentiram

uma criança a chorar muito, em baixo, junto ao rio, e que tinham

perguntado à criança o que ela tinha, ao que a mesma respondeu:

Foi a minha mãe que ao meio-dia me rogou uma praga dizendo

que os diabos me levassem, e eles imediatamente me levaram pelos ares

até aqui, e por isso estou em poder do Diabo, e só poderei sair daqui

vindo o meu padrinho e a minha madrinha a buscarem-me.

Em vista disto, a mãe foi convidar os padrinhos para que

fossem buscar o filho, que estava na ponte da Aliviada em poder

do Diabo.

Chegaram os padrinhos à dita ponte e, como não vissem ninguém,

começaram a chamar o afilhado. Imediatamente no fundo

do rio se ouviu um grande barulho e logo em seguida uma voz,

que parecia do outro mundo, dizer:

– Que querem daqui?

O padrinho respondeu: Queremos um afilhado nosso que

aqui está, e então em nome do Senhor eu te requeiro que mo

entregues já.

Como queres que to entregue? – Perguntou a mesma voz,

que era o diabo-feiticeiro e sentinela daquela prisão.

Queres que vá como veio, ou como está? Quero como ele

veio – respondeu o padrinho.

Tornou-se a ouvir grande barulho e muitas vozes de rapazes

a chorar, e logo no mesmo instante apareceu em cima da ponte

o rapaz ao lado dos padrinhos. As vozes que choravam eram de

outros rapazes que ninguém ia buscar. Fizeram muitas perguntas

ao rapaz, como ele ali estava, o que fazia e o que comia.

Eu – respondeu ele – estava ali carregado de ferros; carne comia

quanta queria, mas pão era só as migalhas que cresciam das

mesas dos que se levantavam sem dar graças a Deus. Penteava os

diabos inferiores e deitava lenha na fogueira que queimava aqueles

que depois de um certo tempo ninguém os ia buscar. Adregou

(aconteceu) – disse o rapaz – pedirem que queriam que eu visse

como tinha ido, porque se pedissem para vir como estava, encontravam-me

agora coberto de ferros e de pêlo e com cornos.

A crença de que a coisa má, que aparece à hora do meio-dia

se manifesta sob a forma de um redemoinho.

À hora do meio-dia encontram pelas estradas, nas encruzilhadas,

etc., umas coisas más, que se chamam rosemunhos (redemoinhos).

O rosemunho é como uma poeirada; leva paus, pedras e se


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

633

apanha uma pessoa no meio leva-a também pelos ares, mas se as

pessoas trouxerem umas contas na algibeira e as atirar à tal coisa

má ou demónio, não lhes acontece mal nenhum.

Ainda existe outra tradição:

Uma mulher foi a uma fazenda e viu um galo; correu atrás

dele e como o apanhasse trouxe-o para casa. Quando ao meio-

-dia a mulher foi jantar com o marido e principiaram a rezar, o

galo desapareceu.

Se o dia não corre bem a qualquer homem ele põe a fralda

da camisa por fora das calças para afastar as bruxas. Para livrar

de mau-olhado há que trincar de manhã, em jejum, um dente de

alho com casca.

Ao abrir a boca, usam fazer-se cruzes, corno quem se persigna,

para não entrarem maus ares.

Quando à noite lavam os pés, para que não entre coisa ruim,

diz-se:

– Fugi malvados... Aí vai água de pés lavados!

Partir vidros é sinal de acidente desagradável, e quebrar espelhos

é presságio da morte.

É bom trincar um alho em jejum por causa do mau-olhado.

Quando se vê uma preta é mau agoiro; se for um preto é sinal

de gosto; se vêm ambos, é gosto certo.

Não é bom cruzar facas e deixar sapatos com sola voltada

para cima anuncia barulho.

Os guarda-chuvas não devem ter-se em casa abertos pois os

espíritos maus podem esconder-se debaixo deles.

Se na roupa branca aparecem pequenos cortes, que dizem ser

feitos pelas bruxas, não se remendam, pode coser-se a vida da

pessoa e morrer desse mal.

Quando se constrói uma casa deve deixar-se qualquer coisa

por acabar para evitar o enguiço e não é bom que seja de esquina

porque:

– Casa de esquina. Ou morte ou ruína!

Ao examinar um objecto de metal que se apresenta com aspecto

rico, contestam a sua qualidade e mofam dele:

– Isso é de ouro

Do rabo do touro...

Isso é de prata

Do rabo da gata!

O povo acredita que as bruxas, entre as onze horas e a meia-

-noite, entram nas casas


634 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Penetrando pelo buraco das fechaduras – para sugar o sangue

às crianças.

Para realizar as suas deambulações as bruxas besuntam-se

com unguento do diabo transformando-se em animais (ou aves).

Quando alguém consegue fazer sangue no bicho pode vir a

conhecer a pessoa, a exemplo do que sucedia com a crença do

lobisomem.

Para frustrar os bruxedos e evitar os enguiços dizem as mulheres

do povo que as parteiras devem envolver as crianças recém-nascidas

numa peça de roupa que tivesse sido usada pelo pai.

As bruxas ou mulheres de virtude, conforme as tomam, vivem

na convicção de que dispõem de superioridade de forma a

colher efeitos benfazejos ou malignos pelo seu poder de dominação

dos espíritos.

Gil Vicente, no Auto das Fadas, apresenta uma feiticeira com

os seus instrumentos de fortuna e magia para dizer:

– Ando nas encruzilhadas

Às horas que as benjadadas

Dormem sono repousado

E eu estou com um enforcado

Papeando-lhe à orelha.

Quando na presença do diabo as bruxas armam roda e dançam

à volta dele (a sanzala) é depois disso que vão correr fado e

fazer diabruras.

Se deambulam nesse seu destino não podem as bruxas pronunciar

o nome de Jesus.

Fazendo-o, as outras, logo anunciam:

– Falaste no ailarú?

Pois então vamos nós e ficas tu!

É costume dos povos rurais pregar ferraduras nos espigueiros

com as pontas voltadas para cima para que a sorte não se

afaste e até para frustrar a influência das bruxas no ambiente dos

canastros, como também lhes chamam.

Entende-se que a ferradura constitui um símbolo sagrado por

ser de ferro e ter forma de lua nova.

É usada como amuleto, com grande poder contra os feitiços.

Diz-se que as bruxas perdem todo o poderio que o diabo lhes

outorga logo após o cantar do galo, canto que mata a escuridão,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

635

para implantar o reinado da claridade e da luz que dimana do

bater das suas asas.

No poema D. Branca diz Garrett:

– E o galo preto anuncia a hora fatal a encantamentos.

Entre as suas expressões usa-se para exprimir que, no acontecer

disto ou daquilo, as coisas teriam um curso diferente.

No campo das superstições o galo preto tem até um certo

prestígio, talvez resultante da sua raridade.

Nos cruzamentos dos caminhos, onde as bruxas à meia-noite

se encontram e estabelecem diálogo com o mafarrico, não devem

as pessoas transitar a essa hora pois, nas encruzilhadas, dominam

coisas ruins e muitos perigos.

O povo acredita que as bruxas, entre as onze horas e a meia-

-noite, entram nas casas penetrando pelo buraco das fechaduras

– para sugar o sangue às crianças.

Para realizar as suas deambulações as bruxas besuntam-se

com unguento do diabo transformando-se em animais (ou aves).

Quando alguém consegue fazer sangue no bicho pode vir a

conhecer a pessoa, a exemplo do que sucedia com a crença do

lobisomem.

Para frustrar os bruxedos e evitar os enguiços dizem as mulheres

do povo que as parteiras devem envolver as crianças recém-nascidas

numa peça de roupa que tivesse sido usada pelo pai.

As bruxas ou mulheres de virtude, conforme as tomam, vivem

na convicção de que dispõem de superioridade ede forma

a colher efeitos benfazejos ou malignos pelo seu poder de dominação

dos espíritos.

Relativos a aspetos diversos

Era tradicional, ao fazer uma contagem, utilizar os dez dedos

das mãos e os dos pés, tomados como unidades.

Para conhecer o amor utilizavam uma flor chamada malmequer.

Os amuletos andam em pulseiras ou em voltas penduradas

no pescoço.


636 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

SUPERSTIÇÕES, DEFUMADOUROS,

ESCONJUROS E ARREMEDOS

Além dos vaticínios, agouros e esconjuros existem inúmeras

prescrições mágicas para a cura de males, devendo algumas remontar

a civilizações milenárias.

Há pessoas que o povo considera dotadas com o poder de se

entenderem com os espíritos, não só para em transe os evocar,

mas também para em prática exorcista os esconjurar, com actos

rituais de quase bruxaria.

O povo, na sua crendice ingénua, em face de fenómenos que

excedem o seu conhecimento e superiores à sua mentalidade,

admite tais práticas, dominado por uma imaginação doentia ou

excitado por um instinto de medo e conservação.

Nesta região, as superstições estão largamente difundidas, especialmente

nos meios rurais.

DEFUMADOUROS

São Silvestre

Na região, as mulheres do povo realizavam, com frequência,

defumadouros para afastar os espíritos maus e os enguiços.

Utilizam um prato de ferro com 7 ranquinhos de alecrim, arruda

e oliveira, a que por vezes adicionam incenso, lançando-lhe lume.

Com o prato na mão direita percorrem a casa, de canto a

canto, em cruz, num voto repetido imparmente:

Assim como Nossa Senhora

Defumou seu amado Filho

Para bem cheirar...

Eu defumo esta casa (ou esta pessoa)

Para todo o mal dela retirar!

Por vezes fazem, no final, um oferecimento em verso muito

vulgar nas talhações:

Em louvor de S. Pedro,

De S. Pedro e S. Silvestre...

Quanto eu faço lhe preste,

Nosso Senhor e Nossa Senhora

Sejam divino Mestre! (PN-AM)

Para frustrar a inveja ou para conseguir felicidade, realizam defumadouros

reunindo raminhos de alecrim, 3 pontas de piassaba,

arruda, incenso em pó e sal grosso, a que deitam fogo, num prato.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

637

Com a vasilha a fumegar percorrem os cantos da casa, fazendo

cruzes, ao mesmo tempo que proferem as expressões já

enunciadas, com pequenas variantes.

Quando tudo se apagar, embrulham as cinzas numas calças

velhas de homem e atiram o todo a um rio, que vá directamente

para o mar.

Com os mesmos elementos e com o mesmo ritual defumam

também as pessoas. Estas, têm de atravessar a cruz o prato onde

se faz arder o alecrim, em número de vezes ímpar, sendo também

pernão o número de vezes para a oração.

ESCONJUROS

– Para esconjurar os espíritos maus, praticam uma espécie de

exorcismo à noite, percorrendo os quatro cantos da casa, com

esta objurgatória:

Tista, contista,

Três vezes contista,

S. Pedro e S. Paulo,

S. João Baptista...

Pelo poder de Deus

E Nossa Senhora

Nesta casa assista...

Coca, três vezes coca,

Nunca o diabo

Tenha nada á nossa porta...

Credo... Credo... Credo...

Abrenúncio!

– Para conjurar pessoa inimiga, dada à murmuração, na mesma

freguesia, atiram-lhe esta imprecação:

Côca, barrôca,

Estribo no pé

E freio na boca...

Três para a esquerda

E três para a direita...

Para o sujeito

Ou para a sujeita...

Pão na manga

E pão na cesta...

Toma burro

Leva esta!...


638 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

– Quando uma pessoa é atingida pelo mau olhado que outra

lhe lançou, o quebrando, deitam num recipiente 9 pedras de sal

virgem numa pequena porção de água e, molhando aí o dedo

indicador direito, fazem cruzes na cabeça do quebrantado, à medida

que vão dizendo:

Assim como este sal

Foi criado no mar sagrado,

Que ele seja servido

Tirar este quebrando ou mau-olhado

De morto ou de vivo

Ou demónio excomungado!

– Quando cosem uma peça de roupa que uma tenha vestida,

para evitar que lhe sobrevenha a morte, esclarecem à medida

que passam a linha:

Não coso vivo, nem morto,

Mas aquilo que está roto!

– É muito grave derramar azeite e, então, quando sucede – para

vencer o agouro – fazem cruzes com sal e expressam três vezes:

Boto sal em cruz,

Santo nome de Jesus!

– O encontro inesperado com um corcunda traz agouro, pelo

que – para afastar o mal – fazem figas (entrecuzando o dedo polegar

com o médio indicador), esconjurando:

Pão na mão,

Pão na cesta...

Arre burro

Leva esta!

– Para proteger as crianças do sol, a fim de não serem queimadas

durante o verão, põem-lhe ao pescoço no dia 1 de março,

antes do amanhecer, uma fita vermelha, dizendo:

Ó sol de março

Julgavas

Que me enganavas

Com a tua madrugada...

Mas fui eu que te enganei

Com a minha fitinha ao pescoço

Para tu não me crestares!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

639

– Para obter a fortuna, escondem num bolso três bolinhas

de coca (as folhas desta planta têm a substância que narcotiza os

peixes) e suplicam todos os dias:

Cóquinha, coca aqui...

Assim como atrais os peixes do mar

Assim atraias a fortuna a mim...

Ouro, prata, papel

E tudo quanto eu possa granjear

À minha casa venha parar...

Pelo poder de Deus

E do Santíssimo Sacramento do altar!

AGOUROS

– Se um quadro cair da parede onde estava pendurado o facto

é de muito mau augúrio, sobretudo tratando-se da imagem de

uma pessoa viva (fotografia, por ex.).

A pessoa nele representada será vítima de trambolhão mais

extenso que o quadro e morrerá, ou poderá acontecer – como

também se diz – morrer outra pessoa da mesma casa.

– Não é bom cruzar talheres.

O facto corresponde a fazer invocação dos horrores relativos

ao acto infamante de crucificar o justo. Ora, a cruz, constitui um

símbolo de unidade.

Por isso, aquele que cruzar talheres ficará sob a influência da

infelicidade. E diz-se que o cruzar facas faz quebrar a amizade.

– Representa coisa muito grave partir um espelho: mata-se

uma parte da alma, pois que os espelhos contêm por reflexão a

imagem das pessoas.

Crê-se que este agouro teve origem numa superstição minhota

do tempo de D. João I quando era proibido olhar os espelhos.

A Ordenação chamada Manuelina estabelecia penas para

aqueles que procurassem imagens nas superfícies dos cristais,

dos espelhos, das espadas ou até das águas límpidas.

– Olhar os espelhos é uma crença medieval que, ao que se

supõe, teve suas raízes nos países orientais.

Nas lendas árabes também aparece o espelho e, num estudo

de Lutero, vamos encontrar igualmente o espelho para ler acontecimentos

futuros.

Espelho


640 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Amuletos

Corre também na tradição que as crianças enquanto não podem

exprimir-se não devem aproximar-se de espelhos para evitar

que lhes tarde a fala.

Daí a crença de que é agoirento partir um espelho por ser

uma mensagem ou sinal de desgraça.

