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Victorinho Barbugli
na Alameda Paulista
VELHOS TEMPOS, BELOS DIAS
SALVATORE AMATO
PREPARADOR DE MOTORES E SONHOS
Quando em Interlagos naquele dia cheguei, meu mundo transformou-se em sonhos, eu
me beliscava, abria e fechava meus olhos para ter certeza que eu estava ali, olhava para o
autódromo e só enxergava um templo sagrado de dimensões continentais, com imagens,
instalações, fotografias e uma acústica emocionante de ouvido absoluto que pelas entranhas
da minha alma se alojaram em definitivo. Tudo maravilhoso.
Quando vi Salvatore Amato de
muito pertinho fiquei um tanto estupefato,
mistura de perplexidade e
admiração. Aquele senhor da capital,
que eu de nome tanto conhecia,
tinha o rosto com a forma de um
índio guerreiro, os cabelos já grisalhos
como de meu pai e o corpo com
pequeno sobrepeso de Eduardo Luzia,
araraquarense radicado em São
Paulo e de prestígio similar no meio
do motociclismo nacional. Amato, de
aproximados 1,70 metro de altura, de
macacão preto e capacete nas mãos,
era naquele instante inquieto, conversava
e gesticulava com sotaque “italianado”,
e para sua equipe descrevia
com tamanha desenvoltura a performance
de sua motocicleta, falando
de virtudes e defeitos, vantagens
e desvantagens, aproveitamento e
desempenho de trechos alternados,
que eu fiquei ali imobilizado. O que eu
mais queria na minha vida, naquele
momento, era isso mesmo, estar ali.
Não enxergava nada do mundo exterior,
não tinha saudades de ninguém,
não me lembrava de mais ninguém,
apenas queria ouvir, aprender, observar
seus trejeitos para no futuro
Texto: Benedito
Salvador Carlos,
o Benê, com a
colaboração
de Leandro
Pardine e Deives
Meciano
também imitá-lo. Ele, naquele fim de
semana, competia com uma Ducati,
prateada, 900 cc, 2 cilindros em L,
um verdadeiro foguete, marca que eu
tanto conhecia, pois também tinha
uma, ainda que com “somente” 250
cc, mas que embasava meu aprendizado.
A Ducati é uma motocicleta
única, tem o som diferente, a batida
do motor descompassado que aparentemente
parece desregulada, um
bam, bambam, bambambam, bam,
som que só arredonda quando o contagiro
cruza os 4.000 RPM, enlouquecendo
quem estiver por perto.
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