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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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que foram considerados como facilmente susceptíveis à raiva

tinham três vezes mais probabilidade de morrer de parada

cardíaca do que os de temperamento mais estável. E se também

tinham altos níveis de colesterol, o risco trazido pela raiva era

cinco vezes maior.

Os pesquisadores de Yale observam que talvez não seja

apenas a raiva que aumenta o risco de morte por doenças

cardíacas, mas sim sentimentos negativos muito intensos, de

qualquer espécie, que enviam regularmente ondas de hormônio

de estresse por todo o corpo. Mas, no todo, as mais fortes

correlações científicas entre emoções e doença cardíaca

apontam para a raiva: um estudo da Faculdade de Medicina de

Yale pediu a mais de 1.500 homens e mulheres que haviam

sofrido ataques cardíacos que falassem de seu estado de humor

nas horas que antecederam a crise. Foi constatado que a raiva

mais que duplicava o risco de parada cardíaca em pessoas que

já tinham problemas de coração; o risco maior durava cerca de

duas horas depois da provocação da raiva.14

Tais constatações não significam que as pessoas devam tentar

não sentir raiva, quando ela é apropriada. Na verdade, há

indícios de que tentar suprimir completamente esses

sentimentos, no calor do momento, resulta, na verdade, numa

agitação maior do corpo e pode elevar a pressão sanguínea.15

Por outro lado, como vimos no Capítulo 5, quando damos vazão

à raiva, simplesmente a alimentamos, tornando-a uma respostapadrão

para qualquer situação que nos aborreça. Williams assim

resolve esse paradoxo: se devemos ou não expressar a raiva é

uma questão menos importante do que ter, de forma crônica,

sentimentos de raiva. Uma ocasional demonstração de

ressentimento não faz mal à saúde; o problema é quando o

ressentimento se torna tão constante a ponto de definir um estilo

pessoal antagonístico — assinalado por repetidos sentimentos de

desconfiança e ceticismo e pela tendência a tecer comentários

sarcásticos, além de outros mais óbvios ataques de mau gênio e

cólera.16

A notícia auspiciosa é que a raiva crônica não é

necessariamente uma sentença de morte: ser rancoroso é um

hábito que pode ser mudado. Um grupo de pacientes

cardiopatas da Faculdade de Medicina da Universidade de

Stanford foi inscrito num programa destinado a ajudá-los a

controlar suas tendências ao “pavio curto”. Comparados com

aqueles que não tinham tentado alterar o comportamento, para

os cardiopatas que participaram do programa a probabilidade

de sofrerem outra crise ficou reduzida em 44%.17 Um outro

programa, concebido por Williams, tem obtido semelhantes

resultados benéficos.18 Tal como o programa de Stanford,

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