Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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fazer a mesma coisa deteriorou-se acentuadamente. E quando ospreocupados tiveram uma sessão, anteriormente à execução datarefa, de 15 minutos de relaxamento — o que reduziu seu nívelde preocupação —, não tiveram problemas com ela.14O teste de ansiedade foi estudado cientificamente pelaprimeira vez na década de 1960, por Richard Alpert, que meconfessou ter esse seu interesse despertado porque, quandoestudante, os nervos muitas vezes o faziam sair-se mal nasprovas, enquanto um colega, Ralph Haber, achava que apressão antes de uma prova na verdade o ajudava a sair-semelhor.15 A pesquisa deles, entre outros estudos, mostrou que hádois tipos de estudantes ansiosos: aqueles cuja ansiedadeprejudica o desempenho acadêmico e os que se saem bemapesar da tensão — ou, talvez, por causa dela.16 A ironia doteste de ansiedade é que a mesma apreensão quanto ao sucessona prova que, idealmente, motiva alunos como Haber a seprepararem melhor para as provas e terem bom desempenho,é capaz de sabotar o êxito de outros. Para pessoas muitoansiosas, como Alpert, a apreensão pré-prova interfere naclareza de raciocínio e na memória, que são fundamentais paraum estudo eficaz e, durante a prova, a clareza mental —essencial para que se saiam bem — fica comprometida.A variedade de preocupações relatadas por pessoas quedeverão ser submetidas a um teste prediz qual será odesempenho delas.17 Os recursos mentais despendidos numatarefa cognitiva — a preocupação — simplesmente minam osrecursos existentes para o processamento de outras informações:se ficarmos preocupados com a possibilidade de fracassar naprova que estamos fazendo, teremos menos atenção para serempregada na resolução das questões. Nossas preocupações setornam profecias autoconcretizantes, impelindo-nos para opróprio desastre que predizem.As pessoas capazes de canalizar suas emoções, por outrolado, podem usar a ansiedade antecipatória — sobre umdiscurso ou teste próximos, digamos — para motivarem-se aprepararem-se bem para a tarefa, com isso saindo-se bem. Aliteratura clássica em psicologia descreve o relacionamentoentre ansiedade e desempenho, incluindo o desempenho mental,em termos de um U invertido. No pico do U invertido está aproporção ideal entre ansiedade e desempenho, com unspoucos nervos propulsionando o grande rendimento. Masansiedade de menos — o primeiro lado do U — traz apatia epouquíssima motivação para o esforço necessário ao êxito;enquanto ansiedade demais — o outro lado do U — sabotaqualquer tentativa de êxito.Um estado de euforia branda — hipomania, como é

tecnicamente chamada — parece ideal para escritores e outrosem vocações criativas que exigem fluidez e diversidadeimaginativa de pensamento; fica em algum ponto do pico do Uinvertido. Mas é só a euforia sair de controle, que se torna maniamesmo, como nas oscilações de humor dos maníacodepressivos,e a agitação solapa a capacidade de pensar comcoesão suficiente para escrever bem, muito embora as idéiasfluam livremente — na verdade, livremente demais parapodermos acompanhá-las bem e concretizarmos alguma coisa.Os estados de espírito positivos, enquanto duram, aumentama capacidade de pensar com flexibilidade e mais complexidade,tornando assim mais fácil encontrar soluções para os problemas,intelectuais ou interpessoais. Isso sugere que uma das maneirasde ajudar alguém a solucionar um problema é contar-lhe umapiada. O riso, como a euforia, parece ajudar as pessoas apensar com mais largueza e a fazer associações de forma maislivre, percebendo relações que de outro modo poderiam ter-lhesescapado — uma aptidão mental importante não apenas nacriatividade, mas para reconhecer relacionamentos complexos eprever as conseqüências de uma determinada decisão.As vantagens intelectuais de uma boa risada são maisimpressionantes quando se trata de resolver um problema queexige uma solução criativa. Um estudo constatou que as pessoasque assistiram a um vídeo de humor depois resolviam comfacilidade um quebra-cabeça que foi durante muito tempoutilizado por psicólogos para testar o pensamento criativo.18 Noteste, as pessoas recebem uma vela, fósforos e uma caixa depercevejos, e pede-se que elas preguem a vela numa paredede cortiça, de modo que ela queime sem pingar cera no chão.Muitas pessoas que recebem esse problema entram em “fixidezfuncional”, pensando em usar os objetos das formas maisconvencionais. Mas os que assistiram ao filme cômico,comparados com outros que assistiram a um filme sobrematemática ou fizeram exercícios, tinham mais probabilidade dever um uso alternativo para a caixa de percevejos, e com issodavam a solução criativa: pregar a caixa na parede e usá-lacomo castiçal.Mesmo ligeiras mudanças de humor podem dominar opensamento. Ao fazer planos ou tomar decisões, as pessoas têmum desvio perceptivo que as leva a ficar mais expansivas epositivas no pensar. Isso se deve, em parte, ao fato de amemória ser específica de um estado de espírito, de modo que,quando estamos num bom estado de espírito, lembramos decoisas boas; ao pesarmos os prós e contras de uma linha deação quando estamos nos sentindo bem, a memória deslocanossa avaliação dos sinais para os que apontam para o lado

