Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman
relacionado com o senso de confiança nos outros e deprazer em estar com eles, inclusive com adultos.7. Cooperatividade.A capacidade de harmonizar as próprias necessidadescom as dos outros nas atividades em grupo.Se a criança vai iniciar sua vida acadêmica, no jardim-deinfância,de posse dessas aptidões, depende muito de os seuspais — e professores no maternal — lhe terem dado um tipo deatenção cujo pressuposto tenha sido de que “a inteligênciaemocional começa no berço”. Esses rudimentos de inteligênciaemocional equivalem aos rudimentos de inteligência acadêmicaproporcionados pelos chamados programas de “VantagemInicial” utilizados na pré-escola.APRENDIZAGEM EMOCIONAL BÁSICADigamos que um bebê de dois meses acorda às três da manhã ecomeça a chorar. A mãe o atende e, na meia hora seguinte, obebê mama satisfeito nos braços dela, que o olha com afeição,dizendo-lhe que está feliz por vê-lo, mesmo de madrugada. Obebê, contente com o amor da mãe, volta a dormir.Agora digamos que outro bebê de dois meses, que acordouchorando de madrugada, se vê diante de uma mãe tensa eirritável, que acabou de adormecer a uma hora atrás, após umabriga com o marido. O bebê já fica tenso quando a mãe o pega,de forma abrupta, e dizendo: “Fica quieto! Não estou emcondições de suportar mais nada! Por favor, acaba logo comisso.” Enquanto o bebê mama, a mãe mira com um olhar pétreopara a frente, não para ele, lembrando da briga com o marido,ficando mais agitada à medida que pensa. O bebê, captando suatensão, se contorce, enrijece e pára de mamar. “Só isso?”, amãe diz. “Então não mame.” Com a mesma falta de carinho opõe de volta no berço e sai danada da vida, e ele, exausto detanto chorar, acaba adormecendo.Os dois cenários constam de relatório do Centro Nacionalpara Programas Clínicos Infantis como exemplo de tipos deinteração que, constantemente reiterados, instilam sentimentosmuito diferentes num bebê, sobre ele mesmo e suas relaçõesmais íntimas.7 O primeiro bebê está tendo a certeza de que aspessoas perceberão suas carências e o ajudarão, e que ele écapaz de obter ajuda; o segundo está descobrindo que, narealidade, ninguém lhe dá a mínima, que não é possível contarcom as pessoas e que seus esforços para conseguir consoloserão inúteis. Claro, a maioria dos bebês de vez em quando tem
uma provinha de cada um desses tipos de interação. Mas, namedida em que uma ou outra é típica de como os pais o tratamao longo dos anos, ela se constituirá em ensinamentosemocionais básicos que lhe darão a dimensão de sua segurança,do quanto se sentirá eficaz e até onde poderá confiar nos outros.Erik Erikson traduz essas circunstâncias em termos de a criançavir a sentir uma “confiança básica” ou uma desconfiança básica.Essa aprendizagem emocional começa nos primeirosmomentos da vida e continua durante toda a infância. Todos ospequenos intercâmbios entre pais e filhos contêm um temaemocional, e, com a repetição dessas mensagens através dosanos, as crianças formam o núcleo de sua perspectiva eaptidões emocionais. Uma menininha que não consegue resolverum quebra-cabeça e pede ajuda à mãe atarefada recebe umdeterminado tipo de mensagem se é atendida com um visívelprazer da mãe, e inteiramente outro se a mãe é ríspida: “Nãoenche — tenho mais o que fazer.” Quando esse tipo de contatose torna um padrão entre a criança e os pais, ele molda aexpectativa emocional da criança a respeito de relacionamentos,perspectivas que irão caracterizar o comportamento dela emtodas as áreas da vida, para melhor ou pior.Os problemas são maiores para as crianças cujos pais sãogrosseiramente ineptos — imaturos, viciados em drogas,deprimidos ou cronicamente