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Atos I. Prelúdio para uma infância (Grossi, 2020)_

(...) admitidos dentro da cronologia que se inicia em Atos I com “Prelúdio para uma infância”, um compêndio à visualização da paz desde pequenos.

(...) admitidos dentro da cronologia que se inicia em Atos I com “Prelúdio para uma infância”, um compêndio à visualização da paz desde pequenos.

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3. A Leoa, a gente Humana e Ametcher (Esquete) 5. A professora pediu aos alunos (Peça)

9. Analogia das Formigas (Esquete) 11. Atitude da plantinha (Esquete) 12. Cães das ruas

(Esquete) 13. Uma viagem pela gente (Peça)


ATOS I. PRELÚDIO PARA UMA INFÂNCIA.

“A LEOA, A GENTE HUMANA E AMETCHER”

UMA OBRA DE GROSSI

[O mundo dos sonhos, entra a NARRAÇÃO fora do palco.]

Narração

Fica o aviso para quem quiser ouvir! Essa história aqui fará sentido se você

gostar de sonhar, aqui estamos sonhando; deixe sua mente limpa e viaje

conosco na aventura que logo será sua vez.

[Aparece a reação! Os movimentos são mudos.]

Narração (cont.)

I. Caminhava a Leoa tão próxima da gente Humana, iam por uma estrada lisa

ainda que a poeira voasse curta; seguiam e todo o ambiente reaparecia em um

tom amarronzado. “Que bom”, pensavam. Para eles o ar do campo provocava

uma memória ou sonho em desfile com tanta tranquilidade, ahh deveria ser

mais assim. Era a pista de uma areia assentada pelos dias quentes, e não ventava

tanto como em outros locais das roças daquele mundo. É bem verdade que o

clima ameno favorecia a travessia naquele dia, mas somente uma cerca dividia

a estrada de suas passagens. Tudo isso para aqueles rostos!

II.

Aquele silêncio dividido em seu compassado caminhar, estes dois em sua

cumplicidade, e eles veem se aproximar um bando de animais correndo.

Vinham para eles olhando da parte de cima de um monte elevado que havia

naquela área, chegariam analisando por um ânimo total. À direita, bem rente

aos dois caminhantes, esses animais tanto insistiram que a Leoa por fim

apressou o passo também, ao que a gente Humana tentou igualar vendo a

ameaça dos outros animais atrás da cerca, cerca essa que só representava uma

divisória, nunca um isolamento definitivo entre partes. Curiosamente, naquela

confusão estavam outros leões errantes, ambos sentiam. “Apenas uma grade

dividindo a estrada da beira e esses perseguidores”, era o que a Leoa pensaria

alto. “Vamos embora, não sabemos o que isso significa. O iminente é o que de

certa forma une todo mundo!”, afirma a gente Humana. Escapam sem mais

dizer, sim, era o que dava.

Atos I A Leoa, a gente Humana e Ametcher (Infantil)


III.

IV.

Como agem então a Leoa e a gente Humana? Somem em tamanha velocidade!

É, melhor correr. E em disparada nessa fuga chegam a um vilarejo. Entre as

casas recém-construídas, dois irmãos de uma raça desconhecida se oferecem

para que deem uma volta e peçam também uma residência. Mas tudo o que

sentem são os olhares curiosos dos habitantes dali. A Leoa aponta para um

minimercado e lá entram para se esconder.

Perpassando os corredores e as prateleiras com suas frutas, pães e produtos

industrializados, a gente Humana enxerga a capa de um antigo filme, ainda em

fita, chamado Yoms. “Eu me detenho, já não ouvimos falar disso?”, indaga a

Leoa. “Aí, quem está no minimercado também observa junto da gente”,

comenta a Humana. A Leoa pede que a Humana se apresse, outra coisa já não

estava certa. “De certo que algo que não se encaixa, mas quando foi que

erramos para atrair tanta atenção?” adverte a Leoa. “Em outra viiiida”, ecoa nos

autofalantes do minimercado!

Mas a expressão do ator na capa da fita Yoms não era nada boa; além da

propaganda aparente ficava a deixa de que Yoms estava em guerra e seus atores

também se viam em uma enrascada. Ambos notaram, estavam atentos e

olhando de um lado ao outro. Nisso veem entrar alguns dos animais da cerca

da estrada, eles ainda tinham o cheiro da Leoa e da gente Humana na memória.

Eram farejadores natos!

