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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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O preço para as crianças vai além do sofrimento causado

pela própria depressão. Maria Kovacs me disse:

— As crianças aprendem aptidões sociais no convívio com

os colegas, por exemplo, o que fazer quando querem uma coisa

e não a conseguem, vendo como as outras crianças lidam com

a situação e depois tentando por si mesmas. Mas as crianças

deprimidas provavelmente estão entre as crianças isoladas pelas

outras, que não querem brincar com ela.28

O mau humor ou tristeza que essas crianças sentem as leva

a não provocar qualquer contato social, ou a desviar o olhar

quando as outras tentam entrar em contato com elas — um sinal

social que as outras crianças simplesmente consideram como

rejeição; o resultado é que as crianças deprimidas acabam

rejeitadas ou isoladas no pátio da escola. Essa lacuna em sua

experiência interpessoal lhes priva de aprendizagens que

ocorreriam nos trancos e barrancos das brincadeiras, e isso as

deixa com um retardo social e emocional, com muita coisa a

alcançar depois que passa a depressão.29 Na verdade, quando

se compararam crianças deprimidas com outras sem depressão,

descobriu-se que elas eram mais socialmente ineptas, tinham

menos amigos, eram menos preferidas que as outras como

companheiras nas brincadeiras, eram menos amadas e tinham

relacionamentos mais conturbados com as outras.

Outro preço para essas crianças é o desempenho escolar; a

depressão interfere na memória e concentração, tornando mais

difícil prestar atenção na aula e reter ensinamentos. A criança

que não sente alegria com nada achará mais difícil reunir a

energia para dominar lições complexas, quanto mais para sentir

o fluxo no aprendizado. Compreensivelmente, quanto mais

tempo as crianças no estudo de Maria Kovacs passavam

deprimidas, mais suas notas caíam e pior se saíam elas nos

testes de aproveitamento e, portanto, tinham maior

probabilidade de ficarem atrasadas na escola. Na verdade, havia

uma correlação direta entre o tempo que a depressão durava e

as notas escolares, com uma queda constante no decorrer do

episódio. Toda essa dificuldade acadêmica, claro, agrava a

depressão. Como observa Maria Kovacs:

— Imagine que você já se sente deprimido e começa a darse

mal na escola, e fica em casa sozinho em vez de estar

brincando com as outras crianças.

MODOS DE PENSAR GERADORES DE DEPRESSÃO

Do mesmo modo como nos adultos, modos pessimistas de

interpretar as derrotas da vida parecem alimentar os

sentimentos de impotência e desesperança no fundo da

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