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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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poder de desligar os choques sai sem sinais permanentes de

tensão. Só no rato impotente é que ocorrem as mudanças no

cérebro induzidas pela tensão.6 Para uma criança que é

alvejada no pátio de uma escola, que vê os coleguinhas

sangrando e morrendo — ou para um professor ali, incapaz de

deter a carnificina —, a impotência deve ter sido palpável.

O PTSD COMO DISTÚRBIO LÍMBICO

Fazia meses que um grande terremoto a pusera para fora da

cama e a fizera sair gritando em pânico pela casa às escuras à

procura do filho de 4 anos. Os dois passaram horas abraçados

na fria noite de Los Angeles, sob a proteção de um vão de

porta, presos ali sem comida, água ou luz, com as sucessivas

ondas de tremores sacudindo o solo a seus pés. Hoje, meses

depois, ela já se recuperou bastante do pânico súbito que se

apoderava dela nos dias subseqüentes ao terremoto, quando o

bater de uma porta a fazia começar a tremer de medo. O único

sintoma que ficou foi a impossibilidade de dormir, um problema

que só a ataca nas noites em que o marido está ausente —

como na noite do terremoto.

Os principais sintomas desse medo aprendido — inclusive o

tipo mais intenso, o PTSD — podem ser explicados por

mudanças nos circuitos límbicos que se concentram na amígdala

cortical.7 Algumas das principais alterações ocorrem no locus

ceruleus, uma estrutura que regula a secreção pelo cérebro de

duas substâncias chamadas catecolaminas: a adrenalina e a

noradrenalina. Esses produtos neuroquímicos mobilizam o corpo

para uma emergência; a mesma onda de catecolamina grava

lembranças com uma força especial. No PTSD, esse sistema

torna-se hiper-reativo, secretando doses muito grandes desses

produtos químicos do cérebro, em resposta a situações pouco ou

nada ameaçadoras, mas que de algum modo evocam o trauma

original, como as crianças da Escola Primária Cleveland que

entravam em pânico quando ouviam uma sirene de ambulância

semelhante às que tinham ouvido na escola após o tiroteio.

O locus ceruleus e a amígdala estão estreitamente ligados,

junto com outras estruturas límbicas como o hipocampo e o

hipotálamo: os circuitos das catecolaminas estendem-se até o

córtex. Presume-se que alterações nesses circuitos sejam

responsáveis pelos sintomas do PTSD, que incluem ansiedade,

medo, hipervigilância, irritabilidade e provocação, disposição

para lutar-ou-fugir e indelével codificação de intensas

lembranças emocionais.8 Um estudo constatou que os veteranos

do Vietnã com PTSD tinham 45% menos receptores para deter

a catecolamina do que aqueles que não apresentavam esses

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