– Não é de bom augúrio colocar dinheiro sobre a mesa de

jantar, sobretudo no momento em que se come.

Constitui um enguiço para a fortuna.

– Há em certos lugares a crença de que é de bom agoiro fazer

o lançamento da postura de ovos por um bêbado.

Diz o povo que, então, saem os ovos todos, isto é, não fica

nenhum grolado.

– O corvo, apesar de ser um dos atributos de S. Vicente, é

tomado pelo povo como ave agoirenta.

– Quando, de noite, se percorrem os caminhos não deve assobiar-se.

É de mau augúrio.

Corresponde a chamar pelo diabo.

– O espirro, no momento de calçar os sapatos, é também de

mau augúrio.

Para conjurar esse perigo deve a pessoa meter-se na cama.

– É mau passar entre duas pessoas que falam. Corresponde a

roubar-lhes a sorte e a tirar-lhes a graça.

– Derramar azeite nas mesas é um sinal de desgraça, enquanto

que o entornar vinho significa alegria.

– Dar um lenço de prenda conduz a separação. Para evitá-lo

é preciso dar qualquer coisa em troca.

– Durante as festas populares de junho, especialmente no S.

João, os romeiros adquirem alhos-porros que levam para casa.

Este alho terá de ser conservado inteiro.

Tem o condão de proteger a família contra desgraças.

– Quando alguém rogar praga a outrem – durante a missa,

entre a hóstia e o cálix – a praga cai-lhe em cima e a pessoa sofrerá

danos.

– Não é bom passar por baixo de uma escada.

Quem o fizer expõe-se a ficar enguiçado.

Só poderá libertar-se do enguiço voltando a passar em sentido

contrário.

As escadas, na crença popular, são de ruins presságios para

quem passar debaixo delas.

Diz-se que, na crucifixação, conforme pode ver-se das ima-


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

641

gens existentes em pinturas antigas, havia uma escada encostada

ao braço superior da cruz que os algozes utilizaram para levar a

cabo o martírio.

Por isso, como corria na tradição, no caso do condenado à

força, quando subia a escada para o suplício, o seu espírito deixava

o corpo tão bruscamente que não conseguia encontrar refúgio

para se fixar.

Assim, ficava junto da forca aquela alma perdida, a pairar

no espaço para dar perseguição a quem passasse por baixo da

escada (objecto com maldição).

– É de mau agouro encontrar um preto, quando se está em

jejum.

O mesmo, se dirá quando se urina sobre fogo ou se cospe no

lume.

– No período post-partum deve também a mulher ter cuidado

com o seu leite.

Este seca-lhe se cair sobre lume. (Vale, Carlos: Revista de Etnografia:

vol. 25: fols. 166 a 183).

CURA DE MALES – TALHAÇÕES

Nos domínios da medicina mágica popular, encontram-se

inúmeros ensalmos com valor etnológico apreciável.

Pode dizer-se que os ensalmos variam de lugar para lugar,

embora tenham uma raiz comum.

ABERTO

Para curar este mal, a mãe dos gémeos passa sobre o doente

deitado, mas vai apegada a um pau.

AFOGUEAMENTO DE FERIDAS

Trata-se de inflamações com mau aspeto, a que chamam

Fogo, usando-se o ensalmo seguinte:

Sempre verde e bem-aventurado,

Nascestes no mundo sem ser semeado,


642 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Da chuva foste regado,

Do vento forte abanado,

Três folhas tens encruzado,

Tira-me o Fogo deste revelado!

Nossa Senhora da Conceição

Para a talhação, utilizam 9 ranquinhos de sabugueiro (sempre

verde), de três folhas cada, com azeite, que vão passando

sobre a lesão.

Após a invocação, diz-se:

Sempre verde, encruzado,

Foste nascido sem ser semeado,

Da chuva regado,

Do sol aquentado,

E do vento abanado...

Talho este fogo

Que neste corpo foi dado pelo poder de Deus...

E a Senhora da Conceição

Ponha a sua divina mão

Que a dela vale

E a minha não! Amen.

E acrescentam:

Aqui passou Santa Cecília

Com seu filho e sua filha

Perguntando ao Senhor

Como este mal se atalharia.

E o Senhor lhe respondeu:

Sempre verde e água fria! Amen.

Noutros locais, o ensalmo e o ritual apresentam diferenças

profundas:

Sempre verde, bem-aventurado,

Pela chuva foste regado,

E do vento abanado

Tira este fogo

A este revelado...

Santa Cecília

Três filhas tinha,

Uma na fonte,

Outra no rio,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

643

Outra no fogo que ardia...

Perguntou a Nossa Senhora o que faria.

E Nossa Senhora respondeu:

Bota-se saliva da boca

No sabugueiro, três vezes,

Que, pelo poder de Deus, logo sararia!

O doente cospe três vezes no sabugueiro e talha-se durante

três dias, três vezes em cada dia. Lançam depois os raminhos de

sabugueiro em rio que não costume secar, para que também não

seque. Há muitas variantes.

AFTAS OU ÁFRICAS

Antes de começar a talhar as aftas, a pessoa que talha e a que

é talhada têm que se benzer.

Tem que se talhar durante três dias seguidos e se não passar

aos três vai-se até aos sete.

Talha-se tantas vezes quantas as necessárias, com a condição

de ser sempre em número ímpar de dias.

A pessoa que talha e a que está a ser talhada tem de olhar

para a estrela da manhã, ou para a estrela da noite.

A oração é dita a olhar para a estrela, enquanto que a pessoa

que talha, com a faca na mão, faz cruz sobre a boca da outra pessoa:

Jesus nome de Jesus (três vezes)

Estrelinha da banda de além

Sarai as aftas que a minha boquinha tem!

Ou

Que a boquinha deste menino tem. (conforme a pessoa em

questão).

As pequenas úlceras nas mucosas da boca das crianças, são

debeladas numa objurgação com água em frente que, a correr, se

corta com uma faca na mão:

Assim como a água sagrada bate aqui

Assim minha afta tu fiques aí...

Ou

Estrelinha da banda de além

Tira-me estas Áfricas

Que a minha boquinha tem!


644 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ou

Luzinhas da banda de Além

Tirai as áfricas que a minha boca tem! (PN – AM)

O AR MAU

O povo crê muito que certas doenças, principalmente das

crianças, são produzidas por ar mau, isto é, ar em que havia

algum maléfico ou tinha estado algum espírito maléfico. Para

livrar a criança do ar mau há muitas práticas e fórmulas. Conhecemos

três.

1 – Faz-se um bolo de pão e dá-se à criança que tem o ar mau

e o que a criança não comer deita-se a um cão e numa noite de

luar a criança deve dizer:

Luar, luar

Dá-me a minha cor,

Dou-te o teu ar.

2 – Leva-se simplesmente a criança à rua numa noite de luar

e a mãe dela diz:

Luar, luar

Toma o teu andar;

Deixa o meu filho

Que o quero criar.

3 – Vai-se à fonte por um caminho e vem-se por outro com a

criança nos braços; ao afastar-se da fonte diz-se:

Eu o céu vejo,

Eu estrelas vejo,

Eu terra vejo,

Eu ar vejo,

O mal que esta criança tem

Pela minha mão despejo.

E deita-se para trás das costas uma mão cheia de água, sem

olhar para trás.

AZAGUE OU AZAGRE

Renegava-se à beira de um riacho, molhando um raminho

de 3 folhas na água, de cada vez, fazendo com ele cruzes na cara


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

645

do doente e lançando depois as três folhas na corrente, com este

poético entremeio:

Azague foi ao monte...

Nunca comia, nem bebia,

Quem talhava era Deus

E a Virgem Maria

Com a folhinha de gesta

Que pela água corria...

AZIA

A pessoa que tem azia debruça-se sobre uma pedra pia, dizendo

a que talha:

Jesus e nome de Jesus! (três vezes)

Sai-te daqui, bruto!

Sai-te daqui, trela! Sai-te daqui, burro! (ou burra conforme

for homem ou mulher) de cima da pedra. (PN – AM)

Ao talhar a azia a pessoa tem que se pôr em cima de uma

pedra, descalça, dizendo três vezes.

Eu te talho azia

Sai-te burra, desta pedra fria.

BERTOEJA

Talha-se a irritação da pele que produz muita comichão, dizendo

as mulheres que o corpo fica com a aspereza de uma cortiça.

Para o tratamento utilizam uma pia de porcos, com a prévia

invocação, passando o doente sobre ela três vezes e dizendo:

Assim como o porco e porca comem aqui

Assim bretoeja tu fiques aí!

Fazem no final o oferecimento já enunciado, mais ou menos

idêntico.

O BICHO

Talha-se com um tição de lareira a arder, andando com ele

à volta sobre o ponto onde passou o bicho, com este esconjuro:


646 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Ordenha ou mungição

Bicho, bichão,

Cobra ou cobrão,

Aranha, ou aranhão,

Sapo ou sapão,

Sai-te daqui... senão

Queimo-te com este tição!

Tu p’ra diante não irás

P’ra trás tornarás (aqui param e andam com o tição para trás)

Pelo poder de Deus

E da Virgem Maria

Aqui secarás!

O Fogo tem sempre na medicina popular um papel relevante.

Na mitologia das gentes é coisa sagrada, que purifica.

Dizem as crenças populares que não se deve cuspir no fogo:

quem o fizer sofrerá grave acidente.

Também não deve urinar-se sobre lume: aquele que o faça

ficará doente da bexiga.

Quando se ordenha uma vaca não deve deixar-se cair o leite

sobre lume: – secar-lhe-á a secreção.

Esconjuram também com um tição a arder, durante três dias,

dizendo:

Bicho, bichal,

Sapo, sapal,

Sai-te daqui

Que anda fogo em brasa

Por cima de ti!

Também se diz:

Bicho, bichão,

Sapo, sapão,

Aranha, aranhão,

Bicho de toda a nação,

Bicho que comeis e bebeis

E graças não dais

Esmirrado sejais!

Noutros lugares usam um carvão e erva e decidem assim, em

execução tripla:

Bicho, bichão,

Aranha, aranhão,

Bicho de toda a nação,

Sejas seco, esmirrado,

Como este carvão.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

647

BICHOCO

Bicho, bichoco

Eu te talho

Com funcho, água e sal

Do Monte Pedral...

P’ra que nun cresças,

Nem engordeças

E juntes os pés com a cabeça!

BICHO-FERRÃO

Trata-se esta inflamação intestinal das crianças, desta maneira:

Não quero o meu menino

Doente do bicho ferrez...

Quero-o são e salvo

Como Nosso Senhor o fez! (PN – AM)

Durante a talhação a criança passa sob um arco construído

com ervas que duas pessoas seguram.

CIÁTICA

O doente segura na mão direita uma vela de cera, benzida, e,

depois de invocação tripla, usam esta oração anfigúrica:

Desconjuro-te, Rosa! (duas vezes)

Pelo poder da Virgem Maria

Senhora Nossa...

E do seu bendito filho, Jesus Cristo,

Desconjuro-te, Rosa! (duas vezes)

Pelo poder dos anjos e dos Serafins.

E pelos merecimentos dos apóstolos...

Desconjuro-te, Rosa! (duas vezes)

Pela cruz de Jesus Cristo

Que saias deste corpo

Assim como saíste do sangue e da água

Para os filhos de Israel...

Bem-aventurados

Aqueles que usam os caminhos do Senhor

Que, por meio desta oração,


648 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Seja tirada esta Rosa...

Desconjuro-te, Rosa!

Pelas ondas do mar,

Pelo que se contém nos livros e missais,

Pelas 4 colunas da Igreja Santa

Pela sagrada água do rio Jordão

Que não tenhas poder de estar nesta criatura...

Pelos vivos merecimentos

Da Virgem Maria, Senhora Nossa,

Em virtude de N. S. Jesus Cristo

Que viveis e reineis

Por todos os séculos dos séculos. Amen. (PN – AM)

COSTAS ABERTAS

Esta talhação exige a participação de uma mulher que tivesse

tido um par de gémeos. Ela terá de passar três vezes sobre o

doente, que se deita no chão.

Em seguimento do rito, a mãe dos gémeos põe o seu pé direito

no ponto aberto e pergunta:

Porque é que abriste?

O padecente contesta:

E tu... porque é que pariste?

E ela determina:

Assim como eu sarei da minha paridura

Assim tu sares da tua abertura!

Passa depois sobre as costas doentes para o lado contrário e

repete o feito três vezes, fazendo no final o já conhecido ofertório,

comum a todas as talhações.

DADA

Esta inflamação dos seios das mulheres ou úbere das vacas

cura-se, com um raminho de sabugueiro (sempre verde) que embebem

numa mistura de 3 pingas de azeite e 3 pingas de água

dispostas numa vasilha.

Talham depois em número ímpar:

Dada me deu

Dada me daria...


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

649

Sare-me Deus

E a Virgem Maria!

Também se utiliza um pente e uma porção de água quente,

molhando o pente no líquido e passando em cruz sobre a dada,

à medida que esconjuram:

Quando Nosso Senhor pelo mundo andou

Ao bom homem pediu deitada

Má mulher lhe fez a cama

Sobre vide, sobre lama,

Sara peito abaixa mama!

DORES DE DENTES

O formulário caseiro do povo arranjou também um processo

para se defender das dores de dentes, com o auxílio de um terço e de

uma reza que, com a prévia invocação, declamam durante 9 vezes:

Estava S. Clemente

Entre as pedras do Algarve...

Passou Nossa Senhora e disse:

Que fazes aí, Clemente?

– Senhora, estou muito mal

E muito doente

Dos meus queixos,

Do meu dente...

-Pois tu nun sabes, Clemente,

Que Nosso Senhor Jesus Cristo

Andou nove meses no meu ventre?

Pois vai e talha...

Se for imor que espalhe;

Se for dor que passe;

Se for bicho que morras

ECTRÍCIA, TRÍZIA OU TRIZ

Para a talhar pegam num chifre de carneiro, fazendo cruzes,

durante 3 vezes, com este dito:

Eu te talho triz branca,

Triz negra, triz parda,

Triz amarela...


650 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Em louvor de S. Bernardo

E de S. Bernardino e S. Luís

Que são os verdadeiros Mestres

De talhar esta triz!

ECZEMA

S. Bernardo de Claraval

Para a sua cura importa arranjar água de uma fonte que nunca

tenha secado.

Durante 9 dias seguidos, uma vez em cada dia, renegam o

mal com penas de galinha viva, que embebem na água, a que

adicionaram sal:

Herpes! Lavras aqui em terra lavrada!

Vou talhar com nove penas de galinha viva

Pedrinhas de sal

E pingas de água de fonte especial!

Para que Deus e Nossa Senhora

Te venha curar este mal...

Assim, tudo que eu faço preste

Que tu fiques são e salvo

Como na hora em que foste nado

Aos pés de tua mãe lançado,

Nascido e baptizado...

Pela sagrada morte e paixão

Que Jesus Cristo seja médico e cirurgião!