fazer a mesma coisa deteriorou-se acentuadamente. E quando os

preocupados tiveram uma sessão, anteriormente à execução da

tarefa, de 15 minutos de relaxamento — o que reduziu seu nível

de preocupação —, não tiveram problemas com ela.14

O teste de ansiedade foi estudado cientificamente pela

primeira vez na década de 1960, por Richard Alpert, que me

confessou ter esse seu interesse despertado porque, quando

estudante, os nervos muitas vezes o faziam sair-se mal nas

provas, enquanto um colega, Ralph Haber, achava que a

pressão antes de uma prova na verdade o ajudava a sair-se

melhor.15 A pesquisa deles, entre outros estudos, mostrou que há

dois tipos de estudantes ansiosos: aqueles cuja ansiedade

prejudica o desempenho acadêmico e os que se saem bem

apesar da tensão — ou, talvez, por causa dela.16 A ironia do

teste de ansiedade é que a mesma apreensão quanto ao sucesso

na prova que, idealmente, motiva alunos como Haber a se

prepararem melhor para as provas e terem bom desempenho,

é capaz de sabotar o êxito de outros. Para pessoas muito

ansiosas, como Alpert, a apreensão pré-prova interfere na

clareza de raciocínio e na memória, que são fundamentais para

um estudo eficaz e, durante a prova, a clareza mental —

essencial para que se saiam bem — fica comprometida.

A variedade de preocupações relatadas por pessoas que

deverão ser submetidas a um teste prediz qual será o

desempenho delas.17 Os recursos mentais despendidos numa

tarefa cognitiva — a preocupação — simplesmente minam os

recursos existentes para o processamento de outras informações:

se ficarmos preocupados com a possibilidade de fracassar na

prova que estamos fazendo, teremos menos atenção para ser

empregada na resolução das questões. Nossas preocupações se

tornam profecias autoconcretizantes, impelindo-nos para o

próprio desastre que predizem.

As pessoas capazes de canalizar suas emoções, por outro

lado, podem usar a ansiedade antecipatória — sobre um

discurso ou teste próximos, digamos — para motivarem-se a

prepararem-se bem para a tarefa, com isso saindo-se bem. A

literatura clássica em psicologia descreve o relacionamento

entre ansiedade e desempenho, incluindo o desempenho mental,

em termos de um U invertido. No pico do U invertido está a

proporção ideal entre ansiedade e desempenho, com uns

poucos nervos propulsionando o grande rendimento. Mas

ansiedade de menos — o primeiro lado do U — traz apatia e

pouquíssima motivação para o esforço necessário ao êxito;

enquanto ansiedade demais — o outro lado do U — sabota

qualquer tentativa de êxito.

Um estado de euforia branda — hipomania, como é

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