Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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verdadeiro tempo de recuperação fisiológica é mais gradual.Como vimos no Capítulo 5, a raiva residual provoca mais raiva;quanto maior a espera, mais tempo se dá ao corpo pararecuperar-se da estimulação anterior.Para casais que, compreensivelmente, acham incômodomonitorar o ritmo do coração durante uma briga, é maissimples preestabelecer um acordo que permita a um doscônjuges pedir um tempo aos primeiros sinais de inundaçãonum dos dois. Durante esse intervalo, o retorno à calma podeser alcançado através de uma técnica de relaxamento ouexercício aeróbico (ou qualquer outro dos métodos queexaminamos no Capítulo 5), que ajuda os cônjuges a serecuperarem do seqüestro emocional.Uma Conversa Desintoxicante Consigo MesmoComo a inundação é provocada por pensamentos negativossobre o cônjuge, muito ajuda se o marido ou a mulher que estásendo perturbado por esses rudes julgamentos os atacar defrente. Sentimentos como “Não vou mais aceitar isso” sãoslogans de vítima inocente ou de justa indignação. Como observao terapeuta cognitivo Aaron Beck, pegando esses pensamentos econtradizendo-os — em vez de simplesmente ficar furioso oumagoado por eles — o marido ou a mulher pode começar a selivrar do domínio deles.28Isso exige o monitoramento desses pensamentos, acompreensão de que não temos de acreditar neles e o esforçodeliberado de trazer à mente provas ou perspectivas que osquestionem. Por exemplo, a esposa que sente no calor domomento que “ele não se importa comigo — é muito egoísta”deve contestar esse pensamento lembrando-se de várias coisasfeitas pelo marido que são, na verdade, sinais de consideração.Isso lhe permite reenquadrar o pensamento como: “Bem, eleliga pra mim às vezes, embora o que acabou de fazer tenhasido uma desconsideração e tenha me perturbado.” A últimaformulação abre a possibilidade de mudança e uma decisãopositiva: a anterior só fomenta raiva e ressentimento.Ouvir e Falar de Forma Não-defensivaEle:— Você está gritando!Ela:

— É claro que estou gritando: você não ouviu uma palavrado que estou dizendo. Simplesmente não escuta.Escutar é uma aptidão que mantém os casais juntos. Mesmono calor de uma discussão, quando os dois sofrem um seqüestroemocional, um ou outro, ou às vezes ambos, podem dar umjeito de escutar o que está por trás da raiva e ouvir e respondera um gesto conciliador do cônjuge. Mas os casais que rumampara o divórcio se absorvem na raiva e fixam-se nos pontosespecíficos da questão em pauta, não conseguindo escutar —quanto mais retribuir — qualquer proposta de paz implícita noque o cônjuge diz. A defensividade no ouvinte assume a formade ignorar ou repelir de saída a queixa do cônjuge, reagindo aela como se fosse mais um ataque que uma tentativa de mudarum comportamento. Claro, numa discussão, o que um cônjugediz é muitas vezes em forma de ataque, ou é dito com umanegatividade tão forte que fica difícil ouvir alguma coisa que nãoseja um ataque.Mesmo no pior caso, é possível um casal selecionardeliberadamente o que ouve, ignorando as partes hostis enegativas do diálogo — o tom perverso, o insulto, a críticadespreziva — e ouvir a mensagem principal. Para conseguiresse feito, será útil se os cônjuges se lembrarem de ver anegatividade um do outro como uma declaração implícita decomo a questão é importante para eles uma exigência deatenção a ser dada. Então, se ela grita: “Quer parar de meinterromper, pelo amor de Deus!”, ele talvez possa ser maiscapaz de dizer, sem reagir abertamente à hostilidade dela:“Tudo bem, acabe de falar.”A mais poderosa forma de ouvir não defensivamente, claro, éa empatia: ouvir de fato os sentimentos por trás do que estásendo dito. Como vimos no Capítulo 7, para um cônjuge de fatoentrar em empatia com o outro é preciso que suas própriasreações emocionais se acalmem a um ponto em que ele fiquesuficientemente receptivo para poder refletir os sentimentos dooutro cônjuge. Sem essa sintonização emocional, é provável queo sentimento de um a respeito do sentimento do outro sejaequivocado. A empatia deteriora-se quando nossos própriossentimentos são tão fortes que não permitem harmonizaçãofisiológica, mas simplesmente passam por cima de tudo mais.Um método de ouvir emocional e eficaz, chamado“espelhamento”, é comumente usado em terapia conjugal.Quando um cônjuge faz uma queixa, o outro a repete usando aspróprias palavras do queixoso, tentando captar não apenas o

— É claro que estou gritando: você não ouviu uma palavra

do que estou dizendo. Simplesmente não escuta.

Escutar é uma aptidão que mantém os casais juntos. Mesmo

no calor de uma discussão, quando os dois sofrem um seqüestro

emocional, um ou outro, ou às vezes ambos, podem dar um

jeito de escutar o que está por trás da raiva e ouvir e responder

a um gesto conciliador do cônjuge. Mas os casais que rumam

para o divórcio se absorvem na raiva e fixam-se nos pontos

específicos da questão em pauta, não conseguindo escutar —

quanto mais retribuir — qualquer proposta de paz implícita no

que o cônjuge diz. A defensividade no ouvinte assume a forma

de ignorar ou repelir de saída a queixa do cônjuge, reagindo a

ela como se fosse mais um ataque que uma tentativa de mudar

um comportamento. Claro, numa discussão, o que um cônjuge

diz é muitas vezes em forma de ataque, ou é dito com uma

negatividade tão forte que fica difícil ouvir alguma coisa que não

seja um ataque.

Mesmo no pior caso, é possível um casal selecionar

deliberadamente o que ouve, ignorando as partes hostis e

negativas do diálogo — o tom perverso, o insulto, a crítica

despreziva — e ouvir a mensagem principal. Para conseguir

esse feito, será útil se os cônjuges se lembrarem de ver a

negatividade um do outro como uma declaração implícita de

como a questão é importante para eles uma exigência de

atenção a ser dada. Então, se ela grita: “Quer parar de me

interromper, pelo amor de Deus!”, ele talvez possa ser mais

capaz de dizer, sem reagir abertamente à hostilidade dela:

“Tudo bem, acabe de falar.”

A mais poderosa forma de ouvir não defensivamente, claro, é

a empatia: ouvir de fato os sentimentos por trás do que está

sendo dito. Como vimos no Capítulo 7, para um cônjuge de fato

entrar em empatia com o outro é preciso que suas próprias

reações emocionais se acalmem a um ponto em que ele fique

suficientemente receptivo para poder refletir os sentimentos do

outro cônjuge. Sem essa sintonização emocional, é provável que

o sentimento de um a respeito do sentimento do outro seja

equivocado. A empatia deteriora-se quando nossos próprios

sentimentos são tão fortes que não permitem harmonização

fisiológica, mas simplesmente passam por cima de tudo mais.

Um método de ouvir emocional e eficaz, chamado

“espelhamento”, é comumente usado em terapia conjugal.

Quando um cônjuge faz uma queixa, o outro a repete usando as

próprias palavras do queixoso, tentando captar não apenas o

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