Dia da MulherLuís CarlosBEDRANSociólogo e cronista da Revista Comércio,Indústria e Agronegócio de AraraquaraÉ em março que se comemorao dia mais importante do mundo: oda Mulher. Porque sem ela não hámais nada, menos ainda mundo. Amulher é a mãe, a origem de tudo.Mas também há outro dia nessemês, não menos importante,que sem ela nenhum ser humanoexistiria: a água. Porque todos nósviemos da água do mar há milhõesde anos. Interessante é que, logoque a criança nasce já balbucia apalavra mãe, quase idêntica emvárias línguas. Muita coincidênciaessa entre mar e mãe. E é na línguafrancesa que isso mais aparece,pois nela a palavra mar é feminina,“mer”, mais de acordo com a nossaorigem.Porém deixamo-la de lado, poiso que nos interessa mesmo é a mulher,a ponto de se afirmar que esteséculo pode ser considerado comosendo o da Era da Mulher. Emboraela, de um modo geral, tenha sidoem todos os tempos de nossa civilização,um ser que se limitava acriar filhos, enquanto os homens sededicavam a prover o sustento dafamília, na caça ou na pesca, nemsempre tal ocorria, como entre osindígenas do Brasil.No entanto, historicamente,enquanto a sobrevivência do serhumano dependia da caça, exclusivamentemasculina, o matriarcadoimperava. Porém, com o advento daagricultura e com a criação de gadohá mais de 10.000 anos na Mesopotâmia,o homem deixou de sernômade e caçador e então o sistemapatriarcal passou a dominar —com raras exceções, como no poderpolítico da mulher no Egito antigo.Assim, os homens conseguiramconquistar o poder econômico e,com ele, o político e o espiritual, oreligioso. Não à toa que a Históriasempre foi escrita pelos homens: oconhecimento era exclusivo deles.Quem o tinha conseguia tudo, atémesmo ser o representante de Deusna Terra, que se tornou masculino.Não houve mais deusas, que setransformaram na Idade Média, embruxas, perseguidas pelos religiosos.Foi somente no século 19 é queas mulheres foram conseguindo,aos poucos, conquistar direitos comas greves ocorridas em 1857 pelasoperárias nova-iorquinas e naRússia contra o czar, reivindicandomelhores condições de trabalho.Eapenas no século passado é queelas conseguiram conquistar o direitode votar.Modernamente, porém, o papelda mulher transformou-se de modoextraordinário, pois ela participa demodo ativo de todos os segmentosda vida social, no trabalho, nasartes, na ciência, na literatura, napolítica, em tudo. O que pode serconstatado no mundo todo, principalmentenos países europeus e nosEstados Unidos.De um modo geral, o mesmonão se pode dizer que tal ocorra nospaíses sul-americanos, nos africanos,em vários do Oriente Médio, naRússia ou na China, porque nesseselas continuam a ser discriminadas.Apesar disso percebe-se uma mudançapaulatina em se equiparar aopoderio do homem, que é resultanteda força dos costumes e da tradição.A história da luta pela emancipaçãoda mulher nos países ocidentaisé longa. Essa conscientização atingiumaior força logo após as duasguerras mundiais, como se observanos livros de Simone de Beauvoir,uma das pioneiras, senão a maior,onde retrata bem a opressão femininaem seu livro “O Segundo Sexo”.Apesar de não se considerar feminista,depois passou a sê-la, comoconfessa em seu livro “A Força daIdade”.Já em nosso país a luta pelaigualdade de direitos teve início noImpério e apenas em 1932, no governoVargas, é que às mulheres foigarantido o direito de voto, consolidadopela Constituição de 1946.Atualmente o movimento feministaé percebido em vários setores paratentar consolidar ainda mais o direitoda mulher: pela igualdade de gêneros;pela luta contra a violência,a ponto de até constar no CódigoPenal a figura do feminicídio; pelaLei Maria da Penha, assim como atentativa, ainda maior, de diminuir adiferença salarial entre os gêneros;o aumento da sua participação napolítica e a luta pela descriminalizaçãodo aborto, tendência mundial.Além daqueles direitos previstosconstitucionalmente, há também osdoze fundamentais da ONU, com oacréscimo, ainda não existente emnossa legislação, do legítimo direitode decidir ou não ter filhos e quandotê-los (a depender das circunstâncias).Assim, no Dia Internacional daMulher, comemorado em 8 de março,é preciso que todas as pessoas,principalmente os homens, se conscientizemque adentramos numanova era, a da plena igualdade,merecida, dos direitos das mulheres.|62
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