Inteligencia-emocional-Daniel-Goleman

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A forma como as perturbações emocionais podem interferirna vida mental não é novidade para os professores. Alunosansiosos, mal-humorados ou deprimidos não aprendem; pessoascolhidas nesses estados não absorvem eficientemente ainformação nem a elaboram devidamente. Como vimos noCapítulo 5, emoções negativas muito fortes desviam a atençãopara suas próprias preocupações, interferindo na tentativa deconcentração em qualquer outra coisa. Na verdade, um dossinais de que os sentimentos transpuseram o limite do patológicoé que são tão intrusos que esmagam outro pensamento,sabotando continuamente as tentativas de darmos atenção àtarefa que tenhamos de cumprir. Para a pessoa que passa porum divórcio conturbado — ou o filho cujos pais passam por isso—, a mente não se fixa muito nas rotinas mais ou menos triviaisdo trabalho ou da escola; para os clinicamente deprimidos, ospensamentos de autopiedade e desespero, desesperança edesamparo se sobrepõem a qualquer outro.Quando as emoções dominam a concentração, o que estásendo soterrado de fato é a capacidade mental cognitiva que oscientistas chamam de “memória funcional”, isto é, a capacidadede ter em mente toda a informação relevante para a execuçãode uma determinada tarefa. O que ocupa a memória funcionalpode ser banal como os algarismos de um número de telefone,ou complicado como as intricadas linhas da trama que oromancista tenta juntar. A memória funcional é uma funçãoexecutiva por excelência na vida mental, possibilitando todos osoutros esforços intelectuais, desde pronunciar uma frase atéenfrentar uma complicada proposição de lógica.2 O córtex préfrontalexecuta a memória funcional — e, lembrem-se, é alionde os sentimentos e emoções se encontram.3 Quando oscircuitos límbicos que convergem no córtex pré-frontal estãotomados por angústia emocional, o ônus recai na eficácia damemória funcional: não podemos pensar direito, como eudescobri naquela pavorosa prova de cálculo.Por outro lado, pensem no papel da motivação positiva — areunião de sentimentos como entusiasmo e confiança naconquista de um objetivo. Estudos sobre atletas olímpicos,músicos de fama mundial e grandes mestres de xadrezconstatam que o que eles têm em comum é a capacidade demotivarem-se para seguirem implacáveis rotinas de treino.4 E,com o aumento constante no grau de excelência exigido paraum desempenho em nível mundial, essas rigorosas rotinas, hoje,cada vez mais, devem começar na infância. Nas Olimpíadas de1992, membros de 12 anos da equipe de mergulhadoreschineses tinham feito tantos mergulhos em treino quanto os

membros da equipe americana com 20 anos — osmergulhadores chineses iniciavam seu rigoroso treino aos 4 anos.Do mesmo modo, os melhores virtuoses do violino do século XXcomeçaram a estudar o instrumento por volta dos 5 anos deidade; os campeões internacionais de xadrez iniciaram-se nojogo numa idade média de 7 anos, enquanto os que se elevavamapenas à projeção nacional começavam aos 10. A iniciaçãoprecoce oferece uma vantagem para a vida inteira: os melhoresalunos de violino da melhor academia de música de Berlim,todos com vinte e poucos anos, haviam acumulado 10 mil horasde ensaio em suas vidas, e os da segunda leva, uma média de7.500 horas.O que parece distinguir os melhores nas competições deoutros com capacidade mais ou menos semelhante é o grau emque, começando cedo na vida, podem manter uma árdua rotinade exercício durante anos e anos. E essa obstinação depende decaracterísticas emocionais — entusiasmo e persistência diantedos reveses — acima de tudo mais.Uma outra contribuição que a motivação oferece para osucesso na vida, além de outras capacidades inatas, pode servista no notável desempenho de estudantes asiáticos nas escolase profissões americanas. Um exame detalhado das provassugere que as crianças asiático-americanas podem ter umavantagem média de QI sobre os brancos de apenas dois ou trêspontos.5 Contudo, com base nas profissões, como direito emedicina, opção de muitos asiático-americanos, como grupoeles se comportam como se tivessem um QI muito mais alto —o equivalente a um QI de 110 para os nipo-americanos e de120 para os sino-americanos.6 O motivo parece ser que, desdeos primeiros anos de escola, as crianças asiáticas se esforçammais que as brancas. Sanford Dorenbusch, sociólogo de Stanfordque estudou mais de 10 mil ginasianos, constatou que os asiáticoamericanospassavam 40% mais tempo fazendo trabalho decasa que os outros.— Enquanto a maioria dos pais americanos aceita o fato deos seus filhos serem mais fracos em determinadas disciplinas einvestirem mais naquelas em que se saem melhor, para osasiáticos o comportamento é inverso: estudar mais à noite, e seainda assim não dá certo, levantar-se mais cedo e estudar demanhã. Eles acreditam que qualquer um pode se sair bem naescola com o esforço adequado.

membros da equipe americana com 20 anos — os

mergulhadores chineses iniciavam seu rigoroso treino aos 4 anos.

Do mesmo modo, os melhores virtuoses do violino do século XX

começaram a estudar o instrumento por volta dos 5 anos de

idade; os campeões internacionais de xadrez iniciaram-se no

jogo numa idade média de 7 anos, enquanto os que se elevavam

apenas à projeção nacional começavam aos 10. A iniciação

precoce oferece uma vantagem para a vida inteira: os melhores

alunos de violino da melhor academia de música de Berlim,

todos com vinte e poucos anos, haviam acumulado 10 mil horas

de ensaio em suas vidas, e os da segunda leva, uma média de

7.500 horas.

O que parece distinguir os melhores nas competições de

outros com capacidade mais ou menos semelhante é o grau em

que, começando cedo na vida, podem manter uma árdua rotina

de exercício durante anos e anos. E essa obstinação depende de

características emocionais — entusiasmo e persistência diante

dos reveses — acima de tudo mais.

Uma outra contribuição que a motivação oferece para o

sucesso na vida, além de outras capacidades inatas, pode ser

vista no notável desempenho de estudantes asiáticos nas escolas

e profissões americanas. Um exame detalhado das provas

sugere que as crianças asiático-americanas podem ter uma

vantagem média de QI sobre os brancos de apenas dois ou três

pontos.5 Contudo, com base nas profissões, como direito e

medicina, opção de muitos asiático-americanos, como grupo

eles se comportam como se tivessem um QI muito mais alto —

o equivalente a um QI de 110 para os nipo-americanos e de

120 para os sino-americanos.6 O motivo parece ser que, desde

os primeiros anos de escola, as crianças asiáticas se esforçam

mais que as brancas. Sanford Dorenbusch, sociólogo de Stanford

que estudou mais de 10 mil ginasianos, constatou que os asiáticoamericanos

passavam 40% mais tempo fazendo trabalho de

casa que os outros.

— Enquanto a maioria dos pais americanos aceita o fato de

os seus filhos serem mais fracos em determinadas disciplinas e

investirem mais naquelas em que se saem melhor, para os

asiáticos o comportamento é inverso: estudar mais à noite, e se

ainda assim não dá certo, levantar-se mais cedo e estudar de

manhã. Eles acreditam que qualquer um pode se sair bem na

escola com o esforço adequado.

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