Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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mulheres em matéria de emoção que se vão refletir na maneiracomo os casais lidam com as queixas e discordâncias quequalquer relacionamento íntimo inevitavelmente gera. Naverdade, questões específicas como a freqüência com que ocasal faz sexo, como disciplinar os filhos ou sobre o orçamentofamiliar não são o que faz ou rompe um casamento. O que éimportante é como o casal discute esses pontos sensíveis. Ésuficiente chegar a um acordo sobre como discordar paragarantir a sobrevivência conjugal; homens e mulheres têm desuperar as diferenças de sexo inatas ao abordarem emoçõesperigosas. Sem isso, os casais ficam vulneráveis a problemasemocionais que acabam fazendo ruir o casamento. Comoveremos, é muito mais provável que essas rachadurasapareçam se um ou os dois parceiros têm certos déficits deinteligência emocional.FENDAS CONJUGAISFred: Você pegou minha roupa na lavanderia?Ingrid (arremedando): “Você pegou minha roupa nalavanderia?” Pegar a porra da sua roupa na lavanderia.Tá pensando que sou sua empregada? Fred: Seria difícil.Se você fosse empregada, pelo menos saberia lavarroupas.Se esse diálogo fosse de uma comédia teatral, seria cômico.Mas essa dolorosa e cáustica troca de palavras se deu entre umcasal que (talvez não surpreenda) se divorciou poucos anosdepois do diálogo.12 O enfrentamento deles ocorreu numlaboratório dirigido por John Gottman, psicólogo da Universidadede Washington, que fez talvez a mais detalhada análise da baseemocional que une os casais e dos sentimentos corrosivos que osdesunem.13 Em seu laboratório, as conversas dos casais eramgravadas em vídeo e depois submetidas a horas demicroanálises, para que fossem reveladas as correntesemocionais subterrâneas atuantes. Esse mapeamento dasdivergências que levam um casal a se divorciar avalizam aimportância da inteligência emocional para a sobrevivência deum casamento.Nas últimas duas décadas, Gottman acompanhou os altos ebaixos de mais de duzentos casais, alguns recém-casados, outroscasados há décadas. Ele mapeou a ecologia emocional docasamento com tal precisão que, num estudo, pôde prever quais

casais pesquisados em seu laboratório (como Fred e Ingrid, cujadiscussão sobre pegar a roupa na lavanderia foi tãoacrimoniosa) se divorciariam dentro de três anos com 94% deexatidão, uma precisão inaudita em estudos conjugais!O vigor da análise feita por Gottman vem do métodocriterioso que utiliza e da minuciosidade de suas sondagens.Enquanto os casais conversam, sensores registram o mais levefluxo na fisiologia deles; uma análise segundo a segundo dasexpressões faciais (onde é usado o sistema de leitura deemoções criado por Paul Ekman) detecta a mais rápida e sutilnuança de sentimento. Após a sessão, cada um dos cônjugesvolta ao laboratório, assiste à gravação da conversa e revela oque estava pensando durante os momentos calorosos do diálogo.O resultado equivale a um raio X emocional daquela relaçãoconjugal.Gottman constatou que um dos primeiros sinais que indicamque um casamento está à beira do abismo é a críticacontundente. Num casamento saudável, marido e mulher sesentem à vontade para se queixarem um do outro. Mas, muitasvezes, no calor da raiva, as queixas são expressas de umaforma destrutiva, com ataques ao caráter do cônjuge. Porexemplo, Pamela e sua filha foram comprar sapatos, enquantoTom, o marido, foi a uma livraria. Combinaram encontrar-seem frente ao correio uma hora depois e ir a uma matinê.Pamela foi pontual, mas não havia sinal de Tom.— Por onde anda ele? O filme começa em dez minutos —queixou-se Pamela à filha. — Seu pai sempre arruma um jeitode foder com tudo.Quando Tom apareceu, dez minutos depois, feliz por terencontrado um amigo e desculpando-se pelo atraso, Pamelarespondeu com sarcasmo:— Tudo bem... seu atraso nos deu uma boa oportunidadepara falar sobre a incrível capacidade que você tem de fodercom tudo que planejamos. Você é irresponsável e egocêntrico.A reclamação de Pamela excede os limites: é um assassinatodo caráter do marido, uma crítica à pessoa, não ao fato. Naverdade, Tom pediu desculpas. Mas, por seu lapso, Pamela orotula de “irresponsável e egocêntrico”. A maioria dos casaistem desses momentos de vez em quando, no qual uma queixasobre alguma coisa que um dos cônjuges fez é expressa sob aforma de um ataque que se dirige mais à pessoa que ao fato.Mas essas ásperas críticas pessoais têm um efeito emocionalmuito mais corrosivo do que as queixas mais moderadas. E taisataques, como é esperado, se tornam mais prováveis à medidaque marido ou mulher sentem que suas queixas não são ouvidas,

casais pesquisados em seu laboratório (como Fred e Ingrid, cuja

discussão sobre pegar a roupa na lavanderia foi tão

acrimoniosa) se divorciariam dentro de três anos com 94% de

exatidão, uma precisão inaudita em estudos conjugais!

O vigor da análise feita por Gottman vem do método

criterioso que utiliza e da minuciosidade de suas sondagens.

Enquanto os casais conversam, sensores registram o mais leve

fluxo na fisiologia deles; uma análise segundo a segundo das

expressões faciais (onde é usado o sistema de leitura de

emoções criado por Paul Ekman) detecta a mais rápida e sutil

nuança de sentimento. Após a sessão, cada um dos cônjuges

volta ao laboratório, assiste à gravação da conversa e revela o

que estava pensando durante os momentos calorosos do diálogo.

O resultado equivale a um raio X emocional daquela relação

conjugal.

Gottman constatou que um dos primeiros sinais que indicam

que um casamento está à beira do abismo é a crítica

contundente. Num casamento saudável, marido e mulher se

sentem à vontade para se queixarem um do outro. Mas, muitas

vezes, no calor da raiva, as queixas são expressas de uma

forma destrutiva, com ataques ao caráter do cônjuge. Por

exemplo, Pamela e sua filha foram comprar sapatos, enquanto

Tom, o marido, foi a uma livraria. Combinaram encontrar-se

em frente ao correio uma hora depois e ir a uma matinê.

Pamela foi pontual, mas não havia sinal de Tom.

— Por onde anda ele? O filme começa em dez minutos —

queixou-se Pamela à filha. — Seu pai sempre arruma um jeito

de foder com tudo.

Quando Tom apareceu, dez minutos depois, feliz por ter

encontrado um amigo e desculpando-se pelo atraso, Pamela

respondeu com sarcasmo:

— Tudo bem... seu atraso nos deu uma boa oportunidade

para falar sobre a incrível capacidade que você tem de foder

com tudo que planejamos. Você é irresponsável e egocêntrico.

A reclamação de Pamela excede os limites: é um assassinato

do caráter do marido, uma crítica à pessoa, não ao fato. Na

verdade, Tom pediu desculpas. Mas, por seu lapso, Pamela o

rotula de “irresponsável e egocêntrico”. A maioria dos casais

tem desses momentos de vez em quando, no qual uma queixa

sobre alguma coisa que um dos cônjuges fez é expressa sob a

forma de um ataque que se dirige mais à pessoa que ao fato.

Mas essas ásperas críticas pessoais têm um efeito emocional

muito mais corrosivo do que as queixas mais moderadas. E tais

ataques, como é esperado, se tornam mais prováveis à medida

que marido ou mulher sentem que suas queixas não são ouvidas,

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