A comunidade daqui para frente (Diálogo)_Grossi (2020)_
Diálogo utilizando o conceito de Rajneeshpuram e o documentário da Netflix “Wild wild country” Uma adaptação
Diálogo utilizando o conceito de Rajneeshpuram e o documentário da Netflix “Wild wild country” Uma adaptação
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A COMUNIDADE DAQUI PARA FRENTE
DIÁLOGO UTILIZANDO O CONCEITO DE RAJNEESHPURAM
E O DOCUMENTÁRIO DA NETFLIX “WILD WILD COUNTRY”
UMA ADAPTAÇÃO DE GROSSI
PROFESSOR
Ele disse mais ou menos assim: “Criaremos um centro de meditação aqui.
Ainda está pequeno mas é só o começo... Faremos uma meditação.”
PROFESSOR (cont.)
“Meditação? O que é isso” (risos) É brincadeira, quero ver se estão
atentos.
PROFESSOR (cont.)
Vamos lá, eu vou contar para vocês como é na comunidade... e espero só
que façam melhor na sua, nas outras! Caso contrário eu nem estaria aqui
(risos)
ALUNO
Legal, professor. Aqui também todo mundo se dá bem, todo mundo se
ajuda. Eu ouvi falar que esteve em uma das primeiras. Fala mais!
ALUNA
Tem quanto tempo isso? Fala para a gente, estamos curiosos!
PROFESSOR
Calma, eu sei. Mas vocês terão sua chance.
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ALUNA
É que acabamos de sair de uma terra onde não somos bem-vindos, você
sabe, nunca mais voltaremos para aquele tipo de vida (...)
PROFESSOR
Sim, e agora querem se juntar para viver em paz, eu conheço isso. Foi o
mesmo com seus pais.
PROFESSOR (cont.)
Bem... Na comunidade, eu vivenciei pela primeira vez ser amado, ser
totalmente aceito. Totalmente.
Vocês podem ter certeza, vale a pena! É ótimo viver sempre de bom
humor... e rindo muito! Não é como lá fora onde fica tudo sem graça. É
possível reconhecer que incrível presente estar vivo neste planeta... e sentir
o porquê de tudo isso que passamos.
ALUNO
É o que mais precisamos, validar nossa atual existência.
Claro, é mais que justo (...)
PROFESSOR
ALUNA
Ah, é uma cidade grande ali? Queremos saber mais coisas, a nossa é
pequena ainda.
PROFESSOR
Isso. Nós havíamos construído essa cidade incrível que... era uma alegria
só (risos) Somos pessoas verdadeiras, e por isso o ideal é viver vidas
verdadeiras, poxa.
Mas o que ainda enfatizo é que o que concretizados... foi literalmente no
meio do inverno que o mundo exterior ainda... está afundado! Mas eles
um dia chegam lá! (risos)
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ALUNA
Ah, uma referência! (risos)
PROFESSOR
Foi um momento completamente surreal... começar tudo aquilo.
ALUNO
Nós também queremos viver assim pelo resto das nossas vidas.
PROFESSOR
Vocês vão chegar lá, todos merecemos. É o estado natural!
PROFESSOR (cont.)
Quando o portão se abriu e eu também entrei, era como um outro
mundo. Havia muita paz. Era muito verde, um verde vigoroso.
Havia pequenos grupos de pessoas sentadas ou em pé, conversando em
voz baixa, e ninguém precisava se afirmar sobre ninguém... isso já é um
ponto!
Era um verdadeiro oásis, uma sensação de... “Finalmente, consegui.”
PROFESSOR (cont.)
Nossos dias finalmente pareciam ensolarados, lindos.
Caramba, vocês podem imaginar muitas árvores, árvores frutíferas para
aquele campo, e todo um mar de gente caminhando e... falando. Pessoas
tomando uma xícara de chá, pessoas se abraçando; as coisas eram simples.
Falar uns com os outros é bom. Tudo isso em um movimento gracioso,
sabe?
PROFESSOR (cont.)
