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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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A última década tem presenciado um constante bombardeio

de notícias desse gênero, que retratam o aumento de inépcia

emocional, desespero e inquietação na família, nas comunidades

e em nossas vidas em coletividade. Esses anos têm escrito a

crônica de uma raiva e desespero crescentes, seja na calma

solidão das crianças trancadas com a TV que lhes serve de

babá, no sofrimento das crianças abandonadas, esquecidas ou

maltratadas, ou na desagradável intimidade da violência

conjugal. O alastramento desse mal-estar pode ser visto através

de estatísticas que demonstram um aumento mundial dos casos

de depressão e nos indicadores de uma repentina onda de

agressão — adolescentes que vão armados para a escola,

infrações de trânsito na estrada que terminam em tiros, exempregados

descontentes que massacram antigos colegas de

trabalho. Abuso emocional, drive-by shooting[1] e tensão póstraumática

entraram no léxico do americano comum na última

década, e o slogan do momento passou do cordial “Tenha um

bom dia” para o petulante “Faça o meu dia valer a pena”.

Este livro é um guia que se destina a procurar sentido no que

não tem sentido. Na qualidade de psicólogo e, na última década,

de jornalista do The New York Times, venho acompanhando o

progresso dos estudos científicos sobre a irracionalidade. Dessa

perspectiva, observei duas tendências opostas: uma, que retrata

a crescente calamidade na vida emocional partilhada pelos

indivíduos, e outra, que oferece soluções auspiciosas para esse

problema.

Por que Este Exame agora?

A última década, apesar de todas as coisas ruins que nos

ofereceu, por outro lado assistiu a uma explosão inédita de

estudos científicos sobre a emoção. O que mais impressiona é

que agora podemos ver o cérebro em funcionamento, graças às

novas tecnologias que permitem a obtenção de imagens desse

órgão. Elas tornaram visível, pela primeira vez na história

humana, o que sempre foi um grande mistério: como atua essa

intricada quantidade de células enquanto pensamos e sentimos,

imaginamos e sonhamos. Essa inundação de dados

neurobiológicos permite que entendamos, hoje mais do que

nunca, como os centros nervosos nos levam à raiva ou às

lágrimas e como partes mais primitivas do cérebro, que nos

incitam a fazer a guerra e o amor, são canalizadas para o

melhor ou o pior. Essa luz sem precedentes sobre os

mecanismos das emoções e suas deficiências põe em foco

alguns novos remédios para nossa crise emocional coletiva.

Tive de esperar que a pesquisa científica ficasse

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