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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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mostravam-se inseguras e hesitantes, ficando de fora, grudadas

às mães, quietinhas olhando as outras. Quase quatro anos depois,

quando essas mesmas crianças já estavam no jardim-de-infância,

o grupo de Kagan voltou a observá-las. Nos anos seguintes,

nenhuma das crianças desembaraçadas se tornara tímida,

enquanto dois terços das tímidas continuavam reticentes.

Kagan constata que crianças muito sensíveis e medrosas

tornam-se adultos tímidos e medrosos; desde o nascimento,

cerca de 15 a 20% das crianças são “inibidas do ponto de vista

comportamental”, segundo ele diz. Em bebês, essas crianças se

intimidam diante de qualquer coisa que não lhes seja familiar.

Hesitam em comer algo novo, relutam em aproximar-se de

animais que nunca viram ou de locais onde nunca estiveram e

são tímidas em presença de estranhos. Também são sensíveis

sob outras formas — por exemplo, sentem-se facilmente

culpadas e tendem à auto-recriminação. São crianças que ficam

ansiosamente paralisadas nos contatos sociais: na sala de aula e

no pátio de recreio, quando encontram novas pessoas, sempre

que acontece de serem centro das atenções. Na idade adulta,

tendem a ficar pelos cantos e têm um medo mórbido de falar

ou de se apresentar em público.

Tom, um dos meninos observados por Kagan, é o tímido

típico. Em toda avaliação durante a infância — 2, 5 e 7 anos —

foi considerado como um dos mais tímidos. Quando entrevistado

aos 13 anos, Tom estava tenso e rígido, mordendo os lábios e

contorcendo as mãos, o rosto impassível, insinuando um sorriso

apenas quando se referia à sua namorada; respostas curtas,

modos contidos.2 Por todos os anos da infância, até cerca dos 11

anos, Tom lembra que foi muitíssimo tímido, ficando encharcado

de suor sempre que tinha de se aproximar de colegas de

brincadeiras. Também era tomado por medos intensos: de sua

casa pegar fogo, de mergulhar numa piscina, de ficar sozinho

no escuro. Em pesadelos freqüentes, era atacado por monstros.

Embora tenha se sentido menos tímido nos últimos dois anos,

mais ou menos, ainda sente certa ansiedade em presença de

outros meninos, e agora é preocupadíssimo com seu

desempenho escolar, embora esteja entre os 5% melhores de

sua turma. Filho de um cientista, acha atraente esse tipo de

profissão, uma vez que a relativa solidão serve às suas

inclinações introvertidas.

Ralph, ao contrário, foi uma das crianças mais ousadas e

extrovertidas durante toda a infância. Sempre descontraído e

falador, aos 13 anos recostava-se à vontade na cadeira, não tinha

maneirismos nervosos e falava num tom confiante, amistoso,

como se o entrevistador fosse um colega — embora a diferença

de idade entre eles fosse de 25 anos. Na infância, tivera apenas

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