ERIPSELA OU ZIPLA

Utilizam-se 7 perninhas de carqueja, 7 pingas de azeite e outras

tantas de água, tudo disposto num pequeno prato.

A que talha toma uma haste de urze, molhando-a no azeite e

água que procura misturar, benzendo em cruz a cara do doente e

recitando o ensalmo apropriado, que a seguir se indica.

Na borda do prato vão juntando os raminhos do esparto do

monte utilizados e, no final, com os sete juntos, repetem a reza,

queimando tudo em seguida

A talhação faz-se durante três dias seguidos e o rito inicia-se

com a seguinte invocação:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

651

– Jesus, nome de Jesus! (três vezes)

O ensalmo é assim concebido:

Pedro Paulo foi a Roma

Jesus Cristo encontrou

E ele lhe perguntou:

Pedro Paulo o que vai lá?

Senhor, morre muita gente

Com a zipla e pela má.

Pedro Paulo torna lá

Corta e talha

Com água da fonte

Azeite de lima

E esparto do monte

Também se acrescenta este esconjuro pastoril:

Rosa vai p’rá fonte

Rosa vai p’ró monte,

Rosa vai p’ró mar...

Deixa o corpo de F...

Que não tem nada p’ra te dar!

No final fazem um oferecimento que é taxativo em todos os talhes

mas que apresenta pequenas diferenças, conforme os lugares.

Também se usam, em vez de 7, 9 perninhas de carqueja (a

que chamam queiroz ou queiroga), sendo 9 também as gotas de

água e de azeite.

A invocação inicial é esta:

Jesus, santo nome de Jesus!

Onde se nomeia o Santo nome de Jesus

Mal nenhum ficará.

O ofertório final é neste jeito:

Pelo poder de Deus

E da Virgem Maria

E São Silvestre...

Tudo o que eu faço preste

E Nosso Senhor Jesus Cristo

Seja o verdadeiro Mestre!

O esconjuro alude directamente ao nome da doença:

Pedro Paulo foi a Roma

Jesus Cristo encontrou

E este lhe perguntou:

Pedro Paulo que vai lá?

Senhor: Muita zipla e ziplão...

Pedro Paulo torna lá

E a talharás

Com queirós do monte,


652 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Azeite de oliva,

E água da fonte...

Zipla vai pró monte,

Zipla vai pró mar...

Deixa o corpo de F...

Dormir e descansar!

Em alguns locais, há três espécies de Zipla: Zipla Rosa, Zipla

Mal do Monte e Zipla da Fístula. Esta última talha-se assim:

Zipla ziplão

Seca sejas tu

E a carne não!

Pelo poder de Deus

E do Santíssimo Sacramento

Te saia todo o tormento!

Esta zipla pode ser macho ou fêmea e, conforme o sexo, terá

de ser talhada respectivamente por homem ou mulher.

A talhação faz-se com 9 carvões apagados, com azeite e água,

três vezes seguidas e pelo mesmo número de dias.

ESCONJURO DA INCHAÇÃO

Para o fazer, vai-se para junto de um regato ou de um ribeiro,

cujas águas corram directamente para um rio.

A que talha tem na mão uma rosa e, depois da invocação,

talha assim:

Abrasar! Abrasar!

Pró mar, pró mar!

Ar com roto ao seu lugar!

Assim como o sol vem do nascente

E se mete no poente

E Deus vai adiante;

Como a água vem do mar

E torna pró mar...

Assim, torne, torne

A inchação desta criatura

Para o seu lugar!


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

653

FARFOLA

Chama-se farfola às aftas que nascem às crianças de leite:

para talhar pousa-se a criança atacada por cima da pia dos porcos

e diz-se:

Farfola, vai-te daqui,

Que porcos e porcas

Comem aqui.

Púcaro com asa

FIO TORCIDO (DISTENSÃO OU PEQUENA ENTORSE)

Serve-se de um alguidar com água a ferver, colocando nela

um púcaro novo de barro com o fundo para cima, com o testo

por cima, e sobre ele dispõem uma tesoura, carrinho de linhas,

uma agulha, um pente e um dedal.

O padecente assenta o calcanhar torcido no púcaro e, a talhadeira,

entra a coser o pé, munida da agulha e da linha, não

podendo dar nós nas pontas da linha, mete o dedal no dedo com

se fosse coser, que vai passando sob ele.

O paciente coloca a mão ou o pé sobre o púcaro.

Feita a invocação já conhecida a costureira pergunta ao do pé

quebrado:

– Eu que coso?

Ele responde:

– Carne cobrada...

Ela decreta:

– Fio destroço!

E dizem as entendidas que a receita não falha!

FOGO

Com nove folhas de sabugueiro, com três folíolos cada uma

e com água, benze-se o doente. Eis a reza:

Sempre verde bem-aventurado,

Que no jardim do Senhor

Foste achado sem ser disposto nem semeado,

Pelas ondas do mar, regado, pelo vento abaixado,


654 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Do sol santo arraiado, tira-me este fogo afogueado.

Assim como o mar não há-de merecer água

Assim como o fogo não há-de merecer fogo,

Assim como o Vosso Senhor Jesus Cristo

Não há-de merecer outro maior que si,

Pelo poder de Deus e da Virgem Maria, não lavre este fogo

aqui. (PN – AM).

FOGO LOURO

Para talhar o fogo louro, toma-se esparto de um archote queimado

e palhas de alhos, também queimados, e cortam-se miudamente

com uma tesoura dizendo:

Eu te corto a cabeça, (duas vezes)

Eu te corto o corpo,

Eu te corto o rabo,

Eu te corto todo.

Depois deita-se isso sobre o pescoço do doente dizendo:

Eu o Tejo e o Douro

E o Minho passei;

Fogo louro

Talhei.

IMPINGENS

Deita-se sal na boca e com a saliva assim salgada vai-se pressionando

a impingem dizendo ao mesmo tempo:

Jesus e nome de Jesus! (três vezes)

Impingem rabija sai-te daqui!

Assim como eu hoje já comi e bebi

(Estando em jejum) tu medres aqui.

(E tendo já comido, diz:)

Assim como ainda não comi nem bebi...etc. (PN – AM)

INFLAMAÇÃO DOS SEIOS DA MULHER

O Senhor pediu pousada,

Bom homem lhe deu pousada,

E má mulher lhe fez a cama,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

655

Numa grade sobre a lama.

Sara peito, sara mama.

IMOR

Faz-se a talhação sobre a cara do doente, em cruz, com um

terço, usando um ensalmo parecido com o da zipla:

Quando Nosso Senhor pelo mundo andou

Por Clemente mártir perguntou

E ele onde estava lhe falou:

Senhor! Estou aqui muito doente,

Mal da cara,

Mal dos queixos,

Mal dos dentes...

Clemente! Vem cá e talha:

Se for cieta, seca;

Se é dor de dentes, passa;

Se é imor espalha!

São Clemente

ÍNGUA (ENGORGITAMENTO GANGLIONAR)

O próprio doente não precisa de intervenção das enfermeiras

da virtude.

Molham-se três dedos em saliva, fazendo cruzes sobre a íngua.

O inguado volta-se para uma estrela (ou para outra luz, quando

não se vêem estrelas) e diz três vezes:

Estrelinha, bonitinha,

A minha íngua diz que seques tu...

E eu digo: que seque ela

E que reluzas tu!

Noutros locais, embora diferente, é muito semelhante a crença:

Estrelinha bendita!

Eu tenho uma íngua...

Ela diz que seques tu

Eu digo: que seque ela

E que medres tu!

O formulário popular obriga à invocação e ao oferecimento

final.


656 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

LOMBRIGAS

Em nome de Deus, Amen,

Jesus, Maria, José,

E à virtude do santo Inofre,

Que te livre... das bichas

Que te comem o coração

Pela misericórdia divina

Se convertam em água.

Amen, Jesus, Maria, José.

MAL DO MONTE

É talhado por forma parecida à já indicada, molhando durante

o rito os ranquinhos de queirós na mistura de azeite e água.

Põe-se depois a vasilha junto da lareira para que tudo seque

com o calor e assim seque também o mal (não podem fazer-se

arder os raminhos).

OUGAMENTO, OUGUICE OU AUGARIÇO

Quando a criança aparece com o rosto pálido e não tem apetite

padece de ougamento, atribuindo-se o facto ao desejo de ter

querido comer qualquer coisa que lhe foi recusada (dizem que

está tolhida).

Para desougar a criança colocam na sua frente uma peneira

voltada para o luar e suplicam-lhe a graça de permitir que ela

cresça e se alimente:

Lua ou luar

Toma o teu caminho

E o teu andar...

Deixa o meu menino

Comer e medrar!

Nalguns locais, o ougado fica nos braços de uma mulher em

frente do forno de cozer pão, fazendo ela menção de a colocar

na pá forneira, que outra mulher segura à entrada. Esta mulher

inquire:

Eu que talho?

Ao que tem a criança replica:

Talho o ar,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

657

O ougamento

E o tolhimento!

E, a primeira, faz o milagre:

Meto tudo pelo forno dentro!

Executa isto três vezes, fazendo entrar a pá no forno de cada

vez, para sentenciar:

Fique a ... (diz o nome do ougado)

Sã e geirada

Como aos pés de sua mãe

Foi lançada...

Da massa que está a cozer fazem, então, um bolinho de broa

com 5 buracos (realizados com os 5 dedos da mão direita) e em

cada buraco deitam uma gota de azeite).

O ougado come, depois de cozido, metade do bolo e a outra

metade é comida por um animal (um cão ou um carneiro, o que

estiver mais ao alcance).

A criança ougada tem de comer o bolo todo atrás de uma

porta, além de um rabo-de-bacalhau cozido ou assado na brasa,

dando os restos a um cão preto. Há zonas em que usam 7 rabinhos

de bacalhau, em vez de um.

PÔR GALINHAS NO CHOCO

O povo chama também deitar galinhas. Põem-se debaixo da

palha do ninho um utensílio de aço, para preservar do efeito das

trovoadas, afim de os ovos saírem todos. Como a choquice dura 3

semanas quando deitam a galinha fazem-no em data tal que o nascer

dos pintos coincida com boa lua, para que a ninhada tenha força

para abrir as cascas, dado a lua ser símbolo de criação e fertilidade.

Quando colocam a galinha no choco fazem cruzes e pedem:

Em lavor de S. Silvestre

Tudo galinhas e um só galador!

Interessam mais as frangas por causa dos ovos.

Às vezes, as galinhas põem ovos-moles e comem-nos. Então,

para frustrar a partida desvantajosa as tratadoras põem-lhe uma

mão nas patas e outra nas asas e dizem, batendo com a galinha

nas tábuas do galinheiro:

Jesus, nome de Jesus! (3 vezes):

Não andes a pôr vento

E a dar co’o rabo no tapamento!


658 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

QUEBRANTO OU MÁ OLHADURA

Deitam-se nove pedras de sal virgem em água em que se molha

o dedo indicador e fazendo cruzes na testa da criança diz-se:

Jesus e nome de Jesus! (três vezes)

Assim como este sal foi criado no mar sagrado

Que ele seja servido tirar este quebranto ou mau-olhado

De morto ou de vivo ou de demónio excomungado. (PN – AM)

QUEIMADURAS E ESCALDADURAS

Santa Iria

Três filhas tinha;

Uma urdia,

Outra tecia,

Outra em fogo

Ardente vivia.

Encontrou Nossa Senhora,

E ela lhe disse que talharia,

Que lhe cuspisse e talhasse

Três vezes ao dia.

O SOL

Para talhar, usam uma toalha ou guardanapo de olhos dobrado

em 2 ou em 4, que põem sobre um copo, meio de água.

Apertando bem aquela peça para que o líquido não saia viram o

copo com o fundo para o ar, em cima da cabeça do assoalhado.

Usa-se a prescrição entre as 11 e as 12 horas, com sol bem

descoberto, para ferver a água, que se evapora do copo. Durante

três dias, uma vez por dia, a ensalmista atalha assim:

Quando Deus pelo mundo andou

Sol e sombra encontrou

E lhe perguntou

Com que talharia?

Com uma toalha de olhos

E um copo de água fria...

Padre-Nosso e Ave-Maria!

Noutros locais diz-se:

Assim como água saiu do copo


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

659

Sai-te daqui!

Terçol ou Tresogo

A pessoa que talha esta doença dos olhos, anela com os dedos

polegar e indicador que encosta ao olho direito, por onde

espreita em direcção ao olho de um animal (um cão ou um gato,

por exemplo), dizendo:

Tresogo vai práquel olho,

Ou pró esquerdo ou pró direito,

Ou práquel que tiver melhor jeito!

No fim, o ofertório costumado.

TESORELHO, TISORELHO OU TRAZORELHO

A mágica popular dispõe também de uma fórmula para cura

da doença que se reconhece pelo inchaço anormal do pescoço.

Para talhar usam uma canga de bois, de preferência ainda

aquentada pelo cachaço dos ruminantes, para alcançar melhor

êxito, que se coloca no pescoço do doente, esconjurando por 3

vezes com a mão aberta, fazendo cruzes:

Assim como boi e vaca cangam aqui

Assim tesorelho tu fiques aí!

O oferecimento é sempre o mesmo.

Há lugares em que dizem simplesmente:

Tisorelho vai-te daqui

Que bois e vacas cangam aqui!

A canga deve ter servido a bois e vacas, como se diz na estrofe.

A canga apoia-se no pescoço doente só em parte, ficando a

outra numa mesa, cadeira ou outro móvel, dizendo:

Tesorelho bravo

Sai-te daqui...

Vacas e bois cangaram aqui...

Assim como isto é verdade

Assim tu seques aí!

Canga ou jugo

TORPEZIA OU TOLHIMENTO

Esta doença que se define com a acumulação de serosidades

no abdómen, cura-se por este processo:

Eu te talho torpezia e tolhimento


660 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Eu te mando para dentro...

Não queiras aumentar

Mas antes esvaziar...

Recolhe ao teu lugar

P’ra esta criatura poder sarar! (PN – AM)

UNHEIRO

Na talhação desta doença da vista, utilizam um copo de água

com 9 grãos de trigo:

Unheiro tem-te em ti

Como Nosso Senhor teve em si...

Unheiro tem-te no Horto

Como Nosso Senhor Jesus Cristo esteve morto...

Assim como o mar não tem cabo

E o sapo não tem rabo

Borbulhas e borbulhões

Secarão como os carvões!

ZIPLA ROSA

A Zipla Rosa extingue-se com esta modalidade:

Ó Rosa dolorosa!

Tu és a Rosa dolorosa

Que chupas a carne

E secas o sangue...

Deus te dê lume

Com que te abrande

E derreta como o sal na água

E, pondo a mão te acalme!

Põem a mão sobre o mal, talhando três vezes, durante três

dias, com água e sal. As invocações e ofertórios são sempre no

mesmo estilo.

