VIAGEMMochilanas costas;Liberdadenas mãosDE TEMPOS EMTEMPOS OS IRMÃOSDENISE, EDUARDOE DELCIR DE CARLIEMBARCAM EMUMA AVENTURAPELAS ESTRADAS DAAMÉRICA DO SUL84
Viajar é mágico. Como pode algote deixar sem palavras, mas mesmoassim te transformar em um contadorde histórias? Viajar com quema gente gosta então... é aventura nacerta! Pelo menos é assim que osirmãos Denise, Eduardo e Delcir deCarli pensam. A cada dois anos elescolocam a mochila nas costas, carregama liberdade e se abastecemde experiências culturais.Tudo começou em 2013, quandoDenise estava jantando na casa deEduardo e recebeu um e-mail sobreum pacote de viagem. “Achei aideia bacana e mostrei para o Edu.Nós ligamos para o Delcir e na mesmanoite marcamos a viagem”, comentaela. Mas nada de avião. Paraa aventura ser completa os irmãosoptaram por ir de carro.E lá foram eles. A primeira viagemdurou 13 dias. “Nós atravessamos odeserto do Atacama e fomos até olitoral do Chile, que era o objetivoda nossa primeira jornada”, lembraEduardo. “Na primeira vez nós fomoscom bastante medo, pois nãosabíamos o que ia acontecer e nemcomo ia acontecer. Ainda mais quelemos bastante relatos na internetsobre pessoas que eram assaltadasnas estradas. Mas no fim deutudo certo e a viagem foi tranquila”,completa Delcir.Em 2015, os irmãos se juntaramnovamente e foram rumo a MachuPicchu, no Peru. Para aumentara aventura, eles decidiram sairdo país pela fronteira da Bolívia. Aviagem desta vez durou um poucomais. Foram 18 dias. “Ficamos emtrês campings. O resto da viagemfoi em hotéis, mas nada reservado.Apenas procurávamos um lugarpara passar a noite, com exceçãodas capitais, que exigiam reservaprévia”, comenta Denise.Para eles, dirigir na Estrada daMorte, na Bolívia, que é consideradaa mais perigosa do mundo, foi umadas experiências mais marcantes. Aestrada conta com apenas 3 metrosde largura. “A história é que aconteciamcerca de 300 mortes por ano,em apenas 64 quilômetros de extensão,até que em 2007 foi construídauma via alternativa”, relatam.Outro ponto que chamou atençãodos irmãos foi a Cidade Fantasmade Humberstone, ao norte doChile. “Os moradores trabalhavamcom a extração de salitre, que erautilizado na agricultura como fertilizante,e na produção de dinamitepara a indústria bélica”, explicaDenise. “Após a Primeira Guerratodos os moradores saíram da cidadepara procurar outros meiosde sobrevivência, após a Inglaterrabloquear a exportação de salitre”,complementa Eduardo. Delcir resumeque a cidade é pequena, porémcompleta. “Tem de tudo. Hotel,consultório médico, teatro, igreja etudo o mais”.Já este ano, eles viajaram pelo suldo Brasil com destino a Ushuaya,na Argentina. O local é conhecidocomo a capital da Terra do Fogo.“É uma cidade que foi construídapor presidiários e que permitia aogoverno argentino marcar território.É um lugar muito frio e muitospresos morriam ao tentar fugir oupegar madeira para fazer lenha ese esquentarem”, conta Delcir. Atualmenteparte do presídio é ummuseu, enquanto a outra ala estáintacta do jeito que os presidiáriosdeixaram. “É possível ver fotos dospresos, bonecos de cera e saber ahistória de cada um”, diz Eduardo.Desta vez a jornada foi de 30 dias.“A cada ano vamos mais preparadose com mais espírito de aventura”,complementa Delcir. O trioconsidera esta a melhor viagem.“Teve mais paisagens e pontos turísticos”,comenta Denise. Aliás, elasuperou o seu maior medo: o de altura.“Subimos no Monte Martial, naArgentina. Foi um desafio vencido.Eu queria desistir, mas com a ajudados meus irmãos conseguimos iraté o topo. Valeu a pena enfrentaresse medo”.Os irmãos ainda não sabem opróximo destino e nem quando vaiser. Mas expõem a sede de aventura.“A amizade é a coisa mais legalda viagem. Nós conhecemos tantaspessoas, além de conhecermos anós mesmos. É um intercâmbio deexperiências com gente do mundointeiro. Quando a gente fala que édo Brasil, eles nos recebem de coração.Ao saberem que somos irmãos,então, é a coisa mais lindapara eles”, finalizam.85