10.04.2020 Views

Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

psicanalistas a chamam de “ego observante”, uma capacidade

de autoconsciência que permite ao analista monitorar suas

reações diante do que o paciente relata e que o processo de

livre associação alimenta no paciente.3

Essa autoconsciência parece exigir um neocórtex ativado,

sobretudo nas áreas da linguagem, sintonizado para identificar e

nomear as emoções despertadas. A autoconsciência não é uma

atenção que se deixa levar pelas emoções, reagindo com

exagero e amplificando a percepção. Ao contrário, é um modo

neutro, que mantém a auto-reflexividade mesmo em meio a

emoções turbulentas. William Styron parece descrever algo

semelhante a essa faculdade da mente, ao escrever sobre sua

profunda depressão, quando fala da sensação de “estar sendo

acompanhado por um segundo eu — um observador

fantasmagórico que, não partilhando da demência de seu duplo,

pode ficar observando com desapaixonada curiosidade enquanto

o companheiro se debate”.4

No ponto ótimo, a auto-observação permite exatamente essa

consciência equânime de sentimentos arrebatados ou turbulentos.

No mínimo, manifesta-se simplesmente como um ligeiro recuo

da experiência, um fluxo paralelo de consciência que é “meta”:

pairando acima ou ao lado da corrente principal, mais

consciente do que se passa do que imersa e perdida nele. É a

diferença entre, por exemplo, sentir uma fúria assassina contra

alguém e ter o pensamento auto-reflexivo: “O que estou sentindo

é raiva”, mesmo quando se está furioso. Em termos da mecânica

neural da consciência, essa sutil mudança de atividade mental

presumivelmente avisa que os circuitos neocorticais estão

monitorando ativamente a emoção, primeiro passo para adquirir

algum controle. Essa consciência das emoções é a aptidão

emocional fundamental sobre a qual se fundam outras, como o

autocontrole emocional.

Autoconsciência, em suma, significa estar “consciente ao

mesmo tempo de nosso estado de espírito e de nossos

pensamentos sobre esse estado de espírito”, nas palavras de

John Mayer, psicólogo da Universidade de New Hampshire que,

com Peter Salovey, de Yale, é um dos co-formuladores da teoria

da inteligência emocional.5 A autoconsciência pode ser uma

atenção não reativa e não julgadora de estados interiores. Mas

Mayer acha que essa sensibilidade também pode ser menos

equânime; os pensamentos que, em geral, revelam a

autoconsciência, incluem “Não devo me sentir assim”, “Vou

pensar em coisas boas para me animar” e, numa

autoconsciência mais restrita, o pensamento passageiro “Não

pense nisso”, em relação a alguma coisa muitíssimo

perturbadora.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!