ARREMEDOS

Corre também um arremedo chocarreiro às talhações que

tem certa nota de curiosidade:


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

661

Três palhas, alhas,

Três maravalhas

Três pitos meus,

Três outros teus,

Três de S. Mateus,

Três do meu cão,

Três do meu irmão,

E vai-te embora

Que estás são...

E, em louvor de Santa Eufêmia,

Se mal estás

Pior te venha...

Tantos diabos

Levem a quem nos levou,

Como sem eles ficou...

OUTROS COSTUMES

DIA DE ENGANOS

No dia 1 de abril, conhecido por dia dos enganos, penduravam-se

rabos de papel nas costas das pessoas que passavam nas

ruas, sem elas o notarem.

E chegavam ao ponto de pregar no chão moedas com curso

legal para gozar o espectáculo de apanhar em falso os distraídos.

Havia quem deixasse de trabalhar nesse dia para se dar inteirinho

à tarefa de explorar o descuido alheio pelas formas mais

diversas.

Quando avisavam:

Apanhe o lenço que lhe caiu...

Havia sempre quem caísse no logro!

Santa Eufêmia

SÁBADO DE ALELUIA

Quando a Ressurreição era celebrada neste dia, não eram poucas

as pessoas que iam às igrejas buscar vasilhas de água benta.

Alguma dela tinha aplicação de cunho estritamente religioso, o que

não acontecia, noutros casos, cujo destino, era a prática de bruxaria.


662 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

QUEIMA DO JUDAS

Na vigília pascal e por ocasião de S. Pedro constroem bonecos

de palha e pano, representando personagens conhecidas

caídas em desgraça.

A certa hora, com gáudio dos circunstantes, queimam o Judas

e deitam foguetes.

COMPASSO

A prática de calcorrear caminhos e ruas das terras cristãs, no

anúncio festivo da Ressurreição e que estava já quase a desaparecer,

reduzida que estava ao norte e a uma reduzida parte do

centro do país, por falta de clero, vem sendo revitalizada com

grupos de leigos responsáveis e empenhados nas estruturas paroquiais.

Normalmente, o compasso é constituído por um presidente,

um portador da cruz, outro a anunciar com uma campainha o

anúncio pascal, um com água benta e outra a receber as ofertas

em dinheiro e géneros que os fiéis oferecem (folar) e a quem cabia

a oferta de amêndoas às crianças.

Todas as famílias primavam em receber bem o compasso oferecendo

o típico pão-de-ló da época, vinho fino e outras iguarias.

Há ainda resquícios dum costume antigo das pessoas da mesma

família se juntarem em todas as casas pertencentes aos seus

membros, numa comovedora manifestação de amor fraterno.

Costumava-se lançar foguetes à passagem do compasso.

Normalmente, esta manifestação festiva culminava com a celebração

da missa na igreja paroquial, onde se juntavam todas

as cruzes.

MAIAS

É costume no dia 30 de abril à noite colocarem ramos floridos

de giestas, a que chamam maias em todas as portas e janelas,

É costume herdado com certeza dos romanos.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

663

Segundo Pinho Leal as festas das maias em algumas localidades

do Algarve eram feitas de modo seguinte: escolhia-se uma

rapaziada de 10 a 12 anos das mais doutas do sítio. Enfeitava-se

com um vestido branco, jóias, fitas e flores e colocava-se em centro

florido, construído numa sala ao vez da rua. Era a maia.

Em frente da casa onde ela estava havia num mastro coberto

de manta e flores, em roda do qual se dançava todo dia, ao som

de qualquer instrumento, às vezes até mesmo de uma filarmónica,

mais ou menos horripilante e era dia de divertimento e alegria.

Esta festa tinha lugar no dia 1º de maio de cada ano.

Em Mozelos, não se colocavam as maias às portas em substituição

dessa festa pois não consta que a houvesse por cá, mas

sim para comemorarem um facto da vida de Cristo. É essa a

razão que, em Mozelos, motivava essa prática, ou a tentativa de

o diabo, ou as bruxas, não entrarem nas casas.

LOBISOMEM OU TARDO

A superstição do lobisomem teve curso nesta região.

Quando uma mulher tivesse sucessivamente sete filhos do

mesmo sexo, o mais novo deles teria de correr fado, em deambulação

nocturna, feito animal, revolvendo-se no lugar onde repousava

o primeiro animal que encontrasse.

Ao anoitecer transformava-se, por exemplo, em lobo ou cão

para só voltar à figura humana quando viesse o dia.

Mas, quem o encontrasse no seu giro e o ferisse, fazendo

sangue, obtinha logo a forma de homem.

Havia por isso quem andasse atrás dos fadistas, depois da

meia-noite, para lhes quebrar o encanto!

A um homem que andava transformado em burro, um camponês

cortou-lhe o rabo com uma fouce. Imediatamente, voltou

à sua forma primitiva de homem, mas com um dedo mendinho

a menos.

O risco que se corre para desencantar o lobisomem é grande

e todo o cuidado é pouco nesta operação. É preciso que no momento

de se ferir, o sangue não salpique a pessoa, senão passa

para ela o fadário.

Por isso, em vez da foice que tem cabo curto torna-se preferível

uma vara comprida com um bico na ponta, e ainda assim


664 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

apenas se dá a picada e deve largar-se logo e fugir para longe.

O outro meio de desencantar o lobisomem consiste em tirar-

-se-lhe o fato e deitá-lo num forno aceso. Apenas isto acontece o

lobisomem vem atormentado por dores horríveis procurar tirar

o fato. Muitos não resistem à operação e morrem, mas se resistem

estão salvos e acaba-se-lhe o fado.

Segundo a tradição quando o lobisomem sai de noite, tem de

correr pontes e 7 rios, entre as 11 e a meia noite.

Entre o nosso povo não se sabe o motivo por que um indivíduo

qualquer se transforma em lobisomem. É uma desgraça que

pode ferir a pessoa, é um destino fatal que não se pode evitar

(fadário de fado, fatum), e que torna quem dele é vitima mais

digno de comiseração do que de ódio. No entanto, uma circunstância

há em que a transformação parece ser o castigo de um

delito reprovado pela consciência popular. Assim, segundo uma

tradição, os lobisomens são provenientes do ilícito coito carnal

do padrinho com a afilhada ou da madrinha com o afilhado.

Ora é bem sabida a repugnância que a Idade Média sentia por

estas uniões que reputava incestuosas. Mas esta particularidade

que por ora ainda não achámos reproduzida nos outros povos,

é uma exceção. A lei geral é a licantropia tanto pode afectar o

inocente como o culpado, ignorando-se absolutamente o porquê

deste facto. Em compensação e como é diversamente explicado

é mesmo muito complexo.

Assim, que o aparecimento de uma bruxa, principalmente

quando pronuncia certas palavras, pode fazer gerar espontaneamente

um lobisomem. Também se diz que quando uma mãe tem

sete filhas a fio, sem intervalo de nenhum filho varão, a última

delas é bruxa. Ora exactamente um facto análogo é apontado

como a origem mais comum do lobisomem.

Quando um pai tem sete filhos a fio o último é o lobisomem,

para se evitar esta desgraça devem dois dos irmãos servir um

de padrinho e outro de madrinha, pondo-se ao recém-nascido o

nome de Eva se é fêmea e o de Adão se é varão. Segundo outras

versões, o nome que serve de talismã é Bento para os meninos e

Jerónima para as meninas.

E diziam pessoas de idade que a prescrição fora respeitada,

pois existiam pessoas com tais nomes, por mera imposição de tal

regra.

Efectivamente os lobisomens reconhecem-se, mesmo quando

estão no estado natural, pela sua magreza, pela cor amarela característica,

e pela tristeza que sempre os acompanha. Também,


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

665

segundo alguns, os lobisomens, quando andam desencantados,

distinguem-se dos outros homens em terem as orelhas mais compridas,

ventas arrebitadas e os cabelos da cova do ladrão de uma

cor parda com laivos escuros.

À meia-noite ou ainda, entre as onze horas e a meia-noite,

é que os lobisomens das quintas para sextas-feiras, ou segundo

outras versões, das terças para as quartas e das quintas para as

sextas, vão aos espojadouros para mudarem de figura.

DESENTERRO DAS MERENDAS

Celebrado na segunda feira, após o Domingo de Pascoela.

Este dia representava, para os trabalhadores rurais, a passagem

do horário de inverno para a hora de verão, sendo costume os

patrões darem esta tarde de descanso. O período era de festa e

cada família trazia a sua merenda para partilhar com todos.



SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

667

EM COMPLEMENTO...

Henrique Rodrigues Ferreira, nasceu em Mozelos, em 1921. Era

filho de José Ferreira Coelho e de Margarida Rodrigues de Oliveira.

Conhecido pela alcunha de Passarinho, exerceu a actividade de

sapateiro durante a sua vida. Paralelamente, dedicava-se à feitura de

versos ao sabor da sua inspiração, a partir da observação de realidades

pessoais e paisagísticas. Pertencia a uma família remediada que empobreceu

por tentar salvar um membro da família que tuberculizou.

A sua alcunha deve-se ao facto de se ter dedicado à música tocando

violino na Tuna Musical Mozelense. Ao mesmo tempo, cantava

nas festas religiosas do Natal e da Páscoa, tendo-se evidenciado

pelo timbre único da sua voz que rapidamente foi aproveitado pelo

povo, como sempre acontece, para o designar como o Passarinho.

Usava, como era natural com o seu nível de escolaridade (4.ª

classe do ensino primário), uma linguagem simples mas certeira e

assertiva, com muitos laivos de ironia e de crítica mordaz. Ficou,

por isso, na memória dos seus contemporâneos que, ainda hoje,

recordam com saudade as suas qualidades e a sua capacidade interventiva

na vida da sociedade ao seu jeito. É, naturalmente, venerado

pelos seus familiares que o recordam com muita saudade.

Henrique Rodrigues Ferreira,

o Passarinho

POEMA DE

HENRIQUE RODRIGUES FERREIRA

(PASSARINHO)

MOZELOS SEMPRE MOZELOS

1

Mozelos, aldeia linda

Que eu não encontrei ainda

Com quem te hei-de comparar

Por isso de quando em vez

Por seres linda como és

Outros te querem roubar.


668 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

2

São esses ratos manhosos

Traiçoeiros e teimosos

Espreitando os seus desejos

Com burlices ou enganos

São piores que os ciganos

Olhai para a cara dos gajos.

3

Ninguém se há-de render

Pr’a esses diabos ver

Que temos força e coragem

Pois Deus nos há-de salvar

Dos mãos nos irá livrar

Dessa falsa gatunagem

4

Mozelos, sempre Mozelos

Fará dores de cotovelos

A quem o quer retalhar

Mas que abram a boca até trás

Como às vezes os cães faz (sic)

Sem nada poder tragar.

5

Pois essas bocas famintas

Que vão apertando os cintos

Que nada conseguirão

Mas se não estão contentes

Que apertem bem os seus dentes

Numa bola de alcatrão.

6

Mozelos há-de vencer

E onde se irão esconder

Essas caras sem vergonha

Dou-lhes um conselho de amigo

Que há no inferno abrigo

Por essa peste enfadonha.

7

E tudo isto p’ra quê

Pois Mozelos tudo vê

Que é um roubo sem pés nem jeito

Por quem traz as mãos erguidas

Que faz rezas infinjidas

E tanto bate no peito.

8

Mas Mozelos está acordado

P’ra que não seja roubado

O seu lugar da Vergada

Por isso é que sofremos

Porque ainda hoje temos

A nossa igreja fechada.

9

Nessa vaidosa Vergada

Há tanta gente atrasada

Que não quer compreender

Quem lá for que veja bem

Eles nem capela têm

E freguesia quer ser.

10

Coitadinhos nem sabeis

Que a Mozelos pertenceis

P’ra que sonhais paixões mil

Se não gostais de Mozelos

Retirai como os camelos

Ide p’ra Ordonhe Argoncilhe.

11

E por falar na Vergada

Que está sendo cobiçada

Neste Mozelos querido

Temos o nosso Murado

Já por vezes assaltado

Mas nada têm conseguido.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

669

12

Terra de grande beleza

De virtudes e riqueza

Oh! Tão contente me sinto

Que a toda a hora e momento

Trago no meu pensamento

Este Mozelos distinto.

13

A bandeira de Mozelos

Sem derrotas nem apelos

Merece-nos todo o carinho

A cor dela é azul, vermelho

Tem ao centro como espelho

A cruz de Gago Coutinho.

14

Mozelos cheia de encantos

Com seus largos e recantos

E carreirinhos que sobem

Para o Alto do Coteiro

Quem lá for vê o mundo inteiro

Serra e mar dali descobrem.

15

Nesse Coteiro afamado

Reza a história do passado

Que o mar ali já chegou

Mas que um dia há-de voltar

Porque lá quer ir buscar

A concha que lá deixou.

16

Mas o Coteiro tem mais

Duas pipas desiguais

Uma de peste, outra de ouro

Mas que lá estão bem fechadas

Profundamente enterradas

Noutros tempos pelos mouros.

17

Oh! Nossa querida Tuna

Tu vales uma fortuna

Orgulho dos Mozelenses

Com a tua bandeira azul

Desde o norte até ao sul

Onde chegas sempre vences.

18

O Pinheiro das Sete Cruzes

Nas alminhas ardem luzes

Pela alma de sete padres

No Picoto condenados

E naquele pinheiro enforcados

Pelos franceses cobardes.

19

Mozelos já pelo visto

Tem sofrido tudo isto

É um escravo de invasões

Que não nos sai da memória

Mozelos tens uma história

De tantas recordações.

20

Mas quem conhece Mozelos

Com ribeiras e bacelos

Quintas de pão, fruto e vinho

Nas fábricas tudo se move

Trabalha o rico e o pobre

Neste Mozelos inteirinho.

21

Também temos avenidas

Direitinhas e compridas

E mais uma a principal

P’ra nos dar mais honra e graça

Por Mozelos também passa

A estrada nacional.


670 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

22

Em Mozelos nasce um rio

Que vai correndo com brio

À sombra dos amieiros

Onde vão os passarinhos

Criar os ilhós nos ninhos

A cantar dias inteiros.

23

Há uma fonte no Casal

A água mais leve e cristal

Que os médicos têm aprovado

Nasce na rocha do monte

A água da nossa fonte

Tanta gente tem curado.

24

Mozelos os teus doutores,

Padres, freiras, professores

Aqui os viste nascer

Tem escolas e correios

Casa do Povo e recreios

E maia ainda hás-de ter.

25

Também não esquecerá

Pelo nome que nos dá

A Columbófila que temos

Com pombos das melhores raças

Ganhando prémios e taças

Nos concursos que fazemos.

27

Com merendeiros nos sacos

Iam para a festa dos Arcos

Homens, mulheres e crianças

Com violas afinadas

Tudo dançou em Meladas

Na quinta dos Vanzeleres.

28

Hoje Mozelos deseja

Que se abra a sua igreja

Que tanto dá que falar

Por culpa de certos maus

Mais brutos do que calhaus

Que não têm Pátria nem lar.

