Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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Há indícios de que também os problemas cardíacos seexacerbem com a depressão. Num estudo com 2.832 homens emulheres de meia-idade acompanhados durante 12 anos, paraaqueles que se sentiam sempre desesperançados também haviauma probabilidade maior de mortalidade por doençacardíaca.32 E para cerca de 3% daqueles que sofriam dedepressão severa, a taxa de mortalidade por doença cardíaca,em comparação com aqueles que não estavam em depressão,era quatro vezes maior.É muito provável que a depressão cause problemas clínicosparticularmente graves para aqueles que sofreram ataquecardíaco.33 Em estudo feito num hospital de Montreal, pacientesque tiveram alta após serem tratados de um primeiro ataquecardíaco e estavam deprimidos corriam um risco muitíssimomaior de morrer nos seis meses seguintes. Constatou-se quepara um entre oito com depressão grave, a taxa de mortalidadefoi cinco vezes mais alta que para outros com igual doença —um efeito clínico de dimensão igual ao risco de morte associadoa problemas cardíacos como a disfunção no ventrículo esquerdoou um histórico de ataques cardíacos anteriores. Entre ospossíveis mecanismos que podem explicar por que a depressãoaumenta tanto a possibilidade de um outro ataque estão os seusefeitos sobre a variabilidade do ritmo cardíaco, que aumenta orisco de arritmias fatais.Também foi constatado que a depressão complica arecuperação de fratura da bacia. Num estudo com senhorasportadoras desse tipo de fratura, milhares receberam avaliaçõespsiquiátricas ao darem entrada no hospital. Aquelas que estavamdeprimidas ficaram no hospital numa média de oito dias a maisdo que aquelas com problema idêntico, mas não deprimidas, etinham só um terço de probabilidade de voltarem a andar. Masaquelas que estavam sob depressão e que, além dos cuidadosclínicos, também tiveram assistência psiquiátrica, precisaram demenos fisioterapia para voltar a andar e menos hospitalizaçãonos três meses que se seguiram à alta.Do mesmo modo, num estudo de pacientes cuja condiçãoera tão crítica que estavam entre os primeiros 10% dos queusavam serviços médicos — muitas vezes por terem múltiplasdoenças, como problemas cardíacos e diabete —, cerca de umem seis era portador de depressão grave. Quando foramtratados deste problema, o número de dias por ano que ficaramincapacitados caiu de 79 para 51 para aqueles com grandedepressão, e de 62 dias para apenas 18 para os que tinham sidotratados de depressão branda.34

OS BENEFÍCIOS CLÍNICOS DO OTIMISMOOs crescentes indícios sobre os efeitos clínicos adversos dossentimentos de raiva, ansiedade e depressão, portanto, são muitofortes. Tanto a raiva quanto a ansiedade, quando crônicas,podem fazer com que a pessoa fique mais susceptível a váriasdoenças. Ao mesmo tempo que a depressão talvez não possaser associada ao contraimento de doenças, ela dificulta arecuperação clínica e aumenta o risco de morte, sobretudo empacientes mais fragilizados em virtude de doença grave.Mas se a perturbação emocional crônica, em suas muitasformas, é tóxica, o oposto pode ser revigorante. Isso não querdizer, de modo algum, que sentimentos positivos curem ou quebasta sorrir e ser feliz para que o curso de uma doença séria sereverta. Os benefícios proporcionados por emoções positivas sãoimperceptíveis, mas pesquisas feitas junto a um grande númerode pessoas permitem verificar seus efeitos nas inumeráveis ecomplexas variáveis que afetam o curso da doença.O Custo do Pessimismo e os Benefícios do OtimismoTal como ocorre na depressão, há ônus clínicos acarretadospelo pessimismo e vantagens correspondentes no otimismo. Porexemplo, 122 homens que tiveram um primeiro ataque cardíacoforam avaliados quanto ao grau de otimismo ou pessimismo.Oito anos depois, dos 25 mais pessimistas, 21 haviam morrido;dos 25 mais otimistas, apenas seis. A forma como encaravam avida revelou-se um melhor previsor de sobrevivência do quequalquer outro fator clínico de risco, incluindo a extensão dodano causado ao coração no primeiro ataque, bloqueio deartéria, nível de colesterol ou pressão do sangue. E em outrapesquisa, os pacientes mais otimistas entre os que iam sesubmeter a uma cirurgia de ponte de safena tiveram umarecuperação muito mais rápida e menos complicações clínicasdurante e após a cirurgia do que os pacientes maispessimistas.35Como seu primo-irmão, a esperança na recuperação tempoder curativo. As pessoas que confiam na recuperação são,naturalmente, mais capazes de suportar circunstâncias adversas,inclusive problemas de saúde. Num estudo de pessoasparalíticas por danos na coluna, as mais confiantes conseguiramconquistar maior grau de mobilidade física, em comparaçãocom outros pacientes com danos assemelhados, mas que erampessimistas. A esperança na recuperação é muito importante

Há indícios de que também os problemas cardíacos se

exacerbem com a depressão. Num estudo com 2.832 homens e

mulheres de meia-idade acompanhados durante 12 anos, para

aqueles que se sentiam sempre desesperançados também havia

uma probabilidade maior de mortalidade por doença

cardíaca.32 E para cerca de 3% daqueles que sofriam de

depressão severa, a taxa de mortalidade por doença cardíaca,

em comparação com aqueles que não estavam em depressão,

era quatro vezes maior.

É muito provável que a depressão cause problemas clínicos

particularmente graves para aqueles que sofreram ataque

cardíaco.33 Em estudo feito num hospital de Montreal, pacientes

que tiveram alta após serem tratados de um primeiro ataque

cardíaco e estavam deprimidos corriam um risco muitíssimo

maior de morrer nos seis meses seguintes. Constatou-se que

para um entre oito com depressão grave, a taxa de mortalidade

foi cinco vezes mais alta que para outros com igual doença —

um efeito clínico de dimensão igual ao risco de morte associado

a problemas cardíacos como a disfunção no ventrículo esquerdo

ou um histórico de ataques cardíacos anteriores. Entre os

possíveis mecanismos que podem explicar por que a depressão

aumenta tanto a possibilidade de um outro ataque estão os seus

efeitos sobre a variabilidade do ritmo cardíaco, que aumenta o

risco de arritmias fatais.

Também foi constatado que a depressão complica a

recuperação de fratura da bacia. Num estudo com senhoras

portadoras desse tipo de fratura, milhares receberam avaliações

psiquiátricas ao darem entrada no hospital. Aquelas que estavam

deprimidas ficaram no hospital numa média de oito dias a mais

do que aquelas com problema idêntico, mas não deprimidas, e

tinham só um terço de probabilidade de voltarem a andar. Mas

aquelas que estavam sob depressão e que, além dos cuidados

clínicos, também tiveram assistência psiquiátrica, precisaram de

menos fisioterapia para voltar a andar e menos hospitalização

nos três meses que se seguiram à alta.

Do mesmo modo, num estudo de pacientes cuja condição

era tão crítica que estavam entre os primeiros 10% dos que

usavam serviços médicos — muitas vezes por terem múltiplas

doenças, como problemas cardíacos e diabete —, cerca de um

em seis era portador de depressão grave. Quando foram

tratados deste problema, o número de dias por ano que ficaram

incapacitados caiu de 79 para 51 para aqueles com grande

depressão, e de 62 dias para apenas 18 para os que tinham sido

tratados de depressão branda.34

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