Assim, mais uma vez escapam então de tudo aquilo, só que dessa vez por uma

rua diferente, que para sua surpresa dava bem no meio da cidade. A presença

deles diante de muitos que atravessavam a rua em marcha foi apenas monótona,

era como se já conhecessem e viviam em círculos. “Digo bem alto, começa a

Leoa, para que os ouvidos possam notar sem sombra de dúvida; saibam que

não somos nenhuma ameaça à cidadela!” A Humana complementa então que

“já estão de saída!”

V. “Esperem”, apressadamente alguém diz em meio à confusão. “Se querem um

nome... busquem Ametcher”. “Como??” “Que quer dizer??” A gente Humana

e a Leoa repetem para si. “Buscaríamos Ametcher, ainda que sem saber bem

quem ou que fosse; esse nome irrompe qualquer despertar, apareceu nas

mentes como uma indicação ou pista da resposta para tantas escapadas. Era a

palavra. Mas sim, já vamos então (...)” “Saiam de cena, forasteiros, já vieram

com as perguntas e as respostas, não vale a pena atrapalhar nossa vida de mais

ou menos.” Adverte o adversário. Alguém que se parece com um político

adiciona, se fazendo notar de qualquer maneira:

“Pesquisem vocês também o que lhes parecer misterioso, vai que alguma

revelação muito importante surja, não... é? Boa sorte daqui para frente!”

“O Sol se põe enquanto nos perdemos daqui, caminhando mais do que nunca.”

FIM

Atos I A Leoa, a gente Humana e Ametcher (Infantil)


A PROFESSORA PEDIU AOS ALUNOS (ESQUETE)

[Cenário, tempo e elenco com a direção.]

[Espanto geral das crianças.]

Narrador

(para o palco e a plateia)

A professora disse aos alunos, assim: “Quero um poema de cada um!”

Professora

(para as crianças)

Vamos nos distrair um pouco? (pausa) A estorinha de vocês vai ser um

passatempo.

Criança

(para outra criança)

Ãn, ah não, que coisa, me lasquei.

Narrador

(para o palco e a plateia)

Sim, eu estava lá e era uma das criancinhas que ficou meio, digamos, sem

jeito! “Como é que faz isso, tia”, foi o que tantos outros falaram, como se

generalizando a angústia.

[As crianças ficam imóveis para o que a Professora vai dizer.]

Professora

(sozinha)

Era precisava perguntar, ficamos contra a parede; só tinham visto um poema

de longe até então. Só a fotografia, as marcas, nunca leram um troço desses!

[Volta a professora apavorando de novo a criançada.]

Professora

(calma)

Vamos lá, crianças. 20 minutos.

Criança

(para outra)

Ai, meus, só isso? Ei, me dá uma força aê?

Criança

(para outra)

A sofrida ao lado! Para mim fica claro.

Atos I A professora pediu aos alunos (Infantil)


Narrador

(para o palco e a plateia)

Nessas horas a gente lembra do coleguinha ao lado! Mas vejam que não

deveria ser assim, devemos ser solícitos sempre, nunca se sabe do dia de

amanhã.

Criança

(para a Professora)

“Sei lá (pausa) escreve o da batatinha.

Criança

(para outra criança)

Mas eu não entendi de cara, estava com a cabeça a mil!

Criança

(para outra criança)

Como é que é, precisava de uma resposta?

Criança

(para outra criança)

“Tá no livro, uai... tô na mesma.

[As crianças riem juntas, pelo menos isso.]

Criança

(para outra criança)

Verdade! Ah, o livro. Mas vou fazer igual? Ela vai descobrir.

Criança

(para outra criança)

Aí já não é comigo (...)

Criança

(para outra criança)

Babou, babou, amigo será... que se eu trocasse uma palavra ou outra (...)

Criança

(para outra criança)

Só rindo! Gente boa.

Criança

(para a Professora)

“Batatinha quando nasce... Hum, se bobolha pelo chão”, tá bom duas frases,

tia???”

Criança

(para outra criança)

Mas que enrascada. Ficou horrível, cara.

Atos I A professora pediu aos alunos (Infantil)


Professora

(para os alunos)

Ao menos 5 estrofes, queridos – estrofes, é...

Criança

(para outra criança)

Ela sabe minha jogada.

Criança

(para a Professora)

Tia, posso ir ao banheiro? Nem penso direito.

Professora

(para o aluno)

Claro, filhinho. Mas não demora.

Vou não.

Acabou o seu?

Tô quase.

Você está bem?

Ahãmn...

