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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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se revolvem dentro de nós. Os alexitímicos negam a idéia

prática de que é perfeitamente evidente por si mesmo o que

sentimos: eles não têm a mínima indicação. Quando alguma

coisa — ou mais provavelmente alguém — lhes provoca um

sentimento, eles acham a experiência intrigante e arrasadora,

uma coisa a ser evitada a qualquer custo. Os sentimentos lhes

chegam, quando chegam, como um desnorteante pacote de

angústia; como disse a paciente que chorou no cinema, sentemse

“péssimos”, mas não podem dizer exatamente que espécie de

coisa péssima sentem.

A confusão básica sobre os sentimentos muitas vezes parece

levá-los a queixarem-se de vagos problemas médicos, quando

na verdade sofrem de angústia emocional — fenômeno

conhecido em psiquiatria como somatização, isto é, quando

uma dor emocional se expressa através de uma dor física (o

que é diferente da doença psicossomática, em que problemas

emocionais causam doenças físicas autênticas). Na verdade,

grande parte do interesse psiquiátrico pelos alexitímicos está em

diferenciá-los daqueles que procuram ajuda médica, pois

tendem a uma extensa — e infrutífera — busca de diagnose e

tratamento médicos para o que na verdade é um problema

emocional.

Embora ninguém possa ainda dizer com certeza o que causa

a alexitimia, o Dr. Sifneos sugere uma desconexão entre o

sistema límbico e o neocórtex, sobretudo os centros verbais, o

que se encaixa bem no que temos aprendido sobre o cérebro

emocional. Os pacientes com severos derrames que, para alívio

dos sintomas, tiveram essa ligação seccionada, observa Sifneos,

tornaram-se emocionalmente insensíveis, como as pessoas com

alexitimia, incapazes de falar sobre seus sentimentos, e

subitamente desprovidos da capacidade de fantasiar. Em suma,

embora os circuitos do cérebro emocional reajam com

sentimentos, o neocórtex não pode classificar esses sentimentos e

acrescentar-lhes a nuança da linguagem. Como observou Henry

Roth, em seu romance Call it Sleep (Chame-o Sono), sobre esse

poder da linguagem: “Se você conseguir colocar em palavras o

que está sentindo, o sentimento fica sob seu controle.” O

corolário, claro, é o dilema do alexitímico: não ter palavras

para os sentimentos significa não tomar posse desses

sentimentos.

EM LOUVOR DA INTUIÇÃO

O tumor de Elliot, um pouco atrás da testa, era do tamanho de

uma laranja pequena; uma cirurgia extirpou-o completamente.

Embora a operação tivesse sido considerada um sucesso, as

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