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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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nessas séries, descobriu-se que 44 já haviam sofrido pelo menos

um episódio de pânico, ou tinham tido vários sintomas

preliminares. Esses episódios eram em geral disparados pelos

alarmes comuns do início da adolescência, como o primeiro

namoro ou uma prova importante — alarmes com os quais a

maioria das crianças lida sem apresentar problemas mais sérios.

Mas os adolescentes tímidos por temperamento e anormalmente

assustados com novas situações tinham sintomas de pânico como

palpitações cardíacas, respiração curta ou sensação de

sufocação, juntamente com a sensação de que alguma coisa

horrível ia acontecer-lhes, como enlouquecer ou morrer. Os

pesquisadores acreditam que, embora os episódios não fossem

suficientemente importantes para que fosse diagnosticada uma

“síndrome do pânico”, esses adolescentes correriam maior risco

de contrair o problema com o passar dos anos; muitos adultos

que sofrem de ataques de pânico dizem que eles começaram na

adolescência.5

O início dos ataques de ansiedade estavam estreitamente

relacionados com a puberdade. As meninas com discretos sinais

de puberdade não relataram terem tido esses ataques, mas entre

aquelas que já haviam passado pela puberdade, 8% disseram

que tinham sentido pânico. Quando experimentam uma crise de

pânico, os adolescentes tendem a ter medo de ter a crise

novamente, o que leva ao retraimento social.

NADA ME PREOCUPA: O TEMPERAMENTO ANIMADO

Na década de 1920, quando mocinha, minha tia June deixou sua

casa na cidade de Kansas e aventurou-se numa viagem a Xangai

— uma viagem, naquela época, perigosa para uma mulher

sozinha. Lá, June conheceu e casou-se com um detetive

britânico da força de polícia colonial daquele centro

internacional de comércio e intriga. Quando os japoneses

tomaram Xangai no início da Segunda Guerra Mundial, minha tia

e o marido foram internados no campo de prisioneiros descrito

no filme e livro O Império do Sol. Após sobreviverem a cinco

horrorosos anos nesse campo, ela e o marido haviam,

literalmente, perdido tudo. Sem um tostão, foram repatriados

para a Colúmbia Britânica.

Lembro-me da primeira vez que, em criança, vi June, uma

velhinha ebuliente cuja vida tomara um rumo extraordinário.

Nos últimos anos, ela sofrera um derrame que a deixou

semiparalítica; após uma lenta e árdua recuperação, conseguiu

voltar a andar, mas capengando. Lembro-me de que, na época,

saí para passear com ela, então na casa dos 70 anos. Ela foi se

afastando e, algum tempo depois, ouvi um gritinho — era June

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