raivosos, ou simplesmentedesnorteados e vivendo de forma desordenada. Pais nessasituação tendem a não cuidar adequadamente dos filhos e, muitomenos, a entrarem em sintonia com as necessidades emocionaisdeles. Há estudos que constatam que a negligência, pura esimples, pode ser mais prejudicial que os maus-tratos diretos.8Uma pesquisa feita com crianças maltratadas constatou que osjovens que foram negligenciados eram os que tinham o piordesempenho escolar: eram os mais ansiosos, desatentos eapáticos, alternando agressividade com retraimento. Entre eles, oíndice de repetência na primeira série era de 65%.Os três ou quatro primeiros anos de vida são um período emque o cérebro da criança cresce até cerca de dois terços de seutamanho final, e evolui em capacidade num ritmo que nuncamais voltará a ocorrer. É nesse período, mais do que na vidaposterior, que os principais tipos de aprendizagem ocorremmais facilmente — e a aprendizagem emocional é a maisimportante. Nessa época, a tensão severa pode prejudicar oscentros de aprendizagem do cérebro (e, portanto, o intelecto).Embora, como iremos ver, isso mais tarde possa, numa certamedida, ser remediado por experiências oferecidas pela vida, oimpacto causado por esse primeiro aprendizado é profundo.Como resume um trabalho sobre a principal lição emocional
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relacionado com o senso de confiança nos outros e de
prazer em estar com eles, inclusive com adultos.
7. Cooperatividade.
A capacidade de harmonizar as próprias necessidades
com as dos outros nas atividades em grupo.
Se a criança vai iniciar sua vida acadêmica, no jardim-deinfância,
de posse dessas aptidões, depende muito de os seus
pais — e professores no maternal — lhe terem dado um tipo de
atenção cujo pressuposto tenha sido de que “a inteligência
emocional começa no berço”. Esses rudimentos de inteligência
emocional equivalem aos rudimentos de inteligência acadêmica
proporcionados pelos chamados programas de “Vantagem
Inicial” utilizados na pré-escola.
APRENDIZAGEM EMOCIONAL BÁSICA
Digamos que um bebê de dois meses acorda às três da manhã e
começa a chorar. A mãe o atende e, na meia hora seguinte, o
bebê mama satisfeito nos braços dela, que o olha com afeição,
dizendo-lhe que está feliz por vê-lo, mesmo de madrugada. O
bebê, contente com o amor da mãe, volta a dormir.
Agora digamos que outro bebê de dois meses, que acordou
chorando de madrugada, se vê diante de uma mãe tensa e
irritável, que acabou de adormecer a uma hora atrás, após uma
briga com o marido. O bebê já fica tenso quando a mãe o pega,
de forma abrupta, e dizendo: “Fica quieto! Não estou em
condições de suportar mais nada! Por favor, acaba logo com
isso.” Enquanto o bebê mama, a mãe mira com um olhar pétreo
para a frente, não para ele, lembrando da briga com o marido,
ficando mais agitada à medida que pensa. O bebê, captando sua
tensão, se contorce, enrijece e pára de mamar. “Só isso?”, a
mãe diz. “Então não mame.” Com a mesma falta de carinho o
põe de volta no berço e sai danada da vida, e ele, exausto de
tanto chorar, acaba adormecendo.
Os dois cenários constam de relatório do Centro Nacional
para Programas Clínicos Infantis como exemplo de tipos de
interação que, constantemente reiterados, instilam sentimentos
muito diferentes num bebê, sobre ele mesmo e suas relações
mais íntimas.7 O primeiro bebê está tendo a certeza de que as
pessoas perceberão suas carências e o ajudarão, e que ele é
capaz de obter ajuda; o segundo está descobrindo que, na
realidade, ninguém lhe dá a mínima, que não é possível contar
com as pessoas e que seus esforços para conseguir consolo
serão inúteis. Claro, a maioria dos bebês de vez em quando tem