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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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mesmo em tempo cerebral, que é calculado em milésimos de

segundo. A constatação de que é preciso agir tem de ser

automática e, de tal forma, que não chegue nunca ao nível da

consciência.3 Somos tomados por uma reação emotiva “rápida

e rasteira”, normalmente muito antes de sabermos, com

exatidão, o que se passa.

Esse modo rápido de percepção perde em precisão para

ganhar em rapidez. Baseia-se em primeiras impressões e reage

ao panorama global ou aos seus aspectos mais gritantes. Capta

tudo num relance, reage e não perde tempo com uma análise

mais minuciosa dos detalhes. A grande vantagem, aí, é que a

mente emocional é capaz de captar rapidamente uma emoção

(ele está furioso comigo; ela está mentindo; isso está fazendo ele

ficar triste) e, assim, de forma fulminante, dizer do que nos

acautelar, em quem confiar, quem está com problemas. Ela é o

nosso radar para o perigo; se nós (ou nossos ancestrais)

fôssemos aguardar que a mente racional tomasse uma decisão, é

possível não só que houvéssemos cometido erros — também

teríamos desaparecido como espécie. Por outro lado, esse modo

de percepção tem suas desvantagens — as impressões e

julgamentos intuitivos, feitos num estalar de dedos, podem ser

equivocados e dirigidos ao alvo errado.

Paul Ekman vê a rapidez com que as emoções se apossam

de nós — antes mesmo que nos demos conta de que já se

instalaram em nós — como uma adaptabilidade emocional

essencial: mobiliza-nos para agir nas emergências, sem perda

de tempo ponderando se ou quando reagir. Ekman desenvolveu

um sistema capaz de detectar alterações sutis na musculatura

facial e na fisiologia corporal, que ocorrem em milésimos de

segundo após a ocorrência do fato que causou determinada

emoção. Há, por exemplo, alteração no fluxo sanguíneo e nos

batimentos cardíacos, que se iniciam rapidamente. Essa rapidez

ocorre sobretudo nas emoções intensas, como naquela associada

ao sentimento de medo diante de uma ameaça súbita.

Ekman afirma que, em termos técnicos, o auge da emoção

dura um momento breve — segundos, e não minutos, horas ou

dias. Segundo ele, as emoções teriam uma má adaptabilidade

caso se apoderassem do cérebro e do corpo como um todo por

muito tempo, sem levar em consideração as cambiantes

circunstâncias. Se ficássemos tomados pelas emoções durante

muito tempo e invariavelmente, apesar de já decorrido o fato

que as desencadeou e independentemente do que mais se

passasse à nossa volta, os sentimentos delas decorrentes seriam

péssimos guias para a ação. Para que as emoções permaneçam

em nós por mais tempo, o gatilho tem de ser mantido, ou seja,

o sentimento — por exemplo, o luto pela perda de um ente

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