Criança

(para a plateia)

Professora

(rindo, para a plateia)

Criança

(para a plateia)

Professora

(para o aluno)

Criança

(para a Professora)

[A Professora faz que sim com a cabeça e anda palco, os alunos acompanham seu trajeto.]

Professora

(para a plateia)

Corre ao banheiro, lavo o rosto (...) mas continuam suando. Que alternativa

que resta? Eu vejo que estão perdendo!

Criança

(para a Professora)

É, fomos nos esgueirando pelos fundos da escola. “Vai ser alguém”, fico

incitando para mim, talvez funcione. “Vai aprender quando?”, eu me

pergunto (...) não seria legal apenas me esquivar.

Atos I A professora pediu aos alunos (Infantil)


(Criança)

(para outras crianças)

Aí vocês viram... de longe as salas; à frente, só o muro da escola. “Ah,

melhor assim, pular o o muro, sair voado. Cansei disso, não deu para bater

de frente, não agora. Sério. Não deu e nem dava... ou daria? Veremos, tchau

[As crianças se movem e fogem do cenário da sala de aula.]

Narrador

(para o palco e a plateia)

Já fora da escola, me perdi legal. E agora anos depois revendo isso, rindo,

percebo que agi mal, quem sabe o que teria feito? Devia ter ficado lá e tido

bons momentos com meus amigos, errando ou não, mas juntos, pois é!

[A Professora é quem inicia os aplausos.]

[Encerra.]

Atos I A professora pediu aos alunos (Infantil)


ANALOGIA DAS FORMIGAS (ESQUETE INFANTIL)

[Atores, elenco vestido de formigas. Professor (a). Crianças em roupas normais.]

[Música no som e todas as formigas entram em cena realizando algum serviço, a turma

toda, e as especiais com o devido cuidado.

Algumas formigas deixam cair os itens que seguram na mão enquanto correm. A seguir é

o PROFESSOR que escolhe a forma de se apresentar:]

Professor

(reverenciando, para a plateia)

Oi, oi, e agora estamos juntos! Hoje vamos contar a história do que fazem

as formigas todos os dias em casa.

Professor

(maneiras, para a plateia)

Dia após dia as formigas se atiram ao açúcar e não tem quem consiga sair

com elas dessa vida.

Formigas

(grito e se movem no palco)

Criança 1

Ah, dias e dias, e um copo só na pia e lá vem elas, sempre sedentas.

Criança 2

Açúcar atrás açúcar e as formigas continuam se fartando, a boca cheia.

[Troca de música.]

Atos I Analogia das Formigas (Infantil)


Professor

(maneiras)

Mil vezes colocaram o açúcar na frente da galera das formigas e elas...

caem! Uma das formigas encontra alguma coisa e mostra para os outros

atores.

Meus amigos!

Criança 3

(assustada)

Mas nada aconteceu...

Professor

(maneiras)

E vocês?

Professor (cont.)

(para plateia)

[Ouvindo as respostas da plateia. Música no som. As formigas se agitam por uns

momentos.]

Professor

(se despedindo)

Por enquanto não falamos nada mais, os dias são de ação, dias e dias além

(...)

[Música no som. Confraternização com os pais e a plateia.]

[Despedida dos atores.]

[Agradecimentos.]

Atos I Analogia das Formigas (Infantil)


ATITUDE DA PLANTINHA (TRIÓLOGO)

UMA ESQUETE DE GROSSI

[Desce o pano e o cenário está em branco, as crianças de agrupam e uma a uma começa a falar.]

Criança 1

Se uma plantinha, se ela brota tão forte por debaixo de algum concreto, e se ainda

sobrevive, ela faz o impossível? Olha você aí também para a plantinha!

Criança 2

Que bela inciativa, as plantas nos ensinam como é a Vida, mostram para a gente o que

é ser forte. Você então pode ver que a nossa realidade, nosso natural, não é estarmos

por baixo, mas irmos sim ao real lugar, à superfície para que os bons raios de sol...

Todas juntas

(...) nos atinjam. Ficamos mais intensos ainda!

Criança 3

Viram como aquela primeira coragem da plantinha foi importante!? Nada mais é o

mesmo depois dessa atitude, nossa amiga plantinha fez o que devia, faça você também

[Mostram as várias formas de representação da vida vegetal com o corpo.]

FIM

Atos I Atitude da plantinha (Infantil)


ATOS I. PRELÚDIO PARA UMA INFÂNCIA

CÃES DAS RUAS (ESQUETE INFANTIL)

[Abre o palco e um cachorro está cachorro está deitado no chão de (cenário) uma rua.]

