Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman
fazem isso naturalmente, ou aprendem a fazê-lo, é maisprovável que os incidentes de preconceito não mais ocorram.Os mais eficazes cursos de treinamento de diversidadeestabeleceram uma nova regra básica explícita, nasorganizações, que proíbe o preconceito sob qualquer forma ecom isso estimula as pessoas que têm sido testemunhas e/oucircunstantes silenciosas a manifestarem seu desconforto eobjeção. Outro ativo ingrediente nos cursos de diversidade é o dese colocar no lugar do outro, uma posição que estimula aempatia e a tolerância. Na medida em que as pessoas passama entender o sofrimento daqueles que se sentem discriminados, émais provável que o denunciem.Em suma, é mais prático tentar suprimir a expressão dopreconceito do que o preconceito em si; os estereótipos mudammuito devagar, quando mudam. Simplesmente juntar pessoas dediferentes grupos pouco ou nada faz para reduzir a intolerância,como mostram casos de dessegregação escolar em que ahostilidade intergrupos aumentou, em vez de diminuir. Para apletora de programas de cursos de treinamento de diversidadeque inundam o mundo empresarial, isso quer dizer que umameta realista é mudar o comportamento de um grupo; essesprogramas muito podem fazer para elevar na consciênciacoletiva a idéia de que o fanatismo e o preconceito não sãoaceitáveis e não serão tolerados. Mas é irrealista esperar que umprograma desses erradique preconceitos profundamenteenraizados.Contudo, como os preconceitos são um tipo de aprendizadoemocional, é possível o reaprendizado — embora leve tempo enão se deva esperar que surta efeito em uma única jornada detreinamento para a diversidade. O que pode contar, porém, é acamaradagem constante e os esforços diários para uma metacomum de pessoas de diferentes origens. A lição neste caso vemda dessegregação nas escolas: quando os grupos não se fundemsocialmente, formando, ao contrário, bandos hostis, osestereótipos negativos se intensificam. Mas, quando os alunostrabalham juntos em condições de igualdade para alcançar umameta comum, como nas equipes esportivas ou em conjuntosmusicais, seus estereótipos se desfazem — como podeacontecer naturalmente no ambiente de trabalho, quando aspessoas trabalham anos juntas como iguais.16Deixar de combater o preconceito no local de trabalho éperder uma oportunidade maior: aproveitar as possibilidadescriativas e empresariais proporcionadas por uma força detrabalho diversificada. Como veremos, é provável que um grupode trabalho composto por variadas forças e perspectivas, sepuder operar em harmonia, produza soluções melhores, mais
criativas e mais eficazes do que o trabalho individual isolado.SABEDORIA ORGANIZACIONAL E QI DE GRUPONo início do século XXI, um terço da força de trabalhoamericana foi formada por “trabalhadores do conhecimento”,pessoas cuja produtividade adiciona valor à informação — sejacomo consultores de mercado, escritores ou programadores decomputador. Peter Drucker, eminente especialista empresarialque cunhou a expressão “trabalhadores do conhecimento”,observa que esse tipo de mão-de-obra é altamente especializadae que sua produtividade depende de seus esforços poderem sercoordenados como parte de uma equipe organizacional:escritores não são editores; programadores de computador nãosão distribuidores de programas. Embora as pessoas tenhamsempre trabalhado em associação, diz Drucker, com o trabalhode conhecimento “são as equipes — e não o esforço de umindivíduo — que se constituem na unidade de trabalho”.17 E issoexplica por que a inteligência emocional, as aptidões queajudam as pessoas a entrarem em harmonia, deveria servalorizada como um produto do ambiente de trabalho nos anosfuturos.Talvez a mais tradicional forma de trabalho em equipe numaorganização seja a reunião, essa parte inevitável do destino doexecutivo — numa sala de reunião, numa conferência portelefone, no gabinete de alguém. As reuniões — pessoas numamesma sala — são apenas o mais óbvio, e de certa formaantiquado, exemplo de compartilhamento do trabalho. As redeseletrônicas, e-mails, teleconferências, equipes de trabalho, redesinformais e coisas do gênero estão surgindo como novasentidades funcionais nas organizações. Enquanto a hierarquiaexplícita, distribuída num mapa organizacional, é o esqueleto deuma organização, esses pontos de contato humano são o seusistema nervoso central.Sempre que as pessoas se reúnem para chegarem a umconsenso, seja numa reunião de planejamento executivo oucomo uma equipe trabalhando para chegar a um produtopartilhado, têm num sentido muito concreto um QI de grupo,que é a soma total dos talentos e aptidões de todos osenvolvidos. A forma como realizarão a sua tarefa bem como oêxito que obterão, serão determinados pelo nível desse QI. Otipo de elemento mais importante na inteligência de grupo,revela-se, não é o QI médio no sentido acadêmico, mas sim ainteligência emocional. A chave para um alto QI de grupo é aharmonia existente entre os membros que o compõem. É essacapacidade de harmonizar que, mantida a igualdade de
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fazem isso naturalmente, ou aprendem a fazê-lo, é mais
provável que os incidentes de preconceito não mais ocorram.
Os mais eficazes cursos de treinamento de diversidade
estabeleceram uma nova regra básica explícita, nas
organizações, que proíbe o preconceito sob qualquer forma e
com isso estimula as pessoas que têm sido testemunhas e/ou
circunstantes silenciosas a manifestarem seu desconforto e
objeção. Outro ativo ingrediente nos cursos de diversidade é o de
se colocar no lugar do outro, uma posição que estimula a
empatia e a tolerância. Na medida em que as pessoas passam
a entender o sofrimento daqueles que se sentem discriminados, é
mais provável que o denunciem.
Em suma, é mais prático tentar suprimir a expressão do
preconceito do que o preconceito em si; os estereótipos mudam
muito devagar, quando mudam. Simplesmente juntar pessoas de
diferentes grupos pouco ou nada faz para reduzir a intolerância,
como mostram casos de dessegregação escolar em que a
hostilidade intergrupos aumentou, em vez de diminuir. Para a
pletora de programas de cursos de treinamento de diversidade
que inundam o mundo empresarial, isso quer dizer que uma
meta realista é mudar o comportamento de um grupo; esses
programas muito podem fazer para elevar na consciência
coletiva a idéia de que o fanatismo e o preconceito não são
aceitáveis e não serão tolerados. Mas é irrealista esperar que um
programa desses erradique preconceitos profundamente
enraizados.
Contudo, como os preconceitos são um tipo de aprendizado
emocional, é possível o reaprendizado — embora leve tempo e
não se deva esperar que surta efeito em uma única jornada de
treinamento para a diversidade. O que pode contar, porém, é a
camaradagem constante e os esforços diários para uma meta
comum de pessoas de diferentes origens. A lição neste caso vem
da dessegregação nas escolas: quando os grupos não se fundem
socialmente, formando, ao contrário, bandos hostis, os
estereótipos negativos se intensificam. Mas, quando os alunos
trabalham juntos em condições de igualdade para alcançar uma
meta comum, como nas equipes esportivas ou em conjuntos
musicais, seus estereótipos se desfazem — como pode
acontecer naturalmente no ambiente de trabalho, quando as
pessoas trabalham anos juntas como iguais.16
Deixar de combater o preconceito no local de trabalho é
perder uma oportunidade maior: aproveitar as possibilidades
criativas e empresariais proporcionadas por uma força de
trabalho diversificada. Como veremos, é provável que um grupo
de trabalho composto por variadas forças e perspectivas, se
puder operar em harmonia, produza soluções melhores, mais