Nosso movimento fez acontecer... Eu sentia, eu queria estar ali. Sentia que
tinha chegado. Era como se, após passar a vida em um lugar que não
pertencia, inclusive na minha família, eu tivesse voltado ao lar. É aquilo,
casa, amigos, nós encontramos, nós escolhemos.
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PROFESSOR (cont.)
Não deixem que digam que não são especiais, de forma alguma! Vocês
são parte. Vocês são filhos da Criação.
Só digo uma coisa (risos) eu estava adormecido, todos estávamos, mas
enfim despertamos.
Se vocês acham que estão adormecidos e também podem despertar, olha,
já chegaram lá. Já vivem em grupo, nunca mais se sentirão isolados.
PROFESSOR (cont.)
Continuaremos tentando ajudar as pessoas a despertar. O homem
desperto será o novo homem. Ele não será cristão. Não será hindu. Ele
não seguirá Maomé. Não será indiano.
Também não quer ser apenas alemão, nem inglês. Ele vai ser apenas
desperto. Tudo isso Osho deixou para a gente.
PROFESSOR (cont.)
Um novo homem que vive em harmonia com os outros... vive em
harmonia com a natureza; um lugar para que todas as nacionalidades,
todas as cores, todas as religiões... fiquem lado a lado. Este novo homem
sente apenas respeito pelos outros.
PROFESSOR (cont.)
O mundo lá fora continua desigual, continua sem se conhecer? Continua
pobre, ignorante, se atrelando a uma da ciência, uma tecnologia...? E
escolheu o materialismo? É possível resolver.
PROFESSOR (cont.)
Mas o homem está muito vazio e sem sentido, parece que um peso puxa
para baixo. Vocês já aprenderem: sem espiritualidade, não há centro.
O homem está se desintegrando. O homem é uma metade... que deve se
esforçar para criar o novo homem, o integral.
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PROFESSOR (cont.)
Vocês, meus alunos, eu quero ouvir!... quem lembra do exemplo dos
antigos gurus? O guru típico rejeita tudo. Tudo que é material, toda a
sexualidade.
Antigamente, essa linha funcionava, dava para vender a ideia. Muito bem.
Mas agora estamos na era moderna, atacamos tudo isso. É possível ser
espiritual sem rejeitar nada. Eu pelo menos durmo tranquilo!
PROFESSOR (cont.)
Mas enfim, relembrando. Existem duas formas: reprimir o sexo, como
tem sido feito por todas as tradições religiosas do mundo, ou... transformálo.
Eu apoio a transformação.
Por isso, também ensino meus alunos a serem criativos. A criar música,
criar poesia, criar pinturas, criar cerâmicas... Criar alguma coisa! Osho nos
ajudou com a direção, cabe a cada um se alinhar.
Seja lá o que for, usem de muita criatividade. Deem vida a algo novo... e
sua vida sexual será plena em um plano superior.
PROFESSOR (cont.)
E outra coisa...! “Você pode rir, ele comentou. Não tem de chorar o
tempo todo!” É bom ouvir isso, motiva.
PROFESSOR (cont.)
Legal, agora só voltando para a parte sobre a nova comunidade (risos)
olha, todos sentiam que estavam no início de uma grande experiência. E
vimos que tinha o potencial de transformar a consciência do planeta.
Nós realmente sentíamos... que éramos o povo escolhido.
Nós somos os espiritualistas materialistas que vivem no mundo, que não
precisam desgostar nem se isolar dele. Nada parecido jamais aconteceu no
planeta, havia muita separação.
Esta é uma nova experiência, um recomeço depois dos erros do passado.
E tem muito futuro!
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ALUNA
É bom saber, professor. Nas outras gerações tínhamos de pensar apenas
em ir para uma universidade, arrumar emprego, ter uma família. O ser
humano tinha ficado chato!
ALUNO
E as pessoas e... essa coisa de governos questionando o valor de nossos
corpos, nossos atos. Isso lá é viver!? Coisa besta.
