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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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inteligências pessoais para que compreendamos o jogo das

emoções e o domínio de seu controle, Gardner e os que com

ele trabalham não investigaram detalhadamente o papel do

sentimento nessas inteligências, concentrando-se mais na

cognição sobre o sentimento. Essa abordagem, talvez não

intencionalmente, deixa inexplorado o rico mar de emoções que

torna a vida interior e os relacionamentos tão complexos, tão

absorventes e, muitas vezes, tão desconcertantes. E deixa de lado

o que há de inteligência nas emoções e o que há de emocional

na inteligência.

A ênfase de Gardner nos elementos perceptivos nas

inteligências pessoais reflete o Zeitgeist[2] da psicologia que

formou suas opiniões. A excessiva ênfase da psicologia na

cognição mesmo no campo das emoções deve-se, em parte, a

um acidente na história dessa ciência. Durante as décadas de

meados do século XX, a psicologia acadêmica foi dominada por

behavioristas como B. F. Skinner, para os quais só o

comportamento, o que podia ser objetivamente constatado,

poderia ser estudado com precisão científica. Os behavioristas

decretaram que toda a vida interior, inclusive as emoções,

estaria interditada à pesquisa científica.

Depois, em fins da década de 1960, com a chegada da

“revolução cognitiva”, o foco da ciência psicológica voltou-se

para como a mente registra e armazena informação, e para a

natureza da inteligência. Mas as emoções continuaram sendo

uma zona interdita. O saber convencional entre os cientistas

cognitivos afirmava que a inteligência implica um

processamento frio e duro acerca dos fatos. É hiper-racional,

mais ou menos como o Mr. Spock de Jornada nas Estrelas, o

arquétipo de secos bytes de informação não confundida pelo

sentimento, encarnando a idéia de que as emoções não têm

lugar na inteligência e apenas confundem nosso esquema de

raciocínio.

Os cientistas cognitivos que abraçaram essa opinião foram

seduzidos pelo computador como modelo operacional da mente,

esquecendo que, na realidade, os úmidos programas e peças

cerebrais bóiam numa poça pegajosa e latejante de produtos

neuroquímicos, em nada semelhante ao silício ordenado e

sanitizado que gerou a metáfora orientadora da mente. Os

modelos adotados pelos cientistas do conhecimento para

explicar como a mente processa a informação não levam em

conta o fato de que a racionalidade da mente é guiada pela

emoção. O modelo cognitivo é, nesse aspecto, uma visão

empobrecida da mente, uma visão que não explica o Sturm

und Drang[3] de sentimentos que dão sabor ao intelecto. Para

persistir nessa opinião, os próprios cientistas dedicados à área

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