[Atores transitam pelo palco.]

Um deles

(para a plateia)

(...) “ele” é “ela”, é uma linda fêmea que por causa do mal conhecido hoje em

dia por preconceito, foi nomeada assim, em itálico. Só nunca prestaram

atenção, nem havia sido vista com bons olhos.

Outra deles

(para a plateia)

Chamavam de ele, aquilo, sem se dar conta do que ela era!

Alguém

(para a plateia)

Por este tratamento, “ela” sempre fugia e se escondia por detrás da sujeira e

panos sujos, e assim diziam que era um cachorro das ruas, porque para quem

não sabe diferenciar, tudo era a mesma coisa...

Mas um belo dia sua beleza que foi ressaltada, a justiça sendo feita, a

barriguinha dela se estufou: estava esperado seus filhinhos!

Sua única vontade agora era correr para o campo, longe das cidades, e ter uma

vida tranquila por fim, para criar com carinho e atenção as crias para o novo

mundo!

E mais

(para a plateia)

E então, com todas as crianças que forem ler essa história, em cada sentimento

bom depositado nela, aí sim, e muito mais, a felicidade chegará aos cães das

ruas, que com sua bondade e companhia seguem a gente

[Ela se espreguiça e solta um suspiro.]

FIM

Atos I Cães das ruas (Infantil)


ATOS I. PRELÚDIO PARA UMA INFÂNCIA.

“UMA VIAGEM PELA GENTE ” (REPRESENTAÇÃO INFANTIL)

[Encenação e entram as NARRADORAS, sempre se dirigindo ao público. Os atores ficam

livres pelo palco representando os acontecimentos na Terra e em Q'Tar.]

Narradora 1

“Uma viagem pela gente” é uma fantasia sobre a estada na Terra do

astronauta Neulom, habitante do longínquo planeta Q’Tar. Ele aterrissa

por acaso no continente perdido de Mu, por volta de 50 mil anos atrás,

isso mesmo, nos primórdios da civilização humana! Mas isso foi bom, pois

se não fosse por uma pessoa como nosso amigo das estrelas não teríamos

acesso a todas essas informações do Cosmo, não falaríamos tão cedo de

justiça e igualdade de pensamento, não teríamos festejado a Vida! A tudo

isso estamos destinados, digamos que ele deu apenas... umas dicas

celestiais. Isso faz parte da boa vontade que Deus, para todos.

Mas alguma coisa muda no momento em que Neulom e alguns amigos

vão dar uma volta fora da Terra, vocês saberão que nada será o mesmo

quando voltarem... nem eles mesmos. Estejam prontos!

Narradora 2

A história do mundo azul, o nosso planeta Terra, mudou completamente no

momento em que Neulom apareceu pela primeira vez aqui; na verdade, ele

aterrissou, se estatelou, não é!? É isso, minha gente, vamos contar como foi.

A Terra, sabia Neulom bem antes de sua jornada começar, era um lugar

seguro e cheio de vida simples; e mais, sabia ele que o ar era muito bom

mesmo, enxia as pessoas de coisas tranquilas. E sem falar das águas limpinhas

e da brisa suave atiçada pelo vento todos os dias. Tão aprazível também era a

noite neste paraíso, oferecendo tamanho conforto para renovarmos as

energias no quentinho de uma fogueira. Eram os primórdios do mundo azul,

bem verdade dizer. Aqui na Terra toda nova manhã o Sol raiava de alegria;

queria ajudar, era sua forma de retribuir a Deus também! E qualquer um

podia ir para onde quisesse, construir sua casa onde bem entendesse, a isso

chamavam de liberdade.

Atos I Uma viagem pela gente (Infantil)


Narradora 3

Por sorte, Neulom veio de um lugar bem distante, tinha outros costumes,

tanto que chegou em uma nave de ouro! Era um viajante nato, pronto a

aprender e ensinar tudo o que as oportunidades da Vida pudessem reservar;

para seu povo nunca havia perda de tempo, era sempre construtivo. Bem,

convenhamos que essa é uma forma de pensar muito interessante, tanto que

as pessoas daquela época não sabiam nem sequer (...)

Narradora 3 (cont.)