PROFESSOR
Muita tolice, tem razão... Eu mesmo, quando me levantava de manhã,
pensava: “O que estou fazendo? O quê? Comendo demais, bebendo
demais. Trabalhando demais. Para quê?”
Então, decidi que bastava. Pedi demissão. As pessoas pensaram que eu
estava ficando louco por largar uma... mina de ouro por uma, como é que
diziam, ‘aquela’ utopia. Eles que são a utopia, a fantasia em si! A utopia é
porque não têm coragem.
PROFESSOR (cont.)
Acho que foi contra isso que tantos jovens da nossa época se rebelaram,
procurando respostas dentro deles mesmos.
Para muitos, o movimento do potencial humano era a maior invenção
social, isso lá no último século. Não queremos que esse movimento se
transforme em negócio... uma religião alternativa, contracultura, ou apenas
um fenômeno local. Precisamos atrair centenas de milhares de pessoas
comuns para pensar sobre a vida, entender a vida, prosperar como a
espécie que somos!
PROFESSOR (cont.)
É o viés dos potencializadores, a autossatisfação, iluminação espiritual,
criatividade, evolução, isto tudo pode se tornar o futuro. Osho faz parte do
despertar da Nova Era que está acontecendo.
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PROFESSOR (cont.)
As comunidades no passado morreram por causa da ideia estúpida de que
não deveriam gerar riqueza. Osho ensinava que não devíamos nos isolar,
sentar no Himalaia e meditar e tal. Devíamos fazer parte do mercado.
Afinal de contas, quem não precisa comer, beber, enfim.
Agora, muitos estão trabalhando pelo ideal das comunidades. Eles
precisam de roupas, remédios, precisam de tudo. Porque são pessoas
normais desse mundo, são de carne e osso, e mesmo assim pensam no
lado espiritual.
ALUNO
As comunidades vão sobreviver, professor, e a única forma de sobreviver é
prosperando. Não só de conceitos. Quanto mais fizermos, maiores nos
tornamos.
PROFESSOR
E continuar. Recebemos muitas pessoas, tantos seguidores por todo canto.
Logo a massa toma forma (...)
ALUNA
Não tem que ter fim! Fico cada vez mais feliz porque mudamos a
realidade ultrapassada.
PROFESSOR
E eu fico feliz em dobro por ajudar vocês nessa cadeia! Osho não queria
pessoas que vinham só estimular a mente, ele queria pessoas que podiam
apoiar a comunidade, por isso escolhi ensinar. Bem, era o que eu podia
acrescentar!
PROFESSOR (cont.)
Seguindo... Nos primeiros tempos, reunimos intelectuais altamente
treinados, médicos, advogados, urbanistas. Nosso plano era criar um
grupo que pudesse ser usado como exemplo do que era possível no dia a
dia.
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PROFESSOR (cont.)
Eu estava fascinado pelo pensamento de liberdade, para ver a igualdade
entre homens e mulheres funcionar na prática.
PROFESSOR (cont.)
Éramos alguns malucos que por acaso se organizaram e construíram uma
comunidade porque quiseram assim? (risos) Talvez. Vocês sabem,
queríamos ser livres. Era a percepção.
E as pessoas anti isso, anti aquilo, que diziam que nós não poderíamos sair
dos condicionamentos dos outros... na verdade tinham pavor dessa
liberdade individual. Pavor. Porque estava perto demais e isso tira do
sério.
PROFESSOR (cont.)
Reflitam comigo... por que é necessário levar alguém à guilhotina? Hein?
Por causa da força dessa pessoa. Querem destruir essa força, e a memória
(...)
Apesar da guilhotina existir, eles ainda não me mataram. Ainda não
mataram meu espírito. Aonde quer que eu vá, sempre usarei uma coroa, a
minha dignidade... e não terei medo de ser levado à guilhotina, se precisar.
Mas não foi o caso (risos) Eu estou aqui, todos nós sobrevivemos!
