Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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privilegiados, como executivos de alto nível e crianças deescolas particulares. É claro que muitas crianças em bairrospobres também se beneficiaram — por exemplo, se suasescolas adotaram o SEL. Porém, quero encorajar uma maiordemocratização desse tipo de desenvolvimento de habilidadeshumanas, alcançando blocos geralmente negligenciados, como asfamílias pobres (nas quais as crianças muitas vezes sofremdanos emocionais que pioram ainda mais a situação delas) e asprisões (principalmente os delinqüentes juvenis que poderiam sebeneficiar enormemente de habilidades reforçadoras comocontrole da raiva, autoconsciência e empatia). Uma vezajudados com essas habilidades, suas vidas poderiam melhorar esuas comunidades se tornariam mais seguras.Também gostaria de ver um aumento do raio de ação dopróprio pensamento sobre a inteligência emocional, saltando deum foco nas capacidades do indivíduo para um foco naquilo quesurge quando as pessoas interagem, seja no caso de umindivíduo para outro ou em grupos maiores. Algumas pesquisasjá parecem ter dado esse salto, especialmente no trabalho dapsicóloga Vanessa Druskat, da Universidade de New Hampshire,sobre como grupos podem se tornar emocionalmenteinteligentes. Mas pode-se fazer muito mais.Finalmente, imagino um dia em que a inteligência emocionalserá tão amplamente compreendida que não será preciso maisdiscuti-la, pois ela já terá se fundido às nossas vidas. Nessefuturo, o SEL já será prática padrão em todas as escolas. Damesma forma, as qualidades de QE como a autoconsciência, ogerenciamento de emoções destrutivas e a empatia serãolugares-comuns nos locais de trabalho, “qualidades obrigatórias”para ser contratado e conseguir promoções, e especialmentenecessárias para a liderança. Se o QE se tornar tão difundidoquanto o QI, e tão enraizado na sociedade como medidor dasqualidades humanas, creio que nossas famílias, escolas,empregos e comunidades serão todos mais humanos ealentadores.

Prefácio à Edição BrasileiraEscrevi Inteligência Emocional em meio a uma sensação decrise civil nos Estados Unidos onde há um aumento crescentedos índices de criminalidade, suicídios, abuso de drogas e outrosindicadores de mal-estar social, sobretudo entre os jovens.Acredito que o único remédio capaz de debelar esses sintomasde doença social seja uma nova forma de interagirmos nomundo — com a inteligência emocional no Brasil me dizem quejá há sinais, nesse país, que apontam para a emergência deuma alienação e pressão sociais que, se não contidas, podemlevar a colapsos bastante sérios na teia das relações sociais.Nos países desenvolvidos, a tendência é para umindividualismo exacerbado, o que acarreta, conseqüentemente,uma competitividade cada vez maior — isso pode serconstatado nos postos de trabalho e no meio universitário. Essavisão de mundo traz consigo o isolamento e a deterioração dasrelações sociais. A lenta desintegração da vida em comunidade ea necessidade de auto-afirmação estão acontecendo,paradoxalmente, num momento em que as pressões econômicosociaisestão a exigir maior cooperação e envolvimento entre osindivíduos.Além dessa situação que reflete um mal-estar social, háindicadores de um crescente desconforto emocional, sobretudoentre as crianças. Parece-me que a infância — um períodocrucial para a formação do adulto —, neste mundo em queestamos vivendo, deva merecer uma atenção maior de partedaqueles que são os principais responsáveis pelas crianças: paise professores.Os pais, em nossos dias, exercem sua paternidade sobtensões e pressões de ordem econômica que não existiam naépoca de nossos avós. O que eu proponho é que esses paisdediquem o tempo que lhes sobra para ajudar seus filhos adominarem as habilidades humanas essenciais que sãonecessárias, não só para lidar com as próprias emoções, comopara o estabelecimento de relações humanas verdadeiramentesignificativas.Aos professores, sugiro que considerem também apossibilidade de ensinar às crianças o alfabeto emocional,aptidão básica do coração. Tal como hoje ocorre nos EstadosUnidos, o ensino brasileiro poderá se beneficiar com aintrodução, no currículo escolar, de uma programação deaprendizagem que, além das disciplinas tradicionais, incluaensinamentos para uma aptidão pessoal fundamental — a

Prefácio à Edição Brasileira

Escrevi Inteligência Emocional em meio a uma sensação de

crise civil nos Estados Unidos onde há um aumento crescente

dos índices de criminalidade, suicídios, abuso de drogas e outros

indicadores de mal-estar social, sobretudo entre os jovens.

Acredito que o único remédio capaz de debelar esses sintomas

de doença social seja uma nova forma de interagirmos no

mundo — com a inteligência emocional no Brasil me dizem que

já há sinais, nesse país, que apontam para a emergência de

uma alienação e pressão sociais que, se não contidas, podem

levar a colapsos bastante sérios na teia das relações sociais.

Nos países desenvolvidos, a tendência é para um

individualismo exacerbado, o que acarreta, conseqüentemente,

uma competitividade cada vez maior — isso pode ser

constatado nos postos de trabalho e no meio universitário. Essa

visão de mundo traz consigo o isolamento e a deterioração das

relações sociais. A lenta desintegração da vida em comunidade e

a necessidade de auto-afirmação estão acontecendo,

paradoxalmente, num momento em que as pressões econômicosociais

estão a exigir maior cooperação e envolvimento entre os

indivíduos.

Além dessa situação que reflete um mal-estar social, há

indicadores de um crescente desconforto emocional, sobretudo

entre as crianças. Parece-me que a infância — um período

crucial para a formação do adulto —, neste mundo em que

estamos vivendo, deva merecer uma atenção maior de parte

daqueles que são os principais responsáveis pelas crianças: pais

e professores.

Os pais, em nossos dias, exercem sua paternidade sob

tensões e pressões de ordem econômica que não existiam na

época de nossos avós. O que eu proponho é que esses pais

dediquem o tempo que lhes sobra para ajudar seus filhos a

dominarem as habilidades humanas essenciais que são

necessárias, não só para lidar com as próprias emoções, como

para o estabelecimento de relações humanas verdadeiramente

significativas.

Aos professores, sugiro que considerem também a

possibilidade de ensinar às crianças o alfabeto emocional,

aptidão básica do coração. Tal como hoje ocorre nos Estados

Unidos, o ensino brasileiro poderá se beneficiar com a

introdução, no currículo escolar, de uma programação de

aprendizagem que, além das disciplinas tradicionais, inclua

ensinamentos para uma aptidão pessoal fundamental — a

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