You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Alfa Romeo/JK
to, um Theodoro Jacob ou um Dinho
DallAcqua, pois se for preciso você
sabe, todo mundo sabe, eles vão para
a corrida e ainda em boas condições
de fazer uma ótima participação, portanto.....”.
A questão que mais pegava no
caso, era a falta da grana que ele
não tinha para pelo menos ajudar
nas despesas de gasolina da viagem,
isto porque, em especial nas outras
situações, por falta de conhecimento
de mecânica e pilotagem, ele não se
enquadrava de jeito nenhum. E assim
foi a semana toda, NécoSonéco pra
cá, NécoSonéco pra lá e nada de
José da Penha ceder.
NécoSonéco, que tinha uma
Zundapp 100cc de cor azul de quatro
marchas, cresceu nas imediações do
Mercado Municipal, da Estação Rodoviária
e da Estação do Trem, entre os
trechos que circundavam a Avenida
Brasil, com início na Relojoaria e Fornitura
Ianelli, na Rua Antonio Prado
onde se localizavam o Bar do Sr. Manoel
de Freitas, os Hotéis União e São
Luiz, estabelecimentos que serviam
os viajantes que em nossa cidade pernoitavam
e nas Avenidas Portugal e
Duque de Caxias, onde até hoje fica
o Mercado Municipal, reduto de toda
sorte de ambulantes que praticavam
a venda dos mais inusitados produtos
e oportunidades. Uns vendiam óleo
de peixe elétrico, outros pomada de
óleo de tubarão e ainda aqueles que
praticavam os mais diversos jogos de
pequenas contravenções, inclusive o
inocente joguinho do dedal, que ficou a
especialidade do nosso protagonista.
Na madrugada de sábado para
domingo prontos para a partida com
o carro JK Alfa Romeu, da cor verde,
5 marchas e câmbio na mão, Penha,
Salerno, Dinho DallAcqua, Baiano Faito
e eu nos aconchegamos. Do lado
de fora, com aquela cara de menino
pidão lá estava o colega. “Deixa eu
ir?”, no que Penha retrucou, “você
tem grana?”. “Não, não tenho, mas
arrumo.”Um olha pro lado, outro para
outro lado e em coro gritamos: Penha
deixa ele ir........“Vai, vai, vai, monta
ai” e assim fomos. Chegando perto
da cidade de Limeira, a estrada em
estado precário, quando de repente
o pneu furou e para o conserto imediatamente
adentramos no primeiro
posto de gasolina a procura de uma
borracharia.
NécoSonéco se antecipou: “-
Deixa que eu pago”. Dinho DallAcqua
perspicaz como sempre, de imediato
se manifestou: “- Isso não vai prestar”.
Imaginem a cena: - Duas horas
da manhã de noite fria, o Alfa Romeu
lentamente estacionando naquele local
imundo, escuro e de dentro daquele
pequeno espaço, uma mistura
de pobre oficina com um pouco de
borracharia e ainda um modesto lar,
quando da escuridão emerge uma
figura alta, forte, morena, barbuda,
com o rosto de traços de quem havia
bebido ao adormecer, e com a pele
ainda manchada de graxa e óleo,
aquela voz rouca e seu olhar cansado
de quem não havia completado seu
merecido descanso.
Trabalho iniciado, enquanto o conserto
se realizava, NécoSonéco com
habilidade abriu sua trouxa e com
destreza foi brincando com o seus
dedais, chamando a atenção daquela
pobre alma.
Pneu consertado, a oferenda
esperançosa para o borracheiro de
ganhar um dinheiro fácil, apostando
o valor de seus préstimos com a possibilidade
de permuta, auferindo em
caso de vitória um ganho de dinheiro
dobrado do que valia seus serviços
e o pronto aceitamento do desafio...
Jogo de dedal pra cá, jogo de dedal
pra lá e o desfecho da derrota
eminente contra um astuto jogador.
Minutos depois, a madrugada foi ganhando
o amanhecer, o carro já ligado,
as despedidas, o desejo de boa
sorte recíproca e um silêncio profundo
do perdedor desencantado...
NécoSonéco vai fazer falta seu
borracheiro...
Velhos Tempos Belos Dias
53|