ALUNO
Isso, esperteza! Mesmo assim, professor... às vezes precisamos fazer algo...
mesmo que nunca na vida tenha sido planejado, tem coisas que não
esperamos e temos que lidar... daí você precisa fazer (...)
PROFESSOR
Mas é melhor esquecer isso, deixa eles para lá (risos) Ah são reacionários!
Se não, entramos naquilo de novo, de que “para que o mal triunfe, basta
que os bons não façam nada.” Revidar não ajuda. A vela dessa gente logo
se apaga.
ALUNA
Ok, mas eles queriam demolir todo o trabalho que fizeram!
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ALUNO
E eles foram além do preconceito e procuraram uma destruição sem
propósito!
PROFESSOR
Eu entendo a preocupação de vocês, seria o assassinato de uma
comunidade vibrante, e tudo isso em nome do tal “uso da terra”.
Que abuso! Não é certo.
ALUNA
ALUNO
A combinação de preconceito religioso e uma mentalidade xenofóbica...
difícil deixar para lá.
PROFESSOR
No fim, todos têm o que merecem. Melhor não esquentar a cabeça, meu
filho. Sua energia custa muito!
Felizmente, ou infelizmente! existe o direito de cada um pela
autopreservação (...) e ainda que a contragosto, sempre vão existir os
contrários.
Aqui! Voltando para a gente (...)
PROFESSOR (cont.)
Decidimos pelo autogoverno. Bastam bons cidadãos para a criação de
uma cidade própria... é uma lei, um direito fundamental. A comunidade
poderia conceder licenças de construção e cuidar do seu policiamento.
Poderia ser independente.
Uma linda cidade que nunca existiu no universo, onde todos vivem em
harmonia. Todos vivem com... amor. Melhor, não é!?
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PROFESSOR (cont.)
Um exemplo para o universo. Acho que nunca existiu uma cidade que foi
estruturada e construída assim, baseada no amor, na compaixão e no
compartilhamento; em vez de propriedade, ganância e ódio.
E nós... as pessoas de lá, sabíamos que estávamos realizando isso. Fui para
lá porque pensei que seria estimulante construir tudo do nada.
Estávamos no início do lugar mais importante que já existiu após todos
esses países já... nomeados. Construímos um santuário!
PROFESSOR (cont.)
Provavelmente, foi a primeira tentativa da humanidade de utilizar
tecnologia avançada para vivermos juntos, em harmonia até com a
natureza!
Tínhamos muito trabalho pela frente. Não queríamos gente preguiçosa.
Era hora de trabalhar!
ALUNA
PROFESSOR
Isso aí (risos) Tivemos a ajuda de experientes arquitetos, cientistas,
urbanistas, foram esses amigos que renunciaram ao conforto moderno em
favor da autossuficiência.
Pegávamos as pessoas mais criativas do grupo para que cooperassem e
tivessem ideias inovadoras.
Estávamos em uma grande experiência para criar algo do nada. Foi então
um esforço enorme, especialmente nos primeiros meses. As pessoas eram
muito entusiasmadas, estavam preparadas para tudo. Trabalhávamos dia e
noite, em três turnos, quatro turnos, o que fosse preciso.
Construíamos sem parar, até o corpo cansar. Todos trabalhavam como
burros e ficavam felizes (risos) Todos ficavam rindo e brincando.
Se trabalhassem 16 horas ao dia, ninguém reclamava porque era a casa de
todos, o destino seria igual!
Por que ainda não havia nada... Estávamos fazendo algo incrível (...)
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PROFESSOR (cont.)
Se imaginar a construção de uma cidade, poxa, nós arranjamos todo o
necessário. Construímos a infraestrutura. Construímos uma rede de
energia elétrica suficiente para todas essas pessoas.
Instalamos encanamentos, canos que cobriam toda a área. Fizemos um
grande esforço para abrir vias.
Foi um planejamento urbano em um nível nunca visto para algo desse
tamanho e alcance.
PROFESSOR (cont.)