29

Amai a Deus por bondade

Dai esmolas sem vaidade

Que só assim vos salvais

Não esquecendo o dever

Quem Mozelos defender

Salva a igreja e tudo o mais.

30

Neste trintário de versos

Creio eu que estejam certos

Eu irei finalizar

Mas volto a dizer ainda

Mozelos aldeia linda

Ninguém te há-de roubar.

26

E a Santa Catarina

Agora mais pequenina

Mas lá tem continuado

Por antigas tradições

Vendiam-se lá porcalhões

Nessa feira do Murado.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

671

MOZELOS ASSIM NASCEU

Sim?! Esta riquíssima e simpática freguesia ou aldeia de

Mozelos do concelho da Vila da Feira, assim nasceu pelo poder

da natureza de Deus no cimo das altitudes do globo terrestre

como um astro radiante a brilhar claramente descobrindo mares

e mares ao largo do universo através do seu bem erguido e tão

vistoso, elegante, famoso, e histórico Coteiro e outros mais lugares

mozelenses que se emparceiraram a este, onde as suas vistas

também marcam presença admirável.

E porque assim é, Mozelos pode dignamente orgulhar-se como

sendo a mais linda aldeia das aldeias portuguesas. Mozelos pode

usufruir o prazer de ser senhor de um rio que nasce e corre no regaço

das suas terras cujo nome se chama Rio de Prime, que tanta

beleza e graciosidade nos oferece. Mozelos pode ainda dar-se ao

brio de ser possuidor de um mapa geográfico em estradas, que são

indubitavelmente da maior validade no mundo português.

E já que Mozelos assim nasceu, um recheio de inegáveis virtudes

e que se tem visto por vezes obrigado a dar réplicas a teimosas

seitas de ratazanas que invejavelmente tentam aniquilar esta

belíssima freguesia como em resumo nas folhas deste caderno

darei o seu conteúdo, incluindo casos diversos nos seguintes versos

escritos nas cores da Bandeira Vitoriosa de um Mozelos que

assim nasceu, sempre perseguido mas nunca por nunca vencido.

Sim, legalmente ou licitamente Nunca!

Pelo que vejo e o que sei

deste Mozelos eterno

em versos o rimarei

nas folhas deste caderno

Sim, sem obscuridade

nos comentários diversos

rimarei toda a verdade

numa mão cheia de versos


672 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Deus criou a natureza

com variados modelos

mas nenhum mostra a beleza

como a que mostra Mozelos

Quem te vê Mozelos lindo

vê um presépio dourado

de ombro em ombro subindo

até o coteiro aprumado

Vê lugar após lugar

nas suas cores caprichosas

tipicamente a formar

um paraíso de rosas

E quem te vê mais de além

depois das verdes campinas

por certo admira, e bem

as tuas altas colinas

Nas mesmas altas colinas

a ramagem dos arbustos

luze como serpentinas

À semelhança dos lustros.

E nos seus vivos luzires

do bosque e das monstras quintas

há o parecer do arco-íris

nas sete cores distintas

O arco-íris é o sinal

que não mais ocorrerá

o dilúvio global

afirma o Deus Jeová

(vejam na Bíblia Sagrada Génesis 9:12-17)

Mozelos todo ele oferece

seu torrão tão descoberto

como o sol quando aparece

lá do céu azul desperto

Das quatro partes do solo

Mozelos é avistado

desde o menino do colo

ao velho encapado

Mozelos assim nasceu

nas mais altas altitudes

das terras do Deus do céu

cheio de encanto e virtudes

Nasceu no cimo dos montes

a descobrir montanhedos

a ao largo dos horizontes

descobre mares e rochedos

Mozelos, tão lindo és

e tão alto é o teu local

que quase beijas os pés

do Cristo celestial

É tão giro e tão risonho

este Mozelos velhinho

é um mar de rosas que eu sonho

a noite e o dia inteirinho

Num apanhado profundo

é Mozelos realmente

o mais bonito do mundo

na obra do Deus vivente

Todo Mozelos é um gozo

um sanatório afirmado

pelo sol quente amoroso

e pelo ar ventilado

O sanatório é o Coteiro

a Vergada e o Sobral

Ermilhe também lhe é parceiro

como é Vilas e o Casal

Gôda, Quintã e a Igreja

e o resto dos lugarejos

também os bafeja

com o amor dos seus beijos

Também na margem do rio

se sacia o pitoresco

do arvoredo sombrio

e o cheiro sadio e fresco


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

673

Desde o Coteiro ao regato

se analise francamente

Mozelos sempre foi grato

na saúde a toda a gente

O gabar-se é uma tendência

da boca do gaboneiro

mas é desgraça e ofensa

ao Santo Deus Verdadeiro

Mas neste caso eu persisto,

Sem nada de gabações

Mozelos é tudo isto

livremente de paixões

Na vida da humanidade

a todos cabe o dever

viver da sinceridade

e com a mesma morrer

Um dia pensei sozinho

e em meu juízo perfeito

passei a rezar baixinho

sete quadras neste jeito

Mozelos, aldeia infinda

rainha das fortalezas

Deus te formou a mais linda

das aldeias portuguesas

Deus te fez ao seu agrado

no formato que é só teu

com a luz do sol dourado

e o lindo azul do céu

É a luz do sol da igualdade

teu nome veio a nascer

ao sabor da dignidade

p´ra não mais se corromper

Mozelos nome imortal

nome infindo e gracioso

nascido o historial

Dum passado glorioso

Mozelos tu és na vida

um berço de passarinhos,

uma janela florida

cheia de amor e carinhos

Deixai que eu diga o que sinto

Mozelos assim nasceu

neste amoroso recinto

mas que é seu somente seu

Vamos dar conhecimento

da exata localidade

dum Mozelos cem por cento

firme na legalidade

Esta freguesia inteira

dum povo culto e ordeiro

é do concelho da Feira

e do distrito de Aveiro

Mas que no seu original

Mozelos é pertencente

ao norte de Portugal

onde se encontra presente

E agora por outra norma

vejamos neste momento

como é que Mozelos forma

na largura e comprimento

Mozelos seu comprimento

tem as extremas marcadas

no Picôto forma um tento

a terminar em Meladas

Pelo lado do nascente

as normas são igualadas

alinha propiciamente

desde a Vergada às Regadas

E na largura total

Mozelos é iniciado

no começo do Casal

até ao fim do Murado


674 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Seu comprimento ultrapassa

quatro mil metros ou p´ra cima

a largura é mais escassa

mas também se aproxima.

Quanto aos metros totalmente

que Mozelos soma em si

eu confesso francamente

que não sei, nunca os medi.

Ó homem se tu inspiras

viver para a eternidade

não jures pelas mentiras

mas jura e fala a verdade

O jurar é uma doutrina

da língua do aldrabão

que fala e termina

sem que lhes preste audição

Passemos por instantinhos

a nomear de bom grado

por quantos e quais vizinhos

Mozelos é rodeado

Mozelos com quem partilha

séculos, anos, meses, dias

não é com nenhuma Vila

mas sim com seis freguesias

Comecemos por Oleiros

como o primeiro vizinho

depois Nogueira e os terceiros,

Argoncilhe em São Martinho.

Em quarto, temos Lourosa

outro amistoso aldeão;

quinto, a Lamas cobiçosa;

sexto, é Paços de Brandão

Mozelos fica no meio

como um rei entronizado

sem que acuse receio

de vir a ser derrubado

Mozelos assim nasceu

como um deus altruísta

muito senhor do que é seu

mostrando o que tem à vista.

passemos a reavivar

a extrema da freguesia

com seus marcos a firmar

Mozelos dia p’ra dia

Comecemos a fronteira

legalmente bem correta

frente à estrada de Nogueira

que dá a Espinho direita

Demos-lhe então o começo

desde o Picôto em diante

mas sem que cause tropeço

à vizinhança entestante

Prossegue a extrema à vergada

p’la antiga estrada real

e mais noutra velha estrada

encontra um marco frontal

Sim, no cimo da Vergada

lá está o marco a discernir

expondo a forma indicada

para a fronteira seguir

Sem invecilo (sic) nem raia

vai a extrema pouco a pouco

ter ao rio da Biscaia

e ao prezeirão do (cabouco)

O rio também comanda

na divisão das fronteiras

mas na ponte torce à banda

e aponta p’ra as (aguncheiras)

No alto das (aguncheiras)

outro marcote que alinha

no partilhar das fronteiras

p’ra os moinhos da Serradinha


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

675

Aqui há mais um marcão

ordeiramente alinhado

a dar a indicação

da extrema do Murado

Também ali no Murado

vê-se um marco em pedra rasa

seguramente cravado

na parede duma casa

Na Corga há outro marcão

p’ra dar o conhecimento

aos que por qualquer razão

desconhece o alinhamento

E da Corga até a Regadas

lá outro marco aparece

com o símbolo das cruzadas

onde há séculos permanece

Com o símbolo das Cruzadas

hão mais dois que faz partilhas

um na extrema de Meladas

outro no fundo de Vilas

E agora há um ponto a focar

dum marco que teve vida

mas que acabou por findar

hoje é uma pedra abatida

Em 1977

a poente do Casal

entre março e o Abrilete

foi-se o marco frontal

Nasceu da expropriação

dos rasgos da auto-estrada

mas deixou viva a opção

como lembrança gravada.

Será perda ou prejuízo

o marco saber?

P’ra o homem em bom juízo

Mozelos mais tem a haver

Ó quanta aldeia é encontrada

pelo universo além

a sonhar numa auto-estrada

e as mais que Mozelos tem

Mozelos tem confirmado

que a sua geografia

muito se tem alindado

nas ruas da freguesia

E a extrema vai proseguindo

pelo norte do Coteiro

aos zigue-zagues subindo

por enfadonho carreiro

Mais outro marco é contado

à entrada do cemitério

mas que foi esmiuçado

pelos carros sem critério

Foram carroças de gado

que quando ali ao passar

nunca tomaram cuidado

deste marco respeitar

Pena é o haver sinais

deste marco corrompido

e ninguém se lembrar mais

de o fazer renascido

Vamos a parte final

da fronteira com apreço

até chegar ao local

onde lhe dei começo

Pelas traseiras de Gôda

e do Picoto igualmente

demos a fronteira toda

concluída exatamente

O Picoto é o local

em que eu dei a iniciativa

duma extrema geral

legal e confirmativa.



SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

677

GLOSSÁRIO

Abade Comendatário – O que tem qualquer benefício eclesiástico

ou regular, para comenda ou para comedoria.

Aforamento – Concessões de bens que ficavam, mediante pagamento

de um censo, perpetuamente vinculados ao concessionário

que obtinha também o direito por vezes condicionado

de os transacionar.

Agras – Terras enxutas onde, alternadamente, se semeavam os

cerais de inverno (trigo, centeio e cevada), ou cereais de verão

(milho alvo e painço).

Aguião – Termo antigo, caído em desuso para designar o norte.

É também usado para designar o vento norte.

Água vertente – As águas que descem dos montes, quando chove

muito.

Alifafe – Termo de origem árabe que significa peça de vestuário

que cobre todo o corpo, ou coberta de cama.

Almoinha – Horta ou pomar ou prédio urbano apto para frutas,

hortaliças, linho e milho.

Almotacé – Termo de origem árabe que significa inspetor de pesos

e medidas no mercado que gozava de imunidade tendo

como proveito frutos, carnes, pescados, etc. que se vendiam a

retalho nos mercados e pelos vendedores ambulantes.

Almoxarife – Agente fiscal que tinha a seu cargo a cobrança de

certas rendas.

Almude – Termo de origem árabe que era uma antiga medida

de capacidade para sólidos e líquidos, o mesmo que rasa e

medida, segundo os prazos antigos e modernos.

Alódio – Propriedade plena, livre de direitos e deveres senhoriais.

Alveiro – Seixo branco com que se demarcavam muitas propriedades,

sendo comum em documentos do Mosteiro de Grijó.

Ano de Cristo – Nos nossos documentos antigos aparece a era de

César que é 38 anos mais antiga do que a de Cristo. D. João I


678 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

pela Lei de 22 de agosto de 1422 determinou que a contagem

dos anos se fizesse pela era de Cristo.

Aposentadoria – Direito que se costumava dar aos senhores das

terras e suas comitivas quando jornadeavam.

Arrendamento – Forma de locação ou de exploração da terra

alheia por homens livres que, entre nós se desenvolveu a partir

do século XIII.

Baldios – Terreno que está na propriedade comum particular de

todos os moradores ou vizinhos dum determinado lugar, aldeia

ou região. Terrenos de propriedade comum particular

de todos os vizinhos. É uma propriedade comum não personalizada.

Eram os logradouros do povo, terreno inculto

que, não pertencendo a ninguém, é usado pelos moradores

vizinhos. Aí conduziam os seus gados a pastar, especialmente

durante a rebentação vegetal da primavera. Nele cortavam

tojo para fazer as camas do gado, garantindo o estrume de

origem orgânica. Das árvores colhiam algum combustível

para as suas lareiras.

Bestigo (ou pellitaria) – Toda a qualidade de peles.

Bragal – Pano de linho grosso, atravessado com muitos cordões.

Na Idade Média são sete varas de pano com o mesmo nome.

No século XI e XII, surge como moeda corrente.

Cabaneiro – Homem braçal que vivia do seu trabalho e maneio.

Era comum em ambos os sexos.

Cabido – Conjunto dos Cónegos de uma Catedral ou Colegiada.

Também designava os capítulos ou dietas dos religiosos,

mendicantes ou monacais e nos quais se congregavam os prelados

ou cabeças dos mosteiros. Era também o conjunto das

deliberações que os prelados locais tomavam com os indivíduos

das suas comunidades.

Caira ou Quaira – Medida de sólidos que faz três quartas de pão

de medida ou alqueires.

Carreira – Ida, jornada, caminho, viagem, que o enfiteuta do

passado pagava como pensão anual ao senhorio, indo a pé,

com a sua besta, ou carro, ou obrigação que tinham certos

locatários de, gratuitamente, fazerem transportes com os seus

próprios animais de carga.

Casal – Unidade de exploração familiar, compreendendo geralmente

uma casa de habitação, um jardim, um certo número

de parcelas agricultadas e direitos de propriedade.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

679

Casaria – Conjunto de construção própria de uma exploração

agrícola – celeiro lagar, adega, curral, capoeira.

Castelo – Diminutivo de castro que aparece, várias vezes, sob a

forma de Crastelo, cristelo, etc.. Trata-se de uma fortificação

isolada.

Cavalaria e o casamento – Constavam de prestações devidas aos

fidalgos naturais quando armavam um filho cavaleiro ou casavam

uma filha. Estes direitos transmitiam-se por herança.

Ceitil – Moeda de cobre mandada lavrar por D. João I e valia a

sexta parte de um real.

Censo, Censuria ou Censoria – Direito, renda e pensão, que as

Catedrais deviam, receber, anualmente, das igrejas e mosteiros

do Bispado. Também se chamavam jantares, colheitas,

visitações. Era um encargo para com o fisco.

