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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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química do cérebro posta em movimento por um único

exemplo de terror arrasador.4 Embora as constatações do PTSD

se baseiem normalmente no impacto de um episódio, resultados

semelhantes podem ser causados por crueldades infligidas

durante muitos anos, como acontece com crianças maltratadas

sexual, física ou emocionalmente.

O mais detalhado trabalho sobre essas alterações cerebrais

está sendo feito no Centro Nacional do Distúrbio da Tensão Póstraumática,

uma rede de pesquisa local nos hospitais da

Administração dos Veteranos, onde se concentram vários

veteranos do Vietnã e de outras guerras que sofrem de PTSD.

Foi de estudos sobre veteranos como esses que veio a maior

parte do nosso conhecimento sobre o PTSD. Mas essas

descobertas também se aplicam a crianças que sofreram forte

trauma emocional, como as da Escola Cleveland.

— As vítimas de um trauma devastador talvez jamais voltem

a ser biologicamente as mesmas — disse-me o Dr. Dennis

Charney.5 Psiquiatra de Yale, ele é diretor de neurociência

clínica no Centro Nacional. — Não importa se foi o incessante

terror do combate, da tortura ou dos repetidos maus-tratos na

infância, ou uma única experiência, como ver-se preso num

furacão ou quase morrer num acidente de carro. Toda tensão

incontrolável pode ter o mesmo efeito biológico.

A palavra-chave é incontrolável. Se as pessoas sentem que

podem fazer alguma coisa diante de uma situação catastrófica,

exercer algum controle, por menor que seja, ficam melhor, em

termos emocionais, do que as que se sentem totalmente

impotentes. A sensação de impotência é o que torna um

determinado fato subjetivamente arrasador. Como disse o Dr.

John Krystal, diretor do Laboratório de Psicofarmacologia Clínica

do centro:

— Digamos que alguém que é atacado com uma faca sabe

se defender e age, enquanto outra pessoa na mesma situação

pensa: “Estou morto.” A pessoa que não tem como se defender é

a mais susceptível de sofrer um PTSD. É a sensação de que a

vida da gente está em perigo e a gente não pode fazer nada

para escapar: é esse o momento em que começa a mudança

no cérebro.

A impotência como o fator decisivo na provocação do PTSD

foi demonstrada em dezenas de estudos sobre pares de ratos de

laboratório, cada um numa gaiola diferente, cada um recebendo

leves — mas, para um rato, bastante tensionantes — choques

elétricos de idêntica severidade. Só que um dos ratos tem uma

alavanca em sua gaiola; quando ele a empurra, o choque cessa

nas duas gaiolas. Durante dias e semanas, os ratos recebem

precisamente a mesma quantidade de choques. Mas o que tem o

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