E depois poderíamos construir um centro comercial, ter uma pizzaria ou
uma butique! (risos)
Poderíamos construir nosso aeroporto, um dique, um monumento e ainda
se divertir.
PROFESSOR (cont.)
Nossa, você se sente bem em ser útil e ver que está fazendo algo que é
muito construtivo. Sentimos muito orgulho de termos feito isso. Se não for
lá você não entende (...)
Acho que é a Xangri-Lá que todos sonhávamos. Todos que queriam
participar mas nunca chegavam lá.
PROFESSOR (cont.)
Era um tipo avançado de consciência ambiental, uso controlado de água,
agricultura inteligente. Queríamos pegar uma terra danificada,
negligenciada, e recuperá-la... vimos que o solo pode ser recuperado. Fica
o exemplo.
Então, desde o início conseguimos desenvolver recursos como energia
solar, irrigação, recuperar a terra, alimentar as pessoas de forma holística.
PROFESSOR (cont.)
Fomos criar uma fazenda onde não havia terra produtiva. Nós mesmos
produzimos a maior parte dos alimentos, leite e queijo, dentro de nossa
comunidade.
Nós reconstruímos uma série de diques. Nós estávamos tornando o
deserto mais verde. E enquanto a terra se recuperava, a vida selvagem
voltou... como que recriada. Trouxemos a natureza de volta, não é legal!?
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PROFESSOR (cont.)
Esta terra reviveu com nosso suor e trabalho árduo.
Eu me sentia muito orgulhoso, não só por mim, mas por todos.
ALUNO
Somos gratos por este belo lar que temos.
ALUNA
Verdade, continuaremos cuidando e cultivando para que fique cada vez
mais lindo em sua graça.
ALUNO
(...) gira em torno da respiração e consciência.
PROFESSOR
Exatamente (...) A intenção era simplesmente aumentar a consciência da
humanidade. Esse era o objetivo e a dedicação.
Temos esses textos aqui do Osho, prestem atenção. Pode ler para a gente?
ALUNO
Pronto! “Nós temos que desprogramar nosso meio da política desonesta,
das religiões fanáticas, de todos os tipos de hipocrisia.
Não é uma coincidência... que, de repente, viemos parar aqui. Nós temos
que fazer algo ótimo... pelo bem da humanidade.”
ALUNO (cont.)
“Eu sou contra todas as religiões. Eu não sou seu líder. Vocês não são
meus seguidores. Eu estou então destruindo tudo... para que a história
nunca se repita.”
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ALUNA
Entendi, significa que não há separação entre nós e o resto do mundo.
Ele queria que as pessoas fossem livres. Ele queria que as pessoas fossem
livres dessa restrição e abrissem a sua energia, abrissem seu entendimento
interior, abrissem seu aprendizado interior.
PROFESSOR
É como em um casamento! Deixa eu explicar... Somos a única
comunidade sem doenças venéreas, crimes, drogas, alcoolismo. E vou
dizer mais uma coisa, somos as únicas pessoas que desfrutam inteiramente
do sexo.
PROFESSOR (cont.)
O que quer saber sobre o casamento aberto? O casamento de todos aqui
é da forma que as pessoas envolvidas desejam. Não há tabus, não há
regras, não há sugestões de como alguém deve se relacionar com o outro.
PROFESSOR (cont.)
Assim que a nossa realidade passou a existir, com pessoas se abraçando na
rua, pessoas se beijando, pessoas rindo e dançando sem música...
chamamos a atenção! Foi aí que a nova comunidade se tornou global. Há
milhares e milhares e milhares de adeptos... que entenderam.
PROFESSOR (cont.)
Mas para a maioria dessas pessoas, esta é uma visita a um estado de
espírito.
“O que o traz aqui?” eles perguntam. “Aventura, amor.” Querem dançar,
comemorar. Querem cantar.
Sim, o meu coração quer cantar!
ALUNA
PROFESSOR
Onde quer que vão, as pessoas estão comemorando. É uma explosão de
atividade.
