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RCIA MARÇO ED 176 2020

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Dia da Mulher

Luís Carlos

BEDRAN

Sociólogo e cronista da Revista Comércio,

Indústria e Agronegócio de Araraquara

É em março que se comemora

o dia mais importante do mundo: o

da Mulher. Porque sem ela não há

mais nada, menos ainda mundo. A

mulher é a mãe, a origem de tudo.

Mas também há outro dia nesse

mês, não menos importante,

que sem ela nenhum ser humano

existiria: a água. Porque todos nós

viemos da água do mar há milhões

de anos. Interessante é que, logo

que a criança nasce já balbucia a

palavra mãe, quase idêntica em

várias línguas. Muita coincidência

essa entre mar e mãe. E é na língua

francesa que isso mais aparece,

pois nela a palavra mar é feminina,

“mer”, mais de acordo com a nossa

origem.

Porém deixamo-la de lado, pois

o que nos interessa mesmo é a mulher,

a ponto de se afirmar que este

século pode ser considerado como

sendo o da Era da Mulher. Embora

ela, de um modo geral, tenha sido

em todos os tempos de nossa civilização,

um ser que se limitava a

criar filhos, enquanto os homens se

dedicavam a prover o sustento da

família, na caça ou na pesca, nem

sempre tal ocorria, como entre os

indígenas do Brasil.

No entanto, historicamente,

enquanto a sobrevivência do ser

humano dependia da caça, exclusivamente

masculina, o matriarcado

imperava. Porém, com o advento da

agricultura e com a criação de gado

há mais de 10.000 anos na Mesopotâmia,

o homem deixou de ser

nômade e caçador e então o sistema

patriarcal passou a dominar —

com raras exceções, como no poder

político da mulher no Egito antigo.

Assim, os homens conseguiram

conquistar o poder econômico e,

com ele, o político e o espiritual, o

religioso. Não à toa que a História

sempre foi escrita pelos homens: o

conhecimento era exclusivo deles.

Quem o tinha conseguia tudo, até

mesmo ser o representante de Deus

na Terra, que se tornou masculino.

Não houve mais deusas, que se

transformaram na Idade Média, em

bruxas, perseguidas pelos religiosos.

Foi somente no século 19 é que

as mulheres foram conseguindo,

aos poucos, conquistar direitos com

as greves ocorridas em 1857 pelas

operárias nova-iorquinas e na

Rússia contra o czar, reivindicando

melhores condições de trabalho.E

apenas no século passado é que

elas conseguiram conquistar o direito

de votar.

Modernamente, porém, o papel

da mulher transformou-se de modo

extraordinário, pois ela participa de

modo ativo de todos os segmentos

da vida social, no trabalho, nas

artes, na ciência, na literatura, na

política, em tudo. O que pode ser

constatado no mundo todo, principalmente

nos países europeus e nos

Estados Unidos.

De um modo geral, o mesmo

não se pode dizer que tal ocorra nos

países sul-americanos, nos africanos,

em vários do Oriente Médio, na

Rússia ou na China, porque nesses

elas continuam a ser discriminadas.

Apesar disso percebe-se uma mudança

paulatina em se equiparar ao

poderio do homem, que é resultante

da força dos costumes e da tradição.

A história da luta pela emancipação

da mulher nos países ocidentais

é longa. Essa conscientização atingiu

maior força logo após as duas

guerras mundiais, como se observa

nos livros de Simone de Beauvoir,

uma das pioneiras, senão a maior,

onde retrata bem a opressão feminina

em seu livro “O Segundo Sexo”.

Apesar de não se considerar feminista,

depois passou a sê-la, como

confessa em seu livro “A Força da

Idade”.

Já em nosso país a luta pela

igualdade de direitos teve início no

Império e apenas em 1932, no governo

Vargas, é que às mulheres foi

garantido o direito de voto, consolidado

pela Constituição de 1946.

Atualmente o movimento feminista

é percebido em vários setores para

tentar consolidar ainda mais o direito

da mulher: pela igualdade de gêneros;

pela luta contra a violência,

a ponto de até constar no Código

Penal a figura do feminicídio; pela

Lei Maria da Penha, assim como a

tentativa, ainda maior, de diminuir a

diferença salarial entre os gêneros;

o aumento da sua participação na

política e a luta pela descriminalização

do aborto, tendência mundial.

Além daqueles direitos previstos

constitucionalmente, há também os

doze fundamentais da ONU, com o

acréscimo, ainda não existente em

nossa legislação, do legítimo direito

de decidir ou não ter filhos e quando

tê-los (a depender das circunstâncias).

Assim, no Dia Internacional da

Mulher, comemorado em 8 de março,

é preciso que todas as pessoas,

principalmente os homens, se conscientizem

que adentramos numa

nova era, a da plena igualdade,

merecida, dos direitos das mulheres.

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