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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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induzidos em animais de laboratório, observa Charney, o medo

pode durar anos.13 A região-chave do cérebro que aprende,

retém e age com base nessa reação de medo é o circuito entre

os tálamos, amígdala e lobo pré-frontal — a rota do seqüestro

neural.

Em geral, quando alguém aprende a assustar-se com uma

coisa por estar condicionado pelo medo, o medo passa com o

tempo. Isso ocorre através de um reaprendizado natural, à

medida que o objeto temido é de novo encontrado em

circunstâncias diferentes. Assim, uma criança que tem medo de

cachorro porque um dia foi perseguida por um rosnante pastor

alemão vai aos poucos e naturalmente perdendo o medo se,

digamos, se muda para perto de alguém que tem um pastor

alemão simpático, e passa seu tempo brincando com o

cachorro.

No PTSD espontâneo, o reaprendizado não ocorre. Charney

sugere que há a possibilidade de que as mudanças causadas

pelo PTSD no cérebro sejam tão fortes que, na verdade, o

seqüestro da amígdala ocorre toda vez que aparece alguma

coisa ainda que vagamente reminiscente do trauma original,

fortalecendo a rota do medo. Isso quer dizer que não há uma só

vez em que o que tememos se iguale com um sentimento de

calma — a amígdala nunca reaprende uma reação menos

intensa. “A extinção do medo”, observa, “parece envolver um

processo de aprendizado ativo”, que está ele próprio danificado

nas pessoas com PTSD, “o que leva à anormal persistência de

lembranças emocionais”.14

Mas se ocorrerem experiências adequadas, mesmo o PTSD

pode desaparecer; fortes lembranças emocionais, e os padrões

de pensamento e reação que elas disparam, podem mudar com

o tempo. Charney sugere que esse reaprendizado seja cortical.

O medo original entranhado na amígdala não vai embora

completamente; em vez disso, o córtex pré-frontal suprime

ativamente o comando que a amígdala envia para o resto do

corpo responder com medo.

— Resta saber quanto tempo leva para que a gente se livre

do medo aprendido — diz Richard Davidson, psicólogo da

Universidade de Wisconsin que descobriu o papel do córtex préfrontal

esquerdo como um amortecedor de angústia.

Numa experiência laboratorial em que as pessoas primeiro

aprendiam a ter aversão a um ruído alto — um paradigma do

medo aprendido e um discreto paralelo do PTSD —, Davidson

constatou que aqueles que tinham mais atividade no córtex préfrontal

esquerdo superavam mais rapidamente o medo

adquirido, o que também sugere que o córtex atua na liberação

da angústia aprendida.15

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