(...) descrever coisas do tipo, mas, justamente por isso, sentiam de uma forma

única tal relação. A curiosidade se alia à mente de Deus! E Neulom e sua

nave cruzaram o planeta azul, sempre somando, desde o primeiro contato

ensinando à gente daquela era a existir melhor do que no dia anterior; estava

ali para trazer esse conhecimento, para ajudar sem nada pedir em troca. Sim,

ter boa vontade foi o meio mais útil para o povo de Neulom aprender, e olha,

naquela época nem existia a palavra preguiça. Bons tempos, a intuição estava

em alta! Bastava relembrar.

Narradora 1

Primeiro ele foi ao continente de Mu, e dali pode descrever o comecinho das

raças, fez muitos aliados. Era fácil fazer amizades verdadeiras porque as

pessoas eram verdadeiras!

Mesmo muito bem recebido, engraçado como em cada lugar deste globo por

onde Neulom passou ele foi chamado por um nome diferente, deve ser

porque muita gente o achava parecido com alguém que conheciam,

poderíamos até pensar e citar aqui uma lista de nomes, estilos de cabelo ou

barba. Isso ele não sabia ainda compreender direito naquele momento, mas

achou foi divertido; da mesma forma ainda estava entendendo as línguas

daqui, então tudo estava valendo. Pois ficava na dele quando era preciso e

observava muito, sabia ouvir também; o silêncio sempre foi um bom método

para se ter certeza; e as pessoas que o viam queriam ser como ele, isso é, ser

diferentão como Neulom no seu traje todo desenhado com temas de

pássaros, ou melhor, o próprio traje era em formato de pássaro! Quem viaja

atrai a atenção das pessoas que querem viajar também.

Narradora 2

Nosso amigo ensinou tudo o que podia à gente comum, mais precisamente o

que conseguiriam entender; falou desde uma forma fácil de preparar as

comidas até como saber quais dias haviam em nossos meses e anos; esse

tantão de informações era passada no começo apenas com gestos, depois com

sinais, desenhos em paredes. Logo passou ao alfabeto, às contagens

matemáticas e assim por diante. Neulom comentou a função dos 365 dias que

vivemos, e como cada um serve a um propósito.

Atos I Uma viagem pela gente (Infantil)


Narradora 2 (cont.)

Demorou um cado para falarem a mesma língua, era de se imaginar. E só

mesmo com o passar dos anos pode revelar alguns segredos das estrelas, e

ajudar a nomear as constelações e tudo. Neulom mostrou também o

movimento do Sol e da Lua e não tinha pessoa nesse mundo que não ficasse

feliz com tal saber, eles apontavam os astros e faziam reverências, festas. Poxa,

mas que salto em nossa cultura sabermos o que é civilidade e os direitos de

cada um!

Narradora 3

Entretanto, mesmo com toda a bondade de nosso hóspede, ainda assim

algumas almas bobas quiseram se aproveitar da vinda de Neulom para obter

dos tais benefícios próprios, os chamados egoísmos. Certa vez inclusive

pediram para ele fazer coisas que ele não sabia ainda que eram ruins; queriam

que Neulom ficasse contra quem não quer o Bem, eita. “Ah, não ia dar

certo”, ele pensou alto. A sorte quis que obviamente não fosse disso. Neulom

já ouvira falar desses equívocos mas não tão de perto, e foi logo mostrando

como era justo. “Dizer a verdade é legal”, falava ele, ensinando com a devida

calma. “Vão perder mais tempo consertando essas asneiras, pensem melhor.”

E todo mundo soube se curar daqueles tipos de atos apenas seguindo as

instruções dele. Neulom nunca pode entender como as pessoas mentiam, isso

ele não entendia mesmo! Vivia pensando inclusive em um solução para tais

falhas.

Dessa maneira explicados, também agora com a força da clemência, como

retribuição Neulom ajudou a saberem de umas das melhores vantagens deste

planeta: as plantas e vegetais, e também as frutas; descobriu-se como tirar o

melhor da fauna e flora do planeta azul; pois é, os seres humanos viram como

era possível aproveitar, curar o corpo, se nutrir; estavam plenamente

integrados com a Natureza e, por este motivo, não sofriam das chamadas

doenças. Além do mais, havia tanta água! As águas limpam.

Que surpresa, tanta gente ficou contente com a vinda desse amigo! As

crianças cantavam e brincavam.

Assim Neulom pode passar muitas gerações aqui, até ser visto com os cabelos

brancos e tudo. E nada o impedia de conversar mais, ouvir, agradecer!

