Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman
5Escravos da PaixãoTens sido...Um homem que as desgraças e recompensas da SorteAceitas com igual gratidão... Dá-me o homemQue não é escravo da paixão, que eu o trareiNo fundo do meu coração, sim, no coração do meu coraçãoComo faço contigo...— Hamlet a seu amigo HoratioA capacidade de manter o autocontrole, de suportar o turbilhãoemocional que o acaso nos impõe e de não se tornar um“escravo da paixão” tem sido considerada, desde Platão, comouma virtude. Na Grécia clássica, esse atributo era denominadosophrosýne, “precaução e inteligência na condução da própriavida; equilíbrio e sabedoria”, como interpreta Page DuBois, umestudioso do idioma grego. Para os romanos e para a antigaIgreja cristã isso significava temperantia, temperança,contenção de excessos. O objetivo é o equilíbrio e não asupressão das emoções: cada sentimento tem seu valor esignificado. Uma vida sem paixão seria um entediante desertode neutralidade, cortado e isolado da riqueza da própria vida.Mas, como observou Aristóteles, o que é necessário é a emoçãona dose certa, o sentimento proporcional à circunstância.Quando as emoções são sufocadas, geram embotamento efrieza; quando escapam ao nosso controle, extremadas erenitentes, tornam-se patológicas, tal como ocorre na depressãoparalisante, na ansiedade que aniquila, na raiva demente e naagitação maníaca.Na verdade, manter sob controle as emoções que nos afligemé fundamental para o bem-estar; os extremos — emoções quevêm de forma intensa e que permanecem em nós por muitotempo — minam nossa estabilidade. É claro que não devemossentir apenas um tipo de emoção: ser feliz o tempo todo decerta forma sugere a insipidez daqueles adesivos com rostossorridentes que foram moda nos anos 1970. Muito pode ser dito
sobre o lado construtivo do sofrimento para a vida criativa eespiritual; o sofrimento fortalece a alma.Os altos e baixos dão tempero à vida, mas precisam servividos de forma equilibrada. Na contabilidade do coração, é aproporção entre emoções positivas e negativas que determina asensação de bem-estar — pelo menos, essa é a conclusãoresultante de estudos feitos sobre estados de espírito realizadosjunto a centenas de homens e mulheres que portaram bipes quesoavam, em momentos aleatórios, para lembrar-lhes de registraro que estavam sentindo naquele instante.1 Não se trata deevitarmos os sentimentos desagradáveis para que fiquemossatisfeitos, mas, antes, de não permitir que sentimentostempestuosos nos arrebatem, atrapalhando o nosso bem-estar. Aspessoas que têm fortes episódios de raiva e depressãoconseguem, mesmo assim, obter uma sensação de bem-estar setêm, para contrabalançar, um conjunto de momentos igualmentealegres ou felizes. Esses estudos também afirmam aindependência da inteligência emocional da inteligênciaacadêmica, constatando pouca ou nenhuma relação entre o nívelde QI e o bem-estar emocional das pessoas.Assim como há um murmúrio de pensamentos de fundo namente, há um constante zumbido emocional; se “biparmos”alguém às seis da manhã ou às sete da noite, o encontraremoscom um humor diferente em cada um desses momentos. Claro,em duas manhãs quaisquer, alguém pode ter estados de espíritobastante diversos; mas quando se calcula a média dos estados deuma pessoa em semanas ou meses, eles tendem a refletir osenso de bem-estar geral dessa pessoa. Constata-se que, para amaioria, sentimentos extremamente intensos são relativamenteraros; a maioria de nós fica na cinzenta média, com suaveslombadas em nossa montanha-russa emocional.Ainda assim, controlar nossas emoções é meio como exerceruma atividade de tempo integral: muito do que fazemos —sobretudo nos momentos livres — são tentativas de manter obem-estar. Tudo, desde ler um romance ou ver televisão, até asatividades e companhias que procuramos, são tentativas paraque nos sintamos melhor. A arte de manter a tranqüilidade é umdom fundamental da vida; alguns psicanalistas, como JohnBowlby e D. W. Winnicott, a identificam como a mais essencialde todas as ferramentas psíquicas. Dizem os teóricos que osbebês emocionalmente sadios são aqueles que se consolamtratando-se como seus responsáveis os trataram, o que os deixamenos vulneráveis às agitações do cérebro emocional.Como vimos, o projeto do cérebro demonstra que muitasvezes temos pouco ou nenhum controle sobre quando somosarrebatados pela emoção e de qual emoção se trata. Mas
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Escravos da Paixão
Tens sido...
Um homem que as desgraças e recompensas da Sorte
Aceitas com igual gratidão... Dá-me o homem
Que não é escravo da paixão, que eu o trarei
No fundo do meu coração, sim, no coração do meu coração
Como faço contigo...
— Hamlet a seu amigo Horatio
A capacidade de manter o autocontrole, de suportar o turbilhão
emocional que o acaso nos impõe e de não se tornar um
“escravo da paixão” tem sido considerada, desde Platão, como
uma virtude. Na Grécia clássica, esse atributo era denominado
sophrosýne, “precaução e inteligência na condução da própria
vida; equilíbrio e sabedoria”, como interpreta Page DuBois, um
estudioso do idioma grego. Para os romanos e para a antiga
Igreja cristã isso significava temperantia, temperança,
contenção de excessos. O objetivo é o equilíbrio e não a
supressão das emoções: cada sentimento tem seu valor e
significado. Uma vida sem paixão seria um entediante deserto
de neutralidade, cortado e isolado da riqueza da própria vida.
Mas, como observou Aristóteles, o que é necessário é a emoção
na dose certa, o sentimento proporcional à circunstância.
Quando as emoções são sufocadas, geram embotamento e
frieza; quando escapam ao nosso controle, extremadas e
renitentes, tornam-se patológicas, tal como ocorre na depressão
paralisante, na ansiedade que aniquila, na raiva demente e na
agitação maníaca.
Na verdade, manter sob controle as emoções que nos afligem
é fundamental para o bem-estar; os extremos — emoções que
vêm de forma intensa e que permanecem em nós por muito
tempo — minam nossa estabilidade. É claro que não devemos
sentir apenas um tipo de emoção: ser feliz o tempo todo de
certa forma sugere a insipidez daqueles adesivos com rostos
sorridentes que foram moda nos anos 1970. Muito pode ser dito