Censual – Inventario das propriedades mandado fazer pelo bispo

em que se descreviam a situação, limites, estado de conservação,

rendimentos, etc.

Coima – Satisfação, multa ou pena que se leva pela injustiça,

injuria ou afronta cometida.

Colheita ou Comedoria – Certo, foro e pensão que os vassalos

pagavam ao príncipe ou senhorio quando este vinha á terra

uma vez por ano, fazer justiça. A comedoria e aposentadoria

significavam a possibilidade dos patronos, que tinham o direito

de indicação do clérigo que dirigia a igreja ou os mosteiros,

de comer e hospedar-se, nos edifícios das igrejas ou dos

mosteiros.

Confraria – No conceito medieval de sentido lato, era uma associação

voluntária em que se agrupavam os irmãos para um

auxílio mútuo, tanto no material como no espiritual.

Convento – Comunidade religiosa que vivia sob o mesmo teto.

Cortinha – Parte de terra ou campo, repartido em courelas ou

leiras mais compridas do que largas, mas divididas sobre si

com pau de sebes ou tapumes junto às habitações.

Coudel – Comandante, derivado de capitão.

Coutaria – Contribuição em dinheiro paga pelos coutos.

Couto – Certa porção de terra demarcada por autoridade do

príncipe com certas isenções e privilégios. Também designa

o distrito de uma jurisdição particular de que o príncipe fazia

mercê a certo senhorio. Além de coutos de fidalgos e senhores,

igrejas e mosteiros, havia coutos do reino.


680 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Dádiva – O mesmo que jantar, colheita constituindo um tributo

ou pensão anual que se fazia cobrar sempre.

Daganha – Terra emprazada ou tomada dos montes maninhos e

reduzidas a cultura, estando antes desaproveitadas incultas e

bravias.

Devassar – Tornar pública e sem privilégios propriedades apropriadas

indevidamente por senhores.

Devesa – Mato ou monte que era coutado ou onde se permitiu a

caça ou o corte de lenhas, mas pagando tributo.

Dinheiro – Era um ceitil; 6 ceitis um real; 11 ceitis um soldo.

Direitura – Contribuição sobre os pequenos proventos da cultura,

como os do pomar, da horta, dos animais domésticos, mas

com a especialidade sobre a fruição da casa onde o cultivador

se abrigava a si e aos seus gados.

Dízimo Eclesiástico – Pagamento dos frutos, resultante de uma

velha tradição das Igrejas.

Domínio – Direito exercido pelo senhorio (dono do prédio) quando

o arrenda.

Emprazamento – Todo e qualquer contrato que implicava o recebimento

por parte do Senhor de prémio ou renda anual

fazendo-se a transferência do domínio directo no cultivador.

Enfiteuse – Contrato que se faz através da transferência do proprietário

de qualquer prédio do domínio útil para outra pessoa,

obrigando-se esta a pagar anualmente certa pensão determinada,

chamada foro.

Entrada – Limitada pensão que se pagava de alguns casais, encargos

e rendas onde entravam outros senhorios. Era também

um pedaço de terra.

Epidemia – Também chamada peste, pestilência, contágio ou maligna

era moléstia grave que afligiam sobretudo os homens

da Idade Média.

Ermar – Despovoar reduzir a mato, tornar em sólidos ou não

cultivar um casal, fazenda, herdade ou lugar que se verificava

nos séculos XII, XIII, XIV e XV.

Espádua – Entrecosto de porco e podia ser de 7 a 12 costas ou

costelas.

Fazer amor e prestança – Emprestar ou fazer presente e mercê.

Finta – Contribuição municipal lançada quando as rendas do

concelho não bastavam para suprir determinadas despesas

que por vezes a colectividade se via obrigada a fazer.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

681

Fisco – Pensão de cereal, vários serviços e prestações devidos pelos

foreiros à Igreja. Consistia também num dia de trabalho.

Fogaça – Qualidade de pão, fabricado na Idade Média que se cozia

a farinha rapidamente numa cova aquecida, constituindo

uma modalidade de encargos.

Foral – Ou Couto de Foral era um diploma concedido pelo Rei

ou um senhor laico ou eclesiástico a determinada terra, contendo,

normas disciplinadoras das relações dos seus habitantes

entre si e destes com as entidades outorgantes.

Foreiro – Adjetivo qualificativo de um prédio rural ou o nome do

detentor de respetivo domínio útil.

Foro – obrigação medieval do foreiro dar ao senhorio um pouco

de tudo quanto o prazo rendesse, designadamente, alqueires

de pão, almudes de vinho, galinhas, ovos, leitões, palha, leite,

etc.

Foro de carne – Era constituído por cabrito, meio carneiro espádua,

dois capões, cinco galinhas e dez ovos (mandamento do

Couto de Grijó).

Gado de vento – Gado perdido, sem dono ou sem pastor.

Ganhadia – Dízima pessoal, resultantes do trabalho manual ou

pessoal de cada um.

Geira ou Corveia – Faina agrícola que os servos da gleba e os

colonos livres eram obrigados a prestar ao senhor para o cultivo

da terra que ele próprio explorava.

Herdade – Da palavra medieval hereditas, em sentido lato, a herança,

os bens de raiz e em sentido estrito, os bens moveis.

Honra – Terra imune pertencente a um nobre, resultante da condição

pessoal nobiliárquica que convertia, em privilegiado,

certo território.

Jantar – Certa contribuição de mantimentos e forragens que as

cidades, vilas, mosteiros, cabidos e ordens militares deviam

aprontar para os gastos do rei e de toda a comitiva dos seus.

Jugada – Direito que os reis de antigamente ordenaram lhes fosse

pago nas terras em que especialmente para si reservaram

quando deram os forais a essas terras.

Julgado – Sinónimo de concelho, terra ou terras que tinha um juiz

como jurisdição mais ou menos ampla.

Laudémio – Pensão paga ao senhorio, direito de qualquer prédio

aforado quando o foreiro aliena todo ou parte do prazo, por

título oneroso.


682 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Leira – Parte de terra explorada de forma aberta.

Leites – Dádiva de leite ou produtos afins.

Leitura Nova -Coleção de 62 códices, constituído por cópias de

documentos mandados trasladar, de livros da chancelaria e

de gavetas, durante o reinado de D. Manuel I e de D. João III.

Lutuosa – Certa peça ou pensão que se pagava por morte de alguma

pessoa que por direito ou costume, se deve e se pagava

entre o luto e o funeral.

Maladia – Serviço não gratuito e pendente de vontade e primor

do colono, devido como o de um escravo a seu senhor, com

obrigação deste o defender, amparar e manter.

Mamoa – Monte de terra artificial ou pequeno monte, colina ou

promontório de terra, de figura redonda e com semelhança

de peito de mulher, com que se dividiam as terras. Era sinónimo

de arca, surgindo, por vilas e castelos antigos, por arcos

ou túmulos de muitas pedras, por marcos levantados a que

chamamos coutos e padrões.

Mamposteiro – Indivíduo oficialmente autorizado a pedir esmolas

para diferentes obras pias.

Mandamento – Território separado, jurisdição, honra, couto com

seu particular magistrado.

Maninhos – Eram terrenos incultos de propriedade particular.

Uns e outros eram diferentes dos bens do concelho. Nos fins

do século XVIII, começou a generalizar-se a ideia de dividir

os baldios. Foi uma iniciativa que, na prática, ficou frustrada.

Os terrenos eram divididos, mas os agricultores pobres vendiam-nos

aos mais abastados. A lei de 23 de junho de 1776

veio acelerar o processo de privatização desses terrenos.

Maquia – Do árabe (vasilha para medição) constituía uma percentagem

cobrada, pelo proprietário de um moinho sobre

todo o pão que era moído, sendo assim a remuneração do

trabalho do moleiro.

Maravedi – Moeda de origem muçulmana dos princípios ou mesmo

antes da monarquia portuguesa.

Meado – Pão feito de metade de trigo e metade de centeio.

Meirinho – Juiz real, executor das sentenças.

Módio – Ou alqueire de pão, era sinónimo de soldo, o preço

regular de um alqueire de pão. Era também medida agrária

tendo cento e vinte pés de comprido, e outro tanto de largo,

levando um alqueire de pão de semeadura.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

683

Moio – Medida de pão ou de vinho que constava de 64 alqueires,

nalguns documentos, de 56, pela medida antiga, de 16 alqueires,

pela medida corrente, pela medida de Coimbra, 44,5

alqueires e o moio de vinho tinha 32 almudes.

Montado – Tributo sobre as pastagens.

Morabitino – Moeda de ouro muçulmana, cunhada pelos Almorávidas,

com um peso de 4 gramas, imitado pelos reis portugueses

a partir de 1185/1188.

Mordomo – Agente encarregado de superintender na arrecadação

dos direitos do rei, presidindo no distrito a essa operação.

Mortuárias – Bens destinados à quota pro anima, quer fossem

legados pelo defunto, quer tivessem essa aplicação por força

da Lei, quando o defunto falecia sem dispor dos seus bens ou

mesmo contra a vontade deste.

Mostea – Carrada ou feixe de palha.

Ovença – Oficina destinada para os particulares usos de casa,

significava também arrecadação ou cobrança das rendas da

corda.

Noa – Hora Canónica do ofício divino.

Padroeiro – Indivíduo eclesiástico ou leigo (incluía o próprio Rei)

que usufruía do direito de padroado, que consistia na hospedagem

gratuita (comedoria e aposentadoria) de cavalaria

(para acorrer ás despesas quando armava um filho cavaleiro)

de casamento (de filhas) de resgates de cativeiro, de certas

contribuições em géneros e em dinheiro, retirados das rendas

e ainda de apresentação (apresentar ao superior eclesiástico,

o presbítero que devia ocupar o cargo vago do Pároco ou

Abade).

Pão – Na Idade Média (como ainda hoje nalgumas regiões do

País), considerava-se como pão qualquer cereal panificável.

Nas inquirições e nos forais, quando se refere a palavra pão,

deve entender-se como cereais e não pão cozido.

Pão de segunda ou, simplesmente, segunda – Era o pão feito de milho,

de centeio, de cevada ou aveia.

Passal – Recinto fechado ou terra hortada, junto das Igrejas Paroquiais

que servia para hortas, pomares e logradouros aos

Párocos e ministros do templo.

Pedida – Contribuição em dinheiro paga pelos foreiros geralmente

em soldos equivalentes a uma ou duas galinhas. Prestação

de uma pequena soma, variável entre 16 dinheiros e 5 soldos

e 4 dinheiros.


684 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Peita – Quantia paga por cada contribuinte para a situação de

determinados impostos como pedida e fintas ou de multa

aplicada ao fisco.

Peixota – Pescada, ou genericamente, peixe do rio ou do mar.

Pescado – Peixes dos rios ou do mar.

Pitança – Prato, além da ração ordinária, chamado também antepasto,

prato do meio. E também a oficina do pitanceiro que

recebe as rendas do convento para as distribuir, a todos os

indivíduos da Ordem.

Pitanceiro – O que recebe as rendas do convento para as distribuir,

segundo os costumes da ordem, a todos os indivíduos

dela.

Prestumeiro – O último, o derradeiro, o que fica para o fim. Este

termo era muito usado desde o século XIII ao século XVI.

Primícia – Renda cobrada pela Igreja sobre a produção cerealífera

bruta, sendo proporcional à produção.

Puçal – Era uma antiquíssima medida de vinho, referenciada

desde o século X, era equivalente a 5 almudes.

Quarteiro – Pagamento feito pelo arrendatário, ou caseiro que

vivia e trabalhava em terras de que não tinha o direito senhorio.

Quebrada – Propriedade rústica de pequena importância que recebia

o nome da sua situação, alcantilados e cortados por

vales, mais ou menos profundos.

Quintana ou quintã – Parte de um domínio explorado diretamente

pelo senhor, a maioria das vezes, com mão – de – obra

assalariada.

Ração – A porção dada a cada um para o seu sustento e um da

vida de uma comunidade.

Raso – Medida que levava ¾ de alqueire corrente menos meio

selamim.

Regalengo ou Reguengo – Tudo o que fazia parte do património

real, nomeadamente, terras, prédios, moinhos, fornos, prensas,

marinhas de sal, pesqueiras, etc.

Renda – Pagamento de umas tantas medidas de cereal ou tantas

libras que podiam variar de ano para ano ou podiam ser alternadas.

Algumas vezes e por razões que se prendiam com

maus anos agrícolas ou por qualquer outra razão adversa o

direito senhorio podia fazer amor de alguma quantia, isto é,

poderia perdoar a renda ou porção de foros.


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

685

Sanjoaneira ou Sanjuaneira – Renda, foro, pensão que se pagava

pelo S. João Baptista.

Seareiro – O que faz a lavoura com bois alheios, pagava só a

quarta parte do jugado.

Serviço – Donativo, obséquio ou presente.

Sessega – Assento, lugar ou solo em que designava casa, um moinho,

um lagar, etc.

Sínodo – reunião plenária de bispos.

Soldo – Moeda que deve o seu nome, a sua bondade e solidez e

podia ser de ouro, prata e cobre e valia onze centos.

Talha – Contribuição, colecta que se lança por cabeça e na qual

todos são cotados, segundo os seus haveres.

Terça e Quinto – Eram a terça e quinta parte da herança a benefício

das almas dos pios testadores.

Terra devassa – Terra não coutada que não goza de imunidade e

por isso está sujeita ao rei.

Terrádigo, Porção ou Raçam (ração) – Todo o direito real, particularmente

as jugadas.

Tostão – Moeda de ouro e prata de origem francesa valendo a de

ouro 1200 reis.

Várzea – Terra húmida, situada na margem de um rio.

Venda – Laudémio que se pagava da fazenda aforada que se vendia.

Vendaval – Termo usado para designar as confrontações de terras

ou de propriedades para denotar o sul. Utilizado também

para caraterizar o vento que sopra do mar e da parte sul.

Vessada – Campo, lameiro, prado que se lavra e cultiva e cuja

grandeza corresponde a uma geira de terra.

Vida – Sustento, comida, refeição que era direito do Rei, senhores

das terras, mordomos e feitores.

Vintaneiro – Campo, terra ou monte que se lavrava só de vinte

em vinte anos. Também, Juiz de vintena, cuja função era julgar

os delitos e contendas entre os moradores da aldeia.

Vintém – Moeda de prata que valia 20 reis.

Visita – Pensão que se impunha, em alguns prazos, e consistia em

algum presente, mimo ou coisa comestível.

Vizinho – O que era admitido a ter bens e herdades no termo de

alguma vila, concelho ou cidade.


686 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Vodo ou Voto de Santiago – Consistia geralmente em alguns alqueires

de cereal e só raros moradores estavam isentos dele.

Voz e Coima – Multa criminal, já assinalada em documentos do

século IX, exigida por autoridade régia e pertencente ao fisco,

designava o ato de gritar por socorro, por parte da vítima. O

imposto correspondente ao delito praticado pelo criminoso.

