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Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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Enquanto o abandono emocional parece embotar a empatia,

há um resultado paradoxal quando ocorre abuso emocional

intenso e constante, incluindo ameaças cruéis e sádicas,

humilhações e maldade pura e simples. As crianças que sofrem

tais abusos podem tornar-se hiperalertas para as emoções

daqueles que as cercam, o que é equivalente a uma vigilância

pós-traumática para detectar indícios que anunciem ameaça.

Essa preocupação obsessiva com os sentimentos dos outros é

típica de crianças psicologicamente maltratadas e que, na idade

adulta, sofrem os mercuriais altos e baixos às vezes

diagnosticados como “distúrbio limite de personalidade”. Muitas

dessas pessoas têm o dom de sentir o que sentem os que as

cercam, e é muito comum relatarem que sofreram abusos

emocionais na infância.11

A NEUROLOGIA DA EMPATIA

Como tantas vezes acontece na neurologia, os relatos de casos

peculiares e bizarros estão entre os primeiros indícios de que há

um componente cerebral na empatia. Um trabalho de 1957, por

exemplo, examinava vários casos em que os pacientes com

certas lesões na área direita dos lobos frontais tinham um déficit

curioso: não eram capazes de entender a mensagem emocional

através do tom de voz das pessoas, embora fossem

perfeitamente capazes de entender as palavras. Os “muito

obrigado” sarcásticos, agradecidos ou furiosos tinham, todos, o

mesmo sentido neutro para eles. Em contraste, um trabalho de

1979 falava de pacientes com danos em outras partes do

hemisfério direito que tinham uma falha bastante diferente na

percepção emocional. Estes eram incapazes de expressar suas

emoções através do tom de voz ou gestos. Sabiam o que

sentiam, mas simplesmente não eram capazes de transmiti-lo.

Todas essas regiões corticais do cérebro, observaram os vários

autores, tinham fortes ligações com o sistema límbico.

Esses estudos serviram como pano de fundo de um trabalho

para um seminário de Leslie Brothers, psiquiatra do Instituto de

Tecnologia da Califórnia, sobre a biologia da empatia.12

Examinando relatos neurológicos, Brothers aponta as amígdalas

corticais e suas ligações com a área de associação do córtex

visual como parte dos circuitos-chave do cérebro que estão por

trás da empatia.

Grande parte da importante pesquisa neurológica vem do

trabalho com animais, sobretudo primatas não-humanos. O fato

de que esses animais demonstram empatia — ou “comunicação

emocional”, como Brothers prefere chamar — fica evidenciado

não apenas pelas histórias que são relatadas, mas também por

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