Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman
Stone McCown, criadora do Currículo da Ciência do Eu ediretora da Nueva:— O aprendizado não pode ocorrer de forma distante dossentimentos das crianças. Ser emocionalmente alfabetizado é tãoimportante na aprendizagem quanto a matemática e a leitura.1A Ciência do Eu é pioneira, o primeiro anúncio de uma idéiaque se espalha por escolas de todo o país.[1] As disciplinasoferecidas pela Nueva são “desenvolvimento social”, “aptidõespara a vida” e “aprendizado social e emocional”. Alguns,referindo-se à idéia de múltiplas inteligências de HowardGardner, usam o termo “inteligências pessoais”. A idéia básica éelevar o nível de competência social e emocional nas criançascomo parte de sua educação regular — não apenas uma coisaensinada como paliativo para crianças que estão ficando paratrás e que são “perturbadas”, mas um conjunto de aptidões ecompreensões essenciais para cada criança.Os cursos de alfabetização emocional têm algumas raízesremotas no movimento de educação afetiva da década de 1960.A idéia então era de que para uma profunda aprendizagem delições psicológicas e motivacionais era necessário que fossecolocado em prática o que estava sendo ensinado em teoria. Omovimento de alfabetização emocional, porém, vira pelo avessoa expressão educação afetiva — em vez de utilizar o afetocomo um meio para a aprendizagem, ensina o afeto em si.De uma maneira mais imediata, muitos desses cursos e oimpulso que eles deram vêm de uma série de programaspreventivos em andamento, cada um visando um problemaespecífico: fumo, abuso de drogas, gravidez e evasão escolar naadolescência e, mais recentemente, a violência. Como vimos noúltimo capítulo, o estudo do Consórcio W. T. Grant dosprogramas de prevenção constatou que são obtidos melhoresresultados quando é ensinado um núcleo de aptidões emocionaise sociais, como controlar o impulso, a raiva e como encontrarsoluções criativas para provações sociais. Desse princípio,surgiram novas formas de intervenção.Como vimos no Capítulo 15, as intervenções destinadas atratar dos déficits específicos em aptidões emocionais e sociaisque estão por trás de problemas como agressão ou depressãopodem ser altamente eficazes como amortecedores para ascrianças. Mas essas intervenções bem-intencionadas, em geral,têm sido feitas por psicólogos pesquisadores de modoexperimental. O próximo passo é aplicar os ensinamentosobtidos através desses programas altamente concentrados egeneralizá-los como uma medida preventiva para toda apopulação escolar, ensinada por professores comuns.Os métodos mais sofisticados e eficazes de prevenção
incluem informação sobre problemas como Aids, drogas e coisassemelhantes, no exato momento da vida em que os jovenscomeçam a enfrentá-los. Mas seu tema principal, contínuo, é aaptidão central que se aplica a qualquer um desses dilemasespecíficos: inteligência emocional.Esse novo caminho para levar a alfabetização emocional àsescolas insere as emoções e a vida social em seus currículosnormais, em vez de tratar essas facetas importantíssimas do diada criança como intrusões irrelevantes, ou, quando levam aexplosões, relegando-as a ocasionais visitas disciplinares aogabinete do orientador ou do diretor.As próprias aulas, a princípio, podem parecer nãoapresentar nenhuma novidade, e muito menos uma solução paraos dramáticos problemas de que tratam. Mas isso é em grandeparte porque, como a boa criação em casa, as liçõestransmitidas são pequenas mas reveladoras, dadas regularmentee durante muitos anos. É assim que o aprendizado emocional seentranha; à medida que as experiências são repetidas erepetidas, o cérebro reflete-as como caminhos fortalecidos,hábitos neurais que entram em ação nos momentos deprovação, frustração, dor. E embora a substância quotidiana dasaulas de alfabetização emocional possa parecer banal, oresultado — seres humanos decentes — é mais crítico quenunca para nosso futuro.UMA LIÇÃO DE COOPERAÇÃOComparem um momento de uma aula de Ciência do Eu com asexperiências escolares de que se lembram.Um grupo da quinta série vai jogar Quadrados deCooperação, em que os alunos se dividem em grupos paramontar um quebra-cabeça com pecinhas quadradas. O macete:a equipe fica em silêncio, não sendo permitida nenhumagesticulação.A professora Jo-An-Varga divide a classe em três grupos,cada um numa mesa diferente. Três observadores, todosfamiliarizados com o jogo, recebem uma ficha para avaliar, porexemplo, quem no grupo toma a iniciativa na organização,quem é o palhaço, quem perturba.Os alunos jogam as peças dos quebra-cabeças na mesa edão início ao trabalho. Em cerca de um minuto, já se sabe queum grupo é surpreendentemente eficiente como equipe; acabaem poucos minutos. Um outro grupo, formado por quatropessoas, se esforça cada um trabalhando por si, de formaparalela, em separado, o seu próprio quebra-cabeça e nãoconsegue ir a parte alguma. Depois começam aos poucos a
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incluem informação sobre problemas como Aids, drogas e coisas
semelhantes, no exato momento da vida em que os jovens
começam a enfrentá-los. Mas seu tema principal, contínuo, é a
aptidão central que se aplica a qualquer um desses dilemas
específicos: inteligência emocional.
Esse novo caminho para levar a alfabetização emocional às
escolas insere as emoções e a vida social em seus currículos
normais, em vez de tratar essas facetas importantíssimas do dia
da criança como intrusões irrelevantes, ou, quando levam a
explosões, relegando-as a ocasionais visitas disciplinares ao
gabinete do orientador ou do diretor.
As próprias aulas, a princípio, podem parecer não
apresentar nenhuma novidade, e muito menos uma solução para
os dramáticos problemas de que tratam. Mas isso é em grande
parte porque, como a boa criação em casa, as lições
transmitidas são pequenas mas reveladoras, dadas regularmente
e durante muitos anos. É assim que o aprendizado emocional se
entranha; à medida que as experiências são repetidas e
repetidas, o cérebro reflete-as como caminhos fortalecidos,
hábitos neurais que entram em ação nos momentos de
provação, frustração, dor. E embora a substância quotidiana das
aulas de alfabetização emocional possa parecer banal, o
resultado — seres humanos decentes — é mais crítico que
nunca para nosso futuro.
UMA LIÇÃO DE COOPERAÇÃO
Comparem um momento de uma aula de Ciência do Eu com as
experiências escolares de que se lembram.
Um grupo da quinta série vai jogar Quadrados de
Cooperação, em que os alunos se dividem em grupos para
montar um quebra-cabeça com pecinhas quadradas. O macete:
a equipe fica em silêncio, não sendo permitida nenhuma
gesticulação.
A professora Jo-An-Varga divide a classe em três grupos,
cada um numa mesa diferente. Três observadores, todos
familiarizados com o jogo, recebem uma ficha para avaliar, por
exemplo, quem no grupo toma a iniciativa na organização,
quem é o palhaço, quem perturba.
Os alunos jogam as peças dos quebra-cabeças na mesa e
dão início ao trabalho. Em cerca de um minuto, já se sabe que
um grupo é surpreendentemente eficiente como equipe; acaba
em poucos minutos. Um outro grupo, formado por quatro
pessoas, se esforça cada um trabalhando por si, de forma
paralela, em separado, o seu próprio quebra-cabeça e não
consegue ir a parte alguma. Depois começam aos poucos a