Extraídos de:

– Dicionário da História de Portugal

– Elucidário de Viterbo.

– Le Cartulaire Baio Ferrado

– Tombo do Prior D. Afonso Esteves – Introdução de Jorge Alarcão


BIBLIOGRAFIA



SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

689

FONTES MANUSCRITAS

ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO

BAV, Collect. 179, 117

Cartulário do Baio Ferrado

Casa do Infantado: Fls.57 a 594

Forais Antigos, mç. 8, nº 1

Inquirições de D. Dinis, 1.4

Inq. D. Dinis: lv. 4, Fls. 1-4v

Livro 4 das Inquirições: Fls. 4 vº-14

Livro de Inquirições da Beira e Além Douro, Fls. 13vº-18

Livro Preto de Grijó

Memórias Paroquiais de 1758, vol. 25, nº 252, Fls. 1881-1884)

ARQUIVO HISTÓRICO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Lista dos Clérigos da Diocese do Porto 1820

ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Livro Preto: doc. 628

Cruz, Marcos da, Crónica do Mosteiro de Grijó:135 e 136

ARQUIVO EPISCOPAL DO PORTO (AEP)

Autos de Património 01/001/003/004/005/006 /008 /009

Autos de Bênção de capelas – Vila da Feira – III, mçs 32 e 129

Resposta aos Inquéritos de 1821

Inquirições a genere

ARQUIVO DISTRITAL DO PORTO

Cabido

K/13/1/3 – 8: Fls.279 e 279v

K/13/1/3 –9 :Fls.440v e 441


690 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

K/13/1/3-21-002/0499)

K/26/1/1:cx.4 – 32, Fls.90v a 94

Censual do Cabido da Sé do Porto: fl. 2

Convento de S. Salvador de Grijó

– Alvarás de emprazamento de propriedades de Mozelos de 1717 a

1802;

– Prazos em Mozelos de 1419 a 1439;

– Prazos em Mozelos de 1513 a 1522;

– Prazos em Mozelos de 1665 a 1670;

– Prazos em Mozelos de 1670 a 1678;

– Prazos em Mozelos de 1678 a 1683;

– Prazos em Mozelos de 1683 a 1685;

– Prazos em Mozelos de 1685 a 1689;

– Prazos em Mozelos de 1689 a 1692;

– Prazos em Mozelos de 1692 a 1694;

– Prazos em Mozelos de 1708 a 1711;

– Prazos em Mozelos de 1711 a 1713;

– Prazos em Mozelos de 1713 a 1722;

– Prazos em Mozelos de 1719 a 1724;

– Prazos em Mozelos de 1724 a 1726;

– Prazos em Mozelos de 1727 a 1730;

– Prazos em Mozelos de 1730 a 1732;

– Prazos em Mozelos de 1732 a 1735;

– Prazos em Mozelos de 1734 a 1736;

– Prazos em Mozelos de 1736 a 1737;

– Prazos em Mozelos de 1739 a 1745;

– Prazos em Mozelos de 1748 a 1749;

– Prazos em Mozelos de 1762 a 1764;

– Prazos em Mozelos de 1775 a 1776;

– Prazos em Mozelos de 1796;

– Prazos em Mozelos de 1814 a 1816;

– Prazos em Mozelos de 1817;

– Prazos em Mozelos de 1817 e 1818.

Convento de Santo Agostinho da Serra

– Vila Nova de Gaia

– Apegações de propriedades do mosteiro de 1601 a 1618;

– Apegações de propriedades do mosteiro de 1608 a 1648;

– Prazos em Mozelos de 1530 a 1760;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

691

– Prazos em Mozelos de 1618 a 1760;

– Prazos em Mozelos de 1683 a 1762;

– Prazos em Mozelos de 1718 a 1725;

– Prazos em Mozelos de 1744 a 1746;

– Prazos em Mozelos de 1764.

Mosteiro de Grijó

K/15/2-11:Fls. 17 a 18;

K/18/4-8: Fls. 138 a 145;

K/18/4- 9: Fls.199v a 200;

K/18/4-10: Fls. 215 a 219;

K/18/4 -12: Fls. 232 a 241;

K/18/4-13: Fls. 319 a 324;

K/18/4-13: Fls. 326 a 330, Fls. 331v a 332v;

K/18/4-17: Fls.166 a 168;

K/18/4-46:Fls. 232 a 241;

K/18/3-78: Fls. 88v a 92;

K/18/4- 62:Fls.101v a 107v;

K/18/4-64: Fls. 21 a 27v, Fls. 28 a 33v: Fls. 34 a 56v e Fls. 57 a 65v;

K/18/3- 82:Fls.102 a 103v;

K/18/4- 85:Fls.98v a 106.

Fundo Notarial

PO. 5º, 1ª SR: liv.6: Fls. 76v a 79.

PO 5º: liv. 22: fol.177.

Santo Agostinho da Serra

K18/4-8: Fls. 51v a 55;

K/18/4-11: Fls. 80v a 87v;

K/15/2-12: Fls. 4v e 5;

K/18/4-14: Fls. 88 a 94 e Fls.183 a 186v;

K/15/2-15, fl.71v;

K/15/12 – 26: Fls. 181 a 205;

K/18/3-72: Fls. 261 a 273;

K/26/8/5-200, Fls.105v a 112;

K/26/18/3 – 250: Fls.3 a 4v;

K/26/18/4 – 255: Fls. 197 a 202;

K/72/8/5 – 260 Fls. 74 a 77;

K /18/4-14.


692 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

ARQUIVO DISTRITAL DE AVEIRO

Livros de Registos Paroquiais de S. Martinho de Mozelos – Livros

Mistos de Batizados, Crismados, Casamentos e Óbitos

ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DO PORTO

Códice 94

ARQUIVO DA JUNTA DE FREGUESIA DE MOZELOS

Cópia da ata da sessão da Câmara Municipal da Feira de 30 de abril de

1879 cedendo à Junta a administração do cemitério da freguesia;

Cópia da escritura de compra do terreno para o alargamento do

cemitério a José António Rios em 1892;

Cópia do contrato realizado perante a Câmara Municipal relativo à

cedência do arraial novo de Mozelos ao público em 1863;

Documento avulso da Junta Paroquial de 6 de outubro de 1918);

Documentos sobre o pleito para vedação do arraial antigo em 1884;

Documentos sobre o pleito suscitado entre as freguesias de Mozelos –

Nogueira relativo a casa que Foi de Joaquim Alves Casas;

Documento relativo à obra da escadaria da estrada para o adro em

1886;

Atas da Assembleia de Freguesia:

Livro de 1977 a 1981;

Livro de 1987 a 1998;

Livro de 1998 a 2002;

2005 a 2016 – Atas em registo informático.

Atas da Junta de Freguesia:

Livro nº 1 – Atas de 1836 a 1883;

Livro nº 2 – Atas de 1884 a 1889;

Livro nº 3 – Atas desde 1897 a 1906;

Livro nº 4 – Atas desde 1906 a 1910;

Livro nº 5 – Atas desde 1910 a 1914;

Livro nº 6 – Atas desde 1914 a 1916;

Livro nº 7 – Atas desde 1916 a 1927;

Livro nº 8 – Atas desde 1927 a 1934;

Livro nº 9 – Atas desde 1934 a 1936;

Livro nº 10 – Atas desde 1936 a 1937;

Livro nº 11 – Atas desde 1938 a 1955 (Está desaparecido);

Livro nº 12 – Atas desde 1955 a 1981;

Livro nº 13 – Atas desde 1982 a 1985 (Está desaparecido);

Livro nº 14 – Atas desde 1986 a 1997;


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

693

Atas de 1998 a 2003;

Livro de Atas de 2003 a 2005;

2016 – Atas em registo informático;

Livro de Atas das sessões da Comissão de recenseamento escolar

desde 1911;

Livro de Inventários a partir de 1836;

Processo concernente ao alargamento do cemitério paroquial de Mozelos

em 1891;

Processo para a bênção do cemitério novo em 1894;

Processo pelo qual a Câmara Municipal da Feira autoriza a Junta da

Paróquia a vender terrenos no cemitério antigo com determinadas

aplicações do produto em 1871;

Uma pasta contendo diversos documentos sem valor real na atualidade

mas que podem servir de orientação à Junta em diferentes hipóteses;

Uma pasta contendo maços de papéis com diversos apontamentos

agrupados por anos;

Uma pasta contendo papéis sobre contas, orçamentos e róis de contribuições;

Uma pasta contendo uma coleção de ofícios recebidos em diferentes

épocas;

Um título de compra de uma leira de terreno para ampliação do cemitério

novo a António Monteiro dos Santos em 1896.

ARQUIVO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA

Livro dos Arrolamentos dos Bens das Igrejas – liv.116;

Liv. 7- D 50: Fls. 142 a 151v;

Prazos da Câmara: Lv. 200: doc. 9;

Provisão sem cota de 1787;

Terras Foreiras – Reconhecimento à Câmara Municipal da Vila da

Feira – 14 de julho de 1796.

ARQUIVO PAROQUIAL DE

S. MARTINHO DE MOZELOS

Livros de Registos Paroquiais desde 1910;

Livros Mistos de Batizados, Crismados, Casamentos e Óbitos.

DIOCESE DO PORTO

Departamento dos Bens Culturais da Igreja, Inventário do

património Imóvel e Móvel da Igreja de S. Martinho de Mozelos,

Porto, 2015.


694 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

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AMARAL, Luís Carlos, S. Salvador de Grijó na segunda metade do

século XIV – Estudo de Gestão Agrária, (dissertação de mestrado),

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AMORIM, Inês, Descrição da Comarca da Feira – 1801 – Separata

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1720 (Formação, Estrutura e Exploração do seu Domínio), Porto,

1986. (trabalho apresentado no âmbito das provas públicas de

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na presente obra, recorreu-se na generalidade a imagens

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PIXABAY.COM (recorreu-se a imagens provenientes de consultas

realizadas entre abril e junho de 2017).


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

707

ÍNDICE

Apresentação 5

Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira 7

Presidente da Junta de Freguesia de Mozelos 9

Siglas d Abreviaturas 11

Agradecimentos 13

Patrocínios 15

BRASÃO, SELO E BANDEIRA 17

SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E LIMITES 19

Limites entre Mozelos e Argoncilhe 22

Mozelos, Nogueira da Regedoura e Argoncilhe 22

Mozelos e Argoncilhe 22

Mozelos, Lourosa, Fiães e Argoncilhe 23

Limites entre Lourosa e Mozelos 23

Lourosa, Santa Maria de Lamas e Mozelos 23

Lourosa e Mozelos 23

Mozelos, Argoncilhe, Fiães e Lourosa 24

Limites entre Santa Maria de Lamas e Mozelos 24

Santa Maria de Lamas, Paços de Brandão e Mozelos 24

Santa Maria de Lamas e Mozelos 25

Santa Maria de Lamas, Lourosa e Mozelos 26

Limites de Mozelos com Paços de Brandão 26

Paços de Brandão, Santa Maria de Lamas e Mozelos 27

Paços de Brandão e Mozelos 27

Paços de Brandão, S. Paio de Oleiros e Mozelos 27

Limites entre Mozelos e Nogueira da Regedoura 28

Mozelos, Argoncilhe e Nogueira da Regedoura 28

Mozelos e Nogueira da Regedoura 28

Parecer da Junta de Freguesia de Mozelos 29

Parecer da Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura 29

Mozelos e Nogueira da Regedoura 29

Parecer da Junta de Freguesia de Mozelos 29

Parecer da Junta de Freguesia de Nogueira da Regedoura 30

Mozelos e Nogueira da Regedoura 30

Mozelos, S. Paio de Oleiros e Nogueira da Regedoura 31

Limites entre Nogueira da Regedoura e Mozelos 31

Limites entre Mozelos e S. Paio de Oleiros 32


708 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Mozelos, Nogueira da Regedoura e S. Paio de Oleiros 32