Narradora 1

Algo então acontece, algo esperado, é que Neulom sentiu uma grande falta de

sua outrora morada, o distante planeta Q’Tar; ele foi lá fazer uma visitinha,

nem precisou se despedir de nós todos, isso porque achou que seria mesmo

uma coisa rápida. Chamou para esse passeio alguns dos seus conhecidos,

queria que eles conhecessem a sua família, seu antigo lar também, seria bem

interessante, aprenderiam coisas diferenciadas! “Depois levaria mais gente,

claro que sim”, disse Neulom, sempre com sua maneira sensata.

Atos I Uma viagem pela gente (Infantil)


Narradora 1 (cont.)

Mas antes o amigo dos terráqueos deixou um curto aviso, pediu que as

pessoas sempre estivessem em movimento, que saíssem pelo mundo e fossem

sempre curiosas; explicou com isso que ninguém poderia pensar em ter uma

só casa pelo simples motivo de que os planetas são lugares de passagem; claro

que a Terra não fugia a essa regra; se alguém pensasse ficar paradão na vida

seria atingido por uma coisa chamada ‘desperdício de talento’, era esse o

termo. “Acreditem em mim, esses desperdícios não são apenas conceitos, eles

existem”, falava como o instrutor que era. “Devem ver que a evolução faz

parte da Vida, e com isso o Criador nos dá mais forças!” Neulom sempre

repetia para ficarmos em constante ir e vir, e que isso faz (cont.)

Narradora 1 (cont.)

(...) o sangue da gente fluir, atrai as ideias. Todos os amigos então sorriram

uns para os outros após as palavras de Neulom, de tão contentes. Fariam

como ele indicara.

Depois, saíram dentro da nave de ouro zarpando devagar e devagar, sumindo

de vista lá no céu, com Neulom pensando “Até já, me esperem aí.”

Narradora 2

Após um intervalo de muita diversão para Neulom e companhia, as boas

férias em Q’Tar tiveram seu fim... E que bom que aprenderam sem igual

naquele ambiente, poxa. Se despediram com tamanha cortesia, nunca haviam

sido tão bem tratados!

Mas quando Neulom voltou do Espaço com seus amigos algo muito diferente

se passou, ele logo achou esquisito, não reconheceu mais nada na Terra, só

viu prédios e pessoas apressadas com tamanha indiferença uns pelos outros

que também ele ficou abatido. “Que está havendo que pouco se falam ou

olham cara a cara!?”, pensou consigo. E mais, onde teriam se escondido as

matas verdes e as nuvens azuladinhas, tão limpas? Viu a densa fumaça das

fábricas, era ruim demais. Que era aquilo que tantos chamavam de sujeira?

“Que isso? Eu dei só uma saidinha de algumas horas!”, falou Neulom para os

outros, o espanto já era unânime. “Mas cadê o grande continente?”, se

perguntavam.

Que falta fazia o canto e as danças das crianças naquele momento. Ficaram

todos querendo saber o porquê, e a quê tudo isso. Muitos dos pequenos

habitantes na Terra agora não tiravam os olhos de umas telinhas chamadas

celulares, estava escrito em todo canto, como uma febre. A nave de ouro

acusava tudo com suas leituras!

“Seria isso culpa do que chamavam de concreto e plásticos ou tão poucos

sorrisos e olás?”, comentava Neulom ao saírem da nave. Eles nesse instante

avistam alguém, estava rindo sozinho com um desses tais celulares; parecia

que gostava de conversar, mesmo que fosse virtualmente, pois é, sem ninguém

ao lado. Era uma pessoa que não olhava para frente!

Atos I Uma viagem pela gente (Infantil)


Narradora 2 (cont.)

Neulom acenou com a mão em um misto de cordialidade e educação, mas

esse terráqueo que viu o ali ao vivo se assustou de uma forma inacreditável,

parecia que ia morrer no pulo! Pensando ter visto um monstro, ele saiu

correndo; nem teve assim como Neulom mostrar de onde veio ou suas

intenções e cultura, ou mesmo explicar como a nave de ouro espelha tanto a

ponto de parecer uma estrela cadente, linda percorrendo lá o céu. “Que foi

que houve, qual propósito?”, se questionam os amigos de Neulom.

“Caramba, responde ele, foi como se tivessem passado uns milhares de anos

desde minha primeira visita!” Então os amigos se entreolham perplexos, e

Neulom prossegue analisando o que houve:

“Tão pouco e olha como mudou. Ai, será que... me esqueci desse efeito, a

dilatação!”, reclama o viajante amigo. “Alguém já havia me alertado sobre ela,

a dilatação do Tempo, hunf.”