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ALUNA
Para mim, toda a energia é comemorativa. Uma comemoração para os
olhos, para os ouvidos, para o sorriso... uma comemoração de cores.
ALUNO
Então é por isso que ainda existem os contrários a tudo isso, porque veem
nossa paz; e como essa paz perturba sua ignorância... eles nos acusam!
PROFESSOR
Eles desconhecem, e com isso são relutantes e não mudam. Quem sabe
uma hora isso termine (risos)
ALUNO
Tudo bem, mas a perseguição tem que parar! Perseguição de todas as
pessoas, de todas as raças, religiões... deve parar. É nosso direito evoluir
sem perturbações..!
ALUNA
Devemos ensinar, e retribuir com boas ações.
PROFESSOR
Colocar o ponto final! Espalhem a notícia. “Venham se unir a nós. Mais
uma bela cidade está crescendo, um exemplo para as outras. Está
acontecendo agora mesmo, é uma cidade que não tem em nenhum outro
lugar do mundo antigo.
Não interessa se você é homem ou mulher, nem a cor da sua pele, se for
veterano de guerra, todos somos convidados!”
ALUNO
Os rejeitados da sociedade agora são nossos hóspedes.
PROFESSOR
Na Índia, quando um convidado chega, ele pode ser uma forma de Deus.
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ALUNA
O que fazemos com eles é limpá-los, limpamos suas feridas, oferecemos
serviço odontológico gratuito (...)
ALUNO
(...) para que da boca não saiam mais... impropriedades! (risos)
ALUNA
(risos) e examinamos seus olhos. Nós lhes devolvemos o respeito próprio.
PROFESSOR
Até agora, a sociedade abusou dessas pessoas... a vida toda; nossa intenção
é criar uma situação que o mundo nunca havia vivenciado antes.
Precisamos cada vez mais proporcionar um senso de união.
PROFESSOR (cont.)
“A comunidade se importa comigo.” Eles dizem. “Eu nunca tive isso na
vida.”
ALUNA
E acho que não é só algo que as pessoas precisam, mas o mundo em geral.
ALUNO
É um pressentimento, um que todos têm, eu também acho.
O que tem de tão lindo aqui?
PROFESSOR
ALUNO
Bom, não tem crime. Não temos que nos preocupar em andar na rua e
sermos esfaqueados ou baleados, sabe? (risos) É difícil de explicar.
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PROFESSOR
Tiramos muitos da vida mundana, das... vielas. E vi dramáticas mudanças
nessas pessoas depois de passarem a viver assim, em um curto período de
tempo.
Fiquei impressionado. Elas mudaram, se abriram. Elas começaram a se
descobrir espiritualmente.
ALUNA
As pessoas que eram chamadas de... pessoas de rua, pessoas que foram
acusadas de degradadas ou criminosos ou bêbados, elas não são apenas
isso... são seres humanos respeitados.
Se você respeitá-los, eles irão respeitá-los dez vezes mais.
PROFESSOR
“Traga-nos sua gente cansada e pobre, suas massas que desejam ser livres.”
É por aí!
ALUNA
Vamos tratá-los com respeito, daremos lindas casas, lindas roupas... e
também uma nova vida (...)
ALUNO
(...) sempre para as pessoas que estão dispostas e conseguem se adaptar.
PROFESSOR
É isso, bem, eu que não vou ficar longe da minha gente! É hora de voltar,
a caminhada foi longa para caramba! (risos)
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“Grossi é escritor, roteirista e músico espiritualista. Publicou entre outros
títulos a novela “Beijo técnico”, além dos argumentos de “Amor, Ódio,
Redenção e Morte” e “Casa de praia” para o Cinema. Pela Poesia, lançou
“Cura”, “Servidão”, “A Conferência”. “Cabezada”, “Esencias”, “Maneja” e
“El Viajero Loco Ø § La May Madre” são suas obras em espanhol.
Participou também como guitarrista e vocalista das bandas Alice, íO,
Instrumental Vox, Ummantra e SAEM”
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