Mozelos e S. Paio de Oleiros 32

Mozelos, Paços de Brandão e S. Paio de Oleiros 32

Delimitação das Paróquias 33

ASPECTOS NATURAIS 35

Condições Geológicas 38

Clima 40

Hidrografia 42

TOPONÍMIA 45

Topónimos 48

Topónimos Prevalecentes 49

A Toponímia Actual: os Nomes das Ruas 57

Toponímia Nova 58

Toponímia Histórica 60

DA PRÉ-HISTÓRIA ATÉ AO ANO DE 922 63

Da Civilização Paleolítica ao Advento da

Civilização Agrícola 65

A Civilização Paleolítica 65

O Advento da Civilização Agrícola 66

A Civilização dos Metais: o Bronze e o Ferro 69

Período Romano 70

Período Germânico 73

Período Muçulmano 76

A Reconquista Cristã Até ao Ano de 922 77

Aspectos Religiosos 79

922-1200 – ASPETOS GERAIS, ECONÓMICOS,

POLÍTICOS E RELIGIOSOS 81

E Localmente o Que Se Passou? 85

Fundação da Diocese do Porto 90

DE 1200 A 1496 95

Evolução Histórica 97

Rol das Freguesias da Feira do Século XIII

(Entre 1238 e 1245) 97

De Hereditatibus Ordinum In Terra de Sancta Maria –

Relação de Direitos Herdados ou Censorias na

Terra de Santa Maria 98

Censorias 99

Aspetos Religiosos Entre 1300 e 1496 102

Catálogo das Igrejas da Feira Em 1320 103

Aspectos Político-Económicos 105

Aldeia de Seitella 112

Aldeia de Prime 113

Moozellos 113

Seitella 113

Idem Mozelos 114


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

709

Século XVI 116

Foral da Vila da Feira Em 1514 116

ASPECTOS ECONÓMICOS, SOCIAIS,

ADMINISTRATIVOS AO LONGO DOS

SÉCULOS XVII E XVIII 123

Casa do Infantado 137

Casal de Seitela 138

Casal de Vilas 139

Casal de Grijó 143

Casal do Penedo 143

Vilas 154

Seitela 155

Ermilhe 156

Souto 156

Prime 156

As Construções Que Compõem a Propriedade 165

Atividade Moageira e a Panificação 167

Preço dos Cereais Na 1.ª Metade do Século Xvii (Em Reis) 167

Aspectos do Quotidiano, Casar e Morrer 169

Dotes de Casamento 169

Desamortização de Baldios 169

Aspetos Religiosos 172

Visitações Censos e Bragais 177

Caraterização Religiosa da Feira

No Século XVII e Seguintes 177

Contribuição Para a Guerra Contra os Turcos 183

Memórias Paroquiais de 1758 186

Aspectos Judiciais e Administrativos 190

Votos de Santiago 192

4º Caminho de Santiago da Comarca da Feira- 1706 193

MOZELOS CONTEMPORÂNEO DAS

INVASÕES FRANCESAS ATÉ À ATUALIDADE 195

Aspectos Económicos, Século XIX 197

Desamortização de Baldios 204

Aspectos Políticos, Século XIX 206

Derrama Municipal 207

Aspetos Políticos 215

Aspectos Religiosos do Século XIX 227

Aspetos Educativos e Culturais do Século XIX 246

Aspectos Postais e Sanitários 247

Aspetos Políticos, Económicos e Sociais 248

Aspetos Sanitários 250

A Emigração Mozelense 251

Aspetos Religiosos 251

Freguesia de Mozelos (S. Martinho) 253

Aspetos Educativos 259

Atividades Sociais 262


710 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Século XXi 263

Empresas de Mozelos – Santa Maria da Feira 263

Actividades Agrícolas 281

ACTIVIDADE RELIGIOSA E PÁROCOS 283

A Origem das Paróquias e Freguesias 285

Agrupamento Eclesiástico das Freguesias da Vila da Feira

(Do Século XII Até à Atualidade) 288

Párocos de S. Martinho de Mozelos 292

Alguns Padres Naturais da Freguesia 297

Património Religioso 299

Igreja Paroquial 299

Capela do Pinheiro das Sete Cruzes 308

Capelas Privadas 311

Capela da Quinta das Meladas 311

Capela da Imaculada Conceição ou S. Brás 314

Capela de S. José de Mozelos 314

Alminhas 314

Alminhas do Senhor Aparecido 314

Outras Alminhas 315

Cruzeiro 315

Residência Paroquial 315

Salão Paroquial/Centro Paroquial 316

Património Móvel 319

Confraria do Santíssimo Sacramento 319

Objetos Pertencentes à Fábrica a Cargo do

Tesoureiro do Sacramento 320

Objetos Que Se Acham a Cargo do Juiz da Cruz 320

Objetos Pertencentes à Confraria de Nossa Senhora

do Rosário e a Cargo do Seu Tesoureiro 320

Objetos Pertencentes à Confraria de Santa Luzia e

que Se Acham a Cargo do Seu Tesoureiro 321

Objetos Pertencentes ao Mártir S. Sebastião e a

Cargo do Tesoureiro de Cera 322

Objetos Pertencentes à Confraria das Almas e a

Cargo do Seu Tesoureiro 322

Auto de Arrolamento 323

PATRIMÓNIO CIVIL 327

Quintas e Casas Históricas 329

Quinta das Meladas 329

Casas Construídas com a Herança do Brasileiro 329

Casa de Bernardino Alves Ferreira, Seitela 329

Casa dos Camelos, Vergada 330

Casa de José Ferreira Coimbra, Vergadas 330

Casa de Maria Ferreira Coimbra (do Regal), Vergada 330

Casa-palacete de Domingo do Rei, Vergada 330

Casa de Ana Ferreira Coelho, Meladas 331

Casa de Salvador Coelho da Silva Neves, Vergada 331


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

711

Casa da Paneca, Vergada 331

Casa da Família do Dr. Ferreira da Silva 331

Casas do Largo do Murado 332

Casa da Família do Dr. Feiteira Maia 332

Casa da Família Rios dos Santos 332

Casa de Henrique Martins 332

Casa de Habitação do Dr. Feiteira Maia 332

Casa do Dr. Fernando Milheiro 333

Casa de Américo Paulo Amorim 333

Casa de Bernardina Pinto Tavares 333

Casa da Quintã 333

Casa de Maximino Martins 334

Casa de João Espírito-Santo 334

PATRIMÓNIO INSTITUCIONAL –

ASSOCIATIVISMO CIVIL E

RELIGIOSO EM MOZELOS 335

Associativismo Civil e Regilioso em Mozelos 337

Igreja Hoje e Aqui 337

Conferência de S. Vicente de Paulo de Mozelos 340

Tuna Musical Mozelense 341

Juventude Atlética Mozelense 343

GDCM – Grupo de Dinamização Cultural de Mozelos 344

Grupo Columbófilo de Mozelos 346

Grupo Cultural e Recreativo de Bombos Os Vale Tudo 346

Dragões de Mozelos 347

Futebol Club de Mozelos 348

Centro de Apoio Social de Mozelos 348

Associação Desportiva Estrelas das Regadas 349

Centro Comunitário Espaço Aberto

Pelo Prazer de Viver (ATL) 349

Conjunto Típico Os Filhos do Luar 350

Fundação Albertina Amorim 350

Figuras Notáveis de Mozelos 351

Albertina Ferreira de Amorim 351

Alfredo Reis da Silva 352

Américo Ferreira Amorim 352

Américo Paulo Amorim 353

Alferes Amorim Aranha 353

António Alves Ferreira (O Brasileiro) 353

António Barros Júnior (Ripolim) 354

António Fernando Ferreira da Silva 354

Sargento António Henriques 354

António Pinto 354

Carlos Relvas Meladas 355

Catafula 355

Catarina Sofia Malta da Silva 356

Os Coimbra na Administração Local 356


712 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Bernardino Ferreira Coimbra 356

Benjamim Ferreira Coimbra 357

Emídio Ferreira Coimbra 357

José Ferreira Coimbra 357

José Henrique Dias Coimbra 357

António Eusébio Coimbra Amorim 357

Deolinda de Jesus Coelho da Silva 357

Estela Adelaide Fernandes 358

Francisco de Assis Soares da Silva 358

Francisco Fernandes Coelho D’Amorim 359

Guilhermina de Jesus Moreira (Mestra Moreira) 359

Dr. Joaquim Adamastor Feiteira Maia 360

Joaquim Costa 360

Joaquim Ferreira Coimbra 361

Joaquim Pinto Coelho 361

Joaquina Martins 361

Alferes José Coelho 362

Dr. José Fernandes Coelho D’Amorim 362

Major José Pereira da Silva 362

José Pinho Ferreira 362

José dos Santos Cardoso 363

Professora D. Laura Borges 364

Manuel Ferreira Ribeiro 364

Manuel Francisco Pereira dos Santos 365

Dr. Manuel Laranjeira 365

Maria Alves Fernandes 366

Professor Paulino Fernandes Coelho D’Amorim 366

Rosa de Oliveira Fradilha 366

Rosalinda Silva 366

Ruben Diogo da Silva Neves 367

Silvestre Oliveira Santos 367

Vitorino Dias Coelho 367

Cemitério 369

ASPECTOS DEMOGRÁFICOS 377

ADMINISTRAÇÃO LOCAL 391

Elencos das Assembleias de Freguesia 409

Principais Assuntos Tratados Nas Atas da Junta 413

Horários e Periodicidade e Locais das Reuniões 413

Sede da Junta 414

Assuntos Políticos, Militares, Judiciais e Postais 416

Recenseamento Eleitoral de 1952 418

Pessoal 427

Orçamentos e Contas de Gerência 429

Inventários 455

Impostos e Taxas 457

Assuntos Administrativos 457

Assuntos Patrimoniais 458


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

713

Obras Públicas, Transportes e Comunicações 459

Assuntos Sociais 475

Assuntos Económicos 477

Igreja 478

Goda 478

Ermilhe 479

Vergada 479

Fundão 479

Outeiro do Moinho 479

Rio 479

Prime 480

Quebrada 480

Mozelos 480

Murado 480

Regadas 480

Seitela 481

Vilas 481

Casal 481

Gesto 481

Sobral 481

Coteiro 481

Quintã 482

Coletividades e Atividades Culturais e Desportivas 484

Actividades Culturais em 2016 e 2017 490

Evolução das Obras do Pavilhão Desportivo da Freguesia 492

Assuntos Sanitários 493

Delegação de Competências 494

Assuntos Diversos 495

Cerimónias Públicas 497

Tentativa de Criação da Freguesia da Vergada 498

Nota Final 503

PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO 505

Feiras, Festas e Romarias 507

Consoadas 508

Cortejos 509

Feira de Santa Catarina 509

Orações 509

As Palavras Rituais do Fabrico do Pão 509

Orações da Manhã 509

Ao Levantar 509

Oração ao Anjo da Guarda,

Anjo Nomeado a cada pessoa que nasce 509

À Saída de Casa 510

Ao Entrar Na Igreja 510

Outra 510

No Início da Missa 511

Confissão 511


714 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Orações da Noite 511

Oração da Noite 511

Oração Para Dormir Sem Pesadelos 512

Padre-Nosso Pequenino 512

Contra a Trovoada 512

Pedido de Graças 513

À Virgem – Oração das Excelências 514

Oração do Nascimento 514

Oração da Morte 515

Ao Passar No Cemitério 516

Oração dos Belos Santos 516

Oração do Anjo Custódio 517

Oração de Santa Cruz 518

Para Afugentar as Bruxas 518

Oração da Quaresma 519

Encomendação das Almas 519

Actividades Agrícolas 521

Vocabulário Próprio da Agricultura 523

Utensílios e Alfaias Agrícolas 525

Cultura e Tratamento do Linho 526

Segadas 526

Escapeladas ou Desfolhadas 527

Canções de Desfolhadas 528

No Alto Daquela Serra 528

O Meu Anel 528

Ora Vai Tu… 528

Estrela do Mar 529

O Luar 529

Cavalo Que Bebe o Vinho 530

As Desfolhadas 530

Cantiga da Eira 531

A Saia da Carolina 531

Cantigas de Chamamento 531

Cantigas de Roda 532

A Matança do Porco 532

Ciclo do Vinho 533

Trajes 534

Noivos 535

Festa 535

Traje de ir à Missa 536

Romeira 536

Romeiro 536

Trabalho 536

Varino 536

Palhoça 536

Leiteira e Lavadeira 536


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

715

Casal de Padeiros 537

Podador 537

Moleiro 537

Crianças 537

Instrumentos Musicais 537

Ferrinhos 538

Reque-Reque 538

Flauta 538

Cavaquinho 538

Viola 539

A Viola Braguesa ou Viola de Arame 539

Cantares e Danças 539

Cantares 539

Rosinha do Cruzeiro 539

Pedido de Um Soldado Que Parte 539

As Ceifeiras 540

O Senhor José Coelho 540

Lá no Tempo de Criança 540

Danças 540

Rusga ao Senhor da Pedra e outras Rusgas 540

Siga a Rusga 544

Estas É Que São as Saias...

Estas Calças Estas É Que São... 545

A Cana Verde 545

Cana Verde Vareira 546

Cana Real das Canas 547

A Velha 547

Tirana 548

Bonita Ó Linda 548

Vira 549

Vira Valseado 549

Vira da Meia Volta 549

O Velho 550

Malhão 550

Regadinho 551

Pastorinha 551

Vira de Roda 552

Vira de Cruz 552

Furta Furta 553

Farracatinho 553

As Calças do Meu Amor 554

Rosinha 554

Senhora Ana 554

A Rabela 555

Verdegar 555

O Aveiro 556


716 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Vira Velho 556

Chapéu de Palha 557

A Ilda 557

Alargai-vos Raparigas 558

A Ciranda 558

A Canoa 559

Danças e Canções Infantis 559

Senhora D. Anica 559

Os Caçadores 560

Júlia 560

O Cuco da Floresta 560

Marianita 560

Ora, Bate, Bate 561

Ó Rosa Arredonda a Saia 561

O Barquinho Ligeiro 561

Giroflé 562

Ora Aperta, Amor, Aperta... 562

Está Um Lenço... 564

Ó de Rouba, Rouba 564

Vamos Seguindo Avante 565

Delaidinha 566

Condessa de Aragão 566

Anda e Roda 567

Mata, Tira, Lira, Lira 568

Machadinha 568

Viuvinha 569

Vestido Branco 570

Jardineiras Floreiras 570

O Vestido 571

Zumba 571

Mascotes Cavalinhos 571

Carrasquinha 572

Ó Que Lindo Par Eu Levo 573

Canastrinha 573

Pezinho 574

Primavera 574

Janeiras e Reis 574

Janeiras 575

Boas Festas 575

Os Reis 576

Canção de Natal 577

Viva lá, Senhor da Casa 577

Tradições do Casamento 578

O Namoro 579

Noivado 581

Serões Fiadeiros 583


SÃO MARTINHO DE MOZELOS – NOTAS MONOGRÁFICAS

717

O Casamento 584

Enterros 587

Lengas – Lengas e Ditos Infantis 588

Rimas 591

Brincando com os Números 593

Cantilenas 594

Trava-Línguas 595

Carácácá 595

Jogos Infantis 596

Lendas 599

Concha do Monte do Coteiro 599

Monte do Coteiro 599

As Duas Arcas 599

Gastronomia 600

Cozedura do Pão 601

Vocabulário Próprio 603

Saudações Tradicionais e Outros Ditos 605

Usos e Tradições 608

Crendices e Agouros 609

Relativos ao Tempo e aos Astros 609

Relativos à Religião 612

Relativos à Morte 613

Relativos a Relações Entre as Pessoas 614

Relativos aos Homens 615

Relativos a Mulheres 616

Relativos a Doenças e Achaques 619

Relativos a Profissões e Atividades Económicas 621

Relativos a Crianças 621

Relativos à Residência e à Alimentação 625

Relativos a Animais 627

Relativos ao Diabo 631

Relativos a Bruxas e Maus-Olhados 631

Relativos a Aspetos Diversos 635

Superstições, Defumadouros, Esconjuros e Arremedos 636

Defumadouros 636

Esconjuros 637

Agouros 639

Cura de Males – Talhações 641

Aberto 641

Afogueamento de Feridas 641

Aftas ou Áfricas 643

O Ar Mau 644

Azague ou Azagre 644

Azia 645

Bertoeja 645

O Bicho 645

Bichoco 647


718 FRANCISCO BARBOSA DA COSTA

Bicho-Ferrão 647

Ciática 647

Costas Abertas 648

Dada 648

Dores de Dentes 649

Ectrícia, Trízia, ou Triz 649

Eczema 650

Eripsela ou Zipla 650

Esconjuro da Inchação 652

Farfola 653

Fio Torcido (Distensão ou Pequena Entorse) 653

Fogo 653

Fogo Louro 654

Impingens 654

Inflamação dos Seios da Mulher 654

Imor 655

Íngua (Engorgitamento Ganglionar) 655

Lombrigas 656

Mal do Monte 656

Ougamento, Ouguice ou Augariço 656

Pôr Galinhas no Choco 657

Quebranto ou Má Olhadura 658

Queimadura e Escaldaduras 658

O Sol 658

Tesorelho, Tisorelho ou Trazorelho 659

Torpezia ou Tolhimento 659

Unheiro 660

Zipla Rosa 660

Arremedos 660

Outros Costumes 661

Dia de Enganos 661

Sábado de Aleluia 661

Queima do Judas 662

Compasso 662

Maias 662

Lobisomem ou Tardo 663

Desenterro das Merendas 665

Em Complemento... 667

Poema de Henrique Rodrigues Ferreira (Passarinho) 667

Mozelos Sempre Mozelos 667

Mozelos Assim Nasceu 671

Glossário 677

BIBLIOGRAFIA 687

Fontes Manuscritas 689

Fontes Impressas e Bibliografia 694

Fontes Eletrónicas 706

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