Narradora 2 (cont.)

Os amigos perguntam para o contrariado Neulom: “Que faremos agora?” Só

que ele está pensativo demais para responder qualquer coisa... Eles por fim

voltam para dentro da nave e saem dali o quanto antes.

Narradora 3

Nosso caro viajante se escondeu com a brilhante nave de ouro no alto de uma

montanha, chateado e ilhado com a forma de pensar daquelas pessoas; mas

que nova época era aquela! Ficou quieto, encucado com tantas mudanças;

havia agora isso de Internet, eletrodomésticos, carros, armas de destruição;

tinham parafraseado as palavras de Deus, tinham se esquecido do que era

carinho e uma boa conversa... as pessoas tinham fome em um mundo tão

vasto! “Se você não gosta da sua realidade não precisa mudá-la, você deve

primeiro mudar a si mesmo”, refletiu Neulom, quase sussurrando uma

solução.

Sem dúvida, era hora de zarpar, já não se sentia bem. Quem o viu sumindo

achou que a nave era mesmo uma estrela cadente passando no firmamento

atrás da montanhona.

Quanto aos demais amigos que foram com Neulom, estes agora tinham as

feições descoradas, sentiam saudade, muita mesmo. Neulom perguntou o que

queriam fazer, se pensavam voltar ou não com ele. “Como assim, decidimos

ir para Q’Tar. Voltaremos juntos!”, eles logo disseram. “Se ficarmos

escondidos, acabaremos num local que chamam de “museu”, cadastrados

toscamente entre as cabanas dos homens das cavernas, feito estátuas.

Seríamos uma notícia a ser esquecida, alguns minutos só.” Neulom acena

afirmativamente, para depois complementar que “mesmo que pudessem

conviver ali no contexto da Terra globalizada, mesmo que se misturassem,

nunca se sentiriam em casa de verdade.

Atos I Uma viagem pela gente (Infantil)


Narradora 3 (cont.)

Enquanto isso a gente atual ainda olharia para os tais celulares e nada

perceberia da passagem de nós, nobres viajantes. Mas que pena!” “Que gente

humana estranha que não olha para o alto!?”, pensava outro amigo em seu

isolamento. “Acamados, é o que são”, Neulom brinca. Enfim um sorriso.

Qual mudança fizeram com os concelhos que Neulom deixou desde a época

de Mu? Pouco, ao que parece apenas evoluíram as máquinas e a tecnologia

da Terra, e nem de Mu comentam. “Aliás, não comentam nem o que

comeram na janta passada!”

“Será que essa passagem por Q’Tar afetou nossa sensibilidade ou o quê?”,

Neulom pergunta mais uma vez, mesmo sem pretender uma resposta. Seus

amigos também não deram conta de qualquer explicação. Ninguém mais

naquela nova Terra estava perto da Natureza ou juntinho dos amigos e

parentes conversando à luz de uma fogueira; da mesma forma nem as crianças

cantavam pela alvorada, estavam é sozinhas com elas mesmas e tantos

brinquedos eletrônicos e aplicativos. Não que seja ruim ter brinquedos, mas o

exagero é igualzinho ao desleixo. Isso desde cedo cabe lembrar; os papais e

mamães têm que dizer aos filhos!

Narradora 1

Pobres viajantes do Tempo, ficaram acabrunhados, a sensação era a de que

algo fora perdido. O que havia acontecido com as pessoas? Neulom sentia

essas novidades tristes, sem sentimento; até o desejo de poder e outros

defeitos faziam parte do cotidiano daquela gente, quantas distorções,

orgulhos!

Então Neulom religou sua nave e riscou os céus ainda mais, deixando as

nuvens repartidas e embelezando a vista com o inesperado. Foi lá para Q’Tar

saber o que houve. Talvez em seu planeta de origem alguém tivesse um

palpite, ali a justiça ainda era viva, e muito menos havia televisão ou...

zoológicos! Claro que era questão de honra de agora em diante melhorar as

coisas, ou melhor, consertar.

Chegando lá procurou os oráculos de seu planeta natal, e com isso conseguiu

se consultar direto com os planos espirituais. “Na verdade, ficou Neulom

sabendo, cabe a cada um de nós levantar a primeira bandeira branca e fazer

algumas concessões para preservar a harmonia dos relacionamentos, mas isso

não significa se submeter completamente à vontade alheia; quando fazemos

nossa parte, abrindo mão de algumas coisas, a tendência natural é que o outro

também reconheça a necessidade de fazer concessões.” Parecia simples.

“Então eu desejo uma melhora suficiente para descobrir a verdade”, afirmou

Neulom, com a cabeça já erguida.

Atos I Uma viagem pela gente (Infantil)


Narradora 2

Também em Q’Tar confessaram a Neulom que esse fenômeno era normal, e

que se voltasse agora à Terra ela estaria ainda mais mudada, mais à frente no

futuro, por causa do quanto que ficou fora desde a viagem. Só restou então

uma saudade, uma grande falta das boas sensações e da gente hospitaleira da

Terra da época de Mu, é... enfim.

Parecia que estavam caminhando em círculos, mas uma ideia foi apresentada

por um dos oráculos: por que não recriar aquele primeiro lar e o que de

melhor representava? Sim, no estilo que sabiam que dava certo. Q’Tar

mesmo era uma das muitas colônias de humanoides... era só relembrar!

Narradora 3

Que visão! E com seus amigos de antes, Neulom fundou o Lar de Sempre,

para que aquela maneira simples de existir fosse perpetuada. O refúgio foi

implantado em uma das luas de Q’Tar, de nome Tett, da mesma forma que

os pais de Neulom muito antes dele fizeram quando moldaram Q’Tar à sua

maneira. Será que os antepassados de Neulom passaram por essa mesma

diferença de tempo em outros planetas? Poxa, haja dilatação... O certo é que

eram grandes arquitetos do Grande Arquiteto, sim, de nosso Deus, interior e

exterior. Sabiam eles que o que importa é a Vida continuar em sua forma

plena, diante da paz de espírito e total união entre si.

Narradora 3 (cont.)

Em Tett cada cidadão também seria versado nas leis do Universo, passando

sempre adiante seus conhecimentos e experiências. Que as próximas gerações

ajam corretamente, não é mesmo!? É o que se espera. Sorriam então com a

felicidade normal dos seres!

Diante disso, viram como essa mesma felicidade continuou seu percurso

naturalmente, dia após dia. “Nunca há o fim, dizem, mas o meio, e a

continuação.”

FIM

Atos I Uma viagem pela gente (Infantil)


As histórias de Atos juntas formam o aviso, a derrocada e uma restauração para o gênero humano

encarnado na Terra. Elas se subdividem em folhas soltas contendo cenas, conceitos, contos,

depoimentos, diálogos, excertos, inscrições, letras, pichações, placas, poemas, prosas, reportagens,

roteiros, sonhos e muitas frases estampadas em camisas, além de pequenos livros que enfim formam

este volume que hoje lhe é presenteado. A primeira tiragem contou com 107 deles, admitidos dentro

da cronologia que se inicia em Atos I com “Prelúdio para uma infância”, um compêndio à

visualização da paz desde pequenos; depois passamos para “Diálogos, Roteiros e O que acontece”,

mostrando os tropeços da vida que poderíamos ter se não nos fecharmos em negativismos; depois

em Atos II passamos pelas advertências e a poesia das “Portarias tristes”, que espalham as notícias

da crise e do abalo natural que sofre o planeta. Vemos a seguir a grande quebra da unidade e

consequente tentativa de sobrevivência dos grupos de pessoas no livro “Beijo técnico”. Logo após,

com Atos III, vislumbramos as mensagens místicas de “Futuro progressivo”, e chegamos a um

reordenamento social e espiritual de nossa espécie. Então que a paz esteja conosco, o amor volta!


Sem duvidar do que acredito, rogo gentilmente que tudo isso possa apenas indicar ou surgir certa

fagulha de inquietude e reflexão, fomos impelidos a esse encontro. O que virá a seguir são apenas

as veias ainda a bombear algum sangue que já de muito ânimo e glórias viveu; nosso próprio sangue,

sim, um pouco de cada um de nós. Aqui não há mais uma coletânea ou outro apanhado de situações,

ao contrário, estes volumes são como os devidos alertas das falhas alheias, desvios, matizes próprias

do vício diário e nosso errar durante toda uma vida; vejam isso, vejam igualmente a compreensão

mútua que a tudo isso abraça, vejam o novo alcance da beleza desta Espécie, pois ela vai reviver. É

com muito carinho e boa vontade que o autor cede estas histórias ao público em geral para que se

possa ampliar seu amor, nosso amor, com muito mais inspirações especiais, e a devida intuição.

Reinterpretem e façam mais desenhos vocês também. À Paz! & Iluminar. Boa leitura.”

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